As vacas que produzem o nosso leite

As vacas que produzem o nosso leite

A raça Holstein Frísia, também denominada simplesmente Frísia ou Holstein, é responsável por 98% a 99% da produção de leite em Portugal.

Originária da Frísia, norte da Holanda e do Estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, a raça Frísia instalou-se em Portugal, por volta dos séculos XVII e XVIII, em explorações do Ribatejo sendo na altura citada como raça turina. Com o passar do tempo, expandiu-se para todo o país, tendo encontrado na foz do Rio Vouga o seu berço. Com um padrão de cores preta e branca, facilmente reconhecido, é uma raça de aptidão leiteira, percetível pelo desenvolvido sistema mamário que apresenta. É uma raça exótica, de expansão global, ou seja, é possível encontrar exemplares destes animais em várias regiões do planeta.  

Embora originária de climas temperados ou mesmo frios, esta raça de bovinos leiteiros acabou nos dias de hoje por se adaptar a todo o território nacional. Mesmo no Sul, onde as condições climáticas são mais adversas devido ao calor, existe atualmente um número significativo de animais e de explorações.

A Associação Portuguesa de Criadores de Raça Frísia (APCRF) 

Fundada em 1973, por um grupo de criadores de bovinos de Raça Holstein, a APCRF é a responsável pela gestão do livro genealógico destes animais. Em jeito de analogia, o livro genealógico funciona, em termos de registo animal, da mesma forma que o registo civil funciona para as pessoas. À nascença os animais são todos identificados com um número que mantêm até à data do abate. Ligado a este número vai sendo acumulada ao longo da vida do animal toda a informação disponível, desde as quantidades produzidas de leite, gordura e proteína, até algumas caraterísticas funcionais, que sendo avaliadas geneticamente permitem aos criadores obter melhores animais.  

Por esse motivo, a recolha dos dados nas explorações deve ser precisa e o mais fidedigna possível, para que o melhoramento da raça seja feito com sucesso. O incentivo ao melhoramento da raça, além dos concursos pecuários que a associação de criadores anualmente promove, é feito também com a realização de cursos para os criadores, ao nível da morfologia e do maneio dos animais. 

Além da associação nacional – a APCRF – existem ainda duas associações regionais ligadas à raça. A Associação de Apoio à Bovinicultura Leiteira, do Norte, com sede em Vila do Conde, e a Estação de Apoio à Bovinicultura Leiteira que, embora tendo sede em Aveiro, desenvolve as ações de melhoramento no centro e sul do país. Entre as ações desenvolvidas por estas estruturas encontra-se a identificação animal e o contraste leiteiro. Este último consiste na recolha mensal dos dados produtivos das vacas em lactação.

As ações de melhoramento executadas pela APCRF em Portugal, são também realizadas noutros países através de associações semelhantes, estando estas unidas em confederações. É o que acontece com a Confederação Europeia e a Confederação Mundial da raça Holstein Frísia.

O facto desta raça ser em todo mundo a dominante em termos de produção de leite, leva a que os criadores nacionais acabem por ter acesso aos melhores produtos genéticos globais, seja sob a forma da aquisição de sémen dos melhores reprodutores, seja pela aquisição de embriões das melhores vacas do mundo. 

O valor económico da raça bovina Frísia está intimamente relacionado com o setor leiteiro nacional. Para termos uma ideia do peso da raça Frísia no valor da produção agrícola nacional, a produção de leite em 2020 foi de 721 milhões de euros, o que representa uma variação positiva (+1,6%) em relação a 2019, sendo também consequência da evolução do preço do leite (+1,5). A Produção de Leite preencheu 24% do valor da Produção Animal e 10% do valor da Produção Agrícola. 

Se ao valor do leite produzido acrescentarmos o valor da carne e de toda a economia que circula em torno deste setor como o das empresas de rações e de todo o tipo de serviço relacionados com a produção de leite, facilmente compreendemos o peso enorme que as vacas da raça Holstein Frísia têm para a economia do país.  

Agropecuária