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ISSN 1982–2057 / Número 48

Ano XIII - Janeiro/Abril - 2016

CFN QUER
CONHECER
O PERFIL DO
NUTRICIONISTA
BRASILEIRO
N u t r i c i o n i s ta ! Pa r t i c i p e
dessa ação que vai dizer
quantos somos, onde
at u a m o s e o q u e f a z e m o s .

A A g ricultura F a m iliar N utri ç ã o E sporti v a : o nutricionista


che g a aos hospitais . na perfor m ance do atleta .

P á g ina 1 2 P á g ina 1 6
Publicação do Conselho
EDITORIAL............................................................................................. 3
Federal de Nutricionistas.
Periodicidade: Quadrimestral. AÇÕES DO CFN..................................................................................... 4
SRTVS Qd. 701, Ed. Assis Chateaubriand, Bloco II,
Sala 406 Brasília-DF
CEP: 70340-906
Site: www.cfn.org.br
NUTRICIONISTA REFORÇA A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR......................... 7
E-mail: cfn@cfn.org.br
Tel.: (61) 3225.6027
AGRICULTURA FAMILIAR GANHA FORÇA.............................................. 9
Presidente
Élido Bonomo (CRN-9/0230)
  HOSPITAIS INVESTEM EM ALIMENTOS SAUDÁVEIS........................... 12
Vice–presidente
Albaneide Maria Lima Peixinho (CRN-1/0205)
 
Secretária
OPINIÃO - ALIMENTOS DA AGRICULTURA
Nina da Costa Corrêa (CRN-3/0055)
 
FAMILIAR E SEM AGROTÓXICOS........................................................ 14
Tesoureira
Nelcy Ferreira da Silva (CRN-4/81100373)
  NUTRIÇÃO ESPORTIVA E DIETA EQUILIBRADA................................... 16
COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO (CF)
Ana Jeanette Ferreira Lopes de Haro (CRN-10/0761)
Juracema Ana Daltoé (CRN-2/1839) USO E DIFERENÇAS DOS ÓLEOS........................................................ 18
Maria Adelaide Wanderley Rego (CRN-6/0483)
Nádia Alinne Fernandes Corrêa (CRN-7/1188)
Nelcy Ferreira da Silva (CRN-4/81100373)
Nina da Costa Corrêa (CRN-3/0055) Coordenadora
FORMAÇÃO - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA............................................. 20
Sandra Regina Melchionna e Silva (CRN-2/1043)
 
COMISSÃO DE ÉTICA PROFISSIONAL (CEP) CRN VALORIZAM A NUTRIÇÃO........................................................... 21
Albaneide Maria Lima Peixinho (CRN-1/0205)
Gilcélio Gonçalves de Almeida (CRN-5/2087)
Juracema Ana Daltoé (CRN-2/1839) DIA DO TÉCNICO EM NUTRIÇÃO E DIETÉTICA................................... 24
Maria Adelaide Wanderley Rego (CRN-6/0483) Coordenadora
Rita de Cássia Coelho de Almeida Akutsu (CRN-1/3044)
Rosana Maria Nogueira (CRN-3/2530)
Sandra Regina Melchionna e Silva (CRN-2/1043)

COMISSÃO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL (CFP)


Anete Rissin (CRN-6/0544)
Élido Bonomo (CRN-9/0230)
Juracema Ana Daltoé (CRN-2/1839)
Leida Reny Borges Bressane (CRN-7/0397) Coordenadora
Nelcy Ferreira da Silva (CRN-4/81100373)
Raul von der Heyde (CRN-8/0555)
Rita de Cássia Coelho de Almeida Akutsu (CRN-1/3044)
Rosana Maria Nogueira (CRN-3/2530)
 
COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO (CCOM)
Ana Jeanette Ferreira Lopes de Haro (CRN-10/0761)
Anete Rissin (CRN-6/0544)
Leida Reny Borges Bressane (CRN-7/0397)
Liane Quintanilha Simões (CRN-4/85100075)
Regina Rodrigues de Oliveira (CRN-9/0901) Coordenadora
Sonia Regina Barbosa (CRN-8/0079)
  Revista CFN/Conselho Federal de Nutricionistas – Ano XIII, n. 48
COMISSÃO DE TOMADA DE CONTAS (CTC)
Gilcélio Gonçalves de Almeida (CRN-5/2087) (JANEIRO/ABRIL - 2016) – Brasília: CFN, 2000
Liane Quintanilha Simões (CRN-4/85100075)
Nádia Alinne Fernandes Corrêa (CRN-7/1188)
Raul von der Heyde (CRN-8/0555) v.: il. Color.; 30cm.
Regina Rodrigues de Oliveira (CRN-9/0901)
Sonia Regina Barbosa (CRN-8/0079) Coordenadora
 
COMISSÃO DE LICITAÇÃO
Quadrimestral.
Raul von der Heyde (CRN-8/0555) ISSN 1982–2057
Rita França da Silva
Débora Pereira dos Santos
Elaine dos Santos Estrela Guedes
1. Nutrição. 2. Alimentação. I. Conselho Federal de Nutricionistas.
Edição II. Título
Socorro Aquino (3956/DF)
CDU 612.3(05)
Redação
Socorro Aquino (3956/DF)
Ady Vieira – Estagiária

Fotos
Arquivo CFN, Shutterstock, As opiniões nos artigos assinados são de inteira responsabilidade dos
Diagramação autores, não refletindo, necessariamente, o posicionamento do CFN.
Duo Design – Comunicação
Os eventos aqui divulgados são de inteira responsabilidade
de seus promotores.

2 Revista CFN
editorial

Integrar para fortalecer


a valorização da nutrição

Estar próximo da realidade do profissional. Este é


o foco dos encontros realizados pelo CFN em estados
onde não há sede dos Conselhos Regionais de Nutricio-
nistas (CRN). A ação, iniciada em 2003, é reforçada pe-
los CRN, que frequentemente promovem reuniões com a
categoria para debater assuntos diversos. Élido Bonomo
A iniciativa permite aos Conselhos conhecer a Presidente do CFN
atuação dos nutricionistas e técnicos em Nutrição e
Dietética (TND), bem como dos gestores locais nas po-
líticas regionais e municipais de alimentação e nutrição Os Conselhos de Nutricionistas fiscalizam e
e de segurança alimentar e nutricional. A partir desse orientam o exercício profissional para que os cida-
conhecimento são traçadas estratégias para a imple- dãos tenham pleno direito à saúde. Assegurar que a
mentação das referidas políticas e assegurar o adequa- nutrição seja exercida por profissionais capacitados,
do exercício profissional, sempre aliado à promoção da habilitados e pautados por princípios éticos é nossa
saúde da população. tarefa permanente. Por isso, atuamos sempre em
Esse projeto de interiorização e integração do CFN parceria com as entidades de nutricionistas, organi-
já contemplou várias ações. Esses encontros itineran- zações da sociedade civil e órgãos públicos.
tes permitem um diálogo com a sociedade local e dá a Para nós essa construção coletiva reforça a
oportunidade aos profissionais de conhecerem as ativi- perspectiva de que a cada dia mais nutricionistas e
daades desenvolvidas pelo CFN e pelo CRN ao qual está técnicos estarão exercendo sua profissão com digni-
inscrito, podendo esclarecer dúvidas, fazer cobranças e dade, propiciando à sociedade o direito ao acesso à
dar sugestões. atenção nutricional por profissionais habilitados.
Os encontros são canais abertos para a interlocução
com nutricionistas e técnicos, para que as demandas Participe!
relativas ao exercício profissional sejam viabilizadas. Você é fundamental nessa construção diária.
Nosso propósito é garantir ações permanentes com
a categoria, dando visibilidade a suas habilidades e
competências, reforçando nosso compromisso com a
promoção da saúde dos indivíduos por meio da alimen- Élido Bonomo
tação saudável e adequada. Presidente do CFN

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 3


Ações do CFN

Pesquisa vai revelar o perfil


do nutricionista brasileiro

C
om o propósito de conhe- tricionistas, que serão sorteados
cer o perfil do nutricionista aleatoriamente. Após o sorteio, o
no Brasil, o CFN iniciará entrevistado receberá um telefo-
uma ampla pesquisa. O projeto é nema da empresa esclarecendo
financiado pelo Ministério do De- como será a pesquisa e sua impor-
senvolvimento Social e Combate à tância. Na etapa seguinte, com a
Fome (MDS) e pretende conhecer confirmação de que participará da
a atuação, a formação, o mer- pesquisa, o nutricionista receberá,
cado de trabalho e outros dados via e-mail, um link para acessar
socioeconômicos e demográficos e responder, em poucos minu-
dos nutricionistas. tos, um questionário.
O último levantamento com É muito importante que
tais características foi realizado os sorteados, ao serem con-
pelo conselho em 2005. Ago- tatados, confirmem a partici-
ra, a proposta é atualizar e am- pação na pesquisa. Os dados
pliar esses dados para conhecer coletados na pesquisa pos-
melhor como atua o nutricionista sibilitarão ao Sistema CFN/
no Brasil. CRN definir novas estratégias,
O IPPCET - Instituto de mais eficazes, para erradicar
Planejamento, Pesquisa, Co- possíveis problemas na forma-
municação, Estudos Sociais e ção e na atuação profissional. O
Tecnológicos é o responsável resultado também será utilizado
pela pesquisa, que entrevista- no planejamento e na melhoria
rá nutricionistas inscritos nos das ações que visam a maior valo-
Conselhos Regionais de Nu- rização da profissão.

Integração
E
m parceria com o Conselho
Regional de Nutricionistas
em Sergipe da Bahia e Sergipe, o CFN
promoveu em abril, na cidade de
Aracaju, um encontro com nutri-
cionistas e gestores do Estado. A
discussão envolveu as políticas
públicas de alimentação e nutri-
ção desenvolvidas pelo Ministério
da Saúde e pelas secretarias mu- Mesa de abertura do encontro
nicipais de Saúde e Educação de
Nutricionistas, técnicos,
Sergipe. A atuação dos conselhos terlocução do CFN com os profis-
estudantes de nutrição e gestores também foi debatida no encontro, sionais. Agradecemos a todos que
no encontro de Sergipe que é mais um mecanismo de in- participaram do encontro.

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Ações do CFN

Sistema fortalece a corrente pela


alimentação saudável e adequada

Equipe de nutrição do Hospital Ordem Terceira, em


Belém (PA), reforçou a campanha em março/2016.

N
utricionistas e técnicos em conselho para toda vida”, e refor- e o CFN reforçou a luta de outros
Nutrição e Dietética de çou a ideia de que pequenas mu- profissionais da saúde em defesa
todo o país participaram da danças geram grandes resultados de mais recursos para o Sistema
campanha Pacto do Bem – a cor- e foi direcionada para a adoção de Único de Saúde (SUS). Nesse dia,
rente pela alimentação saudável e hábitos alimentares para garantir a o CFN participou do movimento
adequada #DesafioCFN, iniciada saúde e o bem-estar das pessoas. nacional que reforça o caráter uni-
em dezembro de 2015, promovi- Como primeira ação da nova fase, versal e democrático do SUS. Em
da pelo Sistema Conselhos Federal os CRN promoveram ações para ato simbólico, os manifestantes
e Regionais de Nutricionistas. comemorar o 31 de março – Dia
O mote da campanha foram as da Saúde e Nutrição.
diretrizes do Pacto Nacional pela Em 7 de abril, Dia Mundial da
Alimentação Saudável (Decreto Saúde, a campanha foi reforçada
n° 8.553/2015), assinado pela com o slogan Hábitos Saudá-
presidente Dilma Rousseff na 5ª veis: você e o planeta merecem,
Conferência Nacional de Seguran-
ça Alimentar e Nutricional.
A campanha não parou e mui-
tas ações ainda estão em curso
para fortalecer o pacto. A segunda Estudantes de nutrição da Faculdade
Universidade Católica de Brasília Estácio CEUT, de Teresina (PI),
fase teve como mote a “Alimen- reafirma o Pacto do Bem na Semana em evento do Dia da Saúde e
tação saudável e adequada: um da Nutrição, em abril/2016. Nutrição - 31 de março.

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Ações do CFN

abraçaram o Ministério da Saúde,


em Brasília.
Redes – A campanha Pacto do
Bem foi reforçada com interven-

foto:Antônio Coquito
ções publicitárias no Facebook,
Twitter, Instagram, YouTube e
sites, além de veiculação na Rede
Globo. Na web, o vídeo produzido
para a campanha somou mais de
40 mil visualizações, os posts fo-
ram compartilhados mais de 4 mil
vezes e curtidos mais de 24 mil; Conselheiros do CRN-9 e escolas de nutrição na atividade do Dia da Saúde e Nutrição.
2 mil pessoas aceitaram o #De-
safioCFN e agora são mais de 66 CRN reforçam o Pacto do Bem
mil pessoas reunidas na fanpage
do CFN. A maioria dos CRN promo- bros da Câmara da Saúde do
veu atividades em regiões de Fórum-RS, participou da mo-
grande concentração de público bilização para comemorar o
nas cidades para reforçar o Pac- Dia Mundial da Saúde, 7 de
to do Bem. Em Belo Horizonte e abril, no Largo Glênio Peres,
Pouso Alegre, cidades mineiras, centro de Porto Alegre para
o CRN-9 realizou ações com a divulgar os hábitos saudáveis
população em comemoração que evitam enfermidades. O
ao Dia da Saúde e Nutrição, evento foi promovido pelas
31 de março. secretarias de
Rafael Arantes, nutricionista sustentável, As pessoas Saúde muni-
em formação, e apaixonado por comida
de verdade aceitou o desafio do Pacto. que parti- cipal de POA
ciparam do e Estadual do
Em carta remetida ao CFN, o evento foram RS, e outras
Consea Nacional parabenizou a beneficiadas instituições
iniciativa. A rede virtual de Expe- com avaliação CRN-2 foi para as ruas parceiras.
riências em Educação Alimentar nutricional e de Porto de Alegre Este ano o
e Nutricional (Ideias na Mesa) estímulo à ali- tema escolhi-
lançou o #DesafioCFN para mentação saudável, receberam do pela Organização Mundial
seus colaboradores e parceiros. mudas de hortaliças e informa- da Saúde (OMS) para marcar a
A Faculdade de Ciências Biológi- ções sobre rótulos de alimentos, data foi o combate ao diabetes.
cas e de Saúde (Univiçosa), em escolhas dos alimentos e ainda Os representantes do CRN-2
Viçosa–Minas Gerais, e a Univer- puderam participar de oficinas realizaram orientação nutricio-
sidade Católica de Brasília (UCB) de educação nutricional. nal dos participantes e divulga-
promoveram, em abril, palestras No Rio Grande do Sul, o ram que a dieta deve estar de
com representantes do CFN so- CRN-2, juntamente com os acordo com as necessidades
bre a campanha para os alunos, conselhos de Educação Física, de cada pessoa e que a pres-
mantendo a importância do pac- Farmácia, Fonoaudiologia, crição dietoterápica é privativa
to pela alimentação saudável Medicina Veterinária, mem- do nutricionista.
e adequada.

6 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


Alimentação Escolar

Parceria incentiva a alimentação saudável


e adequada na comunidade escolar
e 2015), o concurso teve como
resultado mais de 20 receitas inova-
doras e seis merendeiras premiadas.
“Quando o concurso foi lançado,
inscrevemos dez receitas que se
encaixavam nos requisitos e par-
timos para a mobilização dos nu-
tricionistas do Pnae no Estado e do
Conselho de Alimentação Escolar
(CAE) . Ligamos, enviamos e-mails
e mensagens até que cada nutricio-
Equipe de garra da região Sudeste
nista do programa fosse contatada”,
relembra Dayana Lemos de Souza,

A
nualmente o Programa Santa Maria do Jetibá, no Espírito nutricionista chefe do Serviço de
Nacional de Alimentação Santo, onde a merendeira Anilda Alimentação Escolar da Secretaria
Escolar (Pnae) promove Berger, da Escola Municipal Unido- Municipal de Educação da Prefeitura
um concurso para premiar as cente de Ensino Fundamental Baixo Municipal de Santa Maria de Jetibá.
melhores receitas da alimentação Rio Pantoja, venceu com a receita: Na etapa final do concurso, as três
escolar. Em janeiro, quinze meren- Bolo salgado de arroz da Anilda, merendeiras finalistas da Região
deiras de escolas públicas de todo essa parceria começou em 2014 Sudeste foram de Santa Maria de Je-
o país que participaram da última com o lançamento do Concur- tibá. “Quando recebemos a notícia,
prova da competição estiveram no so Criative-se na Cozinha. Na épo- ficamos muito felizes e agradecidas
Ministério da Educação, em Bra- ca, a equipe de nutricionistas resol- a todas as nutricionistas que nos
sília, para a entrega do prêmio às veu reconhecer, divulgar e premiar apoiaram, pois pudemos constatar
cinco autoras das receitas vence- a criatividade e inovação das me- a união de uma categoria em prol de
doras da edição 2015, que come- rendeiras no desenvolvimento de um objetivo ao concorrermos com os
morou os 60 anos do Pnae. Desde receitas para a alimentação escolar. estados de São Paulo, Rio de Janeiro
2009, o nutricionista é responsá- Nos dois anos de realização (2014 e Minas Gerais”, ressalta Dayana.
vel técnico da alimentação escolar,
programa que atende mais de 43
milhões de alunos em todo o Bra-
sil. No processo da premiação das
receitas, o nutricionista realiza um
importante trabalho de parceria
com as merendeiras, envolvendo a
comunidade escolar.

Sudeste
Na etapa de 2015 do Concurso
Nacional de Melhores Receitas da
Alimentação Escolar, a cidade de Parceria de sucesso na região Sul

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 7


Alimentação Escolar

implementá-los no dia a dia da ali-


mentação escolar.
Os nutricionistas das regiões
Centro-Oeste e Nordeste foram
contatados, mas infelizmente não
responderam às mensagens e
ligações da Revista CFN. No Cen-
tro-Oeste a vencedora foi a me-
rendeira Osmarina Pereira Assini,
com a receita: Torta Saborosa de
Unidade da equipe do Norte foi fundamental para garantir o prêmio batata doce com peixe. Ela traba-
lha na Escola Estadual Vereador
Para ela, o incentivo às meren- colar, desenvolvimento fisiológico Antônio Laurindo, no município de
deiras sempre foi um objetivo do e formação de hábitos alimentares Iporã (GO). A merendeira Dejanira
setor, pois são elas que estão todos saudáveis. Quando é possível aliar de Souza representou o Nordeste
os dias em contato com os alunos, a qualidade nutricional, sabor e com a Receita: Abará de carne
promovendo educação alimentar praticidade na elaboração da mes- moída com aipim. Ela atua na Es-
e nutricional e garantindo a exe- ma, o sucesso é garantido”, avalia cola Municipal Nossa Senhora das
cução do Pnae. “Temos muito or- a nutricionista da Alimentação Es- Candeias, em Salvador (BA).
gulho em fazer parte dessa grande colar de Matelândia/Paraná, Anna
equipe”, reforça. Crystina Rodrigues. Concurso
Com uma variedade de pratos
Sul Norte criativos e que representam bem
Na Região Sul o empenho da Na Escola Municipal de Ensino cada região do país, o concurso
equipe de nutricionistas não foi Fundamental Novo Horizonte, mu- Melhores Receitas da Alimentação
diferente. O nutricionista participou nicípio de Parauapebas (PA), a par- Escolar valoriza o papel das me-
desde a divulgação do concurso ticipação do nutricionista foi funda- rendeiras e incentiva a prática de
junto à comunidade escolar, no su- mental para a conquista do prêmio hábitos alimentares saudáveis no
porte à merendeira para a escolha pela merendeira Maria Arlete da Sil- ambiente da escola, além de cons-
da receita, dentro dos critérios a va, com uma receita bem regional: cientizar toda a comunidade esco-
serem avaliados pelos jurados, até Arroz de cuxá com charque. “Nossa lar sobre o tema. Os vencedores
no cumprimento das normas esta- divulgação e incentivo como equipe ganharam uma viagem internacio-
belecidas pelo Pnae, que qualifica- ajudaram nossas merendeiras a nal, com direito a acompanhante,
ram a receita para a classificação tomarem coragem de mostrar todo além de um prêmio de R$ 5 mil. A
na primeira etapa. O profissional o seu talento e a elaborarem uma primeira fase do concurso contou
também contribuiu com a ela- receita para concorrer. Cadastramos com 2.433 receitas inscritas. Des-
boração da atividade nutricional as receitas e para grande felicidade se total, 1.403 passaram pela fase
apresentada, e auxiliou na produ- de todos uma foi a campeã e outra eliminatória e foram submetidas,
ção da receita para degustação. “A ficou em segundo lugar”, relatou na etapa estadual, aos votos de
motivação surgiu como reconhe- Ather Barbosa Figueiredo, nutricio- presidentes de Conselhos de Ali-
cimento e valorização do papel da nista DAE/SEMED Parauapebas. mentação Escolar e nutricionistas
merendeira na execução e quali- Uma das preocupações da equipe cadastrados no Pnae. As votações
dade da alimentação escolar. Uma de nutricionistas foi que os itens das apontaram as 123 receitas que se-
receita nutricionalmente completa receitas já fizessem parte do cardá- guiram para a fase regional e serão
traz melhorias no rendimento es- pio da região, para que pudessem reunidas em um livro.

8 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


Alimentação saudável

Agricultura familiar ganha espaço


na alimentação dos brasileiros

O
cearense Francisco de do Desenvolvimento Social e
Assis Ferreira de Albuquer- Combate à Fome (MDS) e do
que, 34 anos, está há 20 Ministério do Desenvolvimento
anos na área rural de Sobradinho, Agrário (MDA). Os alimentos
cidade a 22 km do centro de Bra- também servem para abastecer
sília. Ele trabalha desde os 9 anos restaurantes populares, cozinhas
na agricultura e hoje é um pro- de creches e escolas públicas, de
dutor da agricultura familiar que hospitais públicos e presídios – os
comercializa alimentos para a feira chamados equipamentos públi-
da região, pequenos supermer- cos de alimentação e nutrição. Os
cados e ministérios do Exército, produtos também podem formar
Marinha, Aeronáutica e Defesa, estoques públicos ou estoques
dentro das normas do Programa das organizações da agricultura
de Aquisição de Alimentos (PAA). familiar.
Os agricultores familiares po- Na chácara onde Francisco
dem vender para o PAA de forma trabalha é cultivado todo tipo de
individual ou coletiva – por meio folhagem. A venda para os minis-
de cooperativas da agricultura térios começou este ano, pois no
familiar de que façam parte. As Distrito Federal ainda não foi rea-
compras são realizadas pelos lizada nenhuma chamada pública
governos estaduais e prefeituras para o Programa Nacional de Ali-
municipais que participam do mentação Escolar (Pnae), que há
programa, e pela Companhia dois anos era a principal fonte de
Nacional de Abastecimento (Co- renda dos agricultores familiares
nab), com recursos do Ministério da região.

O agricultor Francisco reconhece


as melhorias com o PAA Familiar

Escolas
E foi exatamente o Pnae que
levou para a região novas expec-
tativas e melhorias para os agri-
cultores. “Antes disso a gente tra-
balhava sem infraestrutura e com
poucas entregas; só era vendido a
metade do que comercializamos
hoje (por volta de 4 mil pés de al-
face/semana)”, informa Francisco.
“A vida hoje teve muito avanço.

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 9


Alimentação saudável

Melhorou em tudo: compra de se-


mentes, pagamento das pessoas
– passaram a ganhar melhor; em
todos os sentidos melhorou. Na
roça trabalham vários amigos, deu
certo trabalhar junto” acrescenta.
Em julho de 2009, a Lei nº
11.927 determinou que no mí-
nimo 30% do valor repassado
aos estados, municípios e Distrito
Federal pelo Fundo Nacional para
Agricultura familiar da região produz folhagens variadas
o Desenvolvimento da Educação
(FNDE) para o Pnae devem ser
utilizados obrigatoriamente na Na região existem 110 agricul- médio e o grande se viram porque
compra de gêneros alimentícios da tores familiares, sendo 53 ativos. têm dinheiro e acesso aos bancos,
agricultura familiar. Outra parte está isolada por causa mas os pequenos não têm nada
A agricultura sempre foi o sus- da precariedade das estradas, um disso; e se pararmos de vender esta-
tento da família de Rogério Mon- grave problema enfrentado pelos mos desempregados”, reforça.
tenegro La Guardia, 44 anos. Ele produtores locais, bem diferente
arrendou da tia a chácara onde do que passam os grandes agricul- Perspectivas
trabalha com Francisco e foi além: tores, que são beneficiados com Cinco associações atuam na
em 2010, fundou a Associação estradas bem estruturadas. “Com área rural de Sobradinho para
dos Produtores Rurais e Agriculto- estrada boa a mercadoria chega multiplicar o trabalho capitaneado
res Familiares de Sobradinho para ao ponto final em boa qualidade. por Rogério. Alguns produtores
comercializar a produção para o Nossa situação é muito precária, o não têm nenhuma infraestrutura
Pnae, já que no DF não havia ins- que enfraquece um projeto muito para gerir o que produzem e o que
tituição organizada da agricultura bonito”, lamenta Rogério. vendem. “O PAA da agricultura
familiar para participar da primeira Antes do Pnae, os agricultores familiar está ajudando muito o
chamada pública. “Esse é o sis- da região eram submetidos às regras
tema que me parece estar dando dos atravessadores, que ditavam os
mais certo, pois estamos nele des- preços. “Não existia uma política Novidade
de 2014”, reconhece. para ajudar o pequeno produtor. O Em março último, o
governo federal estabele-
ceu que os órgãos gestores
municipais e estaduais de
assistência social podem,
a partir de agora, dar prio-
ridade à compra de alimen-
tos da agricultura familiar
por meio da modalidade
“Compra Institucional do
Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA)” – Resolu-
ção nº 1, de 14/03/2016.

10 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


Alimentação saudável

Rogério fazem tudo “por amor”


para que o negócio funcione
bem. Antes do PAA a roti-
na desses agricultores era
muito difícil. “Vivíamos,
literalmente, numa
sanfona. Quando as-
sumimos o primeiro
PAA em 2014, está-
vamos muito enfraque-
cidos, sem crédito, porque
gastamos tudo, mas a partir de incluía no cardápio arroz com
2016 o efeito sanfona desapare- brócolis e farofa de couve e em
ceu. Tivemos uma queda natural três meses o déficit de atenção
Agricultores de Sobradinho
no final do ano com as férias esco- diminuiu, bem como a desnutri-
lares, mas não chegou a zerar. Ago- ção. Por isso os agricultores locais
agricultor, estamos entrando no ra já podemos fazer planejamento lamentam que o programa tenha
mercado global, mas ainda temos para julho, o que era impossível. parado. “O trabalho dos nutricio-
que aprimorar nossa organização Íamos para a feira e rachávamos o nistas é maravilhoso, mas esbarra
e trabalho”, reconhece. Para ele, lucro. Hoje dá para planejar, pois na burocracia e na má vontade
até 2018 este programa, iniciado estamos dentro da média do que de outros funcionários. Hoje os
em 2014, estará funcionando perdemos”, reconhece. alunos bebem um suco que é
plenamente, com as associações um mel e ainda dão a bolacha,
bem equipadas e prontas para Nutricionista mas alguns funcionários acham
atender às demandas dos agricul- Segundo Rogério, as escolas que isso é mais prático”, lamen-
tores. Ele vê na parceria entre a públicas da zona rural são as me- ta. Para Rogério La Guarida, os
Secretaria da Agricultura, Abaste- lhores do DF. Os diretores ganham gestores dos programas têm que
cimento e Desenvolvimento Rural um pouco mais para estar lá, mas pressionar os diretores das esco-
– Seagri-DF (por intermédio da o empenho deles e a integração las a pesquisar o que é plantado
Emater-DF) e o MDS a única saída com a comunidade possibilitam na região, conhecer de perto o
para o desenvolvimento do setor. a oferta da alimentação escolar de grau de satisfação dos alunos,
O programa começou bem, qualidade. pois só assim se sensibilizarão so-
mas é preciso estruturar as associa- Na época do funcionamento bre a importância da agricultura
ções de agricultores, que segundo do Pnae na região, o nutricionista familiar.

O que é agricultura familiar?


A agricultura familiar inclui todas as atividades agrícolas de base familiar e está ligada a diversas áreas
do desenvolvimento rural. É um meio de organização das produções agrícola, florestal, pesqueira, pastoril
e aquícola que é gerenciada e operada por uma família e predominantemente dependente de mão de obra
familiar, tanto de mulheres quanto de homens.
Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, a agricultura familiar é a forma
mais usual de agricultura no setor de produção de alimentos. O Brasil conta com cinco milhões de agricul-
tores familiares, que são responsáveis por 70% dos alimentos consumidos no país.

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 11


Alimentação

Pacientes são beneficiados com


empenho de nutricionistas

As nutricionistas Luciene e Priscilla integram a equipe de nutrição da Fhemig

E
m 2015, com a publica- viço de Nutrição e Dietética (SND) leite pastoso, polpas de frutas (aba-
ção do Decreto nº 46.712, das unidades foram convidados a caxi, acerola, goiaba, manga e ma-
que regulamentou a Lei nº participar das reuniões, e ficaram racujá), algumas frutas e verduras,
20.608/2013 (instituiu a Política responsáveis pelo planejamento queijos mozarela e parmesão.
Estadual de Aquisição de Alimen- e elaboração de parte do edital da
tos da Agricultura Familiar – PAA- chamada pública, com os quanti- Mudança
Familiar), a Fundação Hospitalar tativos a serem adquiridos já que No início, a nova experiên-
do Estado de Minas Gerais (Fhe- as especificações técnicas foram cia sofreu resistências. Como se
mig), maior rede de hospitais pú- descritos no Portal de Compras trata de fornecimento de gêneros
blicos da América Latina, iniciou – MG. Após a finalização dessa alimentícios para hospitais, o
o debate sobre como seria a aqui- etapa, esses profissionais passa- desabastecimento gera grande im-
sição de gêneros alimentícios con- ram a responder pelo pedido, re- pacto na saúde pública e prejuízo
forme a nova norma. O objetivo da cebimento, supervisão e controle no atendimento nutricional dos
Fundação era adquirir alimentos dos contratos. pacientes. Mas a aposta na pro-
mais saudáveis, valorizando a cul- A aquisição direta de alimentos moção da alimentação saudável e
tura local e regional. foi realizada com dispensa de licita- adequada defendida pela equipe
Por se tratar de um processo ção, por meio de chamada pública, de nutricionistas ganhou força.
novo, a Fhemig optou pela obriga- que visa ao credenciamento e à Para a equipe da Nutrição, a
toriedade mínima da lei, adquirin- organização dos agricultores familia- aquisição dos alimentos do PAA-
do 30% de alimentos da agricul- res para a aquisição de gêneros ali- Familiar é uma opor tunidade
tura familiar do quantitativo total mentícios em atendimento ao PAA- para estimular e incorporar bons
de cada item solicitado. Os outros Familiar. Seguindo a padronização hábitos alimentares, com gêneros
70% continuariam sendo adquiri- existente na Rede Fhemig, foram diversificados e sazonais, contri-
dos por meio de licitação. Os nu- inseridos os seguintes itens: café, buindo para o sustento e fortale-
tricionistas responsáveis pelo Ser- feijão comum, feijão preto, doce de cimento de famílias que investem

12 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


Alimentação

nesse tipo de agricultura. “É o de forma integral. As unidades já os nutricionistas apontam como


início de uma desafiadora relação solicitaram a contratação de mais problema a falta de agricultores
entre a sociedade civil e o Estado, nutricionistas e técnicos em Nutri- para a aquisição de alguns itens.
mas que se bem estruturada e in- ção e Dietética; alguns concursos Neste caso, a Fundação intensifi-
tegrada, promete ser uma possibi- públicos e processos seletivos cou o trabalho junto aos agriculto-
lidade inovadora para as unidades foram realizados, mas a demanda res para identificar a oferta da re-
da rede Fundação que utilizam ainda existe. gião e esclarecer o tipo de serviço a
esses produtos na alimentação de Com relação ao PAA-Familiar, ser realizado.
seus usuários”, ressaltam as nutri-
cionistas da Rede.
Os nutricionistas da rede Fhe-
mig atuam na Nutrição Clínica,
com participação das equipes
A Fhemig
multidisciplinares de terapia nu-
Produção Hospitalar
tricional, em trabalhos científicos,
Em 2008, no Sistema de Informação Hospitalar – SIH/Ministério
Bancos de Leite Humano, lactá-
da Saúde, 17% das diárias de UTI do SUS utilizadas em Minas
rios, ambulatórios, fiscalização
Gerais foram nos hospitais da Fhemig. Quanto às internações em
e gestão de contratos (tanto de
leitos do SUS no estado, 75% em tisiologia (tuberculose), 68% de
produtos alimentícios quanto de
pacientes crônicos (hanseníase, sequela neurológica) e 23 % de
serviços terceirizados), na super-
psiquiatria são realizados, atualmente, nos hospitais da rede.
visão dos serviços de produção
de refeições e na elaboração de
Números da Fhemig
termos técnicos para processos li-
citatórios. “O trabalho de nutrição Leitos Operacionais 2.060
é uma atividade árdua, complexa Leitos de UTI 221
e desafiadora na rede e, apesar de
Leitos Asilares 895
serem encontrados diversos obs-
táculos no dia a dia, os profissio- Nº Cirurgias – Bloco Cirúrgico – média mensal 2.200
nais são capazes de enfrentá-los Nº Cirurgias – Bloco Obstétrico – média mensal 860
com competência e desenvolvem Nº Internações – média mensal 5.500
seu trabalho da melhor forma pos-
 
sível”, reconhecem as nutricio-
Produção Ambulatorial
nistas da Administração Central,
Atualmente, 18% da coleta e pasteurização de leite materno do
Luciane Cecília da Silva e Priscila
SUS em Minas Gerais são realizadas na Fundação. Na capital,
Yunes Marques.
55% do atendimento ortopédico com imobilização provisória e
53% do atendimento de urgência/emergência especializado são
Melhorias
realizados nos hospitais da fundação.
Mas o esforço desse grupo para
promover a alimentação saudável
Números da Fhemig
e adequada também enfrenta al-
guns obstáculos, como o número Consultas médicas de urgência – média mensal 50.360
insuficiente de profissionais em Consultas especializadas programadas – média mensal 24.600
algumas unidades. Isso dificulta, Exames complementares – média mensal 323.300
por exemplo, o acompanhamento
e desenvolvimento das atividades

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 13


opinião

Nutricionistas formam consumidores


Veruska Prado Alexandre*

O
nutricionista deve ter no alimentos que consome? Quem os
alimento o elemento de me- produz? Será que são produzidos
diação para sua atuação. na sua região? A revolução na
O papel que o alimento tem para a produção de alimentos passa tam-
vida humana e para a sociedade é bém por uma revolução na forma
bem conhecido, seja em termos de como vemos o papel da compra e
cuidado/promoção da saúde, seja dos consumidores nesse processo.
por expressar uma cultura, ou ain- Incentivar, por meio da atuação
da pela sua constituição como um profissional, o consumo de alimen-
objeto econômico etc. tos provenientes da agricultura
Tendo o alimento um papel tão familiar e livres de agrotóxicos e
central, é necessário relembrar transgênicos é, portanto, uma
que esse é um dos resultados do ação não somente necessária sob
sistema agroalimentar, permitin- o ponto de vista de melhores resul-
do identificar conexões entre o tados em saúde e nutrição, como
modelo de produção adotado e o adequada e saudável aprovado também o é do ponto de vista de
tipo de alimento que nos é ofer- na III Conferência Nacional de construção de uma sociedade mais
tado. Refiro-me à conexão entre Segurança Alimentar e Nutricional justa, sustentável e que tem na
o monocultivo de soja, milho, (SAN), esse tema ganhou desta- saúde um dos principais elementos
cana-de-açúcar ou outro, que gera que. A partir do Dossiê Abrasco para o seu desenvolvimento.
ingredientes alimentares para a nós, nutricionistas, fomos pres- Inúmeros são os aspectos en-
indústria nos ofertar os ultrapro- sionados a não mais ignorá-lo. volvidos nesse debate e não é
cessados, comprovadamente Porém, já não cabe apenas se possível trazê-los neste texto. Fica
associados às doenças crônicas. indignar. É preciso agir, e pode- o convite para que este tema seja
Numa outra perspectiva, têm-se mos fazê-lo em qualquer espaço parte das discussões em nossos
modelos de produção pautados na profissional, seja em hospitais, espaços profissionais. Chega de
diversificação, os quais tendem a escolas, universidades, centros de doença, chega de alimentos con-
nos ofertar alimentos in natura ou pesquisa, clínicas e unidades de taminados por agrotóxicos e chega
minimamente processados, sendo saúde etc. Enquanto educadores de transgênicos! Coletivamente
estes associados a uma dieta sau- da alimentação e nutrição, for- devemos pressionar pela assi-
dável e adequada e a todos os be- mamos consumidores. Conhecer natura do Programa Nacional de
nefícios decorrentes desta. O Guia mais sobre os alimentos orgânicos Redução de Agrotóxicos (Pronara),
Alimentar para a População Bra- ou agroecológicos – nossa alter- individualmente podemos nos
sileira1 nos traz esta perspectiva nativa contra os agrotóxicos e os envolver em espaços de debate
de forma muito didática e com ele- transgênicos –, os seus produtores e ações como os Conselhos Re-
mentos científicos consistentes. e locais de comercialização pode gionais, Conselhos de Saúde, de
Outro aspecto da produção dos ajudar a entender a cadeia de SAN, na Campanha Permanente
alimentos, que não está separado produção, assim como a encontrar contra os Agrotóxicos e pela Vida
desse debate, refere-se ao uso de saídas que levem à ampliação da etc. Juntos construiremos um sis-
agrotóxicos e suas consequências. oferta para toda população. Você tema agroalimentar mais coerente
Com o conceito de alimentação já se perguntou de onde vêm os com a vida.

14 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


opinião

*Veruska Prado Alexandre


É nutricionista, professora da Faculdade de Nutrição/ Universidade Federal de Goiás; doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e membro do Centro de
Referência em Segurança Alimentar e Nutricional (Ceresan/UFRRJ).

Qual o melhor alimento?


Alimentos transgênicos – são alimentos modi- culturais, biológicos e mecânicos em contraposi-
ficados geneticamente com a alteração do código ção ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do
genético, isto é, são inseridos no organismo genes uso de organismos geneticamente modificados e
provenientes de outro. Esse procedimento pode radiações ionizantes, em qualquer fase do proces-
ser feito até mesmo entre organismos de espécies so de produção, processamento, armazenamento,
diferentes (inserção de um gene de um vírus em distribuição e comercialização, e a proteção do
uma planta, por exemplo). O procedimento pode meio ambiente.
ser realizado com plantas, animais e micro-orga- Agroecologia – O conceito de agroecologia vem
nismos. (Fonte: Consea) sendo construído por meio de diversas áreas do co-
Riscos para a agricultura – as espécies nhecimento e se propõe a ser uma alternativa so-
transgênicas são protegidas por patentes, o que cioambiental às formas de degradação provocada
significa que o agricultor que decidir utilizá-las (se pela “Revolução Verde”. Sua construção envolve
autorizadas no Brasil) terá de pagar royalties para diferentes setores da sociedade (pesquisadores,
a empresa detentora da tecnologia. A consequên- extensionistas, estudantes, agricultores, etc). Por
cia mais imediata será o aumento da dependência incorporar princípios ecológicos e sustentáveis,
do agricultor das empresas transnacionais do estudos mostram que a agroecologia pode permitir
setor. Isto porque, por regra contratual, o agricultor aos agricultores, inseridos nesta perspectiva, o
não pode utilizar as sementes do plantio anterior, acesso a alimentos mais sustentáveis e saudá-
assim terá que comprar as sementes transgênicas veis. Nesse sentido a agroecologia deve ser com-
a cada safra. Além disso, é muito difícil o agricultor preendida como uma prática, uma ciência e um
“se livrar” totalmente das plantas transgênicas, o movimento social. (Referência ALTIERI, M. Agro-
que pode ocorrer com qualquer plantação, já que, ecologia: bases científicas para uma agricultura
caso ele não queira mais plantá-las, a chance de sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002).
ainda nascer uma planta transgênica na plantação Hidropônicos – São os alimentos produzidos
convencional existe. Caso isso ocorra, ele poderá em estufas (ambiente protegido), onde não há
ser compelido a pagar uma multa e mais royalties. o uso do solo, e sim de adubos químicos de fácil
Além disso, existe o risco da contaminação. solubilidade em água. As verduras são cultivadas
Orgânicos – A Lei nº 10.831/2003 considera dentro de tubos plásticos perfurados ou em reci-
sistema orgânico de produção agropecuária todo pientes com substrato e nutridas com a solução de
aquele em que se adotam técnicas específicas, água e adubos químicos. (Fonte: Ideias na Mesa)
mediante a otimização do uso dos recursos natu- Sementes crioulas – São sementes de espé-
rais e socioeconômicos disponíveis e o respeito cies que deixaram de ser cultivadas comercial-
à integridade cultural das comunidades rurais, mente por causa dos constantes melhoramentos
tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e genéticos que visam cada vez à maior rentabilida-
ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a de na produção, desconsiderando muitas vezes
minimização da dependência de energia não reno- o potencial nutricional e de resistência natural a
vável, empregando, sempre que possível, métodos pragas e doenças. (Fonte: www.agricultura.gov.br)

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 15


Esportes

Vitória dos atletas


depende de dieta equilibrada

A
nutricionista Flávia Maria pode gerar mais visibilidade para
de Carvalho Almeida é pós- a nutrição esportiva?
graduada em fisiologia do Dra. Flávia Carvalho – É possível
exercício e em nutrição esportiva que sim, mas não tenho visto
e já atuou em diversas áreas. Na muitas ações nesse sentido. A
nutrição esportiva tem larga ex- nutrição esportiva já está bem
periência com equipes de futebol, desenvolvida e sólida em nível
futsal e público de academias. Em internacional. Aqui no Brasil já
entrevista à Revista do CFN, ela avançamos muito, mas ainda dei-
fala do crescimento e da visibilida- xa a desejar. Essa área ainda é de-
de da área e destaca a importância ficiente nos cursos de graduação.
de os cursos de nutrição darem
maior atenção a esse setor. Ela CFN – A senhora já atuou em
A nutricionista Flávia Carvalho
destaca ainda a parceria com a outras áreas da nutrição. Por que
Universidade Federal de Pernam- escolheu a esportiva?
buco para incentivar a formação Dra. Flávia Carvalho – A primeira turar o departamento de nutrição
dos alunos da nutrição e da educa- área em que trabalhei foi de ali- do profissional e da base. Aceitei
ção física. Confira! mentação para aeronaves – Cate- e retornei para essa área, agora
ring. Em seguida fui para o setor de com mais perspectivas. Estamos
CFN – Em sua opinião, a reali- refeições coletivas em produção e em entendimentos com a Univer-
zação das Olimpíadas no Brasil posteriormente na supervisão e ge- sidade Federal de Pernambuco
rência. A nutrição esportiva surgiu (UFPE) para oferecer estágios em
por acaso. Participei nutrição esportiva e também dar
de uma seleção oportunidade para a elaboração de
e aceitei o desa- Trabalhos de Conclusão de Curso
fio de desbravar (TCC) para os alunos da gradua-
essa área, em Per- ção de nutrição e educação física.
nambuco, no Sport Vale salientar que poucos clubes
C l u b d o Re c i f e , do Brasil abrem suas portas para
onde atuei por mais incentivar a ciência e a formação
de 20 anos no futebol profissional. de alunos de graduação de nu-
trição. Também integro a equipe
CFN – E hoje? multiprofissional em Pernambuco
Dra. Flávia Carvalho – Fiquei os que avalia os atletas e paratletas
últimos dois anos fora do futebol. de várias modalidades esportivas
Atuei em consultório, o que faço do TimePE, desde o pentatlo mo-
há 18 anos, e ministrei cursos de derno até o tiro esportivo.
nutrição esportiva. Em janeiro de
2016 recebi um convite do Santa CFN – Qual a melhor indicação
Cruz Futebol Clube, time da elite para o alto rendimento de um
do futebol brasileiro, para estru- atleta?

16 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


Esportes

Dra. Flávia Carvalho – A alta per- estou sempre presente. No caso densidade nutricional diferenciada
formance de um atleta depende do consultório e dos atletas do Ti- com compostos bioativos dos ali-
de variáveis específicas: alimen- mePE é mais específico. A minha mentos e suplementos.
tação, treino, repouso, equilíbrio rotina muda mais em função do
psicológico e emocional. Da mes- futebol; em jogos, a véspera e o dia CFN – Como chegar ao pódio?
ma forma para as variáveis fisioló- do evento exigem mais presença Dra. Flávia Carvalho – É difícil
gicas, individualidades orgânicas, e atenção. atingir bons resultados com dieta
genética e tantas outras. A questão inadequada. Sabemos que o ser
nutricional visa não só ao rendi- CFN – O que recomenda para humano se supera em qualquer
mento, mas à manutenção da o aumento da performance em situação. São muitas as variáveis
saúde com uma boa recuperação. competições? a que o atleta é submetido, como
A nutrição trabalha em sincronia Dra. Flávia Carvalho – As reco- o estímulo da adrenalina, os de-
com a periodização do treinamen- mendações para o aumento de safios impostos pela competição,
to dentro do calendário anual de performance de atletas de alto as situações de tomadas de de-
competições. Planejar, avaliar, rendimento abrangem muitas cisões em tempo recorde, mas
ajustar, reavaliar é fundamental. demandas. Fazer uso das bases tudo isso esbarra no equilíbrio do
nutricionais para eficiência e equi- metabolismo nutricional, energé-
CFN – A senhora acompanha líbrio do metabolismo energético; tico, regenerativo, imunológico,
atletas em competições? O que promover aumento das reservas psicológico e tantos outros. Todos
muda na rotina do seu trabalho do substrato mais importante que dependentes de nutrientes. Uma
durante essas etapas? é o carboidrato; monitorar a com- dieta equilibrada, adequada e in-
Dra. Flávia Carvalho – Isso de- posição corporal adequada para dividualizada faz toda a diferença.
pende muito. No caso do futebol, a categoria do atleta; modular o Cronicamente falando, um atleta
existe o constante acompanha- sistema imunológico para prevenir profissional que não se alimenta
mento no clube com elaboração a imunossupressão; manter vigi- corretamente estará em situação
de cardápios, controle de peso lância e controle na fase de recu- de risco para a saúde com inú-
do atleta, supervisão de suple- peração de treinos e competições, meras consequências deletérias
mentação. Quando o time viaja, destacando também a questão da para o organismo. Isso vai desde
é passado com antecedência o hidratação e tantos outros com- uma disfunção imunológica e alto
cardápio da delegação e depen- ponentes. Isso tudo envolve uma catabolismo, acarretando perda
dendo do momento da competição de massa muscular e alteração do
é necessário o acompanhamento sono, do humor e da área cogni-
em viagens. Para jogos “em casa” tiva. Em consequência, acarreta
respostas metabólicas compro-
metidas, com desequilíbrios orgâ-
Olimpíadas 2016 nicos, podendo levar a um estado
O Rio de Janeiro será a inflamatório com aumento de
sede dos Jogos Olímpicos, lesões. Não esquecendo o aspecto
a serem realizados entre 5 e psicológico, pois o atleta tem que
21 de agosto de 2016, e dos lidar com cobranças, competiti-
Jogos Paraolímpicos, entre 7 vidade, vitórias, derrotas e fama.
e 18 de setembro de 2016. Tudo isso está interligado dentro
Serão 42 modalidades olím- do organismo e se não estiver bem
picas e 23 paraolímpicas. equalizado terá um efeito devasta-
dor em cascata.

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 17


entrevista

O uso do óleo na dieta

N
esta entrevista, a nutri- cardiovascular aterosclerótica, com
cionista Giane Bientinez efeitos hipocolesterolêmicos. Além
Sprada, professora ad- disso, existem evidências de que
junta do Departamento de Nu- o consumo de MUFAs, dentro do
trição da Universidade Federal contexto da dieta do Mediterrâneo,
do Paraná (UFPR) desde 1996, associa-se à redução do risco de
apresenta as principais diferenças eventos cardiovasculares e mortali-
dos óleos e como devem ser usa- dade. (Ver quadro)
dos na dieta. É PhD em Ciências
da Saúde pelo Departamento de CFN – Quais os óleos e azeites de
Medicina da UFPR. melhor qualidade para os doentes
cardíacos e hipertensos?
CFN – Como escolher o óleo ideal? como oxidação, vida de prateleira e Dra. Giane – Como explicado an-
Dra. Giane – Antes de classificar- estabilidade ao calor. Na culinária, teriormente, e bem documentado
mos o que é “ideal” (ele pode ser os óleos são os mais indicados para na literatura científica, os óleos mo-
ideal em aspectos bem diferentes), fritar, refogar e dourar os alimentos, noinsaturados (MUFAs) oferecem
é importante conceituar esse tipo em virtude do seu elevado ponto de grande benefício à saúde cardiovas-
de alimento, que tem características fumaça e tempo de decomposição. cular, seguidos dos poliinsaturados
diversas e será considerado ideal ou (PUFAs), que também sugerem
não dependendo muito do cenário CFN – Qual a diferença entre os benefício sobre a diminuição da
em que está inserido na dieta. A óleos de canola e de soja e o azeite? pressão arterial sistólica (óleo de
palavra lipídio deriva do grego li- Dra. Giane – A diferença está na peixe). Muitos estudos sugerem a
pos, que significa gordura. Óleos e composição química, basicamente importância de prestar atenção à
gorduras são ambos triacilgliceróis: na proporção de ácidos graxos proporção de Ômega-3 e 6 no total
apresentam valor energético de 9 saturados, mono e poliinsatura- de gordura ingerida na dieta. Po-
kcal/g e à temperatura ambiente dos. Se pensarmos em benefícios rém, segundo as Diretrizes, até que
as gorduras são sólidas e os óleos, cardiovasculares, o azeite de oliva surjam novas informações científi-
líquidos. Os óleos utilizados na e o óleo de canola se sobressaem cas que permitam modificações de
culinária diária diferem quanto à em relação ao óleo de soja. Se você conduta, as recomendações dieté-
quantidade de ácidos graxos, o que comparar o canola com soja, verá ticas atualmente devem ser feitas
modifica suas características nu- que o de canola contém maior pro- com base no consumo total de cada
tricionais e funcionais. O óleo ideal porção de ácidos graxos monoinsa- PUFA e não somente com base na
para o consumo, em geral, para turados (62%) e ainda o Ômega 3. relação Ômega-3/6. Dentre os azei-
indivíduos saudáveis é aquele que O azeite de oliva (símbolo da dieta tes, a diferença básica está na aci-
possui maior quantidade de gor- mediterrânea) é o que apresenta a dez no momento da prensagem da
duras monoinsaturados e uma boa maior proporção de monoinsatu- oliva. O azeite de oliva extra virgem
relação de gorduras poliinsaturadas rados (MUFAs), e segundo as Dire- apresenta, no máximo, 0,8g/100g
(Ômega 3 e 6). Na produção de ali- trizes para Consumo de Gorduras de acidez em ácido oléico da pri-
mentos, esses óleos e gorduras são e Doença Cardiovascular existe meira prensagem a frio. O azeite de
igualmente ideais para promover e um conjunto de evidências a favor oliva virgem deve ter, no máximo,
melhorar características sensórias dos benefícios dos MUFAs para 2,0g/100g de acidez em ácido
como cor, brilho, maciez, plasticida- um melhor controle dos fatores de oléico proveniente de outras pren-
de e características físico-químicas riscos tradicionais para a doença sagens. A cor esverdeada de alguns

18 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


entrevista

azeites decorre da clorofila presente hidrogenada), está associada ao CFN – Qual óleo é ideal para fritu-
no produto. Esta é a base da dieta aumento da concentração de coles- ras e para o cozimento?
mediterrânea que está associada, terol total e do LDL- colesterol, bem Dra. Giane – O óleo de soja é o
pela presença de monoinsaturados como à diminuição do HDL- coles- mais indicado para fritura porque
(ácido oléico) e de polifenóis, com a terol e à prevalência de hiperlipide- tem ponto de fumaça elevado e só
prevenção das doenças cardiovas- mias e doenças cardiovasculares. começa a se decompor acima de
culares, AVC e redução da formação No Brasil, o uso da gordura hidroge- 230°C. Os óleos são excelentes
de radicais livres, prevenindo o nada está presente na produção de meios de cocção, transmitindo calor
envelhecimento e o aparecimento margarina, cremes vegetais, pães, rapidamente. Durante o cozimento
de comorbidades. biscoitos, batata frita, massas, não é necessário acrescentar tanto
recheios de biscoitos, sorvetes, cre- óleo como para uma fritura, portan-
CFN – Qual a diferença entre gor- mes etc. As gorduras insaturadas do to, pode-se usar outros tipos de óle-
duras trans, saturada e monoinsa- tipo trans também estão presentes os, desde que haja um cuidado com
turada? naturalmente no leite e na mantei- o tempo de cocção e decomposição
Dra. Giane – A diferença está na ga. O consumo de trans vem sendo do mesmo.
composição química, caracterís- acompanhado pelo aumento na
ticas física e sensorial e, por fim, incidência da obesidade mundial, CFN – O que acontece com o óleo
no que estes fatores influenciam epidemia que vem crescendo em ao ser aquecido?
na saúde do indivíduo. Resumi- todas as faixas etárias, contribuindo Dra. Giane – O processo de de-
damente, as gorduras monoin- para o desenvolvimento da atero- composição da gordura durante
saturadas são representadas por gênese. As gorduras saturadas são seu aquecimento transforma o
óleos e azeites e são consideradas normalmente sólidas à temperatura glicerol em acroleína, substância
benéficas à saúde, quando parte de ambiente e estão presentes na potencialmente cancerígena e
uma dieta equilibrada em macro e manteiga, queijos, bacon, banha irritante da mucosa naso-gástrica.
micronutrientes. As gorduras trans de porco, óleos de palma e dendê, A literatura sugere o uso de óleos
são formadas durante o processo de toucinho, embutidos, carnes, cho- vegetais, exceto o de oliva, por não
hidrogenação parcial de óleos vege- colates e queijos. Por muitas déca- apresentarem mono e diglicerídios,
tais, que converte os ácidos graxos das foi considerada perigosa para a e por apresentarem ponto de fu-
insaturados em mais saturados, saúde cardiovascular por aumentar maça elevado. Já o azeite de oliva,
podendo chegar até mesmo à sua os níveis de colesterol sérico, mas por apresentar ponto de fusão mais
completa saturação, através da iso- hoje, dependendo da sua fonte e do baixo e sabor mais acentuado e
merização. A gordura trans, presen- contexto em que é inserida na dieta, característico, é mais recomendado
te em grande parte dos alimentos pode não ser tão prejudicial como em alimentos crus.
ultraprocessados (gordura vegetal são as trans esterificadas.

Constatação
Segundo recente publicação da revista Nutrition (Oxford University), o óleo de canola demonstrou uma redu-
ção significativa no colesterol total e no LDL-colesterol, e outros efeitos positivos, como aumento dos níveis
de tocoferol e melhora na sensibilidade à insulina se comparado a uma dieta com outras fontes de gordura.

Óleos Monoinsaturado Poliinsaturados Saturado Ômega -3 Ômega-6


Canola 62% 33% 6% 5-13% 15-30%
Soja 24% 58% 18% 4-11% 19-30%
Azeite de Oliva 74% 8% 18% 0,9% 3,5-21%

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 19


FORMAÇÃO

CFN reforça estudo


sobre cursos a distância

O
ensino a distância (EaD) gração transversais, horizontais e de com a Lei nº 8.080/90 e com
na área de nutrição tem verticais e na necessidade de que o conceito ampliado de saúde.
sido debatido pelo Con- os conteúdos dos cursos de nutri- Ambas têm o propósito de exigir
selho Federal de Nutricionistas ção, dos programas curriculares, a prestação de uma assistência
(CFN) com o objetivo de definir dos projetos de extensão, dentre nutricional de boa qualidade e éti-
um posicionamento bem funda- outros, se adequem ao modelo ca para a população, construindo
mentado sobre a questão. Em de saúde vigente, aproximando o alicerces que contribuam para a
setembro de 2015, durante o II aluno da sua realidade. excelência da formação e prática
Encontro Nacional de Formação profissional.
Profissional, com a par ticipa- Reforço
ção de Instituições de Educação Ainda no Encontro, esse de- Posição
Superior (IES) de todo o Brasil, bate contou com o apoio de um A Comissão de Educação do
diversos aspectos indispensáveis grupo consultivo de expertises Fórum dos Conselhos Federais
para a constante construção do em avaliação de IES, junto ao da Área de Saúde (FCFAS), inte-
ensino presencial de nutrição CFN (Comissão de Avaliadores), grado pelo CFN, tem promovido
foram levantados, com destaque de representações dos Conselhos importantes discussões, estudos
para a adoção de práticas inter- Regionais de Nutricionistas e de e reflexões sobre essa modalidade
disciplinares com eixo integrador, outras instâncias ligadas à nutri- de ensino nos cursos de gradua-
permitindo ao aluno vivenciar si- ção, como a Associação Brasileira ção, na área da saúde. Estudos
tuações práticas da sua realidade, de Nutrição (Asbran) e a Associa- preliminares de cursos existentes
adequando sua aprendizagem às ção Brasileira de Educação em apontam para a necessidade de
necessidades da região onde vive. Nutrição (Abenut). se observar a obrigatoriedade do
Os modelos de organização A Comissão de Formação Pro- atendimento ao estabelecido na
curricular baseados em núcleos e fissional do CFN, responsável di- legislação, bem como a regula-
a utilização de ferramentas como reta por esse debate, juntamente mentação em vigor.
as metodologias ativas – processo com a Comissão de Avaliadores, Para o FCFAS, embora exista
amplo que adota como principal também do Conselho, acompa- uma expressiva quantidade de
característica a inserção do alu- nham as propostas de cursos na vagas oferecidas nesses cursos,
no como principal responsável modalidade a distância, caracte- muitos apresentam graves defici-
pelo seu aprendizado – poderão rizando-os como satisfatórios ou ências, como, por exemplo, não
determinar o sucesso das propos- não. Também manterá o diálogo serem credenciados pelo MEC,
tas de mudanças necessárias à aberto e permanente com a cate- condições inadequadas para a
implementação de práticas peda- goria, com as IES e com o Minis- prática de estágio supervisionado,
gógicas inovadoras, pautadas no tério da Educação (MEC) sobre carga horária insuficiente de aulas
binômio teoria/prática. As prin- o tema. práticas, entre outras, oferecendo
cipais sugestões obtidas no En- Outra importante ação nessa risco e prejuízos para a qualidade
contro de Formação Profissional, área será manter o alinhamento da formação profissional. Por
para o alcance das competências do perfil dos egressos dos cursos tudo isso, o Fórum se posicionou,
e habilidades, se reportam ao de nutrição às exigências das po- junto ao MEC, contrário à realiza-
ensino baseado em problemas, líticas públicas do Sistema Único ção de quaisquer cursos da área
na construção de eixos de inte- de Saúde (SUS), em conformida- de saúde na modalidade EaD.

20 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


CRN EM AÇÃO

Conselhos ampliam
valorização da nutrição nos estados
alimentos nos órgãos públicos federais com o Selo Ali-
menta Saúde e nomeou duas conselheiras para integrar
o Fórum Permanente de Acompanhamento do Decreto
CRN–1 (GO–DF–TO–MT)
nº 36.900/2015, que regulamenta a Alimentação Esco-
Equipes multiprofissionais
lar no Distrito Federal. O quadro de fiscais foi ampliado
com a contratação de uma profissional em Mato Grosso.
Em janeiro, o CRN-1 participou do lançamento da Frente O CRN-1 também intensificou o projeto de interiorização
Parlamentar de Apoio às Doenças Raras, no qual a presi- nos municípios de sua jurisdição e realizou visitas aos
dente Dra. Dulcilene Montalvão ressaltou a importância da hospitais particulares do DF e ação fiscalizadora e orienta-
inserção do nutricionista nas equipes multiprofissionais. dora no Pnae de Tangará da Serra (MT), após o incêndio
O Regional certificou quatro empresas concessionárias de no depósito de alimentos da prefeitura.

CRN–2 (RS)
Selo de qualidade

CRN–3 (SP–MS)
 O Selo de Qualidade do CRN-2: Aqui tem nutricionista,
Exercício da profissão
lançado em 2014, está em fase de efetivação de novas
parcerias. Com o objetivo de dar mais visibilidade para O CRN-3 recebe e analisa denúncias relacionadas ao
o Selo, o Conselho tem participado de diversas reuniões exercício ilegal da profissão de nutricionista quando
e eventos com instituições ligadas ao serviço de alimen- realizadas por leigos ou outros profissionais. Em 2015,
tação fora do lar. O mês de março marcou os encontros esse Regional analisou 72 denúncias, sendo 10% en-
com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes caminhadas para o Ministério Público; 10% direciona-
(Abrasel), com o Sindicato de Hospedagem e Alimenta- das para outros Conselhos Profissionais; 3% relativas a
ção de Porto Alegre e Região (Sindha) e com o Shopping outros Regionais; e 16% continuam sendo apuradas.
Praia de Belas. Resultados desta iniciativa estão contem- Foram enviados 292 ofícios relacionados a esses
plados em novas solicitações do selo de qualidade e em indícios. O perfil dos indivíduos denunciados é: 40%
convites para o CRN-2 integrar ações das instituições. leigos sem profissão identificada; 21% profissionais
Outro projeto importante para o Regional é a promoção de educação física; 8% fisioterapeutas; 8% médicos;
do evento Saúde na Mídia: Uma questão de Ética. A 4% estudantes de educação física; 3% estudantes de
ação, promovida em maio pelo CRN-2 e pela Câmara da nutrição; 3% psicólogos; 2% estudantes de técnico em
Saúde do Fórum-RS, visa a discutir a postura ética dos nutrição e dietética; e 11% outros. Vale ressaltar que di-
profissionais frente às mídias. O mês de junho marcará a versas acusações são enviadas com informações insufi-
posse da nova gestão, que assumirá o CRN-2 no triênio cientes e/ou sem indícios mínimos de provas, gerando o
2016/2019. arquivamento do caso.

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Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 21


CRN EM AÇÃO

ração técnica com o Ministério Público (MP/RJ) sobre o


acesso ao Direito à Alimentação Adequada dos idosos em
Instituições de Longa Permanência e o reconhecimento
do papel fundamental do nutricionista nesse processo.
Também assinou termo de cooperação com o MP/RJ para
CRN–4 (RJ–ES)
ações voltadas à melhoria da alimentação escolar priva-
Nova eleição
da. Um relatório apontando o déficit de nutricionistas e as
deficiências no serviço de alimentação do sistema prisio-
Nutricionistas do Rio de Janeiro e Espírito Santo vão nal foi apresentado pelo CRN-4, na sede do MP, visando
eleger pela internet, nos dias 17 e 18 de maio, o novo à execução dos direitos dos apenados e condições dignas
Plenário. O CRN-4 também destaca que firmou coope- de trabalho para os nutricionistas. 

em alusão ao Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de


abril. O Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª Região
(CRN-5) esteve na ação com alunos e professores dos
cursos de nutrição das faculdades Estácio-FIB e Estácio-
Fufis (Feira de Santana), que ajudaram na abordagem
CRN–5 (BA–SE)
e orientação da população que passava pelo local. Na
Dia Mundial da Saúde
oportunidade, os profissionais e estudantes entregaram
um folheto à população com os 10 passos para uma ali-
Profissionais da saúde de diversas especialidades esti- mentação saudável e adequada, produzido pelo CRN-5
veram no Farol da Barra, em Salvador, para uma ação de acordo com as orientações do Guia Alimentar para a
promovida pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia População Brasileira 2015, do Ministério da Saúde.

dos cursos de nutrição de Pernambuco (UFPE, UNIFA-


VIP, FPS, UniNassau, CAV (UFPE), faculdades Guara-
rapes e Estácio de Sá). A vice-presidente e coordena-
CRN–6 (PE–AL–PB–RN–PI–MA–CE) dora da Comissão de Formação Profissional do CRN-6
Projeto nas IES Leopoldina Sequeira fez a apresentação do projeto que
contará com palestras sobre o Sistema CFN/CRN, ética
profissional com foco nas novas mídias, fiscalização e
Com o objetivo de estar mais próximo das Instituições formação profissional apresentando as áreas de atua-
de Educação Superior (IES), o Conselho Regional de ção do nutricionista. O projeto buscará atingir todos os
Nutricionistas 6ª Região lançou o projeto CRN-6 nas cursos de nutrição da jurisdição, tendo como piloto o
IES com a presença de conselheiros e coordenadores estado de Pernambuco.

dias 31 de março (Dia da Saúde e Nutrição) e 7 de abril


CRN–7 (AC–AP–AM– RO–RR–PA) (Dia Mundial da Saúde) desenvolveu em parceria com
Promoção da saúde IES de Belém-PA e Manaus-AM, centros paroquiais e
centros de convivência atendimentos nutricionais à
população. Foram atendidas, entre crianças, adultos e
O CRN-7, cumprindo seu Plano Regional de Comuni- idosos, um total de 929 pessoas. A atual gestão confir-
cação, cujo principal objetivo é o desenvolvimento de ma seu propósito de desenvolver ações públicas para o
ações que promovam a participação e responsabilidade fortalecimento da nutrição na saúde da população na
social de nutricionista e de TND perante a sociedade, Região Norte, buscando assim a importância da profis-
com o Projeto Atendimento Nutricional Itinerante, nos são junto à sociedade.

22 Revista CFN Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016


CRN EM AÇÃO

anos, o Conselho tem cumprido suas finalidades, como as


de orientar e fiscalizar o exercício profissional da catego-
ria. A partir do início de abril, o CRN-8 passou a participar
da reunião da Frente Parlamentar de Segurança Alimen-
CRN–8 (PR) tar e Nutricional na Assembleia Legislativa do Paraná.
10 anos do CRN-8 No dia 4 de abril, realizou, em parceria com a Secretaria
Municipal de Abastecimento de Curitiba (SMAB), evento
relativo à Semana da Saúde e Nutrição, em feira noturna
Em 2016, o CRN-8 comemora 10 anos. O Paraná foi de Curitiba, orientando a população acerca dos benefícios
pioneiro na criação de seu CRN e essa conquista é motivo dos alimentos in natura e dos males do excesso de açúcar,
de orgulho para os nutricionistas paranaenses. Nesses 10 gorduras e sal nos produtos industrializados.

CRN–9 (MG)
Saúde e nutrição
CRN–10 (SC)
Ações e parcerias
Um dia para cuidar da saúde com orientações alimentares e estí-
mulo a atividades físicas. Com este foco, o CRN-9 comemorou, em
O CRN-10 realizou ações em quatro regiões
3 de abril, o Dia da Saúde, no Parque Municipal de Belo Horizonte.
de Santa Catarina, alusivas ao Dia da Saúde
O evento teve a parceria das escolas Estácio, Faminas, Pitágoras,
e Nutrição, celebrado em 31 de março. Os
PUC, Uni-BH, UNA e UFMG. A programação contou com o Con-
eventos ocorreram em Florianópolis e Videira,
selho de Educação Física – CREF-MG e promoveu avaliação nutri-
no dia 2 de abril, e em Blumenau e Lages,
cional e estímulo à alimentação saudável, com distribuição de mu-
no dia 7 de abril, data em que se comemora
das de hortaliças, oficinas de educação nutricional, informações
o Dia Mundial da Saúde. As ações contaram
sobre rótulos de alimentos, orientações para escolhas alimentares.
com o apoio de diversos parceiros. O objetivo
Os presentes aceitaram o desafio do Pacto do Bem: a corrente pela
foi orientar e conscientizar a população sobre
alimentação saudável e adequada. Em 2 de abril, a Delegacia do
o consumo de alimentos in natura versus
CRN-9 em Pouso Alegre, em parceria com a UNIFENAS e UNIVAS
alimentos processados e ultraprocessados,
promoveu, junto à população, avaliação das condições nutricio-
conforme preconiza o Guia Alimentar para a
nais e orientações de receitas saudáveis.
População Brasileira, 2ª edição. A proposta
da atual gestão é continuar as ações descen-
tralizadas pelo estado para os próximos even-
Os textos da coluna CRN em Ação tos programados, que são: Dia do Técnico em
são de inteira responsabilidade dos Nutrição, Dia do Nutricionista e Dia Mundial
Conselhos Regionais de Nutricionistas. da Alimentação.

Atualize seus dados!


É muito importante que os nutricionistas e os técnicos em Nutrição e Dietética atualizem seus dados
nos Conselhos Regionais de Nutricionistas. A atualização permite o recebimento de informações e o
contato direto, sempre que for necessário. Participe! Faça já a atualização de dados como endereço,
telefones e e-mail.

Conselho Federal de Nutricionistas Nº 48 - 2016 Revista CFN 23


Parabéns aos técnicos em nutrição e dietética
que desempenham uma parceria de sucesso
com os nutricionistas para a promoção da
alimentação saudável e adequada. Isso garante
saúde e qualidade de vida para os cidadãos.

27 de junho
Dia do Técnico em Nutrição e Dietética

Acompanhe a campanha de valorização do TND no


facebook e no Instagram do CFN. Confira a relação
das rádios onde será veiculada a campanha em sua cidade.

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