O mau tempo não deixou que o desfile de carnaval das Caldas da Rainha se realizasse na tarde de domingo, mas os foliões aproveitaram bem a noite de sábado e a tarde de terça-feira para animarem a Avenida 1º de Maio e a Praça 25 de Abril.

O desfile noturno nunca atrai tanta gente como os realizados à tarde, mas com uma temperatura agradável e mais de mil figurantes nos carros alegóricos, a animação foi garantida.

Recorde-se que só a partir de 2014 é que se iniciou um corso noturno, para compensar o facto do governo dessa altura não ter concedido tolerância de ponto na terça-feira de carnaval. Mesmo depois de ter voltado a tolerância de ponto, a autarquia entendeu que deveria continuar a realizá-lo, até porque muitas vezes a chuva tem feito suspender alguns desfiles.

Se no sábado à noite não houve muito público, na terça-feira já houve um grande ajuntamento, apesar do carnaval nas Caldas continuar sem juntar tantas pessoas como antes da pandemia da Covid-19.

Os reis contribuíram para toda a animação. Ruben Alves deu vida a Zé Povinho, Daniel Vieira encarnou Maria da Paciência e a Ama das Caldas foi interpretada por Tânia Santos.

Os três “reis” foram transportados no carro do Arneirense e estiveram sempre a puxar pelo público.

As associações esforçaram-se mais uma vez para garantir que os carros alegóricos participantes surpreendem a população. Foram abordados vários temas atuais, como a queda do governo de António Costa, os sucessivos encerramentos da maternidade das Caldas e a taxa de saneamento paga por quem tem fossas sépticas, entre outros.

O Arneirense, por exemplo, participou com três carros. No dos Reis o tema principal era Marcelo Rebelo de Sousa, as “selfies” e os beijinhos. O carro do rancho folclórico apresentava um António Costa “e os seus tentáculos”, com os figurantes vestidos de polvos. O grupo de dança Superflash teve como tema Mulan, a personagem da Disney.

No total a associação desfilou com 220 figurantes. “Ano para ano as pessoas vão-se juntando a nós”, referiu Anabela Patacho, presidente do Arneirense. “Somos nós que confecionamos os fatos e ninguém tem de pagar por eles”, adiantou, comentando que isso só é possível devido ao apoio financeiro da Câmara das Caldas.

O rancho “As Ceifeiras da Fanadia” abordou o tema da poluição. Segundo Sérgio Pereira, o carro pretendeu chamar a atenção para o facto de “termos o nosso mundo doente e veio deitado na maca, a ser assistido com água e oxigénio”. O grupo levou cerca de 50 figurantes, sempre muito animados.

O Centro de Apoio Social do Nadadouro voltou a participar no carnaval depois da interrupção forçada devido à Covid-19. Este ano inspiraram-se nas viagens ao espaço. “Isto está tão mau na terra que decidimos ir procurar noutras planetas se há melhores condições do que cá”, explicou Alice Gesteiro, presidente da associação.

No total foram 20 carros e mais os grupos de dança, de bombos e de gaiteiros. As duas bandas filarmónicas do concelho também contribuíram para demonstrar a diversidade e riqueza cultural da região.

Este ano a autarquia concedeu um apoio financeiro de 2.625 euros por cada carro. Até aos 125 participantes a Câmara pagou 26,5 euros por figurante adulto e 13,12 euros por crianças entre os quatro e os onze anos. Ao final do dia 13, algumas das associações participantes ofereceram um jantar aos figurantes.