A manifestação que juntou cerca de 200 mil pessoas contra a revisão do Código de Trabalho serviu de ponto de partida para uma análise profunda ao Governo de José Sócrates por parte do jornal Le Fígaro, intitulada «Orçamento, impostos, reforma: a lição de austeridade de Portugal».

Com a sua «política de controlo das finanças públicas», o primeiro-ministro português assumiu o papel principal na redução de dois terços no défice público em apenas três anos. No entanto, o jornal não deixa de sublinhar que «o crescimento português está em queda livre», pois diminuiu 0,2 por cento no primeiro semestre deste ano relativamente a período homólogo de 2007, «sendo a única performance negativa da zona euro».

«Uma terapia de choque que deu os seus frutos»: é assim que o Le Fígaro vê a política do executivo de José Sócrates, sublinhando que, em 2005, o défice nacional atingia «o nível abissal de seis por cento da riqueza nacional, para se situar no final de 2007 em 2,6 por cento do PIB».

Reforma da administração pública ao pormenor

O diário francês destaca ainda o «excedente de 1,2 mil milhões de euros» da segurança social em 2007 e a intenção de baixar o défice até aos dois por cento já este ano. A reforma da administração pública «decretou o princípio de apenas uma entrada por cada duas saídas, uma redução em 25 por cento dos postos de direcção no aparelho do Estado, acabou com as promoções automáticas» e iniciou um processo de avaliação dos funcionários.

O Programa de Reestruturação da Administração Central (PRACE) também foi referido no artigo, já que se verificou «uma redução do número de organismos e de institutos públicos». O Le Fígaro constatou ainda que José Sócrates alterou a maioria dos «direitos adquiridos» em matérias de reforma, cobertura de despesas sociais e contratos de trabalho: «A reforma dos agentes do Estado foi alinhada com a dos trabalhadores do sector privado».