O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E A MUDANÇA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E A MUDANÇA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

  1. INTRODUÇÃO

A progressiva difusão da tecnologia nas sociedades é um fenômeno mundial provocando profundas mudanças em todas as dimensões. Essa evolução deve-se ao grande e contínuo avanço tecnológico (SILVA, 2003). Desta forma, a sociedade vive um período de grandes transformações que têm impactado e modificado, de forma definitiva, as organizações em todo o mundo. Essas transformações têm levado as organizações a privilegiarem a capacidade das pessoas na busca contínua de novos conhecimentos.

Segundo Frigotto (1996) a educação é tema central dentro do novo paradigma produtivo internacional, caracterizado pela presença de novas tecnologias, uma informatização crescente e uma demanda cada vez maior no que diz respeito à qualidade. Com a crescente exigência para o processo produtivo há necessidade de uma formação mais complexa, visto que o aumento de produtividade está associado a uma reorganização da produção apoiada em princípios como flexibilidade, qualidade e rapidez.

A democratização do saber por meio da informação propõe alternativas que busquem produzir, socializar e facilitar o acesso ao conhecimento, ultrapassando a metodologia de trabalho fundamental da reprodução para a produção de conhecimento. Por isso, torna-se necessário buscar um referencial teórico que discuta a questão prática e a teoria na educação.

Diante disso, faz-se necessário um acompanhamento do impacto tecnológico sobre a educação, com o objetivo principal das melhorias da qualidade do ensino.

Segundo Tori (2010) enquanto se debate sobre as vantagens e desvantagens do uso da tecnologia na educação, novas gerações de estudantes estão chegando às escolas sem quaisquer dúvidas ou receios quanto ao uso das tecnologias de informação e comunicação em atividades do dia a dia. Não vai ser fácil para eles se adaptarem às escolas que não tiverem integrado as novas tecnologias à sua rotina.

Dessa forma a prática pedagógica deve ser repensada e modificada para atender a nova demanda de alunos que chegam até a escola, sem nenhuma dificuldade em utilizar novas tecnologias, o que ocorre o inverso no lado dos formadores de opiniões, os professores. Talvez pelo sistema engessado e desde muito já ultrapassado que ainda insiste em promover a mesma formação de tempos atrás.

A geração dos professores é pré-internet, diferente de seus alunos que não possuem nenhum receio de usá-la no dia-a-dia seja por diversão, social ou por motivos educativos. Segundo Prensky (2001, apud 2010, TORI, p. 218) ”Nossos estudantes mudaram radicalmente. Os estudantes de hoje não são mais aqueles para os quais nosso sistema educacional foi projetado.”.

Surge então a problemática, com o aumento da diversidade tecnológica qual o ritmo de mudança que a prática pedagógica tem assumido para acompanhar essa evolução?

Assim, o presente artigo tem como objetivo evidenciar alguns aspectos relevantes do impacto das novas tecnologias na educação e as implicações dos desafios impostos para a docência.

  1. METODOLOGIA

O trabalho implica numa metodologia de pesquisa indireta, de caráter bibliográfico, que consiste na utilização de referências teóricas já publicadas para análise e discussão do problema. Quanto aos fins, considera-se descritiva, pois a preocupação central é evidenciar a influência da tecnologia no processo ensino-aprendizagem e na prática da docência.

  1. TECNOLOGIA APLICADA NA EDUCAÇÃO

Considerando a atual configuração da era digital, inúmeras ferramentas estão disponíveis para potencializar as capacidades intelectuais dos indivíduos. Há alguns anos, existiam apenas livros, jornais e revistas impressos.

Atualmente, tem-se um leque de possibilidades: bibliotecas online, base de dados, sites especializados, filmes, imagens, livros eletrônicos (e-books), enfim, os recursos são muitos e bem diversificados para acesso e consulta ampliando largamente as fontes de informação.

A informática está presente em salas de aula e em outros ambientes educacionais. Educandos utilizam computadores para inúmeras tarefas devido à facilidade de comunicação e acesso às informações na realização de pesquisas e trabalhos escolares.

As ferramentas da informática têm como principal função facilitar a vida dos sujeitos nas tarefas cotidianas, através da aplicabilidade de recursos, utilizando-se da linguagem escrita para interagir com a mente humana. Nesse contexto, computadores conectados tornam-se uma excelente ferramenta educacional, ampliando as condições do educando em descobrir e desenvolver novas habilidades intelectuais, tornando a aquisição e construção do conhecimento um processo mais prazeroso.

O computador passou de uma mera máquina de escrever sofisticada para uma das principais fontes de informação para as pessoas, independente de idade, situação social, escolaridade, ou outras condições que possam ser adversas. Nesse contexto, os computadores podem ser utilizados como “instrumentos para trabalhar e pensar, como meios de realizar projetos, como fonte de conceitos para pensar novas ideias” (PAPERT, 2008, p. 158).

Em função disso, novos modelos de espaço dos conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, devem ser construídos, reorganizando-se de acordo com os objetivos e contextos. Por conta da enorme quantidade que se passa, configurado no grande fluxo de informação, tornou-se evidente e tangível que o conhecimento passou para o lado do intotalizável e do indominável (LÉVY, 1999).

Uma tecnologia presente na era digital que potencializa o fluxo de informações é o ciberespaço, veículo de comunicação, cuja informação é processada em tempo real, de forma interligada e globalizada. Ele é um instrumento de comunicação incomparável, pois à medida que se acessa uma informação, extraem-se daí diversas outras informações, podendo essas ser mostradas em outras janelas multimídia, oferecendo uma gama de possibilidades.

 Assim, evidencia-se que, na medida em que um simples usuário ou educando utiliza os mecanismos disponíveis no hipertexto alicerçado nas ferramentas ou programas de computador, incondicionalmente manipula uma série de programas que estão diretamente ligados à racionalidade, estabelecendo, assim, certa interação entre tecnologia e intelecto (LÉVY, 1993).

O ciberespaço, com a condição de proporcionar aos sujeitos uma interatividade que, por sua vez, amplia a troca de experiências e de informações que, a posteriori, transformam-se em conhecimento, posiciona-se como uma ferramenta fantástica que possibilita ao seu usuário interagir com uma infinidade de indivíduos (espalhados pelo mundo), instituições, empresas e outras que fazem parte desse novo contexto.

O ciberespaço, a cibercultura e os computadores contribuem de uma forma expressiva no desenvolvimento, exteriorização e modificação de algumas funções cognitivas do ser humano, como memória, imaginação, percepção e raciocínio (LÉVY, 1993).

Nesse sentido, as tecnologias aplicadas à educação podem potencializar os processos de ensino-aprendizagem, uma vez que os sujeitos se apropriem das mesmas.

  1. OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA NA ERA DA INFORMAÇÃO

Segundo Mainart e Santos (2010), a grande evolução e utilização das novas tecnologias informacionais vem provocando transformações radicais nas concepções de ciência, e impulsiona as pessoas a conviverem com a ideia de aprendizagem sem fronteiras e sem pré-requisitos. Tudo isso implica em novas ideias de conhecimento, de ensino e de aprendizagem, exigindo o repensar do currículo, da função da escola, do papel do professor e do aluno.

Até o advento das tecnologias de informação e comunicação, a escola era o lugar para onde as pessoas se destinavam a fim de adquirir conhecimento sistematizado, o lugar onde estavam as informações mais importantes e o professor era visto, então, como o detentor e provedor de saberes. Com a profusão de mídias e facilidade de acesso oferecido pelas tecnologias de informação e comunicação, a escola redefine-se no que diz respeito a ser repositório de informações e o professor passa a ter o papel de mediador e orientador da aprendizagem, devendo ser hábil no uso das tecnologias para a educação (MAINART e SANTOS, 2010).

Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é importante que amplie, que aprenda a dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e as de comunicação audiovisual/telemática. Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. É importante que cada docente encontre o que lhe ajuda mais a sentir-se bem, a comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a que aprendam melhor. É importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar. (MERCADO, 2002).

Segundo Papert (2008) as tecnologias da comunicação não substituem o professor, mas modificam algumas das suas funções. A tarefa de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos, programas em CD. O professor se transforma agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informações mais relevantes. Num segundo momento, coordena o processo de apresentação dos resultados pelos alunos. Depois, questiona alguns dos dados apresentados, contextualiza os resultados, adapta-os à realidade dos alunos, questiona os dados apresentados. Transforma informação em conhecimento e conhecimento em saber, em vida, em sabedoria – o conhecimento com ética.

Observa-se que a função-mor do docente não pode ser mais uma difusão do conhecimento, executada doravante com uma eficácia maior por outros meios. Segundo Lévy (1999) acredita-se que a competência do professor deve deslocar-se para o lado do incentivo para aprender e pensar.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em se tratando da utilização de novas tecnologias no contexto educacional, o que se percebe é que o educador encontra-se inserido num emaranhado de conexões cujo centro é móvel, pois a mudança é frequente, esperada e, por vezes, extraordinária. Não há uma tecnologia específica a ser utilizada, nem uma forma única de utilização dos recursos tecnológicos, mas um leque de oportunidades educativas que as diferentes tecnologias revelam, cabendo ao professor adequá-las às necessidades e especificidades da escola e do alunado com que atua. Entretanto, para que tais adaptações possam se efetivar, é necessário domínio do professor quanto às possibilidades de uso da tecnologia na educação.

É necessário que os educadores estejam preparados para interagir com as novas tecnologias no ambiente de trabalho, estimular e facilitar a difusão da informática educacional, fornecer subsídios para a elaboração de Projetos Pedagógicos, de acordo com a disciplina e o nível escolar dos alunos, propiciar condições de aprimoramento quanto ao uso da informática no processo de ensino e aprendizagem de todos os alunos, inclusive daqueles que apresentam deficiências e avaliar as possibilidades da utilização de softwares nos projetos e atividades pedagógicas.

Certamente, o professor deve aprender também a utilizar as ferramentas básicas de Informática como: processador de textos, editor de desenhos, planilhas eletrônicas, banco de dados, Multimídia e Internet, possibilitando o desenvolvimento de habilidades para o enriquecimento da Prática Pedagógica. Assim, para que se possam vislumbrar possibilidades de sucesso na utilização de novas tecnologias na educação, há necessidade de se considerar os professores não apenas como os executores de um projeto já definido de informatização da escola, nem como responsáveis pela utilização dos computadores e consumidores dos materiais e programas escolhidos pelos idealizadores do projeto, mas principalmente como parceiros na concepção de todo o trabalho.

A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Finalmente, devem-se criar condições para que o professor saiba re-contextualizar tanto o aprendizado como as experiências vividas durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus alunos aos objetivos pedagógicos a que se propõe atingir.

Assim, cabe ao docente do ensino superior se inteirar e se adequar às tecnologias que ora se apresentam, pois, a sociedade do conhecimento demanda agora um novo perfil de profissional.

Referências

DELL'AGLIO, D. D.; KISSMANN, D. B.; CHARCZUK, S. B. Um Paradigma Emergente na Educação Superior: percepções de professores quanto às novas tecnologias. Colabora, Curitiba, v. 1, n. 1, p. 17-28, 2002.

FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva: um re (exame) das relações entre educação e estrutura econômica social e capitalista. São Paulo: Cortez, 1996.

LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

______. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Ed. 34, 1993.

MAINART, D. A.; SANTOS, C. M. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração, 2010, disponível em: <www.convibra.com.br>. Acesso em 20 de janeiro de 2015.

MERCADO, L. P. L. Novas tecnologias na educação: reflexões sobre a prática. Maceió: Edufal, 2002.

MOLIN, S. L.; RAABE, A. Novas tecnologias na educação: transformações da prática pedagógica no discurso do professor. Acta Scientiarum. Education, Maringá-PR, v. 34, n. 2, p. 249-259, 2012.

PAPERT, S. A Máquina das Crianças: Repensando a escola na era da informática. ed. rev. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.

SILVA, F. M. Aspectos relevantes das novas tecnologias aplicadas à educação e os desafios impostos para a atuação dos docentes. Akrópolis, Umuarama, v.11, n.2, abr./jun., p. 75-81, 2003.

TORI, R. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora SENAC, 2010.

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