MOSCOU - O presidente deposto ucraniano Viktor Yanukovich culpou nesta terça-feira os opositores que o forçaram a deixar o poder pela crise na península ucraniana da Crimeia, que vai realizar um referendo no domingo para fazer parte da Rússia. Ele reiterou que continua sendo o chefe de Estado legítimo da Ucrânia e acusou as autoridades de Kiev de querer desencadear uma guerra civil.
- Quero lembrar que continuo sendo não só o único presidente legítimo da Ucrânia, mas também o chefe supremo. Não renunciei às minhas atividades e não me destituíram de acordo com o procedimento previsto na Constituição - afirmou Yanukovych, na cidade russa de Rostov del Don, se limitando a ler a sua declaração sem responder perguntas de jornalistas.
O ex-presidente atacou o novo governo de Kiev, onde “atuam neofascistas, demitem policiais, há mais violência contra ucranianos e querem dar armas a organizações nacionalistas”. Em um recado para o Ocidente, perguntou:
- Vocês estão cegos, não recordam do fascismo na Europa?
Yanukovich salientou que as eleições convocadas na Ucrânia são resultado de um golpe de Estado e ilegais, não correspondem à Constituição do país, e, segundo ele, “ocorreu sob o total controle de forças extremistas”.
Ele desmentiu os rumores sobre seu estado de saúde e anunciou seus planos de voltar à Ucrânia “assim que as circunstâncias permitirem”. Na sexta-feira, o site do jornal russo “Moskovski Komsomolets“ afirmou que o ex-presidente havia sido hospitalizado em estado grave, o que não foi confirmado oficialmente. Dias antes, o presidente russo, Vladimir Putin, foi obrigado a desmentir rumores sobre a morte de Yanukovich que circulavam na internet.