Política
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Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupam, na tarde deste domingo, parte da Avenida Paulista, em São Paulo, numa manifestação convocada pelo ex-titular do Palácio do Planalto para demonstrar apoio em meio às investigações da Polícia Federal (PF) por suposta tentativa de golpe de Estado.

O ato começou, oficialmente, às 14h, mas desde o início da manhã a avenida, um dos cartões postais da capital paulista, já registrava movimentação intensa, com a presença de apoiadores do ex-presidente vestindo camisas verde e amarelo, além de bandeiras do Brasil, de Israel e de Bolsonaro estendidas nas calçadas. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) ficou fechado neste domingo por conta da manifestação.

Bolsonaro chegou à Avenida Paulista às 14h40 e subiu ao trio elétrico por volta das 15h, ao lado de sua esposa Michelle Bolsonaro, e estendeu uma bandeira de Israel e depois cantou o hino nacional. Junto a ele no trio, estavam os senadores Magno Malta (PL-ES) e Marcos Pontes (PL-SP), o pastor Silas Malafaia, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Minas Gerais, Romeu Zema (PL), de Goiás, Ronaldo Caiado (União) e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), além do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e vários deputados federais, como Marcos Feliciano (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO).

No último dia 12, o ex-presidente gravou um vídeo chamando seus seguidores às ruas num “ato pacífico” e em defesa do “Estado democrático de direito”. Na mensagem, amplamente divulgada por aliados nas redes sociais, Bolsonaro prometeu rebater "todas as acusações" que lhe foram feitas nos últimos meses.

Ele ainda faz um apelo para que seus apoiadores não levassem cartazes "contra quem quer que seja"— as manifestações bolsonaristas frequentemente exibem faixas com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros — recomendações que foram repetidas por aliados durante toda a semana em grupos bolsonaristas.

Os apoiadores acataram o pedido do ex-presidente e optaram por camisetas que estampavam palavras de ordem em exaltação a Bolsonaro e com slogans como “Deus, pátria e família” e “meu partido é o Brasil”, já utilizados em outras manifestações ao longo da gestão do ex-presidente. Também houve quem empunhou a bandeira de Israel, bastante disponível para compra em camelôs ao longo da via. Ao longo da concentração na Paulista, não havia sinal de levante, críticas ou ataques às instituições brasileiras por parte dos manifestantes.

Ao empunhar o microfrone do trio elétrico momentos antes do encerramento do ato, Jair Bolsonaro (PL) disse que "passou quatro anos perseguido" e que "essa perseguição aumentou" desde que deixou a presidência da República, e negou que tenha tentado dar um golpe de Estado. Também pediu que se passasse uma "borracha no passado" e anistia para os presos do 8 de janeiro.

— 'Bolsonaro queria dar um golpe'. Isso sempre ouvi desde que assumi. O que é golpe? É tanque na rua, é arma, é conspiração, é trazer classes empresariais para seu lado, nada disso foi feito no Brasil. Nada disso eu fiz, e continuam me acusando por golpe. Golpe usando a Constituição? Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da república convocando os conselhos da república e da defesa, apesar de não ser golpe o estado de sítio não foi convocado ninguém dos conselhos da república e da defesa. O segundo passo do decreto do estado de sítio, ele manda uma proposta para o parlamento — falou.

Pouco mais de uma hora antes, Michelle foi a primeira a falar ao público. Num discurso emocionado, em tom religioso, ela lembrou da facada que atingiu o marido em 2017, citou “ataques e injustiças” e chamou os apoiadores do ex-presidente de “um povo de bem, que defende valores e princípios cristãos”.

— Estamos sofrendo porque exaltamos o nome do senhor no Brasil. Porque meu marido foi escolhido e declarou que era Deus acima de todos — disse a ex-primeira-dama. — Não tem sido fácil, mas estamos de pé.

Michelle, que propôs uma oração no ato e abençoou o povo de Israel, não citou Lula, mas disse que o Brasil está sendo mal administrado e foi ocupado pelo “mal”. A ex-primeira-dama foi aclamada pelo público.

Ex-presidente Bolsonaro e governador de SP Tarcisio de Freitas em ato na Avenida Paulista — Foto: Reprodução YouTube
Ex-presidente Bolsonaro e governador de SP Tarcisio de Freitas em ato na Avenida Paulista — Foto: Reprodução YouTube

Já Tarcísio usou sua fala para relembrar feitos do governo Bolsonaro como o auxílio-emergencial, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), o Marco Legal do Saneamento Básico, e o Pix (que foi uma iniciativa do Banco Central). O governador chamou Bolsonaro de “amigo” e disse que o ato celebra o “Estado democrático de direito” e exaltou a “liberdade de expressão e de manifestação”.

— Meu amigo Bolsonaro, você não é mais um CPF, não é mais uma pessoa, você representa um movimento, você representa todos eles que aprenderam, que descobriram que vale a pena brigar pela família, pela pátria, pela liberdade, você nos mostrou caminhos, e nesse dia a única coisa que podemos dizer é obrigado, Bolsonaro, nós sempre estaremos juntos. Fique com Deus, presidente — falou.

Fluxo de manifestantes em ato na Avenida Paulista

Fluxo de manifestantes em ato na Avenida Paulista

Único a citar o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, o pastor Silas Malafaia (responsável por pagar o trio onde está Bolsonaro) criticou duramente a declaração de Lula em relação aos conflitos no Oriente Médio, em que comparou os ataques à Palestina ao Holocausto, e dedicou um amplo tempo de seu discurso para rememorar as últimas eleições presidenciais. Malafaia a certa altura disse que há uma “engenharia do mal” para prender o ex-presidente Bolsonaro. Ao logo de seu discurso, o pastor citou o 8 de janeiro — que classificou um ato de “baderneiros” — embora tenha lamentado a prisão de algumas figuras que estavam no local no momento em que houve o ataque à Brasília. O discurso foi o mais inflamado da manifestação.

— Baderneiros que nós não concordamos quebraram Brasília. Começou ai a narrativa de golpe — afirmou ele, que classificou Bolsonaro como o “maior perseguido político” da história. — Golpe contra um mandatário tem arma, bomba. Uma mulher com uma bíblia e um crucifixo, católica, que entrou no Senado e sentou na mesa do presidente do Senado golpista (pegou) 17 anos de cadeia.

Em muitos dos ataques que fez a Moraes, acusou o ministro de “ter lado” e de ser responsável pela morte de Cleriston Pereira, bolsonarista que participou da invasão da sede dos Três Poderes e morreu ao longo da prisão no Complexo da Papuda. Ele afirmou que “sangue de Cleriston está nas mãos de Moraes."

O convite para o ato numa das mais emblemáticas vias da capital paulista surgiu após a PF implicar Bolsonaro e a cúpula de seu governo em uma suposta tentativa de golpe. Entre as provas já divulgadas estão um texto, encontrado na sala de Bolsonaro na sede do PL em Brasília, com argumentos para a decretação de estado de sítio e de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Além do vídeo de uma reunião ministerial datada de 5 de julho de 2022 na qual Bolsonaro instiga seus ministros a lançarem ataques contra o sistema eleitoral. As imagens foram citadas pela PF como indício de uma suposta "dinâmica golpista" dentro do governo, no âmbito de um inquérito que tramita no STF.

Caravanas

Manifestantes começaram a ocupar a Avenida Paulista por volta das 10 horas. Muitos deles chegaram em caravanas vindas de diferentes estados do país, como Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maior estava vestida com trajes nas cores verde e amarelo.

Pela manhã, parte dos ônibus estacionou próximo ao Parque Ibirapuera, local ao lado do Comando Militar do Sudeste, onde ocorreram os atos pedindo intervenção militar pré 8 de Janeiro de 2023. Hoje, porém, não havia qualquer manifestação na porta do quartel. Já as caravanas que chegaram depois do meio-dia estacionaram na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu.

Os organizadores do ato tiveram dois carros de som. Somente em um deles, contudo, políticos e apoiadores bolsonaristas se dividiram para falar. Houve um forte esquema de segurança preparado, com previsão anterior de 2 mil agentes da Polícia Militar na Avenida Paulista e arredores, de batalhões como Força Tática, 7º Batalhão de Ações Especiais (Baep), Choque, Cavalaria, Policiamento de Trânsito e Comando de Aviação da Polícia Militar, além de drones.

Presença de Nunes incomoda MDB

Bolsonaro chegou a São Paulo no sábado e se hospedou no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. O ex-presidente deve se deslocar até a Avenida Paulista em um carro, acompanhado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes(MDB). Durante entrevista coletiva no último dia 16, o prefeito justificou a sua participação dizendo que precisa ser “solidário” com Bolsonaro, que provavelmente o apoiará na eleição para o comando da capital paulista.

A ida de Nunes ao evento pró-Bolsonaro pode jogar por água abaixo os esforços de sua campanha para evitar que ele seja rotulado como “bolsonarista”, como tem buscado atribuir o seu principal adversário na disputa eleitoral, o deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL. Os aliados do emedebista temem que, ao ter sua imagem associada à de Bolsonaro, o chefe do Executivo paulistano acabe por herdar a rejeição enfrentada pelo ex-presidente na capital.

Na última semana, o prefeito enfrentou pressões de colegas de partido e membros da campanha para desistir. No entanto, segundo apurou O GLOBO, ele permaneceu firme em sua posição, temendo perder o apoio de Bolsonaro. A expectativa é que Nunes faça uma participação breve, sem discurso.

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