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Franz Boas

(',o'l'yrighl d. l<"W{lo dt tU101 r 'r.~n l .{Ion C 2004. etlw Ca,tra

Antropologia Cultural

COl'J'Tighl O 2004 <kst. rdilr>:

)orge Zahu Editor LIda.


rui Mlnco) I 1IObloj.
200)\ 144 Rio de l.ntiro, RI
tcl.: (lI) 2240-02261 fax: (2 1) 2262 -51 B
r-m.il: jI~ahat.CDm . bT
ritr: WWW.tlh.T.(Om.b.

Textos selecionados,
apresentao e tradu.o:
Ce lso Castro

Todo. os dirrilos 1~'Y1Idol.


A rrpmdulo nlo.u toriuda dul. pubticalo. no lodo
.... em p.rte, conlrilu; vjoJ.lo dO' dirr;ln' .uto il. (Lri 9.6101981

c.p,: V.ltrioo NaJLauU;y


Foto d. OIpa: FI.n1 80., rrpltSoenlando. d.nfll do nl~rilo unibtll, p. n .. ck
uma ruim6ni. da MKtd.dr KOrI. Ham. I,.., dos Indi<II ICWllkiutl (V.nrouwI.
em.di). A fo lo foi liud. P'f' xlvir de modelo.o f x ullor de um di<o ... m. em
um.nho ,",ural, dibido no Un;lrd SlItri N.tion.! Museum rm 1195. Copyr\,hl
C "'alion. 1Anthrorololinl Archi,,"- Smilhroni.n In,tih'lionIMNlIl~.
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Sindialo N.cion.! dos Editorf' dt

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Anlropol",i. C\llrunL I Franl Bou ; orpniulo r


rradulo Ct:h.o OUlro. _ AJo df !..... irtr. IOflt Ilha
Id_,2004
. -(AIllTopolosil lOCill)

ISIIN IS -7110-760 2
I. Antroro!Olil. 2_ Rau. t CaSIA). Crlso, 196)-.
11. TUIlIo.

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Jorge Za har Editor

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Os objetivos da pes quisa
antropolgica'
1932
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A citncia antropolgica dt'senvolveu-st: ti partir de v rias origem


distintas. Numa fpoca antiga, 05 homens estavam inler('5!>a dos
em palses estrangeiros te nas vidas de seus habitantes. Herdoto
relatou aos gregos o que havia visto em muitas Irrras. Cf~ T t:
nc.ito escreveram sobre os costumes dos gauleseli e dos alemes.
Na Idade Mtdia. Marco PaIo. o vem:ziano, e Ibn Batuta, o ralx-.
prodnz.iram re!atossobre os estri1nhos povos do ExtrelTIoOrientf'
e da Arrica. Mais tarde. as viagens de Cook desPf'rtaram o interesse ~Io mundo. A partir desses relatos dC'senvolveu -sC' gradua lmente um de5cjo de descobrir uma significaAo geral para os va riados modos de vida de povos estranhos. No StC lllo XVIII, Ro us. stau , SchilleT ~ H ~rd~ r t~ntaram construir. a partir cios relato~ clt'
viajantes. um ~sboo da histria da humanieladt' . ri 7.~ ram st' ten tativas mais slidas por volta ele m~ados do s~cu lo XIX, quando
foram ~scritos os trabalholi abrang~ntes de Klemm e de Wait1..
Oli bilogos paSliaram a dirigir s~us t'stuclo.< no s~ntido de
co mpre~nder as variedad~s das formu humanas. Uneu , BlumE'nbach ~ Camper so alguns dos no m ~s que SE' tornaram pr~mi
nen l ~S como os primdros invE'stigadoTt's dessas questes, as
quais r~ct'bt'ram 11m estimu lo inlt'iramt'nlc novo quando as in IE'rprt'Iaes dt' Darwin sobre a instahilidadt' cla s esptcks foram
aCE'itas p~l o munclo cientIfico. O problema da origrm do hom('m

C<>o(f'rtncia rrorf' rid. no f'n ~o nlr('l da Amrriun lu~O("i. lio n rOI Ihf'
or Sci rnc~. 1,ll10 lic Cil)'. drumhro df' 19.\2. jNl.1

1,dvlnc~m~nl

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88

H 'U lugar no rdnCl ~ni '11111 lornClU - St' o rrindpal objt'Io dr


in lrrrsst'. Darwin. Huxlry (' Ha rckd s1l0 nomr!i que ~(' drslaCam
como r('rrt's(,lIlalll('~ dt'ssC' I'('rlodo. Mais r('crnleOlt"nlr ainda, ('I
c5111do ;nlrl1s;vo da herrclilllriroadc (' d" I1lUla(~O 1('01 dado um
novo asptcto a im'csligac'ks solnc 11 origt'm C' (I significado clt'

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raa.

o drsenV('ih';menlo da

rsicologia (ez su rgir novos proble-

mas, lt'vantldo5 pelA div('uidlrle clt' ~rtlrOS sodais e raciais da


humanidadr. J\ quesll!o <lu carac!t'rbticas mrnlais das raas _

qur num perfoclo anterior havia -st' tornado ohjt'lo dt cliscussilo


com m~todos inlriramrnlr in:1c1rquados,rm grandt' mrclirla rst;mtllados pelo drsrjo d(' jmilificar 11 rscravidlio _ foi r('tomada
com as l~cnica5 mais rtqninladali da psicologia exp~rinlt'n f al.
Alualmrnl~ It'm -s(' pr~s lJ'd(, pJ'rliculJ'r J'1t'nllo ao slJ'f\IS m~nlJ'1
do homem primitivo e dJ' vida mrntal sob condies patolgicas,
Os mtlodos etA psicologia comparativa no $~ re$tringem ap~nas
ao hOlllrm : m\lita hlz sr rodr lanar sobrr o comportamento
humano a parlirdo ~sludo ctos animais, Agora lenla-st' d~st'nvol
ver uma psicologia gt'n~tica.
Finalm~nte, a $ocinlof.iil , il ~conomia, a citncia polftic~, a
histria t' a filnsofia descobl iram qllr vai!' a pena rstudar as con dirs obs~rvadas rnlre p(''''ns a1ienfgrnas, de modo a lanar luz
sobr~ 110ssns processos sO('i:I;5 modernos,
('.om essa desorit'ntadnra variedade de abnrdagens, todas
das lidilndo com formas rJ'dais e culturais, torna - s~ nrcessrio
formular claramente q\lai~ !'1I0 os nbjetivos quc buscamos alcanar com o cSludo da hllman idad~.
Talvc1' I'MSamOs dr"nir melhor o nosso objetivo como uma
trntativa de comprcendrr I1S passos I,dos quais o homrm l o rnou -st' ilq\lilo quc t hiolg.i(a. ]'sicoI6ttica e culturalmcnte. Dt'ssc
modo, fica claro desde logo qut' nosso material precisa nece~sa
ri:II11t'lltr str histrico, no s(ntido mais amplo do Irrmo. Cu mprc
que rlt' indua a hislria cio d('~rnvolvimenlo da forma corporal
do homem, dc suas (unes fisiolgi cas, sua mente e sua cultura .

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N~ssilamo~ dr um cnnht'mt'nlo d1l $ lIcc~ ~~lio cremolp.ica de


formas e uma percrpllo das conclil'lt'$ $oh as qua is as Illuclanas
OCClrrem. Sem rssrs dadCls, parece impMsj"d progrt'dir, t' a questo fundamenlal que se CClloca t C0l110 podt'mns ohlrr lai~ dado~.
Drsd~ a tpoc:a' de Lamarck e Darwin O hi610go trm -se defrontado com lal prohlellla. O registro pale on lol6~ico complrto
do de!('nvClI"irnrnto
da~ (ormas dt' plantas (' animais no t'sU
.
di~ponlvel . Mrsmo nos casos favor~vris, prrm<1l1t'c~m lacllna ~
que no 1'oorm srr preenchida~, pela falta de (Clrmas intt'rmecli
rIas. Por essa fazllo, t rrcci~o rt'correr a prova~ indiretas. E.~1<1~ se
ba~eiam parcialmentt' em similaridades r('vd ada~ pela morfologia e inlerprrtada~ como p rova de relal0 gentica ; e parcialmen
te rm traos morfo)(lgico~ observados nil vida rr-o:"1I1, sugerin do relallo entre: formas qlle, quando adult as, parccem hilslante
distinta$.
! preci~o ter cautela no u~o dc similaridades morfolc:\gicM,
pOis h ca~os em que formas similares desenvolvrm-se: em grupns
geneticamente: nllo-relacionados, como rntre ClS marsupiais da
Austr~lia, qu~ mostram um notv~l raraleJislTICl cnm forma s dr
marnffrros mais rvolufdos; o u nas (ormas de plo branco do r~ico e de altas altitudes, qur ocorrrm independent~mentr rOl d
iios g~m~ ros r e~ptcirs; ou nos ~Ios louros e: outras forma s anormais de mamlfefOs dClmrsticados, que $r desenvolvem a despeito
dr suas relaes gentticas.
Uma vez que o registro 1'alrontolc:\gico t incompleto, no
.~
temos outro meio de recClnstruir a hist6ria do ~ animais e planta s,
~crto por meio da morfologia r da rmbriologia.
Isso t igualmentr v~Jido para o homt'm, e por essa razo se
justifica a impacientt' busca por antiga ~ form,,~ humanas e prhumanas. Dr$Cobt'rtas como a dos rrslos do P;,hut1nthrop"s, em
,Java, do Simmlhrfl/ws, na China, da mandrhula dr Heiclt'lherg e
dostif'Os mai~ tardi os do perfodo glacial~ ~ ignifi cam avanos em

O r~rI()do ~bdal vai d~ c~rCl


ano, . nl~J rir- Crblo. IN 1 I

d~ l.~ n,ilh6tl r 111M m' c~rn rir 10 mil

I:
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no.!!\O cnnhuirnt'nlo. Ela~ ~,: i!':t'rn

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t'l'rN{O

rio C'xplOrl'lOClT ('!lI 11-

por meio dr cllidado.!o f'Slu do morrol(l~ico. O malrrial hoje em


dia clisponlvd llristC'rnC'nfC' frl'lgmrnUrio. Encoraja vrT que rir t
mai!': rico naqutlt's paf~('~ C--n! qUf' (l inlcT('!>!i(' r'f'11I palrnntolngia

humana moslra -~C' mais inlt'nso. Podrmos. portanto, trr 11 C~r(


rana clr qur, com a intrll.!ifka1io do inlC'rC'!>~C' C'm novas ;\r('::Is,
1'111111('01(' cnnsidrravcl meolllf' n matt'rial jl;obrt o qual !Iof' coma ri l'I
histria t'voluc1on;\ria do homC'Tn.

li mHural quC', com n no.!so conhrcimrll lo mais f"xlrnso da


histria C'voltlcion~ria dOli marnf(cr(ls mais C'voluldos. deSI .. .
qucrn -sr (trios ronfos que ir1l0 dirt'cinnar os t'SrOTO!i do explorildor. Dt'~~t modo, com hu(" ('m no~~o conht'cimenlo sobrt iI
distrihuiAo das form"~ dt' m"cacos, nin~tI~m iria procurar os
allct~lrai$; d.. hum .. nidadt no Novo Mundo, tmbora a qUtstAo a
r('$;pdlo d(' qUilndo OCOl"T('U n prirntira migraito do homtm para
a Amtrica .. inda ~eja 11m d o~ problt'llla~ de dt'~taqu(' nas pe~qllj
S35 mhrt a palronfologia do pt'r{odo Iillacial na Arntrica.
Exi~te milior quantidade d(' m:lIt'rial tsq u(']tt ico remanltscenlt' dt pt'rlodos mai~ alll"i~. M('sllJo ".~~im, dincil tstilbeltcer
em d('flnilivo a rdao dt' "Il ligo~ rt'stos de tsqud('tos com u
rau modern"s, pois muitos de st'll~ trilos mai$; caraclerfsticos
$lo Wcontrados nas pilrtt'S rnolts do corpo, qu(' no foram p re.
servildas. Alfm disso,as tran ~i('s de umil raa para ou tra so to
gradnO'lis, que s6 se podem determinar ("("Im algum grau de ctrtela
O'IS formas elctremas.

Na ausfncia dt' malerial que elucide a histria das raas


mod("rn<ls, no surpretnd t' que os "nlrop]ogos tenham, por
muitos "nos, 5(' emrtnh"dn eln classificar as raas ("OIn bast'
numa variedade de Irilos, Frtq('nlemente os rt'sultados des~as
cJ"Mifica('s forilm considt'udos ('xpreS$;es de rdaito gell~tica,
quando n.. verdad(' s Itm um valor descrit ivo." menos qu(' seu
significlldo g('nti("("l poss" $;("1 t $;laht'lecido. Se as m('smas proport'.~ mtricas ti .. c"bea dn rt'cnrren!t's t'm todas as ril"s, elas

.....

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nin podt'm ser um critfrio significativo rara caracltrizar tipos


racia;~ fundam~ntai~. t'mhora possam st'r indic"c'\t's "aliosas do
de~t'",'OI\'iJl1ento d~ linha~('m locai .~ d('ntro de 1I0l ~rt1p('l racial.
Sc-, por outro lado, um .. forma particular de c;ahdo um trao
quas(' 11'li"(" ' ~:l1 ~m extf'n~(l~ Itru l'C>s dn gl-ncl" human". e cc n:to
ocorrt em oulro~ grupos, com tod" probahilidad(' ('Ia rt'pTe'
s~ l.ltar~ um antigo Irao nci,,) h('rc-dit~ rin, lant(l m"i~ se o('orr~r
numa ~r('a grogn ficam('nlt' conllnlla . 1! tar('fa do antroplo!to
procurar esst's tra.os destaCA dos t It'mhrar qu(' a m~nsur"~o
eX$lta d(' as~cto~ que nllo sejam t'xc!usivamt'nle c" ractt'rfstic"s
raciais nilo ir~ dar rc-spost" para os problC'mas d<l t'volullc> dos
tipos fund .. mentais - podt'ndo sC'r lomados a~n<ls como lima
indicao dt modifieaes indep('ndt'nt es t' tspt'd"is dt origem
ta rd ia dC'ntro dos grandes grupos dt' raas.
Desse ponto de vista, a questo gl'ral sobre a ocorr~nc ia dt'
dest'nvo]vimtnto p"rale1o t'm linhagens gtnt'ticamt'ntt' no-rda c~nadas assume particular imporUncia. PossufmM t'vidtndas
suficientes para mostrar qu(' .. morfologia ('st~ sujeita a innll~l1 cfas ambit'ntais que,em alguns casos, t('rllo dc-ilos similart'J: sobr('
formas no-rcl"cionadas. Mesmo os mais ctticos admitiro i$;sn
com rt'ferlncia ao tamanho do corpo.
Mudanas qu(' se devem ao ambiente e que ocorr('m di"nte
dt nossos olhos, tais como altt'raC's mlnimas no tam"nho (' na
proporlio dos corpos, provavdmenlc no !\Ao hcredilriu, mas
n~eras expre~st's da reallo do corpo a condil\es externas, 5uj~i
tl1s" novos ajustamentos, sob novas condies.
No ('nlanlo, sem dvida t heredit~ria uma s~ri(' de mlld"n,as ocuionadas por co ndit'~ extt'rnas. Refiro-rnl' ~qudas qut' st'
des('nvol"t'm com a domt'~licallo. Nilo importa !.c e1<ls dt'rivam
d" sobrevivtnci" de forma~ abt'rranft's, ali se so dir('!amenle
condicionadas pela domesticaito; enconlram - s~ de modos simi lares em todos os animais domestic"dos, (' como o hOlllem possui
todas essas c:araclt'rIMica~, eSl3 provado ser e!t tambjm uma for
ma domt'sticada . F.duard Hahn foi provavdmellt(' ("I prinltiro a

si:!s!a p"ra n05 suprir C"Orn um m<'ll('ri;l1 qut' n-=\'t' srT intcrprcla<io

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:t5~;nl'lbr que' (\ hOIll t'm

vive como 11m animal dornr"Micadro; os


a"' I~('cl {l5 morfolgicos (('Onu" f'nr. ll izadM ror Eugrn Fi5chtT, rol'
R. Klatl c pol" mim m tSlll o .
A soluo do prohlt'lllfl ela ori~('m da!' raas c!c.vr repousar,
no art'na!> $ohre ('-"tudo . . c1f1 lisifklllt"lrioli c rdativos ao d('scnvo) .

vimrnlo dt formas pllr<tlela5. mAS lamhm linhrr considna(lcs 11


rt'speilo da dist rihuio d;H raas t' d<ls anTigas migr"ru~s, (' R
mn$cqilrnlt mistura 011 imhmt'nlo.
Pda ocorrlncia de drscnvolvimt'nlo indrpcndrnlt de fo rmas paralelas, importanlt' conhrct'r a cxlrlls30 d<l ... fo rmas 10 ra;s variantes que se originaram ('In cada raa, (' pode:' rarectr
hip61(,5(, pJauslvrl supor qut' raas qut' rroouztm varianlt's loca is
clt' tiros si milurs c."5 Irj<lm ('s lrdlam('nlr Tt'Jacionadas. Ass im,

mongflis t' t'uropt'u~ o ca!iionahnt'nlt' produum forma,!; ~ imil art'~


t'm rt'git'~ 1:10 distanciadlU, qu(' st'ria ditlcil int~rprt':I - las corno
deito,!; dt' mistura.

Os fundamelltos biolgicos dt' condllst's baseadas n~sst'


lipo d~ ('viMncia s:lo ~ m ~rande nl('did" n~Ct':ss ariamt':nlt': e!ip~("u
lal ivol.llma prova cit'nHfica d('vt'ria exigir um conh~c im ~ntodos
primt'iros movimt' nlos da humanidadt':, lima familiaridadt' Inli .
ma com as condit'l soh a.~ quais os tipos raciais podem g(' ra r
variantt',!;, t' o c:arlt' r (' a eJ !('ns1!o da!; varia~s qut' St' podem
dt'st'nvolver como mulanl('!i

A soluA0 dt'sst's prot.l('mas prt'cisa ir al~m da dt'scri:lo


morfolgicil da raa como \lIna lotalidOld t', Dt'sclt' que ('sta m os
lidando t'm gn nde mcdiclll com forma s dt'le rminadas por ht'rt'ditarit'dadt'. part'ct' indispcnsltVt'l fundamt'nlar o t'sludo da raa
lobrt' o das linhagt'lls g('nbical qut' a compt'm t' dt' suas varian 1t'5. (' t'rn inv('sligafles sohf( a intlul-ncia d o mt'io amhit'nlt' t' da
se!('llo sohrt' forma s (' funllCs corporais. A raa pr('cisa st'r t'Slu .
dada, n~o corno uma totalidadt'. mlU t'm suas linhas g('notlpic as,
qut' se desenvolvem sob condies varh$.vt'is.
No ('sludo d;! ,!; forma s T3ciais, t'Slamo,!; por d('mais inclina d os:1 co n ~id frar a imrort~n d a cla~ ra a~ de lI cordo com o mtnt' -

~ .~'f'"

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ro de l('US rt'pre~entanl('s.ls5(1 t ohviam('ntt' 11m ('rro. poi ~ o ft'n/\ -

mt'no importante t a ocorrfncill dt' tipos morfolflgicos ('51:tvt'is , t'


nl!o O O\\me1O dt' i11divfdl1o~ qut' m I"t':pr~st'ntam. A for('l'I n umfric~ das rau tt'm variado t'normt'mt'ntt' ao longo da hislflri a, c:
st'ria totalm('nlt' t'rrnt'o atrihuir \lma imrort;\ncia indtvida 11
ral'l brllnca OUl'lOS asiAticos oricntais. mt'ralllcnl(' por (' I t'~ !(,I'('m
~ up('rl'ldo t'm nmt'ro lodos m outros tipo ~ rllciai~. Do m(,~ lIlo
modo, nas cla s~jfi ca(t's d('scriliv3s, atrihui - ~t proeminl'ncia in dt~ida aos lipos loc<li5 d(' uma gran'dt' raa 50},r(' a~ suhdhis(rs
mnos noU~i~ dos grupos mr11ort',!;. Como t':)("rm plo. podt'm-st'
mt'ndonar a~ divisl'le~ de Huxlc:y da r:ta hranca. contrltril'ls ih
divises qu t' faz clt' oulras raas.
Estamos intrres~ados, nllo apt':nal nas forma~ (orrorai~ da~
ra,as, mas igu3lmen tt' no funcionam ento do corpo, lanto fisiol6 gica quanto mt'ntalmcntc:. O s problemas 3pl"rst'nlaClos por t'ssa
cI ~slit' dc: fcn mt'no~ aCHrrt'tl'lm clifk uldad t'S particulart'li, pela
po~sibi1idl'ld~ clt': ajusI(' da funllo s d ('ma nda ~ c)("tt'rnl'l ~; dt'.~ st'
modo, t tarefa t'xtremamc:ntc inct'rta disti n guir enlrt' o qu(' i: dt'
terminado rela con~titui llO b iolgica do corpo d:.quilo qut' drpendt' dt' oondicli externll5. Ohsc:rva~s rt'aIi7..adas t' nlrt' gran
dt's conjuntos dt' individuos t'm difc:re nt t's l oca lid adt'~ podt'm s('r
igualmt'ntr bt'm explicad lls, lanto pda suposillo dt' caraclt' risti cas raciais hert':dithias, quanto pdas mudana,!; produzidas por
ih nu~n cias ambientais. U~la simpl es d('scrio dt'sst's ft'n mrnos
nunca chegar a um rt'sultado Mltisfalrio. Dif('rt'ntes tipos, Aft'a,!;.
extratos socia is e cu ltura ~ exibem difc rt' n as rnarcantC's t'm fun ~o fisiolgica t' mt'nta!. A afirmativa dogmAlica dt' q ue o ti po
ncial sozinho ~ responsbtl por t':5.~as dift'rt'nas nllo pa~~a dt'
~,ma pst'udodl-ncia . Um Iraumt'nto adt'quado rt'qut'r li pondera 'lIo d t' vrio!' fator~s .
Os invt'stigadorcs fa cilmt':ntt' st' dt'ixam ('nganar pt'lo fato dt'
qut' a dotaAo h t' rt'dill\ria e hiologicamrntt' dett'rminada dt' 11m
indivIduo t'sU intimamt' nl t' lISSOciHdl\ ao funcionl\mt'nto de S('II
corpo. Isso apar('(c mais c1artlnltnle nos c.. sm (1t' deficiEncia cor-

,)

l'

1
1

Posslyt'! m ~smo ir alt-m t' t'l;tt'ndt'f nOl;l;O~ t'stlldM r:lra 'os primt'iros vt's!fg;os d ~ atividades hum:mas, Objetos de n:ltllrt'7:l di\'(,fsa,
(dtos pelo hom('m t perlencenlt's a .,erlodos t~o antigos quanto
o quatnnrio,1 tl-m sido ~ncont fado~ ('m gr:lodl"'.\ qu:m lidadl"'s, r
st'u ('sll1do r~vda ao mt'nos ct'rtos aspt'ctos do qut' fi homt'nl ~ra
(aru d~ (azer naqmla roca.
I
Os dados da :lfqutologia pr-histrica r('\'e1:l IH, no clecorrer
~o tempo, uma clara ramificao da~ ativid:ldcs humanas, F.n
quanlo nada sobrou dos p~rfooos nu;s antigos. I"'Xceto alguns
Poucos objetos d~ p~dra , obs~rvamos lima cr('sc('ntc diferenciao na forma dos utt'nsllios t'm1'rl'gados 1'('10 homem . Ollr:lntt' o
q uat~rn;\ri o dt'scobriu -5t' o uso do (ogo. (oram fl'a lizados traba
lhos artlsticos altamentt' t'stlicos ~ rt'gistraram -sc :Hivid:l dt'~ humanas pda pintura. Pouco dt'pois do inicio do pt'rfodo gt'ol[tico
atual surgiu a agricultura, I'" os produtos do trah:.lho humano
iusumirnm novas (orma ~, num ritmo rapid:l1ll r llte acelerado,
,Enquanlo no inicio do quatt'rnMio no SI" obsl"'rvo\1 qualqut'r
mudana por milharl"'S de anos - de lal modn qur o observador
pode imaginar que Ol; produtos da alividade humana ('ram con fl"'ccionados st'gundo um instinto inato, como as crlubs dI" uma
~olm~ia - , a velocidade das mudanas aumentou ;\ medida qut'
' nos aproximamos da nona ~raij num ptrlodo antigo r~conh('
eemos que as artes do homt'm nlo p ndem ser d~ ( ermina das
in st inti vam~ nt t', (' qut' das so o rl'5uh ado cum"lalivo da t'Xp~

peiral Oll d~ dt'~t'n"olvirnt'nlo ..:e>rpnral (').1nwrl'linariarncn lr favo -

:i

rvd. A lgo 101all1l('01c cli(t'ft'lItt' f t'$It'ndC'T ('!Os;!. obsrl"v;:I l'o para


ropula(l('~ inteiras ou gruro~ raciai~, no~ qUlIis t',~U ftp rc$entacl a
lima gr:m de "arirdad r dt' individuo!> t clt' Iinhag('os heTC'ditrial',
rois 1I!i clh'('n;.as (ormas dt' cnnMillliilo ctlrroral rllcontr4vr;s ('m

cada grupo :ldmitem uma grand' variahilidade dt' (tm,('s. At.


ca ractrrisli C:1S htrt'ditrias manifC'stam-5t nas linhagr ns genilical', mas lima I'Op\l13-:l('O - ou, rara 115lU n termo I/cl1;co, um
(enlipo - n/lo t uma IinhagC'm ge-ntlica. (' a grande' varit'dadt'de
ge-n6tipos no inlrrior de uma raa imp('dt 11 aplicailo dos r('~ut

lados ol'ot iclos numa mka linhagem hrfcditria para a totalidade-

de uma populao. Nt'~la, a diver~idade das linhagens eon s lituli ~


vas t'sU f.,dada a t'qll iparar a d;slribuiJo dt' divt'Tsos lipo~ ftt'nlico~ nas populaes comidt'radas. Tenho falado com lanla frt'qO~ncia sobrt' ('$051" assunto qut' voch ml' pt'rmitiro passar para
ol11rOlS qu('st('s.
Embora evid!nci.u pakontolgiclu possam nos dar um"
pista para a t'vol uil.o da~ forma~ humanas, apt'nas a mais super.ficial t'viMncia podt' sl'r obtida ra ra cll"'st'nvolvilllt'lllo da fun o. Pouco poot' $ocr in (t'rido do tamanho t' do (ormat o cla cavida de cTaniana (' da mandfhula, como indicador da capacidade de
(ala lUficl1lada. Podt'mos oht('r alguma in(ormaio sobr(' o d('st'nvolvim('n to da postura I"rela. mas os processos fisiolgicos
qul' (l(orrrram nas g('ra(l('s pauada~ no t'slo aces~lveis para
observao. Todas as conclml,('s a quI" podl" mos chegar t'sto bast'aclas t' m I"vidlncia s mu ito indirelas.
Podl"-st ('sludar a vida rnt'nlal do homcrn c:xpt'rirnt'ntal
mt'ntt' apenas l'ntre raas ViVAS. ~ pos..o;fyd, t'nlrttanto, in(t'rir al gum dI'" $rus aspl"'cto$ por meio daquilo qut' fizeram as gtrat:s
passadas, Os dados histricos nos permit em t'studar a cultura de
tempos passados t'm a l guma~ poucas localidadl"'S at alguns m ilhares de illlO$ atrs, como na ;1rl'3 cio Mecliterrnto oriental, na
fndia l' na China , Uma qllan lidad(' limitada dt' informat'ssobre
a vida llll'nlal do homel1\ pode seI' ohlid:l com e~5es dados . J:

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rilncia.
A1 ega.s~ com (r('qtncia que o prprio can't1er primitivo

:1dos trabalhos f~itos r elo hom~m ~m Il'mpos antigos um:. prova


d~ inf('rioridad~ m~ntal

orgl nica. Es51" argunlt'nto certarnt' n t~


; indt'fl'nd"eJ, pois ('m I~mpos mod~rnosencontram - ~r Ir;ho~ isoladas vivendo de uma maneira que pod~ s('r eq\1iparad~.h con di
t's antigas. Uma cnmparao da vida I,siquica clessl"'s ~rupos
no justifica a cr~na de quc seu atraso industrial st' dt'va a li ma

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cliferen" no~ tipO!' de or~:tni $ mo. l>(Ii .~ h~ v~ r i(l$ c:c('m plos dt'
ra,i\~ f'slrdlamt'ntc rdacion:ada~ no~ mais di\'crsm nh'C'is de esla
do de Cllltnra . Talvez i~so $t'j~ mais claro na raa mongnJide. na
qual, ao lado dos ch' i1iz"dos chineses, ~(' rncontram as mais pri .
mitivas !rihos da Sihtria; ou no i!rupo americano, no qual os
,,!lamente clt'sC'Il\'olvidos ma i a~ clt' Yuca l:ln c astccas do Ml-xico

orini!lo de que n~o Sf' pode "i ~ lumh, ar oenhum mttndo prlo
qual esse elt'mento absolutamC'nte impo rlanl!: fo~~r e1iminadn. t
q" lt srmpre obtemos um rNultado que t lima imrrt~~;io mista dt
i nnu~nci3~ culturalmtntc dtttnnin .. da~ t dt cClmtil\li~o cnrporal. 11('lf e~~a ra1.o, concordo plenamt'ntc com aqUtlt5 psic61ogos crlt icos qur reconh('(em que, para a maioria dos rtnme-

podt'm ser c0l1lpar<ldos com as IrilH'Is primitivas de nossos plal"!i


ocidentais. Eviden temen te os d:ldo$ hisT6ricos c prt-hi.M6ricO!:
nos cI~o pouca 011 nenhuma info rmallo !iol1rr o desenvolvimen to hiolgico da mente hllm:ma.

nos mentais, conheccm('ls I~n ica t exc1'1siv"mtnlt " rsico'n~ia

Q uando se !t'nta pcrct'bcr quanto n julgamento sohre a ha bilidade racial diferiu ao longo de \'ri05 ~rlodos da histria.
pcrcdx-H' cbramenlt como m d('ltrm;nantrs hiolgicos e orgA nicos da cultura dificilmt'lllC' podt'm sC'r dC'duzidm do estado cul tural. Q uando Egito fl orrscrll. a Europa srtenlrional eslava em
condies primitivas co mpar ~Vti5 ~quel:l~ doslndi05 americanos
o u do~ nrgros arricanos. Contudo, a Ellrnpa srtrntrinnal de hoje
distanciou -se milito daqurlt'( povos que. num perfodo anterior.
roram os lideres da human idaclr. Uma ten!'aliva de encontrar TazC's biolc'lgicas para es:",u mudanas exigiria incontveis hipt'ltrses imrrovA"eis com relao a mud ana~ na constituio biolgica 'de~~es povos, hirleses que poderiam ser invtntadas apenas
com o prop6sito de sustentai \lma prC'trnso indC'vida.
Um modo mais seguro dr abordar o problrma ('m qursHlo
pa rece res idir na aplicao d" psicologi" expC'rimental, qur podrria nos habilitar a dt'termimu .. ~ cara ctC'rl5ticas psicoftsicas r Iamhtm algumas das caraclerlstlcu m enlai5 d"s v~rias raas. Como
no caso d" investigao hiol~i ca, seria igualmente necess:hio,
nt'~~e t'studo. examinar Iinha gell s gt'nolfpicas. em vn dr populaes. pois muitas linhagem rsln contidas no conjunto.
Uma stria dificuldadc t rtpresentada pela dependt-n cia dns
resultad os de todm os I('stes psicofl!iico!ioU mentais em relao ~s
exprritnci"s do individuo ohjtto d m Itstrs, Sua!i rxperitncias 5i'in
amplamelltf d('t('rm inad ...~ pela cullur:l na qual e1f.' vivI.'. SOIl da

~,uropia .

Nos poucos casos em que St ttm investigado" influtncia da


cultura sobrt as r('aes mrntais de ropulats. pode-st observar
que a cultura t um determinante muito mais import"ntt do que
a cOll5tituil'o fbica, Repito qur se pode encontnr n05 indivlduos
uma rclaio um tanto estrtita tnlre reaio mental t con:"tit\l i~o
'fJsica, mas que ela estar~ completamellte ausente Iln casn da ~ pnimla6ts, Nessas circunstAnciu. prtcisa mos ha!itar a invrstiga!l.o
da vida mental do homem sobl'e um tSlUdo da hist6ria das rormas culturais t das inter-rdaes r nt rt vida ment,,1 individual t
.c ultura.
I
E.~lr o lema da antropolngia cultura l. Podtmos dizer com
~egurana que os resultados do extenso ma terial feunidodurante
' os ltimo!i cinqenta anos no justifica a suposio dr qualquer
relaJo estreita entre tipos bio16gicos e rorma cultural.
Do mrsmo modo que no reino da biologia . na invt5tigao
das culturas no~~as iorerlncias prtcisam tstar baseada~ em dados
hist6ricos. A menns qUt s:lihamn$ como a cnllm" dt cada grupo
. humano sr tornou aquilo qur t, 0110 podemos ter a rsperana de
I aJeai1ar qualquer conclusllo tel3liva ~s condits que cnntrolam
a histria geral da cultura.
O material nectssrio rara a rtconslrun di! histria hiolc'lgici! da humanidade t insuficientt, pela e.((3sse1, de rtstos mort3is
t pelo desaparecimtnto clt todas as partes molt5 t prredveis dn
corpo humano. O material para a reconstru~o da cultura t aindi!
muito mais rragmtntrin. porque os maior~s t m"is importanlt's
a~ptC I O~ da nl\lura niio deixam tra('I~ nn ~oln: lingu:.g('m, orga 'I

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niu(lto sOC';J'I. rdig.ilto - C"1 SUnli!. tudo aquiln qur no t malcrial drliap<lt('("(' com a vicia de cada ~('ra{o. Dil\pomo~ de infOtmaJlo histrica "ptoma!> para a~ (asts mais rrccnlrs da vida c uhu tal. (' mesmo assim da t r('stl"ila fl.qu('I('~ povos que domiililram a
arle d:! ('ser;l", (' (U;05 rt'gisfrns poot'nl 1'('r lidos. At n~a informa i!('I

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Quando certns traos sillo difundidos sobu uma bu limitada e nllo podem ser encontrados (ora dela, parecI! ~ep.uro ~ ul~o r
q ue sua distribuio t (nllo de di(u~Ao , Em alguns ca.~m raros,
rodl!- ~I! atl- ml!~mo determinar a direlio d("$sl clifllSlIo. Se ('I mi lho indrgena ~ deri\'ado de uma forma ~dvagem mexirana e lcult ivado ml maior pute das dua~ Am ricas, develllo!' conduir
que se u culth'o espalhou -se a partir do Mtxico para o nortl! e
para o sul; se 0$ ance~trais do gado africano no so ellCCUltradm
na Arrica, is.'io significa que esse tipo de gado (oi introouzido na ,9 uele continentr. Na maioria dm c"so$ i: impo$slvel determinar
com certt'L"\ a clireAo da difusAo. Seri" um erro mpor que 11m
trao cultural tenha seu lar original naquela rra em que.'it en contra mais fortemente desenvolvido. O cristianismo nAo nasceu
na Europa ou na Amtrica. A manufatura do ft'rTO nlln $e origi 'nau na Aml-rica ou na Europa $etentrional. O rnl!smo acollle cru em tpocas antigas, Podemo~ ter certeza de que o uso do leite
nAo SI! originou na Africa, a~~im como o cultivo do trigo nAo se
desenvolveu na Europa.
Po r essas razes, ~ quast' impo$$lvel b:lst'ar uma cronologia
do dl!senvolviml!nto de culturas especificas sobre os (enmenM
de difusAo observados, Em alguns poucos casos, parecC' justific vel inferir a grande antigidade de uma cert a rC'illi7.ao cult u ral
a partir d e ma di(uslio em e$ca la mundial. Isso i: \'erdade qu;\ndo
se pode provar, por meio de evid~ncia arqurolgic;\, sua ocorr~n

t imufi cientt'. porque vhiNi aspC'ctos da c\lltu ril ni\o cncon-

Inlln exrrcsdo lilrnhiil. Sr-ria nrccl'l'hio, pOrlanln, eles;!':!ir ('


con!lidcnr ('I prohlema insohh-cl?
Na biologia, sup!cmrT1lamos os r('gilifros paleontolgicos
frA gmrntArios com daclos ot.tidos da anatomia (' da rmhriologia
comparadas. Talvc7. um pron'dimrnln ;m;\logo possa nos habilitar a dcsemharaar algu m. dm: fim ela histria cultural.
H;\ uma diferena fundam~ntal ~ntr~ d",dos biol gi(o~ I!
cul tura is que torna imrM~f\'~1 transferir os m~'odos de uma
ci~nc i a para outra. A~ (orrn:\S a nim:li ~ d~senvolvem-se t'm dir~
t's divcrgcntt'~, e lima mi5tura dI! c~jl~c il! ~ que lima vez se tornaram diMintas ~ d~sp ..e-7.lvr-l no conjunto Ih! histria de- seu de-~nvolvimell'o. O mt'smo nllo acelnte-ce- no domlnio da cultura.
Pensame-Iltos, instituie-s e- atividades humanas poc:lem se espalhar de uma unidade- $nci,,1 r<lrll outra. A$$im que dois gruro~
entram em contatn t'streito, se-u~ trlos cullu rais di$se-minam -5t'
dt' nm para

ontro.

St'm dvidl h condil\t's dinmicas qut' moldam de formas

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Cerlo5 aspectos da morfologia das unidades sociais.

cia antiga. Des.~ e modo, fogo foi usado pelo homem no inicio do
' quaternrio, Naquela poca. o homem j se encontrava espalha do por lodo o mundo. e podemos inferir que' I<,vou comigo {1 u~o
do (ogo quando migrou para novas regies, ou que' de se e$pa Ihou rapidamentt' de tribo para tribo, r logo se fornou patrim~
nio de toda a h\lIlunidade_E.~se mttoc\o no pode ser generalizado. pois sabemos de outras invenes 011 idl-ias ql\<' se c$palha ram com inc rlv<,l rapidrz ~obre vastas ~reas , Um ext'mplo I: a
disseminao do tabaco pela Africa, to lolt,o cle foi inlrodU7.ido

Ape'slr dis~o. pode-st' e',\pC'rar qllt' d~s ~t'jl m suplantados por dt'rnt'lltos exl rfosecos que' nito pO$slle'm rdai'o orgnica com as
din;\micas internas da Illudana.
Isso torna a reCOlutnwiio da hisfril cultural mai~ fcil do
que' a da histria hiolgica: rnl$, lO me'$I1lO tempo, coloca os mais
sl-rios ob$Uculo~ no caminho da de'scobt'rla das condie'~ dinmicas internas da mudana. Ante-s que se pmsa tentar (a.zer a
comparallo morfolgica, l- preciso eliminar os elementos extdn$ecos q ue ~e d eve m Acli(usiin cultural.

no litoral.

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Em ~r~a 5 mrnort'~. a~ Itnt l\liva~ de r('con~ll'uln cronol~;_
ca so muito mais inccrta~. n~ rltTlunto,o; podtm se irradiaI co $,(
fixar ('m trihos vizinhas a rmir ar um (('nlm cullural nn quC'
formas c-ornr!eXlls Ir:nham rc c!('scm'olvido; 011 as (ormas mai~
complrxas podem sc clrH'lwlJl\'cr sob!"r uma base anti~a C' mcnm
difrrtnciacla. Raramrnlr r posslvr\ dt'cidir qual dessas alternati _
vas (orn('c(' a inlrrprctaAn correia.
A desptito rir todas essu di(icul(bd~, (I eSludo da dist ribui .
(Ao grogrMka dt (el1mrnos culturllis 0(('1'('((' um mr;o dt dC'terminar sua difuso. O mai~ dtstacado r('~alltado drsscs estuclo$
!('In sido a prova da complexa intcf-fe];u;o dos povos de: toou as
partes do mundo. A frica , a Europa (' a maior partr dll sia
aparrcrm parI! ns como lima unidade cuhural em que cada '-rea
~i ngnlar no pode ~e r inleinmente ~e rarada do reslo. A Ambica
aparece como Qu lra unidade. mas me!imo o Velho e o Novo Mundo no do inteiramente ind ependenleli um do oulro, roi5 foram
desc(lherla~ linhas que cOl1ecbm o nnrde!ile da sia com a Amrica do Norte.
Do mesmo modo que, na ~ inveuigal\es biolgicas. o~ pro blemas dt' des('nvolvimenln plralelo independenle de formas ho
mloga~ ohscurece ali r('lallcs genticas, o mesmo ocorre na invesligal!.n da cultura. Se I PI'Iss[vel que formas anatmicas homlogas se desenvolvam in(!erendentemente em linhagens 8enelicamenle distintas. ainda muito mais provvel que forma s culturais anlogas se desenvoh'am de modo independente. Pode-se
admitir que t extrcnumenlr diflcil dar provas absolutas e inquestionveis da origem indeptndente rieo dadoli cu\lurais anlogn.~ .
Apc~r disso. a di~tribtlil!.o dr cmtumeos isolados em regies bem
riistantes dificilm('ntr leltit;ma o arltumento d(' que eles foram
trammitinos dC' tribo para tribo e 10(' perderam nos te.rritrios
intenlledirios. Sabe-u muil o bem que, em nossa civili7.ao,
iMias ci('ntrficas enrrC'111rs dll.o origtm a invenl'lcs independen tes e sincrnicM. De mn moon anlogo, a vidl!. soei:!1 primitiva
contm el emento .~ que kvml' a forma." algo s imilare ~ em vrias

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parlc~ do mundo. Al'i~im, a depend~nci~ da criana em rt l a~o
mie torna in('Vit~vel uma riiferencial!.o ~o mrno~ temporria na
mAneira de viver do~ ~cxos e fa7. com que a~ mulhe re~ tenham
mC'nN mobilicl .. de que N homen~ . A longa clep('ndlncia dOIS
cri .. na~ tm rel;t~o aos mai$ velhos tarnhtm imprimr uma mar~in('\'itvcl na forma da ~oci('dacle . Apenas aquilo ql1r (' ~~e~ efritOS geram dcpende de ciTcunstAnei~~. SU~ ~ cam.u fllnclamentai~
sero a~ mt~ma~ em todos o~ c~sos.
O OI'imeTO de indivfduos numa unidade ~ocial e a n ec:ess id~
de (ou nllo) de uma ao comu nal para obter o suprimento dr
alimentos necessrio~ constituem condies dinlimicas ativas em
t~a parte; ela~ sllo germes a partir dos quai ~ pnele hrolar n COnl portamento (u\lural anAlngo.
Alm desses. h os casos individuais, dr inVf'n l'le~ ou iMia ~

cin terrilc'lrios tl!.o afastados, que nllo $r pode provar que tenh .. m
sido historicamente conectados. O garfo foi usado cm Fiji e in ventado numa d .. la comparativ.. mente rc-cente na Europa; o arpo de re~ca lanado com uma (orrda enrnbd .. elll e~ pind foi
usado nas Ilhas Almirantado e na Roma antiga. Em alguns cal'io..~,
a dist1ncia temporal torn .. totalmente impensvel a hip6tel'ie clt'
uma tran ~ferln cia. Este t (I caM), por exemplo. da domestican
do~ mamlfeTOs no Peru, do zero em Yucat~n t da inveno do
bronze nesses dois lugares.
A1guns antroplogos pres~lmem que, se vlirios (en~lT1eno~
cultu rais so similares em regie~ bem distantes, i ~~o necel'isaria mente se deve prel'iena de um !'iUbstrato extraord inari amente
antigo que foi preservado. apesar de todas a~ mudan.. s cullllr .. is
ocorridas. E..-.sa opinio no l admissivel ~em prova dr qlieo fen meno em queslll.o permanece estvel, nl!.o apenas por milh .. re~ dt'
anos, ma." que seja lo antign que tenha ~iclo Iranl'i portado por
hordali mi~ratrias da Asia rara o extrt'mo sul da Amhica . A
despdto da grande tenacidade dos traos cuhuni.c, no h~ prova
de que tal con~en'ao extrema jamais t(llha ncorrido.

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c"tabilid atlc do," tipos de c uhunI rnmlTl\'o ~


c!C\'(' - !(' n o~~:\ ("ha ele pcr~pcctiva hi ~t6ri(a. Eles m\!c!am muito
mai~ lentamente que nm~a modem" civilizao. mas onde quer
que a t'vidl:ncia arqucol6gint cslt~ia di ~ponl vt' l. cnCOnl ram -se
muclan:\! no tempo c no upao. Uma hwcstigall:o cuicladm;:il.
A

arar~ntc

mostra que aqmlc.'i "!lp(,C IO~ qur se presumiam :'icr qua~C'

ab~ohl

lam enTe- utAve r~1o cnn~lallt cm cntc passando por mudao.. ".
Alguns detalhes podem permanecer por um longo tempo, mas

no 5(' pode supor que {I c('Imr1exo cultural geral mantcvt suas


ca r:\ctt'rlslkas por um ~rfoclo de tempo muito lo ngo. Observamos povos qUf' eram agrlccolas tornarem-se: caadore$, c outros
mudarem seu modo de viei<. na dirt'llo oposta . Povos qUI: tinham
o rganizao tot/mica d~~i5 1 r: m dela. rnquAn to outros Adotam-na
dt ~~u~ vi'Zinho~.
No ~ um m~t odo ~rf,uro supor qu~ todo~ o~ frn menos
cl11turAi~ an~logos preci ~~m e5tA r hi~lori camenlr rdadonados.
Em cada ca~o t necrsdrio f'xigir prova dt relllo histrica. qUt
d(v( ser tanto mais rlgidlll quanto m(nos (vjdlncia houver d~ um
con tato rtal, !ltja dt r~ce nlt 011 antigo.
Na busca de reconstruir a histria da s rl'l,M moderna!l. lenlam os dtscobrir a~ formas mais anligas que prrcederam as a luai~.
Exige-5e umll le ntativa IInAloga na hist6ria cultural. Ela ttm ~ido
bem -sucedida numa extrmo limitada. A hist6ria das invenes
e a hi st6ria da cilncia nos mostram. ao longo do ttmpo, acrscimos const:m tes ao acrrvo do: iovrn,ftrs e um aum~nto gradu:tl do
conhrcim("lltn emplrico. Com baSt' nisso. poderfamos ser levados
a procurar lima {mica linha de dr~nvolvim e nto da cultura st'(tundo o p~nsam rnto ql1r m~r~ceu destaque no trabalho antrop"16gic,, do final do stculo p ~1Ssado.
O cOllhrcimtnto mai ~ complet" dc quc hoj~ dispo mos torna eS!la ,-ido imust~ntAvf'1. As C'UltUtaS difertm do m~smo modo
que as vria~ rsptcies. talwl os vrios gi'nero~ de animais, e sua
h:uc com nm rsl~ prrdida para srmprc. Sc drscon~ideramos in vell,ilo t m nhecimenlo. m dois elementos h:\ pOllCO mellc1ona -

dJs. parect imrossivrl colocar a!\ c l11tl1ra ~ em qualquer tipo de


s~rir continua. EncontramO!' organi7.a(lu mcia i!\~!\ vt'les !\im pies. h vezes complexas. asmciada!\ a ilI\'enftros c conhrci mento ~
tCl!\COS. O comportamento mora l nJo parece!\C' enqu:tdrar ('m or o
dem alguma. a no !\cr quando pa!l!\a a ser controlado I'rla cre!\ (Cnle (omprrrn!\o da .~ necr,.,~idadrs mciais.
~ evidente que h~ inco mpatibilid .. dc entre crrlas condi,ftes
sociais. Um povo caador. entre o qual cadll famllia dr''C' di!\ror
dr um exten!\o territ6rio para ter o suprimtnto nrcessll.rio dr co
mlda, n o podr formar grande!\ co munidades. embora possa
Po~suir r~gras complexa~ quanto ao casamen to. Um modo M
vicia que demanda comlantes deslocanll!'n'o~ a p t incompatlvcl
com o destnvolvirnt'nto em larga cscala da pro priedade pes.'(lal.
necessidade d~ !\uprimento !\a7.onal de comida txigt um modo
de vida diferenlt' dc um outro. rm quc es.~r ~ uprime nt o dt comi da tenha de ser regular ~ ininterrupto.
A int ~rdeptnd ~ ncia dos fenmeno!\ culturais devr srr um
dos tem:u da p~!\qui sa antropolgica. cujo matcrial pode ser ob tido por meio do estudo das l'ocirdadel' ex istentes.
\
Aqui. !\omo!\ levados a con!>idt'rar cu ltura como uma totali dade, em toda!> as suas manifcsta,~s, enquanto no ~studo da
difuso c do dtsenvolvimento paralelo. a naturr7..a e a distribui Ao dt' traos isolados slo mai~ comu mente os objetos da investi gao. TnvenOts. vida econmica . estrutura socia l. arlc, religi1io
e moral, lodM e51i'1o inl tt - rela cionadas.lndagamo.~ em quC' medi ~a elas so detenninadas pelo ambiente, por ca racl erfstiCIIs hiol6':gicas da populao. por co ndies p!\icolgicas. por evcnto!> hi!\"'6rico!\ ou por lei!\ gerai!\ dt in t~r- rda,n .
~ 6bvio que e~tamo~ lidando aqui com um problema dife. rente. que pode !\cr mais claramente percehido no nosso I1 S0 da
linguagem. Mesmo o conhecimento mais completo da hi!\tria da
linguagem nl\o no!\ ajuda a comrreendtr como l'I U ~lI mo!\ e qur
influl:ncia da trm sobre no!\!\O penulllrnto. Ocorrr o me!\mo
com outras fa !\es da vicia. A!\ reaes d i n~mi c a !\ .. 0 a mbientr cu l-

,O'

lO!>

ror li""

Imal nllo ~1I0 d('l('rmilHl(b ~


hi.stria. emb('lfa T('"ultem de'
c1t,Stnyolvimrnto hililc'lrkn O li (bdn~ hi"tflrkos (ornt'cem Ctrl'!.5
pi!ita~

que no podem

~t',

cnconlradali na

exJ~t'ri~ncia

de uma

l'nica gt'raAo. Mtlimn u!iim. o ' prohlt'ma psicolgico deve ser


estudado eln socierlade.s vj"lIli.

Seria um ('rro lleglH. como llgunl antroplogos (') fazem,


qut', por ('1i,Sa rnAo, (') rsluclo hi!il6rko / ir ..('I('v:ml(' , Os dois bdos
de noslio problema demandam llrno igual, pois dt'l'ejamoli co-

nheo:r, nlln arena.s a

din~mic"

d:l.s liocit'dades o:i51enl('$, mas

lambim como rlas.se (('Imatam aquilo qut' sAo. Um conhecimento clt' rroc('sso.~ vivos t 1110 llect'!>sArio para uma compreendo
inteligenledr procesli('tS hislflrico5 quanto rara a comprcensAoda
t'volullo das formal' de vida.
A dinllmka das mcilad~s exi~trnt~s I um dos campos mais
C:'llorosam~nt~ conlmvrrsos dll~oril antropolgica. ElA podr ser
observada a pArtir de dois pontos de vistA: o das inter-relaes
enlr~ diversos aspectos d~ fClrma cultural ~ enlr~ cultura e ambiente natural; ~ ('I dl inter relill o entr~ indivfduo ~ sociedad~.
O s bilogos do propensos a insistir numa relao entr~
constihti~O (('Irporal r cultura. Vimns qur a evidi'ncia dessa int!'r-relalo nunca foi estahelecida por me io de provas que resistam a uma anMise slria. T:tl~z nllo sf'ja fora de propsito insistir
aqui novamente na diferena entre raas e indivfduos. A constituio hereditria de: tlm individuo tem certa inRu~ncia sobre seu
comportamento ment"l, t os ("SOS p:ltolgicos 5110 " prova mais
dara disso. Por outro lldo.toda r"" possui tao(os individuos de
constitlli~s hereditria~ diverl'i"s. que as diferenas mdias en tre raas, descontados 0$ eI~mentos d~terminado~ pf'\a histria,
n~o podem ser prontamrnl~ \'crific.. das. embora p;u~am insig-

nific.. nle:s. t!. muito duvidmo que tai s diferenas, livres de!>!>es elemenlm hist6ricm, rn~!>am l'ir a se r estahelecid.. s.
Os grografos tentam 11eri,,;u todas as formas da cultura hu m;l!lfl cio ilmbicnte geogrfico no qU:l1 o hom~m vive. Por mais
imp0rlante que possa ser e ss~ aSl'eClo, no t~mos c"idtncia d~

lima fora criativa do amhientt". Thdo o que !ahe mos l quI' qualquer cultura t (ort~mt"nh influenciada por sell Illr io "mbientt'. ('
qur alguns ekmento! dc cultura no pod~m ~ e d ~st"ll\'ol\'('r num
c~nrio g~ogrMico df'sfavon\vel, as.~im como outros rodem !> ~r
por ~k favor~cido$ . Basta observar as dif~renas fundam~ntai s de
cultura que se desenvolvem, uma aps a outra, no mesmo ,,01 ,
bienle, para nos {"ur compreender as limital"le! das innnl'ncias
a\nbientai!. Os aborfgines australianos vivem no mesmo am hi~nt e qu~ os in"asor~s brancos. A nalur~7..a e a locali7.aiio da
Austrlia r~rman~ceram as mesmas ao longo da histria huma na, ma~ exerceram ma aAosobredifer~nt~s culturas. O amhit'nte
Pode afetar ap~na!> uma cultura existente. t' valr " p~na estudar
essa innul'ncia em detalhe. 1550 tem sido claramentt' r~conh~C"ido
pelos ge6grafm crit~riosos, lais como Hrltner.
Os economistas .. crf'ditam qu~ as condil"lt'~ r conll1nica~
controlam as formas culturais. O determinismo econmico t:
~pres~ntado como oposto ao g~ogrfico. Sem dl'ida a inter- rela
llo entre ~conomi" ~ oulros asp~clos da cultura t muito mais
imediata do qu~ aqu~la ~ntre o ambit'nlt' g~ogrMi co ~ a cultura .
M~smo assim. nilo t possfvel explicar cada aspt'cto da vida cultu ral como delr-rmioado pelo slatus ~conmi (o. No \'t'mos como
estilos artfsticos, formas d~ ritual ou formas esptciais dr Cfr nas
r~ligio!>as podrriam derivar de foras econmicas. Pelo contrrio,
observamos que a economia e o restantt d" cultura in\(~ ragem,
ora como causa ~ efeito, ora como deito e C;!.USl.
Tda t~ntativa dt' deduzir as form .. s culturais cI ~ uma nica
. causa esl fadada a fracassar, pois <15 diversMi t'xpresses da cuh u ' Ta ~sto inlimam~nt~ inl~r- relacionadas. t' uma n:ln pode srr .. I
t~rada sem .. {etar todas as oul rasoA cultura l' integraria . t ~rriacle
que o grau de integrao nem s~mpr~ t o mr-smo. l"U culturas qut'
pod~rlamos d~scre\'~r por um nico t~rmo - <I das modrrnas
democracias, como individualistu-me-dnicas; 011 a de um;!. ilha
da Mdantsia, como de indi"iduali7.a:lO por desconf"ianl mltlla ;
ou a dos indios de nossas I'lanlcit's, como de sohrcvaloriza:lo dl

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gun-ra inl~rlribal. Esltt'l' lC'rm(1~ podrm ~C'r rnganosos, por enfati


urrlfl algum. asptclm;; m('~mo A~..im. t'1C'~ indicam cuIas alitud{'~
domin .. nlC'1..
No muitas vr1.t"s a inll!grall.o t U(l complt.13. qnr SI! tlimi
nlm lodos O~ rltmtl11m cconlraditflrim. Geralmente tncontra mos na mrsma cultura rurlunu significativas n:u atitudes de- di f('rf'ntrs indivlduos; no cam clt' l'iIUa{~S \'ari~vds. i$sO omrrr alt

no comportamt>nto dt um mrsmo individuo.


A atls~ncia clr corrrlars nrccsdrias entrt os vrios aspc'c-

loS da cllhurl pode srr ilmtraeb, rrlo significado cultural do (,5Iu do ~rdad('iram('nlt cirnllllro dos corpos ce!e"strs rtillizado por
babilnios. maias r europtw; duraotr a Idade Mldia. rata ns. I
correJ .. o nrct'!>sria das nhsrrvaOts "stronmicas ~ com os f~
nm~no.!: nsico~ ~ qulmico~; p:.ra ~It'~, o ponlO ~s~~nci,,1 na o
signific"do a~lrol6gico, i$lo ~, ~t1" rt'l"~o com o d~slino do homem, nllm" alilud~ bal't"dll n" c\llIm" grral hi~toric"m~ntt condicionada dI." ~ellttmpo.
F-~s~~ brtv~s com('n'~r i ol\ pod('m l\('r suficientes p"rll indicar
a complexidade do~ (enmenos qllt tsl<lmos estudando. Parece
;uMific::tvel indagar se ~ po(~I\'el "lmciar atingir quai~quer con
c~lI~rs generalizJveis q\lt reduzam os dados antropolgicos a
uma frmu la que ro~~a 5tl aplicada a cada caso, explicando seu
passado e prevrndo sru futuro.
Acredito qn~ seria r.io alimen tar ts~a$ ('sptranas. 05 (en

mrnos dI." no~sa cilnci" de, Uo individualiUldos, tilo expostos a


acidente!> eX'lernos, que nenhum conjunlo de leis pode explic
101'. O mel'mo ocorre com CJualq\l~r oulra ci~ncia qu~ lidt com o
mundo r~al ao nosso redor. Pod~m05 atingir uma compre~ns~o
da dtltrmina1io d~ cada caso individual por (OTIIs inl~TI1as ~
exttrnas, m"s ni\o podemns ('xplicar sua individu:1lidade sob a
(orrnll de Id~ . O astrrmomo rrd\lZ o movimtnlo das estl'el:!s a leis,
mas, a menos qUt haja um inqlleslion~vel arranjo original no
tSl'ao. r1c n;\o pode exrlir,,1' 11 rIl7.i\0 dt' UllI locali7.!ll\o atual. O
hi610gn rod~ cnnhrc~r I nd~s as Ici~ da onlog~nese. mas nlla pode

explicar. por seu intermdio, as (ormas acidtntais que tias adquiriram numa esplcie individl1al. muito Olenm aquelas encontrA vtis num individuo.
uis flsicas e biolgicas di(rrem em mllurrza [traas ~ com
plexidade dos objelos de seus ~~l lIdos. As Iris hiol6gicas podem
rr(trir-se ap~nas s (ormas hiol6gicas, as.~im <'01Y'10:l~ Iris {!.eolgi(:15 podrm sr rtladonar s('Imentr ih forma ~ gcol6gicas. Ql1anlo
mai!> complexo o (enm~no, mais esp('ciai.~ serllo as leis por ~Ies
expressas.

Os (tnmenos culiurais so d~ tal complexidade, qu(' me


partce duvidoso que se possa encontrar qllalql1('r Iti cultural vlida. As condies causais das ocorrlncias culturais repousam
femprC' na interao entrt individuo e socitd"dt, e nrllhum ('stu
do c1assificat6rio das socitdades ir solucionar e~st prohltma. A
.c.lassiflcao morfolgica das sociedades pnde nos chamar a aten :llo para vrios problemas, mas nl0 05 resolyrrA. Cada caso serA
redutlvell mesma (onle: a int~rallo ~ntr~ individuo ~ sociedade.
~ verdade que podC'mos encontrar alguma$ inler . rc1al'l~s
vlidas C'ntre aspectos gerais da vida cultural. tais como en tre
densidade e tamanho da populalo c005ti luliva dr uma comuoi dadt e ocupaOC's induslriais; ou enlrt solid",ritdade e isolamen,. to dt uma pequena popula1io e seu constrvadorismo. Elas so
interessan tes como descriOes est:!.ticas de (atos culturais. Tamblm se podem reconhecer proc~ssos din!micos, tais como li lenMncia dos costum'es a mudar de significado de acordo com as
. mudanas culturais. Mas seu sentido s6 pode str compreendido
por uma anlise pen~frante dos eI~m~nlos hl1m"nos presenl('s
~m cada caso.
Em re$\lmo, a matria -prima da antropologia t lal. q\1~ ela
prrcisa StT uma citnc:ia histrica. uma das ci~ncia~ c ujo int('reS5~
~5U c('nlrado na tentativa dt compreender os (en"'m~nos indiyi
duais. mais do qut' no estabtkcim~nto de l('i5 gerais. Estas, graas
Acomplexidade da mati" ' prima, srrllo nccessariamelltr vagas.
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1
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.o,
~, rod(,lllo ~

Parecc csfClr('o vo procurll r leis sociolgicas que d rsco nsidr rem


o que roderlamos chllm;u de psicologia mc i~l . i~to ~ . l\ . rea,i'lo do
indivIduo ~ cultura. Elas nll"o srria m mais dn que f6rmulas va7.ias.
que podem ~er animadas apenas se Itvarm(ls em comidrrallo o
comporlamr lllo individ ual em ctno1rios .ultu ra is.
A socirebdr ahran~e muit(ls individuos vario1\'{'is em lermos
de cara ct(' rl.~ l icas mentais. parcialmentr r or sua \Omlil' ui~o hiolgica,
parc-ialmenl e pelas condies sociais espf'dficlls soh as
,
9uais f'les cres.eram. A d es~it o disso, Im,;tos d('I('s reagrm de
modos simila res, e ho1 ini'l meros casos nos quais podemo!> rn.onIrar uma cla ra marca da cullura sobre o comporta mento da gran de mas..u de individuos, upressa pela mesma mentalidadr. De$vios r Ol rcJai'lo a esse tipo re5llham em comportamento social
anormal, e embora la nce m lu z a resp('ito <'Ia I'r i s~(l de ferro da
cultura sobre o individuo mtdio, consliluem mais um Irma para
.0 estudo da psicologia individual do que da psicologia sodal.
Se conseguirmos desse modo dominar o significado de culturas estr'lmgeiras, tamb~m devemos eslar artos a ver quantas dI!
nossas li nhas de comporlarnrnto - que acreditamos esta r rro\ fundamrnte fundadas n a nalure7.<\ hu mana - ~o na rralidadr
expressOes de nossa cultura e rsti'lo su;eilas a lI hcra,lks produzidas por mudan,a cultu ra l. Nem todas as nossa!> norm as sllo calt goricamente determinadas por nossa qualidllde de seres huma nos: vbias dclas mudam com as circunstA ncial'. ~ nossa !lIre(a
descobrir. en tre todas as varie~ad es do comportamen to humanQ,
aqueles qur do com uns a toda a humanidade, I'or meio dr um
estudo da universalidadr e da varirdade ('ias . ulturas. a antropo logia pode nos ajudar a molda r o fu turo nlrso da humanidade .

qUflSt afirmar, Uo 'HlIn-tv idr n!cs. que- litriam de


pouca ajuda para uma rC';!o1 comprct'mn.
Com muita (rrqt'ncia !('n l a-l(t' formular 11m rrobJtma gtntlicn como n" clt' (ossr ddinidn por um !trmo to m ado de n ossa
prpria civilizaiio. qutt t'ste ja ba5e .. d n n um a analogia com formas qut' nos s~o co nhfcid(l~. q\l(:r contr,,:;tc com ilquelt's cnrn os
quais t'slamos f;'tmililrizado'. Desse Illoeln, concdlos como g uerra, li idtia clt imflrtalidaclt' t' regras malr;molliai~ " m sido comidtr"clos como u!lidaMs. (' de suas forma s (' cllst riblliiin drrjvam se concluses grrais. Cahe-ria r('conhecer que 11 subordinallo clt
toelas ('s~.s fo rm as fi c:urgorias qut nos lil'O familiatrs, grlas A
nossa pr6pria exr('r i ~ n cia cultuml, nllo prova a unidadr histrica
ou sociolgica do fen meno. A ~ idtia~ de imortalidade dif~rem
tio fundamentalmente em contedo e significado. que dificil
ment e podem ser t ra ta da~ como lima unidade. Tamblm n~o podemos timr co nclllse~ vo1liclas baseadas em sua ocorrl-ncia , ti n ~o
ser a partir de uma ano1lisc (letalhada .
Em lllg!!r diMo, uma invelltiga,i'ln criter iosa mostra que for
mas de pensamento e a,i'lo (jllr nos inclinamos a considerar pau
ladas na nahlre7.<\ humana ni'lo si'lo vlidas em geral, e sim carac
terl!>ticas de nossa cultura rsr rdfica . Sr n~(I fosse a~<im, ni'lo po d'e rfamos entender por q ue ce rtos aspcctos da vida mental pecu liues ao Velho Mundo deveriam estar inteira ou quase intrira mrnte ausentC5 na Am~rica aoorIgine. Um exemplo t o cont ras te
entre a id ia fundam ental de procedimen to judicial nll frica e nll
Am~rica; a I!nfase no juramento e no ord:Uto, no Velho Mundo, e
sua allsl!ncia no Novo Mundo.
Os problemlls da rt'la,i'lo do indivIduo co m sua cultura e
.o m a lioc iedade na qual vive t ~111 ren'hido muito pOllca ateno.
Os clados an tropolgicos padronizados que nO$ in formam sobre
o comportamento cOlitu m dro n;lo nos fo rnect'm pistas $(lhre a
rrai'l(l d(l indivfelu(l sua cultura, nem sohre o entendimento dc
sua innl1l-ncia sohre ela, Nf' r!llan to, ai esti'lo localizadas as fonles
para ullla verdadeira .0T1l precns~o do c(lmpol'lllmen to humano.

' . """ !

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