Actualizado às 14:22

Joaquim Moreira, advogado de Jorge Ritto, retomou esta quarta-feira de manhã as suas alegações finais. E, pela primeira vez, socorreu-se do diário íntimo do ex-embaixador para tentar demonstrar ao tribunal que este nunca poderia ter praticado os crimes pelos quais está acusado.

A defesa do ex-diplomata revelou que este tem dificuldades na prática de sexo anal e, por isso mesmo, nunca poderia ter cometido grande parte dos crimes descritos pelas vítimas no processo da Casa Pia.

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O advogado do ex-embaixador acabou por recorrer ao diário íntimo para enumerar passagens do documento onde, «desde 1967», o arguido desabafa consigo próprio os problemas sexuais que tem. Recorde-se que a defesa de Jorge Ritto, no início do processo recorreu aos tribunais para que a acusação não pudesse usar os «escritos pessoais» como prova.

Na altura, o Tribunal Constitucional acabou por dar razão «em parte» ao arguido e uso do diário ficou restrito como meio de prova. Aliás, até hoje, nunca o documento pessoal tinha sido utilizado em audiência. Sendo o próprio arguido, através dos seus representantes legais, a fazê-lo nas alegações finais.

«Nunca sexo anal»

Em dado momento, Joaquim Moreira cita mesmo uma frase do ex-diplomata onde este «desabafa» que apenas «funciona em oralizações», não conseguindo «penetrar ou ser penetrado na maioria das vezes».

A defesa do ex-embaixador relembrou ainda o testemunho de vários jovens, ouvidos pelo tribunal, que reconheceram ter mantido relações com Ritto e que este não praticava sexo anal com eles.

Mas além das «limitações» do arguido, Joaquim Moreira, tentou demonstrar que os abusos não tiveram lugar nos locais, nem nas datas descritas na pronúncia. Para tal, utilizou provas documentais que incluíam, entre outras coisas, bilhetes de avião e estadias em hotéis.

Vítima ouvida em meia hora

O ex-aluno da Casa Pia que voltou, esta quarta-feira, a tribunal para esclarecer alegados crimes cometidos pelo arguido Ferreira Diniz, em duas casas do Restelo, esteve pouco mais de meia hora na sala de audiências.

«Foi um depoimento rápido e as dúvidas terão ficado esclarecidas», afirmou aos jornalistas, à saída para o almoço, o seu representante legal, Miguel Matias.