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Fungos 'mineradores de ouro' são encontrados na Austrália

Grupo fusarium oxysporum reúne espécies que atraem partículas do metal, formando acumulados em sua superfície; cientistas acreditam que sua presença pode levar a novas reservas do minério
Imagem colorida de microscópio eletrônico de varredura mostra um fungo do grupo Fusarium oxsporium, que fixa microscópicas "bolas de ouro" em seus fios, cientistas compararam a "enfeites em uma árvore de Natal" Foto: CSIROscope/ Divulgação
Imagem colorida de microscópio eletrônico de varredura mostra um fungo do grupo Fusarium oxsporium, que fixa microscópicas "bolas de ouro" em seus fios, cientistas compararam a "enfeites em uma árvore de Natal" Foto: CSIROscope/ Divulgação

RIO — Cientistas encontraram, no oeste da Austrália, o fusarium oxysporum , um grupo de espécies de fungo que vivem no subsolo e absorvem partículas de ouro ao seu redor. Esses seres vivos criam finas camadas preciosas sobre suas superfícies. As partículas de ouro só podem ser vistas sob um microscópio eletrônico de varredura.

Esta é a primeira evidência científica de que fungos podem fazer parte do ciclo do ouro na superfície da Terra. Os pesquisadores afirmam que isso pode sinalizar a formação de novos depósitos do minério. A descoberta foi publicada virtualmente pela revista científica "Nature" na quinta-feira (23).

Ao observarem os fungos de perto em escaneamentos eletrônicos, os cientistas encontraram aglomerações microscópicas de ouro ao longo de sua superfície, que eles compararam a “enfeites nos galhos de uma árvore de Natal”. O minério se prende aos fungos através de um processo de oxidação.

— Fungos são conhecidos por desempenharem um papel essencial na degradação e reciclagem de material orgânico, como folhas e cascas, bem como na ciclagem de outros metais, incluindo alumínio, ferro, manganês e cálcio — disse, ainda surpreso, ao jornal britânico "The Guardian" o principal autor da pesquisa, Tsing Bohu, pesquisador do Centro australiano de pesquisas em recursos minerais CSIRO. — Mas o ouro é tão quimicamente inativo que essa interação é tanto incomum quanto surpreendente. Precisava ser vista para acreditar que aconteceu.

O fusarium oxysporum é um grupo de espécies que desempenha um papel central na manutenção da biodiversidade do subsolo, o que significa que os fungos revestidos de ouro são mais variados em comparação com aqueles que não o fazem. Eles também crescem mais e se espalham mais rápido do que aqueles que não interagem com o metal precioso, explicam os cientistas.

O chefe da pesquisa, Ravi Anand, explica que há outras formas naturais de aglomeração de pequenos filamentos de ouro. Ele conta que cupinzeiros e algumas árvores armazenam traços do mineral e já são usados pela indústria por isso.

— Queremos entender se os fungos que estudamos podem ser usados em combinação com essas ferramentas de exploração para ajudar a indústria a visar áreas em potencial.