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Betão Armado

LAJES FUNGIFORMES

l b.x l p.x

zona
maciça
banda maciça l p.y l b.y

lx

zona maciça: 0.3 < l p/ l < 0.5


banda maciça: 0 < l b/ l < 0.25

série ESTRUTURAS

joão guerra martins 1.ª edição / 2003


Prefácio

Este texto resulta do trabalho de aplicação realizado pelos alunos de sucessivos cursos de
Engenharia Civil da Universidade Fernando Pessoa, vindo a ser gradualmente melhorado e
actualizado.

A sua fonte assenta em sebentas das cadeiras congéneres de diversas Escolas e Faculdade de
Engenharia (Universidade do Porto, Instituto Superior Técnico de Lisboa, Universidade de Coimbra
e outras), bem como outros documentos de entidades de reconhecida idoneidade (caso do
L.N.E.C.), além dos tratados clássicos desta área e outra bibliografia mais recente, cuja referência se
encontra no final deste trabalho.

Apresenta-se, deste modo, aquilo que se poderá designar de um texto bastante compacto, completo
e claro, entendido não só como suficiente para a aprendizagem elementar do aluno de engenharia
civil, quer para a prática do projecto de estruturas correntes.

Certo é ainda que pretende o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à
especificidade dos cursos da UFP, como contrair-se ao que se julga pertinente e alargar-se ao que se
pensa omitido.

Para tanto conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os contributos técnicos que
possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.

João Guerra Martins


Série Estruturas Betão Armado

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO
2. TIPOS DE LAJES FUNGIFORMES
3. CONCEPÇÃO E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
3.1 ESPESSURA MÍNIMA FACE ÀS DEFORMAÇÕES
3.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA ESPESSURA FACE AOS ESFORÇOS
4. MÉTODOS DE ANÁLISE
4.1 MÉTODO DOS PÓRTICOS EQUIVALENTES
4.2 MÉTODO DIRECTO DE ANÁLISE (ACI)
4.3 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E MÉTODO DAS GRELHAS
4.4 PASSOS DO CÁLCULO DE LAJES FUNGIFORMES
5. MECANISMO DE ROTURA AO PUNÇOAMENTO
5.1 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE
PUNÇOAMENTO
5.2 CARGAS CENTRADAS
5.3 ARMADURAS DE PUNÇOAMENTO
5.4 CARGAS EXCÊNTRICAS
5.4.1 PUNÇOAMENTO EXCÊNTRICO
5.4.1.1. Introdução
5.4.1.2. Regulamentação (Comparação – REBAP / EC2 / MC90)
5.4.1.3. Ensaios Experimentais
5.4.1.4. Conclusões
5.5. TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E REFORÇO AO PUNÇOAMENTO
5.5.1. INTRODUÇÃO
5.5.2. ESTADO ACTUAL DOS CONHECIMENTOS
5.5.2.1. Mecanismo de rotura por punçoamento
5.5.2.2. Reforço por punçoamento
5.5.3. ANÁLISE EXPERIMENTAL
5.5.3.1. Introdução
5.5.3.2. Geometria dos modelos
5.5.3.3. Condições de fronteira e carregamento

Lajes Fungiformes 1
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5.5.3.4. Caracterização dos materiais


5.5.3.5. Instrumentos de medida
5.5.3.6. Execução dos ensaios
5.5.4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.5.4.1. Força nos parafusos
5.5.4.2. Deslocamentos verticais
5.5.4.3. Comportamento na rotura
5.5.5. CONCLUSÕES FINAIS
5.6. REFORÇO AO PUNÇOAMENTO COM PERFIS METÁLICOS
5.6.1. INTRODUÇÃO
5.6.2. ANÁLISE EXPERIMENTAL
5.6.2.1. Introdução
5.6.2.2. Caracterização Dos Materiais
5.6.2.3. Modelo PR3
5.6.2.4. Modelo PR4
5.6.3 CONCLUSÕES FINAIS
6. DISPOSIÇÃO DE ARMADURAS EM LAJES FUNGIFORMES
7. COMPARAÇÃO DA PARAMETRIZAÇÃO EM ESTRUTURAS PORTICADAS DE
EDIFÍCIOS EM BETÃO ARMADO – REBAP / EUROCÓDIGO 8
7.1. INTRODUÇÃO
7.2. QUANTIFICAÇÃO DA ACÇÃO SÍSMICA
7.3. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA EM ESTRUTURAS RECTICULADAS
7.4. CONCLUSÕES
7.5. QUADROS RESUMO
8. PROJECTO DE EXECUÇÃO (EXEMPLO SIMPLES)
9. EXEMPLO DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS COMERCIAIS
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lajes Fungiformes 2
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ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE LAJES FUNGIFORMES

1. INTRODUÇÃO

Designam-se por lajes fungiformes as lajes contínuas apoiadas directamente em pilares,


armadas em duas direcções e que podem ser aligeiradas nas zonas centrais dos vãos. Estas
lajes, maciças ou aligeiradas, transferem as acções directamente para os pilares sem a
interferência explícita de vigas aparentes.

2. TIPOS DE LAJES FUNGIFORMES

Lajes fungiformes maciças de espessura constante são utilizadas para vãos da ordem dos 4.5 a
6.0 metros e para cargas de utilização de valor moderado.

Para maiores vãos e/ ou maiores cargas, a espessura necessária para transmitir as acções
verticais aos pilares excede a exigida pela flexão. Para resolver o problema da transferência da
carga para o pilar, procede-se ao espessamento da laje junto ao pilar e/ ou alargamento da
secção da zona superior do pilar, formando um capitel. O espessamento da laje (ou o capitel
do pilar) que usualmente se estende cerca de um sexto do vão para cada lado do pilar, fornece
uma resistência aos momentos e esforços de corte na região do pilar. Este tipo de laje é usado
em edifícios para vãos de 6 a 10 metros.

Laje fungiforme aligeirada é uma laje com um sistema de nervuras em duas direcções,
combinado com uma zona maciça junto ao pilar e eventualmente com vigas no alinhamento
dos pilares (bandas de acerto) com altura igual à espessura da laje.
O sistema de nervuras ortogonais com zona maciça junto ao pilar resulta numa rigidez e
comportamento idêntico à laje maciça com espessamento na região do pilar.

As lajes fungiformes aligeiradas têm sido utilizadas para uma gama de vãos que vão de cerca
de 6 a 12 metros.

Lajes Fungiformes 3
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O uso de bandas maciças formando vigas nos alinhamentos dos pilares permite uma maior
resistência para transmitir esforços transversos e momentos aos pilares, fornecendo maior
rigidez (e resistência) para receber forças horizontais.

O aligeiramento das lajes pode ser realizado pela utilização de moldes de dimensões standard
reutilizáveis, por blocos maciços ou vazados de betão leve, ou blocos de poliestireno
obedecendo também a dimensões standard.
As dimensões dos aligeiramentos resultam em geral das disposições regulamentares que
indicam as condições para que as lajes aligeiradas possam ser tratadas como lajes maciças
para efeito de análise. As disposições do Eurocódigo 2 estão na figura 1.

nervuras transversais
não superior que 10h

mínimo s/10 50mm


não maior que 4b
altura total, h

não maior que 1500mm s

figura 1 – Condicionantes geométricas das lajes aligeiradas

Note-se que o REBAP é mais restritivo, permite apenas uma distância máxima entre faces de
nervuras de 0.80 m. No caso de não serem cumpridas as disposições regulamentares a laje
aligeirada deve ser analisada como grelha de vigas cruzadas.

Resumem-se de seguida as indicações do REBAP:

Lajes Fungiformes 4
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1. largura das nervuras : 5 cm


2. distância máxima entre faces de nervuras : 80 cm
3. espessura mínima da lajeta superior : 5 cm
4. as armaduras longitudinais de esforço transverso das nervuras devem satisfazer as
disposições referentes a vigas
5. as lajetas deverão ser armadas nas duas direcções com varões cujo espaçamento não
exceda 25 cm

É conveniente, para garantia do posicionamento das armaduras inferiores na nervura, a


utilização de estribos. A obrigatoriedade desta armadura transversal ser superior à mínima é
discutível. Com efeito, nas zonas onde o esforço transverso pode ser absorvido sem recurso a
armaduras transversais, estas não seriam necessárias devido ao comportamento global da laje.

> 5cm

Malha Ø 6//25 cm

< 80cm > 5cm Armadura transversal


mínima de vigas

Figura 2 – Disposições a respeitar nas zonas aligeiradas de lajes fungiformes

A figura 3 ilustra por meio de um corte esquemático na região do pilar, os vários tipos de lajes
fungiformes.

3. CONCEPÇÃO E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Os paineis de lajes fungiformes devem ter uma relação entre o maior e o menor vão não maior
que 2. Para relações de vãos que excedam 2 predomina o funcionamento da laje segundo a
maior dimensão. A laje esquematizada na figura 4 tem praticamente o funcionamento de laje
armada na direcção do vão maior lx apoiando-se numa faixa muito mais rígida (viga

Lajes Fungiformes 5
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embebida) segundo o alinhamento dos pilares de vão ly. Nas lajes fungiformes o maior vão é
condicionante em termos de esforço e deformações.

> 0.15
> 0.25

laje fungiform e m aciça laje fungiform e nervurada com zona m aciça junto ao pilar
(m oldes recuperáveis)

laje fungiform e nervurada com blocos de betão leve laje fungiform e nervurada com blocos leves de poliestireno

h
h‘

laje fungiform e com capitel laje fungiform e com espessam ento

Figura 3 – Tipos de lajes fungiformes: cortes esquemáticos

As lajes fungiformes aligeiradas devem ter uma zona maciça junto aos pilares (onde existe
concentração de esforços) e no caso de estarem sujeitas a acções horizontais importantes é
conveniente dispor de bandas maciças nos alinhamentos dos pilares. A figura 5 especifica a
gama de dimensões correntes para as zonas maciças.

Lajes Fungiformes 6
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ly

lx

figura 4 – Laje com relação lx / ly > 2

As lajes fungiformes aligeiradas devem ter uma zona maciça junto aos pilares (onde existe
concentração de esforços) e no caso de estarem sujeitas a acções horizontais importantes é
conveniente dispor de bandas maciças nos alinhamentos dos pilares. A figura 5 especifica a
gama de dimensões correntes para as zonas maciças.

l b.x l p.x

zona
maciça
banda maciça l p.y l b.y

lx

zona maciça: 0.3 < l p/ l < 0.5


banda maciça: 0 < l b/ l < 0.25

figura 5 – Zonas maciças em lajes fungiformes aligeiradas

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Para garantir um funcionamento normal da laje ao punçoamento, deve ainda verificar-se que a
zona maciça se estende de uma distância de 2.5 vezes a altura útil d da laje de cada uma das
faces do pilar conforme a figura 6.

> 2.5d

figura 6 – Distância mínima do aligeiramento à face do pilar

O quadro 1 indica o tipo de laje fungiforme a utilizar e a sua esbelteza mais corrente. A
esbelteza refere-se à releção entre o maior vão e a espessura a atribuir à laje. Este quadro deve
ser tomado a título indicativo pois não faz intervir outros factores, como a acção actuante.

Quadro 1 – Tipo e espessura de lajes fungiformes em função do vão maior, l.


h [m]

LAJE FUNGIFORME ESBELTEZA l [m]

l/h 4 5 6 7 8 9 10 12 20
Laje maciça 30 0.15→| 0.20

Laje maciça com capitel 35 0.15 →| 0.20

Laje aligeirada 30 0.25 0.30 0.35 0.45

Laje maciça pré-esf. 40 0.20 0.25 0.30

Laje aligeirada pré-esf. 35 0.225 0.25 0.30 0.35 0.60

Espessuras mínimas: 0.15 - caso não seja necessário armadura de punçoamento


0.20 - se for necessário colocar armadura transversal para resistir ao punçoamento

Lajes Fungiformes 8
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3.1 ESPESSURA MÍNIMA FACE ÀS DEFORMAÇÕES

Para as lajes fungiformes não é fácil estabelecer regras para controlo indirecto da deformação.
Há que salientar que este tipo de solução estrutural conduz em geral a uma deformabilidade
superior à dos pavimentos vigados. Neste tipo de laje há necessidade de controlar
directamente a deformabilidade. A espessura das lajes fungiformes é, em geral, estabelecida
nesta verificação e na garantia do estado limite último de punçoamento.

3.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA ESPESSURA FACE AOS ESFORÇOS

Nas lajes fungiformes em que não se pretenda colocar capiteis ou efectuar o espessamento das
lajes junto aos pilares, os esforços na região do pilar podem condicionar a espessura, h.
Especialmente a verificação da resistência ao punçoamento condiciona muitas vezes a
espessura a atribuir à laje fungiforme:

· do perímetro do pilar (secção do pilar);

· da altura útil da laje;

· e da classe de betão utilizada.

A resistência atribuída ao betão é dada por:

VRd₁ = τRd (1.6 – d ) d u


em que:

τRd - tensão resistente do betão (por exemplo o valor de τ₁ do Art. 53° do REBAP);
d - altura útil da laje;

u - perímetro do contorno crítico de punçoamento


No caso de se utilizar armadura específica de punçoamento a resistência é aumentada com o
limite máximo de:

VRd2 = 1.6VRd1

Lajes Fungiformes 9
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Efectuando o cálculo simplificado do esforço actuante de punçoamento com base em áreas de


influência e agravando o esforço obtido para ter em conta a excentricidade:

VSd.ef ≅ 1.15VSd - pilares interiores


VSd.ef ≅ 1.50VSd - pilares exteriores.

Podemos estabelecer a condição de segurança ao punçoamento par pré-dimensionar a laje

VSd.ef ≤ VRd1 - caso não se pretenda usar armadura de punçoamento;


VSd.ef ≤ VRd2 - caso se admita o uso de armadura de punçoamento.

O dimensionamento da espessura do espessamento da laje junto aos pilares e/ ou capitel é


efectuado de forma idêntica para satisfazer a segurança em relação ao punçoamento.

Para verificação simplificada da resistência da laje à flexão pode admitir-se um momento


negativo máximo:

- = pSd x l 3
M Sd 2
x l1 / 10 x
2 4
a actuar na faixa central de largura l 2 /2 sendo l o menor e l o maior vão.
2 1

A espessura pode então ser condicionada de forma a que o momento reduzido não ultrapasse
0.25:

m
d≥ Sd
h ≅ d+4 cm
0.25 fcd

sendo m Sd ≅ 0.15pSd l12 , o momento máximo por faixa de 1 metro de largura.

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4. MÉTODOS DE ANÁLISE

Ao contrário das lajes vigadas, nas lajes fungiformes os maiores esforços, devidos às acções
verticais, surgem segundo o maior vão, direcção principal de flexão, figura 7 (a), porque as
faixas entre pilares, no menor vão, são mais rígidas. Na figura 7 (b) indicam-se um possível
caminho de cargas. A carga do vão que é transmitida numa direcção é depois conduzida até
aos pilares através de bandas perpendiculares a essa direcção (estas últimas, funcionando
entre pilares, fazem o papel das vigas nos pavimentos de lajes vigadas).

a)

D‘
B‘

(1− )q

D‘
B‘
b)

RB

RA
C C‘

(1 − )q

A q A‘
ly

RB

C C‘
D
B
D
B

lx

A A‘

RA RA

RB

C C‘

lx
R A= q. 2

ly
R B = (1 − )q .
2

Figura 7 – Laje fungiforme. Ilustração do comportamento da laje e do caminho de cargas.

A transmissão de carga segundo cada direcção, no vão e nas bandas, pode ser resumida como
indicado no quadro seguinte:

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x y
αq x ly (1 – α) q x lx
Vão

ly lx
Bandas 2 x (1 – α) q x 2 x αq x
2 2
q ly q lx
Total

Verificando-se, assim, a necessidade de equilibrar a totalidade da carga em cada uma das


direcções.

O método dos pórticos equivalentes (MPE) é um método simplificado de determinação de


esforços em lajes fungiformes que pode ser usado sempre que os pilares se apresentem em
malha ortogonal regular. É um método muito utilizado na prática, pois permite o recurso aos
programas de cálculo existentes para estruturas porticadas. As acções verticais e acções
horizontais podem ser combinadas, sendo a análise efectuada para cada uma das direcções
ortogonais.

O método directo é um método simplificado que se baseia no método dos pórticos


equivalentes e nas condições de equilíbrio estático, permitindo a obtenção directa dos rsforços
de dimensionamento de lajes fungiformes sujeitas a acções verticais.

O método das linhas de rotura é um método de análise plástica limite que permite uma análise
simples do comportamento resistente último das lajes fungiformes. É um método pouco
utilizado entre nós.

O método das grelhas (ou pórticos tri-dimensionais) é um método mais elaborado que
discretiza a laje numa grelha (barras cruzadas) permitindo a análise elástica de lajes
fungiformes não regulares.

Lajes Fungiformes 12
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O método dos elementos finitos apresenta-se, como o método computacional mais potente
para tratar quer as condições de bordo de carga, quer as irregularidades da malha de pilares e
as aberturas em lajes fungiformes.

4.1 MÉTODO DOS PÓRTICOS EQUIVALENTES

No caso de uma modelação regular dos pilares em malha rectangular e estando a laje sujeita
predominantemente a cargas distribuídas, pode considerar-se, na determinação de esforços, a
estrutura dividida em 2 conjuntos independentes de pórticos ortogonais como se ilustra na
figura 8. As zonas tracejadas apresentam as faixas de laje (equivalente a viga larga) que
funcionam com os pilares. Os esforços actuantes devem ser calculados, em ambas as
direcções, para a carga total correspondente à largura lx ou ly e considerada na posição mais
desfavorável.

2
2
Pórtico equivalente

ly

ly 1
ly

lx

Pórtico equivalente 1

lx lx

Figura 8 – Pórticos equivalentes para cálculo de esforços actuantes em lajes fungiformes

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Para as acções verticais a totalidae da carga é considerada em cada uma das direcções e a
largura das travessas é a representada na figura 9.

Acções verticais

Para CP+SC

(CP+SC) . l x

lx

Figura 9 – Método simplificado do pórtico equivalente para acções verticais.

Para as acções horizontais e de acordo com o REBAP, deve apenas considerar-se metade da
rigidez das travessas (figura 10). A redução da largura de faixa para as acções horizontais
justifica-se pois, sob o efeito destas acções, a zona afastada dos alinhamentos dos pilares é
dificilmente mobilizável.

Acções horizontais
CP l x

FH

l x/2

Figura 10 – Modelo simplificado do pórtico equivalente para acções horizontais.

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Para efeito do cálculo da distribuição de armaduras na laje, considera-se em cada pórtico uma
faixa central de largura a1 + a2 e duas faixas laterais de larguras b1 e b2, figura 11. A
distribuição, pelas faixas central e lateral, do momento total obtido no modelo de pórtico deve
obedecer às indicações percentuais do Quadro 2.

Quadro 2 - Distribuição dos momentos flectores nas lajes fungiformes


(em percentagem do momento total)

Faixas laterais da travessa


Momentos flectores Faixa central da travessa
b1 + b2 ou b2 (1)
a1 + a2 ou a2 (1)

55 % 45 %

Momentos positivos
75 % 25 %

Momentos negativos

(1) a1 + a2 e b1 + b2 - para pórticos intermédios


a2 + b2 - para pórticos extremos

a2
pórtico
b2 extremo
l2
b2
l2
a2 2 pórtico
a1 intermédio
l1
b1 2
l1

l l
a 1=b1= 1 a 2 =b 2 = 2
4 4

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Figura 11 – Divisão em faixas de cada pórtico equivalente. Distribuição dos momentos por
faixas
As armaduras podem ser dimensionadas independentemente para cada faixa de laje
considerando o respectivo esforço actuante (ver figura 12).

a b
secção secção
a−a b−b
a2
pórtico 0,75 Me− (1) 0,55 M+e (1)
extremo
l2
b2 0,25 Me− 0,45 M+e
+
b2
l2 0,125 M −i 0,225 M
i
+
a2 2 pórtico 0,375 M −i 0,275 M i
a1
l1
intermédio 0,375 M −i 0,275 M+
i
b1 2 0,125 M −i 0,225 M+
l1 i

M−

M+

a b

(1) No caso de apoio extremo numa parede ( ou viga com h ≥ 1,5 h laje ) estes valores devem
ser multiplicados por 1/4.

Figura 12 - Diagrama de momentos envolvente ( considerando como pórtico ou viga contínua


) e divisão dos momentos por faixas.

Utilização de programas de cálculo de pórticos

Na análise de lajes fungiformes aligeiradas as propriedades da secção da viga (equivalente) do


pórtico podem ser baseadas na rigidez reduzida da secção aligeirada. Se a dimensão da zona
maciça junto ao pilar for pelo menos 1/3 do menor vão, deve ter-se em conta no cálculo as

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propriedades da zona maciça. Uma simplificação que poderá ser adoptada consiste na
consideração da rigidez da faixa central apenas, para os dois tipos de acções verticais e
horizontais. Esta simplificação resulta numa maior rigidez relativa dos pilares em relação às
travessas podendo chamar maiores momentos de continuidade laje/pilar para as acções
verticais.

Um outro ponto que necessita de atenção no cálculo, refere-se à actuação da carga vertical
total quer nos pórticos na direcção x quer nos pórticos na direcção y. Se o estudo dos pilares
for efectuado como cruzamento dos pórticos ortogonais surgem esforços axiais duplos nos
pilares, sendo necessário eliminar uma das parcelas destes esfofços.

Casos de carga (acções verticais)

Em princípio, quando se utiliza o método dos pórticos equivalentes (MPE) devem ser
consideradas as hipóteses mais desfavoráveis de sobrecargas alternadas nos vários tramos
para obter a envolvente, podendo de seguida aplicar-se as regras correntes de distribuição em
vigas. No entanto, quando a sobrecarga for inferior a 3/4 da acção permanente, pode
simplificadamente utilizar-se apenas um caso de carga tomando a carga total em todos os
vãos. Os momentos nos apoios devem ser redistribuídos de cerca de 20% com o consequente
aumento dos momentos no vão, aplicando as regras gerais de redistribuição de esforços.

Se existem consolas com comprimento igual ou superior a um terço do vão adjacente da laje,
deve ser considerado um caso de carga com a carga total na consola e apenas a acção
permanente no tramo adjacente.

Momentos nos pilares de bordo e de canto

As larguras efectivas de transmissão de momentos flectores da laje a pilares de bordo ou de


canto dependem da posição e dimensões da secção do pilar. Na figura 13 estão ilustradas as
larguras efectivas da laje para transmissão de momentos para pilares de bordo de acordo com
as normas inglesas BS8110.

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Verifica-se, por outro lado, que a utilização do método dos pórticos equivalentes leva à
atribuição de momentos superiores aos reais (resultantes de cálculo mais rigoroso) nos apoios
extremos dos pórticos, devendo assim proceder-se a uma redistribuição mais elevada deste
momento (redução de cerca de 40% com o consequente aumento do momento no vão).

O procedimento aconselhado pelas normas inglesas é a seguir descrito.

● A largura da faixa que pode transmitir momentos para um pilar de bordo ou de


canto não deve ser superior à faixa central do pórtico equivalente nem à
largura efectiva be ilustrada na figura 13 para várias situações.

● O momento máximo de cálculo que pode ser transferido ao pilar através da largura
efectiva é dado por:

MRd.máx = 0.27be d² fcd,


sendo d a altura útil da laje.

Cx P ilar
B o rd o d a la je
Cy
y
b e =C x be = C x+ y

be = C x+ C y b e = C x+ y
(>| fa ix a ce ntra l)

y y
x

b e = C x + y/2 b e = x + y /2

Figura 13 – Largura efectiva da laje para o valor máximo do momento a transferir ao pilar.

Lajes Fungiformes 18
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● O momento actuante obtido pelo cálculo deve então ser limitado ao valor de
MRd.máx, aumentando o momento positivo no vão em conformidade

● Se a condição anterior levar à necessidade de uma redução de mais de 50% do


momento quando a análise é feita com pórticos equivalentes, ou de mais de 30%
quando a análise efectuada com grelhas ou elementos finitos, então deve ser
alterada:

- introduzindo uma viga de bordo (bem armada à torção);


- mudando a posição do pilar de forma a aumentar be;
- aumentando a espessura local da laje;
- aumentando a classe do betão.

Na figura 14 ilustra-se a distribuição de armadura junto a um pilar de bordo. A totalidade da


armadura de cálculo do pórtico equivalente deve ser disposta na largura be.

be
0
45

0,20xl

Armadura mínima Armadura Armadura mínima


de cálculo

Figura 14 – Distribuição da armadura no bordo da laje.

A dobragem da armadura junto ao bordo poderá ser em forma de L , mas para melhor

resistência à torção, é preferível a dobragem em U com a colocação de varões longitudinais

Lajes Fungiformes 19
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na face superior e inferior do bordo (ver figura 15 a). Para aumentar a resistência à torção
poderá dispor-se junto ao bordo de varões longitudinais e estribos dimensionados para resistir
à torção como na figura 15 b).

Esta última disposição só será praticável e efectiva para lajes com espessura maior ou igual a
0.30m.

Dobragem em U

Estribo
torção

Armadura inferior Dobragem em U

Varões transversais

a) b)

Figura 15 – Detalhes de armadura junto ao bordo:

a) varões dobrados em U

b) Varões dobrados em U e estribos de torção

Distribuição de momentos pelas faixas

Calculados os momentos totais com base nos pórticos equivalentes, estes devem ser
distribuídos pelas faixas centrais e laterais (figuras 11 e 12) de forma a que se aproximem dos
valores que se obteriam de uma análise mais rigorosa da laje.

A largura da faixa central e da faixa lateral são em geral iguais e igual a metade da largura do
pórtico equivalente, quando os paineis têm dimensões aproximadamente iguais. No caso dos
paineis de lajes maciças apresentarem dimensões diferentes, e no caso de lajes maciças com

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espessamento junto aos pilares ou de lajes aligeiradas, a divisão em faixas deve seguir as
indicações da figura 16.

Os momentos a atribuir por faixa são os indicados anteriormente (figura 11). Para o caso da
figura 16 b) (lajes aligeiradas) os momentos a serem resistidos pela faixa lateral devem ser
aumentados na proporção de aumento da largura da faixa. Os momentos a serem resistidos
pela faixa central podem ser reduzidos do correspondente valor. Registe-se que esta regra
resultará sempre em aumentar os momentos por metro da faixa central.

Faixa lateral = l y − l x /2

l x /4

lx (vão menor)
l x /4 l x /4
Faixa lateral
Faixa =l x /2
central

l x /4
Faixa
central

ly (vão maior)

(a)

Ignorar zona maciça


Zona se < lx/3
maciça

Zona
maciça Faixa lateral
=ly − zona maciça

Faixa central
Faixa lateral =zona maciça lx
=lx − zona maciça

Ignorar zona
maciça Faixa central
se < lx/3 =zona maciça

ly

(b)

Figura 16 – Divisão em faixas dos paineis de lajes fungiformes:

(a) Laje sem espessamentos


(b) Laje com espessamento ou laje aligeirada com zonas maciças

Lajes Fungiformes 21
Série Estruturas Betão Armado

No caso de lajes aligeiradas com zonas maciças (ou lajes maciças com espaçamento) a
armadura necessária para resistir ao momento negativo da faixa central sobre pilares interiores
deve ser distribuída da seguinte forma: cerca de 2/3 da armadura dentro da metade central da
faixa (ver figura 17), e 1/3 restante nas zonas laterais da faixa central.
Ou seja, se diminuirmos a faixa central ao maciçamente a armadura correspondente será aqui
concentrada.

75%

50%

12.5% 12.5%
M− 12.5% 12.5%

bs/4 bs/2 bs/4


faixa central

Figura 17 – Distribuição mais aconselhada de armadura na zona central de pilares interiores.

Quando existem bandas maciças na faixa central de lajes aligeiradas, os momentos no vão
desta faixa devem ser distribuídos pela banda maciça e pelas nervudas proporcionalmente à
respectiva rigidez.

Aberturas em lajes fungiformes

Aberturas com qualquer dimensão podem ser colocadas em lajes fungiformes na condição de
ser verificado por cálculo específico que a capacidade da laje é superior aos esforços
actuantes e que as condições de serviço são satisfeitas.

Quando as dimensões das aberturas não excedem determinados limites, podem adoptar-se
regras simplificadas para a pormenorização das zonas próximas das aberturas. Indicam-se a
seguir (fig. 18) os limites máximos a partir dos quais não é aconselhável utilizar regras
simplificadas.

Lajes Fungiformes 22
Série Estruturas Betão Armado

d1 d2 d1

d2 a1 fa ixa
ce n tra l
a2 l2
4

b1 c1
fa ixa
e2 b2 c2 la te ra l l2 l2
2

l2
4
fa ixa
ce n tra l

fa ixa ce n tra l fa ixa la te ra l fa ixa ce n tra l

l1

l1 l1 l1
4 2 4

mín ( d1 , d2 )
- intersecção de faixas centrais max (a1 , a2) ≤
10

mín ( l1 , l2)
- intersecção de faixas laterais max (b1 , b2) ≤
5
mín (e1 , e2)
- intersecção de faixa lateral com faixa central max (c1 , c2) ≤
4

Figura 18

Quando os limites máximos atrás indicados não são excedidos, o dimensionamento da laje é
efectuado admitindo-se não existirem aberturas, sendo suficiente passar pelos lados destas
uma armadura de área igual à que é interrompida pela abertura (figura 19)

Lajes Fungiformes 23
Série Estruturas Betão Armado

A s x /2 A s x /2
A sx

x A s y /2

bx
by A sy

A s y /2 ax

ay

by
ax = + lb net
2

bx
ay = + lb net
2

Figura 19

Se não se pretende efectuar uma análise específica da laje com aberturas, então devem ser
cumpridas as seguintes condições (Normas Canadianas CAN3–A23.3–M84):

- aberturas de qualquer dimensão podem ser localizadas na área comum à intercepção


de faixas laterais desde que a qualidade total de armadura necessária para o painel
sem abertura seja mantida;
- na área comum à intercepção de faixas centrais, não mais de 1/8 da largura da faixa
central em cada direcção deve ser interrompida pela abertura. Uma quantidade de
armadura equivalente à interrompida pela abertura deve ser adicionada aos lados da
abertura;
- na área comum a uma faixa central e uma faixa lateral, não mais que 1/4 da
armadura em cada faixa deve ser interrompida por aberturas. Uma quantidade de
armadura equivalente aquela que foi interrompida pela abertura deve ser adicionada
aos lados da abertura;

Lajes Fungiformes 24
Série Estruturas Betão Armado

- as aberturas junto aos pilares, devem ser evitadas sempre que possível, serão
abordadas quando do dimensionamento ao punçoamento.

4.2 MÉTODO DIRECTO DE ANÁLISE (ACI)

O método directo é um método de atribuição de coeficientes, mais simples que o método dos
pórticos equivalentes, mas deve apenas ser aplicado a lajes com uma modulação regular de
paineis, e nas condições específicas que a seguir se enumeram:

- deve haver um mínimo de 3 vãos em cada direcção. Se houver só dois vãos, os


momentos negativos no apoio interior dados pelo Método Directo (MD) são
menores que os mais prováveis;
- os paineis devem ser rectangulares com uma relação de vãos limitada por
0.5 ≤ lx / ly ≤ 2.0;
- vãos adjacentes em cada direcção não devem diferir mais que 1/3 do vão maior
(l1 ≤ 1.33l2, l2 - menor). Este limite tem em vista manter válidas as regras
simplificadas de dispensa de varões;
- os pilares podem estar desviados no máximo de 10% do vão em relação a qualquer
dos alinhamentos;
- as acções devem ser apenas acções verticais. A estrutura da laje fungiforme deve
estar contraventada;
- a sobrecarga não deve ultrapassar duas vezes as acções permanentes (Q ≤

2G).Apenas é considerado um caso de carga com, G + Q, em todos os vãos;


- não deve ser aplicada redistribuição de momentos aos valores dados pelo método
directo.

Os valores dos momentos flectores totais a considerar para a largura do pórtico equivalente
são dados por:

Tramos interiores
- momento negativo nos apoios: 0.65 M0

- momento positivo no vão: 0.35M0

Lajes Fungiformes 25
Série Estruturas Betão Armado

Tramos interiores sem viga de bordo com viga de bordo


- momento negativo apoio interior: 0.75M0 0.70M0

- momento negativo apoio externo: 0.26M0 0.30M0

- momento positivo no vão: 0.53M0 0.50M0

O momento M0 é tomado como o momento isostático de cálculo em cada um dos vãos


(paineis):

pSd l l 2
M0 = 2 n
8
Em que:
PSd = γGG + γQQ (≡ 1.35G + 1.5Q)

• l – é a largura do pórtico equivalente


2

• l – é o vão de cálculo, tomado como o vão livre entre faces de apoios. Sendo l1 o vão
n

teórico entre eixos de apoios deve verificar-se que ln ≥ 0.65l1 (ver figura 20).

0.89 D ln não menor que 0.65 l1 0.93 h

D h

l1

Figura 20 – Definição de ln para pilares com secções diferentes da secção rectangular.


Os valores dos momentos de cálculo totais por pórtico equivalente estão indicados na figura
21.

Lajes Fungiformes 26
Série Estruturas Betão Armado

A distribuição dos momentos por faixas centrais e laterais segue o que já foi descrito para o
caso da análise ser efectuada por pórticos equivalentes.

Os momentos dos apoios exteriores e os momentos não equilibrados nos apoios interiores
devem ser recebidos pelos pilares.

Os esforços transversos e reacções dos pilares podem ser obtidos a partir do conhecimento
dos momentos.

viga de
bordo

0.75 M0 0.65 M0 0.65 M0 0.70 M0


0.26 M0 0.30 M0

0.53 M0 0.35 M0 0.50 M0

Figura 21 – Momentos totais em lajes fungiformes dados pelo método directo.

A dispensa da armadura em lajes fungiformes para as quais o método directo é aplicável pode
ser efectuada de acordo com o quadro ilustrado na figura 22.
Chama-se a atenção para o facto de que, cada vez mais se utilizar o computador na análise de
estruturas de lajes fungiformes e os métodos usados são cada vez mais elaborados. Neste
contexto, o interesse de um método simplificado, como é o caso do método directo, é muito
maior. Serve para pré-dimensionamento e para aferição dos resultados dos programas de
cálculo automático. Este método serve também para dimensionamento definitivo para as lajes
que cumpram as suas condições de aplicação.

Lajes Fungiformes 27
Série Estruturas Betão Armado

Em percent.
FAIXA

COM MACIÇAMENTO OU
FACE

de A s SEM MACIÇAMENTO
ESPEÇAMENTO
na secção
0.30 l n 0.30 l n 0.33 l n 0.33 l n
SUPERIOR

50
0.20 l n 0.20 l n 0.20 l n 0.20 l n
FAIXA CENTRAL

Restante

0.15 0.15
varões contínuos
INFERIOR

emendas permitidas
100

0.22 l n 0.22 l n 0.22 l n 0.22 l n


FAIXA LATERAL

100
INFERIOR

50 0.15
Max. 0.15 l Max. 0.15 l
Restante
0.15
c1 c1 c1

vão livre − l n vão livre − l n


face de apoio face de apoio
vão teórico − l vão teórico − l

Apoio exterior Apoio interior Apoio exterior

Figura 22 – Comprimentos mínimos da armadura para lajes fungiformes.

4.3 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E MÉTODO DAS GRELHAS

Método dos elementos finitos

O método dos elementos finitos é um método geral de análise estrutural que pode ser utilizado
na análise de lajes, paredes de estruturas porticadas ou de outros tipos estruturais mais
complexos. A estrutura pode ser analisada na globalidade, isto é, associando pilares, vigas,
lajes e paredes, ou pode ser utilizado o método dos elementos finitos apenas para analisar as
partes da estrutura de comportamento menos simples.

Na análise de lajes fungiformes, muitas vezes, é apenas detalhada a análise por elementos
finitos de cada um dos pisos isolados, devendo nesse caso ser introduzidos nos apoios, os
momentos (ou forças) devidos às acções horizontais que são determinadas por uma análise

Lajes Fungiformes 28
Série Estruturas Betão Armado

global simplificada da estrutura. O programa de cálculo pode fornecer os esforços (momentos


flectores e torsores e esforço transverso), mas também pode calcular directamente a
necessidade de armadura em cada região da laje, fornecendo um mapa com as áreas de
armadura a colocar em cada direcção. As armaduras são em geral calculadas com base em
expressões do tipo das especificadas no Eurocódigo2.

Método das grelhas

O método das grelhas e/ou método de pórticos tridimensionais é um método geral de análise
de estruturas reticuladas. Na aplicação a lajes fungiformes, a laje deve ser discretizada numa
grelha de vigas cruzadas, devendo ser definida a secção e as cargas a aplicar a cada uma das
barras.

Conclusão

O método dos elementos finitos e o método das grelhas são métodos computacionais,
aplicáveis à generalidade das estruturas mas são mais complicados de aplicar na prática
corrente. Estes métodos devem ser usados na análise de lajes fungiformes sempre que os
métodos simplificados (método dos pórticos equivalentes e método directo) não possam ser
aplicados.

4.4 PASSOS DO CÁLCULO DE LAJES FUNGIFORMES

1. Escolher a disposição dos pilares e o tipo de laje fungiforme. A escolha do tipo de laje é
grandemente condicionada por questões de arquitectura e processos construtivos.
2. Escolher a espessura da laje. Geralmente a espessura é condicionada pelas deformações
em serviço. É igualmente importante verificar se a espessura é adequada para a resistência
ao punçoamento dos pilares interiores e de bordo.
3. No caso de lajes aligeiradas, definir a modulação. Efectuar a disposição do aligeiramento
e fixar as dimensões das zonas maciças. Fica assim estabelecida a planta de cofragens.
4. Escolher o método de análise. Em geral, o método dos pórticos equivalentes. O método
directo pode eventualmente ser utilizado. No caso de geometrias mais complexas, pilares

Lajes Fungiformes 29
Série Estruturas Betão Armado

desalinhados, aberturas significativas, usar o método dos elemetos finitos ou,


eventualmente, o método das grelhas.
5. Determinar os momentos positivos e negativos. Efectuar a distribuição de momentos pelas
faixas centrais e laterais de acordo com as regras indicadas. Se for utilizado o método
directo, a distribuição é idêntica à do método dos pórticos equivalentes. Se existem vigas
rígidas (h>1.5 espessura da laje) de bordadura, o momento da faixa central do pórtico
extremo deve ser atribuído à viga.
6. Calcular a armadura positiva e negativa por faixa em cada direcção e indicar os varões e
comprimentos a utilizar. A armadura pode ser calculada automàticamente, utilizando
programas de cálculo específicos.
7. Verificar se são cumpridas as disposições regulamentares aplicáveis, nomeadamente as
percentagens de armadura mínima referente aos esforços e às deformações impostas
(retracção, variações de temperatura, etc).
8. Deve ser verificada a segurança ao punçoamento junto aos pilares e dimensionada a
respectiva armadura, caso necessário. No caso de lajes aligeiradas, deve ser verificada a
segurança das nervuras ao esforço transverso e dimensionados os estribos necessários.
9. Proceder com os desenhos de execução pormenorizados. O comportamento da laje em
estudo deve ser compreendido para que seja adicionada a armadura construtiva
complementar da armadura de cálculo (ditada pela análise).

5. MECANISMO DE ROTURA AO PUNÇOAMENTO

A rotura típica de punçoamento está esquematizada na figura 23. Os momentos máximos


numa laje fungiforme, com carga vertical distribuída, ocorrem junto aos pilares resultando em
fendas à volta do perímetro do pilar e em fendas radiais (figura 24 a) ). Estas fendas podem
ser observadas na figura 24 b) que mostra uma laje depois de ter rompido por punçoamento.

Depois de se formarem as fendas inclinadas, o esforço de corte é transmitido por meio de


escoras inclinadas, como as escoras A-B e C-D representadas na figura 25, que se estendem
da armadura de tracção da face superior até à face inferior da laje junto ao pilar. A
componente horizontal da força nas escoras causa uma variação na força de tracção da
armadura superior, abrindo a fenda inclinada e provocando a rotura por punçoamento.

Lajes Fungiformes 30
Série Estruturas Betão Armado

Figura 23 – Rotura de punçoamento numa laje.

fenda de corte

a) esquematização da fendilhação na face superior

Fendas de flexão que


surgem para um nível
de carga baixa

0 0 LAJE
30 a 35

Superfície de
punçoamento

b) fendas inclinadas numa laje após rotura de punçoamento

Figura 24 – Fendilhação conduzindo a rotura de punçoamento:

Lajes Fungiformes 31
Série Estruturas Betão Armado

escora
secção do pilar
A
B

C
D

Figura 25 – Modelo de treliça para transmissão do corte junto a pilares interiores.

O mecanismo resistente de lajes ao punçoamento está, ilustrado na figura 26. A formação de


escoras radiais com uma inclinação de cerca de 30º em relação à horizontal está ilustrada,
sendo estas escoras as responsáveis pela transmissão do corte ao pilar. A compressão do betão
na face inferior onde a laje se insere no pilar e a tracção da armadura de flexão existente na
face superior contribuem de forma significativa para este mecanismo resistente. A armadura
transversal que atravesse a fenda inclinada terá também papel importante na resistência ao
punçoamento.

E fe ito d e " c a v ilh a "

A trito e n tr e o s in e r te s

C o m p re s s ã o ra d ia l

a) forças que equilibram o corte

Lajes Fungiformes 32
Série Estruturas Betão Armado

b) perímetro de punçoamento

Figura 26 – Mecanismos de resistência ao punçoamento:

5.1 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE


PUNÇOAMENTO

A verificação da segurança em relação a este E. L.Último é feita em termos dos esforços de


corte por unidade de comprimento, numa zona designada por contorno crítico de
punçoamento e que se define a uma distância de d/2 da face do apoio, i.e.

υSd < υRd (1)


para cargas centradas, vem:

υSd = VSd (2)


u
sendo:
• VSd o valor da resultante da força de punçoamento actuante
• υSd o valor do esforço de corte por unidade de comprimento do contorno crítico

u.
Para cargas excêntricas, vem:

υSd = VSd - υ`Sd (3)


u
sendo:

Lajes Fungiformes 33
Série Estruturas Betão Armado

• υ’ Sd o termo correctivo de penalização do esforço de corte máximo υSd, ao

longo do perímetro.

Apresenta-se, seguidamente, a verificação da capacidade resistente para cargas centradas e


excêntricas, de acordo com as indicações regulamentares.

5.2 CARGAS CENTRADAS

A forma de calcular o valor do contorno crítico u para várias geometrias e localizações das
áreas carregadas está ilustrada na figura 27.

O esforço resistente de punçoamento por unidade de comprimento, quando não existem


armaduras de punçoamento, é dado, segundo o REBAP, por:

υRd = η τ1 d (4)
em que

τ1 = 0.6fctd (Quadro VI do REBAP)


e
η = 1.6 – d ≥ 1.0

Com d em metros.

Consideração de aberturas junto ao pilar

Uma abertura localizada junto a um pilar pode reduzir substancialmente o valor da capacidade
resistente ao punçoamento. Se a abertura se encontra a uma distância superior a 5d (em que

d representa a altura últil da laje), não necessita de ser considerada para efeito da verificação
da segurança ao punçoamento. No caso contrário deverá ser deduzida ao perímetro crítico a
zona indicada na figura 28.

Lajes Fungiformes 34
Série Estruturas Betão Armado

d/2
d/2
d/2

d/2

Bordo livre Bordo livre


< 5d

< 5d
<
5d 0
0 45
45
0
45

45
0 d/
2

d/2
Figura 27 – Definição do perímetro crítico para diferentes geometrias da secção do pilar.

L1 < L 2
< 5d

substituir L1 por L1 L 2

L2

d/2 abertura

Figura 28 – Redução do perímetro crítico devido à proximidade de uma abertura

Esforço resistente em pilares alongados

Para uma área rectangular alongada, o esforço de corte total resistente é dado por (figura 29):

Lajes Fungiformes 35
Série Estruturas Betão Armado

VRd = η τ1 d (u1 + 0.6u2) (5)

Em que u1 representa o comprimento associado à resistência por punçoamento e u2 o


comprimento associado à resistência por esforço transverso.A expressão tem em consideração
que, para apoios alongados, o mecanismo resistente nas zonas afastadas dos cantos é por
esforço transverso e, portanto, mais desfavorável.

b1/2 a

d/2 a1 < 2b
5.6 d − b1
b

b
b <
b1/2
2.8 d
a1/2 a1/2

a>b punçoamento
esforço transverso

Figura 29 – Perímetro crítico num pilar alongado com indicação das zonas resistentes por
punçoamento e por esforço transverso.

Verificação ao punçoamento em lajes com capiteis

O recurso a armaduras específicas para resistência ao punçoamento deve ser evitado devendo
recorrer-se, em primeiro lugar, a outras soluções que permitam resistir à totalidade das cargas
totais:
• aumento da espessura da laje – global ou local (capiteis)
• aumento das dimensões do pilar

O capitel de um pilar centrado rectangular (bx x by) de apoio de uma laje de altura útil d,

deve ter como dimensões mínimas (5d+bx) x (5d+by) (ver figura 31).

O contorno crítico a adoptar em lajes maciças com capiteis em cone está indicado na figura
30.

Lajes Fungiformes 36
Série Estruturas Betão Armado

Na figura 31 apresentam-se exemplos de lajes com um espessamento localizado na zona do


pilar e lajes nervuradas. A uma distância d/2 do apoio deverá verificar-se a segurança ao E.
L. Último de punçoamento ao passo que ao longo da ligação entre as nervuras e a zona
maciçada ou na ligação das zonas de diferentes espessuras da laje verificar-se a segurança ao
E. L. Último de esforço transverso. Distingue-se, assim, o corte por punçoamento do corte por
esforço transverso pelo facto do primeiro se verificar numa zona localizada.

c o n to rn o c rític o

d /2

a) C aso 1 < 45 0

c o n to rn o c rític o
d /2

v o lu m e d e s p re z a d o 0
p a ra a v e rific a ç ã o 45
d a re s is tê n c ia
a o p u n ç o a m e n to

b) C aso 1 > 45 0

Figura 30 – Perímetro crítico para capiteis de forma cónica.

Lajes Fungiformes 37
Série Estruturas Betão Armado

c o n to rn o c o rre s p o n d e n te a d = d 2

c .c o rre s p . a d = d 1

d2
d1

d 1 /2 d 2 /2

> 2 .5 d 1

c o n to rn o p a ra v e rific a ç ã o c o n to rn o d e p u n ç o a m e n to
d o e s fo rç o tra n s v e rs o
d a s n e rv u ra s

0 .5 d 0 .5 d

> 2 .5 d

Figura 31 – Dimenções mínimas do capitel – Secções onde se deve verificar o E.L.U. de


punçoamento e o de esforço transverso.

5.3 ARMADURAS DE PUNÇOAMENTO

Se a condição υSd ≤ υRd não for satisfeita, deve-se de preferência alterar o valor das
dimensões do pilar ou considerar um capitel na laje, em particular se se tratar da combinação
de acções verticais. Caso seja inevitável, poderão colocar-se armaduras específicas de
punçoamento, devendo, de qualquer forma, garantir-se que:

Lajes Fungiformes 38
Série Estruturas Betão Armado

υSd < 1.6 υRd (limite máximo) (6)


O dimensionamento das armaduras transversais de punçoamento deverá, então, ser realizado
para um esforço igual a 3/4 da força de punçoamento actuante, tal que:
∗ 3
Asp f syd sin α > υsd . u (7)
4

em que f ≤ 350MPa
syd

Asp – área das armaduras específicas de punçoamento


α – ângulo entre essas armaduras e o plano da laje

Este critério de dimensionamento é discutível (em particular, pela descontinuidade que gera

para situações em que υSd ≃ υRd). A limitação da tensão nas armaduras de punçoamento
pretende melhorar a ductilidade da ligação laje-pilar (garantindo uma maior resistência por
corte) e as condições de amarração das armaduras. Das armaduras de punçoamento, as mais
convenientes são os estribos pois, além da resistência ao corte, garantem a cintagem da zona
comprimida e o consequente aumento de resistência e deformabilidade dessa zona. Não é
aconselhável o uso só de varões inclinados. Em qualquer caso, é fundamental pormenorizar
de forma a garantir uma boa amarração das armaduras de punçoamento.

Na figura 32 exemplifica-se a pormenorização de soluções com estribos e varões inclinados


de punçoamento, indicando-se o seu posicionamento e afastamentos máximos de acordo com
o artº 110 º do REBAP.

Lajes Fungiformes 39
Série Estruturas Betão Armado

< 0.75d < 0.5d

~1.5 d

< 0.75d < 0.25d

~1.5 d
0 0
= 30 a 35

Estribos − verticais e inclinados

< 0.5d

~2.0 d
< 0.25d

< 0.75d < 0.5d

~2.0 d

Varões levantados

Figura 32 – Disposições possíveis de armadura de punçoamento.

Lajes Fungiformes 40
Série Estruturas Betão Armado

5.4 CARGAS EXCÊNTRICAS

A excentricidade, e, do ponto de aplicação da carga em relação ao centro de gravidade da área


limitada pelo perímetro crítico, ocorre em especial em pilares de bordo ou canto e em resultado da
acção sísmica nas estruturas.

O momento aplicado pela laje é transmitido ao pilar em parte por flexão (figura 33 a) ) e em parte por
“torção” (figura 33 b) ) havendo que garantir essa transmissão de esforços através de uma
pormenorização adequada de armaduras. Na figura 33 c) apresenta-se uma forma de verificar a
quantidade de armadura longitudinal necessária para transmitir a reacção R à coluna.

A−A
F B−B
T

A A

B B

FC

FC FT FC
FT

(b)
(a)

bielas de compressão inclinadas de 1:2

B
A A X

B RA RB

A−A B−B
(c)

Figura 33 – Mecanismos de transmissão de momentos de laje ao pilar.

Quando a excentricidade da carga é devida à excentricidade da área carregada (pilar de bordo ou


canto para a acção das cargas permanentes e sobrecarga), a verificação da segurança ao estado limite
último de punçoamento pode ser feita, de acordo com recomendações do CEB, reduzindo a extensão
do contorno crítico e considerando a equação ( 2 ) da verificação da segurança para cargas
concentradas. Na figura 34 apresenta-se a extensão do contorno crítico a adoptar nesses casos. Em

Lajes Fungiformes 41
Série Estruturas Betão Armado

situações de excentricidade devida à existência de aberturas, a verificação da segurança pode ser feita
reduzindo, de forma simétrica, o perímetro crítico conforme indicado na figura 35.

p un ço am ento

0.5d
e sforço transverso

< 1.4d
< 1.4d

d
0.5d
0.5d

d 0 .5d

d 0.5d

Figura 34 – Perímetros críticos que têm em conta a excentricidade da carga.

pa rte d o contorno pa rte d o contorno


crítico suprim ido crítico suprim ido

Figura 35 – Perímetro crítico a adoptar próximo de uma aberturapara uma análise de punçoamento
sem excentricidade.

Em geral, a verificação da segurança ao punçoamento com cargas excêntricas é realizada pela


estimativa do esforço de corte máximo através da consideração das excentricidades, conforme
descrito na equação (3 ), tal que:

Vsd Vsd e
υSd,max = +α d (8)
u W
e – excentricidade do ponto de aplicação da carga em relação

Lajes Fungiformes 42
Série Estruturas Betão Armado

ao centro de gravidade do perímetro crítico


W – módulo elástico de flexão da superfície crítica, u x d
na direcção da excentricidade

1
α=
1 + by bx
α - parâmetro que estima a parcela de momentos transmitidos por torção

com
by ≥ 0.7bx
em que x é a direcção da excentricidade.

ex

Para áreas carregadas rectangulares, o REBAP indica:


N
ey
by
Gu
V sd.max = Vsd. (9)
ex + ey
1 + 1.5
u
bx by

bx

e para áreas circulares

do

V sd = Vsd. 2 e

d/2 u
1+
do (10)

A explicação das hipóteses admitidas nestas fórmulas é apresentada seguidamente. O momento (M =

Ne) associado à excentricidade da carga é transmitido ao pilar em parte por tensões normais [(1 –

Lajes Fungiformes 43
Série Estruturas Betão Armado

α) M] e em parte por tensões tangenciais (αM) na face do contorno crítico. É esta parcela que
agrava o punçoamento.

As tensões tangenciais num ponto da coordenada (x , y) do contorno crítico são então dadas por
(figura 36):

τ = VSd + αx MIxx y + αy MIyy x ( 11 )


Ac

Em que:
VSd = N - reacção no pilar (deduzida a parcela da carga no interior
do perímetro crítico);
Ac - área da superfície de referência, Ac = u x d;
Mx , My - momento transmitido ao pilar;
Ix , Iy - momento de inércia da secção Ac = u x d em relação
ao eixo x – x e eixo y – y , respectivamente;
α - parcela do momento a transmitir por tensões tangenciais.

Como

b3d 2
2 b d
 b 
Ix = 2 y + 2bx d   = y (by + 3bx )
y

12 2 6

b3d  bx 
2 b2d
Iy = 2 + 2by d   = x (bx + 3by )
x
12 2 6

A tensão máxima tangencial vale:

τmax=τ 
bx by  VSd ey VSd by ex VSd bx
. = + αx . + αy . ( 12)
 2 2  ud bd
2 2 bd
2 2
y
(b
y + 3bx )
x
6
(b
x + 3by )
6

Lajes Fungiformes 44
Série Estruturas Betão Armado

pelo que o esforço de corte máximo por unidade de comprimento vem:

υSdmáx = τmáx d =
VSd 
1 + 6
(bx + by )αx ey + 6 (bx + by )αy ex  ( 13 )
u  by (by + 3bx ) bx (bx + 3by ) 

Se se considerar bx = by ( perímetro crítico quadrado) e αx = αy = 0.5 (metade do momento


transmitido da laje ao pilar por tensões de corte), obtém-se:

υSdmáx = VSd 1 + 1.5 ex + ey  ( 14 )


u  b 

Posteriormente, se se generalizar esta expressão para o caso bx ≠ by obtém-se a expressão ( 9 )

indicada no REBAP. Refira-se que para bx ≠ by a expressão ( 13 ) é mais correcta que a expressão
regulamentar ( 9 ).

E sfo rço N o rm al

F ra cçã o d o M o m ento que F ra cçã o d o M o m ento que


o rig in a te n sõ e s tangenciais orig in a ten sõ es norm ais
Nd

x Mx (1 − x ) Mx

Y Y Y
X X X

Nd x Mx b Y
= Ac
= Ix 2

by = h + d
y My (1 − y ) My
D C
d /2 h d/2
Y Y
bx = b + d

o Y
X X

d/2 X
B A
y My b x
= Iy 2
S ecçã o de pun ço am ento

Figura 36 – Avaliação da distribuição de tensões de corte no contorno crítico.

Lajes Fungiformes 45
Série Estruturas Betão Armado

5.4.1. - PUNÇOAMENTO EXCÊNTRICO

5.4.1.1. - INTRODUÇÃO

Este trabalho servirá para abordar o problema da verificação da segurança ao


punçoamento excêntrico em lajes fungiformes de betão armado.

Analisam-se e comparam-se as indicações dos documentos normativos mais


recentemente publicados no domínio das estruturas de betão armado pré-esforçado.

Apresentam-se os ensaios experimentais realizados no Instituto Superior Técnico,


comparando-se os seus resultados com os que se obteriam pela aplicação dos documentos
referidos.

As soluções estruturais de pavimentos constituídos por lajes fungiformes de betão


armado têm tido uma aplicação crescente em edifícios. Este facto deve-se à simplicidade e
economia deste tipo de solução, bem como à flexibilidade de utilização dos espaços obtida.

Como é bem conhecido, uma das questões fundamentais deste tipo de solução estrutural
consiste na verificação da segurança ao punçoamento. Trata-se de um problema de difícil
simulação numérica, o que faz com que os documentos normativos sobre esta matéria,
adoptem modelos simplificados, calibrados com resultados experimentais. É o caso da
generalidade dos modelos baseados na verificação de “tensões de corte” ao longo de
superfícies de referência, situadas em torno da área carregada[1].

A quase totalidade dos resultados experimentais publicados referem-se a situações de


punçoamento centrado. Pode considerar-se que este problema se encontra, em termos
práticos, satisfatoriamente resolvido. De facto, verifica-se uma concordância relativamente
boa entre os resultados experimentais e os modelos de verificação da segurança que estão na
origem das recomendações regulamentares mais recentes [3,10,18].

É, assim, em relação ao problema do punçoamento excêntrico que se colocam ainda as


principais questões.

Lajes Fungiformes 46
Série Estruturas Betão Armado

O primeiro aspecto a ter em consideração refere-se à quantificação do momento


transmitido entre a laje e o pilar [2]. De facto, verifica-se que a quase generalidade dos casos
práticos corresponde a situações de rotação imposta (e não momento imposto), das que
resultam esforços, transmitidas entre os dois elementos, dependentes da rigidez da ligação. Os
momentos transmitidos são, assim, desde logo dependentes do modelo de análise da estrutura.
A rigidez da ligação laje-pilar é não só função das dimensões destes elementos mas também
do nível de fendilhação da laje em torno do pilar. É possível estimar valores da rigidez, para
os níveis de carga associados à verificação da segurança aos estados limites últimos, tendo em
conta os parâmetros referidos. Este procedimento conduz em geral a valores de momentos
transmitidos inferiores aos obtidos por uma análise elástica tridimensional da estrutura ou por
uma análise de pórticos equivalentes como a indicada no REBAP [3].

A segunda questão refere-se propriamente aos modelos para verificação da segurança ao


punçoamento excêntrico. Os estudos publicados são, em geral, baseados em modelos
simplificados de análise de tensões em regime elástico linear, assim como em análises
experimentais com pequena excentricidade. A aplicação das diversas indicações
regulamentares conduz a uma grande dispersão dos resultados.

Neste trabalho analisam-se as disposições, a este propósito, dos documentos normativos


mais recentemente publicados no domínio das estruturas de betão armado pré-esforçado.
Descrevem-se os ensaios experimentais realizados no Instituto Superior Técnico, com o
objectivo de contribuir para o esclarecimento das questões referidas, apresentando-se os seus
resultados principais[1].

5.4.1.2. – REGULAMENTAÇÃO (COMPARAÇÃO – REBAP / EC2 / MC90)

Neste capítulo apresenta-se uma comparação sumária entre as disposições dos diversos
documentos normativos analisados [3,10,18].

A avaliação da força resistente de punçoamento é, em todos os regulamentos, efectuada


a partir da definição de um perímetro crítico, localizado em torno da área carregada. Este
procedimento contempla, em geral, três grupos de parâmetros, relacionados, respectivamente,

Lajes Fungiformes 47
Série Estruturas Betão Armado

com a resistência à tracção do betão, a quantidade de armadura de flexão e, também, com a


espessura da laje.

A existência simultânea de momento transmitido na ligação é, em geral, considerada


através da definição de um coeficiente amplificador da força de punçoamento centrada,
dependente da excentricidade e das dimensões do pilar.

No quadro 1 resumem-se as indicações dos diversos regulamentos para a verificação da


segurança ao punçoamento, considerando-se para este efeito um betão da classe B25. Com
base nas expressões indicadas efectuaram-se algumas comparações que se apresentam
seguidamente.

Nas figuras 1 e 2 representa-se a variação do valor médio da resistência ao


punçoamento com, respectivamente, a altura útil da laje e as dimensões do pilar. As curvas
foram obtidas considerando um betão da classe B25, uma percentagem de armadura ρ =0.8%
e tomando valores médios para as propriedades dos materiais, não afectados por qualquer
coeficiente de segurança.

Figura 1 – Variação da força resistente de punçoamento com a altura útil da laje. Análise
comparativa dos diversos regulamentos (c=0.30m).

Lajes Fungiformes 48
Série Estruturas Betão Armado

QUADRO 1 – VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AO PUNÇOAMENTO SEGUNDO


DIVERSOS REGULAMENTOS (REBAP / EC2 / MC90).

REBAP  ex + ey  f ctk (1.6 − d ) ≥ 1.0;


VSd,eff = VSd 1 + 1.5  VRd = 0.4 (1.6 − d )(1 + 50 ρ )ud
  γ ρ ≤ 0.8% , γ c = 1.5
 bxby 
c

EC2 VSd .eff = 1.15VSd f ctk (1.6 − d ) ≥ 1.0;


VRd = 0.26 (1.6 − d )(1.2 + 40 ρ )ud
γc ρ ≤ 1.5% , γ c = 1.5

MC90  eu   200 
VSd ,eff = VSd 1 + k  VRd = 0.121 + (100 ρf ck )1 3 du
 W
 d 

Lajes Fungiformes 49
Série Estruturas Betão Armado

Figura 2 – Variação da força resistente de punçoamento com as dimensões do pilar.


Análise comparativa dos diversos regulamentos (d=0.20m e d=0.40m).

Pode considerar-se ser relativamente reduzida a dispersão dos resultados, em particular


para as situações mais correntes de espessuras de laje. As diferenças observadas crescem
também ligeiramente com o aumento das dimensões do pilar.

Na figura 3 compara-se a quantificação do efeito da excentricidade nos vários


regulamentos, considerando-se, para este efeito, um pilar quadrado (c1/c2=1.0).

Figura 3 – Variação de VS,eff / VS com a excentricidade. Análise comparativa dos diversos

regulamentos (c1/c2=1.0).

As diferenças são significativas. As expressões propostas e adoptadas pelo REBAP, são


as mais conservativas, contrariamente às especificações do código modelo MC90, que
apresentam uma menor influência do aumento da excentricidade.

Lajes Fungiformes 50
Série Estruturas Betão Armado

A figura 4 ilustra a influência da relação entre as dimensões da secção transversal do


pilar, de acordo com os códigos REBAP e modelo MC90. A influência deste parâmetro é
menos significativa no MC90.

Figura 4 – Variação da força actuante de punçoamento com a relação entre as dimensões do


pilar.

Figura 5 – Comparação entre a formulação do MC90 com a expressão proposta em [19].

Lajes Fungiformes 51
Série Estruturas Betão Armado

A formulação do MC90 para ter em conta o efeito da excentricidade pode ser obtida
com muita boa aproximação pela expressão apresentada na figura 5 [19].

5.4.1.3. - ENSAIOS EXPERIMENTAIS

Os modelos ensaiados foram construídos à escala 1:2 em betão armado, consistindo em


paineis quadrados, limitados pelas linhas médias dos vãos, resultando assim modelos com
3.30x3.30m² e com uma espessura de 0.10m. Como suporte da laje, modelaram-se dois troços
de pilar, com 0.20x0.20m², no centro do painel, que simulam meia altura entre pisos.

5.4.1.3.1. - Dispositivos para imposição das condições de fronteira

a) Base de apoio

O apoio do modelo localiza-se na base do pilar e é constituído por um sistema que


permite o deslocamento no sentido da aplicação das forças horizontais e liberta por completo
a rotação. Adicionalmente foram colocadas células de carga para medir a intensidade das
forças, vertical e horizontal, aplicadas ao modelo.

b) Cargas verticais

A tendência natural ao modelo ao ser carregada verticalmente seria a de se deformar


como uma consola, com rotação nos bordos. Para simular a linha de simetria a meio vão dos
paineis de laje (rotação nula para as cargas verticais), foi criada uma estrutura metálica
auxiliar. Esta estrutura é constituída por vigas de grande rigidez à flexão, colocadas duas a
duas, junto os bordos do modelo e ligadas entre si por escoras metálicas. Com este
dispositivo, ao impedir a rotação do bordo do modelo, introduzem-se momentos equivalentes
aos existentes a meio vão do painel.

Lajes Fungiformes 52
Série Estruturas Betão Armado

Figura 6 – Dispositivo de ensaio para imposição das condições de fronteira-cargas verticais.

c) Cargas horizontais

Para acções horizontais, as linhas de meio vão tornam-se linhas de anti-simetria, em que
o deslocamento vertical é nulo. Para simular este comportamento, além do dispositivo que
garante igual rotação nos bordos, foram dispostos tirantes para impedir o seu deslocamento
vertical. Os tirantes são ligados à base numa extremidade e, na extremidade oposta, a um
pórtico metálico destinado a esse efeito.

Lajes Fungiformes 53
Série Estruturas Betão Armado

Figura 7 – Dispositivos de ensaio para imposição das condições de fronteira - cargas


horizontais.

5.4.1.3.2. - Equipamento de aplicação de cargas

a) Cargas verticais

O esquema de aplicação das cargas verticais é constituído por quatro cruzetas de


distribuição, assentes sobre a face superior do modelo.

Lajes Fungiformes 54
Série Estruturas Betão Armado

Figura 8 – Esquema de aplicação das cargas verticais - alçado.

O carregamento vertical é aplicado a partir de um tirante que liga uma viga à face
inferior do pavimento do laboratório, onde se colocou um macaco hidráulico. Adoptaram-se
dois sistemas iguais, que são accionados pelo mesmo sistema de pressão hidráulico, de forma
a aplicar a mesma intensidade de carga em ambos os macacos.

Figura 9 – Esquema de aplicação das cargas verticais - planta.

Lajes Fungiformes 55
Série Estruturas Betão Armado

b) Cargas horizontais

A carga horizontal foi aplicada por um tirante que puxa o topo do pilar do modelo
contra uma parede de reacção do laboratório. Na ligação entre o tirante e o modelo foi
colocada uma célula de carga.

5.4.1.3.3. - Equipamento de medição

a) Controlo das forças

Na base de apoio do modelo foram colocadas duas células de carga, para medição das
reacções vertical e horizontal. No topo do modelo, onde é aplicada a carga horizontal, foi
disposta uma outra célula que permite medir directamente a intensidade da força horizontal
introduzida.

b) Medição de deslocamentos

Para medir os deslocamentos verticais do modelo em relação ao pilar foram colocados


deflectómetros electrónicos na face superior da laje, ligados através de bases magnéticas a
uma viga metálica fixa à base do pilar.

Os deslocamentos horizontais foram medidos em dois pontos, junto aos cantos dos
modelos, tendo como referência pontos fixos exteriores.

c) Medição de extensões

Foram colados extensómetros eléctricos nas armaduras superiores, junto ao pilar, para
medir o nível de extensão nelas instalado. Em cada ponto são dispostos dois extensómetros,

Lajes Fungiformes 56
Série Estruturas Betão Armado

diametralmente opostos, para permitir identificar efeitos secundários devidos a eventuais


flexões locais dos varões de aço.

As extensões de compressão no betão foram medidas indirectamente, através de um


deflectómetro electrónico modificado, medindo deslocamentos relativos entre dois pontos.

5.4.1.3.4. - Descrição dos ensaios

O primeiro modelo foi ensaiado apenas com aplicação de cargas verticais, consistindo,
portanto, num ensaio de punçoamento centrado.

Os segundo e terceiro modelos foram carregados até determinados níveis de carga


vertical, previamente estabelecidos. A intensidade da carga vertical foi mantida constante e
iniciou-se o carregamento horizontal até o modelo atingir a rotura.

5.4.1.3.5. - Resultados

Os resultados obtidos experimentalmente foram analisados e comparados, quando


possível, com os valores determinados através das expressões propostas pelos diversos
regulamentos apresentados. Analisaram-se, em particular, os resultados da capacidade
resistente ao punçoamento e da rigidez da ligação laje-pilar.

Na figura seguinte indicam-se, para os três ensaios realizados, os pontos


correspondentes aos valores medidos da capacidade resistente. Representam-se igualmente as
linhas correspondentes à aplicação das expressões de algumas indicações regulamentares ao
presente caso. Para este efeito, utilizam-se, as referidas equações, os valores médios das
propriedades dos materiais.

Lajes Fungiformes 57
Série Estruturas Betão Armado

Figura 10 – Comparação entre os resultados experimentais e os regulamentos estudados.

Os valores estimados através da aplicação do MC90 são os mais próximos dos obtidos
experimentalmente. As diferenças observadas acentuam-se com o aumento da excentricidade.

Na figura 11 apresenta-se, para um dos ensaios, a curva de variação do ângulo de


rotação relativo médio da laje, θ s , com o aumento da carga horizontal. K s é a rigidez elástica,

obtida pelo método de elementos finitos e K sv representa a rigidez na origem, no início da


aplicação do carregamento horizontal.

Figura 11 – Rigidez experimental da ligação no modelo JPS2

Lajes Fungiformes 58
Série Estruturas Betão Armado

O valor de K sv depende, fundamentalmente, do nível de carga vertical a que a laje


esteve submetida, podendo ser, nos casos correntes, significativamente menor do que a
rigidez elástica.

A figura 12 indica, para o mesmo modelo, a degradação de rigidez verificada com a


aplicação da carga horizontal. Para os modelos ensaiados, a redução de rigidez da ligação, em
relação aos valores elásticos, para o nível da carga de rotura, atingiu valores de cerca de 80%.

Figura 12 – Degradação da rigidez com a aplicação da carga horizontal no modelo JPS2

5.4.1.4. - CONCLUSÕES

Do trabalho apresentado podem salientar-se as seguintes conclusões principais:

- Relativamente ao problema do punçoamento centrado foi possível confirmar serem


satisfatórios os resultados que se obtêm pela aplicação dos diversos regulamentos. A
dispersão dos resultados é relativamente reduzida, verificando-se uma boa concordância com
os resultados experimentais.

Lajes Fungiformes 59
Série Estruturas Betão Armado

- Quanto ao punçoamento excêntrico existe uma grande dispersão entre os resultados


propostos pelos vários regulamentos. O código Modelo MC90 do CEB/FIP é o que conduz a
resultados menos conservativos. Com a reserva inerente ao número de ensaios realizados,
pode afirmar-se que, face aos valores obtidos experimentalmente, este código tem ainda uma
margem de segurança apreciável, principalmente quando a excentricidade da carga
transmitida é grande.

- Dependendo do nível de fendilhação devido às acções aplicadas, a rigidez da ligação


laje-pilar encontra-se, naturalmente, mais ou menos degradada em relação ao seu valor
elástico. Nos ensaios realizados, a redução de rigidez, em relação ao valor elástico variou
entre, cerca de 40% a 60% para o início da aplicação do carregamento horizontal, elevando-se
este valor para cerca de 80% para a carga de rotura. Estes resultados indicam ser aceitável
considerar uma rigidez da ligação reduzida no modelo de análise adoptado.

5.5. - TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E REFORÇO AO PUNÇOAMENTO

5.5.1. - INTRODUÇÃO

Apresenta-se de seguida, a análise experimental desenvolvida para estudo de técnicas de


reparação e reforço de lajes fungiformes ao punçoamento.

Foram ensaiados dois modelos de laje fungiforme reforçados com parafusos pré-
esforçados. Os modelos, antes de reforçados, foram carregados até apresentarem um
determinado nível de fendilhação pré-definido.

Tem-se vindo a verificar, no domínio das estruturas de edifícios, uma aplicação cada
vez mais frequente de soluções estruturais, para os pavimentos, constituídas por lajes
fungiformes. Este facto deve-se fundamentalmente à simplicidade, economia e rapidez de
execução, assim como à flexibilidade de utilização dos espaços construídos. Associado à

Lajes Fungiformes 60
Série Estruturas Betão Armado

crescente utilização desta solução surge a necessidade do estudo de soluções de reparação


e/ou reforço adequado a este tipo de laje.

Várias são as causas que, em conjunto ou separadamente, poderão levar a uma


intervenção de reparação e/ou reforço. Dentro delas podem referir-se os erros de projecto, os
defeitos de construção, a alteração do tipo de utilização da estrutura (devido nomeadamente
ao aumento do nível da sobrecarga).

A solução de reparação e/ou reforço a adoptar depende de vários factores técnicos e


económicos, em particular, da eficiência da intervenção de reforço, das condições e custos de
realização da obra e da disponibilidade local de mão-de-obra especializada, materiais e
equipamentos. Outros aspectos importantes são a comunicação ou não da utilização da
estrutura durante e após o reforço.

O presente trabalho incide em particular na técnica de reforço de lajes fungiformes, com


problemas de fendilhação grave por flexão e, eventualmente, por punçoamento, através de
utilização de parafusos pré-esforçados que atravessam a laje em toda a sua espessura.

Os ensaios apresentados foram realizados no Laboratório de Estruturas e Construção da


University of Westminster – School of Architecture & Engineering, em Londres.

5.5.2. - ESTADO ACTUAL DOS CONHECIMENTOS

5.5.2.1. - Mecanismo de rotura por punçoamento

A transferência de cargas verticais e momentos entre a laje e o pilar, em lajes


fungiformes, provoca elevadas tensões nas imediações dos pilares que podem levar à
fendilhação e à rotura. A rotura por punçoamento está associada à formação de um tronco de
pirâmide que tem tendência para se desligar do resto da laje. Esta superfície de rotura resulta
da interacção de efeitos de corte e flexão na zona da laje próxima do pilar. Trata-se de um
mecanismo de colapso local associado a uma rotura frágil (sem aviso prévio notório).

Lajes Fungiformes 61
Série Estruturas Betão Armado

A princípio irá aparecer uma fenda junto à face do pilar. À medida que a carga aumenta
as fendas estendem-se a partir do pilar em direcção radiais. Existirão também outras fendas
paralelas às faces do pilar (fendilhação tangencial) que se irão abrindo gradualmente.

Na rotura uma das fendas tangenciais prolonga-se desde a face em tracção (superior),
numa direcção inclinada, até à intersecção do pilar com a face em compressão da laje. A
superfície de rotura terá então a forma de tronco de pirâmide já referida.

5.5.2.2. - Reforço por punçoamento

Diversos tipo de reforço, ou reparação, têm sido usados para aumentar, ou repor, a
resistência ao punçoamento de lajes fungiformes. Dentro desses podemos citar o reforço por
betonagem de um capitel de betão ou por fixação de um capitel de perfis de aço com buchas
metálicas e resina epoxi.
Um outro processo de reforço consta da aplicação de pré-esforço transversal com
parafusos que atravessam a laje.

Em relação ao último método referido, testes já realizados mostram que pré-esforçando


a laje, perto da face do pilar, pode-se evitar ou retardar a rotação e o alargamento da fenda
inclinada necessária para formar a superfície de rotura, podendo conduzir a um substancial
incremento na resistência das lajes ao punçoamento.

Numa laje com parafusos pré-esforçados, já se conseguiu obter uma carga última 1.67
vezes maior que uma laje similar sem reforço. Enquanto que na laje não pré-esforçada a
superfície de rotura intersecta a face em compressão junto ao pilar, na laje pré-esforçada, a
superfície além de ser muito mais plana, intersecta a face em compressão fora das placas de
ancoragem dos parafusos.

Nestes ensaios observa-se ainda que as lajes com pré-esforço podem suportar maior
deformação antes de ocorrer a rotura, tornando-se mais dúcteis.

Lajes Fungiformes 62
Série Estruturas Betão Armado

5.5.3. - ANÁLISE EXPERIMENTAL

5.5.3.1 - Introdução

Para o estudo deste assunto foram ensaiados 2 modelos de laje fungiformes maciça à
escala 1:2. Os modelos utilizados restringem-se a um painel central limitado pelas linhas de
momento nulo.

Os modelos foram inicialmente carregados até se atingir um nível considerável de


fendilhação por flexão, o que acontece para uma carga cerca de 70% da carga última. De
seguida os modelos foram reforçados com a adição de parafusos que atravessam toda a
espessura da laje. Estes parafusos foram ancorados, nas superfícies superior e inferior da laje,
com placas de aço com o objectivo de distribuir a força de pré-esforço na área da placa. Os
modelos foram posteriormente carregados até à rotura.

Foram medidas as extensões verificadas nos parafusos, com o objectivo de observar a


evolução dos esforços nos mesmos. Foram também medidos os deslocamentos verticais em 6
pontos da laje.

As fendas visíveis durante a primeira e a segunda fase de carga foram desenhadas na


própria laje, para mais fácil visualização das mesmas.

5.5.3.2 - Geometria dos modelos

Os modelos ensaiados consistem em painéis quadrados de laje de betão armado. As


dimensões são de 2.0x2.0 m² de largura e 0.10m de espessura. O pilar central, simulado por
uma placa de aço, tem as dimensões de 0.20x0.20m². Pretendem-se assim simular uma laje
fungiforme real à escala 1/2.

Lajes Fungiformes 63
Série Estruturas Betão Armado

Figura 1 – Geometria dos modelos

Em relação às armaduras longitudinais de flexão, tanto superior como inferior, foram


dimensionadas para o carregamento correspondente a um edifício corrente. O recobrimento
utilizado foi de 10mm. Na figura seguinte encontra-se o esquema de armaduras dos modelos.

Figura 2 – Armaduras longitudinais de flexão

5.5.3.3. - Condições de fronteira e carregamento

Para simular as condições de apoio, usou-se o dispositivo que se pode observar na


figura 1.

Lajes Fungiformes 64
Série Estruturas Betão Armado

Visto que os limites do modelo são as linhas de momentos nulos e a carga é aplicada no
centro da laje, foram libertadas as rotações e impedidos os deslocamentos verticais nos bordos
da laje.

O sistema de carga é constituído por um macaco hidráulico (ENERPAC RC-506), que


aplica a força numa placa de aço com a dimensão transversal do pilar (200x200mm²). Essa
placa tem rigidez suficiente para manter a superfície de contacto plana (25mm de espessura).

5.5.3.4. - Caracterização dos materiais

Neste capítulo irão apresentar-se os resultados obtidos nos ensaios de caracterização das
propriedades mecânicas dos materiais utilizados nos modelos experimentais.

Os materiais testados foram o betão utilizado na realização da laje, o aço constituinte da


armadura longitudinal e o aço que constitui os parafusos na solução de reforço.

5.5.3.4.1. - Betão

Para caracterizar o betão utilizado nos ensaios, foram moldados provetes cúbicos
(150x150x150mm³) e cilíndricos (ø150mm h=300mm).

Os provetes cúbicos foram ensaiados à compressão e os cilíndricos foram ensaiados à


compressão radial para determinação da resistência à tracção.

Para cada uma das lajes foram moldados 3 provetes de cada um dos tipos, e os ensaios
foram realizados no dia em que se levou à rotura o respectivo modelo.

No quadro seguinte apresentam-se os resultados obtidos através desta caracterização.

Lajes Fungiformes 65
Série Estruturas Betão Armado

Quadro 1 – Caracterização do betão


f cu,m f cm f ct,sp f ctm Idade Ec
Betão
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (dias) (GPa)
PR1 39.2 32.5 3.1 2.8 11 30.3
PR2 38.6 32.0 3.1 2.8 7 30.2

Em que:

f cu,m - tensão média de rotura por compressão de provetes cúbicos

f cm - tensão média de rotura por compressão de provetes cilíndricos

f ct,sp - tensão média de rotura à tracção por compressão radial

f ctm - tensão média de rotura por tracção

Ec - módulo de elasticidade

Os valores f cu,m e f ct,sp foram determinados directamente dos ensaios e os restantes

através das seguintes expressões de correlação:


f cm = 0.83f cu,m [5] (1)

f ctm = 0.9f ct,sp [18] (2)

Em relação ao módulo de elasticidade, não tendo sido realizados ensaios para a


caracterização, este foi calculado através da expressão recomendada pelo REBAP [3].

E c = 9.53 f cm [3] (3)

5.5.3.4.2. - Armadura longitudinal

O aço utilizado no ensaio, foi o convencionalmente designado na Grã-Bretanha por St


480.

Foram ensaiados à tracção provetes de aço de 6mm e 10mm de diâmetro. Os resultados


dos ensaios resumem-se no quadro seguinte

Lajes Fungiformes 66
Série Estruturas Betão Armado

Quadro 2 – Caracterização do aço da armadura longitudinal

Aço σ 0.2% (MPa )


φ6 704
φ10 487

Em que:
σ 0.2% – valor médio da tensão limite da proporcionalidade a 0.2%

5.5.3.4.3. - Parafusos

A caracterização do aço que constitui os parafusos fez-se através de um ensaio de


tracção dum parafuso tipo, feito a partir da mesma barra que os restantes.

A geometria do provete ensaiado, assim como a dos parafusos utilizados no reforço, é a


que se apresenta na figura seguinte:

Figura 3 – Geometria dos parafusos

Para efeito de medição das extensões foram colados na zona do parafuso sem rosca, em
posições diametralmente opostas, dois extensómetros KYOWA do tipo KFG-5-120-CI-
IL3M2R.

Apresenta-se em seguida uma tabela com os resultados do ensaio.

Lajes Fungiformes 67
Série Estruturas Betão Armado

Quadro 3 – Caracterização do aço dos parafusos de reforço

S0 Fp0.2 Fm σ p 0.2 σm
(mm²) (KN) (KN) (MPa) (MPa)
70.9 29.2 36.1 412 509

Em que:
S0 - área inicial

Fp0.2 - força limite convencional de proporcionalidade a 0.2%

Fm - força máxima
σ p 0.2 - tensão limite convencional de proporcionalidade a 0.2%

σm - tensão de rotura à tracção

5.5.3.5. - Instrumentos de medida

Para proceder à quantificação da evolução dos esforços nos parafusos do reforço, foram
utilizados extensómetros eléctricos iguais aos utilizados nos ensaios de caracterização e nas
mesmas posições. Durante o ensaio a leitura dos extensómetros (16 no total), foi feita com um
auxílio de um aquisidor de dados (SHLUMBERGER – SOLARTRON Modelo ORION
3530).

Os deslocamentos verticais foram medidos em 6 pontos, 3 de cada lado do pilar, tendo


como referência o centro do pilar. Foram usados deflectómetros analógicos, sendo as leituras
feitas manualmente para cada patamar de carga. Junto à rotura os deflectómetros eram
retirados para não serem danificados.

Em relação à quantificação da força aplicada pelo macaco foi utilizada uma unidade de
controle de pressão hidráulica (WALTER + BAI AG) que permite medir a pressão instalada
no macaco. Este havia sido previamente calibrado, sabendo-se de antemão a relação pressão-
força aplicada do mesmo.

Lajes Fungiformes 68
Série Estruturas Betão Armado

5.5.3.6. - Execução dos ensaios

5.5.3.6.1. - Modelo PR1

Ao sexto dia de idade, este modelo foi carregado até uma forma de 146 KN, que
corresponde a cerca de 70% da carga de rotura prevista sem reforço. Procedeu-se à carga do
modelo em patamares de carga sucessivamente crescente, tendo sido desenhadas, na própria
laje, as fendas que iam surgindo. A primeira fenda visível aos 80 KN. Parou-se a aplicação da
carga no valor referido, por se julgar que a fendilhação já seria suficiente para considerar a
hipótese do reforço da laje.

Depois da descarga da laje executaram-se os furos verticais para colocação dos


parafusos de reforço. Utilizaram-se como ancoragens superiores e inferiores, placas de aço
com 100x100x12.7mm³. A geometria do reforço pode ser observada na figura 4.

Os parafusos foram pré-esforçados com uma força de 5 KN cada.

O ensaio à rotura foi levado a cabo ao décimo primeiro dia de idade do modelo, tendo-
se atingido uma carga de rotura de 240.1 KN.

Durante a aplicação da carga foram desenhadas e anotadas as fendas que iam surgindo.

5.5.3.6.2. - Modelo PR2

A execução do modelo foi em tudo idêntica ao utilizado para o modelo PR1, com a
excepção de a laje ter sido betonada com os negativos para os furos verticais dos parafusos de
reforço.

O modelo foi carregado, ao sexto dia de idade, tendo tendo sido aplicada a mesma carga
que no modelo anterior (146 KN). As fendas que surgiram nesta primeira fase de carga, foram
desenhadas.

Lajes Fungiformes 69
Série Estruturas Betão Armado

Em seguida descarregou-se a laje e procedeu-se à colocação dos parafusos, os quais


foram pré-esforçados com uma força de 15 KN cada.

A geometria do reforço foi alterada por se ter observado, no primeiro ensaio, que os
parafusos do canto não eram tão solicitados como os restantes. Decidiu-se colocá-los mais
próximos do contorno do pilar.

O ensaio à rotura foi levado a cabo ao sétimo dia de idade do modelo, tendo-se atingido
uma carga de rotura de 250 KN.

Durante a aplicação da carga, foram desenhadas e anotadas as fendas que iam surgindo.

Figura 4 – Geometria dos reforços

5.5.4. - ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.5.4.1. - Força nos parafusos

Durante os patamares de carga, a que se submeteram os modelos, foram feitas leituras


dos 16 extensómetros eléctricos. Com base nas extensões medidas foi possível determinar a
força instalada em cada parafuso para determinado nível de carga.

Lajes Fungiformes 70
Série Estruturas Betão Armado

Apresenta-se em seguida a evolução dos valores das forças instaladas nos parafusos,
para vários níveis de carga. Para mais fácil visualização da evolução da força nos parafusos,
para os dois modelos, apresentam-se gráficos com a evolução do incremento da força a partir
da força de pré-esforço (5 KN para o modelo PR1 E 15 KN para o modelo PR2).

No modelo PR1 a solicitação dos parafusos não foi uniforme, tendo-se verificado que os
parafusos que se encontram a meio dos lados (1,3,5 e 7) foram substancialmente mais
solicitados que os que se encontram nos cantos. Para a carga 230 KN a força do parafuso
menos esforçado é cerca de 37% da do parafuso mais esforçado. Tal deve-se ao facto de os
parafusos que se encontram nos cantos estarem mais distantes do pilar. De notar também que
os parafusos números 1, 3 e 7 cederam na rotura, conforme foi possível observar.

No modelo PR2 esta situação foi alterada, tendo-se aproximado os parafusos de canto
em relação ao pilar. Observa-se que a distribuição de forças nos parafusos é bastante mais
uniforme. Para a carga 250 KN a força no parafuso menos esforçado é cerca de 77% da do
parafuso mais esforçado.

De referir ainda que no modelo PR2 nenhum dos parafusos entrou em cedência.

Nos 2 modelos a força nos parafusos, nos patamares iniciais de carga, mantém-se
sensivelmente constante, chegando mesmo em alguns dos parafusos a acusar uma pequena
descida. Quando a carga aplicada atinge aproximadamente a resistência última ao
punçoamento das lajes sem reforço ( ≈ 210 KN) dá-se um acréscimo acentuado na força nos
parafusos. Acréscimo esse que continua até a laje atingir a rotura.

5.5.4.2. - Deslocamentos verticais

Para quantificar os deslocamentos verticais da laje, durante os ensaios, recorreu-se à


utilização de deflectómetros analógicos. A disposição dos deflectómetros é a seguinte:

Lajes Fungiformes 71
Série Estruturas Betão Armado

Figura 5 – Evolução da força nos parafusos (modelo PR1)

Lajes Fungiformes 72
Série Estruturas Betão Armado

Figura 6 – Evolução da força nos parafusos (modelo PR2)

Lajes Fungiformes 73
Série Estruturas Betão Armado

Figura 7 – Disposição dos deflectómetros

Para uma mais fácil visualização dos resultados obtidos foram desenhadas as
deformadas da laje para vários patamares de carga (figura 8) e gráficos deslocamentos força
(figura 9)

Os deslocamentos foram medidos somente até ao patamar de carga correspondente a


220 KN para evitar uma eventual danificação dos deflectómetros na ocorrência da rotura.

Figura 8 – Evolução da deformada da laje

Lajes Fungiformes 74
Série Estruturas Betão Armado

Figura 9 – Evolução dos deslocamentos

Observa-se que para o patamar de carga 220 KN os deslocamentos no modelo PR2 são
menores que o modelo PR1, devido ao facto de este modelo estar mais próximo da rotura
(240.1 KN) do que aquele (250.0 KN). O aumento de pré-esfoço não parece ter aumentado a
rigidez do modelo PR2 em relação ao modelo PR1.

5.5.4.3. - Comportamento na rotura

No primeiro modelo (PR1) obteve-se uma rotura cuja superfície passou pelos parafusos
situados a meio dos lados dos pilares, levando mesmo à cedência de três destes parafusos. A
inclinação da superfície de rotura, em relação ao plano da laje, foi cerca de 40º.

No segundo modelo (PR2) obteve-se uma mudança da posição da superfície de rotura.


Esta superfície passou a intersectar a face em compressão fora das placas de ancoragem. A
inclinação da superfície de rotura tornou-se mais plana, sendo a sua inclinação cerca de 28º.

Em relação às cargas de rotura obtidas apresenta-se o seguinte quadro:

Quadro 4 – Cargas de rotura


Pu,exp Pu,exp c/ exc. Pu(MC90) Pu,exp c/ exc.
Modelo
(KN) (KN) (KN) Pu(MC90)

PR1 240.1 251.1 207.7 1.21


PR2 250.0 256.4 206.6 1.24

Lajes Fungiformes 75
Série Estruturas Betão Armado

1
Pu(MC90) = 0.16(1 + 200 / d )(100ρf cm ) 3 u 1d (4)

Em que:
d - altura útil da laje em mm
ρ - percentagem geométrica de armaduras de flexão
f cm - valor médio de resistência à compressão do betão em provetes cilíndricos

u1 - perímetro de referência à distância 2d da área carregada


Pu(MC90) - resistência ao punçoamento para valores médios das características dos

materiais, segundo a filosofia do MC90

O cálculo da carga de rotura, tendo em conta as excentricidades (Pu,exp c/ exc ) , foi feito

multiplicando o valor sem excentricidade por

ex 2 ey
β = 1 + 1.8 ( ) + ( )2 [19] (5)
by ex

Em que:
ex ,ey - excentricidades da carga na direcção respectiva

b x , by - dimensões do perímetro de referência

A rotura do primeiro modelo (PR1) parece ter sido condicionada pelo valor da força de
pré-esforço introduzida pelos parafusos. Aliás a resistência obtida (251.1 KN) é
sensivelmente igual à soma da resistência prevista (207.7 KN) com a força do pré-esforço
(40.0 KN). Seguindo este modelo, a rotura dos parafusos poderá ter sido um fenómeno
posterior ao da rotura por punçoamento.

No modelo PR2 o valor mais elevado do pré-esforço parece ter forçado a que a rotura
se desse por fora da zona de influência deste. A rotura por punçoamento parece ter sido, no
entanto, influenciada pela cedência das armaduras de flexão, uma vez que a resistência à
flexão (pelo método das linhas de rotura P uflexão =253 KN) é bastante próxima do valor obtido

Lajes Fungiformes 76
Série Estruturas Betão Armado

para a carga de rotura (251 KN). Nestas condições a resistência obtida é inferior à que seria de
esperar para uma superfície de rotura de punçoamento exterior definido pelos parafusos.

Estas interpretações deverão ser confirmadas por futuros trabalhos experimentais, uma
vez que são baseados em apenas dois ensaios.

5.5.5. - CONCLUSÕES FINAIS

O reforço ao punçoamento com parafusos pré-esforçados poderá fornecer um


substancial incremento da resistência ao punçoamento das lajes. Neste caso particular obteve-
se um aumento de resistência de 21% no modelo PR1 e de 24% no modelo PR2, em relação à
resistência prevista sem reforço.

Este tipo de reforço poderá também ser uma solução a adoptar em estruturas novas,
sendo necessário no entanto que as ancoragens fiquem embebidas na espessura da laje.

5.6. - REFORÇO AO PUNÇOAMENTO COM PERFIS METÁLICOS

5.6.1. - INTRODUÇÃO

Foram executados e ensaiados dois modelos de lajes fungiformes em betão armado à


escala 1/2, que pretendem simular um painel interior quadrado de um protótipo com 6.0m de
vão e 0.20m de espessura.

Os modelos foram reparados substituindo o betão danificado interior à superfície de


rotura de punçoamento por um betão não retráctil e de alta resistência.

Um dos modelos foi ensaiado até à rotura para análise da eficiência do processo de
reparação. O outro modelo foi posteriormente reforçado com a adição de um capitel metálico,
ligado ao pilar e à face inferior da laje com resina epoxi e buchas metálicas. Este modelo foi
igualmente ensaiado até à rotura.

Lajes Fungiformes 77
Série Estruturas Betão Armado

Em lajes fungiformes, a transferência de forças e momentos entre a laje e o pilar


provoca elevadas tensões junto a este, que causam fendilhação e podem conduzir à rotura. A
rotura por punçoamento está associada à formação de um troco de pirâmide que tem tendência
para se desligar do resto da laje. Esta superfície de rotura resulta de interacção de efeitos de
corte e flexão na zona da laje próxima do pilar.

Trata-se de um mecanismo de colapso local, associado a uma rotura frágil, ou seja, sem
aviso prévio notório. Embora a rotura por punçoamento seja um fenómeno localizado, em
alguns casos pode dar início a uma rotura progressiva e ao colapso total da estrutura, pelo
facto de a perda de um ponto de apoio aumentar o esforço de punçoamento nos apoios
vizinhos.

Diversos tipos de reparação e/ou reforço têm sido usados para aumentar, ou repor, a
resistência ao punçoamento de lajes fungiformes. Como exemplo podemos citar: reparação
por reposição do betão danificado; reforço por espessamento da laje; reforço por pré-esforço
transversal [4]; reforço por adição de capitel de betão ou metálico, etc…

O presente trabalho incide em particular na técnica de reparação do betão danificado


com reforço por adição de perfis metálicos. Os perfis metálicos são fixos ao pilar com buchas
metálicas de expansão mecânica, e colados com resina epoxi às superfícies de betão em
contacto com eles.

Os ensaios experimentais apresentados foram realizados no LERN – Laboratório de


Estruturas e Resistência de Materiais do I.S.T..

5.6.2. - ANÁLISE EXPERIMENTAL

5.6.2.1. - INTRODUÇÃO
Foram executados dois modelos de lajes fungiformes em betão à escala 1/2. Estes
modelos pretendem simular um painel interior quadrado de um protótipo com 6.0m de vão a
0.20m de espessura. O modelo PR3 tinha como limite as linhas de momento nulo, enquanto
que o modelo PR4 era limitado pelas linhas de meio vão.

Lajes Fungiformes 78
Série Estruturas Betão Armado

Os dois modelos foram carregados inicialmente até se obter uma rotura por
punçoamento. Seguidamente procedeu-se à reparação destes, substituindo o betão danificado
interior à superfície de rotura por punçoamento com o betão de alta resistência e não retráctil.

O modelo PR3 foi então ensaiado até à rotura, para análise da eficiência do processo de
reparação. O modelo PR4 foi, além de reparado como atrás se referiu, reforçado com a adição
de um capitel metálico, ligado ao pilar e à face inferior da laje com resina epoxi e buchas
metálicas de expansão mecânica. Posteriormente procedeu ao carregamento do modelo até à
rotura.

5.6.2.2. - CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

Neste capitulo irão apresentar-se os resultados obtidos nos ensaios de caracterização das
propriedades mecânicas dos materiais utilizados na execução dos modelos.

5.6.2.2.1. - Betão de reparação


O cimento utilizado na reparação é comercializado pelo MBT – Master Builders
Technologies com a designação comercial de “MACFLOW”. Trata-se de um cimento
expansivo reoplástico, composto por ligante hidráulico e outros componentes inorgânicos. A
composição do betão de reparação, em que se utilizou um relação água/cimento de 0.4, foi a
seguinte: MACFLOW – 300 kg/m³; cimento Portland – 100 kg/m³: areia – 920 Kg/m³; brita
(Dmax ≤ 8mm) -920 Kg/m³; água – 160 l/m³.

Para a caracterização do betão de reparação utilizado, foram moldados três provetes


cúbicos (150 x 150 x 150 mm³). Estes provetes foram ensaiados à compressão,
apresentando-se no quadro seguinte as características resultantes.

Quadro 1 – Caracterização do betão de adição


f ccm f cm f ctm γ Idade
(MPa) (MPa) (MPa) (kN/m³) (dias)

63.9 53.0 3.8 24.4 15

Lajes Fungiformes 79
Série Estruturas Betão Armado

Em que:
f ccm - Tensão média de rotura à compressão do betão em provetes cúbicos.
f cm - Tensão média de rotura à compressão do betão em provetes cilíndricos.
f ctm - Tensão média de rotura à tracção do betão.
γ - peso volúmico do betão

O valor de f ccm foi determinado directamente dos ensaios, tendo sido os restantes calculados
através das seguintes expressões de correlação:

f cm =0.83 f ccm [5] (1)


2

f ctm =1.4  f cm − 8 
3

  [18] (2)
 10 

5.6.2.2.2. - Betão velho

Betão velho foi caracterizado aquando da primeira e da segunda fases do ensaio. Na


primeira fase foram moldados e ensaiados à compressão três provetes cúbicos
( 150 × 150 × 150 mm³). A caracterização do betão dito “velho”, na segunda fase do ensaio, foi
feita através da extracção e ensaio à compressão de carotes cilíndricos. No quadro seguinte
resumem-se os resultados obtidos:

Quadro 2 – Caracterização do betão “velho”


Modelo Fase f ccm f cm f ctm idade

(MPa) (MPa) (MPa) (MPa)

PR3 1ª 46.0 38.2 2.9 10


2ª 56.4 46.8 3.5 316
PR4 1ª 39.2 32.5 2.5 163
2ª 40.9 33.9 2.6 ≈730

Lajes Fungiformes 80
Série Estruturas Betão Armado

Na primeira fase, o valor de f ccm foi determinado directamente dos ensaios, tendo f cm e
f ctm sido calculado através das expressões (1) e (2), respectivamente.

Na segunda fase, o valor de f ccm foi determinado através dos ensaios de compressão
realizados sobre as carotes. Não tendo sido possível a extracção de carotes sem armadura
transversal, teve que se proceder à correcção das tensões de rotura por compressão, segundo a
expressão para o cálculo da tensão de rotura por compressão em provetes cúbicos:

2 .3  ∑(φ R d R ) 
f ccm = f c 1.0 + 1.5 
1  φ 1 
1 .5 + c
λ
Em que:
λ - relação entre a altura e o diâmetro da carote
fc - tensão de rotura por compressão da carote
φR - diâmetro do varão de aço
φc - diâmetro da carote
dR - distância do eixo do varão até a face da carote
1 - altura da carote

5.6.2.2.3. - Armadura longitudinal

Procedeu-se a ensaios de tracção de provetes de aço de varões de 6mm e 10mm. O aço


dos varões de 6mm é endurecido a frio (EF) e os varões de 10mm é laminado a quente (LQ).
Os resultados dos ensaios resumem-se ao quadro seguinte

Quadro 3 – Caracterização do aço da armadura longitudinal


Aço Tipo S0 σ p 0.2 / σ eH σm l0 lu − l0 εu
(mm²) (MPa) (MPa) (mm) (mm) (%)
φ6 EF 29.0 515 710 30 6.7 22.3

φ10 LQ 81.4 481 568 50 15.8 31.6

Lajes Fungiformes 81
Série Estruturas Betão Armado

Em que:
S0 - área inicial.
σ p 0.2 - tensão limite convencional de proporcionalidade a 0.2% do aço

σ eH - tensão cedência superior do aço


σm - tensão de rotura à tracção do aço
l0 - comprimento inicial entre referências
lu - comprimento final entre referências
εu - extensão após rotura

5.6.2.2.4. - Perfis de reforço

Para a caracterização do aço dos perfis utilizados na execução do reforço foram


ensaiados três provetes, representativos das chapas de aço utilizadas, de acordo com a NP-105
[6]. No quadro seguinte encontram-se os resultados destes ensaios.

Quadro 4 – Caracterização do aço dos perfis de reforço


S0 σ eH σm l0 lu − l0 εu
(mm²) (MPa) (MPa) (mm) (mm) (%)
120 376.8 465.1 89.0 22.5 25.3

5.6.2.2.5. - Resina epoxi

A resina utilizada foi fornecida pela firma EDILON BV e tem a designação comercial
de EDILON VP941205. Trata-se de uma resina elaborada pela referida firma especificamente
para aplicação neste ensaio.

Foram levados a cabo ensaios de tracção e de resistência ao corte da ligação aço-resina.


Estes ensaios foram executados de acordo com a metodologia desenvolvida por [7].

Lajes Fungiformes 82
Série Estruturas Betão Armado

Os ensaios de tracção foram realizados em cinco provetes com dimensões aproximadas


de 250x30mm² e 2mm de espessura. A tensão média de rotura à tracção da resina epoxi foi de
43.5 MPa.

Os provetes para os ensaios de resistência ao corte da ligação aço-resina são


constituídos por três chapas metálicas, com 250x50mm² e 3mm de espessura, decapadas a
jacto de areia. Estas chapas, de aço Fe360, são coladas de forma a haver duas áreas
sobrepostas com 100x50mm². O ensaio é feito à tracção, até se obter a rotura por aderência da
resina ao aço, devido às tensões tangenciais desenvolvidas. O valor médio da resistência ao
corte foi de 4.1 MPa.

5.6.2.3. - MODELO PR3

5.6.2.3.1. - Geometria do modelo

O modelo utilizado neste ensaio consiste num painel de laje de betão armado, com
dimensões de 1800x1800mm² em planta e 100mm de espessura. A secção transversal do pilar
central, onde serão aplicadas as cargas, tem 200x200mm².

Figura 1 – Geometria do modelo PR3

Lajes Fungiformes 83
Série Estruturas Betão Armado

As armaduras longitudinais de flexão consistiam de varões de 6mm afastados de


200mm para armadura inferior, sendo a superior constituída por varões de 10mm afastados de
75mm.
Para simular as condições de apoio, foi utilizado o dispositivo que se pode observar na
figura 1.

Para limites do modelo, com atrás já referido, foram consideradas as linhas de


momentos nulos, sendo a carga aplicada no centro de laje. Desta forma foram libertadas as
rotações e impedidos os deslocamentos verticais nos bordos do modelo.

O sistema de carga era constituído por um macaco hidráulico (ENERPAC RCS 502).

5.6.2.3.2. - Instrumentação do ensaio

Os deslocamentos foram medidos em três pontos, como se pode ver na figura 2. Foram
utilizados deflectómetros analógicos, sendo as leituras feitas manualmente para cada patamar
de carga. Junto à rotura estes foram retirados para não serem danificados.

No que respeita à quantificação das cargas aplicadas, foram utilizadas duas células de
carga (NOVATECH tipo F202), localizadas nos pontos indicados na figura 2. A aplicação da
carga foi feita através da utilização de uma bomba hidráulica manual (ENERPAC P80)

Durante a primeira fase do ensaio foram utilizados extensómetros de resistência


eléctrica, do tipo FLA-5-11-3L da T.M.L., colados aos varões de aço da armadura superior,
como se indica na figura 2.

Lajes Fungiformes 84
Série Estruturas Betão Armado

Figura 2 – Instrumentação do modelo PR3

5.6.2.3.3. - Execução do ensaio

O ensaio foi realizado em duas fases completamente distintas, como já se referiu


anteriormente. Numa primeira fase e partindo-se do modelo intacto, este foi carregado até se
atingir a rotura por punçoamento. Esta rotura foi atingida para uma carga aplicada de 180 KN.

Em seguida foi removido todo o betão danificado. Procedeu-se à sua substituição pelo
betão de reparação. A superfície do betão velho foi humidificada para garantir uma melhor
ligação entre os dois betões. O betão adicionado foi devidamente vibrado e curado.

Ao 15º dia do betão de adição, a laje foi de novo ensaiada até se atingir uma rotura por
punçoamento. Esta rotura foi alcançada para uma carga aplicada de 183 KN.

5.6.2.3.4. - Análise dos resultados

5.6.2.3.4.1. - Fendilhação

Na primeira fase do ensaio, à medida que se aplicava a carga, foi possível visualizar
fendas na fase superior das lajes paralelas às faces do pilar (fendilhação tangencial). Estas

Lajes Fungiformes 85
Série Estruturas Betão Armado

fendas foram abrindo com o aumento da carga. Uma outra família de fendas, com direcção
radial, foi-se propagando a partir da zona do pilar até atingir o bordo da laje.

A rotura por punçoamento resultou do prolongamento de uma das fendas tangenciais,


desde a face da laje em tracção (superior), segundo uma superfície inclinada, até à intersecção
da zona carregada com a face em compressão, formando assim a superfície de rotura tronco-
cónica típica do punçoamento.

Na segunda fase, observou-se a reabertura das fendas existentes, para valores de carga
bastante baixos. A esta reabertura de fendas, seguiu-se o desenvolvimento de novas fendas no
betão de reparação, num processo em tudo idêntico ao já descrito para a primeira fase, e que
levaram à rotura por punçoamento.

5.6.2.3.4.2. - Comportamento na rotura

Na laje reparada a rotura não se verificou pela ligação entre os dois betões, mas sim
pelo betão velho. Este facto é importante, visto não se ter utilizado nenhum produto especial
na junta da betonagem, com vista a melhorar a aderência entre os dois betões.

Tendo em conta a existência de pequenas excentricidades de aplicação da carga, devido


a imperfeições na sistema de carregamento, tanto na primeira como na Segunda fase,
procedeu-se ao cálculo do valor efectivo da força de punçoamento, segundo alguns
regulamentos. Estas excentricidades na rotura foram de 0.05m na primeira fase e de 0.016m
na Segunda. Comparam-se no quadro seguinte as cargas de rotura obtidas, com os valores de
carga resistentes prevista por cada um dos regulamentos.

Verifica-se que, embora a carga de rotura experimental (Pu ,exp ) seja da mesma ordem de

grandeza nas duas fases, o valor da força efectiva de punçoamento é, em geral maior na
primeira fase que na segunda, devido ao facto da excentricidade ter sido maior naquela fase.

Em relação ao quociente Pu ,eff / PRm que traduz o desvio entre a formulação proposta por

cada um dos regulamentos utilizados e o valor do ensaio, verifica-se que enquanto na primeira

Lajes Fungiformes 86
Série Estruturas Betão Armado

fase a média deste coeficiente é de 1.01, na segunda fase, o valor dessa média é somente de
0.82. Conclui-se assim, que neste caso, se pode considerar um coeficiente de monolitismo
para a resistência da laje reparada, de 0.82.

Quadro 5 – Cargas de rotura


Pu ,exp Pu ,eff PRm
Fase Pu ,eff / PRm
(kN) (kN) (kN)
REBAP [3] 228.2 222.2 1.03
1ª fase 180 EC2 [10] 207.0 235.0 0.88
MC90 [18] 211.2 219.2 0.96

REBAP [3] 198.7 265.2 0.75


2º fase 183 EC2 [10] 210.5 280.9 0.75
MC90 [18] 193.1 234.5 0.82

5.6.2.4. - MODELO PR4

5.6.2.4.1. - Geometria do modelo

O modelo utilizado neste ensaio é constituído por um painel de laje de betão armado
com dimensões de 3300x3300mm² em planta e 100mm de espessura. O pilar central tem as
dimensões de 200x200mm² tendo uma altura total de 3300mm, dos quais 1550mm são para
baixo do plano médio da laje. Como já se referiu atrás, as linhas limite do modelo
correspondem às linhas de meio vão.

Lajes Fungiformes 87
Série Estruturas Betão Armado

Figura 3 – Geometria do modelo PR4

As armaduras longitudinais de flexão, tanto a superior como a inferior, foram


dimensionadas para o carregamento correspondente a um edifício corrente. O recobrimento
utilizado foi de 10mm. Na figura 4 encontram-se os esquemas de armaduras do modelo.

Figura 4 – Armaduras longitudinais de flexão

Lajes Fungiformes 88
Série Estruturas Betão Armado

Atendendo a que os limites do modelo são as linhas de meio vão, e que a tendência
natural deste ao ser carregado verticalmente seria o de se deformar como uma consola, houve
que garantir rotação nula do bordo do modelo. Para conseguir este objectivo e, simular a linha
de simetria do meio vão dos paineis da laje, recorreu-se a uma estrutura metálica auxiliar
esquematizada na figura 5.

Esta estrutura é constituida por vigas de grande rigidez à flexão, colocadas duas a duas
nos bordos livres do modelo, ligadas entre si por escoras articuladas, compostas por tubos
metálicos ajustáveis em comprimento. As vigas foram suspensas na face inferior do modelo e
aparafusadas com o auxílio de uma chapa metálica colocada na face superior.

Figura 5 – Dispositivo de ensaio para garantir rotação nula do bordo da laje

Com esta estrutura introduziram-se momentos positivos no bordo do modelo,


simulando-se assim, os momentos existentes no meio vão da laje e impondo-se igual rotação
nos bordos opostos do modelo.

O apoio da base do pilar foi feito através de uma rótula esférica, pretendendo-se desta
forma simular o ponto de momentos nulos a meia altura dos pilares. Foi colocada uma célula
de carga apoiada na laje do laboratório. Sobre a referida célula colocou-se uma chapa de aço
contendo uma cavidade para acamar uma esfera. Finalmente, à esfera sobrepõe-se outro chapa

Lajes Fungiformes 89
Série Estruturas Betão Armado

de aço que tinha sido colocada na extremidade do pilar aquando da sua betonagem, chapa
essa, contendo igualmente uma cavidade.

Devido ao sistema instável deste apoio, os bordos do modelo foram fixos ao piso do
laboratório, por cabos de aço de pré-esforço com diâmetro de 0.6”. À medida que a carga
vertical era aplicada, e a laje se deslocava verticalmente, estes cabos iam sendo reajustados,
sem contudo introduzir forças significativas na laje.

O sistema de carga é constituído por quatro cruzetas de distribuição assentes sobre o


modelo, sendo cada uma colocada no centro de cada quarto do modelo (ver figura 3).

A carga é aplicada através de um cordão de pré-esforço ligado à viga superior da


cruzeta. Este cordão passa por um orifício existente no modelo e suspende uma das
extremidades de uma das duas vigas metálicas colocadas inferiormente à laje. Em cada uma
destas vigas é aplicada uma carga a meio vão, através duma barra DYWIDAG. Essa barra
atravessa a laje do laboratório, sendo tracionada por um macaco hidráulico colocado sob a laje
de reacção.

Foram utilizados dois macacos hidráulicos ENERPAC RCH 606 de 600 KN com um
curso de 15cm, ligados entre si pelo mesmo circuito hidráulico de forma a garantir igual
pressão nos dois. Para aplicação e controle de pressão utilizou-se uma unidade de controle de
pressão hidráulica da WALTER + BAI AG, modelo PKNS 19-DH.

5.6.2.4.2. - Instrumentação do ensaio

Para medir os deslocamentos verticais da laje em relação ao pilar, foram utilizados oito
deflectómetros electrónicos. Estes deflectómetros foram fixos a uma viga metálica por
intermédio de bases magnéticas. Por sua vez esta viga foi fixa ao pilar com o auxilio de
buchas.

Colocaram-se ainda dois deflectómetros por debaixo da laje, com o objectivo de medir
o deslocamento horizontal relativo entre a laje e o perfil.

Lajes Fungiformes 90
Série Estruturas Betão Armado

A quantificação da carga aplicada ao modelo foi feita através de cinco células de carga:
uma em cada cruzeta de aplicação de cargas e a restante na base do pilar, com o objectivo de
medir a reacção vertical.

Para quantificar os esforços transmitidos pela laje aos perfis metálicos, foram utilizadas
oito rosetas de três extensómetros eléctricas. Estas rosetas foram colocadas agrupadas duas a
duas, em faces opostas dos perfis, por forma a permitir calcular a tensão normal e o esforço
transverso instalado nos perfis.

5.6.2.4.3. - Execução do ensaio

O modelo foi inicialmente levado à rotura por punçoamento excêntrico, ensaio


elaborado em 1993 [1].

Em seguida procedeu-se à remoção de todo o betão danificado. Para repor a geometria


inicial da laje foi adicionado betão não retráctil. A superfície do betão velho foi humidificada
para garantir uma melhor ligação entre os dois betões. O betão de adição foi devidamente
vibrado e curado.

Seguiu-se a preparação das superfícies de betão, da face inferior da laje e do pilar, para
a colocação do capitel metálico de reforço.

O capitel metálico foi feito com perfis UNP100. É constituído por dois meios capiteis
que depois de colocados em torno do pilar, são soldados entre si (figura 6). Após se ter
procedido à colocação dos dois meios capiteis e de se ter executado a soldadura, estes foram
fixos ao pilar com quatro buchas metálicas expansivas, uma em cada face do pilar. As buchas
utilizadas são do tipo HSL-TZ M8 da Hilti, tendo o momento de aperto sido o recomendado
pelo fabricante.

Lajes Fungiformes 91
Série Estruturas Betão Armado

Figura 6 – Geometria do capitel de reforço

A fase seguinte foi a injecção da resina epoxi, com o objecto de colar o capitel metálico
ao betão. Procedeu-se à injecção do espaço existente entre o capitel e o pilar e ainda, do
existente entre o capitel e a face inferior da laje. A resina colocada neste último local tem
como finalidade o preenchimento do espaço necessariamente existente entre a laje e o capitel,
de modo a que este seja solicitado logo desde o início do carregamento.

O ensaio à rotura foi efectuado 24 dias após a injecção da resina epoxi e 51 dias após a
colocação do betão de adição.

O modelo foi carregado verticalmente até à rotura, que se deu por flexão.

5.6.2.4.4. - Análise dos resultados

Observou-se a entrada em cedência das armaduras da laje, para uma carga de cerca de
250 KN, na zona de momentos negativos.

Lajes Fungiformes 92
Série Estruturas Betão Armado

A carga de rotura foi 375 KN. A rotura deu-se por flexão e não por punçoamento, como
tinha ocorrido na primeira fase do ensaio. Neste aspecto, a operação de reparação e reforço foi
bem sucedida. De referir que a carga prevista para a rotura por flexão, calculada com base no
método das linhas de rotura, é de 380 KN. No quadro seguinte apresenta-se os valores
previstos para a resistência, correspondente aos vários mecanismos de rotura possíveis de
ocorrerem.
Quadro 6 – Previsões para os valores da força resistente
Flexão Punçoamento pelo interior Punçoamento pelo exterior
Modelo Pu ,exp ( kN )
P ( kN ) P ( kN ) P ( kN ) P ( kN ) P ( kN )
Rm , flexão u ,eff Rm ,int u ,eff Rm ,ext

REBAP 398 519 (199+320) 380 512


PR4 375 380 EC2 431 515 (195+320) 431 207
MC90 386 512 (192+320) 379 477
(1) (2) (3) (4) (5) (6)

(1) Pu ,exp - valor de carga de rotura experimental

(2) PRm , flexão - valor da resistência à flexão da laje

(3,5) Pu ,eff - valor efectivo da força de punçoamento

(4) PRm,int - valor resistente da força de punçoamento no perímetro interior

considerando a resistência da laje adicionada da resistência ao corte da


ligação do capitel metálico ao pilar
(6) PRm ,ext - valor resistente da força de punçoamento no perímetro exterior

A evolução da tensão axial nos perfis do capitel de reforço foi sensivelmente


proporcional à evolução da carga, não se verificando uma variação acentuada entre as
diversas barras, como pode ser observado na figura 7.

O facto de existirem tensões axiais nos perfis, revela à importância da resina epoxi
injectada entre o capitel e a face inferior da laje. A aderência da resina e/ou o atrito entre a
laje e o perfil, permitiram desenvolver forças de corte na interface dos dois materiais, levando
a que o conjunta laje + capitel metálico funcionasse como secção mista.

Lajes Fungiformes 93
Série Estruturas Betão Armado

No entanto, e à medida que a carga ia crescendo, houve deslizamento entre os perfis e a


laje. Este deslocamento denuncia o esgotamento da resistência ao corte da resina na ligação.
O fenómeno pode ser visualizado nos gráficos referidos, em que se observa., a partir de uma
certa carga, um decréscimo brusco da tensão axial.

A evolução do esforço transverso nos perfis que constituem o capitel de reforço foi
sensivelmente proporcional à carga aplicada, não se tendo verificado, também, uma diferença
acentuada dos esforços entre barras (figura 8).

De notar que a solicitação do capitel começa logo no início do carregamento


denunciando, assim, a eficácia da resina existente entre o perfil e a face inferior, na
transmissão da carga ao perfil.

Extrapolando os resultados obtidos nas quatro barras instrumentais para as oito


existentes, verifica-se que na rotura a soma dos esforços transversos nas oito barras, a 10cm
da face do pilar, é cerca de 60% da carga aplicada.

5.6.3 CONCLUSÕES FINAIS


A técnica de reparação de lajes fungiformes por reposição do betão danificado pela
rotura por punçoamento, é susceptível de ser utilizada na reparação pontual de lajes
fungiformes, com problemas de rotura por punçoamento, desde que não se pretenda um
acréscimo de resistência.

A técnica de reparação e reforço de lajes fungiformes através da substituição do betão


danificado e da colocação de um capitel metálico, ligado à estrutura de betão com buchas
metálicas e resina epoxi, cumpriu os objectivos para a qual tinha sido concebida, tendo-se
conseguido evitar uma rotura frágil por punçoamento.

Lajes Fungiformes 94
Série Estruturas Betão Armado

Figura 7 – Evolução da tensão axial com a carga

Figura 8 – Evolução do esforço transverso com a carga

Lajes Fungiformes 95
Série Estruturas Betão Armado

6. DISPOSIÇÃO DE ARMADURAS EM LAJES FUNGIFORMES

Nas lajes fungiformes existem esforços devido às acções horizontais o que torna mais difícil a
definição de disposições tipo. Sòmente quando o dimensionamento é condicionado pelas acções
verticais e que apresentam uma certa regularidade é possível definir uma “disposição tipo” (figuras
37 a) e b) ). Uma vez que a armadura tem a mesma distribuição nas duas direcções, e para facilidade
de leitura da figura, apresenta-se apenas a disposição segundo uma direcção. A dispensa de
armaduras neste tipo de lajes deve ser em geral realizada com base na distribuição de esforços.

l x /4 l x /2 l x /4

C L C
A s y /2 A s y /2 A s y /2
a ay

C
A s y /2 L
A s y /2
ly
C
A s y /2

a ay

l y /4 l x /4

lx

F A C E IN T E R IO R D O P A IN E L

Figura 37 a)

Na dispensa da armadura positiva, há que ter em conta os momentos positivos que podem ocorrer na
zona do apoio devido a acções horizontais, em particular a acção sísmica. A pormenorização da
armadura negativa sobre o apoio deve ser especialmente cuidada devido à concentração de esforços

Lajes Fungiformes 96
Série Estruturas Betão Armado

naquela zona. Numa largura bm = bp + 4d (figura 38) é aconselhável reduzir o espaçamento entre
varões, não excedendo o valor de d /2.

L
0.2A sx

l y/2

L L
A sy A sy by

C by
A sy
L
0.2A sx l y/2

bx bx

lx

FACE SUPERIOR CENTRADA NUM PILAR

ay = 0,25 ly+lb net; by = 0,20 ly+lb net


Figura 37 b)

a
<d/2 bm/2

bp+4d bp

bm/2

− Zona em que há conveniência em concentrar a armadura com um espaçamento


máximo de d/2. Há, no entanto, que permitir a vibração do betão em condições aceitáveis

Figura 38

Lajes Fungiformes 97
Série Estruturas Betão Armado

Tanto para as lajes fungiformes maciças como para as aligeiradas devem cumprir-se as disposições
de armaduras e comprimentos de amarração que se indicam na figura 39.

Secção X − X

>0.35L >0.35L >0.35L

>0.25L >0.25L >0.25L

>0.15m

<0.125 L <0.125 L

>0.35L >0.35L >0.35L

>0.25L >0.25L >0.20L

>0.20L >0.20L >0.25L

>0.25L >0.25L >0.25L

<0.125 L <0.125 L

>0.25L >0.25L >0.25L

>0.15m

<0.125 L <0.125 L

>0.25L >0.25 L >0.15 L

>0.15L >0.15L >0.25L

>0.25L >0.25L >0.25L

Figura 39

Lajes Fungiformes 98
Série Estruturas Betão Armado

NOTA: As armaduras inferiores na faixa dos apoios devem cruzar a zona do apoio, nos casos em
que se tenha de ter em conta no cálculo acções devidas a efeitos sísmicos.

Lajes Fungiformes 99
Série Estruturas Betão Armado

7. – COMPARAÇÃO DA PARAMETRIZAÇÃO EM ESTRUTURAS PORTICADAS DE


EDIFÍCIOS DE BETÃO ARMADO – REBAP / EUROCÓDIGO 8

7.1. – INTRODUÇÃO

A futura implementação dos Eurocódigos vai introduzir diferenças com algum


significado na prática corrente de projecto. No que se refere às estruturas de edifícios de betão
armado, têm particular importância o Eurocódigo 1 (EC1) – Bases para a Concepção e Acções
em Estruturas[9], o Eurocódigo 2 (EC2) – Projecto de Estruturas de Betão – Parte 1 : Regras
Gerais e Regras para Edifícios [10] e, uma vez que o território Português está localizado numa
região sísmica, o Eurocódigo 8 (EC8) – Parte 1 : Projecto de Estruturas em Regiões
Sísmicas[11].

O EC1 e o EC2, não vêm introduzir no projecto de edifícios, alterações muito


profundas em relação aos regulamentos nacionais actualmente em vigor: o RSA –
Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes [12] e o REBAP –
Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado [3].
No EC2, são de salientar as diferenças no tratamento dos Estados Limites Últimos de
Encurvadura e de Esforço Transverso (embora neste último se mantenha o método padrão,
semelhante ao preconizado no REBAP) e dos Estados Limites de Utilização, em particular no
que concerne à fendilhação e à quantificação das armaduras mínimas.
O EC8 é aquele que irá certamente causar maiores alterações na prática corrente de projecto,
conduzindo, sobretudo nas zonas dos nós de ligação pilar-viga, a pormenorizações de
armaduras bastante diferentes das actualmente praticadas.

A apresentação de uma análise comparativa da aplicação do REBAP e do Eurocódigo 8 a


estruturas de edifícios de betão armado em zonas sísmicas, revela-se importante, dada a
situação decorrente da perspectiva de implementação deste último a breve prazo. Serão aqui
descritas as alterações nos conceitos globais de análise sísmica.

O objectivo desta análise, é comparar a aplicação do EC8 e do REBAP, no que se


refere ao efeito do sismo, relativamente ao cálculo e pormenorização de pilares e vigas e

Lajes Fungiformes 100


Série Estruturas Betão Armado

ainda dos nós de ligação pilar-viga, e em paralelo a ligação pilar-laje maciça. Esta análise é
apresentada sob a forma de quadros-resumo, onde serão referidas as verificações necessárias
efectuar nos próprios nós de ligação.

7.2. – QUANTIFICAÇÃO DA ACÇÃO SÍSMICA

A definição do zonamento do território nacional e a quantificação da acção sísmica em


cada região será objecto do documento nacional de aplicação (DNA), elaborado pelas
autoridades nacionais competentes. Este documento não se encontra ainda publicado, não
sendo ainda conhecidos os valores propostos para a acção sísmica. É, no entanto, conhecida
toda a metodologia utilizada no EC8 para a definição da acção sísmica, sendo de salientar
alguns aspectos seguidamente referidos.

A acção sísmica passa a ser definida básicamente por espectros de resposta, podendo,
em alternativa, utilizar-se espectros de potência ou mesmo, para análises não lineares, sinais
sísmicos gerados a partir dos espectros de potência (análise no tempo). A combinação em que
a acção variável de base é o sismo é definida através da expressão :

∑G ki + Pk + γ Ι AEd + ∑ψ 2 Ei Qki
Em que :

Gki - valor característico da acção permanente i (ou dos seus efeitos);

Pk - valor característico do pré-esforço;

γ Ι - coeficiente de importância;
AEd - valor de cálculo da acção do sismo;

ψ 2 Ei -coeficiente de combinação para o valor quase-permanente da acção variável i para a


combinação sísmica;
Qki - valor característico da acção variável i.

Da análise desta equação, constata-se que, na combinação em que o sismo é a acção


variável de base, este não é majorado, o que é coerente com o facto de no EC1 o sismo ser
considerado uma acção de acidente. Obviamente que, este aspecto terá como consequência, o

Lajes Fungiformes 101


Série Estruturas Betão Armado

aumento do valor de cálculo da acção sísmica a definir no DNA em relação ao actualmente


preconizado no RSA, de modo a pelo menos se garantir o mesmo nível de segurança.

Surgiu um novo coeficiente - γ Ι - coeficiente de importância, que tem a ver com o


nível de utilidade pública da construção e das consequências do seu potencial colapso, e que
estabelece um aumento do nível de segurança para as construções cuja manutenção em
funcionamento após a ocorrência de um sismo seja fundamental ou para os edifícios com
valor patrimonial. No Quadro 1 [11], indicam-se os valores preconizados para este
coeficiente.

Quadro 1 – Valores do coeficiente de importância γ Ι

Edifícios Coef. Import. γΙ


De importância vital: hospitais, bombeiros, centrais de energia, etc. 1.4
Importantes: escolas, instituições culturais, câmaras municipais, etc. 1.2
Edifícios correntes de habitação ou serviços 1.0
De pouca importância: edifícios agrícolas, armazéns, etc. 0.8

Os métodos de análise estrutural considerados são fundamentalmente a análise


dinâmica baseada num comportamento elástico do material, plana ou tridimensional, e a
análise simplificada através de forças estáticas equivalentes. Em alternativa, nos casos em que
seja justificado, pode ser utilizada a análise dinâmica não linear. Para as situações comuns, a
opção entre a análise dinâmica (plana ou tridimensional) e a análise através de forças estáticas
equivalentes é condicionada pelas condições de regularidade da estrutura de acordo com o
indicado no Quadro 2 [11].

Quadro 2 – Tipo de análise em função das condições de regularidade estrutural

Regularidade Simplificação permitida Coeficiente de


Planta Altura Modelo Análise comportamento
Sim Sim Plano Simplificada Valor de base
Sim Não Plano Multi-modal ≤ Valor de base
Não Sim Tridimensional Multi-modal Valor de base
Não Não Tridimensional Multi-modal ≤ Valor de base

Lajes Fungiformes 102


Série Estruturas Betão Armado

O recurso à análise simplificada pressupõe a consideração dos efeitos da torção global


do edifício através de uma das seguintes alternativas:
um factor correctivo das forças de translação variável de pórtico para pórtico (idêntico ao
preconizado no RSA) para edifícios regulares em planta e em altura;
uma estimativa das forças devidas à torção global através do cálculo simplificado do centro de
rigidez de cada piso para certos edifícios regulares apenas em altura.

No Quadro 2, a análise por forças estáticas equivalentes só é admissível para valores


da frequência própria fundamental acima de certos limites [11]. Da mesma forma, um edifício
não regular em planta, mas com regularidade em altura, pode ser alvo de uma análise plana
simplificada desde que se cumpram certos requisitos relativos à distribuição de massas e de
rigidezes em altura e existam pavimentos rígidos no seu plano (anexo B, parte 1-2 do EC8)
[11].

Um aspecto positivo deste novo código é o facto de, para além de condicionar o
modelo de análise à regularidade da estrutura, classificar essa mesma regularidade através de
um conjunto de regras objectivas, em planta e em altura. Em contrapartida, algumas das
regras que permitem justificar a utilização de modelos de análise estrutural mais simplistas
são de demonstração trabalhosa com recurso apenas a esses mesmos modelos, pelo que o
projectista é praticamente conduzido a recorrer a análises mais complexas, mesmo em
estruturas que a sua sensibilidade classifica inequivocamente como regulares.

Enquanto que no REBAP são considerados dois níveis de ductilidade para as


estruturas – estruturas de ductilidade normal e estruturas de ductilidade melhorada, no EC8
são definidas três classes de ductilidade: baixa ductilidade – DCL (low); ductilidade média –
DCM (medium) e alta ductilidade – DCH (high).
A classe de ductilidade adoptada no projecto tem implicações na quantificação da acção
sísmica, através do coeficiente de comportamento, e no cálculo e pormenorização de
armaduras, de modo a garantir o nível de ductilidade requerido.

De acordo com o EC8, o valor do coeficiente de comportamento, para as estruturas de


betão armado, é definido através da equação [11]:

q = qo k D k R kW ≥ 1.5

Lajes Fungiformes 103


Série Estruturas Betão Armado

em que :
qo - coeficiente de comportamento de base dependente do sistema estrutural (Quadro 3);

1.00 DCH

k D = 0.75 DCM
 0.50 DCL

1.00 estruturas regulares em altura


kR = 
0.80 estruturas não regulares

1.00 estrutura tipo pórtico


 1
kW =  ≤ 1 estruturas laminares
 2.5 - 0.5α O

h w (altura total da zona deformável da parede)


α O =
lw (dimensão da sua secção transversal)

Quadro 3 – Coeficiente de comportamento de base qo

Sistema Estrutural qo

Pórtico 5.0
Misto Pórtico Equivalente 5.0
Parede Equivalente c/ paredes acopladas 5.0
c/ paredes desacopladas 4.5
Acopladas 5.0
Paredes Desacopladas 4.0
Núcleo 3.5
Pêndulo 2.0

As estruturas mistas pórtico-parede são designadas por pórtico equivalente quando


mais de 50% das forças horizontais são absorvidas pelos pórticos, passando-se o inverso nas
estruturas mistas designadas por parede equivalente.

Lajes Fungiformes 104


Série Estruturas Betão Armado

As estruturas laminares são designadas por paredes acopladas quando pelo menos duas
paredes se encontram ligadas através de lintéis de ductilidade adequada e por paredes
desacopladas no caso inverso.
O sistema estrutural designado por núcleo carece de resistência significativa a forças
na periferia (estrutura mista com um núcleo de paredes localizado no centro do edifício).
O sistema designado por pêndulo é caracterizado por 50% da sua massa se encontrar
concentrada no terço superior da estrutura ou quando a dissipação de energia se faz
fundamentalmente na base de um único elemento estrutural isolado [11].

Estão também previstas verificações locais suplementares relativas à acção sísmica


para elementos não estruturais (chaminés, cornijas, estatuetas, etc.) cuja queda, causa, como
se sabe, uma percentagem significativa das perdas humanas durante a ocorrência dos sismos,
em particular os de menor intensidade. Estas verificações deverão ser efectuadas com
coeficientes de comportamento inferiores aos acima referidos, variando entre 1.0 e 2.0.

Outro aspecto inovador do EC8 é a definição de um “sismo de serviço”, para o qual se


verifica um estado limite de utilização para a actuação de um sismo “frequente” (com um
período de retorno igual ao sismo de projecto). Esta verificação consiste numa limitação do
deslocamento relativo entre pisos e tem por objectivo limitar os danos nas alvenarias e
envidraçados. Este sismo é obtido dividindo o sismo de projecto por um coeficiente de
redução ν que varia entre 2.0 e 2.5, em função de γ Ι (Quadro 1).

7.3. – VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA EM ESTRUTURAS RETICULADAS:

Neste capítulo, apresenta-se a comparação entre as prescrições regulamentares do


REBAP, para as estruturas de ductilidade normal e melhorada, e do EC8, para as três classes
de ductilidade (baixa, média e alta), relativas à verificação da segurança para as acções
sísmicas de elementos viga, pilar e nós de ligação pilar-viga. Com o objectivo de não tornar
muito extenso este texto, não foram considerados os elementos parede e a influência dos
elementos não estruturais. Com esta selecção, procurou-se também abarcar os elementos mais
representativos e usuais em edifícios correntes.

Lajes Fungiformes 105


Série Estruturas Betão Armado

A comparação entre as duas normas é apresentada nos Quadros 4 a 13 [13], de modo a


facilitar a sua compreensão, permitindo também um formato mais compacto. Foram tratados
separadamente as vigas, os pilares e os nós, tendo dentro de cada um destes, sido
individualizados os seguintes aspectos:
- condicionantes geométricas do elemento;
- determinação dos esforços de cálculo das armaduras de flexão;
- disposições construtivas relativas às armaduras longitudinais;
- determinação dos esforços de cálculo das armaduras de esforço transverso;
- disposições construtivas relativas às armaduras transversais.

É introduzido no EC8, um conjunto de disposições construtivas relativas ao nó de


ligação pilar-viga propriamente dito. Estas regras são apresentadas sucintamente no Quadro
14 e reportam-se fundamentalmente a limitações de índole geométrica, determinação de
esforços de cálculo, limitação da tensão de compressão no betão e pormenorização das
armaduras vertical e horizontal no nó. Algumas destas regras são redundantes já que resultam
do cumprimento das regras relativas às zonas críticas das vigas e pilares.

Salientam-se seguidamente os aspectos constantes dos quadros acima referidos, que se


consideram mais importantes no projecto de edifícios.

O conceito de zona crítica, já previsto para as estruturas de ductilidade melhorada no


REBAP, aplica-se no EC8 a todas as classes de ductilidade. Este aspecto é particularmente
importante já que, para estas zonas, aquelas em que os danos se concentram e das quais quais
vai depender a resposta e ductilidade globais da estrutura, existe um conjunto de regras de
pomenorização, que passam a ser obrigatórias em qualquer edifício. A aplicação destas regras
em projecto, ir-se-á traduzir num aumento apreciável do tempo e dificuldade do cálculo, para
além dos custos inerentes às maiores quantidades de materiais a aplicar. No entanto, deve-se
salientar que do cumprimento destas regras resulta um efectivo melhor comportamento da
estrutura face à acção sísmica.

O cálculo e pormenorização das zonas críticas vai tornar necessário, em muitos casos,
o recurso ao cálculo dos esforços através de uma análise plástica (“capacity design”). Este

Lajes Fungiformes 106


Série Estruturas Betão Armado

método consiste em garantir que, na hipótese de se mobilizar o mecanismo de colapso mais


desfavorável para cada troço de elemento estrutural, tomando ainda em consideração as
eventuais sobreresistências dos materiais, as zonas críticas estão dimensionadas para resistir
aos esforços que estáticamente resultam das hipóteses acima referidas (figuras dos Quadros 6
e 12).

O objectivo deste processo é garantir a máxima ductilidade do sistema estrutural,


tomando em consideração dois conceitos fundamentais:
as roturas por corte são pouco dúcteis, devendo ser preteridas às roturas por flexão;
a formação de rótulas plásticas junto aos nós deve ocorrer preferencialmente nas vigas em vez
de nos pilares.

Esta segunda condição explica-se pelos seguintes factores:


a rotura de uma viga, em princípio só implica a formação de um mecanismo local, não
envolvendo a rotura global do edifício;
a formação de rótulas plásticas nos pilares envolve um aumento significativo dos efeitos de
segunda ordem, que aceleram o colapso;
os mecanismos globais de rotura associados a rótulas plásticas nas vigas dissipam mais
energia por haver um número muito superior de rótulas plásticas;
para se formar um mecanismo global, em que esteja garantido que, em todos os nós as rótulas
se formam nas vigas, é mesmo ainda assim necessário que se formem rótulas plásticas em
todos os pilares de um mesmo piso.

A aplicação da “capacity design” na determinação dos esforços de dimensionamento


conduz nalgumas situações e, em particular nos pilares, a um acréscimo significativo em
relações aos valores obtidos da análise elástica. Em consequência, tem de passar a haver uma
maior preocupação no sentido de aproximar a resistência efectiva dos elementos da resistência
mínima necessária (ao nível das dimensões dos elementos e das quantidades de armadura),
por forma a minimizar as sobreresistências daí resultantes.

Uma diferença importante no EC8 em relação ao REBAP é o facto de, para a


combinação sísmica e para estruturas de esbelteza média (mesmo que sem paredes), ser
permitida a dispensa da consideração dos efeitos de 2º ordem (Quadro 9). Isto acontece

Lajes Fungiformes 107


Série Estruturas Betão Armado

mesmo nas situações em que, para as restantes combinações, essa verificação é obrigatória.
Esta dispensa faz sentido na medida em que, para a acção sísmica, os efeitos de 2º ordem são
geralmente pouco significativos em relação aos de 1ª ordem.

O processo de determinação da armadura transversal nas zonas críticas dos pilares, de


acordo com o EC8 é bastante complexo, em particular pelo facto de ser também aplicável às
estruturas mais correntes da classe de ductilidade mais baixa. Poderá ser simplificado através
da elaboração de tabelas que, em função do tipo de cintagem, forneçam, um valor numérico
do grau de confinamento global de uma forma directa [14,15]. No entanto, para as estruturas
de baixa ductilidade talvez fosse conveniente prescrever no código regras de pormenorização
de aplicação prática mais simples.

Quanto às verificações regulamentares relativas aos nós de ligação pilar-viga, elas


apenas afectam as estruturas das classes de ductilidade mais elevadas. Para estas, o processo
de determinação dos esforços de corte de cálculo é muito moroso, havendo ainda a registar no
articulado alguma indefinição na determinação dos valores parcelares.

7.4. – CONCLUSÕES :

Na actual regulamentação (REBAP), o acentuado desequilíbrio em termos de


dificuldade e fluidez no cálculo entre as estruturas de ductilidade normal e as de ductilidade
melhorada, acrescido da ausência de normas que imponham a classe de ductilidade para
determinado tipo de edifícios, tem levado a que sejam praticamente inexistentes os projectos
de estruturas elaborados na hipótese da ductilidade melhorada. Não se quer com isto dizer que
um edifício dimensionado como de ductilidade melhorada tenha necessáriamente um melhor
comportamento sísmico, já que o coeficiente de comportamento utilizado no cálculo aumenta.
Da mesma forma, também não são imediatas quaisquer conclusões ao nível da economia, já
que a menores esforços de cálculo na ductilidade melhorada correspondem disposições
construtivas mais exigentes. Deste raciocínio, resulta que tem de haver um equilíbrio entre
ductilidade e resistência, de modo a garantir um comportamento adequado da estrutura à
acção do sismo.

Lajes Fungiformes 108


Série Estruturas Betão Armado

Do estudo efectuado, transparece uma conjuntura semelhante, ou seja, os projectistas


vão provávelmente continuar a optar pela classe de ductilidade mais baixa. No entanto, a
aplicação do EC8 a estruturas de baixa ductilidade, vai conduzir a uma verificação de
segurança mais elaborada e trabalhosa do que a aplicação do REBAP a estruturas de
ductilidade normal. Porém, é-se de opinião que, de um modo geral, as verificações adicionais
estão correctas do ponto de vista conceptual, conduzindo a uma clara melhoria do
comportamento sísmico das estruturas.

Em face do acima exposto, as conclusões seguidamente apresentadas dizem respeito


fundamentalmente à comparação das estruturas de baixa ductilidade do EC8 com as de
ductilidade normal do REBAP.

É de enaltecer o facto de passar a haver regras objectivas na definição da regularidade


estrutural e nas implicações que esse factor tem no modelo de análise estrutural a utilizar,
conforme referido no Capítulo 2.

A determinação dos esforços de dimensionamento mantém-se, já que não é aplicada a


noção da “capacity design”, quer para vigas quer para pilares. No entanto, no EC8 são
definidas zonas críticas junto aos nós, em relação às quais existe um conjunto adicional de
regras de pormenorização. De entre estas, salientam-se as seguintes:

1 – Reforço da cintagem – Há um acréscimo muito significativo da armadura transversal, em


particular nos pilares, que se traduz num aumento dos custos e numa modificação da forma
das cintas; não obstante esta tendência ser louvável, a sua aplicação prática levanta
dificuldades ao nível do cálculo, montagem e betonagem; para a classe mais baixa de
ductilidade, justificava-se uma eventual simplificação no método de verificação da cintagem
necessária.

2- Diâmetro máximo dos varões longitudinais das vigas nos nós – Esta limitação, que tem por
objectivo garantir uma boa amarração dos varões mas cuja verificação é um pouco
complicada, pode conduzir nalgumas situações a um número elevado de varões de pequeno
diâmetro, com as consequentes dificuldades na betonagem e vibração; em última análise,

Lajes Fungiformes 109


Série Estruturas Betão Armado

pode obrigar a um aumento da secção da viga numa fase do projecto em que tal é
inconveniente.

3 – Armaduras longitudinais máximas e mínimas – No EC8, há uma limitação significativa no


domínio das percentagens de armadura aceitáveis quer nas vigas quer nos pilares, o que
dificulta bastante o cálculo (a título de exemplo, aceitando emendas a 100% dos varões
longitudinais dos pilares, a percentagem máxima de armadura é limitada a 2.0%).

No que se refere às estruturas de média e alta ductilidade do EC8, para além do maior
grau de exigência ao nível das disposições construtivas, o que mais impacto terá no projecto
de estruturas de betão será o processo de cálculo, que deverá passar a ser efectuado em duas
fases:
- o dimensionamento das armaduras, a que corresponde uma pormenorização
provisória dos elementos;
- a análise das zonas críticas com base nessa mesma pormenorização, por forma a
garantir o nível de ductilidade pretendido.
As verificações relativas aos próprios nós de ligação pilar-viga só vão ter reflexos nas
estruturas de mais alta ductilidade, tornando ainda mais moroso o seu cálculo.

Lajes Fungiformes 110


Série Estruturas Betão Armado

7.5. – QUADROS-RESUMO

Quadro 4 [13] – Condicionantes geométricas das vigas


Parâmetro
REBAP EUROCÓDIGO 8
Ducti- Ductilidade melhorada DCL DCM DCH
lidade
normal
Esbelteza l/h ≥ 4 (1)
miníma l – vão
h – alt. total
Largura b ≥ máx.(h/4;20cm)(2) b≥ h w /2.5(3) b ≥ máx.( h w /2.5;20cm)(4)
miníma b - largura; h - (1)
[EC 2 4.3.5.7] [2.7.2.4(1)e(2);2.7.3.4(1)e(2)] (a)
b – (2) ; h w = h (1)

l cr = 2d (5) l cr = k h w (6)
l cr - comprimento das [2.7.2.3.1(1);2.7.3.3.1(1);2.7.4.3.1(1)]
zonas críticas; l cr - (5) ; h w - (3)
Comprimento d –altura útil
k = 1.0 k = 1.5 k = 2.0
das zonas
críticas

(a) Estranha-se o facto de, para a DCM, a condição 2.7.3.4 (2) referir de facto b ≥ h w /4, o que é menos
restritivo que a condição 4.3.5.7 do EC2, que em teoria, se aplica a todas as classes de ductilidade.

Lajes Fungiformes 111


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 5 [13] – Disposições construtivas relativas a armaduras longitudinais das vigas junto
aos nós
Parâmetro
REBAP EUROCÓDIGO 8
Ductilidade Ductilidade DCL DCM DCH
normal (b) melhorada
Profun- x/d ≤ 0.30(1)(a)
didade x – distância da LN
máxima da à fibra comprimida;
linha neutra d – altura útil
Armadura A's
miníma de
β= ≥ 0.5 (2) [2.7.1.3.1.(3)b)]
As
compressão
A's - área efectiva da armadura de compressão ;

A s - área efectiva da armadura de tracção


Armadura 
0.25 (A235) f ctm 60 
miníma de ρ=
As 
× 100 ≥ 0.15 (A400) (3) ρ ≥ máx 0.5 ×100;0.15;  (4)
bt d 0.12 (A500)
 f yk f yk 
tracção (b) 
[2.7.1.3.2.(1) ; EC2 ; 5.4.2.1.1.(1)]
ρ - percentagem de armadura de
ρ - (3); f ctm - valor médio da tensão de rotura do
tracção ; A s - (2); b t - largura
média da zona traccionada da
[ ]
betão à tracção aos 28 dias; f yk MPa - valor ca-

secção; d – (1) racterístico da tensão de cedência à tracção do aço

Armadura inf .
A s máx.
miníma (b)
inf.
A s mín. ≥ (5) [EC2 ; 5.4.2.1.4.(1)]
4
inf. inf .
A s mín. - mínima área efectiva da armadura inferior em todo o vão; A s máx. - máxima área
efectiva da armadura inferior em todo o vão

A s ≥ 2φ12 / face A s ≥ 2φ 14(S400)/face (8)

(6) [2.7.2.3.2.(1)b);2.7.3.3.2.(1)b)]
A s - (2) A s - (2)

Lajes Fungiformes 112


Série Estruturas Betão Armado
Quadro 5 (continuação)
sup.
sup. A
sup. A s mín. ≥ s máx. (7)
sup. A 4
A ≥ s máx. (7)
[2.7.2.4.(3);2.7.3.4.(3)]
s mín.
4
sup.
A s mín. - mínima área efectiva da
armadura superior em todo o vão;
sup.
A s máx. - máxima área efectiva da
armadura superior em todo o vão

Armadura inf.
A s máx.vão
(9) [EC2 ; 5.4.2.1.2.(1)]
sup.
superior A s mín. apoio ≥
4
miníma nos sup.
A s mín. apoio - mínima armadura superior nos apoios
apoios
simples simples em construções monolíticas;
inf.
A s máx.vão - máxima armadura inferior no vão
Armadura ρ ≤ 4.0 (10) [EC2 ; 5.4.2.1.1.(2)] ;
máxima de
A's
tracção e de ρ' = ×100 ≤ 4.0 [
(11) EC2 ; 5.4.2.1.1.( 2) ] b)
bt d
compressão
ρ , b t - (3); ρ' - percentagem da armadura de compressão; A's - (2); d - (1)

ρ ≤ 3.0 (12) f cd ρ '


ρ≤k × × 100 + 0.15 (13)
[2.7.4.3.2.(1)] f yd ρ

ρ - (3) [2.7.2.3.2.(1)a);2.7.3.3.2.(1)a)]
ρ - (3); f cd - valor de cálculo da
tensão de rotura do betão à
compressão; f yd - valor de cálculo

da tensão de cedência à tracção do


aço; ρ ' - (11)
k = 0.65 k = 0.35
Emendas de [
Não permitidas 2.6.2.2.( 4) ]
varões
Diâmetro f ctm
máximo dos
d bL ≤ k (1 + 0.8v d )bc (14)
f yd
varões nas
[2.7.2.2.1.(1);2.7.3.2.1.(1);2.7.4.2.1.(1)]

Lajes Fungiformes 113


Série Estruturas Betão Armado

amarrações 5.0
k=
(nós interiores)
 4.5
k=
(nós interiores) 4.0
k=
(nós interiores)
6.0 (nós da extremidade) 5.5 (nós da extremidade)
7.0 (nós da extremidade)
nos nós (c)

d bL - diâmetro do varão amarrado; f ctm - (4);


N sd
f yd , f cd - (13); v d = (15) – esforço axial
f cd A c
reduzido; N sd - menor esforço normal no pilar (acima
do nó) para a combinação de acções em que o sismo é
a acção variável de base; A c = b c h c (16)- área da
secção transversal do pilar do nó; b c - dimensão do

pilar paralela à amarração; h c - dimensão

perpendicular do pilar
(a) - pode obrigar à consideração no cálculo de armadura de compressão ( β ≠ 0 );
(b) - disposições válidas em todo o comprimento da viga;
(c) - não é obrigatório cumprir esta disposição se a amarração do varão fôr efectuada na vertical do pilar de
modo a garantir os comprimentos de amarração preconizados em 2.6.2.2(3)c) e EC2 5.2.3.2.; esta fórmula não
considera a hipótese (bastante frequente) de não haver uma inversão total na tensão de cedência supostamente
instalada de um e do outro lado dos nós interiores; quando tal não acontece, a fórmula conduz a valores
excessivamente gravosos; sugere-se a inclusão de um factor correctivo para tomar em conta as tensões
efectivamente instaladas nas armaduras de um e do outro lado do nó.

Lajes Fungiformes 114


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 6 [13] – Valores de cálculo dos esforços transversos devidos à acção sísmica para determinação das armaduras transversais das vigas

REBAP EUROCÓDIGO 8
Ductilidade normal Ductilidade melhorada DCL DCM DCH (a)

Vsd,E = V'sd,E (1) − (M ARd + lM BRd l )/l  Vsd,E = V'sd,E (1)


+ −

Vsd,E = 1.25 − ou +  (2)


Vsd,E - valor de cálculo do esforço  (lM ARdl+ M BRd )/l  [2.7.3.1 e 2.7.4.1]

transverso devido à acção sísmica,


para verificação do estado limite Vsd,E −(l ) ; M +ARd l , M −ARd l - valores de
último de corte; V'sd,E - valor de cálculo dos momentos flectores resistentes
na secção esquerda da viga; M
ARd1
+M
BRd1

cálculo do esforço transverso devido V = −1.25 (3) 
M1
à acção sísmica, obtido da análise M +BRd l , M −BRd l - valores de cálculo dos l 
 [2.7.2.1(1)d]
linear corrigida pelos coeficientes de M ARd2 + M BRd2 
momentos flectores resistentes na secção VM2 =1.25 ( 4)
comportamento e de majoração das
l 
direita da viga; l - vão. 
acções.

VM1 , VM2 - valores de cálculo do esforço transverso


devidos à acção sísmica;
M ARd1 , M ARd2 , M BRd1 , M BRd2 - módulos dos valores
de cálculo dos momentos resistentes; 1-(2)
(a) “capacity design” ;
(b) a esta parcela do esforço transverso deve ser adicionada a parcela correspondente às cargas quase-permanentes.

Lajes Fungiformes 115


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 7 [13] – Disposições construtivas relativas a armaduras transversais das vigas junto aos nós
Parâmetro
REBAP EUROCÓDIGO 8
Ductilidade normal (b) Ductilidade melhorada DCL DCM DCH
Termo corrector Vcd = τ 1 b wd (1) Vcd = 0 (3) Vcd = k1VRd1 [
(4) 2.7.2.2.2.(1)a);2.7.3.2.2.(1)a );2.7.4.2.2.(1) ]
Vcd - termo corrector; b w - Vcd - (1) Vcd - (1); VRd1 - valor de cálculo do esforço transverso resistente dos elementos sem armadura
largura da alma; d – altura útil; transversal
τ 1 - tensão de referência k1= 1.0 k1 = 0.4 k1 = 0.0

τ 1 = 0.6 f ctd (2) [ ]


VRd1 = τ Rd k(1.2 + 40 ρ1 ) + 0.15σ cp b w d ≥ 0 (5)

f ctd - valor de cálculo da tensão [EC2 ; 4.3.2.3.(1)] (b)

de rotura do betão à tracção 1 - mais de 50% da armadura inferior é interrompida 


k= 
1.6 - d ≥ 1 - caso contrário 
(6) [EC2 4.3.2.3.(1)]
A s1
ρ1 = (7) [EC2 4.3.2.3.(1)] ;
bw d

Lajes Fungiformes 116


Série Estruturas Betão Armado

N sd
σ cp = (8) [EC2 4.3.2.3.(1)]
Ac
VRd1 -(4); b w ,d [m ] - (1); τ Rd -tensão de referência; ρ1 -percentagem da armadura
longitudinal de tracção/100; σ cp -tensão média no betão devida ao (eventual) esforço axial;

A s1 -área efectiva da armadura longitudinal de tracção; N sd -valor de cálculo do esforço axial


na secção devido às cargas aplicadas ou ao pré-esforço (compressão positiva); A c = b w h w

(9)-área da secção transversal; h w -altura total

Diâmetro d bw ≥ 6mm [
(10) 2.7.2.3.1(2)a);2.7.3.3.1.(2)a) ]
minímo
d bw - diâmetro dos estribos

Posição do 1º s1 ≤ 5cm s1 ≤ 5cm (11)


estribo
(11) [2.7.2.3.1(2)c);2.7.3.3.1.(2)c)]
s1 -distância do 1º estribo à face s1 - distância do 1º estribo à face do pilar
do pilar

Quadro 7 (continuação)

Lajes Fungiformes 117


Série Estruturas Betão Armado

Armadura
ρw =
Asw 100

ρw ≥ Valores mínimos de ρ w [EC2 5.4.2.2.(5) Quadro8.5] (b)
sb w sinα
transversal 0.20(A235)

miníma 0.16(A235) ≥ 0.10(A400)
 0.10(A500)
≥ 0.10(A400) (12) 
0.08(A500) Classe do betão Classe do aço

(13)
S220 S400 S500
ρ w -percentagem dos estribos;
C12/15eC20/25 0.16 0.09 0.07
s – espaçamento;
ρw - (12) C25/30aC35/45 0.24 0.13 0.11
Asw - área total da secção
C40/50aC50/60 0.30 0.16 0.13
transversal dos vários ramos do
estribo; bw - (1); α - ângulo
formado pelos estribos com o
eixo da viga
Espaçamento Vsd ≤
1 máx
V ⇒s≤  0.25d 1  hw
6 Rd s ≤ mín. Vsd ≤ VRd2 ⇒  4
0.15m 5
máximo dos 
 0.9d(1 + cotgα ) s ≤ mín 24d bw (25)
estribos ≤ mín. (19) 0.8d  x
0.30m s ≤ mín  (20) 
s-(12);d-(1) 0.30m  kd bL
(14)
1 máx 2
[5.4.2.2.(7)] (b) [2.7.2.3.1.(2)b);2.7.3.3.1.(2)b)]
V < Vsd ≤ V máx ⇒
6 Rd 3 Rd 1 2
VRd2 < Vsd ≤ VRd2 ⇒ s w = s (12); h w - (10); d bw -(10);
0.5d(1 + cotgα ) 5 3

s ≤ mín.0.25m(1 + cotgα ) (15)
 0.30m
  0.6d d bL - diâmetro mínimo dos varões longitudinais
s ≤ mín. (21)
2 máx 0.30m
Vsd > V ⇒s≤
3 Rd

Quadro 7 (continuação)

Lajes Fungiformes 118


Série Estruturas Betão Armado

0.3d(1 + cotgα )

[EC2 5.4.2.2.(7)] (b) x=0.20m x=0.15m
mín.0.20m(1 + cotgα ) (16)
 0.30m 2 k=7 k=5
 Vsd > VRd2 ⇒
3
V máx = τ 2b w d (17)
Rd
0.3d
s ≤ mín. (22)
τ 2 = 0.3f cd (18) 0.20m
s, α -(12); b w ,d– (1); [EC2 5.4.2.2.(7)] (b)
V máx -máximo valor de cálculo v
Rd VRd2 = f cd b w 0.9d
2
do esforço transverso resistente;
(23) [EC2 4.3.2.3.(3)]
τ2 -tensão de referência; Vsd -
f ck
valor de cálculo do esforço v = 0.7 − ≥ 0.5 (24)
200
transverso actuante; f ctd -valor de
[EC2 4.3.2.3.(3)]
cálculo da tensão de rotura do
máx
betão à tracção VRd2 = VRd (17);

s-(12); Vsd -(14); f cd -

(18); v -factor de
eficácia; b w ,d - (1);

f ck [MPa ] - valor

característico da
tensão de rotura do
betão à compressão
aos 28 dias
Quadro 7 (continuação)
α ≠ 90º ⇒ s ≤ 0.6d(1 + cotgα ) (26) [EC2 5.4.2.2.(8)]
α , s – (12); s – (12); d – (1)

Lajes Fungiformes 119


Série Estruturas Betão Armado

Varões / ξ=
VSd mín
< 0 e ρ w (VSd mín ) > ξ < -0.5 e VS máx > k1 (2 + ξ )τ Rd b w d ⇒ varões
VSd máx
estribos inclinados a 45º da seguinte forma
ρ wmín ⇒
inclinados  Vs máx
varões inclinados  Vs mín ≤ V∗ ⇒
 ∑A f s yd 2≥
2 (28)
(27)  Vs
 mín
> V∗ ⇒ ∑A f s yd 2 ≥ Vs máx

ξ - factor de inversão do sinal do


[2.7.2.2.2.(3);2.7.3.2.2.(3)]
esforço transverso de cálculo
V∗ = k 2 (2 + ξ )τ Rd b w d (29)
para as combinações sísmicas;
ξ - (27); VS mín , VS máx = VSd mín , VSd máx (27);
VSd mín , VSd máx - esforço transverso
τ Rd - (5); b w , d – (1); A s - área dos varões inclinados em cada direcção,
de cálculo para as combinações
sísmicas, correspondentes ao por forma a intersectar o plano das bielas de compressão;
f yd - valor de cálculo da tensão de cedência do aço
mínimo e ao máximo absoluto;
ρ - percentagem efectiva de k1 = 4 k1 = 3

armadura transversal; k2 = 8 k2 = 6

ρ wmín - (13)

(a) - de acordo com o método padrão do EC2; é também possível verificar o estado limite último de corte pela teoria geral (método das bielas de inclinação variável), em
que não existe termo corrector;
(b) - disposições válidas em todo o comprimento da viga.

Quadro 7 (continuação)

Lajes Fungiformes 120


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 8 [13] – Condicionantes geométricas dos pilares

Parâmetro REBAP EUROCÓDIGO 8


Ductilidade normal Ductilidade melhorada DCL DCM DCH
Esbelteza l0 λ ≤ 70 (2)
λ= ≤ 140 (1)
máxima i λ - (1)

λ - esbelteza em cada

direcção; l 0 - comprimento

de encurvadura; i - raio de
giração
Máximo N Sd v d ≤ k (5) [2.8.2.2.1(3); 2.8.3.2.1(3); 2.8.4.2.1(3)]
vd = ≤ 0.6 (3)
esforço A c f cd
axial
v d -(3)
reduzido
v d - esforço axial reduzido; N Sd - val. de
cálc. do máximo esforço axial (combinação
sísmica); A c = bh (4) – área da sec. trans.;
k = 0.75 k = 0.65 k = 0.55
b - largura ou diâmetro; h - altura da sec.
trans.; f cd - val. de cálc. da tensão de rotura

do betão à compressão

Lajes Fungiformes 121


Série Estruturas Betão Armado

Dimensão
mínima da mín (b,h) ≥ 0.20m (6) mín (b,h) ≥ 0.30m (7)  1 
mín (b c , h c ) ≥ máx  x, máx (l1 , l 2 )  (8)
secção  k 

[2.8.2.4.(1) e (2); 2.8.3.4.(1) e (2); 2.8.4.4.(1) e (2)]


b c = b (4); l1 , l 2 - distâncias do ponto de curvatura nula a cada uma das
extremidades do troço de pilar
b, h – (4) x=0.20m;k=10 x=0.25m;k=10 x=0.30m;k=8

máx (b, h)  l 
 l cr = máx  k1 máx (b c, h c ), c , x  (10)
l cr = máx  (9) kc 

 6lc

b c , h c - (8); l c - (9)
l cr - comprimento das zonas críticas; l c -
altura livre do troço de pilar, b,h – (4)
k1=1.0; k2=6; k1=1.5; k2=6; x=0.45m k1=1.5; k2=5; x=0.60m
x=0.45m
Comprimen
to das
lc 1
zonas < 3 ⇒ l cr = c (11) [2.8.1.3(3)]
hc 2
críticas
l c , l cr - (9); h c - (8)

Quadro 8 (continuação)

Lajes Fungiformes 122


Série Estruturas Betão Armado

l'cr = 1.5l cr (12) [2.8.2.4.(3); 2.8.3.4(3)]

l'cr - comprimento das zonas críticas dos 2 andares


inferiores (válidas as equações (10) e (19) do Quadro 13);
l cr - (6)

Quadro 8 (continuação)

Lajes Fungiformes 123


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 9 [13] – Consideração dos efeitos de 2ª ordem (a)

REBAP EUROCÓDIGO 8

Ductilidade normal Ductilidade melhorada DCL DCM DCH


Ptot d r
θ= ≤ 0.10 ⇒ não são considerados os efeitos de 2ª ordem (1) [EC8 Parte
não há condições específicas para a combinação em que o sismo é Vtot h
a acção variável de base
1-2 4.2.2(2)] (b)

θ - coeficiente de sensibilidade ao deslocamento relativo entre pisos; Ptot -


somatório do esforço axial de todos os elementos verticais do piso em

consideração para a combinação quase permanente ; d r - deslocamento relativo


entre pisos = diferença do deslocamento horizontal elástico (sem consideração do
coeficiente de comportamento) entre o topo e a base do piso em análise para a
combinação sísmica; Vtot - força de corte global no piso em consideração para a

mesma combinação; h - pé direito total do piso (distância entre nós)


Se a inequação (1) não se verificar (c), aplica-se a formulação geral EC2 para o
estado limite de encurvadura
(a) de acordo com o EC2, mesmo quando se considera dispensada a verificação ao estado limite último de encurvadura, as imperfeições geométricas deverão ser sempre
consideradas; no entanto, são aceites como excepções as situações em que os efeitos das imperfeições sejam inferiores aos efeitos das acções horizontais de cálculo [EC2
2.5.3(8)]; considera-se que esta condição se aplica à combinação em que o sismo é a acção variável de base;
(b) análise efectuada em ambas as direcções;
(c) para efeitos práticos, a inequação (1) só se considera verificada, caso seja válida em todos os pisos, sem excepção..

Lajes Fungiformes 124


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 10 [13] – Valores de cálculo dos momentos flectores devidos à combinação sismíca para determinação das armaduras longitudinais dos
pilares (a)

REBAP EC8
Ductilidade normal Ductilidade melhorada (c) DCL DCM (c) (d) DCH (c) (d)

M Sd = M'Sd (1) M Sd = M'Sd (1) M ARd1 + M BRd1


α CD,1 = γ Rd
[2.8.4.1(1)] M CSd1 − M DSd1
M Sd - valor de cálculo do (4)

momento flector devido à


combinação sísmica, para M ARd2 + M BRd2
α CD,2 = γ Rd
verificação do estado M CSd2 − M DSd2
limite último de flexão (5)
composta; M'Sd - valor [2.8.1.1.1.(3)a); 2.8.2.1.1(1); 2.8.3.1.1(1)]
M CRd1 + M DRd1 ≥
de cálculo do momento
flector devido à M ARd1 + M BRd1 (2) α CD,1 , α CD,2 - coeficientes multiplicativos dos
combinação sísmica, omentos dos troços de pilar que ligam ao nó
obtido da análise elástica M CRd2 + M DRd2 ≥ obtidos para as combinações sísmicas; γ RD -
linear corrigida pelos
M ARd2 + M BRd2 (3) factor correctivo que tem em consideração as
coeficientes de
sobre resistências dos materiais;
comportamento e de
majoração da acção

Lajes Fungiformes 125


Série Estruturas Betão Armado

M CRd1 , M CRd2 , M DRd1 ; M ARd1 , M ARd2 , M BRd1 , M BRd2 - (1);


M DRd2 - módulos dos valores de M CSd1 , M CSd2 , M DSd1 , M DSd2 - valores de
cálculo dos momentos flectores cálculo dos momentos flectores dos troços de
M
δ1 = ASd1
− M BSd1 
resistentes dos troços de pilar que M ARd1 + M BRd1 (6)  pilar que ligam ao nó devidos à combinação
ligam ao nó, para o esforço normal  [ 2.8.1.1.1( 4 ) a ] sísmica, obtidos da análise elástica linear
correspondente à combinação δ1 =
M ASd1 − M BSd1
(7)  corrigida pelo coeficiente de comportamento
M ARd1 + M BRd1 
sísmica; M ARd1 , M ARd2 ,
, - factores de inversão do sinal do momento flector de cálculo para as combinações
M BRd1 , M BRd2 - módulos dos δ1 δ 2
valores de cálculo dos momentos sísmicas; M ASd1 , M ASd2 , M BSd1 , M BSd2 - valores de cálculo dos momentos flectores
flectores resistentes das vigas que nas secções das vigas que ligam ao nó devido às combinações sísmicas, obtidos da análise
ligam ao nó (b) elástica corrigida pelo coeficiente de comportamento
 
MSd1, C = 1+  α CD,1 −1  δ1 M CSd1 ≤ q M CSd1 (8) 
 

 
MSd2,C = 1+  α CD,2 −1  δ 2 M CSd2 ≤ q M CSd2 
(9) 
 
 [ 2.8.1.1.1( 4) b] (c)

(10) 
 
M Sd1, D = 1+  α CD,1 −1  δ1 M DSd1 ≤ q M DSd1
 

(11) 
 
MSd2, D = 1+  α CD,2 −1  δ1 M DSd2 ≤ q M DSd2
  
q – coeficiente de comportamento; M Sd1,C , M Sd2,C , M Sd1, D , M Sd2, D - valores de

Quadro 10 (continuação) cálculo dos momentos flectores devidos às combinações sísmicas, para verificação do
estado limite último de flexão composta das secções do pilar junto ao nó

γ Rd = 1.20 γ Rd = 1.35

(a) análise efectuada em ambas as direcções;

Lajes Fungiformes 126


Série Estruturas Betão Armado

(b) no cálculo destes momentos resistentes, deverá considerar-se como secção do pilar apenas a secção cintada pela armadura transversal (núcleo), o que levanta algumas
dificuldades na aplicação prática; no EC8, este problema é de certa forma ultrapassado pela introdução do coeficiente γ Rd ;

(c) “capacity design”;


(d) são excepções à aplicação do “capacity design” os edifícios de 1 e 2 pisos, o último piso de qualquer edifício e um em cada quatro pilares da mesma importância
estrutural em estruturas tipo pórtico;
(e) no piso inferior da zona deformável do edifício, o factor correctivo dos momentos da análise elástica linear obtidos para o nó do topo aplica-se também ao nó inferior
(mesmo que este correponda à fundação).

Lajes Fungiformes 127


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 11 [6] – Disposições construtivas relativas a armaduras longitudinais junto aos nós

Parâmetro
REBAP EC8
Ductilidade normal (a) Ductilidade melhorada DCL DCM DCH
Relação entre A s = A's (1) [2.8.1.2.1(3)] (a) (b)
armaduras em
faces opostas
A s - área efectiva da armadura de compressão; A's - área efectiva da armadura de tracção

Armadura  0.8% (A 235 )


A s, tot  1.0%
total mínima
≥ (2) (a) (c) 
( 3) [ 2.8.1.3 ( 8 ) ]
bh 0.6% (A400 e A500 ) A s, tot
≥ máx 
bch c  0.15 NSd ( 4 ) [ EC2 5.4.1.2.1(2) ] (a )
 f yd b c h c
A s, tot - área total de armadura longitudinal; b –
A s, tot - (2); bc = b (2); hc = h (2); N Sd - valor de cálculo do máximo esforço normal de
menor dimensão da secção transversal; h – maior
dimensão da secção transversal. compressão; f yd - valor de cálculo da tensão de cedência à tracção do aço

 2 ø12 / face (A 235 ) A s ≥ 3ø12 /face (6) [2.8.1.3(9); EC2 5.4.1.2.1(1)]


As ≥  (5) (a)
2 ø10/face (A400 e A500 ) A s - (5)
A s - armadura longitudinal em cada face
Armadura A s, tot A s, tot A s, tot
≤ 8.0% (7) (a) ≤ 6.0% (8) (a) ≤ 4.0% (9) [2.8.1.3(8)]
total máxima bh bh bch c
(d)
A s, tot , b, h – (2) A s, tot , b, h – (2) A s, tot - (2); b c , h c – (3)

Lajes Fungiformes 128


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 11 (continuação)
Distância SL ≤ x (11) [2.8.2.3(4) c); 2.8.3.3(4)c); 2.8.4.3(4)b)] (e)
máxima entre SL ≤ 0.30m (10) (a)
varões
longitudinais x=250mm x=200mm x=150mm
SL - distância máxima entre varões longitudinais

(a) disposições válidas em toda a altura do pilar


(b) a título de recomendação e para secções transversais simétricas;
(c) para a ductilidade normal, estas percentagens podem ser reduzidas em determinadas condições a metade dos valores indicados, embora tal não seja recomendável;
(d) a cumprir mesmo na zona dos empalmes;
(e) esta condição resulta da imposição de uma distância máxima entre varões cintados (equação 13.21).

Lajes Fungiformes 129


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 12 [13] – Valores de cálculo dos esforços transversos devidos à combinação sísmica para determinação das armaduras transversais dos
pilares

REBAP EC8
Ductilidade normal Ductilidade melhorada (a) DCL DCM (a) DCH (a)

VSd = V'Sd (1) VSd = V'Sd (1)  M DRd1 + M CRd1 


 lc

VSd - valor de cálculo do VSd,CD = ± γ RD máx   (3)
[2.8.4.2(1)]  M DRd2 + M CRd2 
esforço transverso devido à  lc 
combinação sísmica, para [2.8.1.1.2(1); 2.8.2.1.2(1); 2.8.3.1.2(1)]
verificação ao estado limite VSd , V'Sd - (1)
último de corte; V'Sd - valor VSd,CD = VSd (1); γ Rd - factor correctivo que
de cálculo do esforço tem em conta as sobre-resistências dos
transverso devido à VSd = ± máx(VSd1,CD ; VSd2,CD ) = materiais; M CRd1 , M CRd2 , M DRd1 , M DRd2 -
combinação sísmica, obtido
M + M CRd1 M DRd2 + M CRd2  (2); l c = l (2)
da análise elástica linear = ± máx  DRd1 ;  (2) (b)
 l l 
corrigida pelos coeficientes
de comportamento e de
majoração das acções. VSd - (1); VSd1,CD , VSd2,CD - valores de cálculo dos esforços

Lajes Fungiformes 130


Série Estruturas Betão Armado

transversos devidos à combinação sísmica, para verificação ao


estado limite último de corte; M CRd1 , M CRd2 , M DRd1 , γ Rd = 1.20 γ Rd = 1.35
M DRd2 - valores de cálculo dos momentos flectores
resistentes das secções de extremidade do pilar para esforço
normal correspondente à combinação sísmica; l – distância
entre nós (altura total do troço de pilar)

(a) “capcity design”


(b) esta fórmula garante que se calcula o pilar ao corte para o máximo esforço transverso de cálculo mas não garante que se obtenha a máxima armadura transversal,
devido ao efeito favorável do esforço axial quer na determinação dos momentos resistentes quer na determinação da própria armadura; em rigor, dever-se-ia efectuar os
cálculos para todas as combinações possíveis

Quadro 12 (continuação)

Lajes Fungiformes 131


Série Estruturas Betão Armado

Quadro 13 [13] – Disposições construtivas relativas a armaduras transversais dos pilares junto aos nós

Parâmetro REBAP EC8


Duct. Normal (a) Duct. melhorada DCL DCM DCH

 M  Vcd = VRd1 (4) [2.8.1.2.2] (a)


Termo Vcd = τ1b w d1 + 0  ≤
 M Sd  Vcd - (1); VRd1 - (6) Quadro 7
corector
2 τ1b w d (1) (a)

No cálculo de VRd1 , é imposto que Vd ≤ 0.20 e Estranha-se o facto de haver uma limitação no
Vcd - termo corrector; b w - largura da alma; d - cálculo do termo corrector da treliça (que é
q 0 ≤ 3.5 (5) [2.8.4.3(5)]
favorável) apenas para a classe de ductilidade
altura útil; M 0 momento de descompressão; M Sd - sismo
Nb mais baixa
Vd = Sd
(6)
valor de cálculo do momento flector; τ1 - tensão de A c f cd
referência sismo
NbSd - valor de cálculo do esforço normal

devido à combinação sísmica ; A c = b c d c (7) –


τ1 = 0.6f ctd (2)
área da secção transversal; b c -menor dimensão
f ctd - valor de cálculo da tensão de rotura do betão à
da secção transversal;
tracção

Lajes Fungiformes 132


Série Estruturas Betão Armado

d c - maior dimensão da secção transversal; f cd


N Sd < 0 ⇒ Vcd = 0 (3) (a) - valor de cálculo da tensão de rotura do betão à
N Sd - valor de cálculo do esforço normal compressão; q 0 - coeficiente de comportamento

(compressões positivas) de base

ø L,máx ≥ 25mm ø w ≥ 8mm (9)  6 mm



Diâmetro d bw = (10) [EC2 5.4.1.2.2(1)] (a)
⇒ ø w ≥ 8mm  d bL, máx
mínimo  4
(8)
d bw = ø w (8); d bL,máx = ø L,máx (8)
ø L,máx - diâmetro
máximo dos varões f ydL
d bw = kd bL,máx (11) [2.8.2.3(4)a);
longitudinais; ø w - f ydw

diâmetro das cintas 2.8.3.3(4)a)]


d bw , d bL,máx - (10); f ydL - valor de cálculo da
tensão de cedência à tracção do aço das armaduras
longitudinais; f ydw - valor de cálculo da tensão de

cedência à tracção do aço das armaduras


transversais
k= 0.35 k=0.40

Quadro 13 (continuação)

Lajes Fungiformes 133


Série Estruturas Betão Armado

Armadura Vsw f
= w wd A 0 cd (12) [2.8.1.3(6)]
transversal s f yd
mínima
Vsw - volume total das várias cintas do pilar (somatório do produto da secção transversal do varão
pelo perímetro de cada cinta); s - espaçamento das cintas; w wd - relação mecânica volumétrica das

cintas; A 0 = b 0 d 0 (13) – área do núcleo cintado de betão; b 0 - menor dimensão do núcleo cintado

de betão (medido à face interior das cintas); d 0 - maior dimensão do núcleo cintado de betão (medido

à face interior das cintas); f cd - (6); f yd = f ydw (11)

 A 
 kα0 (0.9 vd + 0.10 ) 0.35 A 0c + 0.15 

w wd ≥ (14)
 k1

[2.8.1.3(6); 2.8.2.3(3); 2.8.3.3(3); 2.8.4.3(3)] (b)


α = α n α s [2.8.1.3(6)] (15) – coeficiente de eficácia global da cintagem;
vd - (6); vd ≤ vd,máx (16) – máximo esforço normal reduzido

1− ∑ bi
2

 6A0 ( secções rectangulares)


αn =  [2.8.1.3(6)] (17)
 1 (secções circulares)


 1− s 
2

 2b 0  ( secções rectangulares ou circulares c/ cintas isoladas)

αs =  [2.8.1.3(6)] (18)
 1− 2bs ( secções circulares c/ cintas hélice)
 0

A c - (7); n - número total de pontos (no plano das cintas) a que correspondem varões longitudinais

Lajes Fungiformes directamente cintados; b i - distância entre pontos “cintados”; A 0134


, b 0 - (13); s - (12)
Série Estruturas Betão Armado

k 0 = 0.40 k 0 = 0.55 k 0 = 0.90

Quadro 13 (continuação) k1 = 0.04 k1 = 0.07 k1 = 0.13


v d,máx = 0.75 v d,máx = 0.65 v d,máx = 0.55

 b w (19) s ≤ 0.10m (20) b 


Espaçamento  s w ≤ mín 0 ; x; k 2 d b,Lmín  (21) [2.8.2.3(4)b); 2.8.3.3(4)b); 2.8.4.3(4)b)]
 h  k1 
máximo das  s - (12)
s ≤ mín  s w = s (12); b 0 - (12); d bL,mín = ø L,mín (19)
cintas 12ø L,mín

 0.30m

s - (12); b w - (1);
k1 = 2 k1 = 3 k1 = 4
ø L,mín - diâmetro
k2 = 9 k2 = 7 k2 = 5
mínimo dos varões
longitudinais; h- x = 0.20m x = 0.15m x = 0.10m
altura total

Distância s L ≤ 3 × 150mm = 450mm (22) s L ≤ x (23) [2.8.2.3(4)c); 2.8.3.3(4)c); 2.8.4.3(4)b)]


máxima s L - distância máxima entre varões cintados s L - (22)
entre x=250mm x=200mm x=150mm
varões
cintados

(a) disposições válidas em toda a altura do pilar;

Lajes Fungiformes 135


Série Estruturas Betão Armado

(b) esta verificação só pode ser efectuada após a existência de uma pormenorização provisória de cada secção, podendo dar origem a alterações na mesma ( a quantidade
de armadura é função da eficácia do confinamento provocado pela disposição utilizada para as cintas ).

Quadro 14 – Disposições construtivas nos nós pilar-viga

Parâmetro REBAP EC8


DN DM DCL DCM DCH
Excentricidade bc
e< (1) [2.7.1.2.1(7)]
máxima entre 4
pilar e viga e – excentricidade máxima entre os eixos do pilar e das vigas que concorrem no nó
na direcção em estudo; b w - largura média das vigas; b c - dimensão do pilar

paralela à largura das vigas

Lajes Fungiformes 136


Série Estruturas Betão Armado

Esforços de Vjh = 1.25 (A s1 + A s2 ) 2  q  


Vjh = γ Rd   A s1 + A s2 f yd  − Vc (3) [2.10.1.2(2)]
corte f syd − Vc (2) (c) 3  5  
actuantes no 2  N
Vjh , A s1 , A s2 Vc - (3); Vjv = γ Rd  (A s3 + A s4 )f yd  + c − Vw2 (4)
nó 3  2
f syd − f yd (3) [2.10.1.2(2)]
Vjh , Vjv - val. de cálc. dos esforços de corte actuantes no

nó nas direcções horiz. e vert.; γ Rd - factor correctivo

(sobre-resistências dos materiais); A s1 - máx. arm. sup. dos

troços de viga do nó (troço 1 na figura) na direcção em


Quadro 14 (continuação)
estudo; A s2 - arm. inf. do troço de viga oposto ao anterior

(se existir) (troço 2 da figura); q - coeficiente de

comportamento da estrutura na direcção em análise; f yd -

val. de cálc. da tensão de cedência à tracção do aço; Vc -

módulo do menor val. de cálc. do esforço transverso


actuante (combinações sísmicas) no troço de pilar sup. ao
nó (se existir), para o mecanismo de rotura desse troço;
A s3 - arm. traccionada do troço de pilar sup. ao nó (se
existir) para o modo de rotura

Lajes Fungiformes 137


Série Estruturas Betão Armado

do nó considerado; A s4 - arm. traccionada do troço de pilar inf. ao nó (se existir) para o mesmo modo de rotura;

N c - menor val. de cálc. do esforço normal (combinações sísmicas) (compressões positivas) no troço de pilar sup.
ao nó (se existir), para o mecanismo de rotura desse troço; Vw2 - menor val. de cálc. do esforço transverso actuante

(combinações sísmicas) no troço de viga 2 (se existir), compatível com o modo de rotura do nó

hw
Em alternativa a (4), poder-se-á utilizar: Vjv = Vjh (5) [2.10.1.2(3)]
hc
Vjh , Vjv - (3), (4); h w - altura total do troço de viga 2 (se existir ou do 1 se o 2 não existir); h c - dimensão no plano
das vigas da sec. trans. do troço do pilar sup. ao nó (se existir ou do troço inf. se o primeiro não existir)
Quadro 14 (continuação)
γ Rd = 1.15 [2.10.3.1(1)] γ Rd = 1.25 [2.10.2.1(1)]

Compressão Vjh ≤ k τ Rd b j h c (6)  b


máxima no mín  c (7) b w , b c - (1); h c - (5)
[2.10.1.3(6)a); 2.10.1.3(6)b)]
betão   b +0.5h
 w c
 [2.10.1.3( 6 ) b ]
bj = 
 20 (nós interiores) 
k= b
15 (nós de estremidade) mín  w (8 )
  b +0.5h
 c c
Vjh - (3); τ Rd - tensão de referência; h c - (5)  [2.10.1.3( 6 ) b ]

Diâmetro (b) d bw ≥ 6mm (b) (9) [2.10.2.2(1)a); 2.10.3.2(1)a)]


[2.10.4.2(1)]
mínimo das d bw - diâmetro das cintas
cintas

Lajes Fungiformes 138


Série Estruturas Betão Armado

Espaçamento s w ≤ 100mm (10) (b) h   


h


Sw ≤ mín  c ;150mm  (11)  c
mín  ;150mm  vigas nas 4 faces do pilar
máximo das [2.10.4.2(1)]  2    2 
cintas   
s w - espaçamento das [2.10.3.2(1)b)] Sw ≤ 
Sw - (10); h c - menor dimensão da secção transversal  
h


cintas  mín  c ; 100mm  casocontrário
dos troços de pilar que concorrem no nó   4 
 

(12) [2.10.2.2(1)b; 2.10.2.2(1)c)]

Quadro 14 (continuação)
Sw - (10); h c - (5)
Armadura Vjh A sh f yd Vjh
horizontal
A sh ≥ k (13) ≥ − λ γ Rd (12 τ Rd + vd f cd ) (15) [2.10.1.3(8)a)]
f syd b j h jw b j h jc
total mínima
A sh - área total das cintas A sh - (13); f yd - (13); b j - (7) e (8); h cj - braço do binário no troço de pilar sup. ao nó (se existir); h jw - braço do
do nó na direcção em binário no troço de viga da máx. arm. sup. dos troços de viga do nó na direcção em estudo; Vjh - (3); λ - factor
estudo; Vjh , f syd - (2)
correctivo (resistência disponível ao corte do betão após degradação por acções cíclicas); γ Rd - (3); τ Rd - (6); f cd -
 val. de cálc. da tensaõ de rotura do betão à compressão
0.5 vigas nas

4 faces do pilar
 Nc
b vd = (16) [2.10.1.3(8)]
k = e b w ≥ c e A c f cd
 2
 3 N c - (4); A c = b c h c (17) – área da secção transversal do pilar; b c - (1); h c - (5); f cd - (15)
h wi ≥ 4 h w máx

1.0 caso contrário
(14)

Lajes Fungiformes 139


Série Estruturas Betão Armado

γ Rd = 1.15 ; λ = 1.2 [2.10.3.1(1)] γ Rd = 1.25 ; λ = 1.0 [2.10.2.1(1)]


h w, máx - altura máx. das

vigas do nó; b wi − b w (1);

b c - (1); h w - (4)
Armadura A s ≥ 3ø12 (a) / face (b) (18) [2.10.2.2(1)d; 2.10.3.2(1)c); 2.10.4.2(2)]
vertical total Quadro 14 (continuação)
A s - armadura longitudinal em cada face
mínima
2 h
A sv,i ≥ A sh jc (19) [2.10.1.3(8)b)]
3 h jw

A sv,i - armadura vertical que atravessa o nó, com exclusão dos varões de canto do pilar ; A sh - área total das cintas

do nó, calculada de acordo com (15); h jc , h jw - (15)

Distância s L ≤ 150mm (b) (20) [2.10.2.2(1)d)]


máx. entre
varões s L - distância máxima entre varões longitudinais
longitud.

(a) a imposição de ø12 deriva do facto de ela existir nas zonas críticas junto aos nós e, consequentemente, não fazer sentido mudar os varões longitudinais no próprio nó;
(b) é desnecessário verificar esta condição no próprio nó desde que se cumpra as disposições construtivas relativas às zonas críticas junto aos nós;
(c) na ausência de designação das várias variáveis no REBAP, adoptou-se as correspondentes do EC8 de acordo com a figura.

Lajes Fungiformes 140


Série Estruturas Betão Armado

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Pinheiro Soares, J. – Punçoamento excêntrico em lajes fungiformes de betão armado,


Dissertação de Mestrado, IST, Junho de 1993.

[2] Lúcio, V.J.G. – Waffle stab structures under vertical and horizontal loading; Tese de
doutoramento em Engenharia Civil, Tese de Doutoramento IST, Setembro de 1991.

[3] REBAP – Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado; Imprensa


Nacional Casa-da-Moeda, Lisboa, 1984.

[4] Ramos, A M. P.; Lúcio, V. J. G.; Regan, P.: “Análise Experimental de técnicas de
Reparação e Reforço ao Punçoamento”, Encontro Nacional – Betão Estrutural 1994, Porto,
Novembro, 1994

[5] Leonhardt, F.; Monning, E., “Construções de concreto”, Vol. 1, Livraria Interciência, 1ª
edição, Rio de Janeiro, 1977

[6] Norma Portuguesa Definitiva: “ Metais. Ensaio de Tracção”, NP-105, 1965.

[7] Rodrigues, C. M. C.: “Comportamento da ligação aço-resina-betão em elementos


estruturais”, Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Estruturas,
Instituto Superior Técnico, Junho, 1993.

[8] Ramos, A. M. P.: “Reparação e Reforço de Lajes Fungiformes ao Punçoamento”,


Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Estruturas, Instituto
Superior Técnico, Julho, 1995.

[9] Eurocódigo 1 – Bases para a Concepção e Acções em Estruturas, ENV 1991 – 1: 1994

[10] Eurocódigo 2 – Projecto de Estruturas de Betão – Parte 1 : Regras Gerais e Regras para
Edifícios, ENV 1992 – 1 – 1: 1991

Lajes Fungiformes 141


Série Estruturas Betão Armado

[11] Eurocódigo 8 – Projecto de Estruturas em Regiões Sísmicas – Partes 1.1, 1.2 e 1.3, ENV
1998 – 2 :1994

[12] RSA- Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes, Lisboa,
1983

[13] Jorge de Brito e Augusto Gomes, “Análise Comparativa da Aplicação do REBAP e do


Eurocódigo 8 a Estruturas Reticuladas de Betão Armado”, Revista Portuguesa de Estruturas

[14] Augusto Gomes e Jorge de Brito, “Influência da Cintagem dos Pilares na Ductilidade e
Aplicação das Regras de Pormenorização do Eurocódigo 8”, Betão Estrutural 1996, 6º
Encontro Nacional do Grupo Português de Pré-Esforçado, Lisboa, 1996

[15] Jorge de Brito e Augusto Gomes, “Tabelas de Dimensionamento da Cintagem das Zonas
Críticas de Pilares de Acordo com o Eurocódigo 8”, Instituto da Construção, IST, Lisboa,
1996

[16] Betão Estrutural 96, 6º Encontro Nacional do Grupo Português de Pré-Esforçado, Lisboa,
1996

[17] Betão Estrutural, 1994

[18] CEB-FIP Model Code 1990, Design Code, Thomas Telford Ltd., London: 1993.

[19] FIP Commission on Design, “FIP Recommendations for the Design of Post-tensioned
Slabs and Foundation Rafts”, final draft, 1994.

[20] BS8110, British Standard – “Structural Use of Concrete – Part 1”, Code of Pratice for
Design and Construction, 1985.

Lajes Fungiformes 142

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