Nada é permanente, exceto a mudança

O filósofo Heráclito de Éfeso por volta de 540 a.C nos trouxe essa contribuição, para nos lembrar que tudo flui, nada é persistente e até o que parece imutável se transforma. E isso não é diferente na segurança do trabalho. Tenho certeza que você, profissional da área de segurança já ouviu falar sobre segurança I e segurança II (safety I and safety II), mas afinal, qual a diferença dessas abordagens? Existe diferença? Hoje vamos tentar trazer de uma forma mais simples e resumida sobre essa mudança que é conhecida como a nova visão da segurança!

A Segurança I (Safety I) é a segurança tradicional que conhecemos, que estudamos nas escolas técnicas e nas escolas de engenharia, é aquela segurança que foca na ausência de acidentes. A maioria das organizações hoje tem essa abordagem: a busca pela ausência de acidentes e danos. Nesta visão quando um acidente acontece dentro dessas organizações a causa mais comum é o famoso erro humano e as tratativas estão ligadas a essa causa, por isso deve-se treinar os trabalhadores, implementar novos procedimentos, aumentar os controles, há um esforço para reduzir cada vez mais o que dá errado e na verdade erros não são tolerados.

Quando olhamos para a Segurança II (Safety II) a abordagem é bem diferente e a primeira mudança é logo no foco da organização, ele muda, agora o foco é na quantidade de coisas que dá certo. Isso mesmo. Existe uma tolerância aos erros porque há a compreensão de que falhas acontecem e que podemos aprender olhando também para as falhas. Nela devemos compreender porque as coisas dão certo, afinal, até algo dar errado quantas vezes já não deu certo?

Nessa nova visão há uma compreensão de que para que o trabalhador execute suas atividades no dia a dia ele necessita e vai fazer regulações ao longo do dia, por isso devemos nos atentar em como as coisas deram certo realizando essas regulações, porque como já falamos, essa ação dará certo muitas outras vezes no futuro.

 Mas talvez você esteja se perguntando, mas na organização onde eu trabalho nós temos o foco na prevenção de acidentes, buscamos o acidente zero, melhoramos procedimentos, buscamos novos controles e tudo funciona perfeitamente. Porque mudar a abordagem agora? Não é necessário mudar o foco.

 Posso te garantir que se começar a observar atentamente os profissionais nas áreas, em seus postos de trabalho, estabelecer um diálogo verdadeiro sobre a atividade que cada um executa, irá descobrir que as coisas dão certo exatamente porque esses profissionais conseguem ajustas seu trabalho de acordo com as variabilidades presentes.

Vale lembrar que quando falamos de variabilidades estamos falando de variabilidades que podem ser tanto internas quanto externas, e as variabilidades externas se iniciam muitas vezes já na diferença do trabalho que é prescrito para o trabalho que é de fato realizado, por isso não tem como exigirmos que o trabalho seja feito exatamente como foi prescrito porque ajustes são necessários para que as entregas sejam realizadas.

Talvez até aqui você esteja se perguntando como administrar as mudanças e temos um conselho pra você: você não precisa abandonar tudo que viu e viveu até hoje em segurança, você precisa se atentar às mudanças e entender que elas são melhores para as pessoas. Aplique os novos conceitos no seu dia a dia, mude a sua visão, leve o conceito para o seu time e com o tempo a nova visão será a base da segurança dentro da sua organização.

 O caminho não é fácil, mas é possível. Iniciamos nosso artigo citando um grande filósofo e vamos encerrar com a famosa frase de Lao Tsé: “Uma longa caminhada começa com o primeiro passo”.

 Este é o momento de dar o primeiro passo rumo a transformação da segurança!

Cristiane Lage

CEO Insight Consultoria

Especialista em Segurança Comportamental