Como calcular a dosagem de luz ultravioleta para desinfecção de água?

A tecnologia que utiliza radiação UV tem se mostrado uma opção vantajosa para evitar a contaminação biológica. Mas como calcular a dosagem de luz ultravioleta para a desinfecção de água para garantir a eficiência adequada? E como é definida a dosagem de radiação? Para responder em detalhes esses questionamentos, preparamos esse artigo que esclarece esses conceitos fundamentais na especificação de um sistema de desinfecção por luz ultravioleta.

A dosagem de luz UV (D UV ) é o parâmetro de processo que deve ser controlado e estipulado para garantir determinada eficiência de remoção do microrganismo desejado. Ela é quantificada em mJ/cm² .

A dosagem de radiação para determinado equipamento depende da intensidade de radiação ultravioleta emitida pela lâmpada em mW/cm² e do tempo de residência da água dentro da câmara de contato em segundos. A dosagem como uma função da intensidade de radiação e do tempo de residência no interior do reator pode ser calculada utilizando a Equação 1.

Equação 1.

Considere que D UV é a dosagem de radiação aplicada na água (mJ/cm²), I UV,254 é a intensidade de radiação emitida pela lâmpada em 254 nm (mW/cm²) e τ é o tempo de residência da água dentro da câmara de contato (s).

O tempo de residência pode ser calculado utilizando a Equação 2.

Equação 2.

Aqui V reator é o volume da câmara de contato entre a água e a luz UV e Q é a vazão operacional do sistema.

O volume do reator depende da forma construtiva do sistema de esterilização por luz UV e normalmente pode ser calculado por relações geométricas básicas. Nesta etapa, é importante esclarecer que o volume do reator é o volume da câmara de contato menos o volume do tubo de quartzo que envolve e protege a lâmpada UV. Para um reator cilíndrico com tubo de quartzo cilíndrico, o volume do reator pode ser calculado pela Equação 3.

Equação 3.

Considere que d representa o diâmetro e L o comprimento e os subscritos câmara e qtz se referem à câmara de contato e ao tubo de quartzo, respectivamente.

Dosagem de luz ultravioleta para desinfecção de microrganismos específicos

A eficiência de remoção pode ser obtida consultando literaturas especializadas sobre inativação de microrganismos por luz UV e verificando a dosagem necessária para eliminação do patógeno desejado. A Tabela 1 apresenta uma lista de microrganismos e a dosagem de UV necessária para diferentes eficiências de remoção.

Tabela 1.

Por exemplo, se desejássemos remover os coliformes fecais (Faecal coliforms) com uma eficiência de 99,9%, seria necessária uma dosagem de 13 mJ/cm 2 . Com as equações apresentadas acima poderíamos calcular o tempo de residência necessário em determinado sistema de desinfecção por luz UV para atender aos requisitos do projeto.

Para saber mais sobre esse mecanismo e as principais diferenças entre as lâmpadas de baixa e média pressão, confira também o artigo “Como ocorre a desinfecção da água por luz ultravioleta”.

Compartilhe esse conteúdo:

Leia também

O que é a UVT da água e como ela impacta seu sistema de desinfecção por luz UV

Um sistema de luz ultravioleta inativa os microrganismos presentes na água causando danos ao seu DNA, impedindo assim sua reprodução e proliferação. Contudo, para que a tecnologia seja eficaz o microrganismo deve ser exposto a dosagem de radiação adequada, o que irá propiciar o grau de remoção desejado. Alguns destes conceitos foram abordados no texto Como calcular a dosagem de luz ultravioleta para desinfecção de água? Todos os fatores citados acima são afetados pela transmitância da água, chamada de UVT. A UVT da água pode ser entendida como a quantidade de luz que é transmitida por uma amostra, de caminho óptico fixo, em um comprimento de onda fixo. A Figura 1 ilustra este conceito de UVT da água, onde inicialmente um feixe de luz com intensidade I0 é emitido através de uma cubeta de comprimento l, contendo uma amostra com determinada concentração c, a qual é capaz de atenuar o feixe de luz a uma intensidade final I. Figura 1 – Atenuação de um feixe de luz emitido em um comprimento de onda específico (λ) por uma amostra líquida com concentração c. A parcela de luz absorvida pela amostra pode ser calculada pela Equação 1, sendo que sua relação com

Leia Mais

A influência da turbidez na desinfecção com sistemas de ultravioleta

Os sistemas de ultravioleta são uma forma eficaz de fazer a desinfecção da água e efluentes, promovendo rápida inativação dos microrganismos em um curto tempo de contato. Apesar da elevada eficiência, alguns cuidados devem ser tomados durante o projeto de sistemas que irão utilizar reatores ultravioleta na desinfecção, devendo ser mantidos mesmo após a instalação, partida e operação do sistema. Dentre os contaminantes que podem afetar o desempenho de um sistema de desinfecção por luz UV, a turbidez merece destaque. Para o uso de sistemas de ultravioleta, recomenda-se que a turbidez da água ou efluente de entrada seja menor que 1 NTU, evitando a presença de partículas suspensas no interior do reator. A presença de partículas suspensas diminui a eficiência de inativação. Na Figura 1, dois mecanismos distintos de proteção aos microrganismos estão representados. Figura 1 – Mecanismo de interferência e sombreamento causado pela presença de partículas suspensas na água ou efluente. Fonte: adaptado de Crittenden et al., 2012. O desvio ou absorção parcial da luz UV pelas partículas suspensas diminui o tempo de exposição dos microrganismos, fazendo com que a dosagem efetiva do reator seja menor, ocasionando a perda de eficiência. Por se tratar de um processo complexo, é

Leia Mais