Vieses inconscientes...você possui algum?

Vieses inconscientes...você possui algum?

Você foi convidado para uma reunião com os CEOs das maiores empresas do Brasil. Como você os imagina? Homens de terno e gravata, maduros, sérios? Você apresenta um problema intestinal e deve ir a uma consulta médica. Como você espera que a pessoa seja?  Homem, branco, maduro e, claro, de jaleco?

Independentemente das suas respostas, você tem vieses inconscientes, preconceitos que todos nós possuímos, mas não sabemos. São associações automáticas que resultam em julgamento, premissas e atitudes com relação aos outros. Eles têm como base os estereótipos do nosso modelo mental. Os vieses estão ligados às experiências. Você recebe uma informação, aparentemente neutra, e ela passa pelos seus filtros - família, faculdade, trabalho, livros, músicas, viagens, religião -, a fim de ser interpretada e gerar comportamentos e opiniões. 

Tipos de vieses

  • De afinidade: tendência a avaliar melhor pessoas que se parecem com a pessoa que está avaliando;
  • De percepção: tendência a acreditar e a reforçar estereótipos sem base em fatos; 
  • Confirmatório: tendência a procurar informações que confirmem nossas hipóteses iniciais e a ignorar informações que coloquem em risco nossas crenças;
  • De auréola: tendência de, a partir de uma só informação positiva ou agradável, ser muito mais propenso a avaliar positivamente o restante das informações, mesmo que não o sejam;
  • De grupo: tendência a seguir o comportamento dos grupos para não desviar o padrão vigente.

Julgamentos linguísticos

O movimento político e social LGBTQIA+ (L - Lésbica, G - gay, B - bissexual, T - travesti, transexual e transgênero, Q - queer, I - intersexual, A - assexual ou aliados, e demais orientações sexuais, identidades e expressões de gênero) tem como objetivo defender os direitos das pessoas de gêneros e opções sexuais diferentes.

Homossexualidade é o termo correto. Homossexualismo tem o sufixo “ismo”, relacionado a doenças. Orientação sexual é a expressão correta. As atrações afetivas e sexuais são involuntárias e não uma “opção sexual”. Pessoa cis é a que se reconhece em todos os aspectos com o gênero atribuído a ela ao nascer. Pessoa trans é a que não se identifica, quanto ao gênero, com o sexo biológico.

A pessoa possui deficiência ou não possui, certo? Então, há pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência. Evite falar: normais, portador de deficiência, portador de necessidades especiais. Evite pensar: retardado, aleijado, paralítico, deficiente.

Ao se referir a pessoas negras, não use termos como “morena”, “mulata” ou “de cor”. Descreva a pessoa como ela é ou quer ser chamada. Usar o termo moreno funciona como uma tentativa de embranquecer a pessoa ou evitar reconhecer a existência de negros e a ocupação de importantes papeis deles na sociedade.  

Já o termo mulato vem do latim mulus, que significa mula. É o animal estéril resultante do cruzamento do cavalo com a jumenta ou da égua com o jumento. A partir do século XVI, a palavra foi empregada para se referir à filha do homem branco com a mulher negra. 

Denegrir significa tornar negro, mas o termo é interpretado como difamar, como se ser negro fosse algo difamatório ou vergonhoso. Mercado negro diz respeito ao que é ilegal. A palavra associa, dessa forma, a negritude a ações ilícitas ou criminosas. Inveja branca é usada como a “inveja que não faz mal”. Mais uma expressão que liga a cor preta à negatividade. “Da cor do pecado” era para ser elogioso, mas em uma sociedade influenciada pela religião, como a brasileira, pecar ainda é algo negativo e fortemente associado ao descontrole.

“Diversidade é convidar para a festa, inclusão é chamar para dançar”, declarou Vernã Myers, ativista norte-americana e líder de diversidade cultural, inclusão e equidade na Netflix. Não basta ser contra o preconceito, se posicionar contra o racismo, não gostar da discriminação. É preciso se vigiar linguisticamente a todo momento. Por meio da comunicação, muitas vezes, legitimamos vieses aos quais somos contrários.



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