• André Jorge de Oliveira
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Onde está Wally? (Foto: Reprodução)

Onde está Wally? (Foto: Reprodução)

Poucas coisas dão mais alegria a uma criança do que, depois de um bocado de tempo procurando, finalmente conseguir encontrar o Wally, o moço da roupa listrada que parece ter uma queda por se perder na multidão. Além de entreterem, os sete livros do personagem, criados pelo ilustrador britânico Martin Handford a partir dos anos 80, também aguçam a imaginação, pois retratam situações em inúmeros lugares e até em épocas diferentes. Em um fim de semana tedioso, no qual ficou preso em casa por causa de uma nevasca, o cientista da computação Randal Olson resolveu responder cientificamente a clássica pergunta “Onde está Wally?”.

Para descobrir o jeito mais rápido de encontrá-lo, Olson usou a ótima base de dados feita pelo site Slate, que reúne todas as 68 localizações do personagem nos sete livros originais da série. Todo o processo foi explicado em seu blog. Depois de submeter as coordenadas de Wally à estimativa de densidade Kernel, ele chegou ao seguinte cenário:

 (Foto: Reprodução)

Logo ao bater os olhos no resultado, algumas tendências já saltaram à vista do pesquisador da Michigan State University. Wally quase nunca aparece no canto superior esquerdo, provavelmente porque ali costuma ter um cartão postal ou algo parecido. As bordas também raramente são um esconderijo, pois são lugares mais óbvios pelos quais as pessoas começam sua busca – especialmente a borda inferior do canto direito, que é o primeiro lugar que se vê ao virar a página. Wally nunca se esconde ali.

Feito isso, Olson aplicou durante cinco minutos um algoritmo genético às coordenadas, técnica que descobre a melhor solução para um problema ao fazer pequenas variações no resultado ideal. Um método muito mais eficaz do que tentar achar manualmente o melhor jeito de ligar os 68 pontos: para se ter uma ideia, existem mais arranjos possíveis do que a quantidade de átomos no universo. Se os dez maiores supercomputadores do mundo se dedicassem à árdua tarefa de avaliar todas as possibilidades de combinação, demorariam mais tempo do que a idade do universo. Quem diria que as aventuras de Wally dariam tanto pano pra manga.

O algoritmo genético traçou o caminho colorido abaixo como sendo o melhor possível para encontrar o moço da blusa listrada. Olson simplificou-o com a trajetória na cor preta. Segundo ele, ao segui-la, conseguiu achar o personagem em menos de dez segundos na maioria das ilustrações.

 (Foto: Reprodução)

O pesquisador conseguiu extrair do experimento três dicas que ajudam a encontrar o Wally muito mais rápido:

1) O canto de baixo da página esquerda é um bom lugar para se começar. Se Wally não estiver na metade inferior da página da esquerda, então é provável que ele não esteja em lugar nenhum daquela página.

2) A metade superior da página da direita é o próximo melhor lugar para se olhar. Wally parece preferir se esconder no canto de cima da página da direita.

3) Em seguida cheque o canto da direita da metade inferior da página da direita. Wally também tem uma aversão ao canto inferior esquerdo da página da direita. Não se preocupe em olhar para lá até que tenha exaurido os outros pontos quentes.

Você pode estar pensando, será que isso não estraga um pouco a brincadeira? Sim, e o próprio Randal reconhece isso. Ele esclarece no blog que fez tudo com intenções bem humoradas, e que salvo em “uma situação onde alguém põe uma arma na sua cabeça e te força a achar o Wally mais rápido do que um colega”, não vale a pena aplicar a estratégia em uma leitura casual de “Onde está Wally”. O pesquisador conclui: “assim como em tantas coisas da vida, a felicidade de encontrar o Wally está na jornada, e não no destino”.