A Educação já foi a menina dos olhos de António Guterres e parece estar a tornar-se também na «paixão» de José Sócrates. Para além do défice, claro. Nada consegue fazer o primeiro-ministro desviar o olhar dos perigosos 3 por cento. Mas a Educação tem dados estatísticos para mostrar, caminha num sentido de progresso, de melhoria, implicou grandes poupanças (congelamento de progressão das carreiras de milhares de professores e trabalhadores não-docentes) e uma das grandes apostas de Sócrates, a formação ao longo da vida, a requalificação dos portugueses ou as chamadas «Novas oportunidades», «encaixa» neste ministério.

A julgar pelo que está previsto no Orçamento de Estado para 2008, na mensagem de Natal do próximo ano Sócrates terá motivos para voltar a falar de Educação e mostrar obra feita.

Assim, para 2008, o ministério de Maria de Lurdes Rodrigues aposta no combate ao insucesso e abandono escolares, aumentando a ofertas de cursos profissionalizantes e profissionais. Com o principal objectivo de combater o abandono, o Ministério da Educação vai aumentar também a acção social escolar, atribuir bolsas de mérito e pagar o transporte aos alunos dos cursos profissionais.

Mas é preciso destacar também outra das grandes prioridades de Sócrates: a criação de mais Centros de Novas Oportunidades (Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de competências) nas escolas secundárias públicas, nos centros de formação, em empresas e em estruturas ministeriais.

O ano de 2008 será também tempo de fazer uma primeira avaliação de algumas inovações que foram introduzidas este ano: novas regras de colocação de professores, o que significa que um docente acompanha o aluno durante todo um ciclo; professores titulares nas escolas; mais autonomia para as escolas; e aplicaçlão do novo sistema de avaliação do desempenho dos professores.

«A modernização das escolas assumirá particular importância em 2008», pode ler-se no Orçamento de Estado. Ora o objectivo do Governo é colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados na modernização tecnológica do ensino. Quer isto dizer, entre outras coisas, mais computadores e mais e melhor acesso à internet nas escolas.

Realce-se tambem que a percentagem de escolas do 1º ciclo a funcionar a tempo inteiro deverá aumentar para 90 por cento, o que significa também mais actividades de enriquecimento escolar para os alunos.

Ao fazer uma antevisão do que vai marcar o sector da Educação no próximo ano, é preciso também contar com os habituais protestos e contestações à ministra da Educação pelo encerramento de escolas, pela falta de professores ou não-docentes, pela falta de condições das escolas, e ainda por parte de docentes insatisfeitos.