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A Liturgia Segundo D. Gaspar Lefebvre

Nas vossas orações, dizei: “Pai” (1). É o nome dado em toda a eternidade por Deus Filho a seu Pai, nome pronunciado por Jesus, a todo instante, com respeito e amor, que Ele repete silenciosamente no Sacramento do altar, e que encontramos incessantemente nos lábios da Igreja, sua Esposa.

“Recebestes o espírito de adoção dos filhos, segundo o qual exclamamos: ‘Abba, Pater’.

De fato, transbordando do Verbo na santa Humanidade do Cristo e na Igreja, o Espírito Santo nos arrebata a todos como em ondas de amor, até ao Pai.

Essa fonte d’água viva, que jorra dos nossos corações até a vida eterna, representa sem dúvida a oração privada, inspirada pelo Espírito Santo, fazendo-nos recorrer a Deus como filhos a seu Pai, mas é principalmente a oração oficial inspirada pelo Espírito Santo à sua Igreja e denominada Liturgia.

Essa oração faz com que autenticamente todos os membros do corpo místico do Cristo participem do culto de adoração infinita prestado continuamente pelo seu Chefe a Deus: “Semper vivens ad interpellandum pro nobis” diz o Apóstolo.

É a realização da palavra do Mestre: “Já é chegada a hora em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade”, isto é, como explica Santo Anselmo, prestarão a Deus culto filial no Espírito Santo e em união com o Cristo Filho de Deus.

É por Ele (Jesus), diz S. Paulo, que ascendemos num só e mesmo Espírito junto ao Pai. Todas as fórmulas propriamente sacerdotais ditas no altar pelo celebrante (Coletas, Secretas, Prefácio e Pós-comunhões) dirigem-se ao Pai pelo Filho mediador, em unidade com o Espírito Santo. De modo que, sob o impulso da graça atribuída ao Espírito Santo, nos unimos ao Cristo como Homem, isto é, como Sacerdote ou Mediador, para honrarmos o Pai em quem, implicitamente, se encontra a Santíssima Trindade, visto d’Ele procederem o Filho e o Espírito Santo.

É “pelo Cristo que vamos a Deus”. Daí a conclusão de todas as orações da Igreja: “Por Jesus Cristo Nosso Senhor”, e a terminação do Cânon da Missa pela fórmula: “É por Ele, com Ele e n’Ele que toda honra e glória vos pertencem, Deus Pai Todo-Poderoso, em unidade com o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos”.

O Cristo operou nossa redenção pelo ato sacrifical da Cruz, e, após a sua ressurreição e ascensão ao céu, sua atividade sacerdotal não cessou um só instante de exercer-se em nosso favor junto ao Pai. Apresenta-lhe continuamente suas gloriosas chagas, que são como Calvário incruento, erigido no céu e obtendo para as nossas almas a aplicação dos méritos do Gólgota.

Hoc Est Enim Calix Sanguinis Mei

Mas, para nos salvar, a intervenção mediadora de Jesus é necessária também na terra. Foi este o motivo de instituir o Salvador a Eucaristia, antes de deixar os seus, encontrando, assim, o meio de permanecer entre os homens, já não como outrora unicamente na Palestina, e em época determinada, mas todos os dias e em todos os países. Deus exige, para aplicar-nos a virtude do Sangue de Jesus, que continue, Aquele que foi sacerdote e vítima sobre a Cruz, a oferecer Ele próprio sobre o Altar, sob as espécies do pão e do vinho. Isto é, sob as aparências que relembram a separação do seu Corpo e Sangue, realizada no Gólgota. “O sacrifício oferecido sobre o altar, diz o Concílio de Trento, é o mesmo que foi oferecido no Calvário, pois é o mesmo Sacerdote e a mesma vítima”. O Cristo, embora invisível, é o principal sacerdote na missa; por virtude d’Ele é que o sacerdote visível consagra e, sempre apoiado na mediação de Jesus (oculto sob as santas espécies, onde presta a Deus infinita glória, oferecendo-lhe superabundante satisfação), o celebrante se dirige ao Pai. Mas, para realizar os ritos desse sacrifício, são necessários sacerdotes secundários, suprindo visivelmente a Nosso Senhor. Esses ministros do sacerdócio de Jesus são os membros da hierarquia católica; portanto, devemos ao mesmo tempo orar a Deus pelo Cristo invisível e pelo Cristo visível na pessoa do Papa, dos Bispos e dos Sacerdotes. Os padres são os mediadores necessários entre o céu e a terra. Ora, a Liturgia é precisamente o meio de nos unirmos à oração sacerdotal da Igreja. Prestando por ela com Jesus, unanimemente, nos mesmos dias, pelos mesmos ritos, fórmulas e até pelo mesmo canto, culto digno do Altíssimo.

Missal de
D. Gaspar Lefebvre

O Missal contém em grande parte essa oração; é, pois, livro indispensável para prestar oficial, infalível, coletiva e, direi mesmo, paroquialmente a Deus, pelo Cristo e pela sua Igreja, a maior glória, à qual Ele tem direito.

A liturgia, porém, visa ainda à santificação dos homens; é a fonte mais fecunda das graças de vida divina emanadas do Pai, difundindo-se por Jesus em seus membros místicos e assegurando-lhes a vida divina da graça. “A participação ativa nos mistérios sacrossantos e a oração pública e solene da Igreja, disse Pio X, são a fonte primária e indispensável do verdadeiro espírito cristão.” (Motu proprio, 1903).

É pelo Santo Sacrifício da Missa e pelos Sacramentos – essência mesmo da liturgia – que a Igreja santifica as almas e exerce também de modo especial, o seu mandato, por meio dos Sacramentais e da Pregação. Os Sacramentais são todas as observâncias e causas santas empregadas em seu culto, mormente na Missa, como: as cerimônias, os ritos, objetos, orações etc.

A Pregação liga-se frequentemente aos atos do culto. A Missa chamada dos catecúmenos é um catecismo no qual, durante o curso do ano, a Igreja nos inculca as verdades do dogma e os preceitos da moral católica, revestindo-se com os poderosos e sensíveis atrativos das cerimônias e dos cânticos.

Faz-se, diariamente, na Missa a leitura de um trecho do Evangelho, achando-se assim todo o essencial desse livro divino distribuído pelo Ciclo. A justaposição da Hóstia completa a transformação do altar em nova Palestina onde Jesus, como outrora, precedido do cortejo dos profetas, é esperado (Advento), onde nasce (Natal), prega (Quaresma), morre (Paixão), ressuscita (Páscoa), sobe ao céu e de onde nos envia o Espírito santificador (Pentecostes). Finalmente, pela Santa Comunhão, entramos cada ano na participação desses diferentes mistérios de sua celebração pela Igreja, recebendo deles a virtude santificadora. Pela liturgia, pois, todo o corpo místico de Jesus revive a existência do Mestre, imitando as suas virtudes e os seus exemplos.


Referência:

1.   Missal Cotidiano e Vesperal, por D. Gaspar Lefevbre, edição de 1940, p. 3-5.

Maria Sempre!

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