OS IMPACTOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA COMUNICAÇÃO
Rodrigo Mendes*
Uma revolução está em curso na sociedade. Um novo cidadão-consumidor está surgindo. É preciso repensar radicalmente o marketing e a comunicação. As verdades de ontem pouco servem para entender a sociedade atual.
Novas tecnologias surgem todos os dias e ocorreu uma explosão de novas mídias. Estas tecnologias estão provocando mudanças profundas no comportamento.
Basta listar algumas destas inovações que transformaram para sempre a vida cotidiana: internet, redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, Youtube, etc.), plataforma de vídeos (Tiktok, Snapchat, Reels); celular/smartphones, superaplicativos, aplicativos de mensagens como Whatsapp e Telegram e o Streaming...
Para se entender um pouco destas transformações, neste artigo serão abordados dois aspectos desta revolução.
Primeiro, boa parte das mudanças começam a acontecer quando ocorre a centralidade do telefone celular, que hoje é um Smartphone. O marketing vira Mobile.
O Brasil tem mais celulares que pessoas. A maior parte do tráfego digital acontece via smartphone. A vantagem do marketing para dispositivos móveis é que os celulares permitem uma identificação detalhada do comportamento dos usuários e facilita a segmentação de conteúdos altamente personalizados, com maiores taxas de conversão. O celular é hoje uma porta aberta por onde as empresas e os governos podem entrar - desde que não sejam invasivos e sejam responsivos e relevantes.
Segundo, ocorreu a disseminação de plataformas de vídeos curtos que geraram uma explosão de micro conteúdos. Através do celular, que se torna a tela por excelência, as pessoas assistem de tudo e compartilham, através das próprias redes sociais ou via aplicativos de mensagens, os mais variados conteúdos.
No Google, imagens têm aparecido no topo das páginas, ou seja, elas são prioridade nos resultados. A empresa sabe que as imagens capturam nossa atenção imediatamente, diferente de um texto por exemplo, que precisa ser lido para conseguir engajar o público. O algoritmo do Tiktok, por sua vez, privilegia vídeos de pessoas interagindo com a câmara, geralmente feitos de forma amadora, causando a sensação de verdade e autenticidade. Este tipo de mídia tem alto potencial de viralização e é capaz de fazer uma empresa ou governo crescer de forma orgânica.
Nestas mídias, o grande foco vai para os conteúdos de entretenimento ou educativos. Ser engraçado ou útil é o grande fator de engajamento. Quanto mais engraçado e útil, fácil de entender e dinâmico for o vídeo, maiores serão as chances desse material se manter como fonte de tráfego ou conversão.
Com a disseminação dos smartphones, das redes sociais, das plataformas de vídeos curtos e também dos aplicativos de mensagens, um novo ator social surge e ganha muita relevância: os influenciadores digitais. Alguns deles com milhões de seguidores e outros, os chamados micro ou até nano influenciadores, com milhares.
Tudo começa quando os próprios usuários das redes sociais e das plataformas de vídeo passam a ser os geradores de seus próprios conteúdos, o chamado user generated contente (UGC). Muitas vezes estes conteúdos são distribuídos para nichos muito específicos. Mas quando um influencer ultrapassa os milhares de seguidores, passa a dialogar com a cultura pop, muitas transcendendo as redes sociais e ganhando espaço na TV, nos cinemas, nos eventos e, também, no mercado de produtos, nas prateleiras dos supermercados ou lojas de brinquedos.
A pergunta que fica, e que será abordada no próximo artigo, é: como o marketing e a comunicação devem ser repensados para conseguir dar conta destas profundas transformações sociais que estão em curso?
* Rodrigo Mendes é estrategista de marketing e comunicação pública com 25 anos de experiência, já tendo coordenado 60 campanhas eleitorais e prestado consultoria para diversos governos, instituições e lideranças.