Jornada Mundial da Juventude

Subir ao Pico: 2.351 metros de transformação, basta confiar na montanha

A viagem começa com um aviso: “Quem achar que não consegue, não tente porque não basta subir a montanha, temos de a descer”. Depois, seguem-se a exaustão, a felicidade e a transformação.

Subir ao Pico: 2.351 metros de transformação, basta confiar na montanha
Rui Caria

Na casa da montanha, pouco antes da meia noite, uma voz ecoava na sala apinhada de gente: "Quem achar que não consegue, não tente porque não basta subir a montanha, temos de a descer".

O alerta era de um dos guias da montanha, que disse também que 90% das pessoas referem que a grande dificuldade na conquista do vulcão da Ilha do Pico, nos Açores, não é a subida da montanha, mas a descida. O aviso estava dado, mas lá fomos.

Rui Caria
Rui Caria

Cento e quatro pessoas, na sua maioria jovens, partiram à uma da manhã do dia 25 de julho em direção ao Pico do Pico para se encontrarem, pela manhã, com o Bispo de Angra do Heroísmo, D. Armando Esteves Domingues, que com outras 30 pessoas os esperava lá em cima desde o fim da tarde do dia anterior. A viagem iniciou-se debaixo de chuva fraca e neblinas a uma temperatura de cerca de 20 graus que foi caindo durante a subida que demoraria mais de cinco horas.

Rui Caria
Rui Caria

A missa do envio, celebrada aos primeiros raios de luz, na cratera do vulcão do Pico, serviu para preparar os jovens açorianos para a Jornada Mundial da Juventude que terá lugar em Lisboa na primeira semana de agosto.

Os 116 jovens de todas as ilhas dos Açores, presentes na eucaristia presidida pelo Bispo de Angra, representam os cerca de mil que vão viajar em breve para Lisboa ao encontro do Papa Francisco. Depois da eucaristia, foi celebrado um pacto de defesa da casa comum, que pretende sensibilizar os jovens para as questões do ambiente.

Rui Caria
Rui Caria
Rui Caria
Rui Caria

O trilho, agreste e sinuoso, na direção do cume do Pico, tem cerca de sete quilómetros. É uma viagem dura e a ideia de desistir, em muitos momentos, é nossa companheira de viagem. Mas é à chegada ao cume que a sensação de recompensa aparece. A fascinação que nos invade pelos encantos do vazio daquela natureza, a mais de 2.300 metros de altitude, apazigua todas as dores.

Rui Caria
Rui Caria

A vista à beira da cratera é deslumbrante. Imagino que seja a esse fenómeno que as pessoas se referem quando dizem que a subida é dura, mas vale a pena. Talvez confundamos "estar lá em cima", com "chegar lá acima". É tudo tão novo e grandioso naquela natureza vulcânica que apesar de nunca termos estado na Lua, é inevitável imaginarmos uma paisagem lunar ali.

Rui Caria

A calma da paisagem da cratera, por cima das nuvens, não anuncia a angústia da descida. Ali em cima, aproveitar é o melhor verbo a usar. Aproveitar a vista, o silêncio e o vento gelado antes da aurora é um bálsamo para preparar o árduo regresso que nos demorou cerca de quatro horas.

Rui Caria
Rui Caria
Rui Caria

À chegada somos todos um mar de emoções. A exaustão, a felicidade e o devir cruzam-se em todos os olhares. E o certificado da primeira subida ao Pico, oferecido pela casa da montanha, tem, certamente, os mais variados significados para quem o recebe, porque, independentemente da dureza e da beleza da viagem, a transformação acontece sempre numa jornada destas, basta confiarmos na montanha.

Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do