“Quando vestir o fato e pisar o tapete, tudo é possível, porque o impossível eu já fiz. Têm sido meses muito difíceis e isso só torna ainda mais especial e com motivação extra para competir no Mundial. Obrigada a todos os que têm trabalhado comigo. Cabeça fria, coração quente”, escrevia Telma Monteiro na antecâmara do Campeonato do Mundo de Doha, em maio. Após um período menos conseguido com problemas físicos à mistura, a experiente judoca apostava forte na redenção numa prova onde já conseguira cinco medalhas em anos anteriores (quatro pratas, um bronze). O que podia correr mal, correu ainda pior e, após ficar isenta na ronda inicial da categoria de -57kg, a atleta do Benfica perdeu logo com a eslovena Kaja Kajzer.

O coração estava quente, a cabeça não ficou fria: Telma Monteiro cai no primeiro combate dos Mundiais

Depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde não conseguiu nova medalha como acontecera com o bronze no Rio de Janeiro em 2016, Telma Monteiro fez uma pausa para refletir sobre o seu futuro. Após ponderar todos os prós e contras, decidiu continuar. Mais: decidiu dar a si mesma uma oportunidade de voltar a mais uma edição dos Jogos, neste caso em Paris-2024. O Mundial acabava por ser quase um barómetro para o que poderia ou não fazer. Não correu bem, nem por isso desistiu. E no Grand Slam de Ulaanbaatar, que marca uma nova fase na qualificação olímpica com todos os pontos conquistados a contarem a 100%, voltou a ter oportunidade de lutar pela sua primeira medalha em provas internacionais no presente ano.

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Telma Monteiro perde bronze no ponto de ouro no Grand Slam de Paris de judo

Atual 15.ª do ranking mundial da categoria de -57kg, Telma Monteiro ficou isenta da primeira ronda na Mongólia, batendo de seguida a finlandesa Pihla Salonen (91.ª). No combate de acesso às meias-finais, a judoca portuguesa perdeu com a russa (a competir como neutra) Kseniia Galitskaia, 52.ª da hierarquia de -57kg, atirando a atleta do Benfica para as repescagens. Aí, a medalhada olímpica começou com um triunfo contra Altantsetseg Batsukh, dos Emirados Árabes Unidos (49.ª), enfrentando depois no combate pela medalha de bronze a sul-coreana Mimi Huh, quinta da categoria e uma das atletas em melhor momento de forma. E foi isso que acabou por fazer a diferença a favor da asiática, que dentro do cansaço acumulado de um combate que chegou aos oito minutos acabou por marcar o ponto decisivo no golden score quando a portuguesa já dava evidentes sinais de desgaste apesar do apoio que ia chegando das bancadas.

Primeiro o regresso aos tatamis, agora o regresso às medalhas: Telma Monteiro na final do Grand Slam de Baku

De recordar que, logo no arranque do segundo bloco das finais, Catarina Costa, oitava do ranking, tinha conseguido conquistar a medalha de bronze na categoria de -48kg, após vencer a cazaque Galiya Tynbayeva.

A médica teve remédio para tudo: Catarina Costa conquista medalha de bronze no Grand Slam de Ulaanbaatar

Também esta sexta-feira no dia 1 do Grand Slam de Ulaanbaatar, Rodrigo Lopes, 31.º do ranking mundial de -60kg, foi eliminado no primeiro combate pelo russo (a competir como atleta neutro) Ramazan Abdulaev (32.º), ao passo que Francisco Mendes, 98.º da hierarquia, cedeu frente ao australiano Joshua Katz (42.º). Já Maria Siderot, 28.ª do ranking mundial de -52kg, começou por vencer Hsu-Wan-Chu Lin, da China Taipé, mas perdeu de seguida frente à húngara Reka Pupp, quinta melhor do mundo. Na mesma categoria, Joana Diogo, 25.ª do ranking, cedeu a abrir com a alemã Mascha Ballhaus (nona do mundo). Estarão ainda em ação nos dois próximos dias na Mongólia Anri Egutidze, João Fernando (-81kg), Jorge Fonseca (-100kg), Joana Crisóstomo (-70), Patrícia Sampaio (-78kg) e Rochele Nunes (+78kg).