[Aviso] Algumas observações sobre o Missal de Fiéis de Dom Gaspar Lefebvre

O Missal de Dom Gaspar Lefebvre de 1963, reeditado recentemente, pode ser muito bem aproveitado, não há dúvidas. Todavia, foi originalmente feito em um contexto já avançado do Movimento Litúrgico e reflete alguns (poucos) desvios desse.

1. Às vezes, embora raramente, a breve vida dos santos tem uma tendência racionalista, com a negação de milagres ou simplesmente relegando alguns fatos ao plano de lenda.

2. PÁG. 766. A fórmula da consagração apresenta-se em formato narrativo. No Missal tradicional, o HOC EST ENIM CORPUS MEUM e o HIC EST ENIM CALIX… são separados das palavras que precedem – manducate (bibite) ex hoc (eo) omnes – por um ponto final e um novo parágrafo. Este ponto final e o parágrafo marcam a passagem de um modo narrativo a um modo afirmativo, que é próprio da ação sacramental. A consagração não é uma narração, mas a renovação do ato de Cristo. Somente as palavras da consagração estavam em negrito e em letras maiúsculas e não o texto inteiro, deixando claro quais são as palavras da Consagração. Parecem detalhes, mas são aspectos importantíssimos para deixar claro que a Missa não é um mero memorial, mas a renovação do sacrifício de Cristo na cruz.

3. PÁG. 767. A fórmula da Consagração do Cálice tem um erro de tradução. “Pro multis” está traduzido como “por todos” e não “por muitos”. A tradução, embora não seja em si um erro doutrinário, pode levar a induzir ao pensamento da salvação universal. De fato, o Sacrifício de Cristo é objetivamente eficaz por todos, mas apenas muitos a aproveitam subjetivamente, aderindo a ela pela fé e caridade. O erro na tradução induz ao pensamento da salvação universal, que é uma heresia.

4. PÁG. 773. No Pai Nosso, a tradução de “debita” e “debitoribus” já é a tradução moderna em português: “ofensas” e a “quem nos tem ofendido”, no lugar de “dívidas” e “devedores”. Essa nova tradução não é doutrinariamente errada, mas não expressa os dois aspectos do pecado tão bem como a tradução tradicional. “Dívidas” expressa melhor o aspecto da culpa e da pena do pecado.

5. Pág. 772. Dá uma explicação que a assembleia recita em voz alta o Pater Noster com o sacerdote. Isso foi permitido em 1958. Todavia se manteve o costume quase universal de não o recitar com o Padre. Isso porque o Pater Noster, na liturgia romana da Missa, é considerado uma oração sacerdotal. Fazer que os fiéis a recitem junto com o Padre é confundir o sacerdote com os fiéis, atenuando a diferença entre eles.