Catolicismo 2009, Números 697 a 708

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UMÁRI

PUNIO C 9 RRÊA DE ÜUVEIRA

Janeim de 2000

Os três Reis Magos e o papel da representação simbólica "N enhum

co me ntador da adoração prestada ao Menino Jesus pelos t rês Re is M agos - Gas p a r, Melchi or e Baltasar - nega que era conveni ente eles ire m adorá- lo, para representar os vári os povos da genti Iid ade aprox imando-se ele seu berço desde ocomeço. Era conveni ente também que fossem magos, para representar toda a sabedori a antiga prestando homenagem ao M e nin o-De us. Sa be mos que, naque la época, mago era adjetivo para o homem ele uma sabedori a extraordinári a. Eram sábi os, os que fora m adorar o Mess ias. Os três Reis Magos, de várias raças, representaram todo o mundo e toda asabedo ri a a ntiga ho me nageando Nosso Senhor Jesus Cri sto, levando-lhe ouro, incenso e mirra. Era um gesto muito simbólico. Nosso Senhor qui s te r re presentantes daqueles povos, e esco lheu quem os representari a e m caráter simbó li co. Eram só três, mas eles signi ficava m algo nos planos da Providência. *

*

*

Podemos pedir aos Reis M agos que ore m por nós - porque certamente estão no Céu junto a De us - , para que tenhamos a coragem que eles ti veram: isolados no mundo pagão, à espera da estrela, ag uardando a hora de Deus para cumprir Sua vontade com toda a fideli dade. Devemos nos preparar para essa hora para sermos, ta mbém no iso la mento, exe mpl os de fidelidade". •

2

Excmnos

4

CJ\tn'i\ DO D11mT01~

5

PAGINA MAmANA

7

L1~1n11M EsP11unJA1,

1 O A P AI.AVl~i\

Nº GD7

Ódjo da seUa comunjsta à Virgem MaTia Dever de estudar a Re/jgião

DO Si\Cl-:IU>OTE

12 A REAUDA1n:

CoNc1sAMIWl'E

14 EN·nmv1sT/\ Recordações a respejto do Padre Pjo 18 CAPA Visão de conjunto de 2008

28

MANwEsTo

34

Dt-:S'l';\Qlll•:

Gesta do "Cruzado do século .XX"

36 C1,:NT1<:NA1uo Preito a PJinjo Corrêa de Olivejra 46

SI\.NTos 1,: f◄' ..:sTAs

48

VmAs

52

AMBIENTES,

rn,:

SANTOS

no M,~:s

Santa Paula, djscípula de S. Jerônimo

Cosnil\ms, C1v11,1zA<;<ms

Vestígjos góUcos no artísUco allal' da catedral de Schleswjg (Alemanha)

(Trecho de conferência do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, proferida em 1965, na véspera da festividade dos "Três Reis Magos", que a Igreja celebra no dia 6 de janeiro) .

CATOLICISMO JAN EIRO 2009 -


Por que os comunistas odeiam tanto as imagens de Nossa Senhora?

Caro leitor,

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

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Prol Edi tora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www .catolicismo.com.br ISSN 0102-8502

Como é tradição, Catolicismo consagra a matéria ele capa ele sua edi ção de janeiro a uma resenha dos principais acontecimentos do ano. Quanto mais a humanidade se afasta do ideal de perfeição a que está chamada, e se embrenha em sendas opostas às da Santa Jgreja e da Civ ili zação ri stã, mai ores são os desastres a que se sujeita. Deus, contudo, como o pai do F ilho Pródi go, está à espera daquele momento bendito entre todos , no qual, ca nsada das bolotas dos porcos e com saudades elas marav ilhas da casa paterna, a humanidade se vo lte para Ele, fonte de todo o bem. A análise desse percurso, aq ui apre, entada no tocante a 2008, se de um lado mostra o F ilho Pródigo ainda comendo as bolotas, de outro lado faz notar sua s fadigas e desilusões que, tudo indi ca, aumentarão com a escassez dos bens materi ais, pressagiada pela atual cri se econôm ica. E aumentando as desilusões, é a hora de a graça se fazer ouvir. O leitor enco ntrará também ampla cobertura das ce lebrações do centenário de nascimento de Plínio Corrêa de Oliveira, abençoadas e protegidas pela mat rnal presença da Imagem Peregrina de N ossa Senhora de Fátim a, que verteu lá 1 rimas em Nova Orleans (EUA) no ano de 1972. Assim, no di a 13 de dezembro, o Instituto Plin.io Corrêa de Oliveim , com a solidari edade de 29 entidades de 2 1 países, publicou na "Fol ha de . Paul o" matéri a de página inteira, relatando a gesta daquele que fo i a ju sto títul o d ' 11 )minado "o cruzado do sécu lo XX". Pres idido por Ado lpho Lindenberg, o Instituto deu ainda a lurn ' o ·xcelente li vro A inocência primeva e a visão sacra/ do universo no pe11.rn111e11 /o de Plin io Corrêa de Oliveira (A rtpress, Indústria Gráfica e Editora Ltda ., 320 pp.), ·laborado por um a co mi ssão que tive a honra de coo rd enar. Recolh' i111portant es exp li citações que estão no cern e do pensamento e da obra da )LI ·I • insigne líder cató li co. O ponto culminante das comemorações fo i a Santa Mi ssa so l '11' no maj estoso Santuári o do Coração de Jesus, com a presença de mai s 1 500 p 'ssoas. Ela !"oi ce lebrada em latim , por S. Exa. M ons Bartulis, bispo da Dio · ·s' d' Siauliai (Lituânia), coadju vado por S. Exa. M ons. Gilles W ach, fundador do Instituto ri sto Rei e Sumo Sacerdote e mais três padres. A sessão de encerra mento, no ampl o auditóri o do Hot ·I Rcnai ssa nce, foi mais uma prova - pelo seu brilho, pela numerosa ass istên ia pelo ' ntu siasmo - de que continuam de pé, rumo à vitória final, os idea is I er '11 'S da ivilizai;ão Cri stã. Desejo a todos uma boa leitura.

Preços da assinatura anual para o mês de Janeiro de 2009:

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

E m Jesus e Maria,

9~7 D IRETOR

paulobrito@catolicismo.com.br

P n)Vas desse ódio são inúmcn1s, cm di\ crsos países c cm diferentes épocas, cm a(õcs movidas pelo rncsmo sistema ateu e antinatural: o regünc comunista V ALDIS GRIN STEI NS

e é v~r~lad~i1:~ a frase "o,'.1de eslá o_teu '.;sou'. º' aí es1á ~ teu comçao , pode-se di zer tambem: aquilo que odet

S

da Via Sacra. Devido à pressão in tern acio nal, os atos sacrílegos fora m, por ora, adiados, mas os cató li cos foram proi bidos de rea li zar qualquer mani festação, peregrina ção ou função reli giosa no loca l. J

a,1· mostra o que tu és".

• Outubro ele 1917 - Os comuni stas ru ssos rea li zam o golpe de estado e tomam o poder. Uma das primeiras ações dos so ld ados verm elhos foi apossa r-se de uma imagem de Nossa Sen hora - de vári os sécul os de antiguidade, da feliz época em que a Rússia ainda era católi ca - e furar-lhe os olhos. A imagem encontrava-se na parte posterior da catedra l ortodoxa (c ismfüica) de São Basílio, na Praça Vermelh a. Logo depoi s co locara m na boca do menino Jes us um ciga rro, como símbo lo de desprezo e irreverência. • 29 ele julho de 1936 - em Be1:ja, no sul de Espa nh a, os com uni stas espanhóis atacaram um sa ntuári o de Nossa Senhora. Jóias e objetos de va lor tinham sido previamente retirados pelos fi éis, como medida de proteção . Os vermelhos pegaram todos os móveis que conseg ui ram , fi zeram um a pequena fogueira e colocara m sobre ela a imagem da Virgem, destruindo-a completam ente. Como não consegui ra m destru ir uma pintura representando os milagres de Nossa Senhora, que se encontrava no teto, crivaram-na de balas. Depoi s disso, tran sformam o santuário em curra l para gado. 1 • 6 de dezembro ele 2003 - Caracas, Venezuela . Manifestantes com uni stas, partid ári os do pres idente Chávez, tomaram a praça A ltam ira, na capital, onde os opos icionistas se reu niam em torno de imagens de Nossa Senhora. Em abom inável sacrilégio, jogaram as im agens ao chão, fizeram sobre elas suas necessidades fisiológicas e chega ram ao cúm ul o de simular a rea li zação de ato sexua l com elas. O então vicepres idente do país, presente no loca l, não tomou nenhuma providência para ev itar a diabólica profanação. 2 • 21 de junho ele 2007 - Na Ch in a, um dec reto oficial do governo comu ni sta ord enou a demolição com din am ite do sa ntuário de Nos sa Se nh ora do Monte Ca rm el o em Tianj iajing. A imagem da Sa ntíss im a Virgem, de cem 'a nos de anti guidade, deveri a ser destruíd a, e também as estações

JAN EIRO 20 0 9 -


Um ódio (Jlle faz se11ticto Exemplos como os a nte rio res poderiam conta r-se às centenas. São países diferentes, é pocas diversas, c ulturas distintas, mas o ód io é o mesmo. Vem desde o início do regime comuni sta na Rússia. Às vezes tenho o uvido de pessoas piedosas, mas com formação religiosa po uco profunda, a seguinte exclamação, quando toma m conhecime nto desse tipo de profanações: "Mas por que .fazem isso?! A Vi rgem nada .faz contra eles!". Bem ao contrário do que essas pessoas pensam, os comuni stas compreendem perfeitamente qua nto e quão profunda me nte N ossa Senhora atua contra o com uni smo, e por isso a odeia m com tanta intensidade. Esta atuação da Santíss ima Virgem se dá e m dois planos diversos. O prime iro e mai s importante é o sobre natural , pois E la é a Rai nha dos anjos e o terro r dos demônios . Da mesma forma que E la tem seus seguidores e devotos na Terra, Satanás também possui os seus. A Virgem, pelo simp les fato de existir, presta uma ime nsa g ló ri a a Deus e a nim a todos aqueles que desejam ser de Deus. Além di sto, E la é a medianeira universal de todas as graças, com as quais ilumina a inteli gênc ia, fo rta lece a vontade e estim ul a a ação dos fiéis na luta da luz co ntra as trevas. Ela é, por ass im dizer, a fo nte a pa rtir da qual s urgem todas a ações que humilham e põem em fuga Satanás e seus seq uazes . Entende-se assim o furor do demôni o, que não podendo absolutame nte tocar n'Ela nem interfer ir na ação sobrenatural que E la exerce, procura vingar-se nas imagens que a representam. Não conseguimos ver esta ação sobre natura l, mas sabemos pela fé que ela ex iste, e a percebemos pelas graças que recebemos, muitas das quais são sensíve is. M as há também um lado natural na ação de Nossa Senhora. E la é um ser real que ex iste, uma pessoa, assim como meu caro leito r e e u ex istimos. E age muitas vezes por meio de suas aparições, várias delas bem conhecidas, como em Fátima, o utras ainda desconhecidas por diversos motivos. Também atua, se bem que indiretamente, pelas aparições de anjos o u santos, que têm a alegria de estar às orden d 'Ela, segu ndo a sabedoria de Deus. Deve-se mencionar ainda um lado s imbó lico, pelo qual E la atua muito marcadamente e de forma bastante intensa. Dentre todas as criaturas, é Ela quem, por sua pe1feição sobrenatura l, me lho r reflete a Deus; e quando vemos uma imagem o u representação d'Ela, é natural que logo nos lembremos de toda a doutrina, de todos os mandamentos, de tudo aq uil o que Jesus Cri sto nos e nsi no u e que está compendi ado n·a Igreja Católica. Trata-se de uma doutrina oposta à comuni sta. Ao contrário da luta de c lasses - pobres contra ricos o u da luta de raças (negros, brancos, amarelos), a Virgem nos inclina ao a mo r ao próximo e à harmo nia socia l. A inveja marxista opõe-se à virtude da humildade e ao desprendimento dos bens da Terra. Ao espírito de revolta, de punho erg uido, opõe-se a resignação ante os desígnios divinos. Contra a impureza, a blasfêmia, a preguiça, o gosto pela imundície e pelo c hul o, Nossa Senhora representa para nós um modelo de Virgem puríssima, de espírito e levado, que vive para lo uvar a

CATOLICISMO

Deus. E la ama a pobreza di g na e sublime como a riqueza desprendida e dadivosa, sempre realizando aquilo que mai s g lóri a dá ao Criador. Sendo tudo isto assim , não é difícil entender a raiz do ódio comuni sta contra as imagens da Mãe de Deus .

Por que estudar a Religião? l nicia1nos nesta edição uma série* sobre apologética (parte da Teolo-

Pol' (lue essas pl'of"anações? Para finalizar, procuraremos la nçar alg uma luz sobre o motivo pelo qual Deus, que odeia profanações tão horríveis, e ntretanto as permite. De início, devemos deixar bem claro que as profanações não c hegam seq ue r a tocar em Ma ri a Santíssima, o que Deus jamais permitiria; atingem apenas as suas image ns. Desse ponto de_vista, podem comparar-se a um cão raivoso que, não podendo morder, fica latindo. Os desígnios de Deus ao perrnitir tais profanações podem ser vários. Um deles é mostrar aos desinformados ou tolos a verdadeira face dos supostos "ami gos do povo". Ou tro é deixar marcado para a História os extremos de ód io a que chegam os inimi gos de Deus. Outro ai nda é apontar o real motivo da decadência de nações antes cristãs, que não reagiram ou não souberam impedir tais atos. Esses sacri légios põem a nu o que as pessoas têm ve rd adei rame nte cm seu coração. Se os com uni stas fosse m como procuram parecer - falam tanto de amor aos pobres, de proporcionar- Ih •s uma vida com mais ab undânc ia - e les ostenta ri a m um d s intcresse total pelas imagens religiosas , o que seri a coerente com suas convi cções atéias. E ntretanto, tudo isso não p·1ssa de um a fachada para acobertar os seus verdadeiros obj ti vos. E Deus, e m sua Sabedoria, permitindo profanações e bl asfêmias chocantes, execráve is e até irracio na is, torna patente que e les, e m seu coração, o que têm é ódio, desejo d r volta e amor à destruição . Devemos pedir a Nossa Senhora a graça de e ntc nd r omo E la atua contra os inimi gos de Deus, e ao mesmo tempo perceber co mo e les ocu ltam, por detrás de máscaras pa lavras enganosamente doces, um ód io implacável contra tudo que representa a grandeza divina. O grande apósto lo do século XVIII, São Luís ri g nion de Montfort, ens in a : "Uma única inimizade Deus pro111oveu

e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que nfío sô há de durar, mas aumentar até o.fim: a inimizade en1re Maria, sua digna Mãe , e o demônio; entre os filhos e se rvos da Santíssima Virgem e os.filhos e sequazes de Lúcifer; de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus ar111ou contra o demônio". 4 • E- mail do autor: valdi s~ ri nstejns@cato)jd sn10.com.br

Notas: 1. http :// www .berja. co m/n ues trapatronalasanti si 11111 v i rg •nclcgado r/ OI c15b l 934400d4701/inclex .htm 2. http://www.cato!icis1110.co111.br/111a1eria/111ateria .cí111'/id111111.= 13DEDA I8E5 FA0-466E- B3C72D7 AE6A l 29C4& mes= Fevcrciro2004 3. htlp://chinaview. worclp ress .com/2007 / 06/ 22/ 100- ycar-o ld-cal hol icsancl uary -ord erecl - to-be-clestroiecl - i n-c h i na/; h 11 p:/ /www .asi anews. i 1/ index.php?l= it&an= 10776 4 . Tra tado da Verdadeira Devoçcio à San tíssima Virg em , [lei. Vozes - 6" Ed ição, Petrópol is, 196 1, p. 54.

gia que visa a defesa da fé contra seus opositores), tendo em vista sua utilidade em nossa época de confunsão e decadência religiosa

"

estudo da Religião é um dever de todo homem; pois, pela sublimidade de seu o bjeto, pelos gozos que proporciona ao espírito e pelas conseqüências que pode t?r e_m nossos eternos destinos, supera e m dignidade e impo rtancia a todo o utro estudo de caráter puramente terreno. Ele deve ser, por conseguinte, o obj e to de nossas preferências, pois se trata dos primeiros deveres que nos tocam e de nossos eternos destinos. Nestes, tempos, não basta um conhecimento superfic ial da Religião. E necess{u-io possuir dela a própria ciência, essa ciência luminosa que engendra convicções firmes e nos torna capazes de refletir sobre nossas c re nças. Pois bem, esta ciência não se possui quando não se está em condições de responder a esta pergunta: por que sou católico? Dizia São Paulo aos primeiros discípulos: 'Estai sempre prontos para responder àqueles que

O primeiro preâmbulo da fé : existe um Deus criador de todos os seres

peçam a razão de vossas esperanças '. O ato de fé nas verdades religiosas deve estar fundado na raz~o. Por conseguinte, é preciso que a razão nos prepare para aceita r as verdades da fé, mediante os motivos de c redibilidade. A apologética é a ciência que estabelece com certeza os fundamentos ou preâmbulos da fé, demonstrando quanto há de racional, legítimo e indispensável em crer. Os preâmbulos da fé são verdades preliminares que servem de fundamento ao estudo da Religião. Estas verdades constituem artigos de nossa fé. [ ... ] Podem reduzir-se a cinco principais: Iª. Ex iste um Deus c ri ador de todos os seres; 2ª. O homem, criado por Deus, tem uma alma esp iritual, livre e imortal; 3ª. O ho mem está obri gado a adm itir uma re ligião: só uma reli gião é boa, e só uma é verdadeira; 4ª. A única Reli gião verdadeira é a cristã; 5". A verdadeira Re li gião cri stã é a católica. Todas essas verdades se acham ligadas umas com as outras como os e los de uma cadeia: 1 - A ex istência de Deus e a criação do homem por Deus provam a necess idade de uma Reli gião. 2 - A necessidade de um a Religião nos obri ga a buscar a verdade ira, querida e imposta por Deus aos homens. 3 - A única Religião imposta por Deus é a cristã . 4 - A Religião c ri stã só se acha íntegra e verdadeiramente na Igreja Cató lica, a única e verdadeira Igreja fundada por Cristo.

5 - A Igreja Católica é a infalível Mestra da fé, que com autoridade recebida de Deus nos ensina o que devemos crer e o que devemos praticar para ir ao Céu. Bastará, pois, demonstrar estas ci nco verdades fundamentais, e todas as demais derivarão delas como um rio de sua fonte, como as conseqüências de um princípio. Uma vez demonstradas, poderemos concluir que a Religião Católica é a única verdadeira, e que só se podem pôr em dúvida o u negar seus dogmas abjura ndo a razão e o bom senso". • * Tradução de trechos do livro La Re/igión Demo.vtrada, do Padre P.A. 1-lillairc (Ed itorial Difusión, Bue nos Aires, 8" edição, 1956, pp. 2 1-22).

JANEIRO 2 0 0 9 -


Principais elevoções

l8J A s três grandes devoções que eu mais quero ter são essas três princi pai s devoções de Dr. Plínio. Quero mes mo ser muito devoto ci o Santíssimo Sacramento, ele Nossa Senhora e do Papado. Mas sou muito fraco, e peço que vocês rezem por mim . V ou pedir também ao Dr. Plíni o que cio Céu reze por mim e me alcance essas graças. Particularmente neste Natal, rezarei por nossa Pátria para que não fiqu e mai s nas mãos de qu em não merece nossa confi ança. (J.A. -MG)

Patl'ulhamento icleolúgico

Extraonlinariame11te católico [B) Já tinha ouvido falar cio Prof. Plíni o na época ele estudante, mas depois me formei, tive muito trabalho e me case i, e não ouvi fal ar mais dele. De repente enco ntro esta rev ista e tenho meu reencontro com ele, quero di zer, com os e critos dele e sobre ele. Li muita co isa cio ilu stre professor, inclu sive o livro "Tribali smo Inclígena - lclea l comuno-m issionário para o Brasil cio século XXI". M as nunca soube cio testamento escrito por ele em 1978, conforme pu bl icaclo na págin a 14 ela rev ista de dezembro. Fiquei boquiaberto e emoc ionado! Até já o reli hoje mes mo. Que extraordinári o ! Um homem ex traordinari amente CATÓU CO ! Com efeito (a inda que eu não tivesse lido seu testa mento e as outras co isas), as fotos dele já mostram isso ele modo muito tran spa rente. Agora eu quero ler o livro " Revo lu ção e Cont-ra- Revolução" Uá fi z um downl oad pela intern et) e também o livro " Tratado ela verdad eira devoção à Santíssima Virgem M ari a" (este ainda estou procurando). Obrigado de coração, e um Feliz Nata l e Bom Ano Nov o para toda turma aí cio Catolicismo. (N.M.H. - ES)

CATOLICISMO

[81 Eu não consigo entender por que a mídi a não trata dessa fi gura gigantesca do sécul o XX, que foi Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. Ele sem dúvida marcou o século, tanto bem fez pelo Brasil e deixou tantos seguidores no mundo inteiro, e a mídia a que tenho acesso não trata dele. Por quê? Pensando numa resposta para meu espa nto cm relação à mídia - que trata de tudo, até de co isas in signifi cantes, mas não trata ela ação ele Dr. Plínio Corrêa ele Oliveira - , encontrei uma razão: certam ente ele est,'í na lista ela famo sa " patrulh a ideo lógica" . Esta faz uma censura milh ões e milhões ele vezes mais apertada que nos anti gos países que eram reprimidos por go vern os comunistas. X ô " patrulha ideo lógica" . (M.S.J. - RJ)

Lamentação

l8J Que pena que so mente agora vej o quem foi Plíni o Corrêa de Oliveira. Uma personalidade de um a devoção à I greja como nunca vi. Lamento o " somente agora" porque ele foi meu contemporâneo, mas não o co nhec i pessoa lmente. Agora não adi anta eu chora r a perd a desta oportunidade, ele se foi em 1995. Que honra para mim teria sido poder apertar sua mão e di zer qu anto apreço tenho por ele. Seri a maravilhoso poder dizer a meus filh os e netos que eu o conhec i pessoa lmente. Para mim se ria mais cio

que dizer que conheci pessoalmente a Rainh a da Inglaterra ou o genera l D e Gaulle, por exempl o. (R.B.I. - SP)

"O Cmzallo cio século XX" Por meio de doutor Paul o Corrêa ele Brito Filho, envio minha mais calorosa adesão às co memorações pelo centenário do Professor Plínio Corrêa ele Oliveira. Lamentando que obrigações imposterg,'íveis ele caráter ofi cial me impedem estar pessoa lmente presente, auguro que os atos programados tenham o mai or brilho e ressonância, e exa ltem di gnamente a fi gura ímp ar desse in signe filho da Igrej a Católi ca e da nação brasileira, que com toda propri edade ficou conh ec ido co mo "c ru zado cio séc ul o XX". (J.V.U.P. - Lima, Peru)

Petl'úleo "abafa escânelalo " [5:<] Com a devida vênia, go. taria ele parabeni zá- lo lPlinio Vicli gal Xavi er el a Silveira·! pelo excelente arti o publi cado na rev ista Catolici.rnw de cl eze rnbro/200 8, co m o títul o "O JOGO MUDOU". Nada pa ra acrescentar, poi s foi dito tudo, tomo co mo meu seu pensa men to. Poderi a, isto sim, o título ser "A cada scâ nclalo, um poço ele petróleo". Que tal ? Aproveito o ensej o para desejarlhe um FELIZ NATAL e um excelente ANO NOVO, com paz., saúde e prove itoso apostol ado. (A.R. - PR)

Bienal ele Arte Moefonm [B1 Que bom que as pessoas não estão mais se deixa ndo infl uenciar pelas artimanhas ci o demônio co m a arte moderna. V oll emos aos cláss icos, ~1s belas esco las la verdadeira arte (Cfr. arti go "A Bi enal cio vaz io, ou o vazio da Bi enal ", Catolicismo , cleze rnbro/08 ). (B.M. P. - SP)

'l'em11os elifíceis 18] N estes tempos tão difíceis para to-

dos, em que a fé e a es peran ça neste

novo mil ênio são tão grandes, desejo que os ed itores ela rev is ta Catolicismo encontrem a paz e a luz para ajudar a resolver as dúvidas e as questões mai s graves para todos os ca tó1icos cio Brasi 1. (F.D. -

SP)

História elitrina A hi stóri a ele Nossa Senhora me co moveu muito quando a ouvi, contada pelo padre de minha paróquia. É divin o ! E o que é divino não necess ita de explicações científi cas. M as ainda ass im Deus se incumbe de proválo, tamanho é o seu amor por nós. E sa lve Nossa Senhora! (A.F. - RJ)

f'apel cio sofrimento na vicia

l8J Esta revi sta abriu minha cabeça ! Parabéns! Tocou num ponto-chave que eu não entendia: Por qu e sofro neste mundo? A partir desse comentário, tenho outra visão a respeito cio sofrimento. Estou mai s res ignado, e certo ele que agora quero sofrer mai s para ganh ar a vid a eterna . Obrigado. (L.A.B. - RN) 'l'ropa ele Elite

l8J Excelente arti go sobre " Tropa de E lite" ! C larivid ent e, objetivo e abrangente. Extremamente didático e de profundo alca nce ideo lógico, fi losófico e reli gioso. N ão haveria nada a acrescentar ... M agistral. .. Bravo!! Co ntud o, à gui sa ele mod esta contribuição, gostaria de apresentar um par de impressões pessoais. Certamente o cri me, ao ser encarado e co mb atido - co mo o é no filme " Tropa de Elite" - é uma esperança, conforto e refri géri o para as almas que clamam por justiça. Pareceume ainda de uma inédita elevação e sublimidade a caracteri zação ele uma vocação do "cava leiro justi ceiro" que tudo abandona: Carreira, dinheiro, bens materiai s, vida fác il e divertid a, alcança ndo até mesmo a renúncia a uma vida familiar e pessoa l. .. De outro lado: coragem, amor ao ri sco, total dedicação e obediência. Tudo isso

aliado à estratégia, inteli gência e sagacidade, são as características essenciais cios principais protagonistas. É um Estandarte de Heroísmo que se alça nesse no sso querido Brasil submerso na lama do egoísmo, do hedonismo e da vulgaridade. Um togue ele clarim que repercutiu de Norte a Sul , e que, curiosa mente, foi sumindo do notici ári o e dos comentári os ela mídi a... Silêncio ... o heroísmo tem que morrer ... (G.D.A. - SP)

fcleologias perversas

l8l Concordo pl enamente com o autor [Cid AlencastroJ do artigo "Escolas infectadas de marxi smo". Sou estudante universitário de uma in sti tuição parti cular, que a princípio seria catóiica incluindo capelas nas sedes. Mas infeli zmente a noção de I greja passa longe ela sa la ele aula, o estudo filosófico, de moral e ética que recebemos não poderia ter sido mai s anti-católico do que foi. Cheguei a sugerir à professora que, no lugar de Marx, Nietzsche, Rousseau e outros, es tudásse mos Chesterton , Di etri ch Von Hildebrand , Cardeal N ewman. Sem sucesso. Fiz um trabalho a respeito de " Ju stiça Social Hoje", e procurei colocar os erros surgidos com a Revolução Francesa e a adoção sem qu alquer sucesso de ideologias marxistas nos tempos modern os. Coloquei também o estudo ela D outrina Social da Jgreja, com encíclicas papai s, sugerindo que este é o verdadeiro caminho para uma Justiça Social , não utópica como é a _ju stiça da " Li berdade, I gualdade e Fraternidade". Se tiveram efe ito sobre o pensamento das pessoas, eu não sei, mas espero que alguma coisa eleva ter ficado. O ensino moderno prec isa ser vigiado ele perto pelas famílias de bem e católicas. (L.B.S. -

prec iações pelos inimi gos e opositores da Igrej a Católica, e até por al gun s católicos mal informados. Ler algo primoroso em argumentos, avaliações e considerações hi stóri cas sobre o assunto, deveria integra r a formação de todos. (O.S.Q.B. - MS)

Questão amazônica Tenho acompanhado com grande interesse e preoc upação o que está acontecendo atualmente no territ6rio brasileiro a res peito das investid as de estrangeiros com dec larações acintosas quanto à nossa soberania na Amazôni a, que não est,i sendo defendida com ri gor pelas autoridades do governo federa l. Tenho lido entrev istas nesta rev ista Catolicismo sobre conflitos nas fronteiras com demarcações de terras indígenas. Penso que os índi os não têm mai s direito a terra s j á ocupadas, pois se não for ass im, teremos que entrega r todas as terras oc upadas por brancos em tod o Brasil , inclusive no Estado do Ri o e outros, que ainda têm índi os. É um contrasenso tomar terra s desbravada s para entregar a índi os que não sabem o que fazer com elas. Acho que a revi sta de nove mbro soube entrev istar bem, e deve continuar a protestar contra todos e também denunciando a CNBB e outros organi smos que só atrapalham. Devemos ocupar a Amazônia com o Exército, M arinha e Aeronáutica, pois estão faltando defen sores e também imi gração. Deus ilumin e a todos para que façam o melh or pelo Brasil e pelos brasil eiros desbravadores de nosso País. (D.L.F. - RJ)

PR)

Galileu

l8J O terna ela " Palavra cio Sacerdote" 1A condenação de Galileu Galilei] sempre foi abordado com ironias e de-

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Monse nhor J OSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - No Juízo Final, nossos pensamentos serão expostos a todos? Se cometemos um pecado contra a castidade, consentindo em um pensamento impm·o, mas nos arrependemos e fomos perdoados, e dele nos purificamos no Purgatório, mesmo assim esse pecado será exposto ao mundo todo? Se a confissão é secreta e individual, por que então os pecados seriam revelados no Juízo Final? Não me parece fazer sentido. No santo ritual da Confissão, não se deve nem sequer descrever minuciosamente os pecados cometidos contra a virtude da castidade. Por gentileza, me auxilie a compreender. Resposta - O Juízo Final é rea lmente um di a tre mendo, como diz o responsório que se rezava ao fim da Missa de Defuntos (em latim, naturalmente): "Libera me, Do mine, de morte aeterna, in die illa tremenda ; [ ... ] dum ve ne ris judicare saeculum per ignem" . Traduzamos para o le itor, desabituado do latim depois de 40 anos sem uso na Liturgia católica, e que só recenteme nte ve m sendo reto mado e m a lgum as igrej as privil egiadas: - Livrai -me, Senhor, da morte eterna, naque le di a treme ndo; quando os céus e a terra fo rem abalados: quando vierdes a julga r o mundo pe lo fogo. - E u tre mo e estou atemori zado, pensando no dia do juízo e d a ira [d e D e us ] . Quando os céus e a Terra forem abalados. CATOLICISMO

- Dia de ira, aque le dia de cal amidade e de mi séria, grande dia cheio de amargura. Quando vierdes a julgar o mundo pelo fogo. P o rtanto, para todos os homens, bons e maus, o di a do Juízo Final será um "dia

de ira, aquele dia de calamidade e de miséria, grande dia cheio de amargura ". Porém, não o será igualme nte para bons e maus, e aqui começa a grande difere nça !

Antes do Juízo Ji'inal, o juízo particulal' O Juízo Final é necessário, pelas razões que veremos em seguida. Mas, na verdade, antes dele cada homem terá passado por um juízo particular, Jogo depois da mo,te. Poucos cristãos têm isso presente quando comparecem a um velório e vêem o defunto estendido na câmara mortuária; mas ali está um homem que já foi julgado por Deus e recebeu sua sentença definitiva: Céu ou Inferno! Se aquele homem ou mu1her morreu na graça de Deus, está destinado ao Céu. Pode ser que, embora tenha morrido em estado de graça, não tenha pago suficientemente por todos os pecados cometidos; neste caso, passará antes pelo Pmgatório, para satisfazer completamente a Justiça divina até ser purificado da mais leve mancha de pecado. Depois disto sua alma será levada ao Céu, ali aguardando a ressurreição geral dos corpos, quando então se unirá ao seu corpo restaurado para nunca mais morrer. Será nestas condições que ele se apresentará diante de Nosso Senhor Jesus Cri sto no dia do Juízo F ina l, po rtanto certo de sua absolvição pelo Divino Juiz. Quanto aos mau s, qu e morreram e m pecado mortal ,

suas almas serão e nviadas ao Inferno imedi atamente após a morte, e també m lá fi carão a guardando a ress urre ição geral dos corpos, para se unirem aos seus corpos tenebrosos e recebe re m di ante de toda a humanidade a confirmação da sente nça te rrível exarada no juíza particular. Porta nto, bons e maus não entram no grande anfiteatro do Juízo Final nas mesmas condições: uns já sabem que se salvaram, e po1tanto estão tranqüilos e fe lizes; e outros j á tê m conhecimento de que se condenaram, e po1tanto estão desesperados e aterrori zados. Estes últimos, pa ra sua vergonha, terão os seus pecados, mes mo os mais ocultos, des ve nd ados aos o lh os de todo o mundo, que assim verá como De us foi justo ao condená-los. E os pec ados dos bon s, também serão exibidos? É a perple xidade do consule nte.

Sobrn a 11ecessidade do Juízo Final Uma pergunta óbvi a, ao se tratar do Juízo Fin al, é sobre a necess idade de le. Poi s, se logo após a morte a alma é julgada por um juízo particular, e seu destino eterno já está se lado, nada mud ará co m o Juízo Final. Qua l, po is, sua razão de ser? O Juízo Final - ou Juízo Univ ersa l, como també m é chamado - é o grande ajuste de co ntas dos ho me ns com Deus, co mo também dos homens entre si. Comecemos po r este último, apesar de ser menos impo rtante. Me nos importante, a li ás, não quer di zer des importante. Mesmo porque Jesus C ri sto deu a e le gra nde importâ nc ia.

Co m efeito, qu ando São Lucas introduz a questão da reve lação dos pecados ocul tos (cap . 12, 1-2), é justamente a propós ito dos gra ndes hi pócritas do te mpo de Jesus, que eram os fari seus: "Começou Ele [Jesus] a di zer aos

seus discípulos: Guardai-vos do f ermento dos f ariseus, que é a hipocrisia. Porque nada há de oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que niio venha a saber-se" . Importa pois que, no di a do Juízo Final, todos aque les que qui seram passar por virtuosos aos olhos dos home ns, mas estavam cheios de pecados ocultos, sejam publi camente desmascarados. Ampli ando esse qu adro, vemos quantas pessoas são caluniadas ou injustiçadas - em qualquer campo que se consi-

,.,,. ,:d[i..t 6ÊTESfVALIJ: lO~HJ Q;1A

dere : moral , fa mili ar, social, político, cultural, artístico, científico, técnico, labora l, etc. - e conseqüentemente menosprezadas ou preteridas em favor de outras francamente incompetentes, oportuni stas ou desonestas. É preciso que a justiça seja feita aos olhos de toda a humanidade. É esse grande ajuste de contas, em nível p,u-ticular, que o Juízo Final propic iará. Pode entretanto acontecer que a lgun s - o u muitos que praticaram inju sti ças tenha m depois se arrepe ndido e salvado sua a lma. É cl aro que a injustiça praticada por essas pessoas ta mbé m de ve ser manifestada no Juízo F inal , para reparar a honra dos lesados. O fa to de que, no sacramento da Confi ssão, se g,u-anta o segredo absoluto sobre os pecados confessados, é uma condi ção necessári a da vida

Poucos cristãos têm presente, quando comparecem a um velório e vêem o defunto estendido na câmara mortuá ria , que ali está um homem que já foi julgado por Deus e recebeu sua sentença definitiva - Céu ou Inferno!

lio espec ial da graça, a qua l De us não nega a qu e m lhe pede. Assim , o mérito ela peni tência cobre o demérito do pecado; e o nde abun do u o delito, superabundou a graça, como di sse São Paulo (Rom,

5, 20).

nesta Terra: todo conv ívio humano se tornaria insuportável se cada um ficasse sabendo dos pecados oc ul tos dos o utros.

Po rém, no di a do Ju ízo, essa necessidade cessa, pois o convívio a partir de então será na morada celeste, em condições totalmente outras. Ade mai s, no Juízo se reve lará também a seriedade ela contrição e o ri gor da penitênc ia com qu e cada um lavo u seus pecados. O que lhe servirá de louvor. Não é este um mé ri to pequeno. Pe lo contrári o, é a ltamente valioso aos olhos divi nos te r alguém a coragem de o lha r de fre nte os pró pri os defeilos e corri gi-los. Arrancar de si um defeito dói mais do que arrancar um braço, e só se consegue com um auxí-

No fim das contas, a revelação de nossos pecados ocultos, no dia do Juízo F inal, não resulta em opróbrio, mas e m motivo ele ação de graças a Deus, que desse modo triunfo u em nossas almas, e em reco nh ec im e nto do mé rito havido no arrepe ndimento. Porém, o Juízo Final não se restringe ao acerto de contas e ntr~ os indiv íduos e destes com Deus. Nele serão julgadas também as famílias, as sociedades de várias ordens, os povos e as nações. Nele, como diz o Catecismo ela Jgreja Católica, Jesus Cristo "pronunciará

sua palavra definiti va sobre toda a história da humanidade" (nº 1040). Será urna grande aula de Históri a. Não é, pois, sem propósito que a eleição dos papas se faça na Capela Sistina, sob o teto decorado com o célebre afresco de Miche langelo sobre o Juízo Final. O que ali se decide, de cada vez, é o rumo que tomará a Santa Igreja, cuja barca arrasta atrás de si a Hi stória ele toda a humanidade !• E-mail do autor: monsenhOJjoseluiz@catolicismo.com.br CORRIGENDA Na matéria desta coluna de nove mbro de 2008, a carta do ano de 16 15 e m que Galile u professa a doutrin a cató lica tradi c io nal so bre a exegese das Sagrad as Esc rituras fo i dirig ida efeti va me nte à GrãDuquesa da Toscana, Cri stina de Lore na ( 1589- 1637), e não à Rainh a C ri stina ela Suéc ia ( 1626- 1689), como por engano !'o i afi rmado.

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Pequena era de gelo": embaraço para ecologistas

Universidade Autônoma do M éx ico (UNAM) prevê uma

"pequena era de gelo" para os próx imos 60 a 80 anos. Ela

resultará da constatada diminuição da atividade solar. Yíctor M anuel Yelasco Herrera, investigador do Instituto de Geofísica, expôs os resultados de vários meses de pesquisa de uma equipe de investigadores da UNAM sobre a conduta dos glaciais. Subi inhou que os prognósticos do Intergo vem -

mental Panei on Climate Change (IPPC) sobre o aq uecimento global estão errados: "São incorretos, por-

que só se baseia,n em modelos maternálicos e apresenta,n resultados ern cenários que não incluem, por exemplo, a ati vidade solar[. .. ]. Neste século os glaciais estão aumentando", como se observ a na Cordilheira dos Andes, no

Abadia trapista volta ao antigo rito da Missa

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mosteiro trapi sta de M ariawa ld, na diocese de Aachen, A lemanh a [foto] , foi o prim eiro a retornar ao rito tradicional da Mi ssa. O fato aconteceu na festa da Apresentação de Nossa Senhora ao Templo, em 2 1 de novembro. Tratou-se de um acontecimento único na Hi stória da I greja. O mosteiro já fora fechado no tempo da Kulturkampf anticatólica do século XIX , e pelo nazismo. M as nunca correu tanto perigo quanto no período pósconciliar, quando, após adotar o liturgicismo progressista na moda, a disciplina interna decaiu assustadoramente, os frades apostataram e as vocações diminuíram sensivelmente. A s sombrias perspectivas da vida abacial mudaram agora, com o retorno à disciplina e à liturgia das origens, com a aprovação da Santa Sé. •

glacial Perito Moreno (Patagônia), no Logan (Canadá) e no glacial Franz-Josef (Nova Zelândia). •

Tese criacionista cresce na França e Inglaterra 29% dos professores ingleses julgam que o criacioni smo e o intelligent design devem ser ensinados nas aulas de ciência, indicou pesquisa do canal britânico Teachers TV, segundo o diário " The Guardi an" de Londres. Aproximadamente 50% dos que em itiram opini ão acham que proibir as alternativa à teoria da evolução é contraproducente. N a França, segundo noticiou " Le M onde" de Pm·i s, laicistas e agnósticos estão alarmados diante dos progressos do cri acionismo entre professores e alunos. Armand de Ri cq les, professor no College de France, publicou orientações para os mestres evolucionistas escaparem dos apuros em que são colocados pelos argumentos cri acioni stas. Ele pediu uma " reação", pois julga "i nadmissível" que numa soc iedade filha da Revolução Francesa o criacioni smo tenha a ex pansão que está encontrando. •

Excesso de Internet gera alunos sem futuro social

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abuso de tecnologias digitai s pode cri ar uma geração de cri anças-"robô", escreveu Graeme Paton, editor de educação do diário londrino " The Telegraph". O uso demasiado de Internet e videogames danifica a sociabi lidade das novas gerações e tolhe a criação de um pensamenlo independenlc. Yicky Tuck, presidente da Cir/s' Schoo/.1· Association, que representa as 200 escolas femininas topo-de-linha do Reino Unido, 1ropôs um projeto para que as meninas desenvolvam qualidades próprias de um ser independente. "Nós ternos que i111pedir a

desumanização da educação provocada pelo excesso de COJ !fiança na tecnologia. As universidades não querem est11da11tes fruto do ensino robotizado", disse Tuck. O Dr. Richard raham, psiquiatra infantil, insi stiu em que muitas horas astas cm videogames estragam as oportunidades sociais futuras dos j ovens: "As escolas devem ensinar valores morais, elas são locais

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aprox i~ação em 1~iatéria nuclear civ i~ entre o Brasil cio ~residente Lu la e a Russia do onipotente Putin , sera um cios 111~11ores fatores ele preocupação da nova administração ameri ca na, registrou o site Nuclear Power Daily. A Rússia possui tecnologias - ali ás, bastante obso letas e peri gosas - e gra ndes jazidas de urânio, estando agora interessada nas reservas brasileiras. A visita ao Ri o de Janeiro do presidente da estatal Rosatorn, Serge i Kiriyenko, leva ntou suspe itas. A Rú ss ia ofereceu tecnologia nucl ear aos presidentes proto-comunistas Hu go Chávez da Venezuela e Rafael Correa do Eq uador. M as a verdadeira intenção ru ssa seri a inserir a Améri ca do Sul numa frente anti -E UA , como parte de um plano mundial para restaurar o poder da antiga URSS . E esses pres identes esquerdi stas estariam se prestando ao jogo ru sso. •

Japão: apoteose na beatificação de 188 mártires 30.000 pessoas assistiram em N agasak i à beatificação de 188 católi cos martirizados entre 1603 e 1639. Após o início ela evangeli zação rea li zada por São Franci sco Xavier, o número cios católicos cresceu adm iravelmente. O shogun Tokugawa, pagão, em 16 14 ex pulsou os missionários, fechou o país aos estrangeiros, proibiu o cato licismo e mandou extenni nar os católicos. Milhares deles de todas as cla sses sociai s, inclusive samurais [foto], foram decapitados, cruc ifi cados ou queimados vivos. Muitos, entretanto, perseveraram privados ele sacerdotes e igrejas durante doi s séculos e meio. Em 1873, os mi ssiomkios estrangeiros encontraram 26.000 descendentes dos "cristãos escondidos" . Hoje os católicos japoneses são aproximadamente 500.000, sobreL11do pertencentes às classes mais cu ltas. O paganismo nipônico tudo tentou para extinguir o catoli cismo no país, tendo fracassado. Como afirmou Tertuliano, escritor cri stão dos primórdios da lgr~ja, "o sangue dos mártires é semente de cri stãos". •

nos quais os alunos roma,n contato com o mundo real". •

Presidente uruguaio veta despenalização do aborto

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o Uruguai , o Legislativo aprovou a despenalização do aborto i 'norando a decl aração dos bi spos, segundo a qual os deputados que aprovass '111 o proj eto ficariam excomungados. EntTetanto, o presidente uruguaio Tab.ir V ázquez [foto] vetou o projeto. N a exposição de motivos, o presidente - que ( médi co - diz que "a legislação não pode desconhecer a realidade da e.xistê11 ·ia da

vida humana na etapa da gestação, como o demonstra a ciência de 111aneira evidente. [. .. ] O projeto gera umafonte de discrúninação i,~justa e111 relação aos médicos CL(ja consciência lhes irnpede praticar abortos. [. .. ] O pn~jeto, além do mais, qualifica erroneamente e de maneiraforçada, contra o bom se11so, o aborto corno ato médico, desconhecendo declarações internacionais / ... / q11e caracteriza,n o médico como agente em. favor da vida e da integridad , jf.1·ica ". A grande mídi a brasileira não deu o merecido destaque a esse fato, qu intcrcss.i a fundo aos mov imentos a favor da vida no Brasil. •

CATOLICISMO

Rússia tenta envolver Brasil e América do Sul

Gramsci teria se convertido na hora da morte

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nLonio Gramsc_i,. fundador do Partido Co1~1L111i~ta Jtaliano, converteu-se ao cato li c1smo pouco antes de seu fal ec imento, revelou com abundância de pormenores o Prefeito Emérito da Peni tenciaria Apostólica, Mons. L uigi De Magist:ri s. Gramsci propugnou a infiltração comuni sta na [greja, para destruí-la por dentro com a ajuda de certos bispos e sacerdotes, como os modernista.1· e progressistas. No quarto do hospital religioso em que agoni zou, ele fazia questão de ter uma imagem de Santa Teres inha. Ce1to dia, as freiras levaram uma imagem do M enino Jesus para ser venerado, mas não para ele, pois era ateu militante. Ele soube e queixou-se. As religiosas então levaram a imagenzinha a seu quarto, ele a beijou emocionado, e a seguir pediu e recebeu os sacramentos. Giuseppe Yacca, diretor cio Instituto Internacional Cramsci, observou que a conversão do ideó logo com unista "não mudará em nada " a estratégia gramsciana de sociali stas, comunistas, femini stas, aborti stas e lobbies pró-homossexuais. Eis aí mais um sintoma do fanatismo irred utível das esquerdas. •

Lourdes: mais cinco curas inexplicáveis Comitê Médico Internacional de Lourdes (CMIL), a mais alta instância médica que analisa as curas no famoso santuário francês , deu a conhecer mais cinco fatos marcantes e inexplicáveis pela medicina. Os beneficiados têm entre 40 e 69 anos. Uma senhora, em 2004, foi pela 6ª vez a Lourdes em cadeira de rodas . Então ela constatou que nunca pedira sua cura em Lourdes, e decidiu pedir essa graça. Eis que sem nada sentir, pura e simplesmente levantou-se e começou a caminhar. Outra senhora sofria invalidez quase total, resultante de um acidente de carro, mas não acreditava muito quando foi a Lourdes. Na hora de seu retornou para casa , lavou-se com água da fonte . No dia seguinte , ao acordar, já não tinha dor alguma, estava curada! A medicina constata os fatos , mas só os bispos diocesanos podem reconhecê-los canonicamente como milagres e propô-los enquanto tais aos fiéis.

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Ateísmo decadente e aumento de interesse pela Religião

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iante da entrada de temas re li giosos na área política, grupos ateus propagavam a afirmação de que Deus não existe. Um desses grupos reuniu mais de 140.000 euros para co lar cartazes em ônibus de Londres , com os dizeres: "Provavelmente não há deus,

então deixe de se preocupar e desfrute a vida". A iniciativa será imitada em Washington . Na Espanha, uma vetusta União de Ateus e Livre-pensadores tenta realizar algo similar. Alguns livros agnósticos ou pseudo-científicos tiveram mediana saída fazendo a apolog ia do ateísmo. Até não muito tempo atrás, a descrença mostrava-se ufana e menosprezava os católicos, enquanto os mais tímidos destes pareciam ter vergonha de sua fé . Hoje as posições estão se invertendo: cada vez mais se patenteia a força do catolicismo, e o ateísmo tende a uma posição defensiva. É uma salutar virada histórica.

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locado na urna de cristal , onde se encontra agora exposto à veneração dos fi éis. O corpo fi cou nessa sala até o di a 24 de abril. Só podiam entrar os peritos do Vati cano que faze m o trabalho de preparação dos corpos dos beatos ou dos santos em urnas, onde permanecem para serem venerados pelos fi éis.

São Pio de Pietrelcina

atrai multidões A figura deste santo sacerdote capuchinho, canonizado em 16 de junho de 2002, é apresentada por Mons. Juan Rodolfo Laise, O.EM. cap., bispo emérito de San Luis, Argentina

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rancesco Forgione nasceu em Pietrelcina no dia 25 de maio de 1887, tendo falecido santamente, como Padre Pio, em San Giovanni Rotondo (Itália) em 23 de setembro de 1968. Foi ordenado sacerdote em l O de agosto de 191 O na catedral de Benevento. Dedicou-se heroicamente ao ministério da confissão, a fim de salvar almas, perdoando os pecadores arrependidos, livrando-os das garras do demônio. Devotíssimo de Nossa Senhora, praticou as virtudes de modo extraordinário, atraindo com isso a veneração popular. Celebrava a santa Missa sempre em latim, pois nunca aceitou as reformas na Liturgia . Nos seus sermões, de grande proveito espiritual para os fiéis, abordava também temas como o combate à reforma agrária socialista e ao comunismo. Religioso consciente dos problemas de sua época, ·tan to os de caráter espiritual quanto temporal , era ao mesmo tempo um místico . Operou muitos milagres, possuía o dom da bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo) e dos estigmas (feridas nas mãos, nos pés e no peito, como as recebidas por Nosso Senhor Jesus Cristo na crucifixão). Foi canonizado em 16 de junho de 2002 pelo Papa João Paulo 11, na praça de São Pedro. Em 28 de fevereiro de 2008, seu corpo foi exu-

CATOLICISMO

modo - sendo encontrado incorrupto - e colocado numa urna de cristal para exposição pública e veneração dos fiéis. Sua Exa . Revma . Dom Juan Rodolfo Laise, O .F.M. cap., bispo emérito de San Luís, Argentina, reside atualmente no convento capuchinho em que o Pad re Pio passou a maior parte de sua vida . Nessa abençoada casa re ligiosa, concedeu ao colaborador de Catolicismo, Sr. Luis Dufaur, entrevista exclusiva sobre seu santo irmão de hábito . *

Dom Laisc:

"O perito clisseme <1ue o co,po do Padre Pio encontra-se int acw e incormpto. Só foi danificado a pa,·tir da nuca por uma inliltrnção de água "

*

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Catolicismo - V. Exa. encontrase em um local privilegiado para nos falar da exumação dos restos mortais do Padre Pio. Qual sua impressão sobre esse acontecimento? Dom Laise - Esti ve presente à ex umação. Ela se estendeu até a I hora da manh ã, tendo sido presid ida pelo bi spo da di ocese de Manfredonia e San G iovanni Rotondo. Fora m quatro horas de ração e louvor ao Senhor, Autor de todo o bem. /\ parte principal dos atos consistiu na abertu ra das pultura do Padre Pi o. Após ter sido levantada a pesada laje de mármore que encobria o caixão, fo i a vez da chapa ele zinco, colada no vidro, e que vedava o acesso ao ataúde. Ainda fec hado, este fo i tras ladado so lenemente a um quarto, cujas portas foram reforçadas para guardar o corpo do santo até que ele fosse co-

Catolicismo - O que disseram os peritos? Dom Laise - Pude conversar com o responsável pelo tra balho de tratame nto do corpo, fe ito com e lementos espec iais para sua conservação. Di sse-me ele que o corpo do Padre Pio encontra-se intacto e incorrupto. Só foi danificado a partir da nuca por uma infil tração ele água que tinha fi cado no túmul o, pois este fora co ncluído poucos dias a ntes da morte do Santo Padre Pio. Por isso o rosto fo i coberto, tal como fo i encontrado, com uma másca ra fe ita em Londres, ele acordo com as fe ições naturai s. Esse diretor disse-me que, em outros casos, ele pôde perceber um cheiro desagradável, gerado pela natu ra l deco mposição do corpo. Mas no caso cio Padre Pio não notou nenhuma sensação desagradável, devido ao estado ele incorrupção cio corpo. Em 24 ele abril, enquanto cantávamos a Ladainha ele Todos os Santos, o corpo foi levado em procissão através da esplanada cio santuário até a cripta, onde está exposto. Após a liturgia o corpo foi incensado, e começou a veneração pública. Verdadeiras multidões vêm a San G iovanni Rotondo para contemplar o corpo cio Padre Pio e recomendar-se à sua intercessão. Catolicismo - Em San Giovanni Rotando V. Exa. deve ter ouvido muitos testemunhos de pessoas que conheceram o Padre Pio. Poderia transmitir alguns deles a nossos leitores? Dom Laise - Ainda há hoje mui tas pessoas que conheceram o Padre Pio. Posso contar-lhe o testemunho de um grupo ele anciãs que não deixa m ele ass istir à Missa e ele comungar todos os di as. Como tinham muita dificuldade para andar, eu lhes perguntei: "Como é que as Sras. estão aqui numa manhã tão fria? ". Elas res pondera m: "Para nós, um

dia sem Missa é um dia sem. sol ". - "E quem lhes ensinou essa idéia ?". - "O Padre Pio, que era o nosso guia espiritual ". Outros testemunhos mencionam graças recebidas. Uma anciã que vive no centro da cidade velha contou-

me que seu filho estava morrendo, e foi então até o Padre Pio para pedirlhe uma oração por ele. O menino recuperou a saúde. Ela voltou para agradecer o fa vor recebido, ao que o santo lhe esclareceu: "Por que a Sra. vem agradecer a mim? Vá a Nossa Senhora. A1v adeça a Ela, que é a intercessora de todas as graças que recebemos de seu Filho". No centro velho de San G iovanni Rotondo res ide a pessoa que era criança quando fo i objeto ele um milagre aprovado no processo de canonização. Seu pai é médico. A famíli a freqüenta a igreja ele San 0nofri o. Fa lando com seus membros, sente-se a ação mi raculosa cio Padre Pi o, sej a nesse milagre, seja em muitos outros de que eles fora m testemunhas.

O arcebipo Domenico D'Ambrosio (esq.), e alguns padres abrem o féretro que contém os restos mortais do Padre Pio e observam o estado de seu corpo, que foi encontrado incorrupto

"Uma anciã contou-me t/ue seu filho estava mo1·1·emlo, e foi então até o Pa,lre l'io para pedir-lhe uma ornção por ele. 0 menino ,·ecupel'Oll a saúde"

Catolicismo - Como é a obra do Hospital Alívio do Sofrimento? Dom Laise - É a obra do Padre Pio para os que padecem doenças. Ele passou toda a sua vicia enfermo. Suas doenças eram indecifráveis para os médicos, e isto desde sua in fâ ncia até a morte. Com as esmolas recebidas após a li Guerra Mundial , em 19 ele maio de 1947 o Padre Pio iniciou a obra - um imenso hospital - , que foi abençoada em 5 de maio de 1956 pelo Cardeal Lercaro. Posteriormente fora m edificados mais cinco anelares no edifício. Cada especialidade médica ocupa um setor, com sala de operações própria e o instrumental mais avançado. A capacidade é de dois mil leitos. Há 500 médi cos, 2000 enfe rmeiros e pessoal especializado em cada um dos setores. O hospital está sempre cheio. O Padre Pio queria que o hospital acolhesse os mais ca rentes; e que médicos, e nfermeiros e fun cionários se preoc upassem sobretudo em atender os doentes com es pecial caridade cri stã. Este deveria ser o espírito própri o da obra. Atualmente é um dos hospitais mais reconhecidos por sua efi ciência na Itáli a. Em 2002 fo i-lhe acrescentado um pronto-socorro, com nove andares. Também ele está equipado com os mais efi cazes recursos da medicina. O Alívio do Sof rimento é ate ndido esp iri tualme nte por cinco capelães capuchinhos, dedicados à atenção espiri tual dos doentes . Eles os visitam toda manhã, ocas ião em que di stribuem a Sagrada Co munhão . No Sollievo della Sofierenza [nome do hos pital em itali ano], exerce seu a postolado uma comunidade chamada Apóstolos do Sag rado Co-

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lio da graça di v ina. Devemos estar prevenidos, pela oração contínu a, e fortalec idos pelo Sacramento da Eucari sti a e a proteção matern al da Santíss ima Virgem. Ele previ a que a ação do demôni o seri a mais agress iva nos tempos vind ouros. Às mães, pedi a que rezassem muito por seus filhos e netos, a fim de que não deca íssem el a condição ele filhos ele D eus, dev ido aos ataques cada vez mai s virul entos ci o M aligno. Pudessem ass im corresponder ao pl ano ele sa l vação o btido pel a morte ele Cri sto na Cru z.

ração, que conta com 35 religiosas presentes em todos os setores do hospital. Catolicismo - Certa vez V. Exa. me disse que o secretário do Padre Pio contou-lhe muitas recordações do santo. Poderia narrar algumas delas para nossos leitores? Por exemplo, o Padre Pio tinha o dom da clarividência? Dom útise - O Padre Paolo (que no refe itóri o senta-se à minha esquerda) admini stro u a Santa Unção ao Padre Pi o, momentos antes de seu fal ec imento, e escreveu um li vro com base em testemunhos pessoa is. Em mais de uma ocas ião ele me di sse : "O Padre Pio sabia tudo. Sabia o que

os ou/ros pensavam, o que ia suceder ou não. Sabia a respeilo dos comunislas que havia no Valicano nos te111pos de Pio XII. Sabia tudo sobre as pessoas que vinha111 observá-lo, sem que ninguém lhe ti vesse dito algo e111 cada caso".

O corpo incorrupto do Podre Pio exposto poro o veneração público

Catolicismo - O Padre Pio foi um apóstolo do confessionário. Existe hoje uma diminuição na prática desse Sacramento. O que diria o Padre Pio a respeito disso? Como ele nos ajudaria a fazer uma boa confissão? Dom Laise - O confessionári o fo i, junto com o altar, o centro ele sua ação apos tóli ca. Confessava du ra nte muitas horas, de manhã e à tarde. Às vezes recusava-se a atender quem vinh a confessa r-se sem estar co m boa di spos ição. Um desses penitentes co ntou-me que ele vi aj ava todos os meses de Florença até Sa n G iovanni Rotonclo, para agradecer ao Padre Pio a recusa ele que fo ra obj eto na primeira ocas ião ele confessa r-se, porqu e tal recusa consti tuiu o ponto ele partida ele sua conversão . Ele pedi a humildade aos penitentes, pa ra receberem a graça cio perd ão, e o reconhecimento ele que, sem o auxíli o cio Senhor, nada podemos. A abso lv ição perdoa o pecado, e ao mesmo tempo comuni ca forças para não se reincidir nele.

Catolicismo - Dizem que o Padre Pio via as razões profundas da crise da sociedade contemporânea. Como é que ele enfrentava o que Paulo VI qualificou de "fumaça de Satanás" que penetrou na Igreja? Dom Laise - O demônio perseguiu o Padre Pi o dura nte toda sua vida. Por isso, ele é um mestre quanto ~, rec usa cio demôni o na vicia cri stã. Repeti a que, na luta contra o poder ci o mal, elevemos ser muito cl ec icliclos cm rec usa r a menor tentação, com o au xí-

CATOLI C ISMO

"O Pa<ll'e Pio previa que a ação do de111ônio sel'ia 111ais agl'essi va nos tem/JOS vinclourns. Às mães, pedia que r ezassem 111uito pol' seus filhos e netos"

Catolicismo - Após governar durante muitos anos a diocese de San Luís, na Argentina, a Divina Providência trouxe V. Exa. a San Giovanni Rotando. Seria indiscreto de nossa parte perguntar algo sobre seu apostolado? Dom Laise - N a d iocese ele San L ui s, serv i a Igrej a du ra nte 30 anos . Jul guei que o melhor mo lo ele continuar meu mini stéri o epi scopal até a morte era torn ar-me in strum ento para obter o perd ão ci os pecadores. Nosso Senhor Jesus Cri sto conferiu aos Apóstolos o poder espec ial de perdoar os pecados . Ad ministrar o Sacramento ela penitência fo i, 1ortanto , conferido aos Após tolos, e atra vés deles a seus sucessores, os bi spos, até o fim cio mundo. Em Sa n G iovanni Rotando, a sa la elas onl"i ssões foi o lu ga r mais importante e mais amacio pelo Padre Pi o, e através ci o confess ionári o ele conti nu a atraind o os pecadores. Ali poclem-:c p ·rccbc r conversões vcrcl acl eiras, co m seus efe itos de paz e alegri a, não poucas vezes aco mpanhadas d lágrimas ele reconhec imento e agradec imento p · lo enco ntro com Deus, úni ca fo nte ela única e au l ~ntica fe l iciclacl e. "O mais notável de sua aliludeface à per.1·ef?ui-

ção, injúrias e incompreensão, fo i sua 1ceiw çc7o da do ,; do so.fi·i,nento e da prova".

Catolicismo - O Padre Pio, durante sua vida, foi incompreendido por muitos, inclusive segregado injustamente. Qual foi o papel dessas provações na vida dele? Dom Laise - A vici a cio Padre Pi o ío i uma co ntínua provação e so frim ento, por causa ela incompreensão e persegui ção permiti das por Deus para a sua sa ntificação. A santidade ci o Padre Pio é uma ex pressão ela sa ntid ade ele Deus, não tanto por seus ca ri smas par-

ti cul ares , pelas chagas nas mãos, pés e peito, mas pelas persegui ções que, desde que ele rece beu os es ti gmas, o acompanharam até a morte. Jncompreensão e persegui ção ele sacerdotes e bi spos, gerand o visitas apostólicas determin adas por cl icastéri os ela I grej a, e conseqüentes decisões que o impedi am ele exercer seu mini stéri o sacerdotal, ele dirig ir as almas, segregando-o du ra nte do is anos . Ele fo i pro ibido ele se comunicar com aqu eles que proc uravam um conse lho ou o perdão ci os pecados, ele celebrar a santa Mi ssa em pú bli co, ele ter contato até com seus própri os co- irm ãos ela O rdem Capuchinha, etc. O mais notável ele sua atitude face à persegui ção, injúri as e incom preensão foi a aceitação ela dor, ci o so frimento, el a pro va, com espírito ele obl ação, sem extern ar em momento algum , durante toda sua vicia, uma palavra ele queixa, ele recusa ou ele menosprezo em relação àqueles qu e o ofendera m. Sua fó rmul a ele santifi cação fo i: "Aceilar as pro-

parti cul arm ente aquela que ele chamava "sua arm a" o Santo Rosári o-, unindose ao pedido ela Santíss im a Virge m em L aureies e em Fátima, para implorar ele um modo espec ial pela conversão ci os pecadores. A mensagem ci o Pad re Pi o é, além cio mais, esse nc ialmente eucar ís ti ca, in stando na ass istênc ia di ári a ao Sac rifíc io do altar e na rece pção ela co munh ão cio Corpo, Sa ngue, Alm a e Di vind ade ele Jes us Cri sto. Ele pró pri o r e l embrava fr eqüentemente, no confess ionári o e na direção espiritu al : "O que aconteceu 11 0

Estado de impressio nante conservação do rosto do Padre Pio

Catolicismo - Como era a devoção dele a Nossa Senhora? Dom Laise - O Pc. Pell egrin o, filh o espiritual do Padre Pio, que vi veu a seu lado muitos anos, ates ta que ele havi a se consagrado a Nossa Senhora, segundo os ensin amentos ele São L uís M ari a Grigni on ele M ontfort no 7i·a/ado da Ve rdade ira Devoção à Santíssirna Virgern, e fo i escravo vo luntári o ele Jesus e ele N ossa Senhora " na vicia e na morte". E sugeri a ao Pe. Pelleg rin o que fi zesse o mesmo : "Eu te

vações que o Senhor perrnite ou suscila, para nos santijicarrnos e nos idenlijicannos com as i17:júrias sofridas por Crislo em toda sua vida, e particularmente na sua Paixc7o e Mo rte na Cruz, para salvar os hom.ens até o.fim dos séculos". Catolicismo - Muitos santos capuchinos pregaram contra os males do seu tempo. O Beato Marco d' Aviano alentou os católicos que lutavam para liberar Viena dos turcos. O Padre Pio nos envia alguma mensagem análoga para libertar nossa época do neopaganismo? Dom Laise - Na libertação ele Vi ena, o B ea to M arco d' A v iano infundiu coragem e confi ança por meio cio Rosári o ele N ossa Senhora e da uni ão com Nosso Senhor Jes us Cri sto presente na Euca ri sti a. Como ele, São Pi o ele Pi etrelcin a é também pro tagoni sta ele uma cru zada que os filh os ela Jgrej a elevem rea li zar pela sa lvação ela sociedade contemporânea. Com efeito, esta encontra-se im pregnada ele auto-sufic iência hum ana, não levando Deus em conta ou negando-O direta ou i ndi reta mente na vici a pri vada e públi ca, impregnada cio mais crasso relati vismo e des prov ida ele conteúdos subs tanc iais e ele leis constitutivas para a rea li zação ci o homem e ela fa mília. Para o triun fo ela cru zada ele salvação mundi al, o Padre Pi o co locou em primeiro luga r a oração,

Ca l vá ri o, q ua n do C ris to morreu na Cru z pela salvação do mundo, volta a se repetir cada vez que o sace rdo te celebra a Mi.Ysa no alta r ".

"O mais notável ele sua atitmle face à perseguição, injúrias e incompreensão foi sua aceitação da d01; do sofrimento e da prova "

ga ranto que é ir1/inita1nente necessário e útil, para nós, colocan no-nos nas mãos de Nossa Senho ra como c riancinhas". Poucos di as antes ele morrer, fo i pedido ao Padre Pio uma lembra nça, uma espécie ele tes tamento es piritu al. Ele di sse: "A mate la Mado1111a. Fatela ama re. Recilate la Coronna. Recilatela bene" (A mai a Nossa Senhora . Fazei-A amar. Reza i o Rosá ri o. Reza i-o bem). O Padre Pi o uni a-se a M ari a Santíss ima quando admini stra va o sac ramento ela Penitência, e pedi a a Ela que agisse nas almas para a sua conversão e santifi cação. E u teri a muito mais a di zer. M as espero j á ter atendi do ao desej o ci os leitores ela rev ista Catolicismo. Peço à Virgem Santíss ima e ao Padre Pio que estas palav ras possa m fazer muito bem ~,s alm as e obtenham que muitas delas siga m a Jesus Cri sto mais ele perto, procura ndo se iclenti fica r mais com Ele, pela intercessão ele Nossa Senhora, co mo o fez o Padre Pi o nes ta santa casa, durante 50 anos . •

JAN EIRO 2009 -


Ü último ano foi paradoxal. Levantaram-se imensos espectros ameaçadores sobre os homens que aspiram por ordem e moralidade. Mas, quando baixou o barulho das tubas que propagavam exageros e inverdades, verificou-se que setores conservadores em vários países continuavam muito vivos, e até mais fortalecidos do que antes da campanha midiática. Lu1s DuFAUR

2008 expirou . 2009 bateu à porta e está entrando em nossa casa. Que fi sionomi a terá ele e m seu fin al? Essa indagação me foi sugerida pelas nuvens que pairava m sobre a ave nida dos Champs-Elysées, a caminho do aeroporto de Paris. A aparê ncia era de fi sio no mi as sombrias, plúmbeas, co m fo rmas mentirosas e fugazes , horrendas e carregadas de enigmas. A cara do no vo ano será muito difere nte dessas fa ntasmagori as? Num contraste que chocava a vi sta, ao Are de La Défense, com sua geometri a ponti aguda, associavam -se nuve ns simul ando uma estra nha e caóti ca asa, mais feia do que a dos pássaros malfazejos. Uma fi gura que pode ser indicativa do aspecto que terá 2009. Na suave ladeira dos Cham.ps-Elysées, as árvores estavam e nfe itadas com luzinhas natalinas - não os troncos carregados de mic ro-lâ mpad as, como e m São Paul o, mas sim as copas, ou seja, a parte mais nobre da árvore. Ao longo da charmosa avenida acotovelav am-se, e m elegante sucessão, casinhas de conto de fad a, cor de marfim, que continham seus tesouros natalinos. Oxalá eu pudesse perma necer mai s al guns dias em Pari s, para de vorar com os o lhos seus luminosos presentes ! Mas, hélas! - pe nsei - será que e m algum deles se encontrará ainda um pi edoso presépio com o petit bon Jésus sorrindo para os homens em seu berço de palha?

Nossa Se nhora, São José, os Reis M agos portando suas dádivas de ouro, incenso e mirra? Os ingênuos pastores com suas ovelhinhas, e m torno da miraculosa gruta de Belé m? Os anjos no Céu, a estrela? E um pensamento, com voz de telejornal, me transportou à tri ste realidade: Tudo isso é politicamente incorreto! É sonho de "racista", de "bra nco", de "classe média" que ainda acredita na centralidade c ultural e re li giosa do catolicismo e do Ocidente ! Pe nse em 2008, em Obama, Evo Morales, Lula, cri se econômica, China ... Em verdade, talvez para evitar "di scriminações", não mais se teri a encontrado o Menino Jesus ou al gum presépio naquelas e ncantadoras casinhas. Como també m não é freqüente encontrá-los em São Paulo, em tantas lojas e shoppings e nfeitados para o Natal do Menino Deus ... No fam oso Arco do Triunfo, duas ime nsas bandeiras lado a lado - um a da França, outra da Uni ão Européia eram agitadas pelo vento. Por vezes, parec ia que a da Uni ão Européia engolia a da França. 2009 será o ano do fim das nações européias e da centralidade mundial do mundo ex-c ri stão?

Espectro da crise econômica do mundo ocidental E ntre os conhec idos que me acompanhavam, a preocupação dominante era a cri se econômica. O que pensar dela? Quem a explica? Ao longo de 2008, a mídi a martelou que o mundo dito capitali sta, ao menos o concebido no Ocidente, encontra-se em JANEIRO 2009 -


ruín as . Trombeteou co m insi stência que a natureza da cri se ex i ge o socia li smo de Estado. In siste em que, após a queda do socia li smo sov iético e do Muro de Berlim, soou em 2008 o toque de finados do capitalismo. Um j ovem amigo de Paris, funcionário de um dos maiores bancos do mundo, contara-me que, no dia anterior, 10% da folha de empregados desse estabelecimento bancário em Londres (onde ele até há pouco trabalhava) fora dispensada. Os atingidos tiveram apenas I Ominutos para retirar seus objetos pessoais e desaparecer. Entretanto, nem no seu relato nem no ambiente das ru as sentia-se sinal de revolta popular. A oportunidade seria de ouro para se promover a agitação social tão desejada pelas esq uerdas, incluída a "católica". Elas parecem entretanto exaustas, sem capacidade de mobili zar ou suscitar o ód io revolucionário, que constitui uma de suas bandeiras. C urioso fenômeno este, no fim de 2008 e início de 2009.

volta constata qu e a opinião pública rejeita esses pesadelos, ainda que inconscientemente.

Socialismo sem lôlcgo . e sem bases

O grande blulJ da China vermelha

Exemp lo muito característico disso: em novembro, a maior força esq uerdi sta da França - o Partido Socialista (PS) - encerrou seu grand e co ngresso em Reims (foto à direita), onde escolheu um novo dirigente máximo. Tudo se passou em meio a uma desabonadora briga a-ideológica. O desânimo e o abatimento deram a nota no evento. O diário "Le Monde" ressaltou o fato de a rumorosa assembléia sociali sta ter provocado náusea geral na opini ão pública francesa. Não deveriam estar eles antegozando a suposta realização da profecia de M arx sobre a crise final do cap itali smo, que precederia o soc iali smo autogestionári o universal? Não deveriam eles alcançar um auge de popularidade? Nada disso aconteceu. Pesquisa de opinião rea lizada pelo quotidiano católico " La Croix", talvez um dos últimos bastiões do soc iali smo radical, constatou pouco tempo atrás que 75 % dos simpatizantes do PS preferem o capitali smo tal como ele ex iste hoje. Quem acreditasse na mídia acharia que os assustadores espectros que ela espa lhou em 2008 virariam o mundo de ponta-cabeça. Quem olha a rea lid ade em

Um exemplo dessas miragens mentirosas qu e marcara m especialmente 2008: o lança mento ela China como "s uperpotência" mundial. Imenso show propagandístico foi montado para isso, ma-

CATOLICISMO

arrasadores. Outros, pelo desespero dos operári os, em virtude cio crescente fec hamento elas fábricas que deixavam de exportar para o Ocidente. As manifestações clamando por liberdade e direitos human os foram sistematicamente reprimida s. As informações fi !travam ele todo o país, e a ditadura fun cionava com ri gor para que o mundo não tomasse conhec imento cio mal-es tar genera li zado.

Sucessão <le pesadelos enganadores O que nos deixou, afinal, 2008? Uma peculiar enxurrada de pesadelos. De início, eles se apresentaram como acachapante sucessão de co lossa is derrubadas, propaladas a todo volume pela mídia esquerdizante. Co m c resce nte freq üênci a, esses imensos leviatãs de 2008 esvaziaram-se rapidamente, pouco depo is ele anunciados, co mo mentirosas miragens, e em torno deles se fez o vazio e o mal-estar. Teriam sido inúteis esses leviatãs quanto à tarefa de promover o caos, que parecia ser a sua razão de ex i stência? Não. "Menti, menti, algo sempre ficará", repet i a cini ca mente o ímpio Voltaire . Esses leviatãs da mentira depositaram sobre o mundo uma densa camada de malefícios. nipul ando os Jogos Olímpicos de Pequim. A ditadura marxista aplicou mais de US$ 40 bilhões para passar a im pressão de um co lossa l gigante, que entrava no clube exc lu sivo das ricas eco nomias que determinam os rum os cio mundo. Centenas de milhões ele pessoas assis-

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tiram à deslumbrante inauguração (foto acima). Porém, menos de uma semana depois, a própria Ch ina reconhecia que o espetáculo fora falsiticado. M eros efeitos especiais ele computador emitiram uma falsa imagem da festa. As revelações segui ram-se em cadeia: a menina-cantora central não cantou, mas foi dublada; a encenação foi plagiada; os turistas não atingiram nem de longe a cifra esperada; os relu ze ntes estád ios ficaram vazios, pelo medo ofic ial de mani festações opos icionistas; os atletas chineses, que ganharam a maiori a das medalhas, hav iam sido previamente encerrados em verdadeiros ca mpos de concentração, espec ializados em produzir super-jogadores; a ex ibição das minorias étnicas foi outro bhtff: Massas de empregados-escravos foram expul sas ele Peq uim para não serem vistas, um muro iso lava os bairros miseráveis que não puderam ser arrasados a tempo. Agricultores desesperados reclamavam da falta de ,'ígua, desviada para a capital a fim ele que os turi stas não percebessem a escassez cio precioso líquido ... Milhares de protestos pipocaram pelo país. Alguns decorrentes cios procedi mentos arbitrários cio partido comunista para socorrer as vítimas ele terremotos

O enganador show das Olimpíadas foi logo seguido cio lançamento espetacul ar ele uma equ ipe de astronautas chineses para passear pelo espaço (foto abaixo). A repercussão jornalística foi imensa. A agência oficial Xinhua divulgou comunicado com pormenores cio "grande sucesso ", contendo as conversações dos tripulantes com as equipes em terra. Porém, gravadas um dia antes ele o foguete inici~u· o vôo ! A Xinhua tentou se clesculpm·, mas o fez de modo canhestro. Os equipamentos astro náuti cos ostentados nas fotos oficiais lembravam os sov iéticos ele 30 anos atrás. Na volta, os sorrid entes astTonautas mai s pareciam ter passado um clistensivo fim ele sema na cio que qualquer outra co isa.

Venlacle escamoteada: a economia chinesa cabalca111,e Pelo fim cio ano a imprensa noticiava que 120 a 150 milhões ele chineses ficariam sem emprego, em virtude ela

cri se econômica. Lá não há propriedade particular nem inic iativa privada. Além cio mais, o país não é capaz ele alimentar sua população, situação ele penúria cri ada es pec ial mente pela reform a agrária. Esses milhões ele desempregados ou futuros desempregados dependem excl usivamente ele um governo inepto, que não tem condição ele alimentá- los. Resultado: o co ngresso cio partid o co muni sta facilitou o uso ela terra para poder mandá-los ele volta ao campo, a fim ele ex plorar a agricultura ela qual foram extraíclos há mais de uma geração. Quando 2008 se encerro u, a expressão "C hina super-po tência" tinha sumido cio noti c iário e o espectro da fome em massa e ele revoltas populares assomb rava os dirigentes mar x i sta s. O pres idente Hu Jintao convocou uma reuni ão cio Politburo, a máxima in stância da ditadura, para alertar seus membros ele que a cri se está "pondo à prova o domínio do Partido Comunista". ' Da pseudo-consagração universa l até à bei ra cio precipício o percurso costuma ser longo, mas efetiv ou-se em poucos meses, tendo essa rea lidade sid o reconhec ida ofic ialmente. Entreta nto, a expansão ela C hin a, benefi ciária ele maci ços investimentos oci dentais, rendeu frutos assustadores. N o decorrer de 2008, o reg ime ele Pequim co nso lidou-se co mo o maior investidor na África. N esse continente, rico ele ma-

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tura l, moral e política. A eleição do candidato Obama seri a o sinal dessa modi ficação profunda. Quando e le foi e le ito, a a lgaza rra midi áti ca anunc iou que os EUA abando naram seu papel de vilão conservador: teriam se colocado na dianteira da caoti zação do mundo. Passado o prime iro estro ndo comemorativo das esquerd as, a aná lise quali tati va cio que se passara nos E UA mostrava que as te ndê nc ias profund as de grande parte ela população em nada arrefeceram quanto à sua pos ição conservadora, as quais até certo ponto se reforçara m. Vejamos os fatos.

téri as primas, instalou centros produ tores diri gidos por seus técnicos, aplicando moda lidades de tra balho esc ravo e pondo a seu servi ço os governos esquerdistas, como o do ditador marx ista Robert Mugabe, no Z imbábue. També m na Améri ca Latin a, a China desenv olve u intensa atividade diplo mática com promessas de imensos investimentos, especialmente sedutores para as econo mi as mais fracas.

lrlanda esvazia utopia anticristã do 'l'ratado de Lisboa Na Euro pa, outro leviatã midi ático levanto u-se contra as nações que re lutam e m ser dissolvidas numa Uni ão Europé ia (UE), cuj a consti tui ção é de fun do anticri stão e até anti -europeu. ln sti gados pe lo pres ide nte fra ncês Ni colas Sarkozy, os chefes de Estado e governo dos 27 países da UE aprovaram em Lisboa um tratado que não era senão um travesti me nto g rosse iro da Constituição Européia, recusada pela França e Holanda em plebi sc itos realizados e m 2005. Os diri gentes da UE ex igiram q ue o Tratado de l isboa não fosse submetido a consul ta popular. Todas as aprovações deveriam faze r-se e m gabinetes e parl ame ntos nacionais, j á garantidas a toq uede-caixa. O peri go a ser ev itado : se os povos fosse m consultados, e les provavelmente diri am " não" . Segundo o pl ano, no fim do ano uma Constituição Européia di sfarçada seri a ratificada, e entrari a em vigor e m j aneiro de 2009. Assim, tudo parec ia indicar que um tratado trapaceiro seri a aprovado contra a vontade popul ar, sem de ixar tempo para se refletir sobre seu verdadeiro alcance. Mas surgiu um obstác ul o. Mínimo, pelas suas dimensões geográficas e populacionais. Mas grande pela sua hi stória, cultura e catolicidade: a Irlanda. Dispositivos constitucionais do país, impossíveis de ludibriar, impunham um referendo. A imensa máquina de pressão de Bruxelas, a mídia e os governos do conti nente abateram-se sobre a indômita nação insular. A esquerda católica, a imprensa local, as organizações de classe em sua grande maioria tentaram persuadir a popul ação irlandesa a aceitar o Tratado, que concorria para tirar- lhe tanto a independência quanto a identidade nacional e católica. CAT OLICISMO

Mudança pa1'tidá1'ia, mas não ideológica ou cultural

Esse outro leviatã mostrou também ser de fum aça. A popul ação irl andesa disse um sonoro " não" à tra paça do Tratado de l isboa (foto acima). Pelos di spos itivos diplo máticos e m vigor, a negativa irl andesa anul o u a manobra em âmbi to continental. O júbil o to mou conta de europeus de várias nacio nalidades, que se senti am enganados pela conduta da UE e se ide ntificara m com o " não" irlandês. O mau-humor europeísta, a li ás mui to pouco de mocrático, vo ltou-se contra a Irl anda. Propostas as mais vari adas foram apresentadas para anular a dec isão do povo irl andês. E j á se fa la q ue um no vo pl ebi sc ito lhe será imposto. É o hábito antide mocrático da UE, quando

um povo vota contrariamente a seus desejos. Ta lvez a UE julgue que, devido ao medo da cri se econômica mu nd ial , a opini ão irl a ndesa fi que ate morizada e disposta a capitul ar para obter seus auxíli os.

Opinião /Jllhlica dos EUA continua ,·cativa Entretanto, em maté ri a de assustadoras quimeras, nenhuma superou a que fo i mo ntada e m to rno da e le ição do novo pres idente americano, Barack Obama. A torc ida midiática e m âmbito universal trabalhou para impelir a opin ião pública americana a abandonar suas tendênc ias conservadoras e aderir a pos ições de esquerda avançadas, e m matéria cul -

Obama salientou-se como o membro mais esquerdista cio Senado, tendo endossado as posições mais extre madas contra a vida, isto é, em fa vor do aborto. Porém, feitas as contas elas cade iras na Câmara dos Representantes - onde seu partido, o De mocrata, obti vera cômoda maioria verificou-se que a bancada pró-vida saiu reforçada: 20 deputados abortistas perderam seu posto e entraram mais sete militantes pró-vida. Explicação: astutamente, muitos candidatos democratas assumi ra m posições pró-vi da para garantir a eleição. A vitória eleitoral do partido de Obama se de veu, em parte, a um ladino apelo ao voto conservador. A mídi a sublinhou a importânc ia de um candidato " negro" se e leger à Casa Branca. E habilidosamente insinuou que o fa to tinha conteúdo ideológ ico esquerdi sta; pois, segundo a mi tologia de magógica, a raça negra seria de esquerda, como se a cor da pele determinasse as crenças ou o pensame nto. Esse mito fo i des mentido na Califó rni a, um dos estados ma is so lid ame nte do minados pelo Partido De mocrata. Nessa unidade da federação ame ricana, os eleitores dev iam também se pro nunciar em plebisc ito sobre a proposta conhec ida como " nº 8", que in trod uzia na constituição estadua l a defi nição tradic iona l de casamento - entre ho me m e mulher - barrando de vez as múltiplas te ntativas de impl antar o "casamento" ho mossexu a l.

Segundo enquete de Edison Media Research & Mitofsky lnternational, 70% dos " negros" que votara m e m Oba ma aprovaram o banime nto desse pseudocasame nto a ntinatural. O fato le vo u a revi sta U. S. News & World Report a concluir que "os negros são mais conservadores socialmente cio que Barack O bama".2 53% dos " latinos" que votaram e m Obama também apro varam o banimento constituc io nal desse fa lso casamento. Militantes do homossex uali smo passaram então a agred ir fi s icamente nas ruas partidários cri stãos do casa mento tradic io na l. Até então e les se apresentavam como " vítimas" da "di scriminação" e da " intolerância". Na Ca lifó rni a, jogaram fora decididame nte essa máscara e passaram à agressão.

Decepção e frusuação das csquc,·das mundiais O desconcerto ma ior apareceu nos decisivos di as em que o recém-eleito preside nte começou a nomear sua equipe de governo. "Obama monta balaio-de-gatos de centro'',3 fo i um cios tantos títul os decepc ionados, encabeçando comentári os deprimidos da mídi a, que ardidame nte esperava uma acentuada virada à esquerda. Obama sentiu que, caso se prestasse a essa virada brutal, perderi a o controle do pa ís, fo rteme nte marcado, e m sua popul ação, pe la dire ita soc ia l, moral e econô mi ca. Agiu ele modo mais sensato, escolhendo até fun c ionári os importantes do govern o de George W . B ush para postos nevrá lgicos do seu gabinete.

Obomo sai de hotel no Alemanha

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Chávez, Moroles, Correo y Lugo : o tendência populista se alastro pelo Américo do Sul

Em política ex terna , a posição de Obama é um tanto confusa a res peito cio que fa rá no Iraque, onde há indícios el e qu e a situação cam inh a para um a certa estabi I id ade. Ele acenou para uma ação mais intensa no Afegani stão e no vi zinho Paqui stão - onde enco ntram guarida Al -Qaeda e outros grupelh os terrori sta s. Segundo suspeitas dominantes, o Paqui stão não se ria ele todo inocente em relação ao brutal atentado terrori sta contra a índia , efetuado em novembro. A posição dúbia de Obama no tocante ao caso iraquiano, centrali za ndo sua atenção no probl ema do Afega nistão e cio Paqui stão, apresenta o ri sco de aproxi mar os EUA ele um conflito bélico ainda mai s grave que o iraquiano. Com efeito, o Paqui stão e a Índia possuem a bomba atômica e já se guerrearam três vezes nos últimos 60 anos. A respeito ela decepção ele jornali stas ele esquerda sobre as posições assumidas pelo pres idente eleito cios EUA, é si ntomática a frase do coluni sta brasil eiro Veríss imo: "O Baraca tanto pmrne-

teu mudanças, que acabou decepcionem.do boa parte dos seus eleitores antes mesmo de corneçar".'1 O novo governo norte-a mericano, por mais que desej e ca minhar para a esquerda, terá sua liberd ade de ação intern a nos E UA restrin gida pelo conservadorismo nacio nal, poi s as eleições sa ncionara m apenas uma mudança partid ária, não ideológ ica. E o país segue tão pol ari zado quanto antes.

No plano intern ac iona l, área em relação à qual os conserv adores ameri canos são menos sensíveis, Obama promete, sob rótulo ele " multilateral ismo", acelerar a constitui ção ele um governo muncl i al. É a velha utopia ela República Universal, hoj e apresentada como única resposta à cri se econômica mundial , ao "apocalipse ecológico" e à universalização cio terrori smo. A gitando a bandeira desse " multilaterali smo", Obama entrou em 2009 mon tado no dorso ele um touro bravo, cujas patas di anteiras querem di sparar em louca ga lopada para a utopia anárq uica, mas as traseira s qu erem voltar ai nd a mai s para trás cio que estão.

América Latina: esvalha/'atos esque,·<listas e <lesmentidos Na Améri ca Latina , a enxu rrada ele gestos e ini ciativas caoti za ntes ga lopou se m freio aparente o ano todo. Destacouse mais um a vez o espalhafatoso pres idente venezuelano Hugo Chávez, promovendo com pal avra e atos a subversão no cont inente. Atrope lou a opin ião pú ·blica cio seu país, dando sucess ivos gol pes à propri edade privada, à I ibercl acle de expressão e a seus adversári os políticos, aos quais ameaçou até com a viol ência elas armas. A retórica intimid atóri a atin giu o auge em novembro, por ocasião elas eleições para governadores e prefeitos . Computados os votos, C hávez recebeu ela opini ão públi ca uma paulada, ele acordo com o diário pró-soc iali sta "EI País" de

Maclricl ,5 ou um tapa, segundo o " The N ew York Times". 6 Perdeu na própria cap ital , Ca racas , e também nos cinco estados mai s populosos da nação, os quai s concentram 70% ela ativ idade econômica. Em Caracas foi derrotado até em favelas como a ele Petare, a maior delas, onde o presidente pró-comunista concentrou o mai s custoso ele seus demagógicos " planos soc iais" . Despeitado pela recusa popular, ele "esvaz iou" a direção cios hosp itai s e grandes instituições mantidas pela prefeitura, passando-a a setores sob seu control e, para ass im diminuir o poder cio novo prefeito oposicioni sta. De quebra, vo ltou a anunciar mais um pl ebi scito - no anteri or, fora clerroLaclo - para se auto- ree leger ilimitadamente. Contra todo bom senso, Chávez parece determinado a atropelar qu aisq uer leis ou critérios para implantar seu " social ismo bolivariano", cala vez ma is co ntestado na V enezuela e em todo o continente lati no-ameri ca no.

Vertiginosa </lle<la <los /(irclmers na Argentina Foi marcante a queda de popul arid ade do "casa l pres id enc ial" arge ntino Nestor Kirchner, pre. iclente cio partido peron ista no poder, e sua mulher, a presidente Cri stina, que hav ia co meçado o ano com níveis ele popularidade que disputavam com os cio presidente Lu la. A presidente tenci onava rea li zar um verdad eiro confisco da produção agropecuári a - as famigeradas " retenciones"

- , que podia atingir até 95 % da produOs auxíli os materiai s e militares cio Quilombo/as e indigenismo ção da soja. Verdadeira reforma agrári a, presidente venezuelano e a distribuição ameaçam a integri<lade do /Jrasil que começava não pela desapropriação de cheques em dólares para ami gos e ali N o Brasil a Reforma A grária lan ele propri edades, como praticada no Braados de Evo Morales, por parte da emguesce, por esgolamenlo alé da própria sil, mas ela co lheita. Numa segunda etabaixada venezuelana, foram uti I izaclos mi I itânc ia esquerdi sta que deveria ser seu pa, os fazendeiros argentinos, arruin ados, para sustentar no poder o presidente bomotor. MST, CPT, CEBs, CIMI e conpoderiam perder suas terras. livi ano, face à onda ele protestos naciogêneres cio incli geni smo co mun o-m iss iUm autênti co " braço de ferro" opôs nais. oná ri o chegaram ao f i 111 el e 2008 em durante quatro meses os agricu ltores ao A UNASUL - Uni ão de Nações Sulacentuado processo ele esvaz iamento de govern o confiscaclor. A população das ameri canas, ali ança sul -americana diploforças e capacidade de influenciar a op icidades fez causa comum co m os produ mática ainda sem existência jurídi ca ni ão pública. O cleperec imento, em tertores agrícola s. Centenas de greves, proin spirada pelo presidente Lula efetuou mos ele apoi o popular, foi reconhec ido testos, " panelazos" e " bozinazos" esponreuniões ele emergência em Santiago do até na Análise de Cor1;jw1tura 2008 8 pretâneos reproduziram -se se m cessa r pelo Chil e, para sa lvar o regime do presidente parada para inform ação da CNBB, sepaís, às vezes num mes mo dia, em camboliviano, o qual, na verdade, é o regime guindo cláss icos câ nones marxi stas da pos, estradas e cidades. Co mo revanche, ele Chávez representado por M ora les, seTeolog ia da Libertação. o "casal pres idencial " apli cou imensos gu ndo julga mai s ela metade da populaA ofens iva soc iali sta e co nfiscatória rec ursos ci o governo para reunir uma ção do país. "Chávez é o chefe de Evo, contra o agronegócio colocou em realce multidão que ec lipsasse a manifesLaçãoporque é ele quem dá ao nosso presiden- duas bandeiras: a dos quilombola.1· e a mon stro, convocada pe los I íderes agríte montanhas de dinheiro de Ca racas", das reserva s indígenas. Estas o fensivas co las. Os partidários do campo, ela proafi rmou o presidente do Parlamento Cru es tão em pl eno desenvo lvim ento. Em pri edade e da li berdade reuniram um cenho, Carl os Pablo Klin sky .7 face delas, a ca mpanha Paz no Carnpo , oceano ele aderentes, visua lmente in sonO respaldo conced ido pela reuni ão ela ela A ssoc iação cios Fundadores, vem redável. A contra- manifestação promovi UNASUL esti mul ou o pres idente boli ali za ndo com êx ito vári as campa nh as, da pelo governo concentrou um número viano a recorrer ao exército, a fim de renotaclamenle co m a dif usão cios livros: tão pouco signifi cativo, que o ato fo i disprimir os opositores e prender os líderes Tribalismo indígena, idea l comun oso lvido antes ele seu fin al. O ex-pres idissidentes que mai s o incomodavam , em rnissionário para o Brasil no século XXI, dente Nes tor Kirchner, orador principal , fla grante viol ação cio s procedim entos ele Plinio Corrêa ele Oliveira, acompan hades maiou. Por fim o senado argentin o lega is. Assim ele foi se mantendo alé o do cio oportun o e atual estudo 30 anos recu sou, em votação clramMi ca, o absurfim cio ano, amparado por um a ditadura depois, ofensiva radica l para levar à do confi sco. A pres idente Cri stina permilitar di sfarçada. fi'a gmentação social e política da naçc7o, deu 90% de sua popu larid ade, atingindo ape nas 4,5 % de aprovação. Protestos de agricultores e "ponelozos" marcaram a quedo A partir de então o govern o esq uerdo popularidade do ca sal Kirchner no Argentino di za nte argentino Lenta manter-se, cercado pelo desdém genera li zado da população. Fez sucess i vas co ncessões à opos ição, mas sorrateiramente des feriu novos go lpes contra a propri edade pri vada. E prossegue sua marcha descendente, cada vez mais des presti giado e desco lado da opini ão pú bli ca platina.

Na Bolítria, Morales aplica medidas <litatoriais O pres idente e líder cocaleiro bolivi ano, Evo Mora les, sustentado por Hugo Chá vez, sofreu espantoso revés político: metade do país in surgiu -se contra ele. Plebi sc itos aprovara m, por es magadora mai oria, a " autonomia" das reg iões mais dinâmi cas da nação. O esvaziamento da autoridade ci o presidente esquerdista atingiu momentos dramáticos, nos quai s parec ia que a Bolívia cindir-se-ia, ou então rum aria para uma guerra civil.

CATOLICISMO JAN EIRO 2009

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de autoria de Nelson Ramos Barretto e Paulo Henrique Chaves; e A Revolução Quilombola: guerra racial, confisco agrário e urbano, coletivismo, de Nelson R. Barretto. O julgamento da delimitação da reserva Raposa/Serra do Sol pelo Supremo Tribunal Federal ati ngiu níveis dramáticos, com altas vozes contrárias elevando-se da sociedade civil e do ambiente militar. E las manifestaram-se seriamente preocupadas com a ameaça à unidade e soberan ia nac ional, representada pela demarcação contínua dessa reserva. A sente nça final do STF ainda não foi pronunciada.

Bluff de populal'idade do presidente Lula? Durante o ano, as pesquisas atribuíram altas cotas de popularidade ao presidente Lula, inverificáveis na vida real. Com as eleições municipais de outubro, o presidente decidiu engajar pessoalmente essa popularidade a favor de candidatos petistas ou da base ali ada. O resultado foi constrangedor para Lula. A derrota dos candidatos petistas

nas grandes cidades brasileiras foi marcante, sendo apresentada em manchetes até na Europa. Candidatos govern istas teriam mesmo solicitado ao presidente não aparecer em comícios no segundo turno. Lula inaugurou novo périplo diplomático pela África.9 Mais um dos blujfs de 2008 acabou assim esvaziado. As urnas desmentiram as enquetes pró-governamentais. A voz das urnas, porém, foi posta de lado, e as pesquisas voltaram a ostentar questionáveis níveis altos de popularidade do presidente. Foi também exaltada superficia lmente a imagem do presidente como líder da América do Sul. Entretanto, no ano que passou, prolongando lastimáve l imagem do ano anterior, nunca antes o Brasil foi tão humilhado por governos como o da Bolívia e do Eq uador. Bens de empresas brasileiras, créd itos, contratos e garantias internac ionais foram simp lesmente desrespeitados pelos governos desses países, como se acreditassem que sua afi nidade ideo lógica com o petismo garantir-lhes-á a impunidade. No fim do ano, o Paraguai somou-se ao Equador e à Bolívia, ex igindo con-

cessões econôm icas exorbitantes do Brasil. E a Argentina explorou à vontade a falta de rumo e de coerênc ia - talvez ideo log icamente desejada - do governo brasileiro, para tirar suas fatias de vantagens econôm icas. No mês de dezembro, convocada pelo governo brasileiro, reali zou-se a primeira Cúpula da América Latina e do Caribe (CALC), na Costa do Sauípe, na Bahia. Os objetivos eram criticar os Estados Unidos e realçar a Cuba comunista, cujo atual ditador, Raul Castro, foi o centro das atenções (foto abaixo, com o presidente Lula). Trata-se de uma tentativa de criar uma nova Organização dos Estados Americanos, sem os Estados Unidos e o Canadá. Na ocas ião, foi criado o Conselho Sul-Americano de Defe sa. A cúpu la desenrolou-se num c lima ele discursos infl amados contra os americanos, mas sem nada de muito concreto. A liderança inte ntada por Lula na América Latina foi abertamente contestada por Chávez.

lgl'eja: rugidos do laicismo e temas l'eligiosos em voga 2008 foi também o ano em que os ass untos morais e religiosos entraram de cheio na política nacional e intern aci onal. Até então pretendia-se que o fen ômeno era uma peculiaridade da política do co nti nente americano, com li geiros extravasamentos a outros países. O laicismo na política era apresentado como um triunfo definitivo, legado pela Revolução Francesa e conso lidado pelo liberalismo e pelo socialismo. Entretanto, em 2008 os probl e mas morais saltaram para o centro da políti ca francesa, a grande cidadela cio laicismo. Ali , na terra ela revolução de 1789 e ela Declaração dos Direitos Humanos, Bento XVI foi recebido por multidões que marcaram época. O imenso número de católicos que lotou a esplanada dos Invalides até os Champs Elysées, agitando as cores pontifícias ou bandeiras nacionais com o Sagrado Coração de Jesus, causou pasmo na França e no mundo laicista. Percebendo a mudança profunda no público francês, até agora tão cotToíclo pelo laicismo, o presidente Nicolas Sarkozy concedeu ao Pontífice honras de chefe de Esta-

CATOLICISMO

cio, apesar de se trntar ele uma visita privada. As TV s acompanharam minuto a minuto toda a movimentação do Sumo Pontífice até em Lourdes, santw:'u-io para o qual peregrinaram, no ano passado, dez milhões ele católicos de todo o mundo.

relativismo ser ia contestado até nos seus pseudo-fundamentos científicos, alguns tão absolutos e intocáveis como o evo lu cionismo darwiniano? Entretanto, quase tudo na política, na mídia e até nos microfones de muitas igrejas outrora diríamos: os púlpitos - trabalhou para incentivar o relativi smo e seu companheiro ele rota ateu: o laicismo, em s uas diversas variantes mais ou menos anticató licas.

Abo,·to e "casamento" homossexual geram polêmicas e l'eações As polêmicas em torno do aborto e do "casamento" homossexual acentua ram -se em numerosos países. No Brasil, o espetacular 33x0 que derrubou, em 7 de maio de 2008, o Projeto de Lei l 135 na Com issão ele Seguridade Social e Famíl ia, da Câmara dos Deputados, foi um dos tantos exemp los. Na ocasião, foi grande a participação de brasileiros pró-vida e de milita ntes aborti stas. Como também vem sendo vigorosamente disputada a questão cio aborto por anencefa li a. Uma vez que os deputados nem ousam tratar desse delicado assunto, o STF - extrapolando suas atribui ções - tenta despena li zar o aborto de anencéfalos. O tema polarizou a sociedade brasileira. Se fizéssemos uma si mples li stagem de acontecimentos aná logos, passeatas e campanhas sobre as polêmicas mundiais em torno do aborto, ou do pseudocasamento homossexual, seria necessário um artigo especial para apresentar um exíguo relato.

Evol11cio11ismo x cl'iacionismo, 011 relativismo x Lei moral Também em 2008 a disputa entre criac ionismo e evolucionismo extravasou os meios científicos ou educativos. O diário "Le Monde" ele Paris soou o alarme: a "i nfluê ncia crescente das idé ias criacionistas" tem graves "repercussões políticas". E eis a razão argü ida sagazmente pelo Dr. Olivier Boisseau, um dos grandes apologistas franceses do evo lucionismo: caso se negasse o evolucioni smo, negar-se-ia que a natureza muda. E caso se negasse que a natureza muda,

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seria necessário aceitar que as leis que a governam são imutáveis, ficando anul adas pela base as conqui stas revolucionárias cio relativismo moral , como o divórcio, o aborto, a eutanás ia, para mencionar só essas. Ainda mais, caso se aceite um Criador na origem do mundo, é necessário aceitar um desígnio e uma lei superior absoluta, que prevalece sobre as leis humanas. Em conseqüência, o criacionismo fo rtalece pela base as posições mais conservadoras em matéria ele moral, política e soc iedade. 10 Boisseau concluiu que o avanço do criacionismo envolve a mais radical negação cios "progressos" - revolucionários e amorais, acrescentaríamos nós - da Revolução Francesa e de seus sucessores, o laicismo e o socialismo anticristãos. No Brasil, a louváv e l inc lu são do criac ioni smo ou do "intelli gent design" no ensino de institutos renomados, como o Mackenzie em São Paulo, vem suscitando aca lorados debates. Quem diria que, no fim de 2008, o

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2008 encerrou esses e muitos outros conflitos entre leviatãs poluidores e caotizantes. Frutos de engano, torcida e agitação, de um lado; e, de outro, de realidades profundamente incrustadas nas almas de inúmeros contemporâneos que não querem enveredar por tais rumos, em cujo final percebem o desastre. Nada indica que fantasmagorias desse tipo, infladas pela propaganda ideológica das esquerdas, venham a se apaziguar em 2009. Quando as esquerdas não conseguem mobilizar suas bases, o último recurso que lhes resta é apelar para o blujf e a mentira. Em sentido contrário, quanto mais alta for nossa consciência de que tais leviatãs micliáticos contêm alta dose de exagero e a1tificialidacle; e, sobretudo, quanto maior for a confiança que depositarmos em Nossa Senhora, tanto menos as manobras da demolição poderão efetivar seus objetivos no ano que se inicia. • E-mail do autor: luisdu fa ur @ca1olicis mo.com.br

Notas: 1. "Valor Econômico", São Paulo, 1- 12-08. 2. "Valor Econômico", 9- 11 -08. 3. "Folha de S. Pau lo", 30- 11 -08. 4. "O Estado de S. Paulo", 4- 12-08. 5. "El País", Madri, 25- 11 -08. 6. "EI País", 24- 11-08. 7. "O Estado de S.Pau lo", 16-09-08. 8 . h ttp://www.cnbb.org. br/ns/modu les/ne ws/ article.php?storyid=270 9. Cfr. Ca1olicis1110, novembro/2008. 1O. " Le Monde", Paris, 18- 11 -08

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No centenário de seu nascimento

Calorosa e filial homenagem dos discípulos de

Plinio Corrêa de Oliveira por sua luta profética em defesa da civilização cristã á cem anos nasc ia em São Paul o, pertencente a duas ilu stres estirpes - uma pauli sta e outra pernambucana - , o insigne líder cató lico, de projeção mundial , Plinio Corrêa de Olive ira. Tendo consag rado sua vicia à defe sa cios princípios bás icos ela c ivili zação cristã, sob sua égide se constituiu o mai or conjunto ele assoc iações anti comuni stas ele in spiração cató lica, em todo o mundo. As entidades que subscreve m este documento - e que se cleclicam , cada qua l a seu modo, a atividades e m prol da in sti tui ção da família , cio direito à vicia desde a concepção até morte natural , e cio in sti tuto da propriedade privada - timbram e m manifestar sua ardorosa e inco ndi c ional adesão aos princípios do utrin ári os, metas e métodos de ação ex postos por Plini o Corrêa de Oliveira em su a obra-prima Revolução e ContraRevolução , livro de cabeceira de todo sóc io, cooperado r e correspondente dessas associações.

Pensador fiel ao e11sinamento tra<licional <la Igreja Na contra-corrente cio pensamento único do min ante, seus numerosos livros - vários deles com edições em diversas línguas-, os manifes tos que publicou em jornais de grande circulação e os arti gos de imprensa que escreveu constituem documentação imprescindível para os estudiosos imparciai s da hi stóri a e cio pensamento cio século XX, no Brasil e no mundo. Da importânc ia dessa atividade inte lectual di z muito o fato de uma de suas obras - A liberdade da Igreja no Estado comunista - ter sido qualifi cada, em carta da Sag rada Con gregação cios Semin ári os e Unive rsidades da Santa Sé, ass iCATOLICISMO

nada pelo Cardeal Giu seppe Pi zzarclo, Prefeito desse Dicastério Romano, como um "eco .fidelíssimo dos docwnentos do supremo Mag istério da Igreja"; e que o consagrado canoni sta ro mano Pe. An as tas io Guti érrez CMF tenha con siderado o e nsai o Revolução e Contra-Revolução como "obra profética, no n·telhor sentido da palavra", cujo conte údo deveri a ser ensinado nos centros superi ores de e nsino da lgrej a Cató lica.* * A versão integral de seus li vros e principai s mani fes tos pode ser encontrada no site www.plini ocorreacleo liveira.info

Homem de Juta e de ação Observador ate nto da rea liclacle, Plini o Corrêa de Oli veira denunc iou e e nfrento u os vári os e rros que minam a oc iedacle conte mporânea. Assim co mbateu, a seu tempo, o nazismo e o comuni smo, be m co mo as novas versões destes sob outras roupagens; o ag nosti cismo dos Estados e a laic ização da soc iedade; a degradação dos costumes, o divórc io e outros fatores de desagregação da fa míli a; a infiltração esquerdi sta e m me ios ca tó lic os; a s re forma s d e es trutura soc ia li s tas e confi scatóri as, com parti cul ar ênfase na Reforma Agrári a; o des li zamento para a esque rda ele a lguma nações do bl oco latino-americano e sua transform ação num aríete co ntra os países desenvo lvidos etc. Nessa luta, orga ni zou importantes campanhas de opini ão públi ca, como difu são de livros, jorn ais ou revi stas, prom oção ele abaixo-ass inados e di stribui ção ele ma nifes tos e m con tato direto ele jove ns cooperadores co m os transeuntes. Para maior impacto, lançou mão de recursos pro paganclísti cos sui generis - tradi cion ais e modernos - como a ca pa verme lha

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util izada pe los partic ipantes das·campanhas e a exibição altane ira de grandes estandartes rubros com o leão dourado. Tais métodos, adotados também pe las demais TFPs e entidades afin s, marcaram fo rtemente os espíritos, e as campanhas assim desenvo lvidas exerceram notória influênc ia - e m muitos casos, decisiva - e m acontec ime ntos-chave dos países em que fo ram realizadas. De sua efi cácia dão testemunho mais de mil liv ros e teses universitárias publicados em diversas línguas, por partidários e adversários . Particularmente enfáticos são estes últimos, que dessa fo rma atestam quanto os prej udicou a denúnc ia de suas pos ições errô neas.

Vigorosa militância católica durante sete décadas Com o recuo do tempo, a luc idez de visão e o acerto desses brados de alerta de Plinio Corrêa de Oli veira ficam cada di a mais pate ntes. Seri a, entretanto, impossíve l retraçar aqui , com porme nores, todos esses lances. A segui r, é apresentada uma re lação meramente exemplificativa e esque mática. Nos anos 30, fo i o deputado mais j ovem e o mais votado em todo o país para a Constituinte de 1934. Apresentando-se pe la Liga Eleitoral Cató lica (L EC), defendeu as " reivindicações mínimas" recomendadas pe lo Epi scopado nacional. Em 1943, como pres idente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo, escreveu o livro Em defesa da Ação Católica , no qual denunciou a in fi ltração neo-moderni sta em ambientes dessa organi zação de apostolado, especialmente nos campos litúrgico e pastoral. O livro recebeu altíssima carta de louvor, em nome de Pio XII, assinada pelo Substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, M ons. João Baptista M ontini , posteriormente Papa Paul o YL Foi no presti gioso mensário de cultura Catolicismo , do qual era o princ ipal colaborador, que publicou, em 1959, seu mag istral e nsa io Revolução e Contra-Revolução , ex pos ição de caráter hi stóri co, fil osófi co e soc io lógico da cri se do Oc ide nte, desde o Humani smo, a Renasce nça e o Protestantismo até nossos di as . Esta obra estabe lece a re lação de causa e efeito entre esses menc ionados mov imentos e a Revolução Francesa de 1789, a Re vo lução Russa de 19 17 e as tra nsformações pelas quais passaram o mundo soviético e o Oc idente (estas últimas são analisadas em sucessivas atualizações do livro, fe itas respectivamente e m 1976 e 1992). Por outro lado, a obra descreve també m, pormenori zada me nte, o processo de ContraRevolução, bem como indica suas cond ições de vitóri a. Nos anos 60, com o liv ro Reforma Agrária - Questão de Consciência e sucess ivos mani festos pu blicados em di ári os de grande c ircul ação, le vanto u uma efi c ie nte barre ira doutri nári a contra a Reforma Agrária e as demais reformas de estrutura soc iali stas e confisca tórias, pro pug nando vigorosa mente os princípi os ela propri edade privada e ela livre inic iativa. Ass im , preservo u a ma io r parte da ag ropecuári a bras il e ira da mi séri a cubana que hoj e vigora nos asse ntamentos do MST. E evito u, por essa fo rma, a queda cio Brasil no comuni smo, li vra ndo conseq üente mente a Améri ca cio Sul do peri goso contágio que tal fa to representari a. CATOLICISMO

Em 1963, lançou o ensa io A liberdade da Igreja no Estado comunista (que nas edições mais recentes le va o título Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição?). Demonstra a impossibilidade de coex istênci a da Igreja com um governo que, embora reconhecendo a liberdade de culto, lhe proíba ensin ar que não é líc ito abo lir a pro priedade privada . E m 1965, Plínio Corrêa de Olive ira publicou o livro Baldeação ideológica inadvertida e diálogo , que denunc ia a tática comuni sta do "diá logo" e o uso de " palavras-tali smã" como peças-chave da gue rra psicológica comuni sta desencadeada em níve l mundi al pe los líderes do C remlin. Em 1966, organizou um vitorioso abai xo-assinado contra a legalização do divórcio - sem o apoio e até enfrentando a oposição de certa parcela do Episcopado nacional - obtendo mais de um milhão de assinaturas em 50 di as. O Governo mandou retirar da Câmara de Deputados o projeto de Códi go C ivil divorcista. Uma nova campanha realizada em 1975 fo i igualmente vitoriosa; porém não impediu, como previra, que dois anos depois (1977) o divórcio fosse finalme nte aprovado. Por veneração à Cátedra de Pedro, Plínio Corrêa de Oli veira re lutou durante muito te mpo e m tomar, de público, pos ição perante a Ostpolitik vaticana. M as os sucessivos avanços dessa di stensão e m re lação aos governos comuni stas j á não permiti am aos cató licos anticomuni stas guardar um silê ncio no qual s ua pos ição anticomuni sta e nquanto cató li co ia se tornando inexplicável aos o lhos do públi co. Assim, em 1974, com a publicação do mani fes to A política de distensão do Vaticano

com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se ou resistir? , redig ido por Plinio Corrêa de Olive ira, a entidade se decl arou em "estado de resistência" face à Ostpolitik de Paulo Yl: "Neste ato.filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é vossa, nossa vida é vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços ante o lobo vermelho que investe". As TFPs e assoc iações afin s, e ntão ex istentes em dez pa íses, endossaram o documento. Com a publicação, em 1977, do estudo Tribalismo indíge-

na, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, denuncio u o " indigeni smo" de uma nova corrente mi ss iológica que preconizava a ces ação da catequese dos índios, inic iada com Nóbrega e Anchi eta, e a manutenção deles no estado de vida primiti vo em que se e ncontrava m. E, em 1987, no livro Projeto de Constituição angustia o País , ale rtou para o fato de que a concentração dos índios e m reservas praticamente autônomas - estipul adas na Constitui ção - a meaçaria a integridade do terri tório nacional, como hoje está fi cando c laro. A mensagem intitul ada O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça de ponte? , redi gida por Plínio Corrêa ele Olive ira, endossada e divulgada pe las 13 T F Ps e ntão ex is te ntes ( 1981), mos tra q ue o prog ra m a autogestionário do presidente fra ncês F rançois M itterrand vi sava implantar uma fo rm a requintada de comuni smo , j á preconi zada po r M arx e constante d a própri a Constitui ção da Uni ão Sovi ética. A me nsagem das 13 T FPs constituiu fato r decisivo para o fracasso da autogestão na França e de sua propagação no mundo. Fracasso esse que está na raiz da subse-

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qüente cri se do Partido Socialista francês, a qual ficou patente, mais uma vez, no desfecho das recentes e le ições inte rnas do partido. Em 1987, o livro PruJetu de Cunstituição angustia o País, já referido, ass in alava o caráter ina utê nti co da for ma de democracia que a nova Constitui ção impori a ao Brasil e as co nseqüê nc ias que daí adv iri am, como a fa lta de re presentatividade da c lasse política nac iona l e a decomposição das instituições fundamentais do Estado de Direito. Em 1990, a co leta de ass inaturas e m favor da inde pe ndê nc ia da Lituânia do jugo sov iético, por e le dese ncadeada e m uni ão co m as demai s TFPs , reco lh e u, durante 130 dias , 5.2 18.520 ass inaturas e m 26 países dos c inco continentes, fi gura ndo ass im no Guinness Book of Recoreis como o maior abaixo-assinado até e ntão rea li zado no mundo. Rev igorados por esse apoio da opini ão pública mundi a l, os lituanos e nfre ntaram à mão desarmada os tanques soviéticos, e no dia 11 de março seguinte a Lituânia recuperou sua independência. Fato esse que contribuiu possanteme nte para o colapso da União Sov iética. A última obra de Plinio Corrêa de O liveira, Nobreza e eli-

tes tradicionais análogas nas alocuções de Pio Xll ao Patriciado e à Nobreza romana (1993), mostra, com base nas fa mosas alocuções daquele Pontífice, que, mes mo e m meio às vicissitudes conte mporâneas, a nobreza conserva ponderável parte de sua mi ssão hi stórica, a qual co mpartilha com as novas e a utê nticas e li tes que várias circ unstânc ias soc iais vêm trazendo me recidame nte à tona. A obra recebe u prestig iosas cartas de louvor dos Cardea is S ilvi o Oclcli, Mari o Luigi C ia ppi OP e Alfons M . Stick le r SDB, da C úria roma na, e Bernardino Echeverría Ruiz, a rcebi spo-emérito de G uayaq uil.

O carisma da prol'ccia Poder-se- ia ap li ca r aos incessantes alertas de Plinio Corrêa de Oliveira aqu il o q ue escreveu o Cardea l C harl es Journet a respeito do cari sma da profecia no Novo Testamento:

"O conhecimento profético não se extinguirá na Igreja . ~

A Igreja[ ... ] é também esclarecida sobre o estado do mundo e o mov ime nto dos espíritos. Os mais lúc idos de seus filhos participarão desta sua mirac ulosa pe netração. E les saberão d iscernir, à lu z divina, os sentimentos profundos de sua época, saberão diagnosticar os ve rdadeiros males e prescrever os verdade iros re médios. [ ... ]Com um in stinto sobrenatura l e infa líve l, irão d ireto ao alvo. O recuo dos séculos manifestará a justeza de sua visão. Santo Atanásio ou São C iril o, Santo Agostinho ou São Bento, Gregó ri o Vil, Fra nc isco de Assis, Domingos, viam num a espéc ie de clarão profé tico a marc ha dos tempos e a orientação que era preciso dar às a lmas. O autor da Cidade de Deus, o conte mpl ativo que fundou , há o itoce ntos anos, a regra sempre viva dos cartuxos, Santo Tomás , que elucidou, três sécul os antes da Reforma, as verdades que iam ser mais contestadas no limi ar dos tempos novos, Joana d ' Are, Teresa de Áv il a, eis os verdadeiros profetas da Igreja. Eram ao mes mo te mpo sa ntos, e é verdade que a profecia é di stinta e mesmo separável da sa ntidade. Mas, quando a utê ntica, se enca ixa sempre no sul co da revel ação apostó lica f ... J. CATOLICISMO

'Em nenhuma é poca - diz Santo Tomás - fa ltara m homens dotados do espírito de profecia, não certame nte para trazer qualquer nova do utrin a da Fé, mas para dirigir os atos humanos' (IJ -llªC, 174, 6 ad 3)".*

* L' Ég lise du

Verbe lnca rné, Desc lée de Brouwer, Pari s, 1962, 3" ed., vo l. 1, pp. 173- 175 (destaques em negrito nossos).

O desenrolar dos acontec imentos comprovou, em seus traços essenciais, a visão profética de Plinio Corrêa de O live ira. E mesmo após seu fa leci me nto, e m 1995, os fatos continu ara m a desenvolve r-se num rumo que só confirmava as pre vi sões por e le fe itas e os a lertas por e le lançados: ate ntados terrori stas islâmicos em No va York, Washington, Madrid e Londres; espectro da ameaça nuc lear irani ana; emergência da China e de sua tentativa de conc ili ar marxismo e mercado; ascensão de ex- me mbro s da KGB num a Rú ss ia expa ns io ni s ta e desafiante; retorno da esque rd a populi sta na Améri ca Latina ; turbulê nc ias econô micas e sério ri sco de depressão do Oc idente; a pe los em prol do desmantelamento do sistema cap itali sta e da impl antação de um governo econô mico mundial. Possa o Brasil , que teve o privilégio de servir-lhe de berço, e nfrentar todas essas a meaças, tira nd o prove ito lo s e nsin ame ntos e do exempl o de vida daquele que mereceu ser chamado O Cruzado do Século XX. *

* Cfr. Roberto de Manei, Livraria Civili zação-Ed itora, Porto, 1997, 394 pp.

Meta: restauraç;fo ple11a ela cfriliwção cristã As comemorações do cente ná ri o do nasc ime nto d Plinio Corrêa de O live ira, que hoj e se rea li zam, não têm nenhum ca ráte r saudosista. Se sua vida terrena se e ncerrou no d ia 3 de outubro de 1995, seu pensame nto e sua obra se projet am para o f uturo, e muito particularmente sécul o XXl adentro. Ass im, esta data deve ser e ncarada como um marco na reali zação da grande meta para a qual ele viveu: a plena res/auração da civilização crislã, isto é, uma ''civilização crislc7, austera e hierárquica, fundamentalmente sacra/, an./iigualilária e antiliberal", como ele a definiu em sua obra-prim a Revolução e Contra-Revolução (Parte U, cap. II, 1). Ta l perspectiva nada te m de utópica, tanto ma is que está alice~·çada nas promessas de Nossa Senhora em Fátima, que em 19 17 anunc iou , para alé m da cri se de nossos dias, uma e ra de paz, de triunfo do bem sobre o mal , da o rde m sobre a desorde m, do sagrado sobre o profano, da Igreja lc Jesu s Cristo sobre o seculari smo ag nóstico e la icista. Sobre todos esses temas, Plinio Corrêa de O li ve ira discorre u larga me nte, e m conve rsas e re uni ões com seus discípulos. Nes ta oportunidade, e dando prosseguime nto a sua obra, o INSTITUTO que ostenta o seu nome lança uma col tâ nea inédita de seus e nsiname ntos, sob o títul o A inocência primeva e a

contemplação sacra/ do universo no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira .* Ne la, o le itor vislum brará um aspecto peculiar de s ua fisionomia mora l, pouco conhec id o extername nte: o pensador contemplativo , que inaug ura uma escola nova de espiritualidade, caracteri zada pe la contemp lação re-

li giosa da esfera temporal, no sulco do que a teologia, a fil osofi a e a espiritu al idade cató li cas desenvo lveram de melh or ao lo ngo dos sécul os.

* Artpress, São Paul o, 2008, 320 pp. A obra pode ser encomendada pelo e-ma il: secretari a@p liniocorreadeo li veira.o rg

"Por lim, o meu lmac11/ado Coração Uiunl'ará " N a vida de Plinio Corrêa de Oliveira há um traço que se destaca como espec ialme nte luminoso: sua devoção a Nossa Senhora, a quem se consagrou desde a juventude como escravo de amo r, segundo o método de São Luís Mari a G ri gni on de Mo ntfo rt. Fo i Ela a luz e fo rta leza de sua alm a. E m me io à borrasca conte mporânea, com uma firm eza de a lm a superior a esta e com uma in aba lável confi ança, todos

aqu e les que têm em Plinio Corrêa de Oliveira seu mestre, mode lo e gui a e rgue m a M aria Santíss ima a prece do salmi sta: "A d te leva vi oculos meos, qui habitas in caelis" (A Ti e levei os meus olhos, que habitas nos Céus) . Com o olhar assim voltado para a Virgem Mari a - no centenário do nascimento de Plinio Corrêa de Oliveira, e animados por seu exemplo - rogamos a compenetração, a força e a abnegação para travar o bom combate, de que falava São Paulo, na certeza do advento do Reino d'Ela, profeticamente anunciado em Fátima: " Por.fim., o m.eu Imaculado Coração triunfará". São Paulo, 13 de dezembro de 2008 Adolpho Lindenberg

Presidente ÍNSTITUTO PL!NIO CORR ÊA DE OLIV EIRA

e o conjunto de associações co-i rm ãs e a utôno mas constituídas em torno dos ideais de Tradição, Família e Propriedade:

Assoc iação dos Fundadores (Brasil)

Sociedad C ivil Fátima la G ran Esperanza (A rgentina)

American Society for the Defen se of Tradition , Fam ily a nel Property - TFP (Estados Unidos)

Acción Fa mili a (Chile)

Soc iété rra rn,:a ise pour la dé fense de la Tradition Fam ili e Propriété - TFP (França) Ave nir de la C ulture (França) Droit de Naí tre (França) Assoc iaz io ne Trad izio ne Fa mi g lia Proprietà (Itália )

Sociedad Paraguaya de Defensa de la Tradición, Fami li a y Propi edad - TFP (Paraguai) Sociedad Colom bi ana Traclición y Acción (Colômbia) Associação Acção Famíli a (Portugal) The Australian TFP Bureau lnc. (Austrália) You ng South African s fo r a C hri sti an C ivili zation - TFP

Assoc iaz ione Luci sull 'Est (Itália)

(África do Sul)

Deutsche Vereini gung für eine Chri stlic he Kultur e. V.

The Philippine C ru sade for the Defense of C hri stian C ivili zatio n (Filipinas)

(A lemanha ) Deutsche Gese ll schaft zum Schutz von Tradition, Fa mili e und Privateigentum e .V. - TFP (Alemanha) Ôsterre ichi sche Gesell schaft zum Schutz von Tradition, Familie und Priv ateigentum - TFP (Á ustria) Ôsterre ichi sche Jugend für eine Chri stli ch-kulturelle Gemei nsa mke it inne rh alb eles Deutsc hsprachigen Ra umes

(Á ustria) Stowarzysze ni e Kultury C hrzesc ij anskiej im . Ksiedza Piotra Skargi - TFP (Polônia) Traditio n Fa mil y Property - B ureau for the United Kin gdom

(Inglaterra ) lri sh Soc iety for C hri stian C ivili satio n (Irlanda) Tracl ición y Acc ió n por un Perú M ayo r (Peru)

Krik sc ioni skos ios Kulturos Gy nimo Asociacija (Lituânia) Tradición y Acción por un Uruguay Auténtico, Cri stiano y Fuerte (U ruguai) Tradición y Acción (Espanha) Aderem ao texto ac ima, co mo preito de ho me nage m ao ilu stre

maí:tre-à-penser brasil e iro, as segu intes assoc iações ami gas: Alleanza Catto li ca (Itália) Fondazione Le panto (Itália) Pró Mo narqui a (B rasil) Fam ig li a Domani (Itália) C ubanos Deste rrados (Miami, EUA) (Transcrito da "Folha de S. Paulo", 13/12/2008)

Asoc iació n Sa nto Tomás de Aquino (Peru) Fund ació n Argentina de i Mafía na (A rgentina)

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O século de Plinio Corrêa de Oliveira Ü OM BERTRAND DE ÜRLEANS E BRAGANÇA

ss im o infl ue nte semaná rio itali ano "II Do me nica le" intitulou reportagem de página intei ra, de Marco Respinti, ded icada ao centenário de nascimento de Plini o Corrêa de O live ira. Valho-me de le para abrir o texto q ue dedico à me móri a desse católico íntegro e bras ile iro ímpar, c uj as idé ias e obra reperc ute m a fund o na realidade nacional e se expande m com din ami smo por dezenas de países nos c inco contine ntes. Laços de ami zade e de colaboração unem a fa míli a de P linio Corrêa de Olive ira à fa míli a impe ri a l brasi le ira. Se u tio-a vô patern o, João Alfredo Corrêa de O liveira, assi nou com a princesa [sabei a Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil , e após o golpe de 1889 parti-

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cipou do Diretório Monárquico. Pela família de sua mãe, Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa ele O li veira, havia re lações que se estre itaram mui to, já quando min ha bisavó sofri a as agruras do ex ílio. M e u pa i e Dr. P líni o torn a ra m-se grandes amigos e m virtude de profun da afini dade ideo lóg ica e de pr inc íp ios cató li cos, o que contribuiu para q ue me u irmão D . L ui z e eu viésse mos a ser seus sinceros admiradores e di scípulos e ntusiastas. Desde be m jovem, man ifestou Plinio Corrêa ele O li veira vivo interesse por temas religiosos, políticos e sociais. C iente de que o verdadeiro progresso não consisDr. Plínio e Dom Pedro Henrique (dir.), pai de Dom Bertrand

te e m romper, mas em somar, nu m impulso contínuo rumo à pe rfe ição, e le vi a na tradição valor incom paráve l para regul ar o presente. A vida soc ial e c ul tural das pri me iras décadas do século 20 ia sofre ndo forte transformação, com a "d e mocratização" dos costumes, há bitos e modos de ser. A pa r do pos itivismo - moda ideo lógica de e ntão - , o prog resso e xerc ia ação te ndenc ial de descri stiani zação dos espíritos. Mudanças político-soc iais iam, por sua vez, consuma ndo a rep ubli ca ni zação dos Estado e o aniquilamento das e li tes . De espíri to precoce e lúc ido, P linio Corrêa de Olive ira fo i ass umindo uma atitude ele resistêneia a ta is m ud a nças, sedime ntada pela análise dos fatos, pela refl exão e pe lo estudo. Discerni a uma ação sub-reptícia que, de modo paulatino, despoj ava os costumes sociais e as instituições da influência benéfica da l gr~ja, visando uma sociedade seculari zada. U rgia, segundo ele, congregar leigos cató licos para agir sobre a sociedade, criando uma mentalidade oposta. A c ivili zação cristã - única capaz de inspirar um progresso judicioso - to rnou-se o grande ideal a no rtear a vida, a ação, o pe nsame nto e a piedade de P linio Corrêa de O liveira. Ao lo ngo das décadas, constituiu uma corre nte de pensamento e de ação vo ltada a influir na o pini ão púb li ca a fi m de preservar os valores perenes da Igrej a e da tradição. Inspirou, no B rasil e no m undo, a fun dação da miríade de associações que defendem os valores da tradi ção, fa mília e propri edade. A vitoriosa pug na para li vrar o B ra s il d a refo rm a ag rá ri a soc ia li sta e co nfiscató ri a é a pe nas um dos inúmeros lances dessa gesta. "Revo lução e Contra-Re volução" fo i a obra- mestra na qua l P linio Corrêa de Olive ira cons ubstanc io u os princípios teóri cos da cri se que, desde o séc ulo 14, atinge o Ocide nte cristão, e traçou os ideai s e as gran des linhas de ação dos que a e la desej am se opor. Em 1968, da ndo prova de um plu ra lis mo coerente, Octavio F ri as conv idou Plínio Corrêa de O li ve ira para escreve r regularmente nesta Folha. Seus artigos, pub licados até 1990 , passaram a ter marcada influê nc ia e re pe rc ussão nos me ios po líticos, sociais e religiosos, torna ndo-se um dos marcos de sua produção in telectual.

Artigo do Professor Giovanni Cantoni, na revista "li Timone", de novembro de 2008, homenageia Plínio Corrêa de Oliveira pelo centenário de seu nascimento

Em uma época de realizações e de crises, a fig ura de Plinio Corrêa ele Olive ira ocupa lugar de destaque, no Brasil e no exteri o r, como líde r e mestre da doutrina e ação contra- revolucio nári as. Apo nto u ele a meta mo rfose do comu ni s mo, com o des mo ron ame nto do Estado soc ia lista hipe rtrofiad o e o s urg ime nto do mo de lo re voluc io ná rio de comunidades a utogestio nári as . A vida triba l - co m sua síntese ilusória de libe rdade ple na e co letivi s mo consentid o - co nstituiri a tal mode lo . Assiste-se, como e le previu, à o fensiva ideológica " indigeni sta", que bu sca a fo rmação de " repúblicas" autô no mas, t:razendo a fragmentação socia l e política das nações sul -a me ricanas. Plini o Corrêa de Olive ira e nfre ntou com serenidade as incertezas, os embates e as decepções, animado por inabalável confiança na P rovidênc ia di vina, fruto de sua devoção ardorosa a Nossa Senhora, em c uj as mãos sempre depositou todos os frutos de suas rea li zações. •

"Seus artigos [na Fo1ha de S. Paulo], publicados até 1990, passaram a ter marcada influência e repercussão nos meios políticos, sociais e religiosos"

(Transcrito da "Folha de S. Paul o", 12- 12-2008). Dom Bertra11d de Orlea,1.1· e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, é tetra11eto do Imperador Dom Pedm /.

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CENTENÁRIO cendente do Kaiser Guilherme TI e da família dos czares da Rússia - membro da TFP alemã, durante banquete nas dependências do Jockey C lub de São Paulo. Convidado a dizer algumas palavras, externou -as em nome daqueles que, como ele, integraram-se à família de almas dos discípulos de Plínio Corrêa de Oliveira depois do falecimento deste, e não tiveram , portanto, a ventura de conhecê- lo pessoalmente:

"Muitas das pessoas presentes hoje nesta sala tiveram o enorm.e privilégio e a graça de lê-lo conhecido pessoalmente lao Prof. Plínio], ouvi-lo e receber seus conselhos. Mas não todas. Há também. urn grupo de novos, entre os quais me incluo, que não tivemos esse privilégio. "Este grupo disse seu FIAT a Nossa Senhora e se uniu à Contra-Revolução. Sentiram o cham.ado e corresponderam à graça recebida. A Virgem cornanda a Conlra- Revolução, e seus discípulos rnais aniigos conduzem hoje, após a mor/e de Dr: Plinio, essafam.ília de alm.as. Para nós, os jovens, é uma oportunidade para nus e4orçannos em adotar e interiorizar uma cultura que de ve voltar a ser ref erência no fuluro. Por isso, estamos tão agradecidos a tais discípulos, porque conservam e defendem o legado de Dr. Plinio. Gostaria de pedir agora que se levantem !Odas os que se aproxim.aram após o ano da morte de D,: Plinio ". Causou forte impressão a comunicação de que 63 jovens não tiveram a ventura de conhecer pessoalmente o homenageado.

Nota <le grandeza: me<lalhão do lllstituto, capas e cstal1(/art;es

Dias de glória para comemorar o centenário de nascimento

de Plinio Corrêa de Oliveira P,ovcuicntcs de 20 países', inúrneros discípulos, adrniradorcs, amigos <' simpatizantes do ilustre brasileiro participaram dos eventos promovidos pcJo JnsUU1lo Plinio Corrôa de Oliveira nos dias 11 a 14 de dezembro.

_ GREGÓRIO V iVANCO LOPES

própri a image m de Nossa Senhora ele Fátima, peregri na intern ac ional que chorou em Nova Orl ea ns, em 1972, veio a São Paul o para as cerim ônias ele co memoração cios cem anos cio nasc imento ele Plíni o Corrêa ele O li veira. Co m suas expressões mutáveis, sua afabil id ade in co mparável , ela esteve presente aos diversos atos, di stribuindo graças a todos que dela se aprox im ava m.

A

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Uma pequ ena multid ão superlotou a igreja e o auditório, numa evidente demon stração de uni ão de pensa mento e ideai s. Todos eles benefi ciári os do legado intelectua l e mora l dei xado por esse católico exemplar, nasc ido a 13 de dezembro de 1908, e que em 3 de outubro de 1995 foi chamado pela Providência D ivin a para receber sua "recompensa demasiadamente grande " (Gen , 15, 1).

Um

(itllJllC

repl'cscnta os novos adel'entcs

Entre os atos carregados de unção e de brilho, um sign ifi ca tivo gesto do Duque Pau l von O lclenburg (foto 1) - eles-

Ao lado desse aspecto de intimidade, não faltou a nota de grandeza, que Plínio Corrêa de Oliveira tanto prezava nas manifestações da Contra-Revo lução. No banquete, na Mi ssa solene e na sessão de encerramento, tal nota foi real çada pela presença do medalhão cio Instituto, com a efígie do homenageado. Os estanda rtes e capas ostentados pelos presentes são símbo los das assoc iações estra ngeiras a que se filiam. Tai s estandartes das associações do exteri or ostentavam a in scrição Tradição Família Propriedade em alemão, espanhol , fran cês, inglês, italiano e polonês.

O séc11/o <le Plínio Col'J'êa de Oliveira e o Chantecler Durante o mesmo banquete, o Príncipe D. Lu iz de Orleans e Braga nça (foto 2), chefe da Casa Imperial do Brasil, externou seu "af eto e gratidão enorme por tudo quanto D,: Plínio f ez

por D. Bertrand [seu innão] e por mim, por tudo quanto ele f ez pelo nosso Brasil, que apesar de mil percalços não caiu no comunismo graças a ele; por tudo quanto ele f ez pela civilização crislã no mundo inteiro, onde o socialismo autogestionário também não.foi adiante graças à atuação internacional dele; por ludo quanto ele f ez em def esa da civilização cristã e dos princípios católicos tradicionais, durante toda sua vida. "O século de Plinio Corr-êa de Oliveira foi o século XX, no qual ,1e enfrentou ventos e n'tarés na ordem civil, na ordem. eclesiáslica, na ordem religiosa e na ordem. polüico-social, sernpre .fiel à doulrina da Igreja Católica Apostólica Romana, à qual ele dava lodo seu amor; todo seu enlevo, toda sua dedicação.

" Eu vejo com prazer, com alegria, tantas e tantas pessoas de países diferentes, jovens e menos j ovens, m.as todos dispostos a levar a luta para .fi·ente, contra ventos e marés, com a esperança, com a co11fúmça que o Dr: Plínio nos legou". Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira (foto 3), um dos di scípulos mai s próximos de Plínio Corrêa de Oliveira, que atua lmente res ide na França e é consultor ele diversas associações que defendem os ideais da tradição, da família e propriedade, em seu di scurso claro e obj etivo, ass im se exprimiu sobre o Prof. Plínio:

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presbítero assistente Mons. G illes Wach, fundador e prior-geral elo Instituto Cristo Rei e Sumo Sacerdote, como diácono Frei Tiago de São José, e como subd iácono Pe. David Francisquini (foto 6). Diversos outros sacerdotes estiveram presentes. No sermão, assim se expressou D. Bartuli s:

" Hoje a Igreja celebra a solenidade de Santa Luzia. Devemos rezar e nos regoz(iar nesta magn(fica data em que celebramos o centenário de nascimento de Dr. Plínio. "Nesta maravilhosa igreja ele recebeu a primeira Comunhão, e nesta igreja rezou também sua mãe, que queria que seuftlhofosse um bom homem nofuturo. E quando Dr. Plínio tinha mais ou menos nove anos, foi nesta igreja, no altar de Nossa Senhora Auxiliadora, que ele rezou pelo seu futuro. "No dia de hoje, nós todos agradecemos a Deus por Dr. Plinio e rezamos para que o apostolado dele esteja no coração de todos nós, para desenvolvê-lo cada vez mais. Eu rezo para que vossa organização dê muitos frutos no futuro. Deo gratias ". Orações conjuntas no cem itério da Conso lação, jun to à sepultura de P líni o Corrêa de Oliveira e sua mãe, Da. Lucíli a, foram pre icliclas por D. E ugenius Bartulis (fotos 7 e 8).

I11a11g11ração da sede e outl'OS eventos O Instituto Plinio Co rrêa de Oliveira promoveu a inauguração oficial de sua nova sede, uma bela e prestigiosa mansão no bairro de Higienópolis (foto 9), à rua Maranhão esquina ela rua [taco lomi. Como parte dessa in auguração, foi ce le brada

"Esse Cruzado do Século XX não foi somente um homem de pensamento e de ação, mas antes de tudo um homem de vida interior. E sua fidelidade em favor de uma causa que parecia perdida, e cujos estandartes encontravam.-se por terra, foi como um brado que clama ao Céu por socorro, e que implora a vingança de Deus sobre a Revolução até então vitoriosa. "E mesmo que não lhe tenha sido dado contemplar com os olhos da carne aquilo que mais desejava ver nesta Terra a vitória da Igreja sobre a Revolução e a implantação do Reino de Maria -, é evidente que sua luta está sendo determinante para a derrota final da Revolução. No mais fundo da noite re volucionária, Plínio Corrêa de Oliveira - como f ez o Chantecler de Rostand em relação ao sol - entoou um hino de cunor à civilização cristã. E seu canto adiantou, no relógio da Providência, a hora tão desejada do triunfo da Santa Igreja sobre a Revolução anticristã, a hora do triunfo de Maria Santíssima sobre a serpente infernal". Uma base doutrináda sólida e acessível Do c icl o de homenagens constou o lançame nto de um li vro contendo parte do enorme cabedal de pensamento desenvolvido por Pl íni o Corrêa de O live ira - A Inocência Primeva

e a Contemplação Sacra[ do Universo no pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira 2 (foto 4). É uma obra para ser lida e med itada. Só ass im poderão ser hauridos os princípios q ue contém, elevados e ao mes mo tempo be los e acessíveis. O bispo lituano da cidade ele Siau li ai, D. Eugen ius Bartulis, celebrou a solene Mi ssa, em rito tradicional, no Santuário do Sagrado Coração de Jes us, em São Paulo (foto 5). Atuou como

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uma Mi ssa por M ons. G ill es Wach (foto 10). Num a das salas foi montado um memori al, com obj etos que pertenceram a Plini o Corrêa de Oliveira. Foram também organizadas vi sitas, sobretudo para pessoas que viera m do exterior, ao apartamento da ru a Al agoas que, durante décadas, foi res idência de Plinio Corrêa de Oliveira, decorado, na medida do poss ível, como em vida dele. Na sala de j antar, por exempl o, a mesa estava posta co mo se fosse para a ceia comemorativa de seu aniversári o. A s comemorações propiciaram um prov idencial encontro, em São Paulo, de pessoas dos mais diferentes países que, seguindo a esco la de pensa mento e ação de Plini o Corrêa de Ol i veira, neles lutam pelos mes mos ideais. Foi possível organi zar palestras para que representantes de associações irm ãs e autônomas da Al emanha, Áu stria, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, Itáli a, Polôni a, expusessem al gum as de suas atividades mais signifi cativas, com proveito para todos (fotos

abaixo). Fora m lembradas comemorações desse mes mo centenári o rea li zadas poucos dias antes, na Itáli a e na França, que contaram com o lançamento do substancioso livro Una bauaglia

n.ella norte. Plinio Corrêa de Oliveira e La crisi dei secolo XX nella Chiesa, do co nhec id o intelec tual itali ano Mass im o lntrov igne (foto 11, à esquerda. À direita o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança ), diretor do CESNUR (Centro de Estudos sobre as N ovas Reli giões). lntrovi gne foi presença marcante também nos eventos de São Paulo.

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J\ imagem <le Nossa Se11ho1·a e a gaita de /'o/e N a sessão so lene no audi tóri o do Hotel l?enaissan.ce (foto 12), para celebrar condignamente o centenário, grande número de convidados juntou-se aos participantes dos atos anteri ores. A im age m peregrin a de Nossa Senhora de Fátima, ao ser conduzida em cortej o e sob ap lausos para o trono fl orid o que lhe estava reserv ado, parecia cli fundi r em torno de si graças ele co nfi ança na vitóri a fi nal de seu Imac ul ado Coração, o que arrebatou os corações dos presentes . Seguiu-se- lhe um outro cortejo, que causou agraciáve l surpresa, composto por rapazes da TFP norte-ameri ca na co m os famosos kilts escoceses e tocando ga itas ele fo le. Para um auditório em que predom inavam brasileiros, constitui u um espetácul o à parte, pois não estam os habi tuados a esse gênero de man ifestação. Ao final da sessão, vo ltara m eles a desfilar, sempre com muito agracio dos presentes.

"1'1·otcla 111·ec111·s01· <lo futm·o Reino <lc Maria" A sess ão foi o fi c i al mente abe rt a pe l o Dr. Aclolpho Lindenberg (foto 13), pres idente cio In stituto Plinio Corrêa de Oli veira. Aq ui transcrevemos suas palavras, esc larecendo que a referência à sua " ti a L ucíli a" di z res peito à tradi c ional dam a pauli sta L ucíli a Ribeiro cios Santos Corrêa de O li veira ( 1876- 1968) , mãe de Dr. Plíni o:

"Tenho a honra de presidir esta sessüo c:omemomti va do centenário do na.w:i111ento de Plínio Corr'êa de Oli veira, nosCATOLICISMO

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so mestre, profeta precursor do futuro Reino de Maria, a encarnação da Contra-Revolução, o cruzado do século XX. Plinio Correa de Oliveira, meu muito querido primo, meu irmão mais velho, meu pai espiritual, a razão de ser de minha vida, com quem convivi por mais de 70 anos. "É com emoção que evoco aqui afigura de minha tão estimada tia Lucilia. Imagino - e todos os que a conheceram podem me acompanhar - como ela, depois de ter assistido a toda a série de perseguições, calúnias, incompreensões, traições sofridas por seu filhão, com quanto comprazimento estaria assistindo a todas estas man!festações de saudades, apreço e veneração. "Mas tenho a certeza de que o que mais agradaria, tanto a Dr. Plinio ql,fanto à sua mãe, seria que todos os aqui presentes, eu inclusive, frente a tantas lembranças de sucessos nossos, êxitos de apostolado e planos para o futuro, tomássemos a decisão de não só intens(ficar nossa luta contra-revolucionária, mas procurássemos com afinco extirpar de nosso íntimo quaisquer laivos, traços ou resquícios revolucionários que ainda vicejam em nossos espíritos. Se assim o fizermos com energia - eu diria até com truculência - poderemos ter a certeza de que Nossa Senhora nos proporcionará uma vitória decisiva sobre a Revolução".

Oradores na sessão de encerramento Excertos

GIOVANNI CANTONI Fundador e dirigente nacional do movimento Alleanza Cattolica Diz um poeta irlandês, que viveu entre os séculos XVTU e XIX, que o homem pode destruir um vaso, mas o perfume da rosa permanecerá no ambiente. Aqui eu encontro descri to o traba lho efetuado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Imerso num mundo em que restava sobretudo o perfume da rosa, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira encontrou aqui (em São Paulo) o perfume de uma rosa. É um modo metafórico para descrever um homem que reve lou um extraordinário ta lento para elevar-se do perfume da rosa até a semente d a rosa. Esta é sua lição fundamental. Começou como um sornmelier que pergunta: é bom ou mau este vinho? Deste perfume, ao nde chego? A qual flor? É uma operação que Santo Afonso de Lioório definia como , e, sendo de alquimia celeste. E a passagem do perfume à semente. O vaso se q uebrou. Quebrou -se na América Latina, como na Europa, como por toda parte. Mas Plinio Corrêa de Olive ira sentiu um odor, o odor de um mundo, e reconstruiu o itinerário. Como di z o livro Revolução e Contra- Revolução, a mudança externa ve m de uma mudança interna no homem . Logo, se quisermos mudar o que está fora, te mos de mudar o que está dentro.

O dese111·ola1· da sessão 110 Hotel Re11aissa11ce Além de Dr. Adolpho, compunham a mesa que presidiu os trabalhos: D. Eugenius Bartulis, Mons. Gilles Wach, príncipe D . Bertrand de Orlean s e Bragança, duque Paul de Oldenburg, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, Dr. Eduardo de Barros Brotero, Dr. Plínio Yidigal Xavier da Silveira e Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira. Entre os assistentes, destacava-se D. Fares Maakaroun (foto 14, ao centro), Arcebispo Eparca da [greja Greco-Melquita Católica do Brasil; tendo chegado depois de composta a mesa, devido ao trânsito intenso, não foi possível ocupar lugar na mesma. Sucederam-se na tribuna diversos oradores, que ressaltaram vários ângulos das virtudes, pensamento e ação de Plínio Corrêa de Olive ira (vide quadro a partir da página ao lado) .

E11cel'ramento: defesa da pl'opl'iedade pl'ivada As palavras de Dr. Eduardo de Barros Brotero (foto 15), encerrando a sessão, tiveram a originalidade de ressaltar a luta do homenageado e m favor da fé no campo político-soc ial, especialmente s ua denúncia da Reforma Agrária soc iali sta e confiscatória e o embate que travou a partir de seu primeiro livro Em Def esa da Ação Católica:

"Dentre as inúmeras virtudes que Plinio Corrêa de Oliveira praticou no decorrer de sua longa existência, cabe-me ressaltar a que ele amou mais especialmente: a_ virtude da f é. Não uma fé passiva e acomodada, mas umafé militante. Uma adesão entusiasmada à verdade e uma vigilância intransigente contra o erro. Suas virtudes sobrenaturais foram sublimadas pela entranhada devoção a Maria Santíssima, que animou sua vida. "É incontestável que a preservação da propriedade privada e da livre iniciativa é de uma importância transcendental para a Santa Igreja e para a civilização cristã. Tal fato que se

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CATOLICISMO

realizou no Brasil, não tenho receio de afirmar, se deve à ação incansável de Plinio Co rrêa de Oliveira. "Esta homenagem é também portadora de urna esperança e de uma promessa: a continuidade da luta por meio de filhos e discípulos e a vitória desses mesmos ideais, corno proclamou Plinio Corrêa de Oliveira: 'Os céticos poderão sorrir, mas o sorriso dos céticos jamais poderá deter a marcha vitoriosa dos homens que têm fé'" . Com as orações fin ais e a saída e m cortejo da imagem de Nossa Se nhora de Fátima, encerraram-se essas calorosas comemorações, à espera atenta e confiante do que nos reservam os dias que virão. • E-mai l do autor: crei:orio@catolicismocom.br Notas:

1. Alemanha, Argentina, Áustri a, Chil e, Co lômbi a, uba (desterrados), Eq uador, Escóc ia , Espa nha , Estados Unidos, Filipinas, Fra nça, Holanda, Itáli a, Lituânia, Peru, Polônia, Portugal, Uruguai e Ve nez;1 ela. Sem co ntar bras ile iros de numerosos estados. 2. Co mi ssão orga ni zadora cio li vro: Paulo Corrêa de Brito Filho (coo rdenador); Leo Daniele (re lator); Antonio Augusto Borelli Machado (rev isor); José Antonio Ureta (pesqui sador); e Lui s Gu ill ermo Arroyave (projeto gráfi co).

JOHN W. H ORVAT Diretor da TFP norte-americana Como represento a TFP americana, dita a lógica que eu fale a respeito do as pecto de Dr. Plínio que mai s nos atrai a nós, americanos. É o que eu chamaria de " lado americano" de sua alma. E le desenvo lve u uma linha muito direta de pensamento e ação que era, ao mesmo tempo, muito prática e efici ente. E devo admitir que acho isso muito atrae nte. Julgo que isso exp li ca por que Dr. Plinio exerce tanta atração nos Estados Unidos. Não criou ele um a ordem reli g iosa para lutar contra os males do seu tempo, como fi zera m outros. Teve a clarivi dênc ia de formar uma organi zação cívica de inspiração católica, e de lançar-nos be m no meio das batalhas culturais que hoje se travam na soc iedade temporal pelo mundo afora. Um segundo aspecto da alma de Dr. Plínio que atrai enormemente os americanos, talvez ainda mais do que o prime iro, era sua bondade des interessada. Não posso ex primir o quanto essa bondade des interessada me impressionou , a tal ponto que - poderia afirmar - nunca conhec i a verdadeira bondade até o momento em que o conheci.

JANEIRO 2009

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ROBERTO DE MATT EI Presidente da Fondazione Lepanto, professor de História Moderna na Universidade de Cassino (Itália), vice-presidente do Conselho Nacional de Pesquisa do governo ital iano

Plínio Corrêa de Oliveira conheceu e amou a Hi stória da Igreja desde as s uas origens. Se tivesse vivido nos primeiros sécu los da Ig reja, teria e nfre ntado, com coragem indô mita, as feras nas arenas do c irco. Se tivesse vivido na época de Co nstantino, teria ocupado um luga r de destaque no combate pela pureza da fé. Seu coração teria ex ultado de alegri a na noite de N ata l do ano 800, ocas ião em que Carlos Magno foi coroado e m Roma, dando o rigem ao Sacro Império Roma no. Plínio Corrêa de Oliveira, que proclamou a Cruzada do século XX, teria sido um dos primeiros a responde r ao apelo do Beato Urbano rr e a levar a cru z. Na perda do espírito de cruzada, e le le u o início da decadência da Idade Méd ia. N ão teria tido nenhuma compa ix ão pelos revo ltosos do esp írito, teria combatido contra os protestantes. Ning ué m estudou o u conheceu, como e le, a hi stória da Revolução Francesa. Quis a Providência que e le não fosse nada disso, mas que fosse , mai s até e m sua pessoa que e m suas o bras, o eco fidelíssimo de todas essas posições no século XX. As palavras vir catholicus, tatus apostolicus, plene romanus, que hoj e lemos na lápide de seu túmulo e m São Paulo, resu mem a sua vocação. Ro ma, Itália e a Europa reto mam a herança de Plínio Corrêa de Oliveira e re novam hoj e, através elas minhas pa lavras, o e mpenho de faze r de sua vida e de sua obra o nosso futuro.

Essa obra fo i escrita num tempo e m que eu ainda não estava neste mundo. Encontrei os discípulos de Dr. Plínio dois meses depois de seu fa lec ime nto. Podemos ver na Polônia que a ação e intercessão de le têm seus frutos. A Fundação Padre Piotr· Ska rga foi criada em 200 1, e podemos perceber o dinamismo de nosso pequeno g rupo, que j á alcançou gra ndes sucessos, graças a Nossa Senhora e à ajuda sobre natural de Dr. Plínio. Mai s de 200 mil pessoas nos apó iam, e co m e las temos bloqueado o ava nço da quarta revolução na Polônia e o desenvolvimento do movimento ho mossexua l, o que traz problemas para a Revolução em toda a União Européia.

CARLO

FEDE RICO I BARGU REN

Representando associações e amigos da Hispanoamérica

Cabe- me re prese nta r aqueles que, na Hi spa noamérica, pe rmanecem com sobre natural confi a nça irred utive lme nte fiéis a Plínio Corrêa de Oliveira. Em nome deles, cabe-me dizer uma palavra neste cente nário que estamos comemorando, e que não pode ser senão uma palavra de fé. Fé no triunfo de Plínio Corrêa de Oliveira, o contra-revoluc ionário do sécul o XX, o precursor dos sécul os futuros. Uma palavra de homenagem, de ag radecime nto e de com promisso, de não nos a pa rta rmos das vias que e le nos traçou.

BENOIT BEMELMANS

M ONS. G ILL ES WACH

Presidente da TFP francesa

Fundador e prior-geral do Instituto Cristo Rei e Sumo Sacerdote

"Tempo ho uve e m que a História do mundo se pôde intitul a r Gesta Dei per Francos . Dia virá e m que se esc reverá Gesta Dei per brasilienses". Estas palavras são de Plínio Corrêa ele Oliveira, pronunc iadas em 1942 num discurso no IV Cong resso Eucw·ístico N ac io-

Sempre me impressionou muito o que está escrito na lápide de Plínio Corrêa de O li ve ira: Vir catholicus, tatus apostolicus, plene rorn.anus. O professor e ra um grande enamorado da doutrina católi ca e da Ig reja nossa Mãe, Mater et Magistra. E quem pensa que a Me nsagem de Fátima já está fechada e terminada, se enga na. Estamos na hora da Sen hora de Fátim a. E para resolver o problema, seja da [g reja, seja da sociedade, o professor nos convid ava a voltar os o lhos, pensamentos e coração para a Im ac ul ada. A Ig rej a é uma p quena barca que Nosso Senho r lançou sobre as ág uas do tempo e do espaço há 2 mil a nos. Nessa barca havi a um cap itão e um a eq uipagem. N ão eram os melho res homens de seu tempo, não eram os ma is capazes. O capitão já hav ia negado três vezes. É até urn a conso lação para seus sucessores ... Nessa barca, a ntes de e la partir para navegar no gra nde oceano do tempo e do espaço, Nosso Senhor escreveu Non praevalebun.t. Depois essa barca encontro u outras grandes e mbarcações da História, co mo o impé ri o de Napo leão e o império sov iético. Todas as gra ndes embarcações - digamos, todos os gra ndes Titanics da Hi stória - estão no fundo do oceano. Vimos a pequena barca tornar-se maior, mais bela, toda luzidi a. Hoje e la e nco ntra-se e m estado c ríti co. Hoje, na eq uipagem, há até quem faça buracos na barca . Estamos co m a ág ua até o nari z, e h,1 o utras e mbarcações que nos c hama m; mas nós pe rm aneceremos na barca, porq ue contra e la non. praevalebunt. Este é um mistério, e o Prof. Plínio permaneceu firme a nte tal mistério, certo de que a Tg reja Cató li ca é a única Igreja d ' risto, fora da qual não há sa lvação.

nal, aqu i e m São Paulo. Hoje e las se tornaram rea lidade, g raças à proj eção das idéias desse in signe brasileiro no mundo cató li co. A Gesta Dei são os passos de Deus na Hi stória; o u me lho r dito, são os passos que os ho me ns dão nas vias de Deus, fazendo a História. Hoje, a Gesta Dei se faz por homens de fé, discípulos de Plínio Corrêa de Oliveira, que no Brasil e no mundo confi a m na Virgem Santíss im a e em sua ajuda, e estão firmemente dispostos a e ntrar na luta, certos de que a vitória final lhes pertence.

SLAWO MI R OLEJN ICZAK Presidente da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga, da Polônia

E u venho de um país que sofreu muito no tempo cio comunismo. E fo i nesse tempo que Dr. Plínio escreveu sua obra A Liberdade da Igreja no Estado Com.unista, espec ialme nte para os poloneses. Nessa obra e le mostrou que não é possível fazer um a coex istênc ia e ntre os católi cos e a seita comuni sta. 45 anos depois dessa publicação, e 20 anos depois do c hamado colapso do comunismo, a inda podemos ver os maus frutos dessa coex istência.

CATOLICISMO

JAN EIRO 2009

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co lun a para iso lar-se e m seu topo. Desse púlpito improvi sado falou a impe radores, re is, reli giosos, e converteu muitos pagãos.

6 Santa Ral'aela María, Virgem + Espan h a, 1925. Com s ua 1

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS [Antiga mente, C ircunci são do Me nino Jesus]

2 São Basílio Magno, Bispo, Confessor e Doutol' da Igreja + Cesaré ia, 379. B ispo, o "Colosso da Igreja oriental", mereceu o título de "Pai dos monges do Oriente" porque, com suas regras, deu fo rm a defini tiva à vida monástica.

Primeira Sexta-feira do mês

:i Santa Genoveva, Virgem

+ Pari s, 5 12. Consagrou a Deus sua virg indade aos 14 anos . Quando os hunos ameaçavam invadir Pari s, Genoveva sa iu às rua exortando os pari sienses à penitência; in esperada me nte, Átil a afastou-se de Pari s com seus bárbaros.

Primeiro sábado do mês 4 11:i=>lf<'A NI/\ DO SF:NI IOK OU SANTOS RJi:I S !neste anol

irmã, fundou as Escravas do

Sagrado Coração de Jesus, dedicadas à adoração do San tíssimo Sacramento e ao ensino. Po r iniciativa de sua irmã, fo i declarada incapaz de governar, sendo esquecida por mai s ele IO a nos. Quando fa leceu, compreenderam o grande pecado cometido ao afastá- la.

7 São Raimunelo ele Penhaforte, Confessor + Espanha, 1275. Dominicano, Príncipe dos canonislas e gra nde confessor, foi igualmente célebre por seus milagres. Com São Pedro Nolasco, fundou a Ordem das Mercês, para a redenção dos cativos que eram aprisionados pelos muçulmanos.

8 São Ped,·o Tomás, Bispo e Confessor

por sua virtude e coragem foi esco lhido para suceder a São Telésforo, que sofrera o maitírio. Lutou contra vários heresiai·cas, animou os cristãos perseguidos pelos pagãos e acabou ele mesmo dando sua vida por Cristo.

12 São Bento Bispo, confessor + Inglaterra, 690. Abade de Weaimouth e de Jan·ow, na Inglaterra, buscou em Roma arquitetos, vidreiros, pintores e músicos para instrnir os ingleses.

13 SanLo l lilário de PoiLiers, Bispo, Confessor e Doutor ela Igreja + França, séc. IV O Atanásio do Ocidente lutou ac irradamente contra os ari anos, que o submeteram a rude perseguição e longo desterro, durante o qual escreveu 12 livros sobre a Santíssima Trindade, que lhe valeram o título de Doutor da Igreja.

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carregado pontifício de de licadas mi ssões diplomáticas, depois Bispo e Legado unive rsa l para todo o Oriente.

São Félix de Nota, Confessor

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Santo Odilon /\hacle

+ C luny, 1048. Um dos gran-

+ Fiésole, 1373. Também carme-

des abades ele C luny, cuj o papel foi primordial na formação da Idade Média. A e le elevemse também a introdução da Festa de Finados e, para controlar o espírito ex tremamente be li coso do tempo, a Trégua de Deus, que proibi a ações bé li cas ou pilhage m da quarta-feira à tarde à segunda-feira de manhã .

1ita e contemporâneo cio anterior, ele uma das mais ilustres famílias de F lorença, fez-se religioso depo is de vida mundana, expiando suas leviandades mediante grandes penitências.

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11 Batismo de Nosso Senhor Santo Higino, Papa e Mártir + Roma, 142. Grego de origem,

+ Chipre, 1366. Carmelita, e n-

Sa nto /\nelré Corsíní , Confessor

5 São Simüo 1:sLiliLa , Co111' 'SSOI' + Síria, 459. Construiu um a

arqu iepiscopal de Bourges, no centTO da França.

to São Guilherme ele Bourgcs, Bispo e Conl'cssor + Bourges, 1209. Grande amante da solidão, entrou na Ordem de C ister, de onde a obediência o tirou para que ocupasse a sé

+ Itáli a, 256. Sacerdote, passo u po r vários suplíc ios nas perseguições cios imperadores romanos Décio e Valeri ano , saindo incó lume. Após ed ifi car a todos com sua santa vida, Fé li x fa leceu no Senhor.

15 S<1nto Amaro ou Ma uro, Confessor + Subíaco, 584. Fi lho de um senador romano, aos 12 anos foi entregue a São Bento pai·a ser educado. São Gregório Magno o exa lta pelo seu amor à oração e ao silêncio.

16 São Marcelo 1, Papa e Mártir + Roma, 309. Reorga ni zo u a

Hierarquia ec lesiástica e, sob Maxê ncio, fo i exi lado e obrigado a viver num es tábulo , onde morreu e m conseqüência cios maus tratos.

17 Santo Antão Abade, Confessor + Egito, 356. Viveu longos anos de penitência no deserto, onde resistiu como he rói católico a violentas tentações do demônio.

18 Santa Prisca ou Priscila, Virgem e Mánir + Roma, séc. I. É considerada por muitos a primeira mártir do Ocidente . Bati zada por São Pedro aos 13 ai1os, foi martiri zada pouco de pois, por ter se recusado a queimai· incenso aos deuses.

19 Santos Mário e Companheiros, Má,·Lircs + Roma, 270. M ário, a esposa Marta e doi s filhos vi ajaram da Pérsia a Rom a para venera r os sepulcros de São Pedro e São Paulo. Ao visitar depois os cristãos nos cárceres, foram també m detidos e martiri zados.

20 São Sebastião, Mártir + Roma, 288. Centurião da guarda pretoriana de Diocleciano, suste ntava com zelo apostólico os confessores da fé e os máttires. Denunciado, foi tJ·espassado com flechas; curado milagrosamente, foi açoitado até a morte.

fid e lidade a Cristo. E Anastác io foi um monge persa, decapitado com outros 70 cristãos pelo re i Cosroes.

28 Santo Tomás de Aquino, Confessor e Doutor da Igreja + Fossa Nuova, 1274. O maior

23 Santo llelefonso, Bispo e Confessor + Tol edo, 667. Di sc ípulo de Santo Is id oro, Arcebispo de Toledo e zelosíssimo defensor ela virg indade de Maria contra os hereges, escreveu um livro refutando-os.

24 São Francisco de Sales, Bispo, Conl"essor e Doutor da Igreja + Annecy, 1622. Bispo de Genebra, animado de profundo amor de Deus e das almas, era dotado de bondade e suavidade excepcionais no trato, sólida cu ltu ra e ortodoxia. É um mestre da vicia espiritual, sendo també m patrono dos jorna1istas e publicistas cató licos.

25 Conversão de São Paulo Apóstolo Ao ca ir cio cavalo, o perseguidor cios cristãos converteu-se e torn ou-se Apóstolo. instruído pe lo próprio C risto Jes us, foi um dos mai s ardorosos proclamadores cio cri stianismo. Submisso ao Papado, soube entretanto res istir a São Pedro, com respeito e firm eza, na questão cios judaizantes. São Pedro, demonstrando g rande e levação de alma, acabou por dar-lhe razão.

teólogo da Igreja foi, aos cinco anos, confiado aos monges beneditinos de Monte Cassino, entJ·ando depois pai11 a Ordem Dominicana, da qual é - juntamente com o fundador, São Domingos - a maior glória. Com razão foi cognominado Doutor Angélico, por sua pureza de vida e elevação de doutJ·ina, que u·anscencle a pura inteligência humana. É o patrono das escolas católicas.

29 São Sulpício Severo, Bispo e Confessor + França, 591 . São Gregório de Tours refere-se a e le com muito respe ito, elogiando suas virtudes. Foi nomeado para a sé de Bourges em luga r de candidatos s imoníacos.

30 Santa ,Jacinta MariscoLLi, Virgem + Viterbo, 1640. Se bem que educada cristãmente, levou vida frívola e mundana mesmo no convento, onde entJ·ou por ordem cio pa i. Adoecendo gravemente, o confessor da casa não a quis atender, dizendo que o Céu não era fe ito para pessoas vãs e soberbas. Um terror salutai· levou-a ao arrependimento e remorso, e depois à reparação, IJ·ansformanclo sua vicia e levando-a à honra do altares.

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Santa Inês, Vir·gom e Mártir + Ro ma, 304. A forlaleza desta

Santa Paula

São João Bosco, Confessor + Turim, 1888. Exerceu e nor-

menina de 13 ano assombrou mesmo seus verdugos. São Dâmaso e Santo Ambrósio cantaram entu. iasmados seus louvores.

22 Santos Vicente e Anastácio, Mártires + 304 ' 628. São Vice nte foi um va loroso di ácono de Zaragoza, qu ' ·nfrentou toda sorte de torm nlos para provar sua

(Vide p. 48)

27 Santa Ângela de Merici, Virgem + Bréscia, 1540. Consciente ele que as desorde ns da soc iedade orig inam-se em grande parte da ·orrupção da fa mília, fundou o instituto relig ioso das Ursulinas, 1 ara a educação ela juventude fe minina e formação ele mães cristã .

me influê ncia no ca mpo re li g ioso e soc ial , te ndo fundado a Sociedade Salesia na e o lnsti tuto das Fi lhas de Maria Au xiliadora. "O êxito dessa obra - di zia São Pio X - só pode

explicar-se pela vida sobrenatural e santidade de seu fundador ". De alma simples, ale-

Intenções para a Santa Missa em janeiro Será ce lebra do pelo Rev m o . Podre David Franc i sq uin i, nos se guintes intenções : • Pelos assinantes, leitores e benfeitores de Ca to licismo, o fim de que suas famí lias, neste novo ano que se ini c io, se jam espe c ia l mente protegidos pe lo Sagrado Família, poro se rem preserva dos de todo pecado, do vio lência, do desem prego e do s d rogas, os quais constitu em grande perig o, sobretudo poro os mais jovens.

Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Roga nd o o N osso Senhora d e Lo urd es {l 858), cujo festi vidade é comemorado pelo Santo Igre ja no dia 11 de feve reiro, que co ncedo o tod os os leito res de Ca tolicismo bem como àque les de seus parentes mais necessitados - vigoroso sa úd e de o l mo e de co rpo.

g re e ardente, não havia obstácul o que o det ivesse na senda cio bem .

JA


..m

Gramle dama, mas de vida i11co11seqiie11te

Santa Paula Digna discípula de São Jerônimo Deuma das melhores famílius da aristocracia romana. Viúva, dedicou-se ao estudo das Sagradas Escrituras sob a direção de São lJcrônirno, e com c]e fundou mosteiros __,___EuN10

O

A santa nasceu durante o pontificado de Júlio 1

CATOLICISMO

MARIA

SouMEO

gra nde douto r da Igreja São Je rônimo faz o segu inte elogio daquela que foi sua discípula e imitadora: "Mesrn.o que todos os membros de rneu corpo se transformass em em línguas e tom.assem voz, eu não poderia nada mais dizer que.fosse digno das virtudes da santa e venerável Paula. Nobre de nascença, n·1ais nobre ainda pela santidade; antes possante por suas rique zas, rnais ilustre hoje pela pobreza de Jesus Cristo". 1 Santa Paula nasceu em Roma a 5 de maio de 347, durante o pontificado de São Júlio l, no rei nado dos imperadores Constante e Constâncio, em pie-

no desenvolvimento da Igreja, saída das catacu mbas havia apenas 34 anos. Com a riqueza e a g ló ri a, Pa ula e nco ntro u em seu berço a f'é cri stã. Foi ed ucada no c ri st ia ni :mo pe la mãe, num espír ito de ve rd ad e iro amo r pela Religião e profund a ave rsão a tudo que se referi a ao pagani smo ainda pujante. Na g ravid ade e pureza de costumes, como convinha a uma patrícia roma na cristã, Paula recebeu, a par de só li da form ação re li g iosa, uma educação inte lectua l e artística esmerada. De ori ge m greco-roma na, apre ndeu as du as Iínguas ele modo a ler os c lássicos ele ambas com igual facilidade. C ri ança ainda, passava com desdém diante cios ruidosos lugares o nde pompeavam os d ive rtimentos pagãos, preferindo as catacumbas aos c ircos e teatros.

Aos dezesseis anos os pais a casara m com o nob re Júli o Toxoc io, patrício rom ano da fa míli a de Júlio Césa r, a lm a nob re e espírito delicado, mas in feli zmente pagão. Como pôde uma família piedosa planejar tal a li ança? Desejo ele prestígio e ele fort una, passando por c im a ele tudo? Ou era movida pela idé ia ele que Pa ul a acabaria convertendo o marido ? Não o sabemos. Deus , e ntretanto, abe nçoou essa uni ão com quatro filhas e um filho, que davam as melhores esperanças à mãe. No auge da fe licidade e cio lu xo, Paul a sempre se manteve ho nesta, mas de ixava-se levar por uma vida mole e mundana, sem pensa r muito na etern idade. De acordo com sua situação soc ial, passeava pelas ruas da Roma imperial em lite ira dourada portada por escravas, vestida ele s ela e orn ada de jóias, receando colocar o pé e m terra para não suj ar seu de i icado sapato. Mas, infe li zmente, esquecia-se de que tinha uma alma imortal que dev ia salvar. Ao lado dessa vida lu xuosa e por vezes inconseqüente, Paula era conhecida como mulher ele conduta irrepreensível, citada como modelo de clama ela velha cepa patrícia.

Piedosa VÍllVCZ consagrada a /Jeus Estava, entretanto, nos planos da Prov idênc ia que essa situação não fosse duradoura . om efeito, no ano de 379 uma enfe rmi dade arrebato u-lhe o esposo. Em meio à terrível provação, Paul a fo i tocada pel a graça e decidiuse a vi ver no futuro só para Deus e seu s f'ilhos ainda peque nos, num a viuvez consagrada, apesa r ele ter somente 32 anos ele idade. A isso ajudou-a muito ter e ncontrado, no seio ela soc iedade corrompida de Ro ma, uma outra soc iedade ele i >uai nob reza, fo rm ada por viúvas e vir• ·ns pertence ntes às primeiras famílias da idade Eterna, que levavam uma vida de piedade e boas obras sob

a direç ão de Sa nta Ma rce la. Era o C ri sti anismo que, pela graça de Deus, vi cejava nas mais altas classes sociais cio Império. E assim fo i até que, em 382, chegaram a Roma dois prelados, antigos anacoretas cio deserto - Santo Epifâ ni o, bispo ele Salamina, e Paulino, bispo ele Antioquia - para tomarem parte num concíli o co nvocado pelo Papa São Dâmaso a fim de tratar assuntos ela igreja cio Oriente. Acompanhava-os um monge, Jerônimo, que j á e ntão tinha dado mui to o que fa lar ele suas virtudes. Santa Paula hospedou Santo E pi fân io e m seu palácio, o uvindo-o falar sobre os pad res cio E rm o e ela vicia monástica em geral. E la compartilh ava com Santa Marcela tudo o que ouvia, e ambas estudava m um modo ele ir transformando seu pequeno "convento" segundo esse mode lo idea l. Terminado o concílio, os dois bispos voltaram para o Oriente, mas São Dâmaso reteve o mo nge Jerônimo como secretário, encarregando-o ela revisão ela Sagradas Escrit11ra, . A nobres mu lheres tiveram grande proveito com essa presença tão santa, tomando como mestre o mortificado monge. Com isso tiveram o ri gem as " reu. ni ões cio Aventino", isto é, cio palácio ele Santa Marce la, onde São Jerônimo fez conferências sobre teolog ia e estudos bíblicos. Eram muito ate ntas : uas ari stocráticas a lun as . Diz São Jerô nimo: "O que eu via nelas de espírito, de penetração, ao ,nesmo tempo que de encantadora pureza e virtude, não saberei dizer". 2 Paula assistia às conferências com suas filha s, ouvind o o monge com a maior atenção. Jerônimo aos poucos co mpreend eu que aque la alm a preclesti nacla era c hamada à ma is a lta perfeição, e a incentivou a prosseguir com decisão nesse cam inho. A digna matro na, sentindo-se chamada a um a vocação especia l, havia abandonado o le ito ele plumas , os vestidos ele seda e as jóias deslumbran tes, trocando tudo por uma túnica ele

lã e c ilíc ios. Ela recolhia os pobres sem lar, vestia os mi seráve is, provia de alimentos e medicina os desamparados. São .J erônimo, que era enérgico e um tanto ríg ido para cons igo mesmo, não consenti a em suas dirigidas uma piedade apoucada. Exigia delas grandes ho ri zo ntes e es merada virtude. Propôs-lhes mesmo aprenderem o hebreu , para estudar as Sagradas Esc rituras no orig ina l e m que fora m escri tas. Como "não era possível encontrar espírito mais dócil que o de Paula", ela e suas filhas puseram-se com empenho ao labor. Co m o tempo, consegui am cantar os sa lmos na língua em que foram compostos e le r as Sagradas Escrituras no ori gin al heb reu. Paula, no entanto, não negligenc iava seus deveres domésticos e soc iais. Mãe devotada, casou sua filha Paulina com o rico e virtuoso senador Pamaquio. A segunda, Blesila, casou-se, mas em pouco tempo fico u viúva e fa leceu piedosamente em 384, aos 20 anos ele idade. A filha Rufina faleceu em 386, restando-lhe a última, Eustóq ui a (santa), que acompanhou a mãe ao Oriente, onde faleceu em 419. O único filho ele Paula, Toxocio, primeiramente pagão, fez-se batizar em 385 e casou-se em 389 com a patrícia Laeta, filha cio sacerdote pagão Albino. Foi pai de Paula, a Moça, que em 404 uniu-se a Eustóq ui a em Belém, e em 420 fechou os olhos de São Jerônimo.

J1111to à manjedoura de Jesus Cristo A virtude ele Santa Paula não podia ficar impune para os mundanos. Logo se espalhou por toda Roma uma campanha de calúnias sobre as re lações dela com São Jerônimo, o que obrigou-o a retirar-se para a Terra Santa. Na época, escreveu a Santa Marcela: "Tenho sofi'ido hormrosamente, mas isto o que importa para quem combate sob o estandarte de Cristo ? lmpu/aram-m.e um. crime üiàman.te, ,nas sei ir ao reino dos Céus tem/o pela infâmia quanto pela boa farna ". 3 Tais eram os rumores, que Santa Paula viu-se obri gada a dividir seu

JAN EIRO 2009 -


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Lançamento! patrimônio entre os filhos, reservando para suas boas obras apenas pequena parte. Devido a essa campanha organi zada contra ela, mais as mortes de Blesila e de São Dâmaso no ano de 384, Santa Paula decidiu mudar-se também para a Terra Santa. Santa Paula para com os pobres. Isso Deixou os filh os Toxoc io e Ruele tal maneira, que ela ficou reduzifin a aos cuidados de Santa Marceda à miséria, e ainda assim tomava la, e levou consigo a fi el Eustóquia, emprestado para poder atender àqueque queri a compartilhar sua sorte. les que a ela recorriam. E la dizia: No ano de 385, embarcaram para "Deus me é testemunha de que não o Oriente. São Jerônimo, que as ti- faço nada senão pelo seu nome, e que nha preced ido, reuniu-se a elas e m só tenho um desejo: morrer na miAntioqui a. Santa Paula e a filha fiséria e ser enterrada em um lençol zeram primeiro uma piedosa e deemprestado". São Jerônimo exclama talh ada pereg rin ação pe la Terra admirado: "Que coisa miús admiráSanta, indo depois para o Egito a vel a virtude desta mulher, opulenta fim de edificar-se com as virtudes antigamente e hoje reduzida à últidos anacoretas e cenobitas que poma indigência! " 5 voavam aq ue la região, principalPaula e Eustóquia tiveram ampla mente São M acário, Santo Arsênio participação nos trabalhos ele São e São Serápio. Depois, cedendo a Jerônimo, como sábias secretárias e um desejo do coração, fi xou sua tradutoras. Não é exagerado di zer res idê ncia e m Belé m, como j á o que Santa Paula foi a al ma ela granhavi a fe ito São Jerônimo. de empresa - a tradução da Bíblia Sa nta Pa ula edi fico u junto à Sagrada conhecida como Vulgata. igreja ela Natividade dois mosteiros: Com efeito, ela ressentia-se da esum fe minino, do qual ficou supericassez da exegese bíblica cios ocidenora, no qual e ntraram sua filh a e tais e pressionava o santo para que várias das viúvas e virgens que a re medi asse a isso. Mas Je rônimo havi am acompanhado à Terra Sanopunha sempre as repugnâncias de ta; outro masc ulino, que fi cou sob a sua humildade. "Se bem que muito direção de São Jerônimo. santa, Paula não deixa va de ser A vida nos dois mosteiros era mulher, e de um espírito f ino e pein spirada na dos grandes anacorenetrante. Pois bem: pediu-lhe ao tas cio deserto. São Jerônimo di z menos que escrevesse alguma coiqu "as que em outro tempo gemisa sobre a menor das epístolas de am sob o peso das jóias e broca- São Paulo, a dirigida a Filemon, dos anel 1rn agora miseravelmente ainda que não fosse mais que uma veslidas, pr-param os lampiões, página de quarenta linhas. Jerôniacende1n o f ogo, varrern os pisos, mo caiu no laço: f ez o que lhe pelimpam os l •g um •s, ·alocam na . dia, e o resto veio depois. O 'resto ' panelaferven/ , as rvas, preparam são seus grandes comentários pauas mesas e correm daqui para lá linos. 'Para que vejas o que pode dispondo de tudo". 4 anla Paul a e sobre mim tua vontade"'. 6 Santa E ustóqui a dava m o xc mplo '/'ai ,1i<la vi1·wosa, e m tudo , send o as prime iras nos tal lllOl'W Sélllta trabalhos mais vis. Uma coisa não conseguia São JeNo a no ele 395 os hun os, que rônimo: diminuir as Liberalidades de encheram ele ru ínas o Impé ri o Ro-

CATOLICISMO

Santo Paulo morreu no Terra Santo

No centenário do nascimento de Plinio Corrêa de Oliveira, o instituto que ostenta o seu nome lança uma coletânea inédita de seus ensinamentos, sob o título A ino-

mano cio Ocidente, caíram como um raio sobre o Ori ente. Os moradores cios dois mosteiros, com Jerônimo e Paula, fu gira m. E ntretanto os invasores voltaram atrás sem te r chegado ao Líbano, e os fu giti vos voltaram aos seus mosteiros. No fin al cio ano de 403, Santa Paula ca iu enfe rma. Suas mortificações havi am debilitado seu organi smo não mui to fo rte. Diz São Jerônimo: "Paula havia, como diz o Apóstolo, percorrido sua carreira e guardado a Deus suafé. A hora ia soar para ela, de receber a coroa e seguir o Co rdeiro por onde Ele fosse. Ela, que teve a fome sagrada da justiça, ia ser satisfeita; e já, alegre, podia cantar: 'Tudo o que ouvimos da cidade do Deus das virtudes, iremos ver agora " '. 7 O bi spo ele Jerusalé m e os da Palestina, e mui tos monges .e virgens, acorreram para j unto do leito ela di gna agon izante. São Jerônimo e mui tos sacerdotes e le vitas já rodeavam seu le ito. A ilu stre Pa ul a ex pirou santa me nte no dia 26 de janeiro do ano 404, aos 56 anos de iclade. 8 •

cência primeva e a contemplação sacral do universo no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira. Nela o leitor vislumbrará um aspecto peculiar de sua fisionomia moral, ainda pouco conhecido: o pensador contemplativo, que inaugura uma escola nova de espiritualidade, caracterizada pela contemplação religiosa da ordem temporal, no sulco do que a teologia, a filosofia e a espiritualidade católicas desenvolveram de melhor ao longo dos séculos.

E-mai l do autor: pmso limeo@catolicismo.com.br

Notas: 1. Les Petits Boll ancl istes, Vies de.,· Sa ilus , Bloud et Barra i, Pari s, 1882, tomo XI, pp. 536-537. 2. Les Peti ts Boll ancli stes, p. 54 1. 3. Fr. Justo Perez de Urbel , O.S.B ., A,io Cristiano, Ediciones Fax, M adri, 1945, tomo 1, pp. 173- 174. 4. ld., ib. , p. 176. 5. ld., ib., p. 177. 6. lei. , ib., pp. 175 - 176. 7. Les Petits Boll ancl istes, op. ei t. , p. 556. 8. Ou tras obras consultadas: - Eclelvi ves, E/ Santo de ada Dia, Editoria l Lui s V ives, .A., Saragoça, 1946, tomo 1. - L uis altet, Saint Paula, T he Catholic Encyc l pedia , o nli ne ecl iti o n, , w: lv -nt. ·0 111 .

15,5x23 cm , 320 pgs.

Petrus Editora Ltda. Rua Javaés, 707 - Bairro Bom Retiro - São Paulo-SP - CEP 011 30-010 Fone (11) 333 1-45 22 - Fax (11 ) 333 1-5631 E-mail : petru s@livrariapetrus.com.br Vi ite no so site na internet: www.livrari apetrus.com.br


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Altar da catedral de Sch(eswig Reminiscência gótica com acentuada nota teológica ■ PUNIO C O RRÊA DE ÜLIVEIRA

a fotol , ve mos o retábul o do a ltar da cated ral de Schleswig, cidade do anti go ducado ele Schleswi gHolstein - uma " língua ele terra" que une a Alemanha à Dinamarca. Nessa região, havia vários pequenos Estados independentes . Era o bom costume germânico, vigente no Sacro Impéri o Romano Ale mão, onde o Estado não era cent ra li zado, mas ri co e m auto no mi as de vári os tipos. chleswig era uma peque na zona gozando ele uma quase soberani a, com uma igrej a que contém essa maravilha. E se altar consta de vários e le mentos, como o supedâneo c ircul ar, a mesa com o famoso tríptico e uma graclezinha be m graciosa (foto 2). O retábul o não pode ser qualificado simples mente como góti co, mas apresenta remini scênc ias cio góticojlamboyant. Ne le encontramo arcadas, e dentro delas closséis nos quais se nota vaga influênc ia gótica. Os arabescos reportam-se ao

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estilo gótico já decadente, constitue m eles um conjunto p sado demai s para a parte ele baixo. São os desequilíbri os dos tempos modernos que começam a se manifes tar. Apesar disso, à primeira vista fica-se encantacl ·0111 11 impressão causada pe lo altar. Ana li sando sua bas , s ' Ili ·-s · uma certa estranheza, e la é pouco congruent com o qu ' aparece acima. M as, após essa primeira impressão, us ·oisas se equilibra m em nosso espírito, pois par ·' t ·r hav ido a intenção ele criar um equilíbrio inverossímil , · ass im violam-se um tanto as ex igênc ias de um verclad ' iro •qu il íbri o. Apesar disso nota-se a boa orde nação no s •uinte: acima ela base, a parte superi or vai se tornando mais leve, e ne la encontra m-se os santos, alé m ele um a lta r para Nos ·a Senhora ; e no alto Nosso Senhor Jesus ri slo, sob um clossel que termina e m fo rma ele ponta. Na remini scência gótica, nota m-se elementos pesados, aos quais se superpõem outros que vão se tornando mai s leves . Com uma concepção muito teológica, porque Nossa Senhora paira como Rainha no me io ele todos os santos. • Nosso Senhor Jes us C ri sto colocado sob um dossel está por c ima de toda as ordens possíve is, sobressa indo como s encontra no Céu. •

Exce rtos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 1O de junho de 1968. Sem revisão do autor.



UMÁRI Fevereiro <lc 2000

, PuN10 C oRRÊA DE OuvEIRA

Lourdes: perante o milagre, quem procede como São Tomé?

S

ão Tom é c re u ass im qu e viu. Quantos são, e m nossos di as, os que vêem e não crêem? A obstinação de muitos em negar a

veracidade dos mil agres verificados cm Lourdes constitui um exempl o dessa volunt,'íria cegueira. Em Lourdes há um bureau de consta-

ta ·õ ·s m di ·as, ·m qu · s > s • r • 1 is1rwn as ·ums instant :i n ·as d · 11101 sti11s s · 111 q11ulqu r ca rát r n ·rvoso, • i11 ·111x1'.I, ·s d · s • rcm curadas I or um pro · ·sso su , ·stivo. As provas ex igidas ·01110 aul •11til'i tl 11111' da molésti a são, cm prim ·iro lu •:11·, 11111 • u me médico cio pa ·i nt \ l' ·ito 11111 •s ti · srn1 imersão nas águas I Lounl ·s; ·111 . l'/ 11111 do lugar, a apr s nt a ·, o dos drn·111111 11 tos médicos refor nl s ao ·nso, 11s 111tlio1•1 11 fi as, análi ses ele labornl irio, ·lt'., !m im, oh tidos antes da curn . 1 urn11t t• todo l ' , s1• pio• cesso pre limin:1r, pod ·111 11 pr ·s1· 11l 111 se quaisquer 111 di ·os ti l· p11s.~111 1 •11 1 por Lourdcs fi ·a ndo 1111101 i111dm II l' 11' l1 1 11 me pessoa l do do 'lll l' v t1 11s Ili' ·11~ 111d10 gráfi cas ou d · l11horntrn io q1H· 11•111l 1 1p1 1· sentado. ,,. i11al1111·11t 1·, cw 1s111t 1d11 11 11rn, dcv sla s ·r ohsc, v11d11 p1• lrn, 11 11• 1110s m to los usudos pt1rn 11 ·1H11p11111l111 1drn•11 ça, •s i ·011silk•n1d11t·ll-tiv1 11111•1111•11111m·11 losa qu1111do, d11r1111l t· 111111111 l1•111po, 11 111111 l1f O

r 'Il i

(Trccho cx1raídodc "O Legionário", nº

CATO LICISMO

EXCl.;RTOS

4

CARTA oo D11mTOR

5

PAGINA MARIANA

7

LmTrn~A EsP11uTuA1,

8

CORRESPONDl~:NCIA

Nossa Senhora da Paz (El Salvador) Por que estudar a Religião?- II

1O A

PAI .AVRA DO SAc1mnOTE

12 A

Rl~AUD/\DI-: CONCIS/\MEN'l'I•:

14

INT1mNAC10NAL

-18

D1scERN1NDo

mm

A China vermelha na encruzilhada

Um filme que marcou época: Sissi

21 IN M EMOIUAM Luiz Nazareno de Assumpção Filho

O índio deve ser civilizado ou segregado?

24

ENTREVISTA

28

CAPA

36

DES'l'A()UI<:

38

VmAs DE SANTOS

Eutanásia: afronta à Lei divina e à Lei natural Gorjeta: costume antimarxista

Ili' '\'l' ,

(i l'r •ql 1·111 • os i11 i1111 •os tl11 l 111•1:1 ll' vu nt:tr\· 111 11 lti po11•st· d1• s11 pt•sl 10. P11 rn •li111i11 11 1· q1111I p1 t•1 d11 vi d11 11 ,·-.11• 1 ·s,wi 10,11po111 11 111 1-1 1·t·1 1s11, tl1·1•11111,-.v1·1ilk11d11s ·111 ·1·i11 1u;11s s1· 111 11:-.0 d11 1111110, por suu 1·111 ss it1111 id11dl' , • q111· por isso não pod ·111 s1·r su1•1·stiw111tl11s. /\ ludo isto, o que Sl' n·s1H111dl' 'l 011 ·111 1 •111 a nobreza de fa1.1·r vwno S110 '1'0111 , e diante da verdade s1·1•111·11, ajo ·llrnr-sc e proc lamá- la se m rr!H1 ,·os? E111 Lourdcs, parece que Nosso cnhor multip lica os milagres à medida qu -rcscc a impiedade. Quanta genl c snh • lesses ca os? E quem tem a cora, ·111 d ' proceder a um estudo séri o, i111pnrl' i11l , seguro, antes de negar tai s mila 1 rcs'/

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Santa Catarina de Ricci

S1~NIIORA CHORA

Neomissiologia e indigenismo

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M1•:MúR1A

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SANTOS ..: FESTAS Do M1~~s

48 AçAo CoN'l'RA-R1,:vowc10NARJA 52

AMBll<:NTl~S, COSTUMES, CIVIUZAÇ(ms

Visita à catacumba de São Calixto (Roma)

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FEVEREIRO 2009 -


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CARTA DO DIRETOR

Nossa Senhora da Paz, padroeira de El Salvador

Caro leitor,

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 311 6 Administração:

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Um dos critéri os para j ulgar determinada é poca hi stórica consiste em conhecer as práticas que ela engendrou. A Idade Médi a, por exemplo, contra a qu al infelizmente tanta tin ta fo i gasta visando denegri-la, teve como um de seus inúmeros méritos o de acabar com a escravidão, herança do pagani smo antigo. Mas não se deteve aí. Inspirada pela ''.fi losofi.a do Evangelho que governava os Estados", como a descreveu o Papa Leão XIII, ela cri ou as uni versidades para instruir e os hospitais para curar; fo mentou a arte e civili zou os bárbaros. E m suma, levou àq ueles povos pagãos a bondade e a sabedoria emanadas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Igrej a. E nossa época, como será vista? Como a H istóri a explicará ta nto progresso material em meio a tanta decadência espiritual? Como s rão catalogados e tes tempos que sobrepõem os "direitos humanos" às prerrogativas de Deus, que eq uiparam o pseudo-casamento homo sexual ao augusto sacramento do matrimônio, e que chegam ao extr m d P rseguir indiscriminada e multitudinariamente os nasc ituros, s d cnl s _e os anciãos, através do aborto e da eutanásia? Por qu tant s d s atu ai s promotores do aborto e da eutanásia se irritam contra 'l p ·a hi st ri a que qu alifica m inj ustamente como "a noite d mi l s", mas n~ se pejam de promover essas gravíssimas violaÇ s la I natural? Nao há nis o uma colossal contradição? Veja-se, por exemplo, a pungente re f rên ia, 111 nosso arti go ?e ~ªPª: aos idosos da Holanda e da Bélgica - p'1Ís s onde a eutaná ta Já for aprovada por lei - que vão res id ir 11·1 J\ I ma nha, pelo m~do de que algum de seus fa miliare hedonistas n opa lãos os sentencie à morte ! A contradição é marca di tinti va d sl s t rn pos, em que se acaba por aceitar as prática mais m n, lruosas . E m fa ce d s. a . itua ão, 1 v mos nos indi gnar e ntra os males de d nun c iar t1 bru ta l ·o nt radição d tantos de nossos n s. a

ª':

D s j a todos um a bo·1 l ' itura.

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Fevereiro de 2009:

Com um: Cooperado r: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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106,00 150 ,00 280,00 460,00 10,00

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora

E m Jes us e Maria,

9~

DIR ETOR

07

pau lobrit:o @catolicismo.com.br

Q uando deixamos de nos preocupar somente com nossos interesses e passamos a prestar atenção em coisas mais elevadas, podemos receber presentes inesperados e grandes graças RI N TE IN

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E

comum encontrar perdida numa praia uma grande caixa fec hada? Certa mente não. Se isso é raro hoje, tanto mais em 1682, quando começa a parte conhecida da hi stória de Nossa Senhora da Paz. Passavam alguns comerciantes por uma praia do Oceano Pacífico, na Améri ca Central, onde está loca lizada atualmente E I Salvado r, e viram uma grande caixa fechada. Fi caram muito surpresos e tentara m abri-l a, mas não conseguiram . Devem ter ava li ado que, como a cai xa era pesada, seri a difícil transportá-la, naqueles te mpos sem estradas ne m caminhões, por veredas nas quais muitas vezes os ladrões atacavam. E co ncluíra m que era melhor de ixá-la j ogada onde estava. Além do mais, a j ustiça ex igia que comunicassem às autoridades o que encontraram, para estas verifi care m se perte ncia a alguma vítima ele naufrágio. Tanto trabalho redundari a em benefício de algum a o utra pessoa, e não deles mes mos ... Decidira m pois dar mais importância aos próprios in teresses, e perderam uma opo rtunidade de ouro. Pouco depois, passaram outros comerci antes por ali . Viram a mes ma caixa j ogada na are ia, e também te ntaram ab ri -la, sem êx ito. Vendo que a caixa era pesada, que estava bem fec hada, e nada indicava sua procedência ou a quem era dirigida, chegara m à conclusão de que devi a conter algo vali oso, algo a ser transportado com muito c uidado e vi gil ância. Certame nte algué m seri a lesado se a deixassem a li - talvez alg uma pobre vítim a de naufrágio, talvez alg um comerciante que a teria abandonado ao ser pe rseg uido por pi ratas in gleses ... Que m poderia saber? Pensando no bem do próx imo, consegui ram e mprestado um burro e sobre ele co locaram a caixa, diri gindo-se à cidadezinha de San Miguel, aonde chegaram no dia 21 de nove mbro. Di ante da igrej a da localidade, o burro jogou-se no chão. Ao movime ntarem a caixa, os mercadores verificaram com

surpresa que a podiam abrir agora sem difi c uldade. Uma vez abe rta, encontraram nela uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus. As autoridades civis e re li giosas procederam à proc ura dos possíve is donos da imagem. Entretanto, até hoje não se conseguiu saber com certeza a quem perte ncia, ou a quem estava dirigida, ou se o barco que a tran sportava afundou, ou

PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

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sa ngrenta revanche contra os perdedores . Contudo, os líderes vitoriosos julgaram melhor ev itar tal tragédia. E para mostrar que não tinham intenção de prom over mortes entre irmãos, mandaram colocar a imagem ele N ossa Senhora no me io ela igreja. Di ante del a, comprometeram-se a deixar ele lado todo propósito ele vingança e buscar a reconcili ação . A partir desse momento, a imagem começou a er chamada Nossa Senhora ela Paz. Em 1921, o Papa Bento XV autorizou a coroação da imagem, e finalmente, em 1953, o Papa Pi o XII ass in ou decreto tornando Nossa Se nhora da Paz padroeira de El Salvador.

Por que estudar a Religião? - II C ontinuamos a desenvolver os pontos de Apologética* que iniciamos na última edição, com argumentos provando a existência de Deus supremo e eterno, criador e conservador do Universo

Os camiJ1hos de Deus

se foi lançada ao mar para evitar que piratas anglicanos a profanassem. Sej a como for, não deixou de chamar a atenção o fato, ao que tudo indica sobrenatural , de a caixa poder ser aberta somente di ante da igreja, motivo pelo qual a imagem foi deixada ali, onde permanece até hoje, no interior do templo religioso de San Mi gue l.

Graças através da imagem Um século depoi s, exatamente no dia 2 1 de setembro de 1787, os habitantes da cidade observavam consternados a erup- . ção do vulcão Chaparra tique. Com mais de mil metros de altura, encontrando-se a uns 50 km da cidade, ele poderia ser mortal não só pelos gases que em itia e as pedras que lançava nas suas explosões, mas espec ialmente pela lava que soltava, a qual destruía tudo por onde passava. E não hav ia nenhum obstáculo natural para evitar a destruição da c idade pela lava que avançava. Nessa trágica situação, os habitantes e o clero local decidiram retirar a imagem cio interior ela igreja e co locála na porta, pedindo sua proteção. No mome nto em que o fizeram, a lava mudou ele rumo. Se bem que tenha ele truíclo mui tas terras férteis, a cidade foi salva. Nesse momento, as nu vens sobre o vulcão formaram uma folha de pa lma, motivo pelo qual os fi é is, para ag radecer à Virge m Santíssima sua proteção, mandaram fazer uma palma ele ouro, que co locaram na mão ela imagem. M as o que tem a ver o nome PAZ com toda essa hi stóri a? Na realiclacle, o nome foi dado à imagem muito tempo depoi s cios aco ntec imentos ac ima descritos. Após ficarem independentes ela Espanha, começaram e m todos os países hi spano-americanos lutas entre conservadores e liberai s que, em diversas circunstâncias, se transformaram em cruentas guerras civis. Numa dessas ocasiões, em 1833, um cios partidos dominou a cidade, e todos esperavam uma

Tai s fatos nos sugerem uma série ele refl exões. Deus bem pode fazer tudo o que esteja nos seus sapi enc iais desígnios, mas deseja a colaboração dos homens nos seus pl anos. A · im , planos imensos, os quais por vezes influe nciam a sa lvação de milhares e até milhões de pessoas, passa m a depe nde r, ao menos e m larga medida, de um grupo de indivíduos ou mesmo de uma só pessoa. Basta pe nsar na multidão de pessoas que, ao longo da história, foram salvas graças à ação cios padres jesuítas, franciscanos, dominica nos e outros. e anto Inácio não tivesse fundado a Companhia de Jesus, se ã rancisco não tivesse abandonado a casa paterna p·1ra razer apostolado, se São Domingos não fo. se fiel · pr gação cio Rosário indicada por Nossa Senhora, a hi stória d mundo seria diferente! Do mesmo modo, no caso que no cupa, D us pod ri a ter mandado um anjo transportar a image m cl Nossa nh ora da Paz e colocá-la di ante da igrej a de an M igu 1; ntreta nto, preferiu outro caminho. De alguma forma a imag 111 roi co locada por alguém - home m ou a nj o - num a ca ixa, esta chegou a uma praia perdid a, po r camin hos e ·ir ·un stânc ias desconhecidos para nós. A partir ele ntã , todo um plano de graças, e até a devoção ele um país inl iro a Nossa e nhora, pa sou a depender ela corre. p ncl n ·ia à ,raça d um grupo ele mercadores. Um prime iro g rup , mai s preoc upado com os próprios intere se , deixou a cai xa onde a enco ntrou . Outro grupo, que não se de ixo u d minar pe lo oís mo, pen sa no próximo e leva a ca ix a at a c i lacle. Ne nhum cios doi s grupos tinha a me nor idé ia de tudo o que dependia dessa caixa. É justamente ne te ponto que onvé m focali zar nossas reflexões. Pode ser que um imen so plano ele Deus esteja e conclido ao lo ngo de noss s cam inh os. N ão temos a menor idé ia cio que vai d pender ele n s, ma Deu s nos pede desapego ele nossos intere ses, e que tenhamos uma preocupação pela sua g lória e pelo bem cio próximo. Fantas ia? Os primeiros mercadores, no momento e m que deixaram a caixa j ogada na prai a, teriam considerado fa ntas ia tal refl exão ... Peçamos, po is, a Nossa Senhora ela Paz que eleve nossos corações a nos preocuparmos com as coisas celestes; que nos interessemos pelas "caixas" desti nadas a sere m transportadas por nós. Poi s é desta forma que cumpriremos os mag níficos desígnio de Deus, que ainda não conhecemos. •

1 - Qual é a verdade primeira, que nenhum homem pode ignorar? A ex istência ele Deus, quer dizer, ele um Ser eterno, necessário e infinitamente perfe ito, Criador cio Céu e ela Terra, absoluto Senhor ele todas as coisas, as quais governa com sua Providência. Esta é a verdade fundamental sobre a qual descansa o edifício augusto ela reli gião, ela moral , ela fa mília e ele toda a ordem social. Se não há Deus, a relig ião é completamente inútil. A mora l careceria ele base se Deus, em virtude ele sua santidade, não estabelecesse uma diferença entre o bem e o mal ; se, com sua autoridade suprema, não

torn asse obrigatórias as normas dessa moral; e se, com sua perfeita justiça, não premiasse o bem e não castigasse o mal. É impossível conceber a família e a sociedade sem leis, sem deveres, sem as virtudes ela caridade, etc.; e todas estas virtudes, se Deus não exi stisse, seriam puras quimeras .

2 - Podemos estar certos da existência de Deus? Sim, podemos estar tão certos ele que D e us ex iste , ela mes ma forma como estamos certos ele que ex iste o Sol. É verdade que não vemos Deus com os olhos corporais, porque Ele é um puro espírito;

Antiga representação alemã da criação do mundo

Taliaép e{der~ ueteres bau/lffe PoetM', .s.. Credibile efr, nug~ fod temera'ffe fu~.

mas são tantas as provas que nos demonstram sua existência, sem margem ele dúvida, que seria necessário ter perdido por completo a inteligência para afirmar que Ele não existe. Não pode a mente humana compreender a natureza íntima ele Deus nem os mistérios ela vicia divina; mas pode, sim, estabelecer com plena certeza a sua existência e conhecer algumas ele suas perfeições. Não podemos ver Deus, ce1tamente, com os olhos cio corpo, mas podemos contemplar suas obras. Assim como pela vista ele um quadro deduzimos a existência cio pintor que o fez - posto que a existência cio efeito supõe a ela causa que o produziu assim também podemos remontar cios seres criados ao Criador, causa primeira ele tudo quanto existe. [sto é o que afirma o Concílio Vaticano I: "Com a luz natural

da razão humana, pode ser conhecido com certeza, por meio das causas criadas, o Deus único e verdadeiro, Criador e Senhor nosso".

3 - Como se demonstra, pela existência do universo, a existência de Deus? A razão nos di z que não há efeito sem causa. Vemos um edifício, um quadro, uma estátua, e imediatamente nos vem à mente a idéia ele um construtor, ele um pintor, ele um escultor que tenham feito essas obras. Do mesmo modo, ao contemplar o Céu , a Terra e tudo quanto existe, pensamos que elevem ter uma causa. E a essa causa primeira cio mundo, chamamos Deus. Logo, pela existência cio universo podemos demonstrar a ex istência ele Deu s. •

* Tradução de trechos do livro La Religi611 De111osE-ma il do autor: vald isgrinsteins@catoljcjsmocom.br

1rac/a, do Padre P.A. Hillaire (Editorial Difusión. Buenos Aires, 8" edição, 1956, pp. 2 e ss.)

CATOLICISMO FEVEREIRO 2 0 0 9 -


CenteJ1ál'io - 1 [8J Acabei de ler com grande interesse e proveito o belíssi mo artigo de sua autoria [Gregorio Vivanco Lopes], intitul ado "Dias de glória para comemorar o centenário de nascimento de Plinio Corrêa de Oliveira", publicado na prestigiosa revista Catolicismo de janeiro/2009, da qual sou ass ídu o le ito r e ad mirado r desde 1993. Parabenizo-o pela elaboração do seu magnífico artigo. (P.C.C. -

SP)

nal "Libero", de Roma (4-1-09), com o título: "Família e propriedade Corrêa de Oliveira contra a revolução", de autoria de Piero Menarini: "Plinio Corrêa de Oliveira.foi professor de História, deputado na Assembléia Constituinte, jornalista, escritor ( deixou-nos numerosíssimos preciosos escritos, entre artigos e ensaios ), procurou. executar em todas suas atividades a missão que consistia, com.o dizia, 'em restaurar e no promover a cultura e a civilização católica'. Tendo em vista precisamente este ideal, Corrêa de Oliveira.fundou a 'Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade' (conhecida como TFP e bastante d/fimdida também na Itália). [. .. ] "A sua obra mais célebre é a profética 'Revolução e Contra-Revolução' [. .. ]. " Viveu com tão exemplar e profunda coe rência sua fé-missão, que a 1º de.fevereiro de 1975, ante a sempre mais dif1cil situação da Igreja cató li ca, ofereceu-se como vítima expiatória: 36 horas depois.ficou gravemente ferido em um acidente automobilístico, cujas conseqüências o acompanharam até à morte, em odor de santidade". (N.J.S.F -

Roma)

Cente11ál'io - li [8J Gostaria enormemente de ter parti-

cipado das comemorações do centenário natalício do Dr. Plinio, mas somente não viajei devido a motivos bem graves, entre eles a saúde tão enfraquecida de minha mãe, que depende muito de minha assistência di ária. Mas foi muito prazeroso ler a reportagem concernente e ver as fotos das ocorrências passadas em São Paulo. Peço orações por minha mãe e por mim junto à Imagem Peregrina de Nossa Senhora e jun- · to ao jazigo de Dr. Plinio. (P.N.J. -

MG)

Ce11tenál'io - 111 [8J Da Itália, entre várias publicações relativas ao centenário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e nvio-lhes alguns trechos do artigo estampado pelo jor-

-CATOLICISMO

1

Centenário - IV [8J Como da outra vez, transcrevo um

di scurso do deputado Lael Vare ll a (DEM-MG), como um preito a Plini o Corrêa de Oliveira no decurso do centenário de seu nascimento. O di scurso foi pronunciado no dia 17 de dezembro p.p. na Câmara dos Deputados, onde fez ecoar traços salientes da vida de pensamento e ação do home nageado. (B.M. -

DF)

Nota da redação: [8J A seguir, um resumo do referido di scurso, mas os leitores desejosos de sua íntegra poderão obtê-la no site: www.pliniocorreadeo live ira.info "Sr. Presidente, Sras. e Srs. deputados, no último dia 13 de dezembro, o Instituto Plinio Corrêa de Oli-

veira promoveu na cidade de São Pau.lo comemorações atinentes ao centenário de nascimento de um dos maiores, senão o maior líder católico da Terra de Santa Cruz de todos os tempos. Como dever de justiça, minha oração hoje pretende homenagear aquele que assinalou de ponta a ponta o século XX não apenas como homem de pensamento, mas como incansável lidador por ideais que nunca morreram". [ .. . ] " Há cem anos nascia na capital bandeirante esse brasileiro descendente de duas ilustres estirpes - uma paulista e outra pernambucana que consagrou sua vida à nobre luta em defesa dos princípios da civilização cristã. Sob sua égide se constituiu o maior conjunto de associações anticomunistas de inspiração católica em todo o mundo, sob o estandarte da tradição, família e propriedade. Este grande brasileiro, r. Presidente, meus nobres pares, é I li nio Corrêa de Oliveira". Ao salientar o pape l d Plíni o Corrêa de Oliveira no panor·una brasileiro no século XX, Lael Y<u· lia o qualificou de decisivo, por alertar orientar a opinião públi ca n s 1110111 ntos cruciais da vida nacional. oloc u ênfase nas intervenções públi ·as conlra o agro-reformism , ini ciadas m 1960 com o best-seller Refor111a Agrária Questão de Con.1· iên ·ia, o que impediu a destruição da dinâmica agricultura bras.ileira, ev ita ncl que o Brasil rolasse para o abismo. Referindo-se a P líni o Corrêa de Oliveira e nqu anto pa rl a mentar, Y are ll a evoco u a c riação da Liga Eleitoral atólica (LEC) e a sua eleição em 1934 como o mais jovem e mais votado deputado constituinte, obtendo o dobro de votos do segundo candidato, o ilustre líder político Prof. A lcântara Machado. Plini o Corrêa de Oliveira atuou na constituinte como um dos maiores líderes do grupo parlamentar católico. Depois de rememorar muitos dos predicados de Plínio Corrêa de Oliveira e de sua gesta, o deputado Lael

Yarella pediu a transcrição nos Anais da Câmara dos Deputados da calorosa e fili al homenagem publicada na "Folha de S. Paulo" pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e o conjunto de associações co-irmãs e autônomas constituídas em torno dos ideais de tradição, famíli a e propriedade.

Abismo de desordens [8J Lendo a matéria da rev ista sobre os acontec imentos do a no passado, caiu-me a ficha sobre o quanto a huma nidade caminha de costas para o pl ano divino em relação ao mundo. Pior. Quanto mais caminha, mais vai se afund ando num abismo de desordens e sem as graças divinas. Vamos ver agora, com o Obama como chefe da nação mai s poderosa do planeta. Pelo que e u tenho vi sto nos jornais, estão co loca ndo toda a es pera nça num único homem para a salvação do país, mas a salvação só pode vir do único Deus verdadeiro. Até que um ho mem poderia ajudar nessa salvação, mas desde que e le esteja unido a Deus e d 'E le receba luzes espec iais. M as fora di sso, pode ser uma tre menda decepção para os no rte-ameri canos e para todos os o utros povos que colocaram a esperança num simpl es ser humano. (F.F.T. - RJ) .

Instituto J>CO [8J Fiquei muito contente com a no-

tíc ia da c ri ação do i nstituto Plinio Co rrêa de Oliveira, sob a presidência do Dr. L indenberg. Desde o faleci mento do nosso saudoso Dr. Plini o, eu tinha uma idéia de sugerir alguma fundação ass im . Já estou lendo o livro publicado pelo Instituto PCO e estou gostando muito. Termino dizendo que fiz uma ampli ação do logotipo do Instituto e mandei emoldurá-la, pois julgo que tal logotipo ficou mui to bonito. (M.W.-SP)

Esta revista é 1000 [8J Agradeço de coração pela revista Catolicismo, exemplarmente bem ela-

borada, apresentando matéri as ela melhor qualidade. A matéria que versa sobre a Medalha Milagrosa, A verdadeira história da Medalha de Nossa Senhora das Graças narrada às crianças, contém textos muito interessantes, que demonstram a influência das aparições da Virgem Santíssima no fo rtalecimento da fé, em momentos difíceis da História. Parabéns! Esta revista é l 000. Muito obrigado. (M.G.F. -

AC)

Dois pesos - <luas medidas [8J Sou brasileira, mas meus pais são italianos, e queremos mani festa r nossa indig nação com a inaceitável atitude do ministro da Ju stiça, Tarso Genro, por ter dado abri go como " refu giado político" (sic) ao terroristaesq uerdi sta itali ano o "compa nhe iro" Cesare Battisti. E isto apesar de o governo italiano ter requerido a extradição do cri minoso, que deveria cumprir pena na Itália devido a quatro ho micídi os praticados de modo frio e covarde nos anos 70, sem falar dos roubos cometidos para lucro pessoal. Isto não caracteriza "crime po1ítico", e ainda que tivesse sido praticado por razões políticas, não deixaria de ser c rim e . Além do ma is, Battisti fo i um dos chefes da organização terrorista de extrema-esq uerda Proletari Armati per il Comunismo (PAC), que era ligada a outro grupo terrorista - Brigadas Vermelhas" . Tal criminoso agora, graças a Tarso Genro, sai rá da cadeia no DF e poderá circ ular livremente por todo o território nacional, como qualquer brasile iro honesto. Uma vergonha! Essa atitude obtu sa do ministro da Justiça deixa também em situação constrangedora a diplomacia bras ileira. Para salvar um criminoso, ele rifa até mesmo as boas relações diplomáticas entre Brasil e Itália. Apenas preocupado e m defender um "co mpanheiro" de esquerda, o min istro não se preocupa o mínimo com o Brasil, que ficará prejudicado inclusive nas relações comerciais, hoje tão boas e fraternas. Ainda bem que o governo ita-

liano, em atitude de protesto, convocou seu embaixador. É o mínimo que se poderi a fazer. Além de tudo, é uma fl agrante contradição do mini stro Tarso Genro quanto à sua atuação no caso dos pug ili stas c uban os, E ri slandy Lara e Guillermo Ri gondeaux . Esses dois campeões mundi ais de boxe fugira m durante os últimos Jogos Pan-A mericanos realizados no Rio de Janeiro, e pediram as ilo político no Brasi l. E les queriam apenas viver e trabalhar fora de Cuba, onde eram oprimidos pela ditadura de Fidel Castro. Apesar de ambos os atletas formularem um justificável pedido de a.silo, e, muito diferentemente do terrorista ital iano, não serem criminosos, Tarso Genro negou categoricamente a solicitação e os deportou abruptamente para Cuba. Tal gesto do ministro da Justiça foi realmente de companheiro "muy a mi go" ... de F idel, que arr uin o u e favelizou Cuba, antigamente tão bela e próspera, hoje "propriedade privada" dos irmãos Castro. (G.T. -

RS)

www.catolicismo.com. br i:gJ Eu adorei a hi stóri a de Nossa Senhora de Guadalupe. Fique i e ncantada com os mil agres narrados. Parabéns para os c riadores do site ele Catolicismo.

(B.N. -

SP)

Luz em meio às trevas [8J Muito obri gada pelo esc larecimento a respeito dos males do comuni smo. Vocês são verdadeira lu z em meio às densas trevas em que o mundo se encontra. Bendita sej a a Virgem Mari a! (B.M.P. -

SP)

Cartas, fax .ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

FEVEREIRO 2 0 0 9 -


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Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Monsenhor José Luiz: já vi alguns comentários seus na revista católica e achei muito interessante sua explanação, além de ser muito coerente. Sou católico praticante, porém ultimamente estou passando por uma crise de fé. Não posso aceitar o dogma do inferno eterno. Se existisse uma punição eterna, como afirmam muitos membros da Igreja, Deus não poderia ser infinitamente misericordioso. Como Deus deixaria alguns de seus filhos serem punidos por toda a eternidade, com sofrimentos indefiníveis, devido a momentos limitados de erros em suas vidas? Ora, assim temos que temer Deus. Seria difícil amá-lo puramente, tendo esse medo do inferno que há tanto tempo foi pregado pela Igreja. A verdade é que nem os membros da Igreja chegaram a um consenso em relação à eternidade das penas, não é mesmo? Além do mais, a palavra eterno, na Bíblia, derivou do hebraico aion, se não me engano, que quer dizer tempo indeterminado. Por isso penso que muitas palavras, na Bíblia, têm que ser tomadas no contexto da época em que foram escritas. Espero vossa atenciosa resposta e agradeço a atenção.

Resposta -A concepção que o amável missivi sta tem dos castigos de Deus em geral , e da punição do inferno em particular, é muito generalizada, pelo que sua consulta nos proCATOLICISMO

picia uma ocasião para esclarecê-la. Com efeito, muita gente pensa que os castigos de Deus são uma mera questão de justiça: "errou, pagou! ". E, em certos casos - ao arbítrio do juiz implacável - a pena eterna do inferno! Essa concepção tem algo de verdadeiro, porém não vê o problema na complexidade de seus aspectos, e sobretudo não vai ao fundo da questão.

Em Deus, Justiça e misericórdia se osculam Deus é, sem dúvida, um juiz implacável, que não deixa nenhum erro sem correção; mas, ao fazê-lo, tempera o seu castigo com a misericórdia.

Na sua sentença final, Deus leva em conta todas as atenuantes do pecador, como também as agravantes. Todas as boas obras por ele praticadas entram na balança, nenhuma delas deixa de ser recompensada com uma diminuição da pena. E, no total, a pena acaba sendo menor do que o pecado praticado. Desse modo, cumpre-se o que dizia o salmista: "A misericórdia e a verdade se puseram face a fa ce, a justiça e a paz se oscularam" (SI. 84, 4).

O pecaclo é uma violação da Lei ele Deus Nessa justa avaliação do "erro" do pecador, convém

deixar claro que o pecado não é um simples erro. É também um erro, mas nele entra, ademais, um desígnio definido do pecador de desrespeitar algum ponto da Lei de Deus, expressa nos Dez Mandamentos. Se esse desígnio não é perfeitamente claro e definido , mas houve apenas um meio consentimento ou uma meia consciência da gravidade da ação que estava sendo praticada, isso entra como atenuante do pecado , que , conforme o caso, pode não constituir pecado mortal mas apenas pecado venial. Assim, a sentença divina para cada homem é se mpre perfeitissimamentc justa, mas

temperada pela misericórdia, como foi dito. De qualquer modo - pergunta o leitor - toda ação humana é limitada no tempo : como pode ser atribuída a ela uma pena eterna? Não há aí uma desproporção de medidas? Isso nos induz a aprofundar a questão e analisar a atitude de alma do homem quando peca.

É o homem quem, primeiro, rompe com Deus Como diz São Paulo, Deus "quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade" (I Tim. 2, 4). Portanto, a vontade divina é de levar todos os homens para a bem-aventurança eterna. Mas pode acontecer - e acontece efetivamente - que muitos homens rompem com Deus no íntimo de seu coração, praticando o pecado mortal, também chamado pecado grave. O que distingue o pecado mortal do venial é exatamente a existência ou não dessa ruptura com Deus. Mas essa ruptura pode não ser definitiva, porque o homem pode arrepender-se do seu pecado, confessar-se, receber a absolvição sacramental, e assim restabelecer suas boas relações com Deus. E muitos homens vão conduzindo desse modo sua vida, oscilando entre o pecado e o arrependimento, até uma vitória definitiva sobre o pecado; ou, pelo contrário, firmando-se cada vez mais na sua ruptura com Deus pelo pecado mortal. Se, na hora da morte, a opção final for pela ruptura, terá sido o homem quem, primeiro, terá rompido com Deus. Nesse

momento Deus aceita essa decisão torpe, e com repul sa o afasta definitivamente de sua presença. O próprio pecador se precipita então nos abismos infernais, porque quer estar o mais longe possível de Deus.

Horror que o homem mau tem do homem vil'tuoso Isso faz parte da nossa experiência cotidiana. Quem já não viu como o homem bom é ridicularizado pelos maus? O menino puro é objeto de escárnio dos colegas impuros; o casal que observa a castidade conjugal é objeto de zombaria dos que vivem na impureza ; por tod a parte , quem observa os mandamento s da Lei de Deu s é tido como "careta", ultrapassado, medieval ... Quem gosta da mú sica rock, por adesão aos princípios errados que ela representa, não suporta qualquer outro tipo de música. Como uma pessoa nessas condições poderá gostar da música celestial? Então, uma pessoa ass im não quer ir para o Céu, pois é bem certo que lá não haverá música rock ... Um ateu desabusado di zia, no leito de morte, que queria ir para inferno, porque lá era o lugar das mulheres bonitas que ele conhecera durante a vida .. . Uma maneira muito clara de manifestar a opção pela impudicícia. E, portanto, pelo inferno. Os teólogos tradicion ais ensinam que mesmo que Deus aparecesse no inferno e propusesse aos condenados levá-los para o Céu, eles não quereriam. Pois as preferências deles seriam para um céu que fo se como novelas de TV, que apre-

Jesus Cristo dirá : "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e os seus an;os. [. .. ) E estes irão para o suplício eterno; e os ;ustos para a vida eterna "

sentassem procedimentos vulgares e torpezas. Um Céu grandioso - magnífico, cerimonioso, casto - , eles o rejeitam. A opção dos réprobos (os condenados ao inferno) pelo mal chega a esse ponto, e explica por que o inferno é eterno. São eles mesmos que não querem ir para o Céu!

"Apartai-vos de mim, malditos, para o l'ogo eterno" Portanto, na cena do Juízo Final, de sc rita por São Mateus (cap. 25, 3 l-46) , é leg ítimo fazer um estudo hermenêutico tomando como base o princípio de que as

palavras "têm que ser tomadas no contexto da época em que foram escritas", como observa o leitor. Mas, sobretu do , deve ser tomado em consideração o contexto teológico da verdade que está sendo analisada. E esse contexto é o da rejeição primeira e definitiva dos réprobos em relação a Deus. Por isso, Jesus Cristo lhes dirá: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e os seus anjos. [. .. ]E es tes irão para o suplício eterno; e os justos para a vida eterna" (loc. cit.). • E-mai l do au tor: monsenhotjoseluiz@catolicismo.com.br

FEVEREIRO 2009

a..


Capa blasfema em revista pornográfica ma revista de baixíssimo nível moral, em sua ed ição mexicana, foi distribuída às bancas no dia em que se iniciavam as cerimônias da Virgem de Guadalupe, padroeira da América Latina. Na capa, exibia uma modelo despida apresentada como Nossa Senhora, com a legenda "Te adoramos Maria". A reação dos católicos mexicano foi imediata. A Playboy Enterprises Inc., responsável pela blasfêmia, ofereceu através de sua sede de Chicago "sinceras desculpas pelo ocorrido". Um especialista brasileiro em marketing comentou: "O fato vive se repetindo. Alguém acredita que os executivos da "Playboy" são tão ingênuos que acabam sempre caindo no mesmo erro ? Desculpas têm que ser acompanhadas de atos de reparação; aí sim, eu acreditaria". •

U

Após 50 anos de castrismo, cubanos gemem na miséria

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50º aniversário da revolução castrista exibiu uma Cuba desfeita, esfomeada [foto], doente, miserável e escravizada. Para que a infeliz população comemorasse o nefasto aniversário, a Argentina doou carne, a qual foi moída - para render mais ... - e distribuída aos açougues do Estado, únicos locais onde a população pode receber alimentos racionados. Durante pelo menos duas décadas não se via carne de boi nos açougues, e ninguém sabia quando haveria novamente - explicou um açougueiro de Havana. 60% dos açougues não têmfreezer para conservar a carne; onde ele existe, não funciona. Raúl Castro anunciou mais sacrifícios à população. Essa é a verdadeira face do país que a Teologia da Libertação e o esquerdis mo tupiniquim apontam como modelo para o Brasil! •

"Diálogo" e "tolerância" socialistas: só para abortistas

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umer?s.º. s grupos_ de jovens pró-vida promovera1:n _pr?t~stos dia~te de cl1111cas abort1stas na Espanha. Segundo o M1111steno da Saude espanhol, em 2007 houve 112.138 assassinatos de crianças não nascidas - um a cada cinco minutos . Enquanto o governo socialista garante a impunidade para o aborto ilegal, hostili za aqueles que o denunciam dentro da lei noti c iou HazteOir.org. Em Madri, a polícia agrediu fisicamente os jovens [foto] que portavam cruzes brancas sobre fundo negro e protestavam na rua diante de clínica Dator - uma das mais ~" denunciadas ante a Justiça, devido às ilegalidades que nela se cometem. A :i:: revoltante brutalidade policial evidenciou uma discriminação inqua lificável: quando os políticos, partidos abortistas e imprensa propugnam o "dialogo" e a "tolerância", isto não vale para os que são contrários ao aborto. •

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"Sapatadas" para líderes mundiais esquerdistas

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"Folha Online" perguntou aos internautas em quem apl icariam, se pudessem, uma "sapatada" como aq uela que quase atingiu o então presidente Bush no Iraque. O presidente pró-comunista venezuelano, Hugo Chávez, alcançou o primeiro lu gar: 45% dos leitores (15.525) queriam atirar-lhe um sapato. Bem mai s que o próprio Bush, que ficou com 11.983. Outro socia li sta extremado, o ditador zi mbabuano Robert Mugabe, ficou em terceiro lugar, com 6% das preferências, seguido pelo presidente esquerdista eq uatoriano Rafael Correa, com 5% (l.983 e l. 839 votos, respectivamente). A "Folha Online" não incluiu entre as opções o presidente Lula ... •

1~

CATOLICISMO

China cada vez mais comunista, apesar das maquiagens governo de Pequim está aumentando sua carga marxista, diminuindo as concessões ao capitalismo e implementando crescente mgerência estatal na economia, denunciou Yasheng Huang, professor do Massachusetts Jnstitute of Technology (MIT), EUA, no livro Capitalism with Chinese Characteristics (Capitalismo com características chinesas). Huang se manifesta pasmo com o fato de os ocidentais acreditarem que a Ch ina se inclina para o capitalismo, devido à simples e enganosa iniciativa do governo marxista em construir arranha-céus em Pequim e Xangai. Isso é uma tapeação, explicou ele em declaração ao "Daily Telegraph". A tese de Huang, em certo sentido, foi corroborada pela decisão da ditadura marxista chinesa de enviar estudantes desempregados para pregarem a doutrina de Mao Tsé-tung aos camponeses, prática consagrada na feroz Revolução Cultural dos anos 60, e que serviu também para eliminar os "inimigos de classe". •

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Pio XII viu quatro vezes o "milagre do sol" no Vaticano Mais de um milhão rezam pela família em Madri

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ultidão de espanhóis afluiu a Madri para participar da "Missa das Famílias" na grande Plaza de Colón, no centro da capital [foto], por ocasião da festa da Sagrada Família. Desafiaram a neve e temperaturas gélidas para homenagear "o modelo da verdadeira família: a Sagrada Família de Nazaré". E manifestaram seu repúdio às tentativas socialistas de ampliar as leis de aborto, divórcio e pseudo-casamento homossexual. A enorme manifestação repercutiu no "Washington Post" e no "Los Angeles Times" dos EUA, e até no "China Post" de Taiwan. Porém, como de costume, a imprensa brasileira fez silêncio sobre ela, pois os grandes espaços midiáticos estavam ocupados pelas arruaças promovidas por grupelhos anarquistas na Grécia ... •

A Terra está esfriando: cientistas corrigem dados falsos

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conceituada revista "National Oceanic and Atmospheric Administration" (NOAA) divulgou 115 recordes históricos de frio no mês de outubro último. O gelo polar ártico está se acumulando mais rapidamente que o habitual, e os especialistas concordam que o planeta não esquentou desde 1995, escreveu Wesley Pruden no "The Washington Times". O meteorologista americano Anthony Watts e o analista em computação canadense Steve Mclntyre denunciaram o Dr. James Hansen do Goddard Institute for Space Studies, por apresentar os dados de setembro como se fossem de outubro, para poder afirmar que outubro foi o mais quente da História ... A NASA reconheceu a falsidade, mas atribuiu-a a informações truncadas fornecidas pela Rússia. Também foram desclass ificados os números para outubro fornecidos pelo contestado International Panei on Climate Change (IPCC) da ONU, outro dos centros que alimentam o pânico do "aquecimento global". •

2008: elevados danos materiais e 238.000 mortes por catástrofes

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Swiss Reinsurance Company (Swiss Re), a maior companhia deresseguros do mundo, informo u que em 2008 as catástrofes naturais mataram mais de 238.000 pessoas. Os danos materiais garantidos por seguros atingiram a cifra de 225 bilhões de dólares. Só 2005, ano do tsunami, ceifou mais vidas: 374.042. Em 2008, os fenômenos naturais mais mortíferos foram o tufão Nargis em Myanmar e os terremotos na China (87.449 mortos) [foto]. A Agência da ONU para os desastres tinha contabilizado até outubro mais de 230.000 vítimas fatais de catástrofes naturais. •

"milagre do sol", tal como ocorreu em Fátima no ano de 1917, diante de 40.000 pessoas, repetiu-se quatro vezes a S.S. Pio XII no Vaticano. O fato está consignado em bilhete manuscrito do próprio Papa e exposto na mostra Pio XII: o homem e o Pontificado, na Santa Sé. "Eu vi o 'milagre do sol', esta é a pura verdade", atestou ele . O fato deu-se em 30 de outubro de 1950, às 16 h, durante o habitual passeio do Pontífice pelos jardins vaticanos, e repetiuse nos dias 31 de outubro, 1º e 8 de novembro do mesmo ano. Teriam sido avisos da Providência no sentido de que era chegada a hora de fazer a consagração da Rússia, nos termos pedidos por Nossa Senhora em Fátima?

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No Kosovo, crescem as conversões ao catolicismo

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as cidades de Kosovo, nos Balcans, estão se edificando novas igrejas católicas [foto] . A quase totalidade dos kosovares se diz maometana. Porém, durante os séculos de opressão islâmica, e depois comunista, muitos kosovares continuaram cultivando costumes católicos. Agora, com a liberdade garantida por tropas ocidentais , eles estão voltando para a Igreja de seus antepassados . 65.000 já se professam católicos, e o número cresce bastante , segundo "The Economist". Na noite de Natal , 38 pessoas foram batizadas na aldeia de Klina, e os pedidos de conversão multiplicam -se em "dezenas de cidadezinhas". A catedral cismática de Pristina está abandonada. O passado de colaboração dos cismáticos com o comunismo é um fator a mais que afasta os kosovares dessa falsa igreja.

FEVEREIRO 2009 -


INTERNACIONAL Duas medidas tentam conter a fome

Radiografando as entranhas da China E feitos desastrosos das leis comunistas, aliados à crise econômica que assola o país, têm levado os dirigentes chineses a tomar rn.edidas que, embora timidamente, voltam um pouco atrás na Reforma Agrária n GREGóR10 V1vANco LoPEs

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hina que "existe" na propaganda é maravilhosa. Grande progresso econômico, as cidades crescem, o campo e desenvolve; tornou-se a terceira economia do planeta, só atrás (por enquanto) dos Estados Unidos e do Japão. Tudo isso sem prejuízo da igualdade comunista e da ditadura do proletariado. Teria sido descoberta a fórmula para o país dos mandarins e ... para o futuro do mundo: o comunismo, com uma pitada de capitalismo controlado! Acontece que, saltando fora desse barco da fantasia semelhante aos que navegam nos pequenos tanques de certos par-

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CATOLICISMO

ques de diversões para crianças, e firmando o pé na dura terra da realidade, o desencanto que se tem não é pequeno. Um pouco da história recente ajuda a compreender a situação atual da China. Em 1949, sob a férula de Mao Tsé-tung, foi abolida a propriedade privada. Nas fazendas, todas elas do Estado, o trabalho tornou-se coletivo, e igualitária a distribuição dos alimentos produzidos. Aquilo que hoje representa as mais fundas aspirações do MST, do PT e da esquerda católica brasileira foi então imposto por Mao. Um pormenor: quem não estivesse de acordo, era morto. Calcula-se que 63 milhões de chineses moa-eram, executados pelo regime ou pela fome. Pela fome, sim, pois um si tema tão aberrantemente contrário à natureza humana só poderia onduzir à mais negra miséria. Foi o que se deu.

Com o desaparecimento de Mao em 1976, os novos senhores da China viram-se obrigados a tomar medidas urgentes para que a fome não acabasse de vez com o país - exceção feita, é claro, dos poucos privilegiados aboletados nas nomenklaturas, conhecidas de todas as nações comunistas. A primeira medida, altamente aberrante, foi a lei do filho único, para evitar o crescimento da população, e com ele a fragmentação das já minúsculas glebas de terras e a expansão da fome. O efeito pavoroso foi que muitos casais passaram a matar seus próprios recém-nascidos, especialmente quando meninas, para terem um único varão. O que não é tanto de estranhar num país de tradições arraigadamente pagãs, agravadas pela imposição do comunismo - um organismo combalido por profunda anemia, que é atacado por terrível infecção hospitalar. A segunda medida consistiu em atenuar um tanto a dureza do regime comunista, procurando assim enfrentar, embora motemente, a principal causa da fome. A camarilha dominante fechou os olhos a ceitas iniciativas - e de algum modo as favoreceu - que permitiam a famílias de camponeses cultivar individualmente uma pequena porção de terra (menos de 1 hectare) e apropriar-se de seus minguados frutos, sem submeterse ao coletivismo no trabalho e na repartição da colheita. Em entrevista difundida pela imprensa, 1 Yan Jim Chang, um dos camponeses que iniciaram o cultivo individual, informou que o fim do coletivismo possibilitou que muitos não morressem de fome .

A Igreja persevera nas catacumbas Em meio a isso tudo, um fato há que não hesitamos em qualificar de miraculoso, e que parece apontar para uma futura conversão da China quando se cumprirem as promessas feitas por Nossa Senhora em Fátima. É a persistência, contra ventos e marés, de um número crescente de fiéis católicos (as estimativas variam de 12 a 20 milhões), que resistem heróica e alegremente às perseguições cruentas. E, talvez o mais difícil, não se deixam atrair pelo cântico sibilino de uma igreja que se diz católica, mas na verdade

serve aos desígnios do Partido Comunista sob a denominação de Igreja Patriótica, a qual procura afastá-los do Papado. A liberdade de culto só existe para os que apostatam e se integram a essa igreja de fancaria. "Falar em alegria numa Igreja continuamente perseguida pelo mais poderoso governo comunista do mundo soa com.o um escárnio ou um.a maldade, em todo caso uma contradição. Entretanto esse é o mistério inato no coração do Cristianismo. [... ] Trata-se de um povo ao qual se negam. os mais fundamentais direitos humanos e a liberdade religiosa, mas um povo cristão triunfante no coração e na alegria".2 Deve-se ressaltar ainda que o povo chinês é muito dotado, de modo que, se lhe fosse dado desenvolver seus predicados naturais no ambiente favorável de uma civilização cristã, poderia alcançar um alto grau de elevação, para o bem do país e do mundo todo. Sua arte em miniaturas, suas construções, seu vestuário colorido, sua propensão para a filosofia, sua capacidade guerreira e seu folclore o atestam. A brutal compressão que o comunismo exerce sobre esse povo impede-o de manifestar as potencialidades que lhe são próprias.

Capitalistas socol'l'em o comunismo chinês Foi dentro desse quadro de opressão social-econômica-religiosa que começou a operar-se um fenômeno inusitado, que as gerações futuras terão dificuldade para entender e explicar. Altos representantes do próspero capitalismo ocidental passaram a investir dinheiro, bens e tecnologia na China, em proporções fabulosas, como nunca antes ocorrera num país estrangeiro, sem exigir como contraprutida a mudança do regime comunista que oprimia o povo. Pior ainda, os que empreendiam essa avassaladora transferência de capitais pareciam sentir-se inteiramente à vontade no convívio com o totalitarismo marxista. Na realidade, tal política de favorecimento do comunismo chinês fora iniciada muitos anos antes, ainda em plena era Mao Tsé-tung, pelo então presidente norte-americano Richard Nixon, com a chamada diplomacia do ping-pong e a visita que fez ao FEVEREIRO 2009 -


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déspota amarelo, com o qual 'manteve conversações amigáveis. "Telespectadores estupefatos no mundo todo viram Nixon assistir a um balé chinês repleto de propaganda comunista e aplaudi-lo calorosamente no final". 3 As conseqüências desastrosas dessa visita foram lucidamente percebidas e profeticamente apontadas na ocasião por Plinio Corrêa de Oliveira. Vejam-se por exemplo seus artigos publicados na "Folha de S. Paulo": Simples, claro, terrível; e Entrando najungle - respectivamente de 27-2 e 5-3-1972.

As duas CJJinas: a industl'iaJJzada e a camp011esa A inversão fabulosa de capitais no antigo império da dinastia Ming teve como conseqüência a formação de duas Chi nas. Uma urbana, altamente industrializada - correspondendo ao leste chinês, onde se situam Pequim, Xangai e Cantão -com operários ganhando salário de miséria, praticamente um trabalho escravo, mas capaz de produção em massa de eletrônicos, roupas, móveis, etc. Exportados em grande escala, o Ocidente foi inundado assim com tais produtos. Um certo arremedo de propriedade privada foi então permitido aos habitantes das cidades, com possibilidade de negociar os direitos sobre seus imóveis e oferecê-los como garantias de financiamento. No Ocidente, jornalistas, economistas e políticos não cessavam de tecer loas ao "desenvolvimento chinês", ao "modelo chinês", ao "milagre chinês", etc. A outra China - a das aldeias, a dos camponeses, constituindo a maioria da população (por volta de 800 milhões) - continuava na miséria, sendo os felizardos os que conseguiam comer regularmente. Muitos enfrentavam as restrições existentes para qualquer deslocamento e escapavam para as cidades, na tentativa de conseguir um emprego, pois mesmo o "salário de miséria" nas indústrias era preferível à vida no campo, com trabalho de sol a sol, sem propriedade e sem futuro , escravos do Estado comunista. Em 2007, a média líquida anual per capita dos camponeses foi de US$ 590, enquanto para os moradores da cidade foi de US$ 1.970. A disparidade entre as duas Chinas foi crescendo assustadoraCATOLICISMO

mente. Era grande o número de revoltas seguidas de repressão policial violenta e implacável, pouco noticiadas pela mídia ocidental. Mas a situação foi se tornando insustentável. Ademais, numa nação em que, por força do regime comunista, todos dependem do Estado, "a rede de proteção social do país está em frangalhos, com as famílias recebendo uma escassa ajuda governamental para educação, assistência médica e aposentadoria. Os custos médios de permanência num hospital equivalem a dois anos de salário para o trabalhador chinês médio". 4 A isso se soma a enorme corrupção financeira que assola o país. Só nos primeiros 11 meses de 2008, "auditores constataram que 57 bilhões de yuan (8,4 bilhões de dólares) foram 'desviados ou embolsados' por.funcionários públicos ou por empregados nas agências e companhias governamentais, informou Liu Jaiyi, auditor geral do Escritório Nacional de Auditagem ". 5

A rncessão econômica que atinge o mm1do As dificuldades se acentuaram com a crise e a recessão econômica mundiais, cujos efeitos na China vêm sendo desastrosos. Vi vendo sobretudo da exportação, uma vez que o mercado interno tem poder aquisitivo quase nulo, a China sofreu um a diminuição drástica de seus recursos financeiros, pela di minuição das encomendas no exterior e pela falta de financiamento. Grande número de fábricas teve de fechar. Mais de 68 mil pequenas empresas entraram em colapso, e calcula-se que 2,5 milhões de empregos foram extintos em 2008. A situação urbana tornou -se caótica em muitos lugares. Contam-se por dúzias os protestos envolvendo milhares de trabalhadores, que interditam ruas e estradas, invadem fábricas e lojas. A crise econômica rapidamente se transformou em crise política. O governo, em muitos casos, está pagando salários atrasados para evitar motins. Ao mesmo tempo, colhe as impressões digitais dos líderes e manda colocar grandes cai:tazes em lugares estratégicos, com ameaças de punições a quem de obedecer às autoridades, incitar revoltas ou "reunir-se ilegalmente". "Stephen Roach, presiden te do Morgan Stanley Asia, diz que I e-

quim está agindo como se estivesse 'em pânico ', sugerindo que o crescimento da atividade econômica talvez já tenha caído para abaixo dos 8%, que os observadores chineses .fixaram como sendo o nível necessário para manter sob controle a insatisfação social no país. [... ] Os estatísticos a serviço do Estado vêm adulterando as c(fras oficiais, para atender aos interesses do Partido Comunista". 6 "Os Líderes chineses estão em pânico devido à crise e ao desemprego. [... ] A crise atinge especialmente os 120 milhões de trabalhadores que migraram do campo e se concentraram nas grandes cidades". 7 Em reunião do Politburo (os 25 membros mais influentes do PC chinês), o presidente Hu Jintao (à direita na foto) alertou para o fato de que a crise econômica está "pondo à prova o domínio do Partido Comunista". 8 Uma "Reforma Agrária" às avessas Acuada, a camarilha governamental resolveu desapertar um pouco mais o laço em torno do pescoço da sofrida população cio campo. Inclusive para tentar criai· um mercado interno pelo aumento, ainda que modesto, do poder aquisitivo ela população. É uma Reforma Agrária ao contrário daquela que está sendo feita pelo presidente Lula. A brasileira vai do capitalismo em direção ao comunismo, da propriedade privada rumo ao coletivismo agrário. A ela China, que já conheceu o fundo cio poço com uma Reforma Agrária radicalmente comunista, agora dá uns poucos passos de volta atrás, em direção (timidamente) ao capitalismo. Não se trata, porém, ele restabelecer a propriedade privada no campo chinês. A intransigência comunista dos líderes não o tolera. Trata-se apenas de permitir que os camponeses arrendem a terceiros as terras em que trabalham, ou mesmo transfiram o direito ele uso ela terra. A medida permite a concentração agrícola numa única unidade e a conseqüente mecanização do campo. Muitos cios camponeses de Xiaogang, na província de Anhui , começaram a ceder os direitos ele exploração ela terra para terceiros, recebendo em troca mais do que conseguiriam se cultivassem o terreno diretamente. O jornal oficial do Paitido Comunista9 cita o caso de 10 camponeses que arrendaram um total de 18 hectares para uma empresa ele criação ele porcos. Outra vintena de famílias de Xiaogang e vilas vizinhas arrendou as terras em que trabalhavam para Yan Deyou, que formou uma "fazenda" de 13,4 hectares e nela cultiva uvas. Muitos dos camponeses que aiTendam a terra são co ntratados para trabalhar nos mesmos locai s em que antes cultivavam o lote. Com isso eles ganham duplamente: pelo arrendamento e pelo trabalho que fazem.

O objetivo é modernizar a produção agrícola, até agora estagnada. Entretanto, como tudo qu anto se passa por detrás da cortina de bambu, são desconhecidos os termos exatos do que foi realmente aprovado: "O governo chinês oficializou neste domingo uma histórica reforma no sistema agrário do país, que permitirá aos camponeses troca,; transferir e alugar os direitos de exploração da terra em que produzem, ainda que a posse continue nas mãos do Estado. A medida havia sido anunciada pelo Comitê Central do Partido Comunista no último dia 12 de outubro. [... ] O documento que oficializa a mudança não dá detalhes de como funcionará o novo sistema". 1º A incógn ita permanece. Ainda com o objetivo ele tender a uma situ ação um pouco menos antinatural , que desafogue as pressões internas e evite para o país a catástrofe, o governo tem suspendido, cá e lá, a aplicação ela lei imoral e desastrosa do filho único, pois "a supressão da fertilidade está produzindo uma enorme debilidade, que pode minar a economia chinesa nos anos vindouros" . 11 As novas medidas que os diri gentes chineses vêm tomando, pression ados por uma situação insustentável e por revoltas crescentes, são apenas paliativas. Tentam contornar os problemas, ora por pequenas concessõe , ora pelo uso da força. Mas não se nota nada em sua atitude que tenda a um verdadeiro abandono dos princípios com uni stas que regem a nação, e que são a causa profunda dos males que a assolam. De qualquer modo, uma perspectiva parece delineai·-se pai·a um futuro bem próximo: o desabar estrepitoso do mito de uma China comuno-capitalista próspera e potência cio século XXI. • E- mai I do autor: gregorio@catolic ismo.com.br

Notas: 1. "O Estado de S. Paulo", 26- 10-08 2. Agência Zen it, 9- 11 -08 3. Wan·en l. Cohen, Nixon na China, 111om.en10 decisivo na f-li st6ria mundial , in "eJo urn al USA" - Rev ista Eletrôn ica do Departamento de Estado dos EUA, ab ril de 2006 4. "O Estado de S. Paulo" , 4-1-09 5 . " Asia News/Agen c ies" , 30- 12-08 6. David Pill ing, do "Fi11.ancial Tim es", rep rod uzido pela "Fo lh a de S. Pau lo", 15- 11 -08 7. " Asia News", 27- 11 -08 8. A in fo rmação vem de Beijing, da agência estatal chinesa Xin hua, transcrita pela Reu te rs (http://www.reuters.co m/arti c le/ gc06/id USTRE4AT05S2008 l l 30) 9. "Chin a Daily", 9- 10-08 1O. ANSA , 19- 10-08 ; sublinhado nosso 11 . MercatorNet, Vi ctoria (A ustrália), 26- 11 -08

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A imlispe11sável a11álise racional A remini scência daqueles dias vividos por Sissi (apelido fa miliar da imperatri z austríaca), de glória e alegri a, de elevação e bondade, de consonância amigável e amorosa entre as ela. ses soc iais, e como ar fresco a pe netrar e m nossos pulmões, satu rados da "fumaça de Satanás" que empesta até os meios católicos. Mas a esse primeiro elã da alma seguese a análise racional. O espíri to humano é l{O MY feito de tal modo que, para sua segurança e S HNE IDER firm eza, prec isa es ta r be m alicerçado na razão e na lógica aquilo que ele admira ou odeia. E aí vem a pergun ta: Tem sustentação na rea lidade o que o filme sobre a Sissi apresenta? E a res posta, à primeira vista, parece ser decepcionante.

ecente mente um ami go emprestou-me e m DVD um fil me da década de 50 sobre a Imperatri z Eli sabeth da Áustri a (1 837 - 1898), a famosa Sissi, esposa de Fra ncisco José. O sucesso estrondoso co ndu ziu a um segundo e depois um terceiro filme, abrangendo a vida da Imperatri z. O filme nos faz imergir nas magníficas cerimôni as da corte vie nense, na beleza esfu zia nte dos trajes, nos modos aristocráticos e profundame nte afetivos da nobreza do século XIX, no entu sias mo do povo por seus soberanos, na amável e despreocupada vida dos camponeses austríacos. ,e]?%(" A atriz, a Sissi e o Império Tudo isto é suma me nte atraente para Ausuo-llú11garn nós, neste século in fe liz, em que os chamados "direitos humanos" vão coarctando as Comecemos pela atri z Romy Schneider li berdades autênticas; e m que uma legislaque, com enorme arte, graça e beleza, reção "antidi scriminatóri a" avilta as cl asses O LLECT I O , presentou a im peratriz. Como transcorreu a sociais e as raças, em aras a um igualitarissua vida? Após seguidas des ilu sões e tra umo antinatural; em que uma propaganda demas morais, atormentada, afundada no álsenfreada das aberrações sexuais vai conspurcando os corpos cool e nas drogas, fo i encontrada morta aos 43 anos de idade. e as mentes; tudo concorrendo para que nos sintamos opresMas se ass im fo i a atri z, como fo i a vida da própria Sissi? sos por uma "austera, apagada e vil tristeza", como a definiu Outra desilusão ! Imperatri z da Áustri a, Rainha da Hungria, Camões. uma das mulheres mais fin as, charmosas e deslumbra ntes que

SISSI

o mundo já conheceu, entretanto foi infe li z no casamento, sofre u sérios problemas de saúde, passou a viajar sem desca nso para li vrar-se das depressões, e acabou assassinada na Suíça pelo punhal de um anarquista.

O anarquista Luigi Lucheni atenta contra Sissi com um punhal. A imperatriz fale ce minutos depois a bordo de um barco

Co rtejo no dia do casamento de Sissi com o Imperador da Áustria Fra ncisco José CATOLICISMO

FEVEREIRO 2009 -


; Sentindo-se afortunado com aquele pobre clarão, seria capaz de dar voltas, até cair morto, em torno daquele sinal do qual andava faminto. E ei-lo subindo até os campos de luz. Elevava-se pouco a pouco, em espiral, num poço que se abrira acima dele e se fechava debaixo dele. E à medida que subia, as nuvens iam perdendo a sua cor escura de lama, passavam a seu lado como vagas cada vez mais puras e brancas. Fabien emergiu. Foi im.ensa a sua surpresa, a claridade era tal que o ofuscava. Teve de fechar os olhos durante alguns segundos. Nunca imaginara que de noite as nu.vens pudessem ofuscar. Mas a lua cheia e todas as constelações transformavam-nas em vagas deslumbrantes. A<lmirnr é preparnl' No mesrno instante em que a alma para o Céu emergia, o avião recuperou subitamente a calma, uma calma que paA resposta, entretanto, é alentarecia extraordinária. Nenhuma dora; mais ainda, ela é angéli ca e onda o fa zia inclinar-se. Como um mesmo divina. O que existe nesta barco que transpõe o dique, entraTerra de belo, verdadeiro e bom é va em águas reservadas. Encontrareflexo de uma realidade superior, va-se num canto do céu ignorado e que Deus criou para os que O amam, escondido, como a baía das ilhas e que e ncontraremos plenamente bem-aventuradas. Abaixo dele, a desabrochada no Céu . Aqui na Tertempestade constituía um outro ra, esses aspectos sublimes, que esmundo de 3 mil metros de espessupelham a Deus, e ncontram-se mi sra, percorrido por rajadas, por turados com o horrendo, o mau e o trombas d'águ.a, por relâmpagos, errado, por efeito do pecado ori gimas oferecia aos astros umaface de nal e dos pecados atuais dos hocristal e neve. mens, e também pela ação diabóliFabien tinha a sensação de ter ca que tudo quer corromper. chegado a limbos estranhos, pois tudo Pode haver épocas em que as sese tornava luminoso: as suas mãos, o melhanças com o Céu predominem, seu vestuário, as suas asas. (. .. J e outras em que os reflexos do InAquelas nuvens, abaixo dele, referno nos flagelem, como a atual. Santa Teresinha do Menino Jesus: fletiam toda a neve que recebiam da Mas em qualquer tempo existirão os "Por cima das nuvens o céu é sempre azul" lua. E também as da direita e da esdois mundos - o do belo e o do querda, altas como castelos. Corhorre ndo - muitas vezes mesclaria um leite de luz, em que a tripudos. Felizes aq ueles que souberem lação se banhava. [. .. ] Mil braços obscuros o tinham largado. distingui-los, para detestar o feio e admirar o belo. Mais ainTinham-se quebrado as cadeias, como as de um prisioneiro da, para serem lutadores e m favor do bem e da verdade, conque deixam caminhar só, por um instante, entre .flores. 'Belo tra o mal e o erro. demais', pensava Fabien, enquanto vagueava no meio de esOs que se e ncantam com a beleza, a verdade e o bem onde trelas amontoadas como um tesouro" (Antoi ne Saint-Exupéquer que eles se e ncontrem, esses preparam suas almas para o ry , Vol de Nuit, Gallimard, 1972). Reino de Deus.

E o Impéri o Austro-Húngaro, palco de tanta elevação e tantas maravi lhas, o que foi feito dele? Como diz o hino das Congregações Mari anas, "o averno ruge, e11furecido, altar e trono quer destruídos". Vítima de complôs revolucionários, o último império dos Habsburgos soçobrou com a Primeira Guerra Mundi al, sendo oficialmente dissolvido pelo Tratado de Versalhes, em 1918. F ica a pergunta pungente: todo aquele esplendor, ali ado àq uela superior bondade, não passa de uma quimera? A realidade nua e cru a é este horror que vemos hoje esbaldar-se por toda parte, fazendo caretas para os que timbram em ser fiéis à ordem e à hierarqui a?

A parábola do escritor Saint-Exupéry O escritor e av iador fra ncês Saint-Exupéry (1900-1944) descreve simbolicamente essa procura do sublime, colocado acima das misérias desta Terra. Imagina ele um aviador (Fabien) voando em meio a uma tormenta que parece arrastá-lo para o sorvedouro: "E foi num momento destes que algum.as estrelas brilharam sobre a sua cabeça, num rasgão da tempestade [. ..]. Sua fome de luz era tal, que Fabien subiu. [. .. ] Sofrera tanto em busca duma luz, que já não largaria mesmo a mais co11fusa.

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A mais acertada conclusão desta "visão" não nos é dada, porém, por Saint-Exupéry - cuj a imagem simbólica permanece no terreno natural - , mas sim , em palavras singelas, por Santa Teresinha do Menino Jesus: "Por cima das nuvens o céu é sempre azul". E para a carmelita de Lisieux, este Céu que paira sobre as nuvens é o Céu dos Bem-aventurados. •

IN MEMORIAM

Luiz Nazareno Teixeira de Assumpção Filho (1931-2009)

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o dia 17 de janeiro último, desc ia ao túmulo sob int.ensa c huva, no cem ité ri o da Co nsolação, na cap ital paulista, o co rpo de Luiz Nazare no Teixeira de Assumpção Filho. Falecera no dia anterior, de fa lência múltipl a de órgãos, ass istido pelos Sacramentos da Santa Igreja, cercado de amigos e companheiros e tendo recebido a bênção papal. Irmãos de ideal, representando e ntidades de vários continentes, di scur aram junto ao túmulo, enaltecendo o falecido: do Brasil, Paulo Corrêa de Brito Filho, pela Associação dos Fundadores (D iscípul os de Plínio Corrêa de Oliveira); pela América hispânica, Carlos Federico Ibarguren; pela América do Norte, Raymo nd E. Drake; pela Euro pa, Beno1t Bemelmans. Seu corpo fora velado durante a noite anterior na sede do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, à rua Maranhão, no bai rro de Higienópolis. Foi inumado na mesma sepu ltura em que se e ncontram os restos mortais de Plínio Corrêa de Oliveira e de sua mãe, Dona Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira. Reunia-se assi m, no sepulcro, o discípulo ao mestre e àq uela senhora que tanto o amparara. Inesperado encadeamento de circunstâncias e gestos generosos de am igos e parentes tinham levado à abertura da referida sepultura para receber seus restos mortais. Para seus compan heiros de luta, tal reunião postmortem revestia-se de alto significado simbóli co: era um aceno da Providência divina confirmando um vínculo de tantas décadas, estabelec ido no amplo campo de batalha em prol da Igreja e da Civilização Cristã. Coroas de flores foram envi adas por fa mili ares e amigos, bem como pela Associação dos Fundadores , pelo Instituto Plínio Corrêa de Oliveira e por entid ades co- irmãs e autônomas de 16 países: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, Inglaterra, Irlanda, Itália, Paraguai, Peru, Polônia e Portugal. Sob a direção de Plinio Corrêa de Oliveira, foi Luiz Nazareno um dos co-fu ndadores, em 1960, da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, cuj a atuação ideológica marcou o Brasil contemporâneo. Essa influ ênci a de Plínio Corrêa de Oliveira continua viva e pujante nos e mbates em prol da Civilização Cristâ. Luiz Nazareno nasceu e m São Paulo a 13 de junho de l 931. Aluno do Colégio São Luiz, dos padres jesuítas, tornou-se congregado mari ano sob a direção do Pe. Walter Mariaux S.J., ex-secretário mundi al das Congregações Marianas. A partir de 1949, passou a integrar o grupo constituído por ex-colaboradores de "O Legionário", órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, que fora dirigido por Plínio Corrêa de Oliveira. Com a fundação do mensário Catolicismo, em 1951, a mesma

Luiz Nazareno no "ambiente" que lhe era próprio, em seu apartamento de Higienópolis

"famíli a de almas" passou a ser conhecida como "Grupo do Catolicismo". E assim foi até a fundação da TFP, em 1960. Membro de ilu stres famílias paulistas de "q uatrocentos anos", Luiz Nazareno, consc iente do valor de seu berço, abraçou com desprendimento e abnegação o elevado ideal que animou sua vida. Honrando sempre sua origem autentica mente paulista e tradicional, dedicou-se inteiramente em favor da Santa Igreja e da Civilização Cristã. Seu desejo e sua esperança foram continuame nte centrados em manter íntegro o idea l representado por Plínio Corrêa de Oliveira. Em meio ao turbilhão e ao caos do mundo moderno, ele despretensiosamente sempre procurava corresponder a essa nobre aspiração. E seus companheiros que tiveram nele um conselheiro e um arrimo em todas as dificuldades, emocionados ass istiram à descida de seu corpo à sepultu ra, onde já se encontravam aq ueles que personificavam, um o seu idea lismo, e a outra seu maternal amparo. FEVEREIRO 2009

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mesa, os j ovens católicos com sua modesta compostura. Termin ada a refei ção, Lui z Nazareno, com um sinal imperativo do dedo indicador, chamou os garçons. E les hes itaram , cessando o sorri so sarcásti co . Não esperavam aque la atitude, e j á inseguros fora m até ele, que lhes reprovou diretamente o procedimento. Ca lados e intimidados, nenhum ousou olh á- lo e m face. Sua condição ele católico era um tesouro que ele portava com seri edade e coragem contra os que pudessem imaginar que ela estivesse conde nada pelo delíri o dos novos modos sorbonnianos de ser. Lui z Nazareno hauriu em Paris, para onde sua famíli a o enviara ainda muito j ovem , suas características mane iras de ho mem de salão, na qu ais fo i confirmado e apoiado por Plínio Co rrêa de Olive ira. E até o fim permaneceu estreitamente ligado, po r laços de profund a admiração, à c ultura francesa. Se u coração nunca se apa rto u daque la Pari s que conhecera no início dos anos 50. Sofri a com as mudanças que abalaram a capital francesa, o desbragamento dos costumes, a vul garidade crescente. Costum ava mostrar nos jardins das Tulheri as, junto à rue ele Rivoli , um ba nco de ped ra no qual certo dia se sentara; ao retornar à mesma c idade posteriormente à sua juventude, lame ntav a desolado a desfig uração infli gida pela " modernidade" à Cidade Lu z. Lui z Nazareno não foi um espec ialista, no sentido científi co do termo, e m nenhuma atividade ou tema. Fez seu um con-

selho de Plínio Corrêa de Olive ira, segundo o qual "devemos conhecer como ninguém aquilo que todos conhecem ". A crise religiosa pós-conciliar, a escalada do anarquismo explodido na revolução da Sorbonne, a penetração do relativi smo materialista tirnram gradativamente da sociedade o bom-senso, fruto daquele fundo de sabedoria cristã, até há pouco comum à maioria dos homens ocidentais. Tudo aquilo que os séculos tinham formado, como a razão de ser da sociedade, foi abalado por revoluções silenciosas ou ruidosas, mas sempre fe rozmente agressivas contra a sabedoria cristã. As novas gerações ressentem-se dessa imensa crise contemporânea. É preciso ampará-las no percurso dos caminhos da vida. Favorecido por agudo senso psicológico, Lui z Nazareno as sustentava com penetração e acerto. Se é verdade que seu papel não foi o de se dirigir à generalidade dos homens através ele livros e rutigos, é verdade também que seu ampru·o aos que constituem o contingente contra-revolucionário serviu para fo1tifi car as muralhas de defesa em face dos vagalhões provenientes cio mundo moderno e das mutações brutais. Lutou com vigor cavalheiresco pela salvaguarda dos princípios católicos na sociedade temporal, consubstanciados no lema Tradição Famíli a e Propriedade, do qual fez o princípio orientador de sua ex istê ncia. Na campa be ndita que e le visitou incontáveis vezes, seu corpo repousa em me io àque les que ele mais amou no seio da Santa Igreja Católica Apostólica Ro mana. •

Missa de corpo presente de Luiz Nazareno na igreja de Santa Teresinho em Higienópolis, na capital paulista

Luiz Nazareno com Plínio Corrêa de Oliveira , acompanhando a Imagem Peregrino de Nossa Senhora de Fátima em visita ao Brasil

Paulista tradicional, cuj a cortes ia era marcada pelos áureos te mpos da e legância dos salões, acrescentava à afabilidade de trato a elevação de pensamento. Sempre atento aos acontecimentos eclesiásticos ou c ivi s, nac ionais e de outros povos, seu notáve l senso hi stóri co e psicológico o levava a ve r os fa tos co nte mp o râ neos e m s ua dim e nsão sacra l, ne les di scernindo conseqüê ncias ou imagens de passados eventos, be m como prenúncios do futuro . Os movimentos humanos, os rumos da soc iedade moderna, os episódios da vida dos povos eram por e le anali sados com fund amento na moral católica e no destino eterno dos home ns. Lui z Nazareno po uco escreveu; não de ixa li vros nem estudos diri gidos ao grande público. À dife rença de tantos outros de seus companheiros, auto res de livros, artigos e reportagens, dirigiu-se diretamente à opini ão pública so mente raras vezes. Foi, sobretudo, um home m cató lico de salão, es merando-se na convivência com os seus. E nquanto tal, dedicou- e a tonificar e m seus companhe iros os princípios da Contra-Revolução. Fazia-o com profundidade e arte, a começar pelos ambientes que compôs para si. Aque les nos quais residi a, trabalhava e recebia, espelhavam a decoração nobre, sóbri a e acolhedora da São Paulo de outrora. Naquela atmosfera - na sua atmosfera - a primeira impressão que o visitante tinha era de grande recolhime nto. Até mesmo a luz parec ia passar por re-

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CATOLICISMO

frações própri as, tami sacla por voiles, cortin as ou vitrais mes mo s imples, mas de bo m gosto - c uj o efe ito era de aprazível recolhimento. Um suave odor, mi sto de fragrâncias de madeiras de le i ele seu mobili ário, ele uma limpeza esmerada, de fl ores postas junto a alguma imagem de Nossa Senhora, de um chá há pouco degustado, embalsamava o ar de seus gabinetes envoltos em di stinção, pl acidez e quietude ... "com

uma pontinha de melancolia, como devem ser os arnbientes católicos existentes dentro da Revolução" , dizia P línio Corrêa de Oli veira, comentando um de seus cômodos. Tratando de temas da atualidade, preparando uma campanha pública da TFP - da qual foi diretor - ou sustentando me mbros atuantes de associações co-irmãs de outros países, ele tinha o dom, ao receber, de faze r seu visitante sentir-se di stante das agitações e da vulgaridade de nosso século. Residi a nele um senhor patri arcal, embora de suaves maneiras. Esse senhor impunha-se com naturalidade, pois todos percebia m naque la alma pu ra o res peito ele si própri o e dos outros. Su a e levação de espírito e de conduta se impunha. Certa vez, qu ando pairava ainda nos ares a virulê ncia igualitári a da revolta da Sorbonne, em 1968, jantava com seus convidados num bom restaurante de São Paulo. Dois garçons, com a pseudo-superioridade que julgavam ter, proveniente do requinte do restaura nte, começaram a comentar ac intosamente os membros da FEVEREIRO 2009 -


O índio deve ser assimilado pela civilização, e não segregado Ü s indígenas desejam progredir, querem educação e saúde, mas os neomissionários tribalistas desejam obrigá-los a viver selvagemente em reservas, onde são explorados por ONGs estrangeiras

N

ascido em Joinville, SC, Dr. Raul Gouvêa é doutor em economia pela Universidade de Illinois, EUA. Filho de militar, em sua infância e juventude viveu em várias localidades do Brasil. Hoje, aos 50 anos, é professor de Negócios Internacionais, diretor do Departamento FIT (Finanças, Negócios Internacionais e Tecnologia), diretor de Desenvolvimento Econômico e Empreendedorismo Indígena da Anderson School of Management, da Escola de Negócios do Novo México, EUA. Foi por alguns anos consultor do Banco Mundial. Dr. Raul Gouvêa concedeu uma entrevista a nosso colaborador Nelson Ramos Barretto, por ocasião da Ili Conferência sobre

Empreendedorismo Indígena nas Américas, realizada em Manaus nos dias 22 a 25 de julho de 2008 . *

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Catolicismo - Como e quando surgiu seu interesse pela questão indígena? Dr. Raul Gouvêa - Nossa Uni versidade poss ui um Campus de Estudos Avançado desde o ano 2000 na cidade de Gallup, no Novo Méx ico, c idade que di sta aprox imadamente 190 km da capital do estado, Albuquerque. Tendo eu mini strado por diversas vezes cursos abo rd ando pl a nos de ex po rtação da-

1111111m

CATOLICISMO

IJt: Raul <Jou vêa: "A questão indígena é mais uma faceta de 110sso /Jrograma ele empreendecloâsmo. Foi a partir <leia que nasceu o interesse em realizar uma conferência ".

que le estado, e levando em conta que 90 % de nossos a lunos são indíge nas, não tarde i a perceber o gra nde interesse de les pelas qu estões empreendedoras. Um aluno interessou-se por ecoturi smo, outro pelas reservas indígenas, um te rceiro fez o plano de vender sabo netes, fe itos com uma substânc ia ex tra ída de rai z encontrada nas redondezas de Gallup. Este, tend o estud ado e colocado seu sabo nete na cidade de Londres, chegou a levar a le mães em vi sita a uma das reserv as indígenas . Senti que havi a muito espaço para investi ga r a questão do empreendedori smo entre os alunos. E foi e m fun ção de les que idealizei esta conferênc ia, po is queri a que seus partic ipantes vi ssem indígenas e mpreendendo. Precisávamos apresentar um modelo, algué m que ti vesse rea lizado um e mpreendime nto para servir de po nto de refe rência e e mul ação para qu e outros índ ios pudessem di zer: "E u prec iso ser como ele, e u quero seguir o mesmo caminho trilhado por e le" . Vê-se em nossa Universidade - e m parti cul ar no de partame nto qu e dirij o - um esforço muito grande no sentido de se cri ar forças e mpreendedoras dentro do estado do Novo México. Se levarm os e m conta a alta taxa de desemprego das comunidades indígenas ameri canas, comparada com a de outros setores do país, constatamos a necessidade desse esforço. A questão indígena é mais uma face ta de nosso programa de e mpreendedori smo. Fo i a parti r dela qu e nasce u o inte resse em rea li za r uma confe-

rênc ia. A primeira de las ocorreu no No vo Méx ico em 2006, te ndo parti c ipado grupos do Canadá e numerosa delegação da Nova Ze lândi a. Foi a prime ira confe rê nc ia no mundo que tra tou tão-só do te ma empreendedori smo indígena. A segund a teve lu gar em 2007 , e a terceira é esta, e m curso aqui e m Manaus. Catolicismo - Nossos leitores gostariam de saber se as ONGs que trabalham com os índios compartilham essa visão a respeito do desenvolvimento social e econômico deles. O Sr. já fez um levantamento do trabalho delas e de seus objetivos? Dr. Raul Gouvêa - Posso afirm ar qu e al gumas j á estão começa ndo a trabalhar com tal vi são e mpreendedo ra. M as há muitas ONG s qu e expl oram a pobreza do índio, utili za nd o-se de la como cartão de vi sita para arrecadar dinh e iro no exteri or. Corn o não ex iste um questi o namento ma ior no Bras il sobre as atividades de ta is ONGs ne m so bre os recursos arrecadados , esta mos tra ba lhand o para mudar esta situ ação. Deve mos nos desempenhar no sentido de qu e e las apresente m sua co ntabi I idade de modo tran sparente, inc lusive para mostrarm os à população indígena corno elas vê m utili za ndo os recursos obtidos em no me dos índios. E xi ste um sile qu e re lac iona todas as ONGs que trabalham na reg ião amazôni ca. São pág inas e p,'íginas da intern et. Convidei to das e las para esta conferência, e nenhuma marcou presença, como se pode co nstatar aqui . Então, é preciso criar urn a situação de transparênc ia com essas ONGs, que vê m se utili za ndo de nossa Amazô ni a co mo cartão postal para arrecadar dinhe iro lá fora e e mbolsá- lo indev idamente. E tud o fe ito em nome do índi o ... Prec iso sa lie ntar qu e nem todas procede m ass im , não posso ge nerali za r. Catolicismo - Que soluções vêm surgindo como resultado dessas conferências realizadas ao longo de três anos, no sentido de vencer a pobreza dos índios? Dr. Raul Gouvêa - A grande contribuição é faze r com qu e as pessoas co mecem a pensar no te rn a do e mpreendedori smo indígena. Até o mo mento, o Brasil vem condu z indo a po líti ca ass iste nciali sta e m re lação aos índios. Mas é prec iso concede r-lhes autono mia econô mica maio r, para qu e possam e ncontra r outras fo rm as de sobre vivência e desenvolvime nto. Caso contrári o, as comunidades indíge nas continuarão para sempre de pe ndentes de grupos reli g iosos, de ONGs estran geiras e do própri o governo. É prec iso quebra r este c iclo de depe ndê nc ias, a lime ntand o a idé ia de va lori za r o trabalho artesanal do índi o, de procura r ca na is de di stribui ção de

Na foto, alguns dos participantes da Ili Conferência sobre Empreendedorismo Indígena nas Américas (FIBEA, no si gla em inglês)

"ONGs vêm se utilizanclo de nossa Amazônia como carti ío postal para a,recac/a,• dillheil'O Já fora e embolsá-lo ill<leviclame11te. 'J'udo feito em nome do Ílldio ".

suas co lheitas, de seu gado. Enfim , pe lo qu e estej a m faze ndo e produ zindo , cri ar linhas de crédito, va lori za r a parte edu cac io na l, pois sem e la não se resolve nada. E saúd e pública boa. Mas , para se conseguir isso prec isa mos nos valer do seto r privado. Aliás, uma elas grandes inici ativas qu e esto u tentando impl antar aqui é ensej ar que nosso setor priv ado se engaj e ma is nessa di scussão, po is não pode mos fi car ó dependendo do Estado. Catolicismo - O Sr. poderia dar um exemplo no Brasil de cooperação do setor privado para se atingir tal objetivo? Dr. Raul Gouvêa - A Companhia Vale do Rio Doce vem tra balhando nesse sentido junto às comunidades indíge nas no Pará e e m Min as Gerai s. Há o utras e mpresas privadas faze nd o isso, e eu desej ari a qu e o utras co meçassem a desenvolve r esses proj eto s conjuntos. Na No va Zelândi a, na Au strá li a e no Canadá, o campo indígena j á é considerado o qu arto setor econômi co desses res pectivos pa íses, e posso assegurar qu e isso não aco nteceu como fru to espontâneo da natureza. Co m efe ito, e les não reali zari am isso sem o aux íli o de ta is po ntes essenc iais. No mo mento e m qu e se cri a emprego e renda, contribui -se ipso f acto para a harm oni a social. Catolicismo - E para se chegar lá, quais os caminhos a percorrer? Dr. Raul Gouvêa - Em primeiro lugar, faze r um zonea mento econômico das reservas indígenas, ou colocar o Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea) ou outro órgão govern amental para faze r isso. Precisa ser fe ito isso logo, reserva por reserv a. Uma vez conhecido o pote nc ia l de cada uma, poder-se-á desenvo lver o empreendedo rismo. No caso de mineração, por exempl o, e la se dará cedo ou tard e.

FEVEREIRO 2009

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N a verdade, é um marco le g al. É nece ssá rio fa zê- lo logo , po rque ve m ocorre ndo um contrabando desabusado. É preciso le varmos e mpresas sérias a reali zar a mineração nas reservas . Já exi ste m comunidades indígenas qu erendo fazer a mine ração, pois pe rcebe ram que é uma fo nte de renda para e les; igualme nte os plantadores de arroz e m Roraima, onde o s indíge nas desejam trab a lh a r com os fa zel)de iros. Umas das coi sas que ve nho des tacando aqui é a ques tão das parceri as es tratégicas e ntre o seto r privado e as comunidades indíge nas. Ass im , e m vez de conflitos, va mos conve rsar e va mos proc urar somar forças, te ndo e m vista que ex iste uma só Nação que é a brasileira.

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Catolicismo - O que o Sr. pensa dessas imensas demarcações de reservas indígenas em áreas contínuas, que vêm ocorrendo no Brasil? Elas não poderão colocar em xeque a integridade e a soberania nacional? Dr. Raul Gouvêa - Não pode mos in viabili za r a econo mi a de um es tado como Ro raim a, o nde 47 % de suas te rras fora m de marcadas como reservas para os índios. Conside ro isso um a insanidade sem precede ntes no mundo . Prec isam os ter muito cuidado com es te as pecto, po is não se pode estra ng ul ar a eco no mi a de um es tado. Ade mais, não adi anta da r terras para os índi os pe nsando que e les vão parar de rec la mar. O qu e te mos de dar a e les é educação, saúde, c rédito, c ri ar condi ções para fazer germin ar, ílorescer e frutificar seus negócios. Cabe ressa ltar que ne m todo indíge na será e mpreendedo r, mas pode rá ser médi co, de ntista, o fic ia l das Forças Armadas, advogado ; e nfim, brasileiro como nós. O que não pode have r é a lo uc ura de e ntrarmos numa dessas reserv as e o uvir índi os fa la ndo fran cês o u inglês .. . A seg unda língua de les de ve ser o po rtug uês. Eve ntualme nte, eles apre nde rão inglês o u francês como qualque r brasile iro hoje, po is serão profi ss io nais nesse mundo g lo bali zado. Mas constitui um c rime, e c rime de lesa- pátri a, de ixar qu e um a comunidade indígena de ntro de nossas fro nte iras não saiba o portug uês. Catolicismo

O Sr. crê que o empreende-

CATOLICISMO

Paulo e Jurandir, xavantes de Mato Grosso, realizam apresentações culturais indígenas juntamente com mais 15 índios no Brasil e exterior.

"Não po<lemos inviabilizar um estado como Roraima, onde 47% de suas terras foram clemai'Caclas como resen1as para os índios. Consi<lero isso uma i11&111iclacle".

derismo nas terras indígenas não prejudicará a cultura indígena, tão exaltada pelos neomisslonários da Teologia da Libertação? Dr. Raul Gouvêa - Algué m j á di sse, e e u re afirmo : N ão ex iste m j a rdin s a ntropol óg icos. Isso é me ntira. Nossos índios são aculturados, e muitos de les urbani zados. Di zer que precisamos manter o índio pobre, parece brincade ira. Tratase de um a política idiota e para ganh a r dinheiro lá fora. N ós te mos g rupos indígenas iso lados na Amazô nia, mas isso é uma o utra situação . Os grupos não isolados quere m computado r, ce lul ar , ar refri ge rado . Aqui na conferê ncia há um grupo de índios reclamando de problemas surgidos com fe rrame ntas utili zadas na confecção d e se us produtos a rtesana is . E les ainda se utili zam de fe rrame ntas rudimentares, co m as qu ais se fe re m. Enfim , são coisas bás icas que, para nós, nada significam, mas para e les são importantíssimas. As mulhe res indíge nas qu ere m te r seus filhos no hospitais do Exérc ito e ass istir TV via satélite ... Você acha que e les gosta m de ser picados po r insetos? O u e ntão, qu a ndo um de les se machuca e não e ncontra hospital para socorrê- lo? Essa idéia de j a rdim a ntropo lógico não passa de um a idiotice sem no me. Catolicismo - No livro Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira delíneia o lado filosófico e religioso dos defensores do novo tribalismo, que prega, no Brasil, a comunidade de bens. Isso vem ocorrendo em outros países? Dr. Raul Gouvêa - D e form a alguma. Co m efe ito, Ro usseau propagou a idéia do horn selvagem, daquele Shangri-lá fa ntas iado por James Hilto n, o nde os índios vi veri a m numa fe lic idade absoluta. Bas ta olharmos e m nossa vo lta para percebermos que tal fan tas ia não ex iste. O indígena hoje quer uma fe rrame nta de po nta para se desenvolver, como qu alquer um de nós. Já os neo missio nári os tribali stas desej a m a pe rpetu ação d o mundo fant as ioso, qu e não passa de um a pa lhaçada. Onte m, e nco ntrava-se aqui um grupo adve nti sta, de um a comunidade do inte rio r da Amazôni a.

Há muitos g rupos tentand o impo r seu modo de ser e de pe nsar às co munidades indígenas, às vezes contra a pró pria vontade dos índi os. No Novo M éx ico não se vê isso. Os índios lá são todos cató li cos, pois fo ra m colo ni zados pe los espa nh ó is. As mi ssões católicas fi zera m um trabalh o lindo com os índios, leva nd o a c ivili zação até e les. O pe ri go não é a civili zação pregada pelos anti gos mi ssio ná ri os, mas por es tes g ru pos mais recentes vindos de fo ra. Os EU A vão co meça r a explo rar pe tró leo no Al asca. Os russos, os no ru eg ueses e os a me ri canos vão ex pl o rar gás no Pó lo No rte. Então lá se pode tud o, e aqui não pode nad a ! O q ue prec isa ser fe ito aqui é um gra nde zo nea me nto eco nô mico de nossas reservas. Vai des mata r mai s. N a verd ade, o Bras il poss ui gra nde te rritó ri o amazô ni co, e 98% da área do estado do Amazo nas a inda está recobe rta com vegetação natural. A Zona Fran ca de M a naus, cri ada pe los mili tares e m 1967, fo i um a grande contri bui ção para o desenvo lvime nto econô mico da reg ião . A D ra. Fl ávi a G rosso vem realiza ndo um muito bom trabalho e m M a naus. Com visão de eco no mi a suste ntá ve l, e la traz os índi os para Mana us, o nd e apre nd e m a fa zer a rtesa nato , e os le va de vo lta para trabalha r e m suas a lde ias. Prec isamos c ri ar canai s de exportação, co m po líticas de ex portação, coisa fác il de resolve r.

Catolicismo - Qual o saldo desta Ili Conferência em relação às anteriores? Dr. Raul Gouvêa - Es to u e ntusias mado com a confe rê nc ia, po is o tema nos E U A, apesar de novo, j á é muito ass imil ado pe las comunid ades indíge nas. Nosso tra ba lho proc ura tra zer, para o mes mo teto de di sc ussão, inic iati vas que se e ncontram es pa rsas . N ossa co ntribuição fo i cri ar um fó rum pa ra se di sc utir essa te mática. Nos E UA ex istem vá ri as comunid ades com cass inos, balneá ri os; comunidades do Pacífi co, com indústri as el e pesca ele sa lmão bas tante dese nvo lvidas. Para se ter um a idé ia, o BID está co m o lheiros aqui , pa ra de po is con tituir o por/folio de seus e mpreendime ntos no Bras il. Pe rcebe ndo, po r exempl o, pessoas d a Nova Zelând ia que vê m a M a na us para um a confe rê nc ia como es ta, co nstata qu e isto rep rese nta al go impo rta nte.

Como ofi c ial da M a rinh a , ve io para cá e dese nvo lve u muitos proj e tos, te nd o inc lu sive ajudado na co nstru ção do Teatro Amazo nas.

"O in<lígena quer fel'J'amenta de ponta para se c/esemro/11er. Já os 11eomissio11ários tribalistas clesejam a pe,petuação cio mtmclo l'antasioso, uma pai/laçada ".

Manaus é um exemplo de como se pode pro gredir, conjugando vá rias raças com vistas ao engrandecimento do Brasil

Catolicismo - E qual a mensagem que o Sr. apresenta para os nossos leitores? Dr. Raul Gouvêa - M ais cio que nun ca, a de trabalharm os pa ra a cri ação ele a li a nças estratégicas e ntre as comunidades indígenas e a eco no mi a bras ile ira. Irma nados, te mos o bri gação ele faze r do Brasil um país me lho r e sem di visões. Ca be a nós e nco ntrar soluções para nossos pro ble mas, faze ndo o q ue é bo m para nós, e não o qu e os o utros qu e iram nos impo r. N osso. a nte passados fo 1j ara m o B ras il com es te es pírito e sentime nto, caso contrári o não te ría mos o Bras il ele hoj e. Pa ra começar, não teríamos a Amazô ni a. Luta mos muito para c hega r o nd e nos e ncontramos. Mas para continuar ho nra nd o nosso passado g lo ri oso e o legado de nossos a ncestra is, não podemos es mo recer. O B ras il é um país re ligioso, e De us te m nos aj ud ado muito, mas Ele não nos di spe nsa a contribuição qu e nos cabe. Fié is ao legado recebi do, e tra ba lha ndo co m afinco e es pera nça ele um fu tu ro me lho r, esta mos convi c tos ele q ue De us nos da rá a vitó ri a. A hora é c hegad a. Te nh o certeza ele qu e passare mos para a Hi stó ri a com gra nd es fe itos reg istrados para a ecli fi cação ele nossos descende ntes e das gerações futu ras ele nosso Pa ís, tão qu erido por De us. •

Catolicismo - Quem o convidou para realizar esta Ili Conferência em Manaus? Dr. Raul Gouvêa - E u me convidei ... Como te nh o vindo a M ana us com certa freqüê ncia, e te ndo conve rsado com o secretári o ele C ultu ra Ro béri o Braga, e le me apresento u es te es paço. O ec re tári o ace ito u a idé ia sem pes tanej a r. Ali ás, tenh o um pé e m M a naus. M e u bi savô, M a noe l Flori a no Corrêa ele Brito, fo i e mpreend edo r ele muito s ucesso aqui .

FEVEREIRO 2009 -


CAPA

Q uando o direito à vida de

um único ser humano inocente deixa de ser garantido, a vida de Lodos passa a correr risco. Basta ficar incluído na categoria errada.

Eutanásia:

prática •abominável • e cnnnnosa

JOSÉ ANTO NIO U RETA

N

o momento em que escrevo, o canal britâni co de TV Sky Real Li ves está prestes a difundir o vídeo, ao vivo, do sui cídi o cio professor aposentado Craig E wert (foto abaixo), afetado por doença ne urológ ica, num a clínica médica de Zurique espec ia li zada e m assistência aos que decidem terminar com a própria vida. Na Suíça, porqu e na In g late rra o sui cídi o ass istido ainda é crime, passível de uma pena máxim a de 14 anos de pri são para o cúm pli ce. O suicídio de Craig Ewe rt fará parte do doc ume ntári o Right to Die? (Dire ito de morrer?), do c ineasta John Zaritsky , devendo ser ex ibido no horári o de maior audiência, às 2 1 horas. Com essa difu são, o canal Sky Real Li ves desej a pro-

vocar um debate e m torno da eutanásia, e ass im desencadear um processo legislativo que termine concedendo às pessoas da área cl ínica a "permissão para matar".

O caso da italiana Eluana E'nglal'o Debate simil ar convul sion ou a opini ão pública ita li ana no segundo semestre de 2008, após a Corte de Apelações de Mil ão ter autori zado o pai de uma moça de 36 anos a matá- la por inanição, retirando- lhe a sonda que a alimenta. Há 16 anos e m estado de coma, como decorrência de um acide nte de automóvel, a italia na Eluana Englaro não representa ne nhum peso para a famíli a, pois vive numa c línica dirigida por fre iras católicas, que lhe prodigalizam todos os cui dados: sessões de fis ioterapia, passeios em cade ira de rodas, gestos de carinho, etc. Não está ligad a a ne nhum apare lho, sen-

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do ape nas alimentada, à no ite, por uma sonda. A fre ira Albina Corti , res po nsá ve l pe la c línica, afirm a que "a vida de Eluana não se interrompeu. É um mistério, mas ela vive ...". E pode recuperar a consciênc ia, como tem aco ntec ido em casos largamente noticiad os. Privá-l a de comida e de ág ua, como seu pai o desej a e a Corte de Mil ão autori zou, equivale pura e simplesme nte a matá-l a de fo me. O que é um absurdo, considern ndo-se que E luana não está doente, menos ainda em fase terminal, mas simpl es mente desacordad a. Convé m ressaltar que, e m seu caso, ne m se pode fa lar de "alimentação artificial", porquanto seu apare lho digestivo está perfe ita mente em ordem. Ape nas a a lime ntação é admini strada artific ialmente, devido à sua incapacidade de mas tigar e deg lutir. Po r essa razão, nenhum hospita l ou c línica do no rte da Itáli a, públi co ou pri vado, aceito u receber Eluana para infli gir-lhe a morte . Agiram , a li ás, coerentes com o juramento de Hipócrates, até hoje repetido pe los médi cos: "A plica-

rei os regimes para o bem do doente, segundo o meu poder e entendimento, nunca para causa r dano ou mal a alguém. A ninguém darei, por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza à perda". Infe li zmente, a c línica Cidade de Udine acabou aceitando recebe r E lua na para reti ra r a sonda. Mas o Ministro ela Saúde, M auri zio Sacconi , enviou uma circul ar proibindo todos os centros sanitári os d a Itáli a de desco nectar as sondas que alime ntam e hid ratam os pacientes em estado vegetativo permane nte. O braço de f erro entre a fa míli a e os defensores de Eluana ainda continua.

O caso levanta<lo 110 GrãoDucado do LuxeJnburgo M ov ido pe los mesmos sentimentos - e por suas convicções cató li cas, segundo as quais a vida CATOLICISMO

O pai de Eluono Engloro, que brigo no justiço italiano poro aplicar o eutanásia em suo filho

huma na in ocente é sagrada, devendo ser respeitada desde a concepção até a morte natural - , o Grão-Duque Henrique abriu uma cri se constitucional no Luxemburgo, d o qual é o soberano. No início de dezembro de 2007 , anunc iou que não sancionari a um proj eto de le i autorizando a euta násia, aprovado em primeira instância pelo parlamento do Grão-Ducado, por pequena maiori a. O primeiro-mini stro Jean-Cl aude Juncker comunicou que, nesse caso, p romoveri a um a reforma constitucio nal, com vi stas a retirar do Grão-Duque o direito de sancionar as leis (o que implica em avali ar se e las são pertinentes) e limitar sua participação em pro mulgá-las. Acontece que a maioria dos luxe mburgueses parece estar de acordo com seu monarca, em sua recusa de aprova r o projeto que permite a morte ass istida de seus concidadãos. Apesar disso, a Câmara dos Deputados do Luxemburgo aprovou de po is, por 3 1 votos a 26, o projeto de lei que autori za a eutanás ia no Grão-Ducado, em l 8 de deze mbro último. E ntreta nto, ta l projeto não poderá entrar e m vigo r e nquanto não fo r co mpl e tada a referid a refo rm a constitucional, a qua l não será alcançada facilmente. Gru pos próvida do pequeno Estado europeu j á estão pleiteando a rea lização de um referendo para que o e leitorado se pronunc ie sobre a prete ndi da limitação de poderes ao seu soberano. O s casos aci ma relatados reve la m quanto está aceso na Europa o debate sobre a eutanás ia.

Eutanásia e suas modalidades: a ativa e a passiva "Eutanásia" provém das palavras gregas "eu" (bom, agradável, doce) e "thanatos" (morte). L iteralmente significa " morte agradável" . No seu sentid o comum atua l, a e uta nás ia é uma ação ou uma

omissão cuja intenção primeira é dar a morte a um doente para

suprimir sua dor ou sua decadência física . Na eutanásia há, pois, três elementos : - Uma intenção: causar a morte; - Uma fin alidade: suprimir a dor ou a decadência física; - Meios empregados: ação ou omissão. Se o paciente é morto pela admini stração d elibe rad a d e substâncias mortíferas, de nomina-se eutanásia ativa ; se sua vida é elimin ada pela inte rrupção de uma terapia ou de um tratamento médico proporcionado e ordinário, mas necessário para s ua sobre viv ê nc ia, c ha ma-se eutanásia passiva (por e xe mplo, interromper os medicame ntos de controle da pressão arterial de um paciente que sofre de hipe rte nsão, prov oca nd o s ua mo rte por derrame cerebra l ou qualquer outra conseqüê ncia). Ativa ou pass iva, a eutanásia é sempre imoral, por tratarse de um suicídio (se o próprio pacie nte pratica o ato ou a abstenção que acarreta a morte), ou um homicídio (se o ato ou abstenção é praticado pelo pessoal médico ou pela fa mília do pac ie nte). A eutanás ia passiva di stingue-se ela simples abste nção terapêutica, pelo fa to ele esta úl tim a consistir na inte rrupção de um trata me nto extraordinári o e despropo rc ionado (por exemplo, o emprego do pulmão artific ial num agoni zante), cuja continuação pareceria uma mera obstinação terapêuti ca, sem nenhuma esperança ele melhora .

Obrigato1'iedade de conservar a vida do e11fer11Jo A legitimidade mo ral da abste nção terapêutica de tratamentos e xtraordinários fo i assim justificada pe lo Papa Pio XII, num discurso sobre a reanimação e a respiração artifi cial:

"A razão natural e a moral cristã dizem que o homem (e quem esteja encarregado de cuida r de seu semelhante) tem o direito e o deve r, em caso de doença grave, de tomar as medidas necessárias

para conservar a vida e a saúde. Tal deve,; ele o tem para consigo mesmo, para com Deus, para com a comunidade humana, e mais amiúde para com pessoas determinadas. Deri va da caridade bem ordenada, da submissão ao Criado,; da

.ficiais, representa sempre um m.eio natural de conservação da vida, não um ato médico. Por conseguinte, o seu uso deve ser considerado, em linha de princípio, ordinário e proporcionado, e como tal moralmente obrigatório, na medida em que, e até quando, ele demonstra alcançar a sua .finalidade própria, que, neste caso, consiste em f ornecer ao doente alimento e alívio aos so.fr·únentos. " 2 Por isso é que, no caso el a jovem Eluana, a s uspe nsão ela alimentação equivale a um homicídi o, e não a uma mera abstenção terapêutica.

E,Yploração midiática <la eJnoção coletiva Três países europeus lega li zara m a e uta nás ia: Ho land a, Bé lgica e Suíça. Já a partir de 2002, nos do is prime iros países mencio nados, um médi co pode dar a mo rte a um pac ie nte que o solic ite - ou sua famíli a, ocorrendo incapac idade inte lectual - , em caso de sofrime nto into lerável e ausênc ia de perspectivas de melho ra. O médico é depo is obri ga do a redi g ir um relatóri o e tra nsmi ti-lo a uma comi ssão ad

hoc. justiça social e ainda da estrita j ustiça, assim como da piedade para com a f amília. Mas obriga habitualmente só ao emprego dos meios ordinários (segundo as circunstâncias de pessoas, lugares, épocas, cultura ), quer dizer, a meios que não imponham nenhuma carga extraordinária para si mesmo ou para outro. Uma obrigação mais severa seria demasiadarnente pesada para a rnaior pa rte dos homens, e tornaria mais d(fícil a aquisição de bens superiores mais importantes." 1

E vide nte mente, o fo rnec ime nto de ág ua e a lime nto por vias artifi c ia is é moralme nte obri gatóri o, confo rme ensinou o Papa João Paul o li:

"Em particular; gostaria de realçar como a administração de água e alúnentos, mesmo quando é feita por vias arti-

Essa legislação é imora l e absurda. Primeiro, porque exi ste m hoj e tratame ntos pali ativos efi cacíss imos, capazes de suprimir quase inteiramente a dor e os incômodos da fase termina l das doenças. E m segundo lu ga r, porque o controle da comi ssão é feito a posteriori, ou seja, quando o paciente ... já está mo rto ! Não é de estranhar que muitos ido-

sos holandeses e belgas tenham se mudado para a Alemanha, perto da fronteira com a respectiva pátria, devido ao receio de se1·em mortos contra a própria vontade, a pedido de algum membro da família . Ass im , infe li zes idosos to rn am-se vítimas de uma práti ca cruel e sumame nte injusta: a eutanásia. Constitui ela a nova e gravíss ima violação da Le i divina e da Lei natu ra l. Na Suíça, a legislação federal proíbe FEVEREIRO 2009 -


a e utanás ia ativa, mas certos ca ntões (como o de Zurique) têm despenali zado as outras fo rmas de ajuda ao suicídi o. Donde a ex istência da cl íni ca na qual o Prof. Ewert pôs fim aos seus dias, ingerindo um produto letal, di ante de uma fi lmadora. A partir de 2005 , na França, a le i obriga os médi cos a suspende r os tratamentos, mesmo ordinários, de um pac ie nte qu e ex prim e claram e nte o desej o de morrer. O mesmo ocorre na Dinamarca desde 1992. Mas o "lobby da morte" - o conjunto dos movimentos pró-eutanásia quer ver estendido a toda a E uropa o mau exemplo da Holanda e da Bé lgica (onde até ex istem projetos de le i para diminuir - para os 12 anos ! - a idade mínima para "eutanas iar" um paciente). E m vista disso, explica-se a exploração midiática de casos extremos, como a difusão do vídeo da mo1te do Prof. Ewert.

A crueldade praticada no caso de Vincent 1/wnbert Na França, a lei de 2005 fo i di scutida e aprovada pelo parl ame nto após a mo rte contro vertida do bo mbeiro Vince nt Humbert (foto de notícia do caso, ao lado), de 24 anos, vítim a de um acide nte de trânsito que o de ixou tetrapl égico, cego e mudo, mas conservando toda a luc idez. Segundo sua mãe, ele teria manifestado em repetidas oportunidades o desejo de morrer. Servindo-se de um código de toques com os dedos, teria até escrito um livro sob o título Eu peço o direito de morrer, assim como uma carta ao presidente da República fra ncesa no mesmo sentido. No dia anteri or ao lançamento do livro, sua mãe admini strou- lhe e levadas doses de pentiobarbital sódico, que deveri am causar-lhe a morte. Como ele era de constituição fís ica sólida e estava sendo muito bem tratado no centro clínico,

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Vincent Humbert !

A voz do Magistério da Igreja Congregação para a Doutrina da Fé - Declaração lura et hona sobre a eutanásia, de 5 de maio de 1980: "É necessário declarar uma vez mais, com toda a firmeza, que nada ou ninguém pode autori zar que se dê a morte a um ser humano inocente, sej a ele fe to ou embrião, cri ança ou adulto, velho, doente incurável ou agonizante. E também a ninguém é permitido requerer este ato homicida para si ou para um outro confiado à sua responsabilidade, nem sequer consenti -lo explícita ou implicitamente. Não há autoridade alguma que o possa legitimamente impor ou permitir. Tratase, com efeito, de uma violação da Lei di vina, de uma ofensa à di gnidade da pessoa humana, de um crime contra a vida e de um atentado contra a humanidade". Papa João Paulo II - Encíclica Evangelium vitae, de 25 de março de 1995, N05 65-66: "Em conformidade co m o Magistéri o dos meus Predecessores e em comunhão com os Bispos da Igrej a Católica, confi rmo que a eutanásia é uma violação grave da Lei de Deus, enquanto morte deliberada moralmente inaceitável de uma pessoa humana. Tal doutrina está fundada sobre a Lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela Tradi ção da Igrej a e ensinada pelo Magistério ordinário e universal. CATOLICISMO

"A eutanás ia comporta, segundo as circunstâncias , a malícia própri a do suicídio ou do ho micídi o. "Ora, o suicídio é sempre moralmente inaceitável, tal como o homicídio. A Tradição da Igreja sempre o recusou, como opção gravemente má. E mbora certos condicionali smos psicológicos, culturais e sociais possam levar a reali zar um ato que tão radicalmente contradi z a inclinação natural de cada um à vida, atenuando ou anula ndo a responsabilidade subjetiva, o suicídio, sob o ponto de vista objeti vo, é um ato gravemente imoral, porque comporta a recusa do amor por si mesmo e a renúncia aos deveres de justiça e caridade para com o próx imo, co m as vári as comunidades de que se faz parte, e com a sociedade no seu conjunto. No seu núcleo mais profund o, o suicídio constitui uma reje ição da soberania abso luta de Deus sobre a vida e sobre a morte, deste modo procl amada na oração do antigo Sábio de Israel: Vós, Senhor, tendes o poder da vida e da morte, e conduzis os fo rtes à porta do Hades e de lá os tirais (Sab. 16, 13 ; cf. Tob. 13, 2). "Compartilhar a intenção suicida de outre m, e ajudar a reali zá-la mediante o chamado suicídio assistido, signifi ca tornar-se colaborador e, por vezes, autor e m primeira pessoa de uma injustiça que nunca pode ser justificada, nem sequer quando requerida. 'Nunca é lícito - escreve com admirável

fi cou apenas e m estado de coma. No di a seg uinte ao a parec im e nto do li vro, o médi co-chefe da clínica, com o consentimenlo ela fa míli a, in terro mpeu todas as medidas ele reanimação e injeto u-lhe cloreto de potássio, o que acarreto u sua mo rte. Tanto a mãe qu anto o médico fora m processados po r ho mi cídio vo luntá ri o. Enquanto isso, a lei sobre o término da vida era discutida e aprovada. Por fim , urna sentença judicial os absolveu. Três anos ma is tarde, na véspera de ser passado na principal TV francesa um film e baseado na hi stó ria ele Yin cent Humbert, o j ornal "Le Parisien" publicou uma entrev ista com seu antigo massagista-qui noterape uta, Hervé Messager, que declarava: "A partir de um f ato real, fo i tecido tudo o que era preciso de doloroso, de sofrúnento, de horrível, fa zendo crer que ele passava mal. Ele não tinha dor nenhuma do ponto de vista f ísico. Por

que acrescentar tudo aquilo ? Para promover uma ideologia ... A verdade e a opinião pública f oram inteiramente manipuladas. E isso eu não tolero". 3 Segundo o massagista, Vincent ria ainda na véspera da morte, a qual lhe teri a sido infligida pe la mãe, por sentir solidão e desamparo em face da situação. Mas o mal - a legislação abrindo a comporta para certa fo rma de eutanás ia - j á tinha sido fe ito.

Ação de "lobbystas" para l'avorncer o suicÍ<lio E m março de 2008, outro caso altamente midi atizado tra um ati zava a o pi ni ão públi ca francesa. A Sra. Chantal Sébire - professora secundári a afetada ele um raro tumor na face, e que recusava todos os tratame ntos pa li ati vos pediu ao Tribunal de Gra nde Instância de Dijo n autori zação para que seu médico lhe injetasse um a substância leta l. Seu

atualidade Sa nto Agostinho - matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse, porque, suspenso entre a vida e a morte, suplica se r ajudado a libertar a alma que luta contra os laços do corpo e deseja desprender-se; nem é lícito sequer quando o doente j á não estivesse em condições de sobreviver' (Epístola 204, 5 : CSEL 57, 320). "Mes mo q uando não é motivada pela recusa egoísta de cuidar da vici a de que m sofre, a eutanás ia deve desig nar-se uma f alsa compaixão, antes uma preoc upante perversão da mesma: a verdadeira compaixão, de fato, torna a pessoa solidária com a dor alheia, não suprime aquele de quem não se pode suportar o sofrimento. E mais perverso ainda se mani festa o ato da eutanásia quando é realizado po r aqueles que, como os parentes, deveriam assistir com paciência e amor o seu fami li ar; ou por quantos, como os médicos, pela sua específi ca profi ssão deveria m tratar o doente, inc lu sive nas condições term in ais mais penosas. "A decisão da eutanásia torna-se mais grave quando se config ura como um homicídio, que os outros praticam contra uma pe soa que não a pediu de modo algum, nem deu nunca qualquer consenti mento para a mesma. Atinge-se, enfi m, o cúmulo do arbítrio e da injustiça quando alguns, médicos ou legisladore , se arrogam o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer. Aparece assim reproposta a tentação do éden: tornar-se como D us, conhecendo o bem e o mal (cf. Gn 3, 5). Mas Deus é o único que tem o poder de fazer morrer e de fazer viver: Só Eu é que dou a vida e dou a morte (Dt 32, 39; cf. 2 Re 5, 7; 1 Sam. 2, 6). le exerce o seu poder, sempre e apenas, segundo um desígnio ele sabedoria e amor. Quando o homem usurpa tal poder,

advogado era nada menos que um dos dirigentes da principal associação do lobby favo rável à eutanásia ! Como era de se esperar, o tribunal rec usou o pedido, fundamentando-se no Códi go Penal, que pune com 30 anos ele reclusão o ato de provocar voluntariamente a morte de outrem; e no Código de Deonto logia Médica, que estipula não ter o médico o dire ito de provocar deliberadamente a morte do paciente. Dois di as após a dec isão da Justiça, a professora Sébire foi e ncontrada morta em seu domi cílio, em conseqüência de ingestão maciça ele barbitúricos. Por causa ela midiati zação do caso ele Chantal Sé bire, uma comissão parl amentar fo i incumbida de rever a lei de fim ela vid a e pro po r eve ntu ais " me lh o ri as" . Para desgosto dos partidári os do suicídi o, a comissão limitou-se a recomendar maior emprego dos tratamentos pa liativos, de acordo com a recomendação do

subjugado por uma lógica insensata e egoísta, usa-o inevitavelmente para a injustiça e a mo1te. Assim, a vida do mais fraco é abandonada às mãos do mais fo1te; na sociedade, perde-se o sentido da j ustiça e fica minada pela raiz a confiança mútua, fund amento de qualquer relação autêntica entre as pessoas".

Papa João Paulo II - Encíclica Evangelium vitae, de 25 de março de 1995, N05 72-73: "As leis que autoriza m e favorecem o aborto e a eutanásia colocam-se radicalmente, pois, não só contra o bem do indivídu o, mas ta mbém contra o be m comum, e por conseguinte carecem totalmente de autêntica va lidade jurídica. De fa to, o menosprezo do direito à vida - exatamente porque leva a eliminar a pessoa, ao serviço da qual a soc iedade tem a sua razão de existir - é aquilo que se contrapõe mais fro ntal e irreparavelmente à possibilidade de reali zar o bem comum . Segue-se daí que, quando uma lei civil legitima o aborto ou a eutanásia, de ixa, por isso mesmo, de ser uma verdadeira lei civil moralme nte obrigatóri a. "O aborto e a eutanásia são, portanto, crimes que nenhuma le i humana pode pretender legitimar. Leis deste tipo não só não criam obrigação alguma para a consc iê ncia, como, ao contrário, gera m uma grave e precisa obrigação de opor-se a elas através da objeção de consciência. Desde os princípios da Igreja, a pregação apostólica inculcou nos cri stãos o dever de obedecer às autoridades públicas legitimamente constituídas (cf. Rm 13, 1-7; 1 Ped 2, 13-1 4), mas, ao mesmo tempo, advertiu firme mente que " importa mais obedecer a Deus do que aos home ns" (A t 5, 29). FEVEREIRO 2009 -


Um dos grandes mé ritos do livro The Final Solution (A Solução Final) , de Gerarei Re itlinger, foi o de sublinh ar que o programa de ex termínio de jude us na Europa Ori e nta l foi um "dese nvolvi me nto" do programa de e uta nás ia de Hitl e r. Quando o dire ito à vida de um úni co ser huma no inoce nte deixa de ser garantido, a vida de todos passa a correr ri sco. Basta fi car incluído na categori a errada. É o que va i inev itavelmente aco ntecer nos países onde a eutanásia fo r legalizada. Co mo be m res umiu o Dr. Bi ll Cork, milita nte pró-vida norte-a mericano: " Prúneiro, rnatam-se os que desejam Criando grande polêmica, a baronesa Mary Warnock afirmou que as mães de inválidos que se recusam a abortar, apesar da opinião dos médicos favorável ao aborto, deveriam arcar, sem ajuda da sociedade, com todas as despesas de sua manutenção

Cardea l Ri card , arcebi spo de Bordeaux , o qu al hav ia ponderado que "a em.ação

não deve substituir a reflexão". A caminho cio homicíclio legal ele clelicielltes? A recente derrota na França não deteve os partidários da eutanás ia, que continu aram a ava nçar e m países europeus. Com a cumplicidade da mídia, da justiça e de alguns parlamentos, eles visam estender a toda a Europa, pouco a pouco, a "permi ssão para matar". E m suas declarações mai s ousadas, já desponta o objetivo final: desfazer-se da carga que re presentam os inválidos e os anciãos dependentes. A baro nesa Mary Warnock, membro progress ista da Câmara dos Lordes, deixo u asso mbrados os ing leses declarando: "Eu não enrubesço, dizendo que há

Qu atro anos antes , o Führer hav ia ex plicado ao "Médi co-Chefe do Re ich", Dr. Gerhard Wagner, que ao começar a guerra ele iria "retomar e levar a seu ter-

mo o programa da eutanásia, porque em tempo de guerra é muito mais fácil". O decreto entro u imed iatamente em vigor no que concerne aos doentes me ntais. E assim , entre sete mbro de 1939 e agosto de J 941 , cerca de 50 mil a lemães fo ram assa s in ado. com mo nóx ido de carbono, e m in stitutos nos quais as câmaras de morte eram ca mufladas à mane ira de duchas. Exatame nte como seria feito mais tarde em Auschwitz ...

morrer; depois, matam-se aqueles cujas famflias querem que morram; mais /arde, matam-se os que um só mem.bro da familia quer ver mortos; ainda mais farde, aqueles CLtjafamília inteira gostaria que permanecessem vivos; e, .fina/rnente, ,natam-se os que se atravessam como obstáculo no caminho do Estado". • E- mail cio autor: j.ureta@cato li ci s111o.co111.br

Notas : 1. hltp://www.vatica n.va/ho l y _ fath er/p i us_ xi i/ s peec h es/ 1957/clocu rn e nl / hl' _ p xi i_spe_ 1957 11 24_ri an irnazione_sp.ht111I 2. hltp://www.vat ican.va/ho ly_ father/j ohn_paul_ii/ s peec hes/2004/rn a rc h/doc u rn en ts/h f_j p-3 . spe_20040320_congress-fiarnc_po.htrn I 3. Urn vídeo corn declarações do massagista-qui noterapeuta pode ser visto no seguin te endereço : http://www.youtube.co111/watch?v=2qEBx_OZQWc

vidas mais dignas de viver do que outras". Segund o e la, as mães de bebês inválidos que se recusam a abortar, apesar da opini ão dos médi cos favo rável ao aborto, deveriam arca r, se m ajuda da soc iedade, com todas as despesas de sua manutenção. E opin a: "Caso contrário,

isso representaria um enorme desperdício dos recursos públicos". As declarações da ba ro nesa faze m lemb rar as primeiras câmaras de gás in staladas por Hitler, através de decreto assin ado no primeiro dia da II Guerra Mundi a l, para conceder "uma morte piedosa" aos "doentes incuráveis". CATOLICISMO

Entre setembro de 1939 e agosto de 1941, o "programa de eutanásia" de Hitler assas sinou cerca de 50 mil alemães com monóxido de carbono, em institutos nos quais as cãmaras de morte eram camufladas à maneira de duchas.

FEVEREIRO 2009 -


A gorjeta é uma recompensa por um serviço prestado, livremente oferecida pela pessoa servida a quem a serve com boa vontade. Este costume é odiado pelo marxismo igualitário. • N ELSON RI BEIRO FRAGELLI

uem não gosta de ser bem tratado? Sobretudo hoje em dia, quando nos supermercados, nos centros comerciais ou na internet as relações vão ass umindo caráter cada vez mais impessoal e di stante. E a maneira habitual de retri buição por um bom servi ço prestado é a gotjeta. A go1jeta resulta de um laço pessoal estabelecido numa prestação de serviço. À mera necessidade comercial, ela associa o humano sentimento da simpatia, furtando ass im ao di nheiro seu prepotente domínio. Ela é livremente dada ... Sobre a liberdade de dar ou sonegar go rj e ta, a opini ões se di v ide m e as di sc ussões são intérminas. Muitos dizem ser ela determinada previamente por hábi tos sociais ou usos locais. Não seri a, pois, tão li vre ass im, e em restaurantes ela freqüentemente vem incluída na nota, o que alguns consideram desagradável imposição. Argumentam outros que as necessidades humanas se repetem, e a go1jeta de ,

CATOLICISMO

hoje prepara vantagens futu ras, ao se recorrer ao mesmo serviço. Mas não é bem assi m, retrucam os defensores da go1jeta, pois vêem-se nos centros turísticos incontáveis viajantes, que provavelmente não mais retornarão àquele lugar, mas que não deixam de gratificar carregadores de bagagem, motori stas e garçons. Jf yOU

NJOYED

Estabelece uma lei social que escapa ao controle do Estado. Além do mais, por que apenas certos profissionais a recebem, e outros não? Não são todos os homens iguais? Se todos não são habilitados a receber go,jeta, que ninguém a receba! A fu ndamental igualdade entre os homens exige sua extinção". Na mesma época, Upton Sinc lair, conhec ido socialista radical norte-americano, pregava sua abolição: "Quem dá uma go,jeta transforma um homem em lacaio, uma mulher em aia ou em prostituta". Poucos anos mais tarde, as ditaduras comuni sta e fascista suprimiam à fo rça a go1jeta. Mais uma vez a imposição da igualdade devorava a liberdade. Alguns estados norte-americanos também aprovaram leis proibindo a gorjeta. Entretanto, em ne nhum país a proibição se implantou. A Revolução de 1789 mudou profundamente a sociedade. Os Foram fund adas na Europa e nos Estados Unidos assoc iacostumes deixaram de ser orgânicos e patriarcais. O desvelo ções a nti-go1jeta. Inútil , poi s ningué m lhes dava ouvidos. pacífico e bondoso das elites feudais passou a ser recusado . Go,jetas continuaram a ser dadas em quase todos os locais. O hi storiador Wilfried Speitkamp recentemente lançou um Res istiu ao fasc ismo, ao comunismo, à concepção do trabalho livro intitul ado: Fique com o troco. Pequena história da gorassalariado de certos estados americanos. j eta (Reclam Verl ag, Stuttgart, 2008). Que sentimentos humanos se encontram no núcleo de tão teiA gotjeta fo i incentivada logo depois da Revolução Franmosa resistência? A desigualdade proporcional e harmônica. encesa, ma já despertava ódi o nos sociali stas de 1900, cinqüentre os ho me ns é própri a à natureza humana, e mbora não ta anos depois do "Manifes to" comuni sta de Karl Marx. mensurável, e no trato social cada um procura a posição que naA Revolução de 1789 mudou profundamente a soc iedade. turalmente lhe é devida. Esta posição, que a gorjeta exprime, faz paite de um pequeno ritual. Não se trata de mercadoria, mas de Os costumes deixaram de ser orgânicos e patriarcais, os massacres jacobinos suscitaram generali zada desconfi ança entre uma concessão. Enquanto concessão, ela exprime confiança, gratodos. O desvelo pacífico e bondoso das elites fe udais passatidão e reconhecimento de quem concede e de quem recebe. Nela va a se r recusado, e o fri o reside um sentimento de ordem monetarismo burg uê e impusocial, segundo o qual cada um nha como ti po de intercâmbi o se afeiçoa às desigualdades: elas entre as elas es soc iais. Nas renão esmagam, mas se auxiliam lações de serviço, a go,jeta tore se completam. Este reto modo nou-se uma trincheira para as de entir a sociedade, segundo a eli tes perseguidas . Assegurava Lei natural, constitui o próprio fator da revolta socialista contra ao antigo prestíg io uma pos ição honrosa em face da arroesta gratificação - baseada na gância das classes emergentes. desigualdade entre quem serve e Ao mesmo tempo, ao servente quem é servido, mas que se unem a go1jeta dava a ilusão de terafetuosamente em mútuo recose tornado um burguês comernhecimento. ciante. Em conseqüê ncia, a coHonra e prestígio social não municação entre pessoas tornaestão ausentes do gesto de deiva-se mais materi ali sta. Nesses xar um a gorj eta, símbolo da novos tempos, deixavam-se de confiança de quem serve e do lado ime moriais laços de res- Upton Sinclair, conhecido socialista radical norte-americano : reconhecimento de quem é serpeito e fidelidade, e no trato "Quem dá uma gor;eta transforma um homem em lacaio, uma vido. E isso de nenhum modo mulher em aia ou em prostituta". in clin ava-se à modern a co nfavorece a luta de classes. Um cepção, vinda da economi a, derivada do utilitário do ut des símbolo que perdura, e não se vêem perspectivas futuras de (dou para que me dês). que dele se possa abrir mão. É a conclusão do histori ador alemão, Prof. Speitka mp, que a fundamenta com ri cos exemplos * * e fatos incontestáveis. * Mais um erro sociali sta fru strado, derivado do igualitarismo Na passagem do século XIX ao XX, o debate foi aceso. O marxi sta. Sem punhos cerrados, e contentes por mais este fraigualit·arismo socialista, embora originário da Revolução Francasso das teorias sociali stas, os serviçais de boa vontade coce a, se in urgia contra esse costume: "Só os ricos dão gorjeta. memoram.... • E-mail do autor: nelsonfragelli @catolicismo.com br Ela não pa sa de um suborno cometido por quem é superior. FEVEREIRO 2009 -


Em convento austero, pobre e mortiflcado ~

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Santa Catarina de Ricci Contemplativa da Paixão de Cristo D e influente família de Florença, Catarina foi favorecida desde cedo com graças místicas, participando da Paixão de Nosso Senhor e de seus estigmas. r,

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Florença , cidade onde nasceu Santa Catarina

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PUNIO MARIA SOLIMEO

ssandra Lucrezia Romola, omo foi batizada, nasceu em lorença, então capital do ducado da Toscana, em 23 de abril de 1522. Seu pai, Pedro Francisco de Ricci, pertencia a uma antiga e respeitada família de banqueiros e mercadores. Sua mãe, Catarina de Ricasoli , faleceu pouco depois do seu nascimento. Este triste acontecimento não causou prejuízo à menina, pois tanto o pai - naqueles bons tempos, até banqueiros eram piedosos! - quanto a madrasta fizeram todo o possível para que os filhos do primeiro casamento fossem criados no santo temor de Deus. A madrasta observou desde logo em Alessandra uma tendência pa.iticular pa.i·a a piedade, es-

pecialmente para a oração olitária, e tudo fez pa.i·a desenvolver nela essa santa inclinação. Aos dez anos, Alessandra foi colocada como aluna interna no mosteiro de São Pedro de Monticelli, nos arrabaldes de Florença, onde uma tia paterna, Luísa, era religiosa. Ali começou a dar mostras da eminente santidade a que Deus a havia chamado. Com efeito, o contato com as religiosas despertou em sua alma um nobre afã de emulação, que a levava a observar e a praticar os atos de virtude que nelas via. Era sobretudo atraída por uma imagem de Nosso Senhor na cruz, diante da qual rezava e meditava durante a recreação, vertendo lágrimas de amor e pesar. Desde esse tempo o Senhor lhe inspirou o desejo de meditar em sua sagrada Paixão.

Não é de surpreender que nela se manifestasse desde muito cedo a vocação religiosa, mas o pai tinha outros planos. Quando completou treze anos, retirou-a do mosteiro e começou a preparar-lhe um casamento com algum jovem da aristocracia florentina. Alessandra tanto insistiu em que queria fazer-se religiosa, que o pai não quis opor-se ao que reconhecia ser vontade divina. Já desde ba tante tempo ela sonhava ingressar em alguma ordem religiosa em que a observância florescesse em todo seu rigor, sem nenhuma mitigação ou dispensa; mas o estado de relaxamento era tão grande naquela época, embora bem menor do que hoje em dia, que ela demorava em decidirse em que mosteiro ingressar. Certo dia estava na casa de campo da família, em Prato, quando encontrou-se com duas irmãs leigas do convento vizinho de São Vicente, quepediam esmolas. Conversando com elas, soube que as reli giosas daquele convento levavam uma vida muito austera, pobre e mortificada. Pertenciam à Ordem Terceira de São Domingos, e eram enc lau suradas. Inspirada por Deus, resolveu tornar-se uma delas. Assim, em 1535, aos 13 anos de idade, encerrou-se para sempre nesse mosteiro, para viver a vida pobre e esquecida que procurava. No momento de sua entrada, teve um êxtase no qual lhe pareceu que Jesus Cristo e Maria Santíssima a introduziam em um ameno jardim coalhado de flores . Alessandra encontrou no mosteiro um e píri to de fervor reli gioso suficientemente alto para satisfazer o seu exigente ideal. Tomou então em religião o nome de Catarina.

Vítima expiatória pela salvação do mundo No primeiros anos no convento, Catarina viu-se sujeita a humilhantes pr vas por parte da comunidade, devid 1:1 má interpretação de algun s dos

altos favores sobrenaturais que ela recebia. Mas aos poucos sua humildade e santidade triunfaram, e ela passou a exercer cargos de direção no convento. Assim, antes que completasse os 20 anos de idade, já lhe confiaram o cargo de mestra de noviças, seguido do de sub-priora; e aos 25 anos o de priora, que manteve até o fim de sua vida. Alguns anos depois de sua entrada no convento, foi atacada por uma grave, longa e molesta enfermidade, com dores agudas em todo o corpo, que degenerou depois em hidropisia e mal de pedra, acompanhado de asma. Essas doenças duraram dois anos, nada valendo os remédios que lhe receitavam. Sofria com santa resignação todos esses males, pensando nos padecimentos divinos durante a Paixão. Esse mal piorou tanto no mês de maio de 1540, que ela esteve muitas noites sem poder dormir. Enfim, no dia 22 de maio, que naquele ano era a vigília da Santíssima Trindade, apareceu-lhe um santo da ordem de São Domingos (não diz qual), que lhe fez o sinal da cruz sobre o estômago e a deixou instantaneamente curada, pa.i·a admiração de todas as irmãs presentes. Daí em diante sua existência, sem sair do âmbito da dor e da vida de vítima expiatória para a salv ação do mundo, que escolhera, seria iluminada por êxtases, revelações, profecias e milagre .

Participação na Paixão de Nosso Senhor A partir de fevereiro de 1542, Cata..rina começou a experimentar o que denominaram "êxtase da Paixão", que se renovou semanalmente durante 12 anos. Nesse êxtase e la era raptada desde a quinta-feira ao meio-dia até as 16 horas da sexta-feira. Durante tais êxtases, participava de modo maravilhoso de todos os estágios da Paixão de Nosso Senhor, e também das dores de sua Mãe Santíssima. O corpo parecia suspenso do chão du-

rante horas. O fato foi extensa e cuidadosa.mente estudado durante esse longo período, apresentando todas as provas de autenticidade. O extraordinário evento atraía tanta gente de todos os níveis sociais, que perturbava a paz e a observância do convento, cessando em resposta às orações de Catarina e de toda a comunidade . Santa Catarina de Ricci recebeu também os estigmas da Paixão, que se tornavam muitas vezes visíveis. Na Páscoa do ano de 1542, recebeu um anel de noivado místico das mãos do Redentor. Esse anel aparecia aos outros como um círculo vermelho no dedo, mas ela o considerava como um anel de valor inestimável. Entretanto, os dons de profecia e discernimento dos espíritos foram, sem dúvida nenhuma, os que mais atraíram sobre ela a atenção. Cardeais e bispos, príncipes e grandes senhores chegavam de toda a Itália ao humilde convento, para pedir conselho, receber um aviso, uma palavra de conforto, ou apenas para ouvir a voz daquela que fazia transpa.i·ecer em si de modo tão em in ente a presença de Deus. Apesar da clausura, mostrava vivo interesse por seus irmãos e pelos numerosos "filhos espirituais" que dirigia. Permancecendo enclausurada em Prato, ela se comunicava milagrosamente à distância com São Felipe Neri, em Roma. Por isso, os dois tinham muita vontade de se ver. Deus concedeu-lhes essa alegria em uma visão, durante a qual puderam conversar. Do mesmo modo esteve em presença de sua conterrânea, Santa Maria Ma.dalena de Pazzi, apesar de nunca terem estado juntas. Em seus inúmeros êxtases, Catarina pôde contemplar o Céu, o Inferno e o Purgatório. Um dia em que teve conhecimento dos padecimentos de uma alma do Purgatório, foi tomada de tal compaixão, que a viram sofrer as dores mais atrozes, que lhe foram enviadas pelo Céu em expiação das penas que aquela alma merecera.

' CATOLICISMO

FEVEREIRO 2009 -

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"O liberalismo nos desfigurou"

E Corpo incorrupto de Santo Catarina de Ricci

Extremo amor a Deus e ao próximo Era de uma sabedoria e prudência consumadas para dirigir almas, no cargo de superiora, conforme diz seu primeiro biógrafo - o bispo de Fiésole, O. Catani - que escreveu na sua biografia, dois anos depois de sua morte: "Amava tão ternamente a seu Deus, que tinha sua mente sempre unida a Ele, servindo-se de qualquer coisa como motivo para louvá-lo e bendizê-lo. A caridade que tinha para com o próximo era de tal maneira singular, que por esse motivo se empregava nos ofícios mais baixos e trabalhosos do mosteiro. Quando adoecia alguma de suas monjas, a assistia continuamente em todas suas necessidades, privando-se mesmo do sono para que outras descansassem. Perseverava assim firme em sua assistência, até que a enferma sarasse ou morresse ". Afirma o mesmo O. Catani : "Eram muitíssimas as penitências que ela fa zia, levando sempre uma cadeia de ferro e um áspero cilício sobre seu corpo; jejuava freqüentemente a pão e água, e pelo espaço de quarenta e oito anos não comeu carne nem ovos". 1 Enfim, depois de outra longa e dolorosa enfermidade, havendo recebido os últimos sacramentos da

CATOLIC ISMO

Igreja, entregou sua bela alma ao Criador no dia da Purificação da Santíssima Virgem, 2 de fevereiro de 1590, aos 68 anos de idade, 42 dos quais passara no governo de seu mosteiro.

Muitos milagres comprovam santidade Apesar da fama de santidade que gozava em vida, o processo de beatificação de Catarina sofreu muitas delongas, e ela só foi elevada à glória dos altares em 1732, sendo canonizada apenas 14 anos depois, em 1746, devido aos muitos milagres operados por ela nesse período. Um deles, aceito para sua canonização, ocorreu com a Sra. Maria Clemência, também florentina, que por espaço de oito anos tinha sofrido continuamente um câncer no peito, do qual já saíam vermes. Reduzida ao extremo, recebeu os últimos sacramentos. Mas, tendo se recomendado com fervorosa oração a Santa Catarina de Ricci, viu-se de um momento para outro inteiramente curada. O outro milagre também aceito para a canonização teve lugar na cidade de Augusta, com a Irmã Maria Madalena Fabri, religiosa dominicana do convento de Santa Catarina de Siena. Havia três anos que ela pade-

eia de uma grave enfermidade nas juntas, que lhe comprimia os nervos das pernas. Além de padecer continuamente muitas dores, não podia mover-se, e de nada lhe haviam valido os muitos medicamentos que tomava. No dia da beatificação de Catarina de Ricci, a comunidade reuniu-se no coro para cantar um Te Deum de ação de graças. Para isso, caITegaram a Irmã Maria Madalena para dele patticipar. Enquanto as religiosas cantavam, a doente encomendou-se com muito fervor à nova Beata, e no mesmo instante sentiuse inteiramente curada, tendo recuperado suas forças como se nada houvesse padecido. Ajoelhou-se para rezar, e depois começou a andar com as outras religiosas por todo o convento. 2 • E-rn ai I do autor: prnso lirneo @catolic isrno .com br

Notas: 1. Dr. Eduardo Maria Vil a rras a, Sanra Carolina de Ricci, in La Leyenda ele Oro, L. Gonzá lez y Cornpaíiía, Editores, Barcelona, 1896, torno l , p. 429. 2. Outras obras consultadas: - F. M. Capes , Sr. Catherine de Ricci, in The Catholic Encyclopedia , onlin e eelition , www .newaelvent.corn. - Les Petits Bollandistes, Sainte Catherine Ricci, Vies ele s Saints, Bloud et Barrai , Pari s, 1882, tomo II. - Edelvives, Santa Catalina de Ricci, Semblanzas de Santidad, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1957.

m outubro último, na cidade de Santo André (SP) , ocorreu um crime de grande repercussão nacional. Um rapaz raptou sua ex-namorada de apenas 15 anos, chamada Eloá. A polícia cercou a residência onde se dava o seqüestro e tentou longamente dialogar com o criminoso. Este não quis saber de conversa, e após quase 100 horas em que manteve a jovem em cárcere privado, acabou por matá-la com um tiro na cabeça. O comandante policial foi severamente criticado por sua passividade. Agora, passada a emoção que o caso produziu, impõe-se uma análise. Por que esse assassinato frio e monstruoso? A esse respeito foi entrevistada a Ora. Ana Beatriz Barbosa Silva, psiquiatra há 20 anos, com pós-graduação na Universidade Federal do Rio, e há cinco estudando especificamente o comportamento dos psicopatas. Ela é autora do livro Mentes Perigosas. Eis algumas de suas afirmações, publicadas no "O Estado de S. Paulo" de 26-10-08: " O ser humano tem dificuldade em aceitar que o mal existe. Infelizmente, ele existe. E é preciso aprender a enfrentá-lo. "A poUcia brasileira falhou em não ter atirado nele. É um absurdo um coronel da polícia dizer que não atirou porque se tratava de uma crise de amo,: "Ele é um psicopata. Não matou por obsessão. Matou porque é mau". A entrevista da Ora. Ana Beatriz levanta um importante problema: por que as pessoas têm dificuldade em admitir t que alguêm é mau?

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Algo de semelhante se passa com o conceito de mal . Há séculos o liberalismo moral vem inculcando a falsa idéia de que o mal não existe, e portanto não há pessoas más. Há apenas enganos, falhas, erros, nunca um ato é feito por maldade. Tal idéia deforma profundamente as almas e as faz imergir num sentimentalismo doentio, segundo o qual o criminoso é sempre um coitado, digno de pena e jamais de castigo. As prisões só são admitidas para "reeducru·", nunca para punir. A conseqüência desse estado de espfrito enfermiço é que o mal avança a galope, toma conta das instituições, dos costumes e até das leis. E tudo isso faz Nossa Senhora chorar. Ao relatar a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e em conseqüência o pecado imenso perpetrado contra Aquele que só fazia o bem, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira comenta:

"Toda a História do mundo, toda a História da Igreja não é senão esta luta inexorável entre os que são de Deus e os que são do demônio, entre os que são da Virgem e os que são da serpente. Luta na qual não há apenas equívoco da inteligência, nem só fraqueza, mas também maldade - maldade deliberada, culpada, pecaminosa - nas hostes angélicas e humanas que seguem a Satanás. "Eis o que precisa ser dito, comentado, lembrado, acentuado, proclamado, e mais uma vez lembrado aos pés da Cruz. Pois que somos tais, e o liberalismo a tal ponto nos desfigurou., que estamos sempre propensos a esquecer este aspecto imprescindível da Paixão. Conhecia-o bem a Virgem das Virgens, a Mãe de todas as dores, que junto de seu Filho participava da Paixão" (Via Sacra, Catolicismo, março/1951). •

O sentimentalismo doentio, segundo o qual o criminoso é sempre um coitado, digno de peno e jamais de castigo, inculca a idéia de que os prisões sejam só admitidos poro "reeducar", nunca paro punir

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É sentença corrente que a pior attimanha do demônio é fazer crer que ele não exi te. Isso o deixa de mãos livres para agir, sem ser suspeitado. FEVEREIRO 2009 -


assess r do ClMl (Conselho lndi geni sta Missionário), organismo vinculado à CNBB. "O padre Schwade disse que 'conj'i-ontando os valores da sociedade indígena com os de nossa sociedade, dita civilizada, vemos que só temos a aprender com eles. A marcha da História , que é irreversível, aponta, em tantos exemplos que já corneçam a se ver no mundo contemporâneo, que as sociedades humanas estão se abrindo para aqueles valores que sempre foram os dos índios, como o espírito comunitário, a solidariedade e o respeito pelo próximo '. "Schwade acha que 'quanto mais procuramos respeita,; defen- ~ der e preservar .f[sica, cultural e até ecologicamente a identidade ~ dos povos indígenas, mais chance ~ u teremos também de nos salvarmos li e nos encontrarmos a nós mesnws, ~ superando a alienação em que o ritmo de vida de nossa sociedade civilizada nos submerge". 2

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Elogio da nudez indígena

Neomissiologia indigenista:

a denúncia, a confirmação e o futuro A glorificação do índio em seu estado selvagem promovida pela esquerda católica, e suas conseqüências para o futuro do Brasil e da Igreja li

JUAN GONZALO LARRAÍN CAMPBELL

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o artigo "Barbarização do Ocidente leva ao tribalismo" Catolicismo novembro/2008), tratamos do papel do clero progressista na revolução indigenista no Brasil e das denúncias que a este respeito fez o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Com efeito, em 1977 o Prof. Plinio escreveu o livro-denúncia Tribalismo indígena, ideal comuna-missionário para o Brasil no século XXI, no qual prova e comenta com farta documentação o papel e o empuxe que a esquerda chamada católica tem dado à revolução indigenista no Brasil.

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CATO LI C ISM O

São inumeráveis as declarações de clérigos e leigos progressistas partidários de que o tribalismo indígena seja modelo para nossa sociedade. Por concisão, citemos apenas alguns exemplos.

Comunidades indígenas: modelo para a socieda<le Assim se expressou D. Fernando Gomes, então Arcebispo de Goiânia: "As comunidades indígenas devem ser recebidas como evangelizadoras, para que se tornem modelo à nossa sociedade que muito tem a aprender com elas". 1 No mesmo sentido declarou o Pe. Egídio Schwade, então

Rose Marie Murara, coordenadora da co leção Presença do Futuro, da Editora Vozes, de Petrópolis, em livro publicado pela mesm a editora, afirma: "A grande maioria das sociedades primitivas, contudo, estavam muito mais próximas de sua humanidade, com suas danças sagradas, sua permissividad_e sexual, seus rituais mágicos, sua integraçüo emotiva com a natureza. Assim, possuícun um equilíbrio psíquico e .fúico que hoje, e só hoje, estamos redescobrindo". 3 E acrescenta: "Na sociedade primitiva[. .. ] a nudez é uma forma de adaptação à vida e nüo apenas resultado da ignorância de co,~fecção de roupas. 4

lndios: "os vel'dadeil'OS evangeliza<lores"

marginaliza<los e oprimidos ela se toma a Boa Nova Universal, com valor de profecia para todos os hornens". 5 Índio, matéria prima para

a agitação comunista No texto que seg ue, fica demon strado que a revo lução indigenista vem sendo pre parada de longa data, e que é um elemento fun da mental da Revolução gnóstica e igualitária sistematicamente denunciada e posta a nu pelo Prof. P linio Corrêa de Oliveira. Assim, o conhecido especia lista em assuntos comunistas Walter Kolarz, da BBC de Londres, mostra que o comunismo usa o indígena co mo matéria-prima para promov e r sua agitação na Amé rica Latin a: "A Segunda Declaração de Havana invocou o caso dos índios, dos rnestiços, dos negros e dos mulatos na esperança de encontrai; nesses grupos raciais, um poderoso exército de reserva da revolução. [. .. ] Essas questões raciais estavam sendo suscitadas na Declaração de Havana corn especial persistência, e as passagens em apreço lembram várias declarações sobre a América Latina.feitas pela Internacional Comunista de antes da guerra, na qual o problema dos índios costumava ocupar lugar importante. "Já em 1928, por ocasiüo do Sexto Congresso da Internacional Comunista, os partidos da América Latina foram instruídos para elaborarem 'toda uma série de medidas especiais relativas à autodeterminação para as tribos de índios, à propaganda especial nas próprias línguas deles e aos e.~f"orços especiais para conquista de elementos importantes entre eles'. Em resposta a essa orientação geral, os comunistas pe-

ruanos advogaram a formação das repúblicas de Quechuan

D . Tomás Balduino, então bispo de Goiás e presidente do CIM[, que recenteme nte foi à Bolívia homenagear Che Guevara, as evera: "A convicçüo profunda dos missionários ligados à Igreja é que estes povos (e eu estou pensando, por exemplo, nos povos indígenas) süo os verdadeiros evangelizadores do mun-

do. Nós, os missionários, não vamos a eles como quem leva uma doutrina ou uma evangelização que o Cristo nos trouxe e confiou, e que nós revestimos com ritos civilizados e cultos. Mas varnos a eles sabendo que o Cristo já nos antecedeu no meio deles, e que lá estão as 'Sementes do Verbo '. Temos a convi cçüo de que eles vivem o Evangelho da Boaaventurança. E de que por isso se impõe a nós uma conversc7o às suas culturas, sabedores de que a Boa Nova do Evangelho se encarna em qualquer cultura. E a partir dos mais FEVERE IRO 2009 -


e Aymaran, e até o Partido Comunista do Chile exigiu a criação da república de A'rauco, embora houvesse apenas uns poucos mil índios araucanos nas partes meridionais do país. Já em 1950 os comunistas mexicanos lançavam o slogan: 'autonomia na administração local e regional' para os povos indígenas . "Não obstante as asserções contidas na 'Declaração de Havana', os comunistas não eram mais pró-negros ou próíndios do que eram pró-tibetanos, pró-guineenses, pró-húngaros ou pró qualquer outro povo. Negros, mulatos, índios e mestiços destinavam-se simplesmente a ser usados como matéria-prima sociológica e política para promover a ascensão dos partidos comunistas latino-americanos ao poder". 6 Convidamos o leitor a aprofundar os textos aqui publicados, consultando o mencionado livro de Plínio Corrêa de Oliveira, no qual transcreve e comenta mai s de 40 declarações análogas dos neomissionários anarco-tribalistas. 7 Confirmações das denúncias Quinze anos após a publicação da referida obra, a hi stória encarregou-se de confirmar as denúncias nela contidas. Com efeito, por ocasião da celebração do V Centenário do Descobrimento da América - quando o assunto indigenismo foi reacendido pelos mentores da revolução indigeni sta - a Comissão lnter-TFPs de Estudos Hispano-Americanos publicou o livro Cristandade Autêntica ou Revolução ComunoTribalista. No prefácio da obra, o Prof. Plínio escreveu: "Essa retomada, em tempos mais recentes, do tema indígena, culmina agora com a virtual glor!ftcação do índio e de suas condições de vida milenar, promovida pelas esquerdas. A ECO'92 foi uma manifestação muito curiosa, muito aguda e muito sistemática dessa glorificação que, por sua vez, o movimento contrário à celebração dos 500 anos do Descobrimento da América levou até o paroxismo".8

Estranho Mca cu1pa e so11eto a .Judas O espírito que an im a os neomissionários indígenas está bem expresso nas seguintes declarações de D. Pedro Casaldáliga, então Bispo de São Félix do Araguaia: "O pior que poderia fazer a Igreja Católica na América Latina e no Primeiro Mundo, por ocasião dos 500 anos, seria negar-se a reconhecer a verdade. A Igreja deve entoar um grande mea culpa". Na mesma ocasião D. Casaldáliga fez uma sugestiva revelação de seu pensamento: "Creio que Deus nem sequer é juiz. Afinal, o problema de Deus vai ser condenar alguém. Há pouco tempo fiz um 'soneto a Judas '. E o chamo Judas, irmão Judas, companheiro. Você crê - pergunta ao seu entrevistador - que Judas foi pior do que eu?".9

Cristim1ismo causa a perda da identidade cios índios? D. Erwin Krautler, Bispo de Xingu, e na ocasião presidente do CIMI, afirmou: "Os indígenas perderam sua identidade quando se fizeram cristãos, e ainda não existe na América Latina uma Igreja com rosto indígena". 1º D. Leônidas Proafío, que fora Bispo de Riobamba (Equa-

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CATOLICISMO

tl.RAPOS

e

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dor), assim se expressou: "Os índios da América - mais de 40 milhões - começaram a abrir os olhos e a tomar consciência de si próprios. Começaram a desatar sua língua, a recuperar a palavra e a falar com força. Começaram a pôr-se de pé e a caminhar. [... ] Eles consideram que a comemoração dos 500 anos do 'descobrimento' da América não pode ser objeto de festividades pomposas e triw~f'alistas, como pretendem os governos e as igrejas da Espanha, da Europa e da América Latina". A meta dessa mobilização indígena é um a revo lução tota l: "A única via que resta aos povos da América Latina para mudar a chamada 'ordem estabelecida' é uma autêntica revolução [... ] global, radical, rápida". 11

A demarcação da Reserva Ra1>osa/Scrra do Sol O assunto aqui tratado, de si importantíssi mo para o Bras il , toma neste momento especia l at ua lid ade, poi s a neom iss iologia indi genista efetua hoj e um de seus maiores lances com a campanha a favor da demarcação contínua da Reserva Raposa/Serra do Sol em Roraima, contando com altos apoios ecles iásticos. Se de um lado o clero progressista se empenha a fundo para manter o índio em seu estado de barbárie, apontando-o como modelo a ser segu ido pelos povos civili zados, de utro, em grande medida por ação ou omi ssão do mesmo clero, o Ocidente vai sendo barbarizado através da Revolução Cultural, que é um aspecto fundamental da atual etapa do processo revolucionário, após seus estágios anteriores: protestanti smo, Revolução Francesa e comunismo.

O lutul'O: "tl'ihalismo eclesiástico" e certo pentecostalismo Concluímos este artigo com as considerações que o P rof. Plinio teceu a respeito deste ass unto, em 1976, na Parte III de seu profético livro Revolução e Contra-Revolução, acrescido de comentários enunciados pelo autor em 1992, prevendo o futuro que poderia ser o da Igreja sob o influxo da referida etapa da Revolução:

"Falemos da esfera espiritual. Bem entendido, também ela a IV Revolução quer reduzir ao tribalismo. E o modo de o fazet; já se pode bem notar nas co rrentes de teólogos e canonistas que visam transformar a nobre e óssea rigidez da estrutura eclesiástica - como Nosso Senhor Jesus Cristo a instituiu, e 20 séculos de vida religiosa a modelaram magn!ficamente - num tecido cartilaginoso, mole e amorfo, de dioceses e paróquias sem circunscrições territoriais definidas, de g rupos religiosos em que a firme autoridade canônica vai sendo substituída gradualmente pelo ascendente dos 'profetas' mais ou menos pentecostalistas, congêneres eles mesmos dos pajés do estruturalo-tribalismo, com cujas figuras acabarão por se co~fimdir. Como também com a tribo-célula estruturalista se co~f'undirá, necessariamente, a paróquia ou a diocese progressista-pentecostalista ". "Nesta perspectiva que tem algo de histórico e de conjectura/, certas mod(ficações de si alheias a esse processo poderiam ser vistas como passos de transição entre o status quo pré-conciliar e o extremo oposto aqui indicado. Por exemplo, a tendência ao colegiado como modo de ser obrigatório de todo poder dentro da Igreja e como expressão de certa 'desmonarquização ' da autoridade eclesiástica, a qual ipso facto fi caria, em cada grau, muito mais ondicionada do que antes ao escalão irnediatamente üierior. Tudo isto, levado às suas extremas conseqüências, poderia tender à instauração estável e universal, dentro da Igreja, do siifi·ágio popular, que em outros tempos foi por Ela adotado às vezes para preencher certos cargos hierárquicos; e, num último lance, poderia chegar, no quadro son hado pelos tribalistas, a uma indefensável dependência de toda a Hierarquia em relação ao laicato, suposto porta-voz necessário da vontade de Deus. 'Da vontade de Deus', sim, que esse mesmo laicato tribalista conheceria através das revelações 'místicas' de algum bruxo, guru pentecostalista ou feiticeiro; de modo que, obedecendo ao laicato, a Hierarquia supostamente cumpriria sua missão de obedecer à vontade do próprio Deus " . A IV Revolução e o prntenwtural

'"Omnes dii gentium da:monia', diz a Sagrada Escritura (Todos os deu ses cios pagãos são demônios - SI 95, 5). Nesta perspectiva estruturalista, em que a magia é apresentada como forma de conhecimento, até que ponto é dado ao católico divisar as fu lgurações enganosas, o cântico a um tempo sinistro e atraente, emoliente e delirante, ateu e fetichisticamente crédulo com que, do fundo dos abismos em que eternamente Jaz, o príncipe das trevas atrai os homens que negaram Jesus Cristo e sua Igreja? É uma pergunta sobre a qual podem e devem discutir os teólogos. Digo os teólogos verdadeiros, ou seja, os poucos

que ainda crêem na existência do demônio e do i~f'erno. Especialmente os poucos, dentre esses poucos, que têm a coragem de e~f'rentar os escárnios e as perseguições publicitárias, e de falar". 12 *

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O quadro aqui descrito é de suma gravidade e de incontestável realidade. Não obstante, ele não obnubilou a inquebrantável fé do eminente autor na promessa feita por Nosso Senhor, de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Foi poi s com ânimo firme que ele concluiu a referida Parte III de Revolução e Contra-Revolução , no posfácio publicado em 1992: "Em meio a esse caos, só algo não variará. É, em meu coração e em meus lábios, como no de todos os que vêem e pensam comigo, a oração transcrita ao final da Parte Ili: 'Ad te levavi oculos meos, qui habitas in coelis. Ecce sicut oculi servorum in manibus dominorum suorum, sicut oculi ancilae in manibus dominae suae; ita oculi nostri ad Dominam Matrem nostram donec misereatur nostri' (Levanto meus olhos para ti, que habitas nos céus. Assim como os olhos dos servos estão fixos nas mãos dos seus senhores, e os olhos da escrava nas mãos de sua senhora, assim nossos olhos estão fixos na Senhora, Mãe nossa, até que Ela tenha misericórdia de nós. Cfr. Ps 122, 1-2). É a qfirmação da invariável confiança da alma católica, genuflexa mas firme, em meio à convulsão geral. Firme com toda a firmeza dos que, em meio da borrasca, e com uma força de alma maior do que esta, continuarem a afirmar do mais fundo do coração: 'Credo in Unam, Sanctam, Catholicam et Apostolicam Ecclesiam ', ou seja, Creio na Igreja Católica, Apostólica, Romana, contra a qual, segundo a promessa feita a Pedro, as portas do i~f'erno não prevalecerão". • E-ma il do autor: gonza lo larra in @catolic ismo.com.br Notas: Os grifos que figuram no artigo são desta redação. 1. Tribatism.o Indígena, ideal comu110-111issionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz Ltda. S. Paulo, I' edição , p. 76. 2. Idem, p. 74. 3. Idem , p. 66. 4. Idem, p. 66. 5. Idem , p. 82. 6. Idem, p. 118 e 119. 7. Consu ltar no site: www.pliniocorreaçleoliveira jnfo 8. Cristandade Autêntica ou Revoluçcio Comuna-Tribalista, Artpress , São Pau lo, 1" edição, 1993, p. 9. 9. Idem, p. 22. 1O. Idem, p. 25. 11. Idem , p. 26. 12. Revoluçcio e Contra- Revotuçcio -Artpress, S. Paulo, 1998 - 4' edição em p_ortu guês.

FEVEREIRO 2009 -


525. Descendente da nobreza romana, sucedeu a Tsíquio como Bispo de Vienne. Graças a ele, Si gismundo, Re i dos Borg ui nhões, abjurou a heresia ariana.

34 a nos e nc laus urada num a cela. Cumul ada de fa vores celestia is, obte ve de Nosso Senhor compartilhar as perseguições sofridas o utrora por Santo Antão, da parte dos demô ni os . São Franc isco de Assis fo i visitá- la por volta de 122 1.

2 Apresentação do Menino Jesus no Templo e Purificação de Nossa Senhora Esta festa é também chamada das Candeias ou Candelária.

Santa Catarina de Ricci (Vide p. 36)

~l São Brás, Bispo e Mártir

+ Constantinopla, e ntre 895 e

Santa Dorotéia, Virgem e Mártir

90 l. Patri arca de Constantinop la, e mpreende u os ma io res esforços para restabelecer, na Igreja cio O riente, a paz aba lada pe lo c isma de Fóc io.

sa d ura nte a persegui ção de Diocleciano (284-305), preferiu mo rrer a renegar sua fé .

Primeira Sexta-Feira do mês

7

+ Armêni a, 258. Ofi c ia l da 12"

Santa Juliana de Bolonha + (Itá li a), aprox im adame nte

Legião ro mana estac io nada em Meli te ne (Armên ia) , fo i decapitado após corajosamente arrojar por terra os ído los, dura nte uma proc issão pagã.

430. O gra nde Santo Ambrósio compôs mag nífi co panegírico das virtudes desta santa, a quem compara com a mulher prude nte da Sagrada Escritura.

Primeiro Sábado do mês

8 São Jerôn imo Emiliani + Veneza, 1537. Fundado r da Cong regação de Somasca para ate nde r órfãos, mulheres perd idas e c ri anças aband o nadas, fa moso por milagres que operou em vida.

9

d roeiro contra as doenças da garganta. U ma bênção es pec ial de São Brás é dada pela Jgreja neste di a.

São Nicél'oro, Mártir

4 + Nápoles (Itália), 16 12. Recebeu no batismo o nome de Eufrás io. Antes dos 17 anos tomou o hábito de capuchinho, mudando o nome para José. Em l 687 fo i nomeado, a seu pedido, missionário em Constantinopla, a fim de conceder alívio e inst:rução aos cristãos que se encontravam escravizados pelos maometa nos. Tendo sido ac usado de assassi nato, fo i supl iciado e milagrosamente salvo por um anjo, que U1e ordenou vol tar à ltália.

1~l São Polieucto, Mártir

+ Sebaste (A rmêni a), 3 l6. Pa-

São ,José de Leonissa, Confessor

12 Santo Antonio Cauleas, Patriarca

6 + Cesaréia (Turquia), 320. Pre-

Santa Veridiana, Penitente + Toscana (Itáli a), 1242. Vi ve u

1858. No local, os mi lagres se multiplicam sem cessar até hoje.

+ Anti oqu ia, 260. Le igo, teve uma desavença com um sacerdote, Sabríc io. E mbora procurasse várias vezes obter de le o perdão, este sempre o rec usou, mes mo na hora do martíri o. Isto fez com q ue Sabríc io fraquejasse e, apesar das ad moestações de Nicéforo, apostatasse. N icéforo então declarou-se cri stão e morreu em seu lugar.

10 Santa Escolástica, Virgem + Úmbria (Itá li a), 543. Irmã de São Bento, fun dou uma Ordem que chegou a ter l4.000 conve ntos espalhados por todo o Oc idente.

11

5

Nossa Senhora de Lolll'des

Santo J\vito + Yienne (França), por volta de

Apari ção a Santa Bernaclette Soubirous em Lourdes (França),

14 São Marão, Solitário + Síria, aprox imadamente 423 . Monge que vi veu perto da cidade de Cir, na Síria. Foi agraciado com o dom dos milagres.

15 Santos Faustino e Jovita, Mártires + Brésc ia (Itá li a), aprox imadamente 120. Do is irmãos - o prime iro sacerdote, e o segundo di áco no - fora m in terrogados pessoalmente pe lo imperado r ro mano pagão Ad riano . Após sere m submetidos a tortu ras, fora m decapitados.

16 Santo Onésimo, Bispo e Mártir + Roma, aprox imadamente 95. Escravo de um cristão de Colossos chamado Fil emon, praticou um roubo e fu giu para não ser castigado. E m Roma, onde se esco nde u, e nco ntro u São Paulo, que o converteu.

17 Sete Sa ntos Fundadores dos Servitas, confessores + Florença, séc. XIII. Estes comerciantes florentinos tudo deixaram para seguir a Cristo, fu ndando para isso a Ordem dos Servos de Mari a. Foram tão unidos

em vicia, que são comemorados juntos depois ele sua mo1te.

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querida Mãe. Foi B ispo ele Orleans du rante mais ele 15 anos, até que, ca luni ado, fo i desterrado para Has bai n.

Siio l•'laviano, Patriarca + T urq ui a, 449. Patri a rca de

21

Const antinopla (446-449), tomo u parte no conc íli o q ue o im p rador Teodósio li convocara, o qual se rea li zo u numa igreja de Éfeso (Turq ui a) a 8 de agos to de 449. Quando se de li berava a res peito de Eutiques e ele sua heresia monofi sita (segu nd > a qua l não haveria em Nosso en hor Jesus Cristo as du as naturezas, divina e humana, ma s so me nte um a), uma multiclõo co mpos ta por monges herél'i cos, so ldados e marinhe iros cxa lllldos invad iu a ig reja para apoiar os bispos he réticos e espa n ou os padres concili ares q u s pu nham a E utiq ues. As iras voltaram-se princi palme nte contra Flav iano, que fo i levado pr so. Mo rre u de vido aos maus tratos recebi dos du rante aq ue l tumul to, que fi cou conhec ido como o concílio de ladrões, ou pilhagem de Éfeso, ou a inda latrocfnio de Éfeso.

São Pedt'O Damião, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Ravena, l072. Entrou na Ordem dos Camalclulenses. Nomeado Cardeal-bispo de Óstia, teve de ace itar a contragosto essa no meação, sob pe na de excomunh ão; de ixo u mais ele 158 cartas, 60 opú sculos, vári as vidas de santos e admiráveis sermões.

22 Cátedra de São Pedro Anteri o rmente comemo rava-se neste dia a Cátedra (ou Cade ira) ele São Pedro em Antioqui a; em 18 de j ane iro, a Cátedra ele São Pedro em Ro ma. C hamamse catedrais as igrejas onde se encontra a cadeira ou cátedra do mag is té ri o e pisco pa l. A igreja de São Pedro em Roma poder-se-ia chamar a catedra l das catedrais.

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2~J

São Quodvul tdcus, Bispo

São Policarpo, Bispo e Mártir

+ Itália, aprox imada me nte 444. Seu nome significa O que Deus quer. B ispo de Cartago no século V, governava pacificamente seu rebanho quando Ge nserico, rei cios Vând alos, apoderou-se da cidade e m 438. Este príncipe ariano atorme nto u-o por ódio à fé católica. Não consegui ndo fa zê- lo apostata r, colocou-o junto com outros fié is em barcos avariados, co m a esperança de que perecessem nas águas. Milagrosa mente preservados, chegaram sãos e salvos a Campâni a, na Itáli a do Sul.

20 Santo l•:uquério, Bispo

+ Has bai n, 738. Na juventude, o santo já era Lido corno prod ígio ele e iGnc ia e sobretudo de santidade. F i devotíssimo da Sa ntíss ima Virgem, a q ue m c ha mava con ta ntemente sua

+ Cesaréia (Turqui a), J04. Fo i discípulo de São João Evangelista. "Policarpo - diz Santo Lrineu no Tratado das Heresias - não só foi ensinado pelos Apóstolos e converso u com muitos que tinham conhecido em, vida Jesus Cristo, mas deveu aos mesm.os Apóstolos a sua eleição para Bispo de Esmirna, na Ásia " . Por increpar corajosamente sacerdotes pagãos, teve sua cabeça decepada.

qu e im asse m as pa lm as el as mãos, mas a imperatri z Teodora escondeu-o numa igreja, tratou-o e conseguiu restabelecêlo. Lázaro foi encarregado de levar a Ro ma a notícia de q ue a im peratri z Teodora resolvera a di scussão em favor cio cul to das image ns. D iz-se que e le morreu num naufrág io.

25 Santo Avertano e Beato Romeu, Confessores

+ Luca (Itá li a), 1386. Avertano, devendo escolher seu estado de vicia, teve a inspiração de entrar na Ordem Carmelita, na qu a l efeti va me nte in g resso u. Tendo manifes tado grande desejo de peregrinar a Roma, os superi ores dera m-lhe por companheiro Ro me u, irmão le igo do conve nto. Contagiados pela peste negra, detivera m-se na cidade de Luca, onde morreram depo is ele uma semana.

Quarta-feira de Cinzas

• Roga ndo o Nossa Sen hora de Lo urdes, cuja festividade é comemorada pela So nta Igreja no d ia l l de fevere iro, que conceda a todos os le itores de Catolicismo - bem como àq ue les de seus parentes mais necessitados vigo rosa saúde de a lma e de corpo.

26 a perseguição cio im perador roma no pagão Décio, oc upava Nestor a sé episcopal de Magiclos, na Panfília. Preso, o ofi cial romano começou por se mostrar benévolo, mas durante o interrogatóri o logo se tornou violento. Após novos interrogatórios, fo i condenado a morrer numa cruz.

27 São Leandro, Bispo + Sevilha (Espanha), aprox imada me nte ano 600. Irm ão de Santo Isidoro, abraço u mui to cedo o monaca to e fo i e le ito B ispo de Sevilh a em 579.

24

28 São Torquato, Bispo e Confessor

nes ou image ns em Constantinopl a, qu ando lá re inava Teófil o, iconoc lasta fu rioso . Este mandou lançá- lo numa c loaca, de o nde co nseg uiu escapa r, voltando depo is a pintar. O imperado r ma nd o u qu e se lh e

Se rá ce leb rada pe lo Revmo. Padre Dav id Franc isq ui ni, nos seg ui ntes inte nções:

São Nestor, Bispo e mártir + 250. Quando se desencadeou

São Lázaro , monge

+ E ntre 856 e 867. Pintava íco-

Intenções para a Santa Missa em fevereiro

+ Cádi z (Espanha), séc. J ou 11. Tido como o primeiro dos "varões apostólicos" - bi spos enviados de Ro ma à Penínsul a Ibéri ca no I século - fo i bispo de Cád iz, que edificou com sua c iência e virtude.

Intenções para a Santa Missa em março • Em lo uvor da Anu nciação e Encarnação do Ve rbo de Deus e também em memória de São José - festividades que se comemoram em março - rogando a Nossa Sen hora e a seu g lorioso e casto Esposo que prote jam e guardem os fam ílias que recebem a rev isto Cato licismo. • Pelos víti mas de e nchentes em diversas regiões do Brasil , especia lme nte nas ma is fl agela das, como em SC, RJ

eMG.

FEVE


rário previsto para seu término. Alunos da Acade mia apresentaram a peça teatra l "Vem, Menino Jesus! " (foto ao lado direito, abaixo), inspirada num fato verídico e surpreendente relatado por um sacerdote hún aro, na paróquia de onde fora expulso nos anos 50 pelo regime comuni sta:

"Gertmdes, uma prof essora atéia, militante do partido comunista, crescia em p erv rsidade e em insidiosos so.frsmas na tenLal.iva de extirpar dos inocen tes coraçõ ' S de suas pequenas alunas o dom precioso dafé. Informada de que elasji·eqüentavam os sacramentos e praticavam as virt1,1des católicas, arquitetou um diabólico plano para levar a cabo seus perversos intentos. Aproximava-se o Natal. Ela mandou que uma das meninas se reli0

Open house da TFP na Pensilvânia rn FRANcisco JosÉ SA10L m dezembro último, a TFP norteamericana enviou ao Brasil nume rosa delegação para as comemorações do centenário de nascimento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Entretanto, mesmo ficando com o contingente reduzido, as atividades contra-revo lucionárias nos Estados Unidos não foram interrompidas naq ue le mês. O op en house de Natal - uma tradição que se repete há vários anos - foi organizado na Academia São Luís Grignion de Montfort e na sede centra l da entidade em Spring Grave , na Pensilvânia. Famili ares, vizinhos e amigos acorreram para celebrar a festa magna da Cristandade, enfrentando as intempéries próprias desse período invernal. CATOLICISMO

Neste ocaso da C ivili zação Cristã, vivendo em meio ao corre-corre da vida quotidiana, num ambie nte a cada dia mais paganizado, os convidados puderam encontrar em Spring Grave e na Academia São Luís Grignion de Montfort um ambiente altamente im preg nado da atmosfera natalina. Aquecidos pelo calor da lareira, em torno de um presépio artisticamente montado (foto ao lado), degustando iguarias próprias a uma festividade de Natal , 215 pessoas ali estiveram presentes. "Neste ano foi ainda melhor do que no anterior", foi o comentário genera li zado entre os participantes.

*

*

*

Os cânticos natalinos fizeram com que o evento se prolongasse muito além do ho-

rasse da sala e esperasse do lado def ora. E ordenou às crianças: 'Ago ra chamemna '. As crianças obedeceram e a aluna entrou na sala. Gertrudes continuou: ' Vocês viram que Ânge la veio, porque ela existe '. Mando u então qu e c harnass em a Chapeuzinho Vermelho. Obviamente, o f olclórico personagem não apareceu. E a prof essora prosseguiu: 'Ago ra chamem o Menino Jesus. Vocês vão ver que ele tambérn não virá, pois ele só existe na imag inação das crianças'. Após uma pequena pausa, seguindo

uma inspiração da graça, todas as alunas, em coro, passaram a exclamar: 'Vem, Menino Jesus! ' Pouco depois a sala se iluminou, e um esplendoroso Menino apareceu sorridente, premiando com um milagre a inabalável fé das inocentes crianças. A professora, em estado de choque, alucinada, teve que ser removida a um hospital psiquiátrico, onde terminou seus tristes dias " . • E-mail do aut or: catoli cis111o @catoli cis111o.co 111 .br

FEVEREIRO 2009 -


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"Em o.efesa dos Sete Sacramentos" Ü bra escrita pelo rei Henrique VIII em defesa da Igreja Católica, antes de impor o cisma anglicano

oi re-editado nos Estados Unidos o livro Em D efesa dos Sete Sacramentos, redigido pelo rei Henrique VIII da Inglaterra em 1522, e então louvado pelo Papa Leão X. O volume contém 235 páginas ricamente ilustradas em edição comentada por Raymond ele Souza, do movimento Saint Gabriel Communications, sedi ada em Conyngham, Pennsylvania (EUA). O comentarista dedica a edição a Sua Majestade Elizabeth II, e a lança por ocasião do centenário natalício de Plínio Corrêa ele Oliveira, "o cruzado do século XX" . À época de sua publicação, Henrique VIII - que posteriormente rompeu com a Santa Igreja, dando início ao cisma anglicano, que posteriorme nte tornou-se uma heresia - , ainda discernia claramente a verdade católica, recusando os erros de Lutero. Nessa obra, refutou com firmeza os erros do luterani smo, o que lhe valeu a concessão, por parte de Leão X, do título de Defensor da Fé, até hoje ostentado, poré m indev idamente, pelos monarcas britânicos. Raymond de Souza acrescentou ao texto da obra mai s de uma centena de citações extraídas do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, outorgado pelo papa Bento XVI em 2005. Henrique VIII, em sua obra, explica a natureza e a eficácia cios sete sacramentos, instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo e deixados sob a guarda da Santa Igreja para a salvação das almas. Ao mostrar a veracidade da Igreja Católica, o livro representa uma contribuição aos que procuram a verdadeira uni ão entre os cristãos. Dessa obra, em 1907 afirmou o cardeal James Gibbons, arcebispo de Baltimore, numa das poucas edições desde sua publicação: " Trata-se de uma obra rara, publicada apenas duas vezes nos últimos 200 anos. Sua argumentação é mqjestosa em razão da realeza do autor: [. .. ] Entre os temas nela expostos estão o primado do bispo de Roma, as indulgências, o mistério da Presença Real e a Missa, o Sacramento da conftssão, o divórcio, etc. De tudo isto ele tratou, tal como Santo Tomás, São Francisco de Sales ou Santo Afonso de Liguori poderiam ter tratado. Espero que a obra possa ser ampla e cuidadosamente lida ". O volume é re-editado oportunamente, neste momento em que o mundo sofre um processo de descri stianização de suas instituições e de sua cultura. Países inte iros debilitam sua soberania em razão ele alegadas vantagens econô mi cas; a in stituição da família é so lapada pela porn og rafia , homo ssex ua lidad e, contracepção, aborto, esteri lização. E co mo resultado, as nações sem filhos tornam-se nações sem futuro. O apoio dado à ordenação de mulheres e de homossex uais, como ocorreu no seio da mencionada confissão re li gio a anglicana, aumenta ainda mai s o caos moral. Na Europa, a intensa imi gração islâmica vai pree nche ndo o vácuo deixado pel a qued a populaci o nal e pe la crescente descri stiani zação. A Igrej a Católica sofre a ma is intensa crise de fé em sua hi stóri a duas vezes milenar; o protestantismo, atualmente fragmentado em mil de no minações postas em conflito, deturpa as verdades evangélicas, apresentando-as sob um aspecto subj etivo e relativi sta . Raymond de Souza é conferencista especializado em temas apologéticos, com atividade internacional; mantém um programa levado ao ar pelo prestigioso canal de televisão católico conservador EWTN, dos EUA, conhecido como Canal da Madre Angélica. Das suas co11ferências mais importantes, duas foram divuldadas em CDs: Descristianização: evolução social ou fim de uma cultura ?; A presença de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia: real ou simbólica? • Nota : Quem desejar adquirir o referido li vro, bem corno outras divu lgações da Saint Gabriel Co11unw1ications, pode fazê- lo por meio do endereço: P.O. Box 1393 - Cony ngha111 PA 182 19 - USA Ou acessa ndo o site: www.saintgabriel - international.com

CATOLICISMO

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Esta vida de Jesus Cristo, escrita com o rigor de um grande exegeta, é apresentada ·om simplicidade pelo autor, sem excessos de estilo ou aparato científico. Sua leitura a 1 rada, desperta o interesse atingindo e emocionando os corações, a fim de conduzi-los ;i conhecer melhor e amar mais Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadein > homem. Depois de Louis-Claude Fillion ter escrito muitos outros livros e comentários bíblicos eruditos, foi esta visão entusiasmada, encantadora e serena de Nosso Senhor que o t 'l' k hrizou junto ao grande público.

Petrus Editora Ltda. Rua Javaés, 707 - Bairro Bom Retiro - São Paulo-SP - CEP O1130-010 Fone (11) 3331-4522 - Fax (11) 3331 -5631 E-mail : petrus@livrariapetrus.com.br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br


--i·illiiiiiM·iiiiiiiii,ili►Mirllli~ - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Excertos da conferência proferida pelo P.rof. Plínio Corrêa de Oliveira em 21 de dezembro de 1984. Sem revisão do autor.



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UMARI

n PuN1 0 C o RRÊA DE OuvE1RA

São José: co-participação nos maiores fatos da História

O

grande São José, nascido de famíl ia ilustre, arrasta no entant uma existência obscura qu ', ·ontrastando com o brilho da sua ori m, o co locou na mais baixa camada da so ·i dad de seu tempo. Us ·ass iam-Ih os dotes naturais ·0 111 qu · os hom ns s fa zem grandes. Não di spõ' d ' x r itos nem de súd it os, qu • 1'V m ao lon a glóri a de s 'u 110111 • Nuo di spõ do dinheiro 1 ara 1 al 1 nr us alt as I osiçõ s. Vive humild ' d 'S ·onh ' ·ido, à sombra do T rnplo 111 aj ·stos o qu erg uera David, no pr >prio país rn que reinara ·1 sab ·doria d· , 'alomuo. No ' ntanto, brilh a n ·1- a chama da ·aridad •. Um int ' nso amor de us, umn 's piritu alidad ' ' uma vi da int rior admi ráv ' is raz ' m d sua alma obj ·to da ·0111 pl a · n ·ia da antíss ima Trind ad •. E ·stc homem humi lde é ·hanndo a co-parti cipar de modo d ir ·to cm acontecimentos dos quais decorreri am os mais notáveis fatos da Hi stóri a - por exemplo, na Reden ção do mundo. • "O Leg ionário" , 26-3- 1933.

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Anundação do anjo a Nossa Senhora

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Por que estudar a Religião? - III

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Fórum Social Mundial: contestação e anarquia

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O homossexualismo não é "direito humano"

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Sentido de bem viver

Tribalismo indígena e neomissiologia São Clemente Maria Hofbauer

Revigoramento da devoção ao Rosário Catedral: o estilo gótico e o moderno

Ecologistas catastrofistas

CoNTRA-R1wm,t 1cmNAmA

A1Vmn:N·1•1,:s , Cosn1M1•:s, C1v11 ,1zAçüEs

A sublime atmosfera da Anunciação do anjo à Santíssima Virgem 1 = S,

Nossa Capa :

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Foto : Fábio Rodrigues Pozze bom/ ABr "Profetas" do apocalipse ecológico

CATOLICISMO

MARÇO2009 -


O anjo anunciou a Maria! Caro le itor,

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 311 6 Administração:

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Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@ terra.com.b r Home Page: www. catolicismo.com.br ISSN 0102-8502

Qu al o tipo de c ivili zação ideal para a humanidade, a fim de que e la atinja a fin a lidade para a qual fo i c ri ada? Por certo a c ri stã, baseada nos princípi os cio E vange lho, porquanto só ne la pode-se reali zar o que está dilo no Pai Nosso: "Seja.feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu". Por ela lutaram e sacrificaram-se os nossos intrépidos mi ssio nári os e coloni zado res. M as tal idea l de civili zação, que era até certo ponto admili do pe la genera li dade dos home ns, ainda que intuitivame nte, de algum te mpo para cá vem sendo negado. E não se pense que por pessoas ignorantes, mas por inlclecluais, home ns públicos e até mesmo eclesiásticos. Segundo tais pessoas, muitas delas ade ptas da corre nte progre s isla e estrutu rali sta, a o rgani zação soc ial não de ve ser c ri stã e hi erá rqui ca, ma. tri bal, o nde cada qua l faz o que be m e nte nde e tudo pe rte nce a todos. Enlr outros obje tivos, essas corre ntes propugnam a concessão cad a vez maio r do tcrrilório bras il e iro para as tribos indígenas, como ocorre a tualme nte co m a r serv a

Raposa/Serra do Sol. À vi sta di sso, não é de s urpreender que, diante da c ri se econô mi co- fi nanceira que convul siona atu alme nte o mundo, comecem a propagar com mai s e mpe nho sua absurda teori a como solução para todos os proble mas. É oportuno le mbrar que ela fo i de nunciada e m 1977 , pelo Prof. Plíni o o rrêa de Oli veira, e m seu proféti co livro recenteme nte reeditado, Tribalismo l11dígena: ideal comuna-missionário para o Brasil do século XXI. A obra e nde na teses absurdas dessa neomi ssiologia: consideram os mé todos do Be m-avcnlurado A nchieta e de Nóbrega como causadores da desagregação dos índ ios; brancos cri stãos teri a m vindo ao B ras il para dominar, desprezar e espo li ar os índi os; estes constitue m sinal profético para questi ona r a Igrej a e a soc iedade, ele. Nos a maté ri a ele capa é de autori a ele Ne lson Ra mos Ba rretto. E le escreve u, junta me nte com Pa ul o He nrique Chaves, uma atu alização ao me nc ionado livro ele Plini o Corrêa de Olive ira, com o títul o: 30 anos depois - ofensiva radical para levar à frag,nentação social e política da Nação. O vo lume rece nte me nte la nçado a presenta uma reedição do livro publi cado há 30 a no. , acrescido de um comple me nto que confirma, com impressionantes fa to el a atu alid ade, o acerto ela pos ição ass umida a nte ri orme nte po r aque le in signe líde r e pe nsador cató li co. Esse tema é de mo lde a le var o le itor a se de bruçar com espec ial ale nção sobre a cande nte te máti ca, que proj eta um a lu z no túne l escuro cio mo mento presente. Desejo a todos uma boa leitura.

Preços da assinatura anual para o mês de Março de 2009:

Comum: Cooperado r: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

A$ A$ A$ R$ R$

106,00 150,00 280,00 460,00 10,00

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

Em Jesus e Mari a,

~~7 D IR ETOR

paulobrito @catolicismo.com.br

P or que a Anunciação foi feita por utn anjo? Por que dirigida a Maria e não a São José? Perguntas levantadas e respondidas por Santo Tmnás de /\quino revelam a beleza da ordcin e da hierarquia.

V ALD IS GRINSTE INS

P

ropri ame nte Santo Tomás é um so l ela Teo logia cató lica. Ele tem uma ini gualável capacidade ele expli ca r, ele fo rm a s impl es e contunde nte, aquilo que parece ex tre mamente compli cado. A leitu ra da Summa Teologica, se bem que ex ij a um a certa preparação, não deixa ele ser, além ele ame na, muitíss imo in strutiva. Justamente estava eu le ndo uma série ele perguntas que ele fo rmula inicialmente, segundo seu método ele tratar os temas, a respeito ele Nossa Senhora. E a primeira delas chamou-me a atenção pelo modo curioso como é fo rmul ada na "Parte Ili, questc7o XXX, art. 2". Resumirei ass im o problema para os leitores ele Catolicismo: Deus faz tudo levando em consideração a hierarqui a, respeitando os dire itos daque le que é mais. Ora, Mari a Santíss ima, por ser a Rainha dos anj os, log ica mente era mais do que eles. Logo, para comunicru· a Maria Santíss ima que Ela seri a a Mãe de Deus, não deveri a ter sido enviado um anjo - portanto, um infe ri or, súdito ela Rainha - mas deveri a tê- lo feito o própri o Deus. Assim se respeitari a a hierarqui a, segundo a qual são os superiores que instruem os infe riores. Essa primeira pergunta já me deixou sem saber qual a maneira ele encaminhar uma solução. Numa consideração inicial, a dú vida tem seu funclrunento, conduzindo a uma conclusão muito ev idente. Mas a segunda pergunta fo i ainda mais incisiva, talvez mais complicada: É conveniente que se respeite a hi erarquia na famíli a, na qual

Anunciação - L. Despesches, séc. XVII. rHotel Dieu de Beoune, França .

Deus pôs o mru·ido como cabeça, conforme ensina São Paulo: se as esposas quisere m saber algo, perguntem-no aos maridos (cfr. l Cor., 14-35). Portanto, o anjo deveria ter feito a anunciação a São José, pois este, como esposo da Virgem, é quem deveri a tê-lo comunicado a Ela. Além do mais, o próprio São José foi instrnído por um anjo (cfr. Mt 1, 20-2 1).

Ao terminar a leitura das perguntas de Santo Tomás, pe nsei: agora é que as coisas fi caram complicadas ! Se eu não ti vesse a certeza ele estar lendo o próprio Doutor Angéli co, julgaria ter apanhado por engano o livro ele algum malvado "teólogo" encarregado de matar a fé, servindose para isso das própri as evidências e da Sagrada Escritura .

MARÇO2009 . . .


O desígnio ele /Jeus

a njo decaído, um demônio, falou-lhe e a tentou - , assim ta mbé m conv inha que Por brevidade, não falarei das o utras duas pe rg untas que Santo Tomás fo rmufosse através de um puro esp írito, fa la ndo com uma mulher, que se desse o inílo u, po is bas ta m estas para mostrar a c io da restauração humana, a nunc iando compl ex idade do problema. E aqui vem a parte mai s inte ressana vinda cio Sa lvador. te. Santo Tomás usava um sis te ma para 3. Porque Maria Santíssima era virge m , e a virgindade é um a virtude e ns inar seus a lun os, qu e co ns is ti a e m a ngé lica - associada aos a njos por faap resenta r lado-a- lado duvid as que, na rea lidade, consistem e m objeções à tese defendida. O prime iro tipo de a rg um e nto co nst itui , muito bem fo rmul ado, uma dedução; e o segundo tipo, fatos o u ev idê ncias, algo que não pode ser ne m deform ado ne m inte rpre tado de o utra ma ne ira. Quando cons ideramos de um lado um fato inegável, e de outro a lgo que deduzimos, mas que se opõe ao fato, nossa dedução é e rrada sob algum âng ulo, quer gostemos ou não. Nesse caso concreto, as duas ded uções qu e e le a prese nta mostra ndo que a anunci ação deve ri a ter sido feita por D e us, o u diretamente a São José - se o põem a um fato concreto: a Sagrada Escritura diz com todas as letras que um anj o fez a anun c iação a M a ri a. Ponto final. Logo, por ma is bela que possa parecer a a rg um e ntação e m contrári o, e la conté m a lgo errado. Confesso que tive muita c uri os idade para adivinhar como seria a refutação cio gra nde teólogo aos seus próprios argumentos, pois A Coroação da Virgem - Filippo Lippi, séc. XV. ambos me pareciam sólidos como Catedral de Peruggia, Itália . uma rocha. M as na refutação, anzer da vida terrena uma vida de es pírito, tes de mais nada, e le mostra como foi conveniente o plano de Deus, e como E le celestia l. atuou com sabedoria infinita ao envi ar um As f'egrns e as exceções a njo a M ari a. Isto por três motivos: 1. Porque há um desígnio divino geUma vez esc larecida ge ne ricamente ra l, segundo o qua l as coisas do Céu dea beleza do pl a no divino, passa Santo vem c hega r aos ho me ns por meio dos Tomás a refutar os a rgumentos contidos anj os. E les foram os primei ros a ser insnas duas questões acima, e que parecem truídos sobre a E ncarnação, e e ncarreà prime ira vista tão só lidos. Vou ap resentar essa refutação resumidamente. gados de in struir tanto São Zacari as, de que m viria o precursor (São João BatisS im , Nossa Sen hora era Rainha dos a nj os, por motivo da dignidade a que ti ta), quanto Nossa Senho ra sobre o plano nh a s ido c hamada, e e nqua nto tal supede Deus. rior a e les. Mas no estado de vida mor2 . Porque, ass im como o iníci o da decadência humana se de u por meio de ta l, e nquanto a inda vivendo nesta Terra a ntes de ir ao Céu e ver a Deus, Ela a inum anj o, quando Eva ca iu - pois um

-CATOLICISMO

da tinha que ser in struída, poi s não conhec ia todos os planos de De us. Por isso mesmo, não era contrariar a ordem hierárquica o fato de Ela ser instruída po r um anjo. Quanto ao segundo argumento, resume-se ass im : Santo Agostinho nos e ns ina, num sermão sobre a Anunc iação, que Nossa Senhora esteve isenta de algumas le is gera is que se aplicam a todas as mulhe res (basta pensar que foi preservad a do pecado o ri g ina l). Ela conce be u Jesus Cristo po r obra do Espírito Santo, sem interve nção do seu ma rido, São José. E foi desejo do próprio De us que E la ti vesse conhecimento da conceição a ntes de seu marido, a quem some nte depois esse fato foi revelado, e m sonhos, por um anjo. Pareceu-me inte ressa nte tratar desse tema, tão be m apresentado por Santo Tomás, pela be leza de s ua co mpl ex id ade. D e us é a uto r das regras gerais, mas Ele mesmo deseja que haja exceções. Por um lado, isso ressa lta a beleza da regra; e po r o utro, ressa lta uma majestade e nqua nto De us, para dispensar d a regra. Ele quer o matri mô nio para a propagação da espécie; mas ao me mo tempo, para o nascimento terreno de seu próprio Filho, desejou que isso ocorresse me di a nte um a v irgem , por ação direta cio Esp írito Santo. Ele quer que na fam íli a o pai venha prime iro, depois a mãe, e e m seguida os filhos ; mas determinou que na Sagrada Famíli a - a família por excelênc ia ! - o Filho fosse superior, por ser Deus; após vinha a M ãe, imaculada, e finalmente o pai. Mas nessa di sposição não há luga r pa ra revolta , não h,1 nada que te nha qualquer la ivo de lu ta de c lasses. É a exceção da regra, que confirma o pode r de De us, ma. sempre mante ndo a beleza do plano inicial. N essas questões e expl a nações de Santo Tomás, fica c laro que, como regra ou como exceção, Nossa Senho ra é sempre um verdadeiro moclc lo pa ra nós, di gno de nossa ad mira ção e de no sso amor. • E- mail do autor:

~ r u~·~-~·""""""'""""""""""""',....,._

Por que estudar a Religião?

III

N a edição anterior formn expostas provas ela existência de Deus. Na presente. provas de que o universo foi criado por Deus, e não rruto do acaso*

1 - O universo não pôde faze1·-se a si mesmo, porque o que não ex iste não pode agir, e conseqüentemente não pode darse a existênc ia. O ser que não ex iste é nada; e o nada, nada produz.

2 - O universo não é fruto da casualidade, porque a casua lidade é uma pal avra que o home m inve ntou para indicar sua ig norância e para ex plicar os fatos cujas causas desconhece. N ão ex iste efeito sem causa, ne m orde m sem uma inte li gê ncia o rde nadora. Lançai sobre o solo um montão de letras mi sturadas. Po r ventura pode m tais letras produzir um livro, se não há uma inte li gênci a que as ordene? De modo ne nhum! Re únam-se e m uma ca ixa todas as peças de um re lógio. Por acaso c hegarão a colocar-se po r si mes mas no lugar que lhes corresponde, para ini c iar o movime nto e marcar as horas? Jamais!

3 - O universo não existiu sempre. Assim o reconhece m à uma todas as c iê nc ias. A geolog ia, o u c iê nc ia da Terra; a astronomia, ou ciência dos astros; a biolog ia, ou c iê ncia da vida, etc. - todas sustentam que o mundo teve um princípio. "Nada há eterno sobre a Terra, disse um sábio. E tudo quanto se contém nas en-

tranha.1· dos astros ou em sua superjfcie teve princípio e deve ter algum fim ".

4 - Pode-se demonstrar a existência de Deus pelo movimento dos seres criados? Sim, porque não há movime nto sem um motor, quer di zer, sem a lguma causa que o produ za. Pois be m, tudo quanto ex iste no mundo o bedece a a lg um mov i-

me nto que tem que ser produzido por a lgum motor. E como não é possíve l que exista rea lme nte um a séri e infinita de molores, de pende nles un s dos outros, é prec iso que chegue mos a um 1notor primeiro, eterno e necessário, causa primei ra do mo vime nto de todos os demais. A esse motor primeiro c hama mos Deus. [...l

5 - Podemos deduzir a existência de Deus mediante a contemplação dos seres vivos? S im , a razão, a c iê nc ia e a experiê ncia nos o bri gam a admi tir um C riado r de todos os seres vivos disseminados sobre a Terra. E como esse Criado r não pode ser senão Deus, segue-se que da ex istênc ia cios seres vivos podemos conc luir a ex istênc ia de Deus. As c iê nc ias fís icas e naturai s nos ensina m que e m um determinado tempo não hav ia ne nhum ser vivo sobre a Terra. De o nde provém, e ntão, a vida que agora

ex iste ne la - a vicia elas plantas, a vicia dos animai s, a vida do ho me m? A razão nos mostra que ne m a vida inte lectiva do ho me m, ne m a vida sensitiva dos animais, ne m sequ e r a vicia vegetativa das pl antas podem te r brotado da matéria. Razão? Porque ning ué m dá o que não tem. E como a maté ria carece de vida, ta mpo uco pôde dá-la. A c iê nc ia verdadeira estabelece que nunca nasce um se r vivo se não ex iste um gérme n vital , semente, ovo proveniente de o utro ser vivo da mes ma es péc ie. E qua l é a o ri gem do prime iro ser vivo e m cada uma das espécies? Re montemos de geração em geração, e sempre chegaremos a um primeiro criador de todos os seres vivos, causa primeira de Lodas as coisas, que é Deus. • ução de trecho s do li vro La Religi611 * Trad Demostrada, do Padre P.A. Hillaire, Ed itorial Di fu sión, Buenos A ires, 8" ed ição, 1956, pp. 7 e 8.

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ve l. A m es m a co isa é o pos 1c 10na me nto de les sobre o aborto, també m abo mináve l. As crianças que pode ri a m vir à luz não precisa m serrespe itadas e m seus "dire itos humanos". (G.D.A - D.F.)

Centenário

Di1·eitos J111mai10s e i11coerência 121 B asta nte bo m o arti go ela revista

Catolicismo sobre a mo rte po r e utanásia . E u não tinha tão boas in fo rmações e docume ntos a resp eito. L i, re li e di stribuí xe ro x para c inco médi cos ele me u re lacio na me nto. D o is de les já le ra m e se manifes taram . Um gosto u bas tante, e o outro ma is o u me nos, di ze ndo que não te m posição to mada, mas que seri a prec iso levar e m conta o pedido cio e nfe rmo que desej asse te rmina r com seus di as .. . Aguarelo retorn o cios o utros três médi cos, de po is me co muni care i com vocês e com o Dr. José Anto ni o Ureta. Confo rme fo r o pos ici o name nto de les, e u vo u ampliar a cli slribui ção na c idade. Mas co m as pessoas com qu e m j á conversei, come nta ndo o arti go no capítul o q ue fala cio caso ela ita li a na Eluana, a gra nde ma io ri a é contra a e uta nás ia. Mui tos estão de acord o e m que é uma tri ste s ina de nossos te mpos, e que ta l prática abo minável reve la o qu anto esta mos vive ndo muito di sta ntes ele uma e ra c ivili zada. C uriosame nte o pessoa l cios "dire itos humanos" (muito re lacio nados com a lg uns po líticos), tão contrá rios à pe na ele mo rte, não tê m o m ínimo respe ito pe los "dire itos humanos" cios doe ntes e ve lhos, e aceitam para estes a " pe na ele mo rte" pe la euta nás ia. Com esse pessoa l não há co nversa poss í-

- C A T O L I C ISMO

121 Recebe mos a so lic itação para ser publicada a me nsagem aba ixo, e nviada pe la S ra. Evelyn Pe los i, correspo nde nte da T FP do Re ino U nido: " Deve ter hav ido grande júbilo no Céu quando tantos aviões ate rrissaram no aeroporto de São Paulo, trazendo me mbros e correspo nde ntes de entidades co-irmãs ela Associação dos Fundadores, que vieram do mundo todo para honrar o cente nário de nascime nto do saudoso Dr. Plínio Corrêa de Olive ira. Sentimos uma proximidade do Dr. Plínio quando vi sitamos as igrejas que e le freqüentava com tanta devoção, as inesquecíveis cerimô nias re ligiosas, e especialmente estarmos presentes no s~mto Sacrifíc io ela Missa em tantas ocasiões. A o portunidade única ele podermos rezar diante ela I magem Peregrina ele Nossa Senhora de Fátima na casa ele Dr. Plínio e na sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. E, ao mesmo te mpo, sabendo que muitos amigos da Associação dos Fundadores não puderam comparecer, rezamos e m suas intenções . Toda vez que vi sitávamos a sepultu ra de Dr. Plinio, dá vamos g raças a N ossa Senhora pe la vida desse cruzado, não some nte do século XX, mas dos di as e m que vive mos. Ning ué m que ri a deixar a Te rra ele S a nta C ru z após term os passado c inco di ste ndi dos dias so b a inte rcessão de Dr. Plínio junto de Nossa Senhora, faze nd o-nos vi slumbrar o que será o Re ino ele M a ri a. Foi ta mbé m muito bo m re ve r ve lhos a mi gos e faze r no vas amizades, com a pro messa de muitas visitas. Todos concordaram que um di a retorn arão ao B ras il. P o r fa vo r, quei ra ace ita r nosso agradec ime nto pe la calorosa recepção e hospita lidade que todos a í desfruta mos". (E.P. - Escócia)

"Os três pilares da Igreja " 121 Ao e nsejo das come mo rações do cente ná ri o do gra nde pe nsado r católico do séc. XX PUNJO CO RR Ê A DE OLIV EIRA , ocorrid o no mês de deze mbro passad o, a lg un s j o rn a is e re vi stas, no Bras il e no Exte rio r, proc ura ram s inte ti za r o seu pe nsame nto, publicando a lg uns trechos de suas o bras. Com e ntare i o que e le cons ide ra v a co m o "os três p ila res da

Ig reja". Pl inio di zia que todo cató lico eleve ter uma de voção especial para aquilo que Mo ns. De Ségur considerava "as

três rosas dos bem-aventurados": o a mo r à Sagrada Eucaristi a, a Nossa Senhora e ao Papa. "/-Já para a Igreja três condições de f lorescimento tão essenciais, que se avantajam sobre todas as outras[. .. ]". A ntes d e tud o, está a pi e d a de e ucarística. N osso Senho r presente no Sa ntíss im o Sac ra me nto é o so l d a Ig rej a. De le nos vê m todas as g raças. M as estas graças tê m de passa r po r M a ri a. Po is é E la a M edi ane ira unive rsa l, por que m vamos a Jes us, e por que m Jesus ve m a nós. A devoção maria l inte nsa, esc la rec ida, fili a l, é po is a segunda condição para o fl o rescime nto ela virtude. Se N osso Senho r no Sa ntíss imo Sacra me nto está presente, mas não nos fa la, sua voz se faz o uvir para nós através cio S umo Po ntífi ce. De o nde a doei Iidade ao sucessor de São Pedro é o fruto pró pri o e lóg ico da de voção à Sagrada E ucari stia e a N ossa Senhora.

"Quando, pois, estas três devoções.florescem, cedo ou tarde a Igrej a triunfa. E, a contrario sens u, quando elas estão em declínio, cedo ou tarde a Civilização Cristã decai ". P regava ainda o a mo r es pec ia l cios cató li cos, e com um ardo r inte nso, a tudo aquil o que de modo espec ial se ataca na R e lig ião. E, não por acaso, os três pil a res ac ima citados são os qu e ma is ó di o tê m despertado nos inimigos da fé. D as re li g iões não cri stãs, ne m é prec iso fa lar, po is negam todos o

princípios do cato lic ismo. M as, elas de ma is re li g iões di tas cri s tãs, a negação à Sagrada E ucari stia, a M ari a e ao Papado j á começou no protesto ele L utero, e seguiu-se na miríade de igrej as pro testa ntes que a cada di a são c riadas . Muitos se s urpree nde m co m a puj a nça da Igrej a, que atra vessa ndo os milê nios, ma nté m-se una e coesa. Ora, isto se dá justame nte pe las graças decorre ntes da presença el e Jesus na E ucari stia e m todos os sac rários cio mundo, desde as mais maj estosas cate dra is até as mais humildes igrejinhas; à inte rcessão sempre constante de M ari a, que, como Mater Ecclesiae, j ama is a abando na; e à e xis tênc ia do Pa pado, que lhe dá na s ucessão dos Pa pas a sua unidade. Le mbre mo- nos ele que, antes de mandru· os Após tolos pregare m seu E va ngelho a todas as nações (Mt 28, 20 ), Jesus insti tuiu a sua Ig rej a e de u- lhe Ped ro como a sua cabeça (Mt 16, 18- 19). (R.S. -SP)

Ódio à Santíssima Virgem 121 Li co m inte resse o a rti go de Va ldi s G rinste in "Porque os comu-

nistas odeiam. tanto as imagens de Nossa Senhora?·; e d igo que não só os comuni stas, mas ta mbém os evangé licos. E u não cons igo e ntende r o po rquê de ta nto ódi o. Pe nso que N ossa Se nho ra, po r q ue m nós cató licos te mos um carinho todo espec ia l, está sim, e m todos os lugares, junto com seu fi lho, inc lu sive e m todas as igrej as do mundo. E la não é D eus, po rta nto não pode ri a estar e m todos os lugares ao mes mo te mpo, m as Jesus é De us, e nada para Ele é impossíve l. E le pode le vá- la consigo a todos os lugares. A mo Nossa Senhora e quase a ad o rari a, se Jesus de ixasse. (L.R.R.M. - RJ)

"Mé<lico <le almas" 121 T o me i conhecime nto, ao le r o site de Catolicismo , cio fa lecimen to cio inesquecível Dr. Lui z Naza re no. Prof und a m e nte se ns ibili zad o pe la irre pa ráve l perda, é difíc il e ncontrar

pa lavras que expressem dev ida me nte s uas qu a lidades. É bo m, entretanto, ressa ltar a lg um as. Prime irame nte, sua pe rsonalidade de ho me m ari stocrá ti co, refin ado, de ex tre mo bo m gosto e m tudo o que faz ia. D e ntro d es ta "e mb a la ge m ", um a a lm a co nte mpl a tiv a do m arav ilh oso nas co isas e nos espíritos. Um ps icó logo como po ucos ! Qua ntas pessoas (e u inclus ive) ti vera m a graça ele rece be r de le uma ori entação espiritua l tão objetiva quão profund a e e fi caz ! T inha uma bo ndade ilimitada, que brota va de sua a lma imersa na verdade ira g randeza de sua a nti ga estirpe. Bo ndade, poré m, q ue não se coadunava com tibieza e mo leza, qua ndo a luta se apresentava. Ge nerosidade. Be m nascido, dispôs de seu patrimô nio com inesgotável ge ne rosidade, como é be m conhecido. E u poderi a continu a r desfia ndo suas muitas qua lidades, mas não di ,·ponho de espaço para isto. A impo rtâ nc ia de um perso nage m não está naq uil o que e le te m o u faz, mas naquil o q ue e le é e naquil o e m que influ e nc ia as a lmas. Lui z N aza re no fo i um " médico de a lmas". As di versas a lm as que e le influe nc io u e benefi c io u ser- lhe-ão etern a me nte gratas. Some nte De us pode rá recompe nsá-lo pe lo ime nso be m fe ito nesta Terra. A e le m inha sentida ho menage m. (M. P. F. A. -

GO)

Testemunho sobre D. J-lelder N este cente ná rio cio nasc ime nto de D. He lder Câmru·a, julgo o po rtuno c itar um fa to ele que fui testemunha qua ndo mui to j ovem, o qu a l me parece apresentar um as pecto não conhecido do arcebispo ve rme lho. N os anos 1968/69, se ndo e u estuda nte de D ireito na Po ntifíc ia Uni vers idade Cató lica do C hile, e m Santiago, aco mpa nhe i um a vi s ita q ue D . H elde r rea li zou à capita l c hile na por vári os d ias, po is desej ava faze r uma re po rtagem sobre e la. E ntre a. atividades da visita constava um e ncont ro , m a n tid o e m seg re d o, com a " l g les ia Jove n", mo vime nto extre-

mi sta da Teologia da Libertação, que poucos meses a ntes hav ia se apossado ela catedral ele Sa nti ago. Consegui infiltra r- me na re uni ão, com um grav ad o r po rtátil - que na é poca e ra po uco di sc re to - , para g rava r as pa la v ras de D . He lde r. L ame nta ve lme nte, fui reco nhec ido po r um co lega da uni vers idade, filh o do e mba ixado r do C hile no Va ti cano. Q ui seram tira r- me o a pare lho, mas consegui escapa r e subi no pa la nq ue, senta ndo- me num lu ga r o nde um a ag ressão fi casse pate nte até para D. He lcle r. No tra nsc urso de s ua pa les tra , q ua nd o res po ndi a pe rg un tas, uma de las versava sobre a li ce idade do uso ela vio lê nc ia na luta e mpreendida pela esq ue rd a. Le mbro- me perfe ita me nte da resposta de D. He lde r. Parece- me a inda o uvi- la, ta nto e la im pressio no ume: "Eu não me vej o enfiando a faca nas costas de um empresário, mas à

violência institucionalizada é legitim.o responde r con·i a violência re volucionária ". C re io não ser poss íve l um inc itame nto ma is e loqü e nte à vi o lê nc ia. Mui tos dos ass istentes que o uvira m essas pa lavras consti tu íram ma is tarde as milíc ias terro ri stas cio MIR (Movime nto de Esque rda Revoluc io nári a) e o utras congê neres, que revo luc ionara m meu país . N ão qu e ri a que tran sco rres se o cente nári o de ta l pe rsonage m sem to rnar pú blica esta sua declaração. Certa mente terá anestes iado as consciê ncias desses jovens ardorosos de violê nc ia, para qu e a levassem a cabo. Saí da confe rê ncia junto com D . H e ld er e desaparec i na esc uri dão. Rece bi d epo is, na unive rs id ade a a meaça do filh o do e mba ixado r ac ima c itado: caso e u pu b li casse o q ue ha vi a vi sto e o uvi do, iri a sofre r as conseq üê nc ias. D . H e lde r foi q uatro vezes ca ndid a to ao Prê mi o N o be l da Paz, mas me u tes te munh o reve la co mo ta l pre te nsão se c hocava co m a rea li dade ... (F.A.A. - Santiago, Chile)

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Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - Ao terminar de ler a matéria Por que estudar a Religião?, detiveme na seguinte frase: "O ato de fé nas verdades religiosas deve estar .fundatlo na razão. Por conseguinte, é preciso que a razão nos prepare para aceitar as verdades da fé, mediante os motivos de credibilidade". A dificuldade que encontro está na prioridade das palavras: fé, verdade e razão. A certeza de que nossa fé é correta e justa invariavelmente nos levará a conhecer a verdade, e sendo possuidores da verdade chegaremos à razão com mais certeza. Gosto de estudar Religião, não estou contestando a matéria, estou somente colocando meu ponto de vi s ta. C reio que monsenhor José Luiz Villac, que escreve nessa revista, e de quem sou admirador, pode comentar esse ponto de vista.

Resposta - A maté ri a a que se refere o le itor fo i publicada na seção Leitura Espiritual, edição de j ane iro desta revi sta, e fo i e xtra ída el a versão caste lhana do ori ginal francês do li vro do Pe. A. Hil aire, La Religión demostrada (Editori al Difu sió n, Bue nos Aires, 8ª ed ., 1956, pp. 2 1 e 22). A obra fo i editada na Argentin a com a devida aprovação ecles iásti ca e, ade ma is, co m o encômi o de vári os bi spos e teólogos fran ceses e argenti nos. Como se vê, tra ta-se de um a obra be m conce ituada, de o nde se pode desde logo infe rir que o autor é seguro do po nto de vi sta do utrin ári o. -

CATOLICISMO

Ass im, Catolicismo procedeu com cri téri o ao ex tra ir de la textos para a fo rmação re li giosa de seus le itores. Isto não impede que uma frase solta no liv ro possa não ter, ele si, a clareza suficiente que di spense todo escl arec imento. É o que o mi ssivi sta nos pede.

Fé e razão: <Jual vem antes?

O le itor está corre to ao afirm ar que a fé tem precedência sobre a razão, e que a fé ilumin a a razão . Po ré m, uma vez iluminada pe la fé, a razão por sua vez ilumina as verdades da fé mostrando qu e e las: a) são intrin secamente coerentes; b) estão de acordo com os princípios da razão. Desse modo, é como

um infe ri o r que recebe bens do superi or e retribui prestando vassalagem ao superior. Utili zemos como metáfora o losango, fi gura geométri ca que Santo Tomás considerava perfe ita: no losango, os lados se abre m a partir de um vértice, até atingir uma abertura máx ima, na di agonal, e a pa rtir da í co nflu e m pa ra o vértice oposto; isso pode ser tomado como símbolo da causa que produ z um efe ito e, depois, do efeito que - como é di gno e ju sto - se vo lta para reconhecer a superi ori dade ela causa. Analogamente, se imaginarmos que as verdades ela fé se situam ao longo da di agonal do losango, e las são ilumin adas, de um lado, pe las lu zes qu e procede m da fé,

num dos vértices; e, do outro lado, pe las lu zes que partem da razão, situada no vé rti ce oposto. Assim , cada um dos vérLices - o da fé e o da razão - ilumina, a seu modo, as verdades da fé. Não obsta nte, a prioridade cabe à fé, o q ue e m nada diminui a di gnidade da razão, a qu a l dese mpe nh a, nesse processo, um papel relevante e indi spensável. Com esta metáfora, o leitor j á pode entrever que sua observação é procedente - a prio ridade da fé sobre a razão - o que não impede de ser correta também a frase que ele questiona, no trecho que cita do Pe. Hilaire. Este mostra a importância da razão para se

compreender a razoabilidade das verdades da fé. Convé m aprofundar a i mporta nte te mática, que suscito u complexas e acalo radas polê micas teológicas ao lo ngo dos séculos de Hi stória da Igrej a.

te

A é wn clom gratuito de Deus Nessa temática, a pergunta que primordialmente se põe é se o ho me m pode alcançar pe lo pró pri o esforço a fé. Co mo le mbra Santo To más (Suma teo lógica T-U, q . l 14, a.5, ad l ), o pró pri o Santo Agostinho se enganou durante a lg um te mpo a res peito, pensando que estava e m poder do home m adquirir por si mesmo a fé. Mas logo rej e itou tal opini ão, qu e ele impu g na no cé le bre livro d as Retratações (L. I c.23), e m que aponta e reconhece os e rros inte lectuai s e morai s que comete u e m sua vid a. M agnífico exe mplo de humildade, retidão de alma e grandeza de espírito, que cada um de nós de ve imitar. F ica assente, pois, que a fé é um do m gratuito de Deus. Mas E le a oferece a todos os homens, sem exceção. O que acontece é que muitos a recusa m, fec hando para e la s ua me nte e seu coração. E por isso são culpados da própri a condenação. Porém, os que a aceitam não são a isso movidos pe la convicção da razão, mas pe la moção do Espírito Santo e m suas almas. A propós ito , di z Sa nto To más : " Para dar assentimento às verdades da fé, o homem é elevado acima de sua natureza, e isto não se pode explicar sem. urn princípio sobrenatural que o mova interiormente, que é Deus.

Portanto, a f é - quanto ao assentimento, que é seu ato principal - provém de Deus, que move interiormente pela graça" (Suma teológica II-II , q.6, a. l , c.). Note-se que Santo Tomás dá o motivo pelo qu al o home m não pode reali zar por si mesmo o ato de fé: e le não te m estatura sufi cie nte para tanto , e prec isa ser e levado acima da sua natureza. Embora dotado de inte li gência e vontade - que competem à sua natureza rac io nal - estas não lhe basta m para dar assentimento às verdades da fé; ele precisa ser movido interiormente por um princípio sobrenatural, que é o próprio Deus. Então cabe perguntar se a inte li gência (razão) desempenha algum papel no ato de fé. A razão deve estai' a Sel'viço da lê Santo To más nos esclarece a este respe ito, di zendo: "A doutrina sagrada utiliza também. a razão humana, não para demonstrar o dogma, o que suprimiria o mérito da.fé, mas para esclarecer outras coisas que esta ciência ensina; pois, como a graça não anula a natureza, mas a aperf eiçoa, convém que a razão natural esteja a serviço da.fé, assim. com.o a natural inclinação da vontade serve à caridade" (S uma teo lógica I, q. l , a.8, ad 2). O papel da razão é, portanto, de escl arecer as verdades da fé, mostrand o como e las guardam uma coerência interna e e m nada se opõem aos dados das ciências natu rai s e fil osófi cas, co mo foi le mbrad o ac im a. São es tes escl arecimentos da razão que se conve nciono u cha mar de

preâmbulos da f é, isto é, os fund a me ntos rac io na is da nossa fé. Po r isso o Pe. Hilaire acrescenta, logo em seguida à frase mencionada pelo leitor: "A apologética é a ciência que estabelece com certeza osfundamentos ou preâmbulos da f é, demonstrando quanto há de racional, legítimo e indispensável em crer ". Não são preâmbulos no sentido de que, antes de adquiri-los, não se alcançou a fé, mas no sentido de que constituem os.fundamentos racionais da fé, o u de mo nstrações de que as verdades da fé não são contrárias à razão, não colidem com a razão, ao contrári o cio que dizem os Voltaires de todas as épocas. São preâmbulos, portanto, no sentido de que removem as dificuldades e incompreensões que poderiam constituir obstáculos ao ato de fé.

Este papel da razão é mui to importante, principalmente nos dias de hoje, em que se ass iste a um a mo nume ntal investida dos ateus e agnósticos conlrn a fé, acusando-a ele irracional. Po r isso dizia São Pedro (c itação que o Pe . Hil a ire també m faz, imedi atame nte antes da frase que causou difi cu lcl ade ao le ito r): "Esl ai sempre prontos para responder àqueles que peçam a razão de vossas esperanças" ( L Pt 3, 15). Porta nto, a mbos tê m razão: o leitor e o Pe. Hilaire. Louve mos a Deus, que "quer que todos os homens se salvem. e cheguem ao conhecimento da verdade" (I Tim 2, 4); pela fé, e ta mbém pela razão iluminada pe la fé. • E-mail do autor: monsenhorjoseluiz@catolicismo.com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE Células-tronco embrionárias obtidas de células-tronco adultas

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Cólera devasta Zimbábue, iá flagelado pela Reforma Agrária

t\ pós uma Refo rma Agrária radica l, esse país africano está ri.sendo dizimado pela fome e sofre uma infl ação anual de 23 1 milhões por cento. A mi séri a geral propiciou o aparecimento de terrível epidemia ele cólera [foto]. O governo sociali sta nega, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS), no início de feve reiro, contabilizou 3.295 mortos e 64.70 L contaminados. Milhões ele zi mbab uanos fugiram do país, levando a doença para a vizinha África do Sul, o nde j á foram registrados mais de 2.600 casos e 31 mortes. A população sul -africana agride os imi grantes, acusando-os também de lhes tirar os empregos. A tragédia que aflige o Zimbábue foi ini ciada sob o pretexto ele "discrim.inações positivas" e m prol dos negros e contra os brancos. "A expulsão dos agricultores brancos foi um tiro racista no pé", escreveu Peter Fry, antropólogo e professor ela UFRJ. Agora a infeli z nação vive ce nas ele in fe rno, o u me lh or, de pesadelo soc ia li sta. •

inco equipe~ de pesquisa nacio nais ~es~n:olvei_-am ~roj etos com celulas-tronco de plunpotencia 111duz1da (1PS, do inglês induced pluripotent stern cells). Estas são idênticas às célul as-tronco embrionári as, mas com a grande vantagem de não serem extraídas de e mbriões, dispensando assim a destruição de vidas. O grupo dos c ie nti stas Stevens Kastrup Rehe n (do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ) e Martin Bonamino (da Divisão de Medicina Experimental do Instituto Nacional de Câncer - Inca) saiu à frente. E a equi pe do Hemocentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP produzi u células iPS humanas em novembro, e não fica atrás. É um progresso louvável. O problema tornou-se patente: por trás dos que desejam destruir vidas com o pretexto de beneficiar a saúde cios vivos, há uma fil osofi a antivida. E se tal filosofia perder esse pretexto, inventará outro. E la não quer curar doenças, como diz, pois é vi sceralme nte anti -humana. •

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Mais um ex-agente da KGB para dirigir a 10 russa chamada Jgreja Ortodoxa Russa (10), velho cisma da Igreja Católica, e legeu novo chefe, que é o patri arca de Moscou. Do mesmo modo que o fa lecido patri arca Alexis H, o recém-eleito foi agente da KGB - a antiga po lícia encarregada da repressão políti ca e ideológica sob a ditadura cios sovietes, hoje tal vez mais poderosa que nunca. O verdadeiro nome do novo patriarca é Vladimir Gundiaiev. Seu nome ofi cial é Kirill, mas para a KGB é o agente Mikhailov, informou o diário "II Giornale" de Milão. Era metropolita de Smolensk e Kaliningrado, além de "ministro do exterior" da 10. Possantes indíc ios sugerem que a verdadeira eleição não fo i real izada no "concl ave" da 10, mas na mesa de trabalho do ex-corone l da KGB e om niarca ela Rússia, Vladimir Putin. Kirill promete ser um paladino do "d iá logo" com o Vaticano. •

A

Sarkozy: França não está em paz por causa do regicídio

A

popularidade do presidente francês Nicolas Sarkozy está e m franco declínio, e ele confessa temores. "Os franceses guilhotinaram seu rei" - relembrou, em referência a Luís XVI, decapitado criminosamente pela Revolução de J.789. Sarkozy acrescentou espantado que "em

nome de uma m.e dida simbólica, os .fi'anceses podem. revirar o país". Qua lifi cou a França como "país regicida". De fato, há pecados coletivos que ficam pesando na consciência dos povos. A lembrança de Luís XVI, injustamente assass inado, perturba o fundo da alma francesa. O atual presidente, continuador institucional dos guilhotinadores, reconhece o fato. Do mesmo modo que os indivíduos, os povos só recuperam a paz quando pedem perdão a Deus e mi sericórdi a por seu pecado, eme ndamse e reparam o cri me cometido. Enquanto isso não se dá, os franceses m a ni festa m um mau-humor o bstin ad o co ntr a tod o e qualquer governante. •

Jornais sabotam com o silêncio as Marchas pela Vida

Presidente da Colômbia consagra seu país a Nossa Senhora

N

o mês de janeiro, jo rnais de grande circul ação se empenharam em sabotar notícias sobre as Marchas pela Vida, que tiveram lugar nos EUA e na Europa. Foi chocante o silêncio info rmativo sobre a Marchfor L(fe, que reuniu cerca de 300.000 pessoas em Was hington, dois dias após a posse cio pres idente abortista Barack Obama. Ao mesmo tempo, compa recera m 32.000 à Walk for Life de São Francisco (EUA), outro recorde hi stórico. Cifra também hi stórica foi ati ngida pe la Marche pour la Vie em Paris (entre 15 e 20.000), com delegações ele toda a Europa e esmagadora participação de jovens e adolescentes. E m atos idê nticos nos EUA, foram 6.000 em Little Rock (A rkansas); 5.000 em Atlanta (Geórg ia); 7.000 em Portland (Oregon); 5.000 e m Dallas; 2.500 em Austin (Texas); e o utras menores em C hi cago, Lexington, Augusta, Ann Arbor, Lansing, Billings, Raleigh, C leveland e Nas hville. 30 anos atrás, as passeatas abortistas enchi am as ru as. Hoje dá-se o contrário. Entretanto, órgãos ela mídi a escrita e digital, pro motores do esq uerdi smo e da Revolução Cultural, não querem divulgar que as suas bandeiras ideológicas estão perdendo terreno. •

CATOLICISMO

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Contradições do chamado "aquecimento global"

E

m outubro a Câ mara dos Co ,~ uns in~lesa aprovou achamada "Mãe de Todas as Leis , que visa combater o contestado aumento de temperatura g lobal devido a causas humanas. Enquanto se realizava a votação, Londres e o próprio Parlamento encontravam-se cobertos por uma nevada como não ocorri a desde 1922 [foto]. Em feve re iro último, mais um volume recorde ele neve. Sem perturbar-se com essa contrad ição, a Câmara dos Comuns aprovou a menc ionada lei, criando enorme aparato burocrático que invade inúmeras áreas da atividade humana, com mais controles estata is soc iali zantes. A imprensa americana subli nhou o estranho descolamento entre a mídia e a maioria dos ingleses a respeito ele "aquecimento global". 60% de les duvidam dessa teoria, sendo cada vez ma is numero os os que julgam tal aq uecimento "não ser tão ruim quanto estão dizendo". •

A

lvaro Uribe, presidente colombiano, foi ao santuário de Nossa Senhora cios Remédios, e m Riohac ha (norte do país), para ped ir à Mãe de Deus que afaste de sua nação a ameaça do terrorismo e dos seq üestros

[foto]. "Neste dia nós vos consagramos totalmente nossa vida, trabalhos, penas e alegrias, triunfos e fracassos; tudo quanto somos e temos; nosso ser. Queremos que Vós, como Mãe espiritual, nos ajudeis sempre e nos protejais de todo perigo para a alma e para o corpo. Alcançai-nos de vosso Divino Filho Jesus Cristo as graças e .favores que imploramos por vossa intercessão" - orou o presidente e m viagem oficial, info rmou a Presidência da Colômbia. No Brasil, as esq uerdas - inc lusive a dita cató li ca - querem impor um la ic ismo agnóstico para afastar o País de Nossa Senhora e da vocação providencial que Deus lhe concedeu. O chefe de Es tado co lo mbiano deu um exe mpl o de lo uv áve l co nduta de bom govern ante, que deve amar verdadeiramente seu povo e, em conseqüê ncia, ap roximá- lo de Nossa Senhora. As graças divinas então serão concedidas mai s copiosamente. •

Arcebispo critica favorecimento de Baracl{ Obama

O

arcebispo Raymond Burke, prefeito da Signatura Apostólica da Santa Sé, responsabilizou a Conferência Episcopal dos EUA pelo "voto maciço católico" em favor do "presidente mais abortista" da história, Barack Obama. Para o prelado, o documento episcopal que devia orientar os católicos na eleição continha tantas ambigüidades e omissões que, na prática, "espalhou a confusão" entre os fiéis e permitiu que Obama recebesse grande percentual de votos católicos. O arcebispo criticou também a agência de notícias do Episcopado Americano que, na opinião de muitos, promoveu subrepticiamente um candidato abertamente oposto à moral católica: "Os bispos devem rever nosso Catholic News Service, precisam rever a cobertura que ele concede a todas as coisas e imprimir-lhe nova orientação", acrescentou.

Estatísticas revelam decadência da Igreja católica nos EUA

O

blog Catholic Church Conservation publicou estatísticas comparativas da Igreja Católica nos EUA nas últimas décadas. Os números falam por si. Padres: 58.000 em 1965 e projeção de 31 .000 (a metade com mais de 70 anos) em 2020. Jesuítas: 3.559 em 1965 e 389 em 2000. Franciscanos: 3.379 em 1965 e 84 em 2000. Paróquias sem padre: 1% em 1965 e 15% em 2002. Seminaristas: 49.000 em 1965 e 4.700 em 2002 (menos 90%). Seminaristas dos Christian Brothers: 912 em 1965 e 7 em 2000. Seminários: 600 em 1965 e 200 em 2002. Ordenações sacerdotais: 1.575 em 1965 e 450 em 2002. Freiras: 180.000 em 1965 e 75.000 em 2002 (média de idade: 68 anos). Religiosas no ensino: 104.000 em 1965 e 8.200 em 2002 (menos 94%). Declarações de nulidade conjugal : 338 em 1968 e 50.000 em 2002. Assistência à Missa: 75% em 1958 e 25% em 2002. No período 19652000: escolas católicas secundárias: menos 50%. Escolas paroquiais: menos 4.000. Casamentos: menos 33%. Eis alguns dos alarmantes algarismos que indicam a triste situação da Igreja nos EUA.

MARÇO2009 -


Fórum Social padece de dúvida existencial D ividido entre os que desejavam dar-lhe um rumo definidamenLe anticapitalista e anticristão e os que propugnavam a manutenção de uma diversidade anárquica, o Fórum Social Mundial chegou melancolicamente a seu fim

Participantes: númel'o i11ce1'to O número de participantes é outro ponto controvertido. Segundo o site ofici al do Fórum, houve 133 mil paiticipantes inscritos, de 142 países. 7 No encerramento, órgãos de imprensa falavam em 115 mil presentes naqueles di as. Segundo a coordenadora do Fórum, Aldalice Oterloo, "tivemos 92 mil, sendo que 1,8 mil eram só voluntários". 8 Estiveram presentes, segundo dizem, 2 mil índios dos países ela região amazônica. 9 Ainda que os dados estejam infl ados, não há dúvida de que foi uma grande concentração da esquerda mundi al, representada e m suas várias tendências. Já na marcha de abertu ra, elas disputavam entre si as posições de ma ior destaque. A passeata inaugural tinha pouco ma is de 30 mil pessoas,10 mas segundo os organizadores, partic iparam quase 70 mil pessoas. Ela teve um ''.jeito carnavalesco, em que houve até

"Os ativistas do encontro anticapitalista na Amazônia vão de um sindicato de prostitutas da Índia a belgas que querem a aholição do Banco Mundial", re lata a Bloomberg, um dos principais provedores mundi ais de info rmação para o mercado fi -

neia os contornos de um novo bloco anarco-comunista nutndial, ora em gestação, [. .. ] esse irnenso esforço de âmbito universal para a criação de uma nova Internacional comunista, desde já denominada nos meios da esquerda radical de Intern acional Rebelde. É o próprio comunismo que ressurge, porém metamorfoseado, conforme previra o Prof Plinio Corrêa de Oliveira. E desta vez levando claramente como co mpanhe ira ele viagem a esquerda católica. O combate à globalização é a ocasião - quase diríamos o pretexto - para que essas forças remanescentes se recuperem do trauma sofrido com a queda do império soviético e se reagrupem". 2

Um fól'um "chapa bl'anca " Sobre o ele Belém do Pará, comenta a socióloga Mari a Lucia Victor Barbosa: "O governo investiu milhões na festividade,

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CATOLICISMO

"Quatro empresas estatais contribuíram com R$ 850 mil para a organização do Fórum Social Mundi al: Petrobrás (R$ 200 mil), Banco do Brasil (R$ 150 mil), Caixa Econômica (R$ 400 mil) e Eletronorte (R$ 100 mil). [. ..] Para Cândido Grzybowski, do !base ( Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), fundador do evento, 'não haveria fórum no Brasil' se não houvesse apoio de estatais". 6 Por essas e por outras, houve quem classificasse o Fórum como "chapa bra nca".

GREGÓRIO VIVANCO LOPES

nance iro. 1 Tal apresentação, embora verdadeira, não abrange e ntretanto todo o leque de associações e manifestações - ecológicas um as, abertamente comuni stas ou anarqui stas outras, a lgumas tendendo ao indigeni srno e ao dernonisrno - que tivera m seu palco em Belém do Pará, durante a 9ª ed ição do chamado Fórum Social Mundial, que lá se desenrolou de 27 de j ane iro a l O de feve reiro. Convé m te r presente que as duas primeiras ed ições cio Fórurn Social, rea lizadas em Porto Alegre e m 200 1 e 2002, apresentavam-se corno a gra nde espera nça das esquerdas depois da queda da Cortina de Ferro. "A realização do Fórum Social Mundia l prepara e deli-

Artigo de jornal carioca fala num subsíd io de R$ 120 mi lhões do governo fed eral. 4 Um diário pauli sta di z que o governo federal repassou R$ 86 milhões, e o estadual - da petista Ana Júlia Carepa - investiu R$ 143 milhões.5

tempo de comer no McDonald's. [. .. ] Em outras edições brasileiras do.fórum, em Porto Alegre (RS), loj as da cadeia norte-americana de lanchonetes foram objeto de hostilidades verbais. Dessa vez, a loj a se manteve aberta e lucrou corn a entrada dos man!festantes. [. ..] Havia desde um grupo.fantasiado como palhaços até baterias tocando samba". 11

Nova civilização anárquica O que visava o Fórum ? Ninguém sabe dizer ao certo. Após as duas prime iras edições e m Porto Alegre, e as denúncias

que se lhe seguiram - co mo as que fez na ocasião a TFP e le veio definh ando. Esperavam os organizadores que e m Belém e le se reabilitasse. Segundo Chico de Oliveira, considerado um dos princ ipai s inte lectuai s da esquerda no Bras il , o Fórum conseguiri a reerguer-se se tivesse sufic iente habilidade para abordar a cri se econô mica: "Faz algum tempo que ele [o Fórum] declinou

um pouco, perdeu centralidade na agenda. Tentaram passar para a África, mas não deu certo. Não teve a mesma repercussão. Agora, de fato , a crise econômica abre uma crítica que o.fórum já vinha.fazendo. E a fratura é exposta. Depende da habilidade da crítica". 12 Se essa era a meta, ao que tudo indi ca o Fórum não a alcançou. Perdeu -se e m atividades das mais diferentes e opostas, segundo a linha chamada da "d iversidade", sem arraigo na op ini ão pública, corno se fosse um c irco de mau gosto no qual até a feitiçaria teve seu papel. Para Oded Grajew - um dos fi g urões onipresente nos fóruns sociais - trata-se de buscar um novo modelo de civili zação: "A escolha da região pan-amazônica se deve a seu

papel estratégico para toda a humanidade, por deter imensas riquezas culturais e ambientais ern risco de aniquilação, ,nas que podem alimentar um novo modelo de civilização". 13

1'emática pluriforme Me io ambiente, aquec im ento g loba l, c ri se eco nô mi ca, ma les das gra ndes corpo rações transnacionais, capitali smo predatório, miséria e exc lusão nos países pobres, devastação da Amazônia, aborto, inclusão soc ia l, solidariedade ao povo palestino, índios da Amazô ni a - foram temas abordados de cambulhada nos vários painéis e tendas montados em Be lé m. O propagandeado líder do MST, João Pedro Stédile, disse que deveri a sa ir do Fórum Social um calendário de manifestações " mundi ais" contra a cri se e o desemprego. No Brasil, segundo e le, o MST deve liderar a agenda de ações, que começa em março. Homossex ua is, lésbicas e transformi stas também discutiram propostas para combater o qu e chamam de "preconceito" e vi o lê nc ia. Estava anunc iada urn a cam inh ada nudi sta pe la

inclusive ern preservativos. Tudo pago com o dinheiro do contribuinte, ou seja, estamos finan ciando a esbómia que atrai pessoas de todo o Brasil e do exterior. [. .. ] Não faltarão ao carnavalesco evento muita cachaça e folia. [. .. ] Naturalmente, os participantes se posicionarão contra o capitalismo que os sustenta, contra a liberdade que permite a festividade, contra a riqueza que alm.ejam para si. Em suas utopias delirantes, as esquerdas clamarão pela volta do socialismo". 3 Tem razão a soc ió loga, po is os a ltos investimentos governamentais mostram à sac iedade que os " libertários" e "anarqui stas" cio Fórum são pressurosos em abrigar-se sob as asas protetoras ele governos petistas - como o federa l e o estadua l - cuj as arrecadações provê m sobretudo das classes A e B . No que diz respe ito ao valor exato canalizado para o Fórum, há uma certa variação no noti c iário, conforme a fonte. É natu ral, pois em geral o que passa por debaixo do pano é mai s do que o declarado. MARÇO2009 -


c idade, mas não consta que te nh a sido rea li zada. Ao que parece, mesmo protegidos pe la polícia, os nudi stas temiam a reação cios habitantes moralizados ele Belém. A esquerda católica, sempre ativa na promoção da luta de c lasses, desta vez estava também toda eco lógica. Para o bispo D. Erwin Krautler, da Diocese do Xingu, no Pará, "a Arnazô-

nia está indo para o brejo. [... ] Não dou mais do que 30 anos para que a maior parte da .floresta esteja devastada". 14 O mini stro Tarso Genro foi ap laudido pelos participantes da marcha e m favor da lega li zação ela maconha.

O papel representado pelos índios Houve também manifestações de índios - devidamente industriados pelo Conselho !ndigenista Missionário (CI MI), li gado à CNBB - no sentido ele que seja arquivado o decreto que restringe a entrada de ONGs e missionários e m terras indígenas. Para Saulo Feitosa, sec retári o-adj unto do Conselho

Para o professor e escritor Hamilton Faria, integrante do Instituto Pólis e da coordenação da Articulación Latinoamericana Cultura y Política, não se devem esperar grandes definições. "O fórum já perdeu muito de sua energia inicial, [.. .] não deve resultar em propostas claras de mudanças".2º

Social Mundi a l em Belém. Parte da ,nídia observa que a população indígena não passou de figuran te". 28

Ser ou não se,: eis a questão! A dúvida ex istencial descrita por Shakespea re - "ser ou não se,; eis a questão! " - atormenta os orga ni zadores. A grande diversidade das posições apresentadas no Fórum Social Mundial foi vi sta por a lguns como sua maior gló ri a; e

Camaleão ou socialista? Lula fez um di scurso bombástico, de cunho soc iali sta, contra os países ricos e contra o FMI. D efendeu a intervenção do Estado na economi a, uma "nova ordem econômica mundial", e ironi zou dizendo que "o deus mercado quebrou". 21 Temendo, talvez, a má repercussão de tal di scurso na maioria da opini ão pública brasileira, que não é sociali sta, um diário

por outros, como seu tropeço. Nem a proximidade dos go vernos antineoliberais ne m a crise econô mica reso lve ram a dúvi da que ato rmenta parte de seus organi zadores: para onde vai e o que quer o Fórum. Social Mundial ? Para C hico Whitaker, cio Co mitê Organizador e do Conselho Internacional, " O mundo tem que ser diverso. O.fórum é

uma escola para isso".29 Outros organi zadores, como Bern ard Cassen, E mir Sader e o inte lectual português Boave ntu ra de Souza Santos, "de-

Indigenista Missionário, "nem na época da ditadura houve esse tipo de controle. Tutela é coisa do passado " . 15 Em reu nião com as lideranças indígenas, o mini stro Tarso Genro disse que espera a demarcação em forma contínua da reserva indígena Raposai Serra do Sol para, a seguir, aumentar a "ofensiva" nesse setor: "Nós então poderemos partir para

Comício político O MST convi dou os presidentes para um e ncontro, mas não convidou Lul a. Ev idente manobra para não comprometer o prime iro mandatário bras ile iro com o sistema de in vasões de terra, at ualme nte tão desprestig iadas no Brasi l. Num grande galpão, conhecido como Tenda dos 50 Anos de Vitória da Revolução Cubana, houve uma espécie de comício, em pleno Fórum Social Mundial. Assim que a mini stra da Casa C ivi l, Dilma Rousseff (foto acima) , ade ntrou o palco, os petistas que lotavam o auditório entoaram o jingle da campanha de Lui z Inácio Lula da S ilva à pres idência, agora com o utro nome: "Olé, olê, olé, olá.... Dilmá, Dilmá.. . ". E imediatamente engatara m o utro refrão de ca mpanhas petistas:

políticas ainda mais ofensivas, mais completas, na defesa das com.unidades indígenas". 16 À tarde os índios participaram de um estranho ritual relig ioso, ao lado ele representantes do continente africano. Foi um a tran sferê nci a simbó li ca do co mando do Fórum - que havia sido realizado pela últim a vez no Quênia - para os brasileiros. No dia da Pan-Amazônia, foi possíve l ver índios utili zando ce lul ares para envi ar fotos, vídeos e notas do Fórum para suas aldeias e para o mundo (foto à dir., acima).

J/isibili<lade na mídia

"Brasil! Urgente! Dilma presidente! " 23

O presidente Lula fo i ao Fórum com uma comitiva ele 12 mini stros. Encontro u-se a li com os pres ide ntes Chávez, da Venezue la, Correa, do Equador, o ex-bispo Lugo, do Paraguai e Evo Morales, da Bolívia (foto à dir., abaixo). O que foram fazer tantos presidentes naquele e ncontro elas esquerdas mais clebancladamente radi ca is? Seg undo alg un s, e les iri am debate r a atual crise econôm ica e propor so luções. Para Oded Grajew, porém, tratava-se de uma questão midiática:

"Os governantes sempre atraem a mídia, o que gera visibilidade".11 E parece que Graj ew tinha razão, pois ''. no lugar de um debate sobre a crise.financeira, o evento acabou virando uma série de discursos dos presidentes". 18 Os presidentes reforçaram a idéia de que a culpa da crise econôm ica é dos países desenvolvidos, e apontaram como solução o socialismo. O ex-bispo Lugo aproveitou ainda para levantar sua pendência com o Brasil a respeito da usina de Itaipu . Pondo e m ev idência o caráter anticri stão do Fórum , "Evo

Morales disse que é possível substituir a Igreja Católica por outra. [...] Morcdes disse 'outm mundo é possível, eu quero dizerlhes outra fé, outra religião, outra Igreja também é possível"'. 19 CATOLICISMO

E'11cerrame11to melancólico

pauli stano saiu em defesa cio presidente, em editorial. Segundo esse jornal , Lula só teria feito um di scurso incendi ário para agraciar o popul acho presente ao Fórum , aí incluídos os pres identes. Mas, na verdade, "Lula, não é de esquerda nem consi-

"O Fórum Socia l Mundial foi encerrado sem nenhum. documento .ftnal corn as conclusões do encontro ou qualquer sugestão a respeito da crise econômica mundial. Na assembléia geral, no .fim da tarde, foram lidos documentos sobre um conjunto de 22 questões pontuais, variando da preservação da Amazônia aos problernas e,~f'rentados por migrantes ao redor do mundo, a demarcação de terras indígenas, a questão palestina e oulros ". 24 Fo i acertada também uma "agenda de mobilizações" durante o ano.

dera o regime de mercado wna criação lucif erina, muito menos imagina que o Brasil pode subir aos palcos globais.fazendo coro com a Venezuela, Bolívia e Equador". 22

No próximo ano não haverá fó rum unifi cado. Pensa-se em faze r vários encontros ao redo r do mundo. Para a " Associated Press" (AP): " Fórum Social termina em lama, otimismo, incerteza". 25 Para a " France Press" (FP):

Cremos e ntretanto que tal diário não te m razão ao tentar defender o pres idente. As origens políticas de L ul a não de ixam dúvida de que ele é rea lme nte um soc ialista. Basta ver o. princ ipais ministros de que se cerca. Se não aplica um programa socialista ao País, é porque sente perfe itamente que não seri a acompanhado pe la grande maioria da Nação.

"Um Fórum Social Mundial 'deso rganizado' esquiva soluções para a crise ".26 Para a "Re uters": "Fórum esquerdista termina na Amazônia; o capitalismo é dado por moribundo ". 27 Notici a a " Deutsche We lle": " O Fórum aos olhos da rnídia alemã: debates consistentes e propaganda para líderes políticos. Jornais de língua alemã comentam atmosfera do Fórum

f endem que hc1;ja posições comuns. Para Boaventura, 'se o mundo não puder conhecer a posição do FSM, é de prever que o FSM corra o risco de se tornar irrelevante "'. 3º Para Sader, "há wn certo sentimento de frustra ção em relação ao que o.fórum poderia dizer ao mundo, parece que está girando ernfalso ". 31 Já o soc ió logo Joel Kovel , defensor do ecossociali smo, diz: "O nível de organização, ou de desorganização, f oi tão alto que impediu muitas pessoas de se encontrarem. É meu terceiro f órum, e foi o mais caótico". 32 Desordem e r estauração <la onlem O lema-s logan cio Fórum Social Mundial é "urn novo mundo é possível". Qua l é esse mundo novo? A julgar pelo que aco ntece u em Bel é m do Pará, trata-se do fi m ela c ivili zação e do advento ele um mundo anárqu ico-tribali sta, cio tipo descri to na profética o bra ele Plinio Corrêa de Olive ira , Tribalisnw

Indígena, Ideal Comuna-Missionário para o Brasil do século XXI. Um mundo em que a igualdade das se lvas impediria qua lquer organização baseada na reta orde nação elas c lasses soc iais; Jesus Cristo e sua Igreja são banidos, e em seu lugar surgem os "deuses" fetic hi stas e pagãos. É o comu ni smo tribal - a etapa mais avançada dos devane ios ele Marx e m suas ato rmentadas no ites ele in sônia, quando a ação clel etéri a cios fan tasmas noturnos se exercia sobre sua imaginação ...

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A crítica a esse " novo mundo" implica uma aceitação sem reservas da situação em que atualmente nos encontramos? De nenhum modo. Também nós detestamos este mundo de jovens sem pureza nem heroísmo, de ad ultos sem espírito de sacrifício nem amor de Deus, de velhos sem sabedoria nem dignidade. Com as honrosas exceções, é claro! Na rampa que vem dos esplendores da civilização cristã de outrora e se precipita, por meio de etapas sucessivas de decadência, no comunismo tribal, encontramo-nos presentemente num ponto já muitíssimo baixo, de nenhum modo aceitável. Os organ izadores do Fórum e seus ardili esforçam-se por arrastar o mundo para o fundo desse poço. Nós temos em vista o utros horizontes, delineados por Plínio Corrêa de Oliveira:

mente como o.filho pródigo quando chegou ao último da vergonha e da miséria, longe do lar paterno. "Esse algo novo, do qual não conhecemos os contornos exatos, pode-se entretanto delinear em termos gerais, como já o fa zíamos em 1959, quando lançamos nosso ensaio !?evolução e Contra-Revolução: 'Se a !?evolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no l?eino de Cristo. Ou seja, a Civilização Cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacra[, antiigualitária e antiliberal' . Ora, precônio do l?eino de Cristo é o estabelecimento do l?eino de Maria do qual falam algumas assinaladas profecias".33 •

"Em nossos dias, há um anseio imenso por outra coisa, que ainda não se sabe qual é. Mas enfim - fato talvez novo desde que começou, no século XV, o declínio da Civilização Cristã - o mundo inteiro geme nas trevas e na do ,; precisa-

E-mail do autor: gregorio@catoljcismo.com.br

Perversões sexuais não são direitos humanos Ü Cardeal Pujats, Arcebispo de Riga, capital da Letônia, esclarece o problema do homossexualismo, indica meios para lutar contra essa prática pecaminosa e expõe as razões pelas quais ele a combate, pois não se trata de uma orientação sexual, mas de perversão sexual

Notas : 1.http://www. b loomb e r g. com/ a pp s /n ew s? picl =2 060 10 8 7 &sicl= aV lc 1rn8kWoiU&refer=home 2. G regorio Vivanco Lopes e José Anton io Ureia , A pre1exto do combate à

globalização renasce a lula de classes - Fórum Social Mundial de Por/o Aleg re, berço de uma neo-revolução anárquica, Editora Cruz ele Cristo, S. Paulo, 2002. 3 . http://brasi laci rnacletuclo .1pc hat.com/i nclex .php ?opt io n=corn_content &task=vie w&ic1=601 8& 1tern icl= 1 4 . Diogo Costa , Fórum subsidiado, " O G lobo", 26- 1-09 5. "O Estado ele S. Paulo" , 27 e 30- 1-09. 6. " Fo lha ele S. Paulo", 29- 1-09 7. http://www. fsrn2009amazon ia.org.br/notic ias/ba lanco-fi nal-clo-fsm-2009amazon ia 8. Portal Terra , 1°-2-09 9. "O Estado ele S. Pau lo", 27 - 1-09 10. http://noticias.terra.eom.br/brasil/interna/0,,0 134765 18-E l 12992,00.htrnl 11 . C li pping e letrônico cio governo cio Estado cio Pará: http://www.pa.gov.br/ portal/ccs/c lippin g/fsrn/Ver_ irnpressos. asp?iclnoti c ia=78599 12. " Folha ele S. Pau lo", 30- 1-09 13. " Fo lha ele S. Paulo" , 26- 1-09 14 . http: //portalamazonia. globo.com/notic ias.php?iclN =77983 15 .http://u lt irnosegu nclo. ig.corn. br/bras i1/2009/0 1/27 /sinopse+clc+i rnprensa+ inclios+peclern+veto+a+controle+sobre+ingresso+nas+reservas++3640972.htrnl 16 . "O Estado ele S. Paulo", 1º-2-09 17. http://www.un is inos .br/i hu/i nclcx. php?opt io n=corn_ noti c ias& l te mi d = 18&task=cletalhe&icl= 19607 18. " Folha ele S. Paulo" , 30- 1-09 19. http://www.hoybol i via.corn/eclic ion_anter ior/Noti c ia .php ?lcl Edicion = 273& 1dSecc ion= 15& lc1Notic ia= 10546 20 . http:/ /ama zo n ianam id ia.b lo gs po t. c orn/2009/0 1/ oes p-fo ru rn -soc ia 1comeca-se m-queirna-da .htrnl 2 1. http://www.ameri caeconorn ia .corn .br/note .aspx ?Note=2 13735 22. " O Estado ele S. Paulo", 3 1- 1-09 '23. http ://g 1.g lobo.corn/N oticias/Po liti ca/0,, MUL978980-560 1,00.htrnl 24 . " O Estado ele S. Pau lo", 2-2-09 25. http ://www.goog le.co m/hostedn ews/ap/arti c le/ A Leq M5 i4H7i Uakue k LJ9v n_ w0ZBNbTLcSQD962T3MG 2 26. http:/ /www. goog le .com/ hostecln e ws/afp/article/ A Le qM5 g I kOcz rn 2PR v ITtQeXTclHRYrhf-A 27 . http://www.re uters.com/artic le/latestC ri sis/idUSNO 1417488 ~ 28. http ://www.dw-worlcl.cle/clw/artic le/0,,39945 34,00.html ?rnaca=bra-rss-brE br- 1031 -rdf .8 29. " O Estado ele S. Pau lo", lº-2-09 M 30 . " Folha de S. Pau lo", 1°-2-09

&.

3 1. "Folha ele S. Pau lo", 2-2-09

;;;, ]

32. " Fo lha de S. Pau lo", 2-2-09 33. A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo, 110 pen\·a111 ento de Pli11io Corrêa de Oliveira, co letânea organi zada por Paulo o rrêa de Brito Filho e outros, Artpress, S. Pau lo, 2008, p. 188.

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CATOLICISMO

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m 1984, o Cardeal Janis Pujats, quando ainda simples sacerdote, foi declarado pela KGB persona non grata e transferido para uma paróquia do interior de sua pátria, a Letônia, então dominada pelo regime comunista. Basta este fato para nos revelar o quanto ele é sumamente persona grata para os católicos. Nascido em Nautreni, no ano de 1930, foi ordenado sacerdote em 1951 . Lecionou História da Arte e Liturgia no seminário da capital da Letônia. De 1979 a 1984 foi vigário-geral da arquidiocese de Riga . Em 1988 recebeu o título de prelado honorário do Papa, tendo sido nomeado arcebispo em 1991 . Sete anos depois foi designado por João Paulo li Cardeal de Riga - primeiramente "in pedore", e três anos mais tarde tal nomeação foi dada a público. Sua Eminência o Cardeal Pujats é um baluarte na luta contra a difusão do homossexualismo, atuando publicamente contra as chamadas "paradas homossexuais", e apelando ao governo letão para que proíba tais manifestações. O cardeal concedeu entrevista a nosso colaborador Sr. Valdis Grinsteins, também de origem letã, por ocasião de sua recente viagem à Letônia.

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Catolicismo - O que favorece a expansão do homossexualismo? Cardeal Pujais - De um lado, o ho-

mossexualismo é favorecido pelo enorme culto do sexo, que se propaga através dos meios modernos de comunicação de massa, e também pelo fato de que esse vício tem sido até oficialmente promovido em alguns países, em nome dos mal-entendidos "direitos do homem". De outro lado, o caminho para o homossexualismo é aberto pela falta de tifo pelo enpedemimento moral de grande parte da sociedade.

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Cal'dcal l'u1ats: "São indifernntes ao pl'oblema do lwmossexualismo os que nãocl'êem em Deus e os cristãos que não considel'am a sua fé como algo impol'UJIIW"

Catolicismo - Por que tantas pessoas são indiferentes diante da expansão do homossexualismo? Cartlea/ Pujais - Sobretudo são indiferentes a esse problema os que não crêem em Deus, como também os cristãos que não consideram a sua fé como algo importante. Por que procedem assim ? Exemplico com a situação em meu país. No governo, todo um grupo de pessoas depende financeira ou admin istrativamente de um só indivíduo. Sentindo-se elas pressionadas, ou ficam do lado do superior ou - no melhor dos casos - calam-se e manifestam indiferença, embora no fundo da alma não concordem com esse indivíduo. No aparelho estatal, mesmo um pequeno grupo de funcionários homossexuais pode facilmente obter o objetivo desejado. Essa questão apresentase de modo pior no âmbito judiciário. O regime de

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surge a objeção de que ela se imiscui em política. O que V. Emcia. diria sobre tal acusação? Cardeal Pujais - A Igreja tem o direito de protestar, se o Estado impõe o homossexualismo. A Religião e a moral constituem uma específica esfera de sua competência. Condenando o homossexualismo, a Igreja não ultrapassa pois o limite de sua competência. Ao contrário, são os governos e parlamentos que extrapolam suas competências, tentando alterar os mandamentos divinos e o conceito de virtude e de vício. Além disso, os aco rdos rea lizados pela Santa Sé com os governos de muitos países garantem à Igreja a liberdade de expressão. E também concedem aos fi éis "a possibilidade de livre criação e

opressão da União Soviética era mantido pel a recíproca dependênci a dos funcionários. Entreta nto, aos que crêem em Deus de todo o coração, mas não exercem uma rea l influência na soc iedade, só resta organizar-se e corajosamente dar testemunho de Cri sto pelo exemplo de suas vidas, baseadas no cumprimento dos mandamentos divinos. Os diversos sistemas mudam e caem, mas "a verdade divina permanece pelos séculos", como diz o Livro dos Sal mos (S 1. 1I 6,2). Catolicismo - Muitos autores conceituados, apoiando-se nas Sagradas Escrituras e no Magistério eclesiástico, em seus escritos sobre o homossexualismo condenam categoricamente essa prática pecaminosa. São eles entretanto raramente citados, e como conseqüência muitos católicos assumem posição de tolerância em relação ao problema. De que modo se pode proteger os fiéis em face desse perigo? Cardeal Pujais - O clero te m a obrigação de, citando a Bíblia, lembrar aos fié is que a Sagrada Escritura condena toda sorte de impurezas. Apoiando-se na Bíblia, podem-se tirar conclusões preliminares para que os fi éis se orientem melhor sobre o que pode e o que não pode ser tolerado. Devemos pregar que o Direito divino e a Lei natural são estáveis e imutáveis. O que muda é a posição das pessoas e dos parlamentos e o direito que eles criam. Por isso, nenhum legislativo pode eliminar o Decálogo, porque ele se apóia no Direito natural, garantindo a existência da sociedade. Devemos falar que não é permitido extirpar o limite entre o bem e o mal, entre o que é permitido e o que é proibido, claramente estabelecido pela Lei divina. Finalmente, devemos asseverar que o homossexualismo é um vício que se contrai, podendo ser comparado com a dependência de drogas, o alcoolismo, o fumo, etc., razão pela qual os que o praticam não podem pretender serem tratados como uma " minoria". Devemos di zer que a perversão sexual não pode ser tolerada na esfera pública, . para que tal desordem não se transforme em um mau exemplo para toda a sociedade. Se alguém tem inclinações para o vício, este deve ser disciplinado e tratado. Não se pode legalizá-lo ou protegê-lo, invocando a noção erroneamente aplicada de direitos humanos. O homossex ualismo não é uma orientação sex ual , mas uma perversão sexual. Catolicismo - Cada vez que a Igreja protesta contra leis que favorecem o homossexualismo,

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CATOLICISMO

O parlamento da Letônia estatuiu em 2005 uma emenda à lei, que estabelece: o Estado "protege o casamento - união entre um homem e uma mulher"

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divulgação de iniciativas sociais, culturais e educacionais, que têm origem nos princípios dafé cristã " (Concordata da Santa Sé com a Letônia, item 9). O princípio da separação entre o Estado e a Jgreja indica unicamente as competências de ambas as partes. Em alguns países, os membros da Jgreja católica constituem a maioria dos cidadãos. Poderá o Estado existir, se tais c idadãos forem separados dele de modo artificial? Tanto os fiéi s em gera l como os bi spos são cidadãos de seu respectivo país, com todos os direitos que di sso derivam. E também desfrutam o direito de protestar contra leis imorais. Catolicismo - Como reação contra pressões do /obby homossexual do exterior, na Letônia foi votada uma lei estabelecendo que o casamento é a união exclusiva entre um homem e uma mulher. De que modo os letões protestam contra a pressão da União Européia a favor da propagação do homossexualismo? Cardeal P1~jals - Diante da crescente pressão da propaganda homossexual , o parlamento da Letônia estatuiu em 2005 uma emenda à lei, que estabelece: o Estado "protege o casamento - união entre um homem e uma mulher", excl uindo assim o reconhecimento lega l da coabitação homossexual. Um fator importante na luta contra essa perversão sexual na Letônia é a voz comum de todos nessas questões morais. Justamente por isso, no dia 13 de fevereiro de 2007 o primeiro-ministro abrogou o projeto de lei apresentado ao parlamento pelos homossex uais. Praticamente desapareceram as iniciativas de organ izar em Ri ga " paradas homossexuais". Em seu lugar, os cristãos organi zam no verão a Festa da Família, através de uma solene marcha pelas ruas da capital. Há também um concerto e entrega de prê-

mios às famílias que se destacam . Os cristãos utilizam-se também da te levi são, rádio e imprensa leiga, que é simpática à Igreja. Quando os homossexuais prepararam e apresentaram ao parlamento seu projeto, os professores de 200 escolas encaminhanun ao primeiro-ministro uma carta de protesto. Durante um mês os fiéis das paróquias recolheram mais de 17.000 assinaturas pedindo que o parlamento rejeitasse os projetos de lei que favorecem os homossexuais. Catolicismo - Nos meios de informação apareceram artigos favoráveis aos homossexuais, mas nada se escreveu sobre esta parte da sociedade que decididamente se opõe ao homossexualismo. V. Emcia. pode explicar isso? Cardeal Pujais - A afirmação de que amaioria absoluta da sociedade se manifesta pela j família normal não é nenhuma nov idade. ~ Donde também a posição da maioria não des- J i;a...;;;...;...:.. pertar o interesse da imprensa. Como o homossex ualismo se liga a escândalo, é pretexto para, Para debelar as trevas, é necessário a luz. de tempos em tempos, aparecer no centro das atenSobretudo é preciso ções dos meios de informação. seg uir este ideal : Nesse assunto, é curioso o seguinte: analisando "Bem-aventurados os essa questão, não se procura a essência, mas a priopuros de coração, pois eles verão a Deus " ri se anunc ia que os homossex uai s constituem uma

" minoria" discriminada. Neste caso, a condição de " minoria", com leis especiais, justificaria automati ca mente serem recebidas em todos os ambientes pessoas que prati ca m algum vício, tais como o uso de drogas e o alcooli smo. Catolicismo - Há alguns meses a imprensa liberal polonesa criticou V. Emcia. pelo modo de combater o homossexualismo. Aparecem também opiniões no sentido de que é melhor silenciar, pois com o silêncio evita-se popularidade para os meios homossexuais. Como V. Emcia. julga isso? Cardeal Pujais - Em cada país a situação é diferente. O fato é que o silêncio fo i um erro nos países onde o homossex ualismo já obtivera direitos. Igual mente na Letônia, a tática do silêncio não foi apropriada. O homossex uali smo não teve aqu i sucesso porque encontrou resistênci a, como já mencionei anteriormente. É claro, a Igreja condena a vio lência, mas não é responsável pelo que se passa nas ruas, quando os organ izadores de paradas se encontram com opositores. Garanti r a ordem nas ruas é competênci a da polícia. Catolicismo - Nos Estados Unidos surgiu um movimento que, como resposta à expan-

(Mateus 5,8) .

"Não se pode tmnsgl'(,-v/i1· a lei do mat11mônio. É preciso lutar pela pureza antes do casamcnw cm cada país. Isso é do interesse da sociedade intcim "

são de doenças como a AIDS, promove a castidade, sobretudo entre os jovens. Nas universidades atuam grupos que propagam a abstenção de relações antes do casamento. Infelizmente, por diretrizes da UE, a Europa é "forçada" à promoção da imoralidade. Como lutar contra isso? Cardeal Pujais - Para debelar as trevas, é necessário a luz. Sobretudo é preciso seguir este ideal: "Bem-aventurados os puros de coração, pois eles verão a Deus " (Mateus 5,8). É necessário viver de acordo com os ditames da fé, praticando-a pelo menos um dia. Então a luz se acende. Depois um segundo dia ... , um terceiro, e assim por diante. O maior bem que se pode oferecer aos cônjuges é a guarda da castidade. Muito importante é também que na sociedade seja dominante a convicção de que as relações antes do casamento são um mal , da mesma forma como não é preciso hoje convencer ninguém de q ue o roubo é um ato a ser repudiado. Deus reservou o prazer sex ual aos cônjuges para que criem seus filhos e fortaleçam sua família. As pessoas que coab itam antes de se casarem são simples ladrões do prazer sex ual. Aproveitam daqui lo que Deus destinou exc lu sivamente aos cônjuges. Com isso, prejudicam a si mes mos e à sua família, poi s nenhum pecado fica sem conseqeências negativas. Este pecado traz prejuízos também para a sociedade. Se alguém o comete antes do casamento, revela que depois pod erá tran sgred ir a lei do matri mônio. É preciso lutar pela pureza antes do casamento, em cada país, pois isso é do interesse da sociedade inteira. Catolicismo - Na maioria dos casos a prática do homossexualismo tende para uma escalada cada vez maior do desregramento e de uma obsessiva procura de novas sensações, o que constitui a negação das relações existentes no casamento normal. Por que então os homossexuais desejam que suas uniões obtenham o status de casamento, uma vez que elas estão em oposição à essência do mesmo? Cardeal Pujais - Nessa tendência para a legalização do homossex uali smo, na verdade tem-se em vista exc lusivamente o reconhecimento da libertinagem pela lei. Quanto às relações homossex uais, é difícil imaginar uma vida fe liz onde esse pecado é praticado. Por que então os homossexuai s fazem tanta questão de legalizar o pseudo-casamento? Pode-se dizer que o inferno é o lugar de um so frimento sem limites, mas infe li zmente não fa ltam candidatos que queiram ir para lá. •

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A ira do povo desagrava a Deus onde havia uma imagem de Cristo morto, e desacatou-a, dirigindo-lhe impropérios. Repreenderam-no os companheiros, mas retorquiu Corma das mais antigas igrejas do Rio de Janeiro é a chareia que aquilo era um pedaço de mada Santa Cruz dos Milimadeira, e só acreditaria em Deus tares. Merece ser visitada e admise Ele o matasse às 3 horas daquerada. le dia. § Detenho-me um in stante na ·§ Às badaladas das 3 horas ou.J viu-se um grito que ecoou na igreconsideração de seu nome, que evo- ~ ~ ca uma das mai s altas expressões u ja. Espavoridos correram os opede be leza a que a alma hum ana rário s, e vieram encontrar o pode aspirar: a luta a servi ço da caiador caído em frente ao altar da Imagem de Nosso Senhor Desagravado Cruz de Nosso Senhor Jesus Cri sSenhora das Dores, sem fala e em to. Faz-nos recordar proezas glorihorríveis convulsões. Conduzido osas da Cri standade, como as Cruzadas durante a Idade Mépara sua residência, restabeleceu-se ao fim de três dias. dia, a Reconqui sta espanhola que durou oito séculos, e a bataParticipado o acontecimento às autoridades e ao Bispo D. Manuel do Monte, dirigiu-se este, em 12 de agosto, ao lulha naval de Lepanto e m 1571. Todas elas frutos da fé, posta em ordem de batalha. gar do delito, e acompanhado do Clero entoou preces em desagravo ao desacato cometido, achando-se presente Frederico É condição do católico nesta Terra batalhar por sua fé, poi s e le pertence à Jgreja Militante. Sobretudo quando não é apeCo rreia que, ajoelhado e contrito, pediu perdão a Deus, a nas um exército que bata lha, mas é todo o conjunto de hoquem of endera naquela imagem. mens de fé que se sente concernido na luta e m prol d' Aque le O povo atapetava o templo e lugares circunvizinhos. Percebendo que contra o delinqüente levantava-se a ira popular, a quem a Sagrada Escritura proclama: "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos" (Is 6,3). tomou-o sob sua proteção o Vigário -Geral do Bispado, Mons. Fazendo jus a seu no me e às reNarciso da Silva Nepomuceno, que cordações que desperta, a igreja Quadro da igreja de Santa Cruz dos Militares, o conduziu oculto para sua casa " Santa Cruz dos Militares conta, pintado pelo inglês Richard Bate no início do séc. XIX (Moreira de Azevedo, O Rio de entre suas imagens, uma espec ialJaneiro, sua história, monumentos, me nte s ig nifi cativa, a de Nosso homens notáveis, usos e curiosidaSenhor Desagravado. A hi stória des, Brasiliana Editora, 1969). ■ GREGÓRIO V1VANCO LOPES

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dessa imagem está li gada à alma católica e combativa dos brasile iros, que, em épocas bem mais virtuosas que a nossa, teve ocasião de ex primir-se.

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"Em29de julhode1845, estando a igreja em obras, o caiador Augusto Frederico Correia aproximou -se do altar do consistório, CATOLICISMO

Fez bem o Vi gário-Geral em salvar o delinqüente arrependido; mas também a ira do povo desagrava a Deus. Nosso Senhor foi , po is, duplamente desagra vado . Pe lo pedido de perdão do ofensor e pe la ira popular que se levantou contra o sacrilégio, pois ama a Deus quem se indigna contra aquilo que O ofende. • E-mail do autor: i;reeorio@catoljcjsmo.com.br

Uma professora primária, oito décadas atrás

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m dos fatores mais determinantes para que Nossa Senhora chore sobre o mundo contemporâneo é, sem dúvida alguma, a decadência vertiginosa dos costumes, expressa na libertinagem sem fre ios que campeia por toda parte. D e tal modo estamos ime rsos neste mundo do início do século XXI, que por vezes temos dificuldade em avaliar convenientemente até que ponto já escorregamos pela rampa da dissolução moral. Por isso, é útil comparar a situação de nossos dias com a de te mpos ainda não muito remotos - por exemplo, o período entre as duas guerras mundiais. Concretamente, exemplificaremos com o contrato que, em 1923, era assinado pelas jovens candidatas a professora prim ária, nas escolas da região espanhola de Castilla-la-Mancha [fac-símile e tradução ao lado]. Caro leitor/leitora, não se assuste com o caráter enérgico desse documento, ao qual, aliás, teríamos alguns reparos a fazer. Não estamos advogando que ele seja aplicado hoje em dia, pois sabemos bem que isso não seria possível, a menos que se realizasse uma radical mudança das mental idades, como a que pediu Nossa Senhora em Fátima. De momento, visamos apenas comparar duas situações, duas épocas, duas mentalidades (com apenas 86 anos de intervalo entre uma e outra), para que se possa compreender melhor o fundo de poço a que chegamos, e com isso a razão profunda das lágrimas de Nossa Senhora •

Contrato de professoras primárias - 1923 Este é um acordo entre a senhorita .. ... .. , professora, e o Conselho de Educação da Escola ....... , pelo qual a senhorita ....... se compromete a dar aulas durante um período de oito meses a partir do dia ....... de setembro de 1923. O conselho de Educação se compromete a pagar à senhorita .... ... o valor de (*75) mensais. A senhorita ....... concorda: 1 - Não se casar. Este contrato fica automaticamente anulado e sem efeito se a professora se casa; 2 - Não andar em companhia de homens; 3 - Permanecer em sua casa entre as 8 da noite e as 6 da manhã, a menos que tenha alguma função escolar; 4 - Não passear por sorveterias do centro da cidade; . ..,. . .,....... , ... __ 5 - Não deixar a cidade sob nenhum pretexto, sem permissão do presidente do Conselho de Delegados; 6 - Não fumar. Este contrato ficará automaticamente anulado e sem efeito caso se encontre a professora fumando; 7 - Não beber cerveja, vinho ou whisky . Este contrato ficará automaticamente anulado e sem efeito caso se encontre a professora bebendo cerveja, vinho ou whisky; 8 - Não viajar em coche ou automóvel com nenhum homem, exceto seu i.rmão ou seu pai ; 9 - Não usar roupas de cores brilhantes; lO - Não pintar o cabelo; 11 - Usar ao menos duas anáguas [saia usada sob o vestido] ; 12 - Não usar vestidos que fiquem mais que 5 centímetros acima dos tornozelos; l3 - Manter limpa a sala: a) varrer o chão ao menos uma vez ao dia b) lavar o chão da sala de aula ao menos uma vez por semana com água quente c) limpar o quadro-negro ao menos uma vez por dia d) acender o fogo às 7 horas, de modo que o local esteja aquecido às 8, quando cheguem as crianças; 14 - Não usar pós faciais, não maquilar-se nem pintar os lábios. http://www.catedu .es/matematicas mundo/PARA PENSAR/Contratol 923 .pdf

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Ao tanger dos sinos ' w.

Outro aspecto: a criança aí representada nada tem de caprichosa e intemperante, mas distrai-se na placidez de quem foi bem educada. Até o cachorro parece refletir uma atitude de respeito ... Haverá algo mais banal do que o desvelo mediante o qual a mulher busca sua criança? Tão conhecido é o instinto mater-

no, que a observação poderia quase ser tomada como imbecil, se não vivêssemos numa época em que tantas mães eliminam os filhos - antes de nascer, através do aborto praticado aos milhões - dos quai s deveriam cuidar com desve lo. A chave de cúpula desta cena - notou-o muito bem o au-

tordo calendário - é o campanário, símbolo da Santa Igreja, instituição promotora por excelência da civilização cristã na soc iedade civil. • E- mai l do auLor: w-gabri el @catol icismo.com.br

GABRIEL DA SILVA

"Eis uma cena de trabalho no campo. Uma junta de bois espera que os' homens tenham terminado de carregar o feno na carroça, enquanto outros recolhem os últimos montículos. A mãe de família traz o almoço, observando com um olhar a criança sentada no chão. Na colina, o campanário da igreja aponta para o céu e o som dos sinos dá um sentido à vida". Esse comentário, que se lê num calendário da TFP francesa, descreve de modo conciso e perfe ito a cena pintada por Théodore Lavigne em 1891, no quadro "Les foins dans les monts du Lyonnais" (A colheita de feno nas colinas da região de Lyon).

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Qual a utilidade de incluir comentários como este nesta seção "Esplendores da Cristandade"? Se algo tem esplendor, este fala por si e dispensa explicações ... Mas, num mundo apressado, che io de preocupações de toda ordem, é possível que até o óbvio passe despe rcebido. Por isso, não consideramos ocioso rea lçar aqui o esplendor discreto mas real de alguns aspectos, que facilmente podem fugir à atenção de alguns de nossos leitores. Para isso contribui a extrema simplicidade da cena: homens que trabalham, bois que esperam pachorrentamente, uma criança que se distrai sob o olhar de um cachorro interessado em seu lanche, enquanto o desvelo materno a acompanha com o olhar.

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Onde está o brilho ou esplendor da cena? Por que exprime ela uma me ntalidade cristã? A necessidade do trabalho é fruto do pecado original: "Comerás o teu pão com o suor de teu rosto". Aceitar o trabalho com disposição, sem preguiça, mais ainda com elevação de alma, é pró prio do cristão, que redime assim algo das conseqüências do pecado de Adão. Os homens aqui figurados trabalham com energ ia, sem preguiça nem desânimo. É uma vi tória da virtude sobre o pecado original. Essa vitória, vê-se que procede de muitas gerações, pois os campos representados no quadro já não são mai s os brejos selvagens de outrora, foram "civilizados" por séculos de labor humano.

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U ma política radical, cuja implantação levará o Brasil à fragmentação social e política, está sendo acelerada por meio de decretos sem nenhum amparo constitucional, atropelando o direito de propriedade e açulando um conflito de raças no território nacional

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NELSON

RAMos

BARREno

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olíticas desastradas do governo federal vêm aumentando, dia após dia, a fratura na antiga harmonia social do Brasil cristão. Dentre elas se destacam o programa da Reforma Agrária e outras iniciativas gravemente atentatórias ao direito de propriedade. Enormes extensões de terras são demarcadas corno reservas indígenas e quilornbolas, com a posterior expulsão de seus legítimos proprietários, muitas vezes ali radicados há várias gerações. Tais políticas trazem em seu bojo a indesejada djvisão de nossa sociedade em brancos, negros, índios e mestiços, que esfacelará para sempre a harmonia social, virtude brasileira invejada por povos da Terra inteira. Há 30 anos, o Brasil tomava conhecimento da existência de urna corrente de missionários contrária à catequização e à civilização dos índios. Segundo sua doutri na, os silvícolas devem manter o primitivismo de seus ancestrais, corno tipo humano ideal do terceiro milênio. Tal denúncia verdadeiramente profética foi feita por Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra Tribalismo Indí-

gena - Ideal Comuno-Missionário para o Brasil no Século XXI (1977), com sete edições, num total de 76 mil exemplares. Nos nossos dias, ONGs e instituições da esquerda católica, como o Conselho lndigenista Missionário (CIMI) e entidades estrangeiras que atuam no País, usam a questão indígena vinculando-a a uma ideologia neo-indigenista. Não raro, também para ganhar dinheiro, sobretudo para vender as riquezas naturai s do Brasil: onde há mjnério há índios, e onde há índios há ONGs.

Tribalismo indígena no século XXI Paulo Henrique Chaves e o autor deste artigo, ambos colaboradores de Catolicismo, fizemos uma atualização dessa obra, incluindo-a numa nova edição do livro-denúncia de PUnio Corrêa de Oliveira sob o título: 30 anos depois

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- Ofensiva radical para levar à fragmentação social e política da nação. A divulgação do livro vem sendo feita pela campanha Paz no Campo em seu site www.paznocampo.org.br. Dividimos nosso trabalho em duas partes: na primeira apresentamos a denúncia, e na segunda os fatos. Mostramos que uma avalanche demarcatória de terras indígenas atropela atualmente o direito de propriedade, mediante decretos e portarias, sem nenhum amparo constitucional. O governo Lula já anunciou mais de cem áreas a serem delimitadas. A FUNAI (Fundação Nacional do Índio), em seu a:tã demarcatório, acaba de delimitar áreas indígenas no Mato Grosso do Sul, região ~ fronteiriça com o Paraguai, em reservas c5 que podem alcançar até 12 milhões de -~ hectares de terras férteis e produtivas. Ro- 'º~ raima, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina são estados na eminência de sofreAcrescida à Reforma Agrária, à rerem muitas expropriações em virtude da volução quilombola, à temática do tra"lamentável e caótica política indigenisbalho escravo e às questões ambientais ta", conforme pronunciamento do Genejá tratadas por nós nos livros Reforral Heleno, titular do Comando Militar da ma Agrária: o mito e a realidade; A ReAmazônia (foto à direita). volução quilombo/a: guerra racial, confisco agrário e urbano, coletivismo; Trabalho escravo: nova arma contra a propriedade privada - , a questão indígena forma um quadro de causar pasmo e séria preocupação.

Fragmclltação social e política As áreas indígenas já representam 13% do território nacional. Para que o leitor tenha uma idéia do que isso significa, são 1,1 milhão de quilômetros quadrados para uma população estimada em 250 mil indígenas! Ou seja, o dobro da área da França (543.965 km2 para 60 milhões de habitantes), ou mais de quatro vezes o território do estado de São Paulo (248.808,8 km2 para 40 milhões de habitantes). E tais demarcações parecem estar longe do fim, pois o governo Lula acaba de anunciar mais 129 áreas a serem delimitadas até o final do seu mandato em 2010.

CATOLICISMO

No lufa-lufa cotidiano, e sob um verdadeiro bombardeio de informações, a opinião pública nacional não vem se dando conta do incomensurável patrimônio que vai escapando de suas mãos, e sobretudo dos malefícios causados à alma dos brasileiros. Se fôssemos apenas nós os atingidos, já seria muito grave! Mas as seqüelas atingirão fatalmente nossos filhos e as futuras gerações. Dentre os muitos conflitos indígenas, nosso livro analisa a situação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, no Estado de Roraima, extremo norte do País, na fronteira com a Venezuela e a Guiana Inglesa. Visitamos essa reserva indígena, e denunciamos a ameaça à soberania nacional que se configura naquela região de fronteira. A demarcação de novas reservas em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai, segundo alguns, atinge quase 12 milhões de hectares. Diante desse cenário sombrio, perguntamo-nos: Como e quando surgiu tal revolução tribalista no País? Para onde ela nos conduzirá? A quem aproveitará a quebra da harmonia entre os brasileiros? Não é verdade que todo reino (no caso, uma república federativa) dividido perecerá? A que ficará reduzida nossa Pátria, caso não se verifique uma sadia reação a tais políticas?

Roraima: ameaçada a cultura de arroz e soja Embora pertencente à Amazônia Legal, boa parte do território de Roraima é constituída de savana, vegetação característica da reserva Raposa/Serra do Sol. O mato nativo é rasteiro, o solo é pobre para a agricultura, sem árvores nem frutos. A região é linda, com suas imensas planícies tendo ao fundo contrafortes montanhosos. Sem alimento, não há animais nos campos nem peixes nas abundantes águas que cortam aquele belo cenário criado por Deus, mas deixado para que o homem o completasse com seu engenho e arte. Um belo contraste marca a área cultivada pelos rizicultores. Milhares de pássaros e de aves de todos os tamanhos e cores dão vida àquela imensa paragem, que antes parecia morta. O arroz e a soja ali cultivados não atraem apenas as aves, pássaros e passarinhos, mas igualmente os peixes, que enchem os canais de irrigação das plantações. Utilizando a inteligência e os recursos que Deus lhes deu, aqueles agricultores tiram mais de seis toneladas de arroz por hectare. De fato, seis produtores são responsáveis por 7% do PIB de Roraima. Eles colocam arroz na mesa de todos seus concidadãos, além de o mandarem para os estados do Amazonas e Tocantins. E não somente provêem os brasileiros, mas são responsáveis pela vida e multiplicação de animais, pássaros e peixes.

Em uma entrevista na TV, uma indígena contrária à expulsão dos arrozeiros reclamava da atuação da FUNAI. Com um senso popular da realidade, que muitas vezes escapa ao intelectual citadino, ela ironizava: "Nós não comemos terra; nós comemos arroz, e arroz pilado!". De acordo com um princípio verdadeiro, a preocupação com o meio ambiente é própria de uma sociedade desenvolvida e rica, pois o pobre está preocupado tão-só com a sobrevivência do dia-a-dia. Pela mesma razão, não poderíamos esperar algo diferente de nossos pobres índios. Ao contrário do que é afirmado por certa propaganda romântica, o indígena não conserva a natureza. Ele a utiliza de maneira primitiva e predatória. Por exemplo, coloca fogo no mato para caçar, e para a pesca se utiliza de um veneno chamado "timbó". Jogado nas águas, ele mata os peixes, que ao flutuarem são pegos à mão. A pobreza do solo é apontada como mais uma razão para a demarcação de áreas descontínuas: "Mais de 70% da área contínua pretendida não se presta ao cultivo, seja por serem solos desenvolvidos de arenito muito pobres ou pelo relevo montanhoso, no caso das rochas vulcânicas do Grupo Surumu (Schaefer, 1997)".

(Continua na p. 30)

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Mato Grosso do Sul: direito de propriedade revogado por decretos

Foi com o objetivo de responder a tais perguntas que decidimos reeditar o providencial livro Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, com atualizações. Publicado há 30 anos, desvendou doutrinas que se difundiam em ambientes da esquerda católica e prenunciavam a luta entre duas civilizações no Brasil do século XXI. Os fatos deram inteira razão ao autor.

Luta de classes retomada pela luta de raças Corno foi possível ao Brasil - plasmado pela miscigenação, propenso à harmonia social, e onde durante séculos imperaram a concórdia e a bondade - tornar-se palco de confrontação tão odiosa e violenta entre irmãos? Não será essa situação revolucionária de confronto criada de caso pensado, para gerar conflitos duradouros em todo o território nacional? A quem aproveita a desavença entre nós? CATOLICISMO

Nemo summum fit repente (nada de importante ocorre de repente). Tal conflagração indígena é fruto de um processo que vem sendo insuflado há mais de 30 anos, visando a transformação gradual dos pacíficos silvícolas em massa de manobra revolucionária, a fim de abalar o Brasil tradicional e cristão e estabelecer quistos socialistas, coletivistas e comunotribais por todo nosso imenso território. Trata-se, com efeito, de uma nova faceta do comunismo metamorfoseado para a sociedade brasileira. Numa segunda etapa, as mesmas forças revolucionárias passariam a lutar pela constituição de grandes nações indígenas, como a reserva ianomâmi no estado de Roraima, junto à fronteira com a Venezuela, ou a nação guarani, fronteiriça ao Paraguai. Caso não haja reversão nesse caminho, nosso País retornará à barbárie através dos religiosos do Conselho Indigenista Missionário (vinculado à CNBB).

Todas as regiões do Brasil já estão afetadas pelo problema indigenista. A questão da reserva Raposai Serra do Sol servirá de paradigma para toda a política indigenista que vem sendo aplicada no País. A pressa e a radicalidade do governo Lula e da FUNAI não encontram obstáculos nesse sentido. O direito de propriedade continua sendo revogado por decretos. Sai uma portaria, em seguida surgem os antropólogos da FUNAI ou das ONGs para confirmá-la, tal como fora concebida no laboratório. As autoridades do estado do Mato Grosso do Sul manifestaram surpresa e preocupação com as portarias editadas pela FUNAI, de números 788 a 793, todas de LO de julho de 2008, publicadas no "Diário da União" de 14 de julho de 2008. Reunidas em assembléia com o governador, elas manifestaram profunda indignação e repúdio aos referidos atos administrativos, ao mesmo tempo em que apontaram as suas graves conseqüências: • Conflito entre índios e não-índios e agravamento da questão social, impactando diretamente a vida de 700 mil brasileiros (índios e não-índios habitantes da região a ser identificada) e dos demais cidadãos da população sul-rnatogrossense (um milhão e quinhentos mil). • Envolvimento indevido das áreas dos 26 municípios mencionados que não se caracterizam corno áreas indígenas, contrariando o preceituado no art. 231 da Constituição Federal de 1988. • Prejuízo para a economia do estado do Mato Grosso do Sul, com eventual e descabida perda de um terço de sua área, restando apenas 12 milhões de hectares economicamente aproveitáveis de um total de 35 milhões. ■ Riscos à soberania nacional e perda de território brasileiro, envolvendo mais de mil quilômetros de fronteira com a República do Paraguai. E terminavam as mencionadas autoridades requerendo urgência na revogação dessas portarias. A reação na Câmara dos Deputados foi imediata. Um requerimento de autoria do deputado Dagoberto Nogueira (PDT/MS), convocando o presidente da FUNAI, Márcio Meira, foi aprovado em 24 horas. O requerimento pede explicação perante a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados sobre o levantamento antropológico das áreas de 26 municípios do estado do Mato Grosso do Sul. A preocupação dos deputados é evitar que ocorram em Mato Grosso do Sul situações semelhantes às registradas em Roraima, Mato Grosso e Santa Catarina. O deputado Dagoberto Nogueira afirmou que a demarcação vai prejudicar a economia do estado: "A área proposta é o filé mignon do estado, é tudo área produtiva, altamente produtiva. Vai ser tudo terra indígena. Houve desvalorização. A terra que valia R$ 12.000 o hectare, hoje vale R$ 3.000". Acrescentou que lá não há índios suficientes para isso, e ~ esclareceu: "Estão trazendo índios guaranis do Paraguai para aumentar o e contingente das aldeias". _g ~ &

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Aldeia indígena Sassoró, Tacuri/MS - A administradora da Funai de Mato Grosso do Sul, Margarida de Fótima ~ Nicolete, participa do Aty Guassu (Grande Reunião) , que 2 marca o início dos trabalhos para demarcação das terras ~ indígenas Guarani-Kaiowá , na região sul do estado.

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Onde há minérto, há reserva de índio O quadro à esquerda retrata o mapa do estado de Roraima. Atente-se para a seguinte coincidência ... As partes em retícula são as reseNas generosamente demarcadas para alguns poucos índios. E os pontinhos vermelhos? Serão tribos indígenas? Malocas étnicas? Não! São reseNas de minérios como nióbio, tântalo, ouro, urânio, tório e diamante.

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Nos primórdios do Brasil, coube aos indômitos mi ss ionários católicos, como Nóbrega e Anchieta, plasmar nossa civilização; passados 500 anos, neomi ssionários surgem com doutrina oposta, para desfazer até as suas raízes a obra de heróis e santos. Triste paradoxo!

estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase operativa, que pode, definitivamente, ensejar intervenções militares diretas sobre a região".

A cobiça internacional sobre a Amazônia

Desde o século XVID, com Rousseau e sua teoria do "bom selvagem", foi -se criando na mente daqueles que não conhecem de perto a vida dos índios uma idéia idílica sobre eles: pessoas sadias e com vida paradisíaca, sem egoísmos e outros vícios próprios das pessoas civilizadas. Seriam os silvícolas homens de sentimentos elevados, inocentes, bravos e leais, superando mesmo o tipo humano do cavaleiro medieval. Talvez nem carregassem o peso do pecado original, herança dos filhos de Adão .. . Na realidade, bem diferentes foram os habitantes encontrados aqui na América pelos descobridores e desbravadores. A História registra que não foram pequenas as dificuldades enfrentadas pe los abnegados mi ssionários, mui tos deles santos. Tiveram de convencer os naturais da terra a adotar rudimentos de higiene; a abandonar a poligamia, a prática do infanticídio, a promiscuidade sexual, o costume de atacar outras tribos com o fim de capturar pessoas para fins antropofágicos ; a deixar de roubar os bens alheios, incutindo-lhes as noções sobre o direito de propriedade.

Quase tão velho quanto o descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral é a cobiça estrangeira pela Amazônia. Esta imensa parte do território brasileiro, arduamente conquistado pelos nossos antepassados, precisa ser efetiva e rac ionalmente povoada, guardada e defendida, sobretudo contra a indisfarçável cobiça atual. A Amazônia Legal detém a maior floresta tropical úmida do mundo, dispondo de 20% das reservas mundiais de água doce . Sua biodiversidade parece incomensuráve l. Lá se encontram o maior banco genético e a mais vasta província mineralógica planetária, a qual contém, entre outras, abundantes jazidas de ouro, cassiterita e minérios estratégicos de terceira geração, como o urânio, o titânio e o nióbio. Al gumas declarações preocupantes aparecem no Relatório da Comissão da Câmara dos Deputados de 2004:

• AI Gore, ex-vice-pres idente dos EUA, em 1989: "Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós". • François Mitterrand, ex-presidente da França, em 1989: "O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia". ■

Mikhail Gorbachev, ex-presidente da Rússia, em 1992: "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes". ■

John Major, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, em 1992: "As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecologistas internacionais sobre a região amazônica CATOLICISMO

Os costumes "puros" dos antigos indígenas

Mães devoravam seus Jillws; mui/leres, seus esposos Dev ido à completa amoralidade e promiscuidade sexual em que se encontravam os guaran is, era permitido aos prisioneiros, enquanto eram engordados para ser comidos, ter relações com as mulheres da aldeia. Os filhos nascidos dessas uniões, chamados "cunhambi ras", eram destinados a ser devorados quando alcançassem ce rto desenvolvim e nto . Eram sacrificados então "na presença do pai, que também era morto no mesmo dia. A mãe era a primeira a consumir a carne da vítima! ". O ritual do massacre durava cinco dias de cerimônias, danças e bebedeiras. Apenas assestado o golpe mortal na infeliz vitima, "velhas mulheres precipi-

tavam-se para recolher-lhe o sangue e os miolos num pote; o sangue era então bebido ainda quente ". Se o morto tinha mulher, esta "era a primeira a saborear a carne do esposo".

entre os índios menos aculturados, persistem muitas dessas práticas criminosas. Apesar di sso, foi surgindo na Igreja, especialmente após o Concílio Vaticano U, uma co1Tente missionária que prega o oposto do que ensin aram o bem-aventurado Padre Anchieta e seus virtuosos confrades. Tal corrente de missionários progressistas chega a defender a tese de que os índios não devem ser catequizados. Pelo cont:rário, nós é que devemos aprender com eles. Em face dessa trágica situação em que se encontra o País, peçamos a intervenção de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, para afastar todos esses males. E assi m, sob a proteção matern al da Virgem Im ac ul ada, nossa pátria possa cumprir sua providencial mi ssão hi stórica. •

A mui/ler reduzida à condição animal Essa situação inumana era muito pior para as mulheres, como ressalta o histrniador Cesar Cantu: "A mulhe,; em toda a parte, é escrava, considerada como uma propriedade. [...] O costume de fàzer aborto, o de abandonar ou tirar a vida aos recém-nascidos do sexo feminino, são comuns a muitas nações [indígenas] ". O mesmo afirma outro historiador: "Nesses povos; a mulher ocupava um lugar quase intermediário entre o ser humano e a besta de carga. Entre os índios, as mulheres eram vendidas, doadas ou trocadas com a maior naturalidade". 2 Incontáveis vezes tiveram os desbravadores e missionári os que se defender dos ataques ferozes dos índios. Até a bárbara práti ca do infa nti cíd io era comum em diversas tri bos. E ainda hoje, 1

E-mail do autor: nelsonbarretto@catolicismo.com.br

Notas : 1. César Cantú , História Universal, ampliada na parte relativa a Portugal e ao Brasil por Anton io Eanes, Empresa literária Fluminense, Ri o de Janeiro, vol. XII , pp. 334,335. 2. /rala, Buenos Aires, 1939, p. 350, apucl Sierra,

O padre Anchieta evangeliza os índios

El Sentido Misional, p. 207.

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onde conseguiu fazer o ginás io. Tornou-se ere mita perto ele Mulfrauen, volta ndo depois à profi ssão ele padeiro, para retornar à vida eremítica, desta vez e m Tivoli , na Itá li a. De volta à Áustri a aos 32 anos ele idade, quando parecia que nunca mais rea li zaria seu sonho, benfe itoras pagaram- lhe o estudo na U niver. idade de Viena. Mas, devido às le is anticatólicas cio "déspota esc larec ido" lmpe rador José rr, não podendo orde nar-se na Áustri a, volto u pa ra a Itá li a, in g ressando na recé m-fund ada Congregação do Santíssimo Redento r, ou dos rede ntori stas, o nde po r fim recebeu e m 1786 a orde nação sacerdotal.

São Clemente Maria Hofbauer Intrépido defensor da Igreja C onsiderado o segundo fundador dos redentoristas, perseguido pelo mau clero, destacou-se por seu amor ardente à Igreja e ao Papado e pela argúcia cm detectar erros contra a fé PUNIO M ARIA SO LIM EO

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Capela de São Clemente na igreja dos redentoristas de Viena

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futuro apóstol o de Viena nas ceu e m Tass witz, na Morávia, então pertencente ao Impéri o Au stríaco, no dia 26 de dezembro de 1751 . Seus pais, Pedro Paul o e Mari a Steer, eram camponeses, cujas riqueza eram a fé em Deus e uma grande fa mília. João, que depois mudou seu no me para C le me nte Mari a, era o quinto dos doze filh os do casa l. Quando contava seis anos, perdeu seu pai. Sua mãe levou-o diante de um Crucifi xo e lhe di sse: "De agora em diante, este será teu único pai; procura seguir seus passos e levar uma vida cor;forme à sua vontade santíssima". Ele tinha recebido de Deus um coração extraordinari ame nte prope nso

para o bem, reto e sincero. Votava um amor entra nhado ao Sacramento da Eucaristia e à Santíssima Virgem, sendo o ros{u-io sua oração predileta. Compl etou o curso primário na escola local, e nquanto ajudava a mãe no ca mpo. E mbora senti sse verdadeira vocação para o sacerdócio, a pobreza da mãe não permitiu que continuasse os estudos.

As inúmeras voltas do "J'io cl1i11ês" A vida para João, até orde nar-se sacerdote, fo i como os rios chineses, que normalmente só chegam ao mar depois de dare m muitas voltas. Aos catorze a nos torn o u-se apre ndi z de padeiro. D epois di sso, sempre à espe ra de uma oportunidade para estudar, fo i encarregado do refe itório dos padres pre mo nstra te nses de B ruck,

Apostolado 11a Polônia e luta conua a co/'1'1111ção São C lemente, que deveri a introduzir a Ordem Redentori sta nos países de língua alemã, não podia entretanto exercer seu apostolado na Áustri a. O im perador José II, in stigado por algun s mini stros, baixara vári os decretos em detrime nto da verdadeira Re li gião, suprimi ndo conve ntos, perseg uindo reli g iosos e impedindo o e xercíc io li vre do culto di vino. Po r isso, atende ndo a um pedido do Núncio Apostó lico e m Varsóvia, São C lemente fo i para a Po lôni a. O estado :ocial e re li gioso desse país, afli gido por contínu as g uerras, era desastroso. A fé estava abalada, os costumes di sso lu tos, a pobreza re inava. O santo escreveu nessa ocas ião: "Escândalos e vícios atingiram seu auge, e é d(/teil encontrar o caminho mais seguro e o modo mais eficaz de melhorar a situação. Desde o clero até o mais miserável mendigo, tudo encontra-se corromp ido. Temo muito que Deus descarregue algum golpe terrível sobre esta nação, que assim desp reza suas graças e f avores; roguemos para que meus temores não se cumpram". Mas e les se c um pri ra m à ri sca: e m 1795 a Rúss ia, a Áustria e a Prúss ia repartira m entre si a desventu rada Polôni a. Em me io ao caos reinante, a Religião quase desapareceu.

São C lemente recebeu o encargo de cuidar da igreja ele São Beno, dos alemães, e iniciou seu apostolado. A pobreza em que vivia a popul ação era tão grande que, às vezes, faltava o necessário para a própria subsistência. Nessas horas dirigia-se ele à ig reja e batia na porta cio sacrário, di zendo: "Senhor; agora é tempo de nos socorrer". E geralmente, depois desse ato ele confiança, vinha o auxílio desejado. Grande conhecedor ela psicologia humana, São C lemente, pa ra atrair os fi é is, e mpe nh o u-se sobre tud o e m exerce r as fun ções litúrg icas co m muita po mpa. Apesar ela cl ific ulclacle fin anceira, mandou faze r parame ntos belos e ricos, recorrendo muito freq üente mente à exposição solene cio Santíss imo Sac rame nto, às procissões, nove nas e tríduos, para atrair o povo. Di zia ele : "As solenidades públicas atraem por seu esplendor e aos poucos cativarn o povo, que ouve m.ais com os olhos do que com os ouvidos". Ressuscitou também, ou crio u, associações tradicio nais de pi edade, tanto para ho mens quanto para mulheres e cri anças. Fundou uma espéci e ele Ordem Terceira cios redentori stas, os "obl atos", entre os quai s fi guravam sacerdotes e pessoas ele ambos os sexos e ele todas as cl asses sociais.

Apostola<lo em meio a grandes pel'seguições Em pouco te mpo, as fun ções re li giosas passaram a ser tão concorridas que, aos do mingos, não ca bendo na igreja, os fié is postavam-se no cemité ri o e ao lo ngo das ru as para, ao menos ele lo nge, ass istirem à M issa. Mas não se detinha ni sso o zelo cio apóstolo: fund ou també m esco las para cri anças, co locando-as e m mãos ele hábe is e virtuosos mestres form ados sob sua vi gil ância. Promo veu a boa imprensa, difundindo principalmente as obras de Santo Afon so ele Li góri o, para o que utili zava os congregados mari anos. E m seus fogosos sermões, co mbati a o j anseni smo, o protestantismo e os franco- maçons.

Seu exe mplo começou a ser imi tado e m outras igrejas ele Varsóvia, ele modo que se pôde afirm ar mais tarde que a cidade tra nsformara-se completamente por seu influxo . As pessoas qu e freqüe nta va m a ig reja de São Beno pareciam viver num conve nto : faz iam todos os di as o e xame ele consciência e a meditação; por ocas ião da qua res ma e adve nto, reco lhi am-se à so lidão para o retiro espiritua l. Mas os maus - tanto nas fil eiras do clero co mo na sociedade civil - não supo rtam que o be m se expanda. Uma campanha orquestrada ele detração cios rede nto ri s tas atin g iu se u a uge e m 1800. Sobre isso escre veu São C leme nte: "Os j acobinos espalham. contra nós toda sorte de invencionices. Somos escarnecidos nos teatros públicos, o próprio clero está contra nós, ex.ceio o Bispo e alguns cônegos. So mos publicamente am.eaçados com a f orca. [. ..] Uns prostra vam-se diante de rnún para me beijar os pés, outros me cobriam. de Iam.a; aqueles e.x.ageravarn. na honra, e estes no desprezo". [. .. ] Sofri na Polônia coisas que só serão manUestadas no dia do Juíza Final ".

Apóstolo <le Viena e promotor do culto divino A campanha de difamação fo i bem sucedida e redundo u na ex pul são cios redentori stas. Tentando encontrar lugar seguro para fund ar o ramo ale mão ele sua orde m, São Cle me nte peregri nou de c idade e m c idade até chegar a Vi ena, como última tentativa. Aí foi lhe imposto o mais ri goroso silêncio, tanto no púlpito quanto no confess ionário. Só uma coi sa podi a faze r, e isso realizou com fe rvo r: rezarl Nessa é poca, o ímpi o Napo leão, e m sua marcha sempre vi to ri osa, conq ui stou a própri a capital cio impéri o au stríaco. Mas ali não se de morou , pois o arquiduque Carlos surgiu e m socorro de Vie na. São C le mente sabi a q ue daquela batalha depe ndi a a sorte ele sua pátria. Corre u para junto cio tabernácul o e, com os braços em cruz,

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rezou fe rvorosamente pela vitóri a do arquiduque. E s ua oração fo i ouvida: no último ataque de Napoleão, o desespero apoderou-se da sua tropa. O arquiduque Carlos sa ltou então do cavalo à fre nte de seus so ld ados, e mpunho u a ba nde ira a ustríaca, a nim a nd o co m se u exe mplo e valor os seus, que o seguiram entusiasmados. Em pouco tempo o campo de batalha encontrava-se e m poder dos austríacos . Foi esta a primeira derrota de Napoleão ... Ora, com as batalhas, os fe ri dos chegavam em massa para a cidade, al astrando-se a febre tifó ide. O Arcebi spo de Viena convocou o clero para o cuid ado espiritu al e mate ri al dos e nfe rmos, tendo pedido a São C le mente que ate ndesse principalmente os soldados fra nceses e itali anos. Quando vo ltou a normalidade, foi ele nomeado coadjutor da igreja dos italianos, onde pôde exercer plenamente suas funções religiosas. E um número crescente de vienenses começou a agrupar-se em torno de seu confess ionário e púlpi to. São C leme nte pregava esporadicamente e m outras igrejas de Vi ena, e seu nome começou a ser pronunciado també m nas altas rodas da cidade com admiração e amor. Isso tornou-se ainda mais sali ente e m 1813, quando passo u a ser diretor espiritu al das Irmãs Ursuli nas, de Viena, tendo fi cado a seu cargo a igreja de Santa Úrsul a. Como em Varsóvia, ele cercou de esplendor o culto divino: mui tas velas, flores, incenso, cânticos e tudo que podi a contribuir para o esplendor das funções. Não conhecia economia, quando se tratava de honrar a Deus Nosso Senhor, a Virgem ou os santos. Convidava outros sacerdotes para aumentar o brilho das cerimônias de Santa Úrsul a, de sorte que o templo tornou-se pequeno para conter a multidão cada vez maior.

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Havi a muitos anos não se viam mais cerimôni as como aquelas. E ass im , sem se importar com as pro ibi ções do j osefini s mo mesmo porque o própri o irmão do Imperador freqüe ntava a igreja e parti c ipava das cerim ôni as - o exemplo de Santa Úrsul a contagiou outras igrejas da cidade, que passaram a e mul ar-se em esple ndor no culto divino. Era o aposto lado do belo, que ele fazia de modo ex ími o.

/11t111ê11cia crescente 110 Co11gl'esso de Vie11a Os sermões de São C le mente eram simples. L ia o E vangelho e, entre uma sentença e outra, ia explicando um dogma da fé ou um ma ndame nto. Confro ntava e ntão com os princípios do Evangelho os costumes e m voga e as idéias do tempo, exortando sempre, com palavras que ntes e in sinuantes, a que todos se convertessem e prati cassem a virtude. E le não era orador; entreta nto e mpo lgava co mo nenhum outro pregador e m Vi e na, po is a santidade autênti ca atrai. Nesta ocasião, de u-se a convocação do Congresso de Viena para reparar as calamidades pro vocadas pelas guerras napoleônicas e traçar o fu turo da Europa. São Clemente espera va muito desse co ngresso, porque do seu resultado dependeri a a prosperidade da Religião no Velho Continente. Exercia muita influênc ia sobre alguns de seus participantes . Diari ame nte co nfa bul a va com eles, que lhe apresentavam as propostas que iri am faze r naquela assembléia. Até o príncipe da Baviera ped ia- lhe conselhos; certa noite, fi cou conferenciando com ele das 20h às 2h da madrugada. E nqu anto isso, outros di scípu los de São Cle mente preparavam a op ini ão pública por meio de artigos nos principais di ári os de Viena, expondo com clareza o que dele ouvi am.

Ao mesmo te mpo, um de seus discípulos recebeu a incumbência de pregar nas igrejas de Viena durante a época do congresso, sobre os pontos religiosos em discussão, orientando o povo e preparando os ânimos. "Se São Clemente não conseguiu tudo o que desejava do Congresso, teve a glória de salvar a Áustria do cisma que a ameaçava, e de destruir por completo os planos de separação excogitados e defendidos pelo poderoso Wessenberg. Essa vitória foi uma das mais gloriosas que São Clemente alcançou em vida", afümou um autor.

/Jevotíssimo da Santíssima Vil'gem Um a palavra sobre a devoção a Nossa Senhora, que para São Cleme nte uni a-se à do Santíssimo Sacramento. Em uma época e m que até teólogos pré-progressistas jul gavam dever impugnar o culto "excess ivo" a Mari a Santíss ima, São C le me nte torn o u-se co nh ec id o como o "padre que benze terços". Com efeito, ele chamava o rosário sua "bibli oteca", afirm ando que, por essa devoção, conseguia tudo que pedi a a De us. Impôs mesmo aos obl atos o dever de defe nde r sempre o rosá ri o, mormente quando escarnecido pelos hereges ou asseme lh ados. São C leme nte fa leceu no dia 15 de março de 1820, no momento em que os sinos tocavam o Angelus. Fo i beatifi cado por Leão XIII e canoni zado por São Pio X, e m 20 de maio de 1909. • E-ma il do autor:

"Rezem o terço todos os dias" Ü SCAR VI DAL

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recitação do Santo Rosário fo i ensinada pela própri a Mãe de Deus a São Domingos de Gusmão, em 12 14. De posse dessa devoção, ele alcançou vitórias prodigiosas e graças estupendas para sua época. Ao longo dos sécul os, a Providência tem operado maravilhas por meio dessa incomparável arm a espiritual. E m Fátima, no di a 13 de outubro de 1917, data da última das aparições aos três pastorinhos, a Santíss ima Virgem insistiu : "Rezem o terço to,los os dias". Entretanto, mes mo co m tão importante ped ido, os adeptos do prog ressismo dito católico me nospi-ezam essa práti ca da pi edade mari ana. Na fa lta de argumentos convincentes, alegam que a rec itação do Rosário é "devoção antiquada", do te mpo das Congregações Marianas, das proci ssões solenes, das Mi ssas e m latim, do uso do vé u pelas senhoras nas Igrejas, etc. Ali ás, fo rmas de devoção excele ntes, e mui tas delas estão retornando. As pífias alegações e nunciadas, longe de nos desanimar, fo rnecem-nos motivos para nos empenharmos ainda mais na devoção ao Rosário. Como não recorrermos a um tão poderoso meio de sa lvação eterna?

"O l'eSSUJ'giine11to do Rosál'iO" A respe ito do cresc imento da apetência pela rec itação do Santo Rosário, o " National Catho lic Register" publi cou e m 30- 12-08 interessa nte info rmação, num artigo de Tom McFeely intitul ado "O ressu rgimento do Rosário": "A rec itação do Rosári o era larga mente ridic ul ari zada pelos que se chamavam católicos progressistas, d urante os a nos q ue se seguiram imedi atame nte ao Co nc íli o Vaticano 11. De acordo com tais críticos, o Rosári o era uma relíqui a ultra passada e sem sentido, de uma era mais antiga da fé católica. As pessoas que rezam com regularidade o Rosário sempre souberam que tal crítica é completame nte im procede nte. Dados obtidos em buscas do Google confirmam que os leigos católicos através do mundo parece m concordar. O blog São Roberto Belarmino noticiou que o 'Google Adwords Analytic Tool estima que mais de um milhão e meio de buscas mensais incluem o termo Rosário '. O blog católico comenta essa grande procura pe lo Rosário no Google: 'Esta tendência choca a muitos, uma vez que os anos 60 assistiram a um.forte impulso para tornar a Igreja mais moderna, e viam esta devoção antiquada como coisa do passado'. Observa ainda que o maior número de procuras por 'Rosário ' ocorre em outubro, mês que a Igreja dedica de modo especial à sua pro moção". •

pmsol imeo @c atolicismo.com.br Nota: Utili zamos co mo fo nte bibli ográ fi ca para este arti go princ ipa lm ente o exce le nte li vro do Pe. Oscar C hagas Azeredo, São Clemente Ma ria Hojbauer, Edição da Livrari a Nossa Senhora Aparec ida, O fi c in as Gráricas Sa ntu ári o ele Aparec ida, 1928, cio qua l extraímos as c itações que aparecem entre aspas.

E-mail do autor: oscaryjdal@catolicjsmo.com.br

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sua feição de material grosseiro passando a ornato lavrado. Da base até o pináculo, essa transfiguração retrata a obra da Santa Igreja ao instruir, perdoar e santificar o pecador arrependido, transformando-o em "filho de Abraão". Não pareceria inverossímil a afirmação de que as torres foram cinzeladas em ateliê de escultor. As abe1turas, em sucessão vertical, são como delicada "renda" incrustada em tão formjdável monumento, surpreendentes em sua leveza. A rosácea em sua tênue solidez, mais delicada e mais admirável do que a leveza das torres, tem nelas adequada moldura. Símbolo de nossa fé, a catedral evoca, por sua força e grandeza, Deus onipotente; e por sua delicadeza, recorda-nos que esse mesmo Deus tornou-se homem, habitou e ntre nós, sofreu por nós sua Paixão. Por sua beleza ela atrai, confirmando o que Nosso Senhor nos disse: "Vinde

a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei" (Mat. 11, 28). A flecha e os pináculos elevam a vista ao alto. Parecem o dedo visível da Igreja apontando o Céu - destino último de todo católico - segundo a imaginação de Proust, ao descrever a igrejinha de sua infância.

Na catedral do Sagrado Coração de Newark, nos Estados Unidos, a força e a elevação do estilo gótico habitam. Dimensões colossais que não pesam. As pedras parecem transfiguradas, perderam sua feição de material grosseiro passando a ornato lavrado.

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Duas catedrais E icvação, transcendência e a sacra! presença de Deus na prilneira; na outra, algo da agitação do mundo moderno, onde o sagrado e a sublilnidade estão ausentes e predomina a vulgaridade do concreto armado N ELSON RIBEIRO FRAGELLI

uem observa um galeão, de velame desfraldado e deslizando ao vento, não deixará de admirá-lo. A majestade o habita. Quem como ele é o soberano dos mares? Ninguém penetra as ruínas deixadas pela Antiguidade sem que a imaginação se povoe com a evocação de mil imagens. Delas

ausentou-se a vida de outrora, substituída pelo mistério da História. A grandeza de certas construções é tal, que prendem a atenção logo que vistas, iluminando o espírito. As catedrais estão entre as obras que possuem esse fascínio. Um exemplo é a catedral do Sagrado Coração de Newark, nos Estados Unidos [foto acima]. A força e a elevação do estilo gótico a habitam. Dimensões colossais que não pesam. As pedras parecem transfiguradas, perderam

na, sua história heróica, a perfeição de seus ensinamentos, a sacralidade de seus legítimos pastores, ou o caminho da salvação eterna. Olhando-a, quem poderia sentir-se unido a qualquer uma das numerosas verdades eternas? Ela exprime, à primeira vista, a crescente confusão de nosso tempo. A extravagância de suas linhas, negando séculos das mais veneráveis tradições arquitetônicas, difunde a idéia mesma de uma profunda mudança no próprio conceito de religião. E no fundo das mentes surde, confusa como esta construção, incoerente e obscura, a idéia ele que a Religião foi reformada. Quem procurasse o recolhimento na cateclral ele Newark, diria que sua elevação e transcendência lhe trazem a proximidade da presença de Deus. O mesmo fiel, sobrecarregado de agitações do mundo moderno, entrando neste templo em Los Angeles, o que poderia colher como conforto para sua pobre alma? Ele procuraria o sagrado, e não o encontraria; reclamaria transcendência, e não a sentiria; pois a sublimidade própria a Deus e à sua Religião entra em conflito com a nudez vulgar do concreto armado, próprio a uma civi]jzação materialista. Na conjunção de suas grosseiras lajes não se sente nenhum símbolo dos atributos divinos. •

A alma se enregela ao saber que essas lajes de concreto formam uma catedral, precisamente a de Los Angeles. Poderja ser uma fábrica, garagem ou estação ferroviária. Nela não se refletem nem a elevação de espírito nem a perfeição.

E-ma il cio auto r: ne lsonfragelli @cato li c ismo. co m.br

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Comparemos a catedral do Sagrado Coração com esta outra [foto à direita]. Blocos imensos, agressivos em sua rusticidade, monótonos em suas formas. Não se vêem p01tas ou janelas. Mesmo a estrutura contendo uma cruz não é. uma garantia de que o edifício seja dedicado ao culto católico. À diferença da catedral de Newark, esta não convida a aproximar-se ou a entrar. A alma se enregela ao saber que essas lajes de concreto formam uma catedral, precisamente a de Los Angeles. Poderia ser uma fábrica, garagem ou estação ferroviária. Nela não se refletem nem a elevação de espírito nem a perfeição. Sua fachada inexpressiva clama por um relevo ou uma obra de arte. Ali não há um só símbolo da sublimidade da fé, nada para figurar um dos mil aspectos da Religião verdadeira - sua origem diviMARÇO2009 -


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MS1' - 25 ailOS de ba1·bá1·ie, subversão e engodo . Vinte e cinco anos de fracasso quanto aos objetivos declarados de promover uma red istribuição de terras no Brasil eis o resultado das ações selvagens e subversivas do MST. O dogma de uma "Reforma Agrária" indispensável transformou-se em simples pretexto para arregimentar um exército de potenciais guerrilheiros. Na aparência, o MST tem como objetivos eliminar o latifúndio, redistribuir a concentração de terra, dar terras à população rural, estimular a produção de alimentos e forta lecer a agricultura familiar. Na realidade, o que deseja é a "derrota da burguesia", o "controle do Estado" e a "implantação do socialismo". Segundo denunciou à revista "Veja" (281-09), o promotor Gilberto Thums - o mesmo que teve a coragem de pedir, fundamentado em provas conc ludentes, a dissolução do MST - "eles [MST] usam

táticas de guerrilha rural para tomar territórios escolhidos pelos líderes [. ..]. Embora raramente expostos à luz, manuais de guerrilha são lidos como best sellers nos acampamentos". É preciso sempre lembrar que, quando se fa la em "Reforma Agrária", os "beneficiados" continuam sempre sem terra, pois não adquirem a propriedade dos lotes que recebem, mas unicamente sua posse. Um lamentável engodo.

Conab mai1da arroz gatícho para famintos cubanos Informa o site gaúcho "Polibio Braga on-line": "Partiu do porto de Rio Grande para Cuba um navio carregado com 19,4 mil toneladas de arroz, adquiridos pela Companhia Nacional de Abastecimento. É uma doação do governo brasileiro ao governo de Fidel Castro. O embarque foi mantido sob total reserva. Não se tem conhecimento de remessas parecidas para as regiões mais carentes do Brasil [. ..]. De-

pois que perdeu a mesada da União Soviética, o governo cubano passou a viver de esmolas e restos de comida. A comida é racionada em Cuba". Também o BNDES abriu uma linha de crédito de 150 milhões de dólares para financ iamento de exportações de bens e serviços para Cuba.

"Missão calada", inl'anticídio e canibalismo Projeto de lei em tramitação no Congresso visa criminali zar o infanticídio nas tribos indígenas. A respeito do tema infanticídio, é oportuno informar: segundo o portal Correioweb, os missionários do Cimi (Conselho lndigenista Missionário), ligado à CNBB, não consideram o infanticídio uma prática selvagem dos índios, e defendem que essa cu ltura tem lógica nas aldeias com pouco contato com a cultura ocidental. "Não podemos tratar os índios que têm essa prática como ban-

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E proibido produzir - o Brasil engessado e coletivizado O presidente Lula recebeu de Evaristo de Miranda, cientista-chefe da Embrapa Monitoramento por Satélite, o resultado de uma pesquisa encomendada pelo próprio governo a partir de uma denúncia da CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Na pesquisa fica cabalmente provado que, em termos legais, só 29% de nosso imenso território é passível de ocupação agrícola: 71 % do território do País está destinado a minorias (índios, quilombolas, sem-terra, etc.), ou para preservação e proteção ambiental. Estas últimas colocam na ilegalidade a produção de arroz gaúcho, paulista e maranhense; de café em São Paulo, Minas, Bahia e Paraná; de gado no Pantanal; de maçã e vinho no sul; de búfalos em quase toda a região norte. Situações semelhantes atingem a soja, a cana-de-açúcar, a citricultura, o tabaco. Ainda mais. A pesquisa demonstra que, para se cumprir todos os dispositivos legais e as demandas ad icionais por terras, teríamos o seguinte quadro: • • • • •

DEMANDA DEMANDA DEMANDA DEMANDA DEMANDA

AGRÁRIA _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ AMBIENTAL _ _ _ _ _ _ _ _ __ QUILOMBOLA _ _ _ _ _ _ _ _ __ AGRÍCOLA _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ INDIGENISTA _ _ _ _ _ _ _ _ __

3.044.854 2.927.842 250.000 157.500 75.000

km 2 km 2 km 2 km 2 km 2

6.455.196 km 2 SUBTOTAL A este subtotal devem-se acrescentar: DEMANDAS URBANAS e DEMANDA de INFRA-ESTRUTURA Para efeito de comparação, a soma das áreas de Uruguai +Bolívia+ Peru + Co lômbia + Argentina dá um total de: 6.465.8 I 9 km 2 Ou seja, a serem aceitas as absurdas demandas, viveríamos numa imensa ilha da fantas ia ... coletivizados, pois todas as terras pertenceriam à União.

CATOLICISMO

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didos ", argumenta Sau lo Feitosa, secretário adjunto do Cimi. A entidade inaugurou há alguns anos um novo método de evangelização. Não batiza as crianças indígenas e aceita a "teologia" e os rituais dos diversos povos. Adota o que chama de "missão calada", e espera que só com o exemplo possa conquistar almas dentro elas florestas . Conqui star para quem? Certamente, não para Nos o Senhor Jesus Cristo. Será que o Cimi dá a mesma explicação e justificativa para o canibali smo de que são acu sados cinco índios culina, suspeitos de sacrificarem barbaramente um jovem não-índio, com 80 facadas, e de comerem seu fígado, coração e parte da coxa?

Severo <lirigismo estatal no campo O Governo Federal prepara plano estratég ico pa ra o agronegócio, com abrangê nc ia ele 15 anos . Deverá traçar diretrizes ele atu ação do governo para supostamente impulsionar o setor, conci li ando questões ambientais e sociais. Justamente neste ponto reside o perigo ele um plano de tal envergadura. Como nos anti gos e fracassados planos qüinqüenais soviéticos, o governo, em nome das questões ambi ntais e sociais, implanta um severo dirigismo, que nunca deu certo em parte alguma do mundo. Corre sério risco o agronegóc io, que funciona muito bem com a in iciativa particular. Aliás, o leitor eleve ficar bem atento para outro ponto que a notícia expõe. Antes se fa lava e m licença ambiental para isto e para aquil o. De uns tempos a esta parte, começou-se a falar em licença ambiental e social para isto e aqu ilo . Ao mesmo tempo, Incra, Tbama e Funai começam a agir em conjunto para punir e mesmo cobrar multas astronômicas, que inviabilizam qualquer negócio. É ass im que prete nde m "impu lsionar" o setor?

Ambienta/ismo inviahiliza base de Joguetes no Mara11J1ão O Brasil possui em Alcântara (MA) um dos melhores locais - senão o melhor cio mundo - para lançamento de foguetes. O Programa Espacial nacional precisa construir nova base no lugar. Mas artifícios de

indigenistas e quilombolas, apoiados pelo governo pelista, parecem encomendados par·a sabotar esse grande progresso. Para ser construída a nova base, a Funai exige um estudo de impacto ambiental e um levantamento sócio-econômico e grupos ele quilombolas impedem que tal estudo seja realizado. Eles aplicam as táticas cios famigerados movimentos sociais. Dizem que desejam plantar mandioca, milho e fe ijão nesse terreno ideal para lançamento ele foguetes, como se nos 330 mil km 2 ele superfície do Maranhão não houvesse terra suficiente para esses plantios. Se não se levar em conta o intuito ideológico que alimenta essa confusão para inviabilizar o País, não se entenderá a razão de tanto absurdo.

O jogo do Ministro <la Igualdade Racial No final do ano passado, durante a semana da consciência negra, iria servotado na Comissão de Constituição e Justiça um projeto de lei cio deputado Vai-

dir Colatto, que revoga o inconstitucional decreto-lei do presidente Lula e seu então ministro chefe ela Casa Civi l, José Dirceu, já conhecido como decreto quilombola. No dia da votação, o ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políti cas para a Promoção Racial (Seppir) , procurou o deputado Colatto e solicitou que ele retirasse ela pauta da CCJ o projeto, para evitar constrangimentos às comemorações quilombolas. O deputado acedeu ao pedido e retirou o projeto. Ao sai r, o ministro deu declarações à imprensa, dizendo que iria levar o ass unto à Casa Civi l. O ministro da Defesa Nelson Jobim quis recorrer à Advocacia Gera l ela União, questionando decisão do Incra que cedeu a quilombolas áreas ao norte ela base espacial no Maranhão. Como reagiu o ministro da Seppir? O Governo não vai reabrir a discussão sobre terras quilombolas, declarou à Agência Brasil... Dois pesos e duas medidas!' • MARÇO2009 -


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orre célere uma propaganda maciça para convencer as pessoas de que o mundo está prestes a sofrer um colapso clim ático devido ao chamado aquecimento g lobal, cuja causa mais dinâmica seri a a ação humana. Entre cienti stas o ass unto é di scutíve l, e muito di scutido. Como não sou c ienti sta, não entro no mérito ela di scussão. Chama porém a ate nção de qualquer le igo no ass unto o fa to de que a public idade se exerce torre nc ialmente e m fa vor cios que defendem a tese cio aquecimento global provocado pe lo ho me m; e noti cia pouco e mal - o u mes mo silenc ia - os fatos e argumentos expostos pe los cie nti stas que a combatem. E ntre estes últimos há do is fil ões: a) os que nega m pura e s imples mente que o Planeta esteja caminhando para um super-aquec imento; b) os que admitem um certo aquecimento, mas repud iam a tese de que o fator humano seri a dec isivo nesse campo.

lgual<la<lc na miséria A conseqüência imediata da propaganda que se faz em fa vor cio aquec ime nto global pro vocado é habituar as pessoas, desde já, a aceitarem um níve l de vicia infe rior, a pretexto ele prevenir o hipotético aquecimento futuro. O que vai de acordo com o mi serabilismo comunista, que em nome da igualdade quer acabar com todas as dife renças sociais e de fortuna, reduzindo todos à pobreza e à conseqüente dependência do Estado ou de uma utópica coleti v id acle. Como era prati cado na Uni ão Sov iética e continua a ex istir em Cuba. O marketing do aquec ime nto está di vul gando largamente "conselhos" para a popul ação. E is alguns de les: para subir até do is anel ares ou descer três, vá ele escada; coma menos carne; use menos o carro e mai s o tran sporte co letivo; voe CATOLICISMO

menos ele avi ão; aquecer água consome e ne rg ia; para lavar a louça ou as roupas, prefira usar ág ua fr ia; pendure as roupas ao invés ele usar o secador; le ve o lixo até um posto ele coleta ; redu za o uso de embalage ns; compre pape l recicl ado; não permita que as crianças brinquem com água; regue as plantas à no ite ou ele manh ãzinha, para impedir que a ág ua se perca na evaporação; no hote l, econo mize toalhas; não peça comida para viagem, ass im você economiza as embalage ns ele pl ástico e isopor utili zadas; freqüente restaura ntes natura is/orgânicos.

"Apocalipse climático" José M aría Aznar, ex-primei ro-mini stro da Espanha, denunc iou certo ecol_o g ismo como sendo ele tipo comuni sta ( "Aznar diz que a ecologia é o novo comunismo e duvida do aquecimento", "EI País", Maclri , 24- 10-08). Segue m trechos desse interessante artigo: Aznar criticou "os porta-bandeiras do apocalipse climático ", que acusou ele querer restringir a liberdade sob uma aparência nobre, como fi zeram os comunistas. E le lançou essa crítica ao apadrinhar a publicação do livro Planeta Azul (não

Vereie), cio escritor e ex-presidente ela República Tcheca, Yaclav Have i, que nega a gravidade cio aquec ime nto global. A obra é editada pela FAES (Foundation fo r Advanced Eclucati on in the Sc iences). Elogiando o livro, Azn ar comentou: "Como quero que o co mpre m, vo u ler alguns parágrafos : ' Nos últimos 150 anos, no mínimo desde Marx , os soc ialistas fo ram destruindo a liberdade humana com efi cácia, com le mas ele apare nte interesse humano e humanístico: pe lo ser hum ano, po r ua igualdade soc ial com os de mais, pelo seu be m. ' O s ecologistas o faze m através de lemas de um interesse não menos nobre: pela natureza e por uma espéc ie de be m sobre-humano. Lembre mos seu lema básico: a Terra prime iro. Nos do is casos, as palavras ele orde m eram (e são) uma simples cobertura. Na realidade se tratava (e se trata) cio pode r da supremac ia cios esco lhidos (co mo e les se considera m) sobre o resto das pessoas, ela i mplantação ele uma única ideo logia correta (a de les mes mos)"'. • E- ma il do auto r: c idal cn ·as ro

cato lic is rno .corn .br

Esta vida de Jesus Cristo, escrita com o rigor de um grande exegeta, é apresentada com simplicidade pelo autor, sem excessos de estilo ou aparato científico. Sua leitura agrada, desperta o interesse atingindo e emocionando os corações, a fim de conduzi-los a conhecer melhor e amar mais Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Depois de Louis-Claude Fillion ter escrito muitos outros livros e comentários bíblicos eruditos, foi esta visão entusiasmada, encantadora e serena de Nosso Senhor que o celebrizou junto ao grande público.

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ra, acrescentou grande i lória

10

à Ordern Seráfica. Foi admiti-

São Simplício, Papa

do pelo Papa Gregório XVI no Cânon dos Santos" (do Marti -

fi

M orreu e m Ro ma, no a no 483. Governou a Jg reja du ra nte 15 anos, po r ocas ião da invasão dos bárbaros, aos qu ais procuro u conve rte r.

Santa Colete, Virgem

11

rol ógio Ro mano).

+ França , 144 7. Reform adora

1 São Davi, Bispo e Confessor + M e nev ia (País de G a les), 588. Patrono do País de Gales.

2 São Chad, Bispo + Lindisfarne (Ing laterra), 672. Irmão de São Cedd, foi edu cado po r Santo Aidano na Irl anda. De volta à Ing late rra, torno u-se Bispo de M é rc ia e Lindi sfarne. São Beda, o Ve ne rável, e na ltece u suas virtudes.

3 Santa Cunegundes, Viúva, Imperatriz + Bamberg (A le ma nha), 1040. Es posa de Santo He nrique, com qu e m vivia e m pe rfe ita casti dade. Foram a mbos coroados imperado res cio Sacro fmp é ri o, e m Roma, pelas mãos cio próprio Papa . Após a mo rte cio ma rido, e la e mprego u sua fortun a e m e ri g ir bispados e mosteiros , terminando s ua vida como simples re li giosa em um del es.

4 São Lúcio I Papa , Mártir + Roma, 254. Foi um cios ilustres presbíteros de Ro ma que seguiram São Corné li o ao desterro, te ndo sucedido a es te no Papado.

5 São João José da Cruz, Confessor + Nápo les, 1734. "A rdente discípulo de São Francisco de Assis e de São Pedro de Alcânta-

das Terceiras Franciscanas, foi das fi g uras mai s importantes da Igrej a no sécul o XV. Com São Vicente Ferrer, aco nselhou três cardeais , que reclamava m a tiara po ntifíc ia, a re nunc iar a fim de se proceder a nova ele ição.

Santa Teresa Margarida Redi, Virgem + Florença, 1770. Aos 18 anos e ntrou para o conve nto cannelita de Florença, e e m pouco te mpo c hego u a gra nde santidade.

Primeira Sexta-Feira do mês

7 Santas Perpétua e Felicidade, Mártires São Paulo, o Simples, Eremita + Egito, 339. É um patro no dos qu e aspiram à sa ntid ade e m idade ava nçada. Agricultor, aos 60 anos desco briu que sua mulhe r o traía. Fug iu e ntão pa ra o dese rto, e sua insistê nc ia obri gou o grande Santo Antão adi rigi - lo.

Primeiro Sábado do mês

8 São João de Deus, confessor São ,Julião de Toledo, Bispo + Es pa nha, 690. Sob sua direção, a sé de Toledo to mo u a primaz ia entre todas as da Espa nh a. Presidiu vários sínodos, rev iu e desenvo lve u a liturgia mozárabe, tendo sido um dos mai s impo rtantes ec lesi,1sticos de seu te mpo.

nobreza romana, foi mode lo de es posa e mãe, alé m de funda dora das Oblatas Beneditinas. Tinha trato fa mili a r com se u anj o da guarda, a qu e m via continu a me nte.

lho de Deus.

16 São Julião de Anazarbus, Mártir + C ilícia (na atual Síri a), 302. São João Crisósto mo fez o elog io deste mártir que, preso e m virtude de sua fé católica, sob Diocleciano, foi colocado dentro de um saco cheio de escorpiões e serpentes e atirado ao mar.

17 Santa Gertrudes de Nivelles, Virgem

12

+ Países Baixos, 659. Filha d o

São Teófano, Abade

B e m - ave nturado Pe pino d e Landen e da Be m-aventurad a lta. o m a morte de Pepino, mãe e filh a fund aram o conve nto de Nivc ll cs, ne le ing ressa ndo G e rtrud s co mo a badessa aos 20 anos.

+ Samotrácia, 8 J 8. Ele e a esposa re nunciaram à ime nsa fortun a para torn arem -se re lig iosos. Grande promoto r do culto das image ns, foi por isso ex ilado pe lo ímpio impe rado r bizantino Leão, o Armê nio, mo rre ndo vítima dos maus tratos.

ta Santa Eufrásia, Virgem + Egito, 4 1O. Da nobreza romana. Ao fal ecer seu pai , foi com a m ãe para o Egito. Aos sete anos pediu-lhe licença para servir a De us num mostei ro próximo.

14 Santo Eutíquio e companheiros, Mártires

IH Santo Anselmo de Lucca, Bispo + Lucca, l08 6. So br inho do Papa Alexandre J1, rct irou-se de sua diocese de Lucca para fazer-se mo nge be neditin o. São Gregório VII chamou -o de vo lta àque la sé e pi scopal , o nd e te ntou re fo rm ar os cônegos relaxados, que se revo lta ra m. O Papa os e xco mun gou. Com o apoio do impe rad or, os re be lados expulsara m Santo Anselmo da cidad e.

19

+ Arábia, 741. Patríc io roma-

São ,José

no. Ca pturado pelos mao me tanos contra os quai s g ue rreava, foi com seus compa nhe iros to rturado e mo rto, por não re nunc iar à fé cató lica.

Es po. o da San tíssima Virgem, Patro no da lgrcja Unive rsa l e da Boa Morte .

9 Santa l<'rancisca Romana, Viúva + Roma , 1440. Da ma is a lta

man qu e, durante a cru cifixão, reco nheceu Cristo como o Fi-

20

21

2H

Santo Endeus ou l~nda, Confessor

São Gontran Rei, Confessor

+ Arranmore ( [rlanda), 590.

+ C hâlo ns (Fra nça), 592. Rei da

Brilhante milita r, irmão de Santa Fanchea, é co ns id e rado o fundad o r cio mo nasticis mo na Irlanda. Teve co mo di scípulos os Santos Kl e ran e Brenclan .

Borgonha. Aflig ido por re morsos, dev ido a atos de sua vicia passada, abandonou as pompas reais. Empregou e ntão sua fortun a na constru ção de ig rejas e mosteiros, be m como na distribuição de es molas, vivencio na mais ri gorosa pe nitê ncia.

22 São Deogracias, Bispo + Cartago, 457. Bi s po dessa

São Toríbio de Mongrovejo, Bispo + Lima, 1660. "Arcebispo (de Lima) , por cujos labores afé e a disciplina eclesiástica se disseminaram pela América " (cio Martiro lógio Ro ma no).

24

o Apóstata, re introduzido o pagani s mo no impé ri o, esse di áco no destruiu muitos ído los, te ndo po r isso "seu .fígado ar-

rancado de seu abdôm.en. e devorado pelos pagãos como bestas selvagens" (cio Ma rtiro lóg io Ro mano).

30

+ fn g laterra, 524. Não havendo a inda conve ntos na Ing laterra, essa princesa atravessou a Ma nc ha, tornando-se religiosa na França. Vo lto u e ntão à sua pátria, o nde o rga ni zo u a vicia mo nást ica e m Barking.

25 Anunciação do anjo e Encamação do Verbo Um cios acontecimentos ma is importantes da Hi stó ri a: o Verbo de De us e ncarnou no seio puríssi mo de Maria .

2(, São Teodoro e Companheiros, Mártires + Líbia, séc. IV. Estes 43 c ri stãos, vindos do Orie nte, sofreram o ma rtírio so b o imperador Diocleciano.

São Clemente Maria Hofbauer

Santo 1-labib, Mártir

+ Fran ça, 70 . Fo i no meado

+ Eclessa (Iraque), 322. Di áco-

pa ra a sé de Se ns nqua nto seu ti tular, Santo Am atus, es tava ainda vivo. Mas resi gnou o cargo para ir e vangeli za r os frísios, e mpen ha nd o -se para que estes cessasse m de praticar sac rifíc ios huma nos.

no, exerc ia a pregação no campo, sendo por isso pe rseg uido. Esco nde u-se e poste ri o rme nte a presento u-se ao prefeito, que o ma nd ou queimar vivo. Antes de morre r, foi beijar sua mãe, qu e ass istia ao su plício.

+ Capadócia, séc. 1. Segundo a Tradição, e le é o centuri ão ro-

+ Líbano, 362. Te nd o Juli a no,

Santa l lildelita, Virgem

·15

São Longino, Mártir

São Cirilo de l leliópolis, Diácono e Mártir

2:J

São Wul fra no, Bispo e Confessor

(Vicie p. 36)

29

cidade, no no rte da África.

27

São ,João Clímaco, Confessor + Mo nte Sinai, 605 . Ingressa ndo aos 16 a nos no mosteiro situado nesse mo nte , abando noumais tarde para vive r e m maio r so lidão. Aos 75 anos foi chamado de volta e e leito a bade. Seu livro Clím.ax ou Escada da Pe,_feição, elo qual lhe ve io o cog nom e Clím aco, foi d as o bras mais aprec iadas durante a Jclade Média.

º

a1 São Guy de Pomposa, Abade + Itêllia, J046. Por sua santidade e sa be doria , a traiu ta ntas pessoas a se u mosteiro, qu e fo i obrigado a fund a r o utro. A seu pedido, São Pedro Da mi ão mi ni s trou a se us mo nges aulas so bre as Sag radas Escrituras durante dois anos.

Nota:

Intenções para a Santa Missa em março Será ce lebrada pelo Revmo . Pad re Da vid Fran c isquini, na s seguintes intenções: • Em louvor da Anun ciação e Encarnação do Verbo de Deus e ta mbém em memória de São José - festividodes que se comemoram em março - rogondo a Nossa Senhora e a seu glorioso e casto Esposo que protejam e guardem as famílias que recebem o revista Catolicismo. • Pelas vítim as de enchentes em diversas regiões do Brasil, especialmente nas mais flageladas, como em SC, RJ e MG.

Intenções para a Santa Missa em abril • N esta Sema na Sa nta, pelos méritos infinitos da Paixão e M orte de N osso Sen hor Jes us C ri sto, pedindo os mais escolhidas graças para nosso País, a fim de que se jamos agrac iad os com a misericórd io divina; e para que o Brasil cumpra plenamente sua missão histórica de se to rnar baluarte da Cristandade.

Os Santos aos quais já fizemos referênci a em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

M RÇO2009 -


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TFP americana, exec utando marchas re-

Este ano a marcha contou com participação especial. Pela primeira vez, a Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima esteve presente. É digno de nota que, em meio a novas ameaças de promotores do aborto, Ela compar·ecesse como Rainha e Mãe, par·a dispensar· graças intensificar1do a virtude da fmtaleza, com vistas aos árduos dias que nos aguar·dam.

ligiosas e patrióticas, contribuiu de modo marcante para manter o ânim o elevado. Sete grandes estandartes rubro-áureos da e ntidade esvoaçavam ao vento, num convite para levar a cabo tal combate, por mais árduo que pareça.

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"A presença da Imagem Peregrina de Fátima nesta ocasião é uma grande dádiva da San.tíssima Virgern. ", comentou Sérgio de Paz, diretor de Cubanos Des-

Folhetos da TFP america na, com o título Ultrapassando as possibilidades

humanas em nossa luta contra o aborto ,

terrados, associação americana que congrega refug iados da ilha- pri são. A sagrad a visitante era escoltada por me mbros da TFP a meri ca na com seus trajes de cerimô ni a. Merece destaque o fato de que, nos últimos anos , já começaram a organi zarse marchas também e m o utras importantes loca lid ades do pa ís. Por exemp lo, neste ano a marcha na Califórni a reuniu mais de 30 mil parti ci pantes. • E-mail do aur or: car olicismo @car oli cismo.com.br

fora m distribuídos aos manifesta ntes 25 mil no local e 15 mil env iad os por via posta l - faze ndo o apelo: " Intensifique-

Washington: 300 mil marcham contra o aborto Neste ano o movimento Pro-lifo cI'C8ccu muito cn1 nún1cro e cm confiança nn P1'ovidência Divilw. Comprovu-o a n1aciça parLicipaçfio na mm'cha anual contra o ahor'lo.

mos os esforços, unindo-os a uma grande confiança em Deus. [. .. ) Ao longo dos anos, o movimento pro-l(/e organizou, protestou e rezou. Desa..ftou o antipopular movimento abortista e o colocou na defensiva. Trata-se de seguir avante com confiança. Co,~fiamos que nossos propósitos não sejam em vão. Deus nos conduzirá adiante e comp letará sua obra, se.fizermos nossa parte. Redobremos nossos e.t/orços e orações, pois a vitória é assegurada nas palavras do Divino Salvador quando declarou. na véspera de sua morte: 'Confiança, Eu venci o mundo' (Jo 16,33) ". Chamou muito a atenção do público uma faixa com a frase: "Quanto mais o ],

J:

socorro humano parece improvável, maior é a certeza da intervenção divina". -~<( 0

O colombi ano Julio Hurtado, membro de Tradic ión y Acción, dec larou :

"Queremos que Obama seja um defensor dos di reitos humanos, dos quais o mais fundamental é a vida dos inocentes, dos que não nasceram " ("Agência Efe"). Beno Hofschul te, diretor de SOS

Leben, cham ou a ate nção para a c ifra a larm ante ele 50 milh ões de cria nças rn FRANcisco JosÉ SA1m m dos primeiros atos do no vo presidente americano foi liberar verba federa l para financiar associações que se dedicam à prática cio aborto. Esta atitude pode ser a primeira ele um a série e m favor desta prática criminosa, que j á eliminou dezenas ele milhões ele nascituros. Diante disso, seria de se temer que o CATOLICISMO

movimento em defesa da vida sofresse um arrefecimento. A 36" Marcha pela Vil/a , realizada no dia 22 ele janeiro na capital norte-americana, demonstrou o contrário: o número cresce u sens ive lme nte. Uma multidão ca lculada em 300 mil pessoas desfilou até as escadarias da Suprema Corte, onde em 1973, nessa mesma data, a decisão Roe x Wade concedera lega lidade ao extermínio de nascituros. Entre a multidão, um s ig nifi cativo núme ro de autoridades ec les iásticas se

fez notar. Universitários que parti c ipavam de um congresso promov ido pela TFP americana associaram-se a uma centena ele membros e cooperadores ela en tidade para tomar parte na marc ha. Organizações anti-abortistas de vários países enviaram representantes: SOS Leben (A lema nh a), Droit de Naitre (Fra nça), Voglio Vivere ([tália), Lepanto Foundation e Tradición y Acción (Colôm bi a) . A presença da banda de mú sica da

abo rtadas nos EUA.

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"E o príncipe nüo veio?" - perguntou uma senho ra, desapontad a pelo fato ele não ver, como nos anos anteriores, o prín c ipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança encorajando o evento com sua distinta presença. Tal ausênc ia, motivada por compromis os inad iáveis no Brasil , fo i notada por vári os mani fes tantes.

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< MARÇO2009 -


Tribalismo indígena no século XXI C aravana de jovens percorre o Brasil, alertando sobre o grave problema das absurdas demarcações de terras indígenas no território nacional n

LÁZARO EvANDRo G ARCIA

"Uma corrente progressista quer para nós o contrário daquilo que fizeram os grandes missionários do Brasil, como Nóbrega e Anchieta". Este foi um dos slogans proclamados pelos jovens caravani stas da Associação dos Fundadores, que durante o mês de janeiro percorreram diversas cidades do País, sobretudo no estado do Mato Grosso do Sul. O objetivo dessa caravana, composta por 16 jovens de várias partes do Brasil , foi difundir o ale rta ela Campanha ~ Paz no Campo contra recente manobra j revolucionária: as disparatadas demarca- if~ ções de reservas indígenas, que prejudica m a produção de alimentos, atiçam a civilização. Os pobres índios tornam-se, guerra racial e põem em ri sco a soberaassim , massa de manobra nas mãos desni a nacional. ses comuno-mi ssionários. Com efeito, além do já e mble mático caso da reserva Raposa/Serra do So l, em * * * Os caravani stas e mpe nhara m- se na Rora ima, outros doi s estados - Mato Grosso do Sul e Santa Catari na - estão distribuição ele fo lhetos explicativos e na na iminê ncia ele sere m reta lhados por .divulgação cio livro Tribalismo Indígedesa tin adas de ma rc ações, feita s pe la na, Ideal Comuno- Mis sionário para o FUNAI sem nenhum critério objetivo. Brasil do Século XXI, relançamento da Exercendo enorme pressão para tais obra publi cada e m 1978 por Plinio Corrêa de Oliveira, na qual profeticademarcações, figura a corrente cató li come nte denunciou a manobra que agora progressista de neo mi ssionários cio Conselho lndigenista Missionário (CIMI), vem à tona. li gado à CNBB. Ao in vés de e nsinar a Depoi s de passar pe los estados de do utrina católica aos indígenas, incitaGo iás, Minas Gerais e São Paulo, a caos a permanecer no estado de barbárie ravana entrou na região mais afetada pelo ele seus ancestrais, sem catequese nem problema, em M ato Grosso do Su l. Nas

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CATO LICISMO

diversas cidades onde a ca mpanh a fo i rea li zada, como Dourados , Fátim a do Su l, Nav iraí e Ponta Porã, os jovens ca rav a ni stas pud era m se ntir co mo a questão é cande nte para aq ueles bras ile iros. A qu ase totalidade da população é contrári a às demarcações, e por isso deu caloroso apoio à campanha. Houve também numerosas repercussões favo ráveis em jornais e rádi os ela região. Mui tos s impatizantes diziam frases análogas a esta, ele uma senhora de Ponta Porã: "Parabéns, estamos com vocês! Continuem com essas campanhas de esclarecim.ento. Este assunto está ficando muito preocupante". • E-mail para o

autor:

catolicismo @catolicismocom.br

MARÇO2009 -


■ PUNI O C ORRÊA DE OLIVEIRA

Deus manifesta sua presença na luz sobrenatural que parece irradiar dos personagens

Anunciação - Fra Angélico, séc. XV. Retábulo pintado em madeira para o convento de São Domingos em Fiésole. Atualmente no Museu do Prado, Madri .

cena famosa da Anunciação do Arcanjo São abriel a Nossa Senhora, nor etábulo pintado p r Fra Angélico, constituiu para a humanidade uma hora da graça. Abriu-se o Céu que a culpa de Adão e Eva hav ia cerrado, e dele desceu um espírito de luz e pureza, trazendo consigo mensagem de reconc iliação e paz, diri gida à criatura mais fo rmosa, nobre, cândida e benigna que nascera da e. tirpe de Adão. Estando o Arcanjo em presença da Santíssima Virgem, o di á logo se estabe lece. A no breza pró pria à natureza angélica, sua fortaleza leve e toda espiritual, sua inte ligênc ia e pureza, enfim tudo se espelha admirave lmente na fi -

gura altamente expressiva de São Gabrie l. Nossa S ·nhorn, com razão, aparece na pintura menos etérea e impalp ,v •I, pois é uma criatura humana. Entretanto, um quê de an • li ·o nota-se em toda a compostu ra d ' Aquela que a Ra inha dos anjos. Sua fis ionomia excede e m espiritualidade, nobr ''.l,ll l' candu ra à 'do próprio emi ssário celeste. Invisível, Deus entTetanto manifes ta sua presença 1111 111·1, sobrenatural que parece irradi ~u· ele ambos os p ·rson111•l· 11s, comunicando a toda a natureza o esplendor d · uma ull- ,, iu pura, tra nqüil a, virg in a l. Sente-se qu as • a t ·1111w ru111r11 suavíssima, a brisa levíssima e aromática, a ai · •ria q11 • 1w1pus sa todo o ambiente cri ado por Nossa . ·nhora · o /\1 ·a11jo. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em novembro de 1986. Sem revisão do ulor.



UMÁRI

PUNIQ C Q RRÊA DE ÜUVEIRA

Semana Santa: utilíssima meditação

H

á erros funestíssimos entre os cató li cos brasileiros, qu ' ·0 111 ex traordinária oportunid ade devem ser desmascara los na ema na anta. Pouco nos importa que outros não cumpram o seu I v r. umpramos o nosso. E depois de term os fe ito todo o poss ível, re. ignc mo-nos di ante ela ava lanche que vem. Porque, ainda que pereça m o Brasil n un lo inteiro, ainda que a própria I greja sej a devastada pelos I bos el a h r sia, ' la imortal. Singrará as águas revo ltas cio dilúvio. É ele d ntr d ' s ·u se io sagrado que sa irão depoi s da tempestade, como N o la ar ·a, os hom ·ns qu hão de fundar a civili zação de amanhã. Mas é aí que não querem eh gar e rtos ca tóli cos. •lcs si ·ompreendem Cristo sobre um trono de glóri a, só L h são f'i is nos dias par ' ·idos com o Domingo de Ramos, quando a multid ã O ac lama. Para , 1'S, risto eleve ser um rei terreno, eleve dominar o mundo consta nl ment . • s a impiedade dos homen O red uz ele rei a cru cifi cado, ele . ob ran o a víti ma, não mais se importam com E le. Cristo qui s passar por todos os opróbrio ·, Lo los os v xam s, todas as humilhações, mostrando que a História da fgreja Lamb m t ' ri as us ca lvários, suas humilhações, suas derrotas, e que muito mai s meril )ria era e é a fide li dade no Gólgota cio que no Tabor. nhor s submeteu a todas Foi para ensi nar homens ass im, que Nosso as humilhações no Ca lvári o. Há p ss ·1s de uma menlali cla te detestável, que jul gam abso lutamente natura l o Red nlor so fr r, a I reja ser vexada, humilhada, perseguida. "É a Paixão de Cristo qu , se repete" , li zem eles. E enquanto essa Paixão se repete, leva m sua vicia farta e cômoda nas orgias, nas imundícies, na exacerbação de Lodos os sentidos e na práti ca de todos os pecados. Para tai s indi víduos é que foi feilo o látego com qu e foram expul sos os vendilhões cio Templo. N ão é verd ade que elevamos cru zar o braços ante as investidas dos inimigos da Igreja. N ão é verdade que devamos dormir enquanto se renova a Paixão. O próprio Cri sto recomendou que seus Apóstolos orassem e vigiassem. E e devemo aceitar os sofrimentos da Igreja com a resignação com que N o a nhora aceitou os padecimentos de seu Fi lho, não é menos exato que será um moti vo de etern a condenação para nós, se nos portarmos ante as dores do alva lor com a sonolência, a indiferença e a covardi a de discípulos infiéi . A verdade é esta: devemos estar sempre com a Igreja, "porq,,,, .wí ela 1e111 palavras de vida eterna". Se ela é atacada, lutemos por la . Mas lutemos co mo mártires, até a efu são de nosso sangue, até o nosso 1í lli1110 r ·curso de energia e de inteli gência. Se, apesar di sso tudo, ela e 111inu11r a sl'r oprim ida, soframos com ela, co mo São João Evangeli ta ao p da 'rui.. E estejamos certos de que, neste mundo ou no outro, Jesus mi sericordioso nno nos priva-

/\hl'il de 2000

Nº 700

4

CA1nA uo D11mT01~

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V A1~muA1>1-:s Elogiar - essa alegria

6

CommsPONDf.:NCli\

1O

l◄:NT1u-:vasTA

Polônia: seqüelas do comunismo e sadias reações

14 CANONl:t.;\(;Ao Dom Nuno Álvares Pereira 18 C1Noü1wn:NAmo Revolução e Contra-Revolução

26 CAPA Magníficas celebrações da Semana Santa em Sevilha 34 NA<:10NA1 , Roraima: arbitrária demarcação de terras

36 Vmi\s

m,;

S1\N'1·os São Bento José Labre

39 D1sc1mN1Nuo Pesquisa revela realidade pouco conhecida 40 !\no1no Recife: Estrondo publicitário a favor do aborto 44 SANTOS 1,: Fi-:s·1·As no M ,~:s

46 A<;Ao <~oNT1u-l?1,:vo1,11<:mNAmA 52 !\Mn11wn,:s, Cos·1·1JM1•:s, C1v11J:t.A<,:frns O Santo Sudário de Turim

Nossa Capa: Semana Santa em Sevilha

rá do esplêndido prêm io ele assistirmos à sua glória divi11t1 · supr ·ma. • ("Leg ionário", nº 236, 2 1-3- 1937).

CATO LICISMO ABRIL2009

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"A deliciosa alegria de elogiar" Caro le itor,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 311 6 Administração: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-010 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx1 1) 3331 -6851 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01064-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfi ca Ltda. E-mail: catolicismo@ terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br

A Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus C ri sto, ocorri da mbora em tempo e lugar precisos, de alguma forma se repete ao longo cios . éc ul o , nos e mbates entre a Igrej a Católi ca e seus inimigo , que pro uram atacá- la de todos os lados. Estamos, pois, ass istindo à Paixão da Igreja, Corpo místico de Nosso Senhor Jes us Cri sto, que Ele fund ou para perpetu ar os b ncfícios infinitos da Redenção. Ao di zê- lo, nosso espírito compungido volta-se para a ru z. E ass im como há dois mil anos algun s poucos perm aneciam junto de la, ao lado de Nossa Senhora, pode mos sem temor de erro afirm ar qu e no . culo XX, entre os que não abandonaram Nosso Senhor e viveram co ntinu amente sua Paixão, esteve Plínio Corrêa de Oliveira. Co m efeito, não só o seu cotidiano, mas também as reuni ões de análi ses que durante décadas e le fez semanalmente, a res peito los prin c ipai s acontecimentos nac ionais e internac ionai s, tinham como fundo de quadro com freqüência ele o recordava - a Paix ão da Igreja vista nos fatos contemporâneos. A obra-mestra Revolução e Contra-Revolução - pu bli cada por Cato licismo em prime ira mão há exatame nte meio séc ul o (v ide arti go à p. J 8) - , na qual o Prof. Plínio anali sa o processo revo luc ionári o anticatól ico surgido no séc ul o XIV e intensamente atu ante em nos os dias, pode ser co nsiderada um a co ntem pl ação hi stórica, teológica e fi los fica da Pai xão da Igreja. Inclusive do aspecto que ma is o impr ss ionava na Paixão de nosso Redentor: a Agonia no Horto, quando EI viu tudo e aceitou todos os sofrim entos, a ·ponto de suar sangue, aparece n lo então um anj o para confo rtá- lo. Sirvam-nos estas co nsiderações co mo fund o de quadro na le itura da maté ri a de capa. Mostra ela como o povo espa nh J r vive a cada ano, especialmente em Sevilha, um a das mai s tocante autênticas representações da Semana Santa, onde também ressaltam aspectos artísticos. A ri ca matéri a é redigida por nos o colaborador Benoí't Bemelmans. Desejo a todos um a boa le itu ra e um a Santa Páscoa!

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Abril de 2009: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avu lso:

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106,00 150,00 280,00 460,00 10,00

Em Jesus e Maria,

?~ 07 DIRETOR

aulobrito@catolicism .c m.br

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

Pode-se ter restri ções a algumas elas palavras elitas na ocas ião por Uribe ass im co mo Plínio Co rrêa de Oliveira tinha restri ções a aspectos cio pronunciamento cio Card ea l Caggiano - mas o ato cio pres idente co lombian o é altam ente di gno ele elogios. Tanto mais que, depois ela Revo lução Francesa, tornou-se uma espéc ie el e " dogma" elas democracias modern as que o Estado eleve ser laico, e o prim eiro mandatário ela nação eleve abster-se ele qualquer tomada ele posição religiosa publicamente. Nesse contex to, a atitude desassombradamente cató li ca ele Uribe é particularmente digna ele louvor. Traduzimos cio site ela pres idência ela Repú bli ca ela Colômbi a: " Pedimos à San1fl·sima Virgem que

GREGÓRIO VIVANCO LOPES

E

logiar é uma alegri a para as pessoas não egoístas, que ficam contentes em ver num outro alguma atitude merecedora ele louvor. Nessa categori a estava Plínio Corrêa ele Oliveira. Em 18 ele junho ele 1972, publicou el e na "Folha ele S. Paulo" um belo arti go intitulado "Elog iar - essa alegria". Referia-se a uma alocução cio Cardeal An tonio Cagg i ano, então Arcebi spo ele Buenos Aires. Após elog iar a alocução, prossegue o ilustre pensador brasileiro:

"Dizendo-o, experimento uma verdadeira aleg ria. É a deliciosa aleg ria de elogia,: Passo, entre os que não me conhe ce ,n na intinúdade, p o r hom em batalhador e Cif'eito à polêmica. A verdad e é precisam ente o contrário. Sou cordato a ponto de chegar quase ao fl eumático. Alegro- me em concordar e elogia,: Se entro em tantas controvérsias, não é por gosto, mas pelo senso do deve,: De f ato, ,ws dias em que vivernos, são muito mais numerosos os ternas que obrigam à crítica do que os que con vidam ao elog io. A ocasião de fa zer urn elogio sério e sincero, raras vezes se apresenta. Isso torna tanto mais preciosa a aleg ria de afazer quando se dá aza a tal". Essa alegri a ele elog iar era tanto mais autênti ca, nesse caso, porquanto ele reco nhec ia discordar ele alguns pontos da aloc ução: "Ainda que em um ou outro

ponto eu tenha - quanto a núm - algumas poucas reservas afaze r ao texto do ilustre Arcebispo de Buenos Aires, tenho po r certo que, com sua alocução, ele prestou u111 insigne serviço à sua pátria e a toda a América Latina ". Seguindo tão belo e nobre exe mpl o, quero também fa zer hoj e um elog io. Trata-se ela at itude tomada pelo presidente ela Colômb ia, Á lvaro Uribe, notic iada na última ed ição de Catolicismo. Na cate-

clral ele Nossa Senhora cios Remédios, na localidade colomb iana ele Ri ohacha La G uajira, Uribe, ele j oelhos diante ela im agem da Virgem, rezou para que na Colômb ia acabem os seqüestros e o terrori smo, e consagrou-se a Nossa Senhora. Ajoelharam-se a seu lado o Núncio Apostólico, M ons. Alclo Cava i li , e o Bispo ela D iocese ele Riohacha , D. Héctor Sa lah Z ul eta (fotos).

nos ajude para que tenhamos uma Colômbia sem terrorismo, próspera, reta, com justiça social. Uma Colômbia que consiga a libertação dos seqüestrados, a eliminação do seqüestro, a eliminação da violência, que evite que se recuperem os terroristas. " Uma Colômbia que possa defenderse desta crise econômica, que avance por um caminho de superação da pobreza, das di,ficuldades, e que nós, colornbianos, tenhamos uma atitude de retidão, de firm eza, de prosperidade. " Padroeira de Guc1jira: neste dia consag ramos totalmenle a Vós nossa vida, lrabalhos, sofi-irnentos e aleg rias, triw1fos e fi·a cassos. Tudo quanto somos e tem.os; nosso ser. "Queremos que Vós, como Mãe espiritual, nos qjudeis sempre e nos prote_jais de todo perigo na alrna e no corpo. Alcançai-nos de Vosso Filho Divino, Jesus Cristo, as graças e favores que a Ele suplicamos por vossa intercessão. " Vos prometemos, m.inha Mãe dos Rem.édios, e.\forçar-nos para ser católicos convictos de nossa fé e apóstolos de Jesus Cristo ern todas as circunstâncias " . • E- mail do autor : grci.:ori o @ca1olicismo.co 111.br

ABRIL 2 0 0 9 -


Cardeal Pujats

Tribalismo e neomissiologia Toda esta qu estão indi ge ni sta, ma no brada pelos ditos mi ss io nários " prafre ntex" (esses que ma is parecem seguidores de M arx que de Jesus), está pegando fogo no Brasil e, se não se tomar extremo c uidado, em breve a luta de raças " neste País" não terá volta atrás. Vocês estão de parabéns mostrando este perigo. São poucos os jornalistas que têm coragem de desafiar a " patrulha- ideológica-marxista" que censura a imprensa e m prol de uma soc iedade comunistóide. Na questão da reserva dita " indígena" no Estado de Roraima, se os brancos, pardos e negros forem expulsos daquelas te1rns (atualmente tão prósperas, e que alimentam um mundo de gente em vários estados brasileiros), aquilo lá vai virar uma tapera de mendigos. Os índios sozinhos não vão conseguir produzir alimentos ne m para seus curumins, e ficarão à mercê de ONGs estrangeiras que os ex plorarão ao máx imo, a lé m de explorarem as riquezas daquele rico subsolo. [sso tudo, sem falar do perigo que representa para nossa soberania, uma vez que aque las terras fazem fronteira com as terras do Coronel C haves, que está transformando a rica Venezuela em tapera, do mesmo modo como Fide l também transformou C uba em tapera. (J.A.H. - AM)

-CATOLICISMO

Fui invadido por uma a legria lendo a entTe vista desta revista, publicada nas páginas 19 a 22. Alegria por ver uma alta autoridade da nossa Ig reja Católica Apostólica Romana di zendo o que tem que ser dito. Quero di zer, afirmando a verdade inte ira, sem comprometimentos com os inimigos de nossa [greja, no caso, aque les que criticam a Relig ião católica por afirmar que casamento só pode ser entre home m e mulher. N ada mai s ó bvio ! E ntretanto, como chegamos ao fundo do poço enlameado de todo tipo de perversões sexuai s, o óbvio precisa ser lembrado: que Deus condena a união, ululante mente pecaminosa, de pessoas do mesmo sexo. Agradeço à equipe da rev ista por mensalme nte colocar e m nossas mãos o bom e nsinamento cató lico. Sem e la eu ficaria desinformado de posicionam entos tão bons e apropriados, como estes contidos na entrevista com o Cardea l Pujats. Também não posso d e ixar de refer ir- me aos ótim os e ns inam e ntos cató licos que tenho apre ndido com os arti gos da rev ista nas seções "A Palavra d o Sacerdote", " Le itura Es piritual" , " Vidas d e Santos", "Pág in a Mari a na", e ntre várias o utras seções . (N.I.G. - MG)

Registro ele Jomal cearense (81 Com o lo ngo título "A Inocência Primeva e a Conte mplação Sacra( do Universo no Pe nsame nto de Plíni o Con-êa de Oliveira", o recém-fundado Instituto Plínio Corrêa de Oliveira publica com o selo da Artpress Editora as refl exões de um dos brasile iros mai s compro metidos com os valores do Catolicismo e m todos os te mpos, e que, a pesa r de co mb a tid o por ate u s, ag nósticos e comuni stas, suas idéias continuam influenc iando pessoas e m vários países do mundo. "Como outros

grandes pensadores que marcaram com um sulco indelével a história intelectual da humanidade, também Plínio Corrêa de Oliveira não publicou em vida tudo quanto deixou elaborado em forma de anotações ou comunicou oral-

mente a seus discípulos. Coube a estes - é célebre o caso de Aristóteles reuni!; compilar e ordenar o rico acervo do Mestre e colocá-lo à disposição dos p6steros". Este livro é a primeira coletânea de textos siste mati zados da doutrina que o grande líder católico e ntregou aos seus seguidores, de outras formas que não a escrita. O Professor Plínio notabili zou-se como orador, conferenc ista e ho me m ele ação, tendo sido, inc lus ive, e le ito para a Assemblé ia Constituinte ele 1933 como o deputado mais jove m e o mais votado de todo o Pa ís. No pl a no inte lectua l fo i um doutrinador ela contra-revolução, e seu e nsaio Revolução e Contra-Revolução é le itura imprescindíve l para quantos desejam combater do utrinas políticas e/ou sociais es púri as. Contato: Ru a Vi sconde ele Taunay, 364. São Paulo - SP. Cep. O11 32-000. E-mai 1: artpress@artpress.com. br ("Folha do Cean'í'', 25-2-09, p. 15)

Dr. Luiz Nazareno Colocaram em minhas mãos o Catolicismo de nº 698, e através de le tive o grato prazer ele le mbrar- me ele pessoas que sempre tra nsm itiram à mi nha alma minúscula, po ré m cató lica, um co njun to ele valo res autênticos, s incero e sempre aco mpa nhados de sens ibi Iidade frate rn a. Pessoa. sempre distintas, desprete nsiosas, e nfim ho me ns com nobreza de a lma cató li ca. Como o nosso saudoso Dr. L ui z Naza re no. Como era ex ube rante o seu aposto lado de presença ! S il e nc ioso, discreto, convincente, eficaz ... Deus seja louvado em seus santos ! Parabéns pe lo arti go ln Memoriam publicado na ed ição de março. Nele á sabedo ri a, c ultura, capac idade, mas sobretudo prevalece a força generosa da gratidão católica. (C.P.B. - RJ)

Pa<lre Pio Tenho o agrado de acusar o recebime nto da re vi sta Catolicismo de jane iro deste a no, contendo min ha entre vi s ta sobre a esp iri tualidade do

Padre Pio de Pie tre lci na. Congratulo-me com essa publicação que, sem dúvida alguma, ilustrará muitos fi é is do Bras il no conhec ime nto do gra nde santo que continua atraindo muitos fi é is a San Giovanni R o tondo, pa ra aproximá- los de Cristo no Sacramento da Reconciliação. Do mes mo modo, a legro- me pelas notíci as do e ncontro dos me mbros de TFPs [e uropé ias e norteamerica na] espalhadas pe lo mund o, para comemorar a g iga ntesca figura d e Dr. Plínio Corrêa de Oliveira no cumprime nto de seu centésimo ano de nascimento. Com minha bê nção a to dos os me mbros da Associação dos Fundadores em São Paulo, e particularmente aos responsáve is e colaboradores de Catolicismo , o saúda com sentime nto de afeto, e desejo de uma santa Quaresma para a cele bração de uma santa Páscoa de Ress urre ição. (Juan R odo lfo Laise - Bi s po emérito de San Luis - Rep. Argentina)

Sim à vida, não à eutanásia

181 Acabo de ler na revista Catolicismo a maté ria sobre a e utanás ia. Quando ta l matéria estava sendo escrita, a pobre E lua na (na Itáli a) ainda não tinha sido tristemente "condenada" . Dias depois de seu falecimento, assisti a um programa muito emoc ionante na TV a cabo itali a na RAI , com o no me LE ALTRE ELUANE, onde se pro nunc iaram outros pais e pare ntes ele pac ientes e m coma prolongado, assim como vários médicos e advogados. Os d e po ime ntos, quase se mpre e moc ionados apesar das diferentes causas da s ituação de coma, tinham todos alguns po ntos e m comum : • o doente estava e m casa, não e m um hospital; • as pessoas que tratava m do doe nte se referiam a e le com a mor (no rmal me nte eram jove ns filhos o u filhas , vítimas de acide ntes); • uma palavra comum : esperança; • a pessoa e m coma era parte cio ambiente familiar: uma mãe disse que tinha uma rotina pela manhã, ao dar o ba-

nho, a alimentação, a água. Um pai disse que lia o jorna l todos os dias para sua filha de 19 anos, em coma desde os L6. Ele disse: "se e la estiver escutando, sabe rá o que está acontecendo e nquanto está nesta situação". Outro disse que sua filha ficou 4 anos e m coma; e um dia, sem ma is nem menos, abriu os olhos. Continua em coma, mas a esperança de les aume nto u depo is disso. E nfim , o amor demonstrado ficou patente. Depois ele muitos debates, inclusive com a paiticipação do ministro da Justiça italiana, alg ué m le vantou o ponto cruc ia l de que infe li zmente pessoa estavam sendo moitas porque não havia mais ninguém que quisesse cui dar de las. Sugeriu-se e ntão que o governo tomasse med idas, não pai·a legali zai· a e uta násia, mas sim para criar recursos pai·a formação ele loca is e pessoas espec ia lizadas e m cuidar desses pacientes. A mesma coisa para o aborto. Muitas moças se desesperam por ter que ass umir soz inhas a gravidez indesejada. Com a formação de grupos de apo io na gravidez, e desburocratização pai·a a adoção, muitas seguiriam e m frente com sua gravidez com segurança (ao invés do aborto com segurança), e depois dariam seus filhos para outras famílias adotarem. Enfim, criar recursos para a vida, não para matar. (M.S. -SP)

Artigos sél'ios

181 Tenho lido Catolicismo po r várias décadas, e constato a extrnma seriedade e pertinência dos aitigos. Não é para menos, porque segue m as orientações de Dr. PlinioCorrêa deOliveira, a quem tributo o mais e levado pre ito. (L.A.F.Z. - DF) E'vangelização

181 Quero ex pressar me u agradec imento e satisfação de ser colaborador da revista Catolicismo. É-me muitíssimo úti l à minha saúde espiritual, e seus attigos são verdadeiros "evangelhos". Pessoalmente desejo-lhe o dito pelo evangelista João: "Que sua saúde co17Joral seja tão boa quanto a de sua alma.". A sua revista

é um grande me io ele evangelização, e quanto necessária seria sua difusão pelas famílias! !! Que este seu instrnmento prospere cada vez mais e mais, e possa alcançai· uma multidão de nossos irmãos. (A.R. - PR)

Excelsa intercessão

181 Enco ntre i no s ite de Catolicismo a história de N ossa Senhora ela Cabeça. Que e la possa inte rceder a De us pe los seus pensame ntos, estudos, sonhos, e proteja tudo que se passa. (P.J.C. - MG) Rufoa <la utopia comunista

181 A prova ma io r dessa verdade [a falsidade do ig ua litari smo] é que hoje o co muni s mo ruiu . Alguns po ucos pa íses que a inda vivem nesse regime ma l se sustenta m, e têm uma image m d e pobreza e miséria, o nde seus governantes ma l co ntrol a m s ua po pul ação, e as convicções ele vida digna não passaram de promessas e ilu sões. (A.S.E. - SP) Guadalupe Sabia da ex istê nc ia do manto ele Nossa Senhora de Guadalupe, mas some nte há po uco te mpo co nhec i as minúc ias e os pequenos detalhes, como o que está re fletido nos olhos ela virgem e a temperatura seme lhante à do corpo humano. Sem dúvida, é uma das ma iores provas da ex istência de Deus e da Virgem Imaculada. Infe lizmente a lg umas seitas, que se di zem re lig iões, não ace ita m a sa ntidade da Virgem Santíssima. Um dia eles baixarão suas cabeças e pedirão o seu perdão. (J.C.O. - RJ)

bxemp/o anti-aborto Gostai·ia de sugerir a publicação de matérias com histórias como a ele minha vida. Com fé e m Deus, engravide i muito jovem, e nunca passou pe la minha cabeça o aborto. Me u filho tem 16 anos, e e u e me u marido lutamos e estamos juntos até hoje. Adoraria conta r toda minha históri a pai·a adolescentes que passam po r situações seme lhantes à minha. Fiquem com Deus. (J.S.S. - SP)

ABRIL2009-


A

Truth Society, assoc iação cató lica ele Londres, publicou

um estudo ele 64 páginas sobre os excessos cio movimento vereie, afirmando que, e nquanto ideologia, e le é tão perigoso como o comuni smo. O livro fo i escrito por Russell Sparkes, perito e m in vestimentos éticos, e leva o título Aquecimento global - o que devernos responder?. A informação é cio "Catho lic Hera ld", que cita Sparkes: "Exatamen /e como

presidente da República C heca Václav Kl aus [foto] , que acumula atualmente o cargo ele Presidente ela União Europé ia (UE), foi vaiado pelo Parlarnento Europeu quando afirmo u que a UE não é um dog ma intocável; e ac rescentou, faze nd o a lu são à ext inta URSS : "Em pouco lempo pode-

º

o m.arxismo exigia o comunismo como única solução para os males do inundo, os 'verdes radicais ' acenam com grandes catástrofes, se o mundo não atender seus apelos por urna 'mudança radical'". •

ríamos nos enconlrar muito fácil e rapidamente na siluação de uma época que nos acostumamos a qualUicar como perlencenle a um passado longínquo ". Ressal-

Maioria dos ingleses abandona teoria de Darwin

tou, e m meio a pate ntes demonstrações ele mau humo r cios deputados e uropeístas: "O sistema

Células-tronco embrionárias geram tumores em criança

O

uso ele cé lul as-tro nco, para o qual se sacrifi ca m embriões, causou sini stro efeito numa criança, informo u a revista médica "PLoS Medicine". Um hospital ele Moscou injetou, no cérebro e no fluido da espinha dorsal da cria nça, cé lulas-tronco extraídas ele diversos embriões. Quatro anos depois, médicos cio Cen tro Médico Sheba, em Te l Aviv, constataram na cri ança múlti plos tumores, tendo retirado dois [foto] nos mesmos locais o nde foram injetadas as células embrio nárias. O DNA dos tumores pertencia a pelo menos duas pessoas diferentes. Merece ser ressaltado que, logo depois dessa lamentável experiência, o presidente Obama liberou verbas federais para essa perigosa e amoral tecnologia, sendo por isso muito aplaudido pela imprensa esquerd ista ele todo o mundo. •

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CATO LICISMO

S

eg undo notíc ia cio "Fina nc ia l Sense", Andrei lll ari o nov [foto], exassesso r econôm ico cio presidente Vl adimir Putin, fez e m feve rei ro um de poimento perante o Comitê de Relações Exteriores do Congresso Americano. Segundo e le, quem gove rn a a Rússia é a KGB - a temível ex- po líc ia política sov iética - e em face dela a diplomacia do presidente Obama está condenada à catástrofe. Os EUA escolheram a via ela rendição: "Nós conhecemos as conseqüências

da política colaboracionista. Os que se refi ram e se rendern não terão paz, mas guerra - uma guerra com. resultados irnprevisíveis e repugnantes". Para nt ari o nov, uma época ele gra ves perturbações se avizinha . •

econômico a/ual da UE é o da opressão do mercado e do reforço conlinuado da ges/ão cenlral

M

a is da metade (5 1% x 40%) dos ing leses julga que o evoluc ioni smo não consegue ex plicar a complexidade ela vicia; e que, portanto, um projeto inleligenle eleve ter presidido o aparecimento ele um universo ordenado. Além cio mais, um terço cios britânicos acred ita na criação divina. Os dados provê m ele uma enque/e da empresa ComRes e foram notic iados pe lo cli,'íri o "The Telegraph" ele Londres. A image m cio evo luc io ni smo pi orou muito após um cios seus máx imos apologistas, o biólogo Richard Dawkins, promover uma campanha ele cartazes colados e m ô nibus, convidando os homens a esq uecer Deus. Com isso e le pôs e m ev idê ncia que o evolucionismo é um véu para difundir o ateísmo. Informado a respeito ela pesquisa ela Com Res, Dawkins respondeu que g rande parte ela população ing lesa é "ignoranle como urn porco", segundo "The Telegraph" . Sem comentários ... •

Obama capitula ante a Rússia, diz ex-assessor de Putin

Presidente da UE denuncia dirigismo e falta de democracia

Ecologismo radical: sucedâneo do marxismo

da economia". Por fim , la nçou um apelo aos deputados para que pratiquem a "democracia autêntica", que fo i recusada pela ditadura comuni sta, e adm itam o direito cios c idadãos de debater publicamente as questões graves sem recebere m a pecha ele dissidentes. O Parlamento Europeu, porém , age

Denúncia vinda do Leste europeu: o comunismo continua ativo

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Extremismo ecologista: em vez de curar, matar

epresenta ntes ele 13 confe rê nc ias ep iscopais ela Euro pa cio Lest:e rea li zaram e m Zagreb sua 3ª re uni ão a pós a queda cio Muro de Berlim. ( 1989). Segundo a agência Zenit, para esses bispos a "estrutura [cio comunismo·! permanece na legislação e no Judiciário, na economia, educação e cultura". No encerramento ela reunião, afi rm o u o Card ea l ele Zagreb: a verdade "é que o sistema comunista quebrou, mas seus restos

o nathan Porritt, preside nte da Conússão para o Desenvolvimento Sustentável, cio governo ing lês, propos desv iar verbas destinadas à cura ele doe nças para ap li cá-las em abortos, informou o diário ing lês "Su nclay Times" . O sofisma para a defesa desse absu rdo é o seguinte: "Ter mais de uma cricm-

são muito resislen/es e se manifestam prom.ovendo as mesmas .fálsidades, não somente por meio da política e no relacionarnento com o passado, mas tambérn na educação, ciência e ensino ". Para os prelados, a Ig reja eleve lutar "conlra a tendência de calar sobre o que aconteceu realmenle" sob o co muni smo, e assesta r um foco espec ial nos mártires causados por e le, e m ód io à fé. •

de modo oposto. •

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ça é ato irresponsável ". •

Pílula anticoncepcional provocou "catástrofe demográfica" químico a ustríaco Carl Djerassi [foto], 85 a nos, coinve ntor da pílul a a nti concepciona l, agora deplora sua in ve nção como causa ele um a "catástrofe dernográfica", segundo o d iário "Der Standard" ela Á ustri a. Para o químico, a limitação ela natalidade gero u um "cenário de horror": Na ma io r pa rte da Europa, deixo u de haver "conexão entre a

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sexualidade e a reprodução. Na ca lólica Áustria, país em que a média de crianças porfamília é 1,4, essa dissociação agora é complela ". Os jovens austríacos que deixara m de gerar filh os estão, segundo lc, comete ndo um suicíd io nac io na l. •

Em São Paulo, templo da modernidade cai de podre

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prédio ela Faculdade ele Arquitetura e Urbanismo da USP (FAUUSP), ele esti lo moderno brutalista, era visitado por artistas contemporâneos de todo o mundo. Hoje, é a vergonha cios mestres e alunos [foto] : Setores interd itados, e nxurradas ele ág ua suj a que e ntra m por gra ndes fissuras nos dias de c huva, ca ixas ele água e mba ixo elas gote iras, redes para segurar os blocos ele conc reto que se deslocam cio teto, esta lactites por toda parte. Entre me ntes, a nun c ia-se o utro prédio-símbolo, sucessor talvez cio FAU-USP: o Ed(f"ício 360º, a ser construído na zona oeste ele São Paulo. O proj eto asse melh a-se a um bloco retangu lar co mposto ele ca ixotões, e mpilhados como contêineres no ca is. Pretende-se contrapô-lo g ritante me nte ao estilo neoclássico, apreciado pe los pa ulistanos de bom gosto. •

Católicos chineses descrêem de acordo com o comunismo

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atólicos de Pequim, em número cada vez maior, acusam o bispo da capital de trair a Igreja Católica e o Papa, escreveu o Pe. Bernardo Cervellera, diretor da agência AsiaNews. Um véu de pudor envolvia o nome do prelado, pelo fato de ter sido sagrado com aprovação da Santa Sé. Mas desde que D. José Li Shan voltou a repetir o surrado slogan "Amar a pátria, amar a Igreja" (que na China significa submeter a Igreja ao Partido Comunista), esse véu se desfez. D. José Li Shan prega a democracia na Igreja: bispos, pastoral, teologia, opções pastorais ficariam nas mãos de uma assembléia de clero e leigos dominada pelo Partido Comunista. O Cardeal de Hong Kong, D. Joseph Zen Zekiun, fez um apelo contra pactos com o regime marxista: "Estar unidos ao Santo Padre em secreto, e ao mesmo tempo fazer parte de uma Igreja que se declara autônoma de Roma, é contraditório".

Estado argentino aprova ensino religioso nas escolas

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as escolas primárias do populoso estado argentino de Salta, segundo informação de diário portenho, os alunos agora devem rezar antes de entrar na sala de aula. A educação religiosa tornou-se obrigatória nas escolas públicas e privadas, com exame e nota, em virtude de nova lei que regulamenta a constituição estadual. Esta registra a "participação primordial da Igreja Católica" na educação e define o ensino da religião como uma realidade "imemorial" no Estado. Na maioria dos casos, as crianças recebem o ensino do catecismo e dos fundamentos da fé e da moral. Os não-católicos estão dispensados . Alguns ateus e poucos pais de família protestaram, alegando que seus filhos , pensando na crucifixão de Cristo durante a Semana Santa, não conseguiam dormir. A maioria dos progenitores e professores aprovaram e se regozijaram com a nova lei .

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Skarga atua na Polônia com impressionante sucesso, denunciando

os erros do comunismo que ainda impregnam toda a sociedade

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CATO LI C ISM O

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ciência dos poloneses".

Sr. Slawomir:

"Nos últimos 60 aJlOS, a COJlSciência dos poloneses loi submetida a uma anestesia mom l, através da cu/tum comunista, e depois pelo relativismo"

Catolicismo - Por que foi escolhido esse slogan? Sr. Slawomir - Em prime iro luga r, porque a consciência dos poloneses fo i fo rmada dura nte séculos tendo como base a fé católica, e no fundo é uma consc iênc ia católica. Em segundo luga r, porq ue nos últimos 60 anos essa consciência fo i submetida a uma "anestesia moral". Prime iramente através da "cul tura" comun ista, e depois de 1989 pela influênc ia da nova d itad ura do re lativismo. Esta última, em no me de uma suposta li berdade, substitu iu a ún ica fa lsa doutrina antes permitida - o ma rxismo - pe lo plura li smo de outras doutrinas fa lsas, isto é, o li bera li smo. Fa lar sobre a única verdade confiada à Igreja por Nosso Sen hor Jesus Cristo tornou-se em muitos meios, equivocadamente, um sintoma de reto rno à mentalidade tota litária o u a uma mani festação de fund amenta li smo re li gioso. Daí o fato de nos de fro ntarmos também com insistentes tentativas de propaganda que desv irtuam os senti dos e a consciência, para que não se opon ha m à propagação cio ma l c m nome da fa lsamente compreendida liberdade, que inclui a escolha ilimi tada do erro e do pecado.

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da Associação Pe. Piotr Skarga? Sr. Slawomir - A Associação é relativamente nova, tendo sido fund ada em 1999. A média da idade de seus me mbros g ira em torno dos 35 anos. Há cerca de 30 pessoas diretame nte dedi cadas ao traba lho cotidi ano. Mas tal trabalho só é possível graças ao engaj amento e ao apoio de mais de 200.000 s impati za ntes e aderentes de nossas campanhas.

Com esse objetivo, a Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr

Catolicismo - Quais são os objetivos da Associação de Cultura Cristã Padre Piotr Skarga? Sr. Slawomir - O objetivo e a missão de nossa Associação foram expressos no slogan "Despertemos a cons-

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"Despertar a consciência dos poloneses"

pós décadas de domínio comunista, a Polônia começa a reagir para se livrar das seqüelas deixadas por aquele tirânico regime. E constitui hoje sadio obstáculo a uma nova tirania: as imposições da União Européia, que pressiona as nações-membros a curvar-se a erros modernos como as uniões homossexuais. Infelizmente, porém, parte de sua população en contra- se anestesiada moro/mente, devido ao passado comunista e ao presente sob forte influxo relativista de origem ocidental. A respeito dessas importantes questões, o Sr. Slawomir Olejniczak, presidente da Associação pelo Cultura Cristã Podre Piotr Skorgo e da Fundação Podre Piotr Skargo, sediadas em Cracóvia , segunda cidade do país, concedeu via internet oportuna e esclarecedora entrevista ao Sr. Paulo Roberto Campos, colaborador de Catolicismo . Profundo estudioso da situação pós-comunista na Polônia, Slawomir Olejniczak, 4 1 anos, graduou - se em Filosofia pela Universidad e Jagiellon de Cracóvia . As entidades que preside vêm exercendo grande influência no pa ís, no sentido de despertar o opinião pública do letargia moral, através da promoção dos princípios que constituem três pilares básicos da civilização cristã, e que estão nos antípodas do comunismo: a tradição, a família e a propriedade.

Em terceiro lugar, como católicos que se orientam pelo amor a Deus e ao próx imo, não podemos concordar que nossos compatriotas, em razão do medo ou do desnorteamento moral, caiam no pecado, colocando em risco a sa lvação ete rna de suas almas. De onde tomarmos ati tudes para despertar os espíritos e as consciências da letargia moral , pois o verdadeiro re nascimento de nossa nação só será possíve l através de uma renovação re lig iosa e moral da vida de cada pessoa e de toda a sociedade. Há alguns séculos, uma iniciativa para despeitar a consciência dos poloneses fo i empreend ida pelo Pe. Piotr Skarga, motivo pelo qual o elegemos patrono de nossa Associação. Catolicismo - Quem foi o Pe. Piotr Skarga? Sr. Slawomir - Foi um sacerdote jesuíta que viveu entre os anos 1536 e 16 12, um dos líderes da Contra-Reforma na Polôni a. Alé m de combater o protestanti smo, celebri zo u-se po r promover o retorno dos cismáticos - erro neame nte denominados "ortodoxos" - ao seio da Igreja Cató lica, tendo sido um dos arqui tetos da União de Brest. Porém, é mais conhecido como pregador da corte, pelos fa mosos sermões diri g idos à nobreza no Parlamento. Neles, censura va-a por seus pecados, chegando a prever a queda da Po lôni a caso a e lite não regulasse sua vi da segundo os Mandamentos divinos. Suas prev isões se cumpriram duzentos anos depois, quando a Polônia desapareceu do mapa da E uropa por um período de mais de cem anos. A perda da independênc ia foi infe lizmente necessári a para conduzi-la à recordação da Lei de Deus e ao despertar das consciênc ias, em que se empe nhara o Pe. Pi otr Skarga. De onde ele ter sido reconhecido como profeta naciona l. Catolicismo -

Qual é o número de membros

Manifestação de homossexuais em Cracóvia

"Como resultado de nossas campan/,as, o número de pessoas contl'árias ao 'casamento' homossex ual na Polônia Cl'CSCeu de 73% em 2003 para 87% em 2008"

Catolicismo - Atualmente, que campanha realiza a Associação? Sr. Slawomir - Rea li za mos atividades tanto no campo re lig ioso quanto no social, defendendo o respe ito aos princípios cri stãos na vida pública . Há sete anos lançamos a campanha Mensagem de Fátima, esperança para a Polônia, visando difund ir junto ao maior número possível de pessoas a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima, tra nsmitida durante suas aparições em 19 1.7. Foram divulgados mais de 800 mil exemplares do livro Fátima mensagem de tragédia ou esperança?, do escritor brasile iro Antoni o Augusto Bore lli Machado. Na esfera social, estamos atua lmente engajados na campanha contra a legali zação das concepções in vitro, a antinatural produção de cri anças em tubos de e nsaio. Em breve sa ire mos em de fesa das c rianças contra as depra vações re lacionadas com a educação sex ual, diante das novas tentativas do governo de introduzi-la nas escolas. Catolicismo - Que campanha teve maior sucesso? Sr. Slawomir - Foi a de conter o processo de lega lização das uniões homossexuais, em tramitação no Parlamento, hoje dominado por pa,tidos de esquerda. Em 2005, um prqjeto de lei nesse sentido foi acolhido pelo Senado. Mobilizamos então nossos simpatizantes, correspondentes e doadores, e em dois meses enviamos ao Parlamento mais de 120 mil cartões de protesto. Tratou-se da primeira ação de protesto maciço da história do Parlamento, que o levou à desistência do projeto. Na prática, ele fo i parar na lata de li xo. Como resultado de nossas campanhas, o número de pessoas contrárias ao "casamento" homossexual na Polônia cresceu de 73% em 2003 para 87% em 2008. Catolicismo - A Associação promoveu alguma atividade contrária ao aborto? Sr. Slawomir - Sim, e não somente uma. Inic ia lmente gostaria de chamar a atenção para o fa to de que a Po lônia fo i o único país do mundo que, em 1993, remo veu a possibilidade do aborto a pedido, o qual era permitido pe lo direito comuni sta anterior. A atual legislação permi te o aborto por razões médicas (mal fo rmação do feto, ri sco de vida da mãe ou gravidez resultante de estupro). Um lobby pró-aborto, ABRIL2009

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apoiado pela União Européia, tenta o tempo todo suprimir esta lei e voltar à situação anterior da era comunista. Nossas atividades enquanto católicos objetivam mudanças na Constituição, visando introduzir uma cláusula que garanta o direito à vida desde a concepção até a mo1te natural. Isso impediria posteriores tentativas do lobby próabo1to para a intem1pção da gravidez e proibiria a eutanásia. No ano de 2007 estivemos, juntamen te com outrns grupos de defesa ela vicia, a um passo cio sucesso: obtivemos 60% de apoio. Entretanto, a mudança da Constituição ex ige dois terços dos votos. Os 7% que faltaram fo.. ram fruto ele trapaças ele polít.icos ditos ele direita, que ent:reganm1 para votação três versões do citado regulamento, sendo que nenhuma delas conquistou a maioria exigida. Nessa campanha realizamos pesquisas de opinião pública, as quais demonstraram que 52% elas pessoa. responderam positivamente à mudança constitucional pro-posta, e 66% manil'estmam que o aborto é um assassinato da crim1ça em gestação. Al é m disso, visando um a maior atuação de diferentes organi zações re li g iosas e soc iais para a defesa ela vicia e da fam íli a, j á há três anos promovemos e m Varsóv ia a Marcha da Vida e da Fam.ília , eve nto anu al cuj o número de participantes a um enta cada vez mai s. No a no passado, parti c iparam mais ele quatro mil pessoas. Houve até a lgun s represen ta ntes cio Brasi 1.

Catolicismo - O Sr. falou da anestesia moral a que foram submetidos os poloneses pelo sistema comunista. Como se deu isso concretamente?

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CATOLICISMO

Cortejo de católicos nas ruas de Cracóvia

"No regime comt1nista, as elites /'oram exterminadas fisicamente e psíquicamente qt1ehrndas, devido a prisão clurante longos anos e /)elo co11lisco cios bens"

Sr. Slawomir - Essa anestesia moral é fruto ele um processo verificado durante todo o período ele domínio com uni sta, para cujo êxi to e le deveria contar com c irc unstânc ias favoráveis. E m primeiro lugar, a destruição das elites sociais como a nobreza ou membros ele o rga ni zações patrióticas, que combatera m durante a guerra co ntra os naz istas, e depois contra os com uni stas. Em segundo lugar, a corrupção de enorme número ele pessoas através da participação em atentados ao direito de propriedade, como se deu com a Reforma Agrária. Em terceiro, o sil êncio do clero - ressalvadas ho nrosas exceções - sob re a violação dos Mandame ntos divinos na vida social. As elites soc ia is foram extermi nadas fisicamente (seus representantes foram mortos ou obrigados a e migra r), psiquicamente quebradas devido a pri são durante longos a nos (to rturas faziam parte do cotidia no) e pelo confisco dos bens (todas as gra ndes e médias propriedades rurai s foram divididas). O confisco elas propriedades foi resultado da Refo rma Agrária, que era um roubo de terras e edificações, cio qual se aproveitm·am diretamente mai s ele 1,7 milhão de pessoas. Se incluirmos também os demais membros das famílias, o número ele beneficiários diretos e indiretos desse confisco sobe para aproximadamente seis milhões ele pessoas. Era uma multidão enorme, num universo de 2 1 milhões de habitantes que viviam na Polônia de então. Graças à co-participação naquele roubo, os comunistas puderam contar com um número muito gra nde de adeptos. Esse pecado coletivo foi uma introdução à anestesiam.oral ela sociedade polonesa nas décadas seguintes. E ntretanto, tal anestesia moral não se teria dado caso não ocorresse o silê ncio cios re lig iosos, espec ialmente dos bi spos, que tinham o dever de estigmati za r aq ue le pecado. Eles também se calaram quando os com unistas apri sio naram e assass in ara m mi lhares ele inocentes por serem patri otas. Ca lara m-se quando o poder com uni sta legali zou o aborto. Em nome de um a coex istência pacífica com o regime, para a manute nção elas estruturas ecles ia is e liberdade das práticas re lig iosas, ho uve uma re núncia ao e nsiname nto moral da lg reja. Nesse contexto, a obra hi stó ri ca do esc ritor e líde r cató lico brasileiro Pl ínio Corrêa de O liveira, A Liberdade da Igreja no Estado co,nunista, constituiu acertado diagnós tico cio problema pastora l: o desleixo dos reli giosos polo neses quanto ao e nsino moral, na questões do 7° e 10º ma nd ame ntos, em nome da ma nutenção ele certas libe rdades no âmbito das práli cas religiosas. Catolicismo - O Sr. poderia dizer que mudanças ocorreram depois da queda do governo comunista na Polônia?

Sr. Slawomir - Não ho uve ne nhuma queda cio comunismo, mas somente um a metamorfose. No ano 1989 e no início cios a nos noventa, falou-se sobre a chamada tran sfo rm ação pacífi ca do s istema, mas nada sobre a de rrubada do com uni smo. Até hoj e, na Polônia, ne nhum dos rep resenta ntes do govern o comunista foi condenado judicialmente por seus cri mes. Os aco nteci me ntos de J 989 não podem ser interpretados como tendo sido a remoção dos comuni stas do poder, mas sim como a permissão concedida por e les à opos ição para que ocupasse o poder dentro ele cond ições estabelec idas previamente. Na Polôni a ele pós-guerra, as elites eliminadas fo .. ram substituídas pela nomenclatura com unista e pela intelligentsia a servi ço do comuni smo. Após 1989 não ocorreu nenhum renascime nto de autênticas elites. Pelo contrári o, surgiu uma nova oligarquia financeiro-midiático-política constituída pe la anterior nomenclatura e por dissidentes, be m como por uma oposição democrática. Essas pseudo-eli tes privatizaram para si a maioria das indústri as nacionais, dominaram os principais órgãos da mídia e cios partidos políticos. Atualmente, em vez de uma doutrina fa lsa e um partido, temos o pluralismo de doutrinas fa lsas e numerosos partidos sem ideolog ia. A litadura do proletariado transformou-se e m ditadura do relativismo. Durante os últimos 20 anos, a nova oligarqu ia não permitiu a repri vatização, que possibilitaria a clevolu-

Quadro de Nossa Senhora de Czesto chowa e seu santuário

"Os re/)t'eSellk1ntes C0Jllllnistas não l'ol'am condenados por seus crimes. Os acontecimentos ele .1989 mfo podem Sei' intetJJretados como r emoção dos comunistas"

ção cios bens roubados após a guerra a seus legítimos proprietários, ou o ressa rcimento das perdas. Poré m, ao possibilitar a liberdade de empreendimento, renun ciou-se ao combate confra a propriedade privada, enquanto a luta ele classes foi substituída pela revolução nos costumes. Hoje ning ué m mais fala em superi ori dade da econom ia planificada sobre a ele mercado; mas, e m contrapartida, promovem-se a libe rtin agem e a vul garidade. Os revolucion{u·ios, ao executarem a transformação do sistema, pararam de atacar a orde m econômica apoiada na propriedade privada. Mas está em sua mira a o rdem moral, rep resen tada pelos bons costu mes, no rma social não-escrita regu ladora do comportamento das pessoas, baseada na fa míli a e na ed ucação. Daí surgirem todas essas iniciativas promovedoras do aborto, do ho mossexualismo, da "educação" sex ual e da pornografia. Os métodos ela revolução comunista, apo iados na violência e na onímoda propaganda, foram trocados por uma mais sutil kulturkampf" do relativismo. Quanto ao cle ro, ela mesma forma que se calo u durante os 40 anos de comuni smo sob re as ques tões mora is, ca lo u-se também nos últimos 20 a nos so bre essa sutil ação a favor do relativismo. Penso que esse quadro sóc io- hi stórico que apresentei constitui um esc larec ime nto a mais a respeito de nossa missão: Desperlar a consciência dos poloneses. •

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CANONIZACAO

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Dom Nuno Alvares Santo, guerreiro e monge C avaleiro, Condestável do Reino, grande esmoler e religioso carmelita, Frei Nuno de Santa Maria, beatificado em janeiro de 1918, será canonizado no próximo dia 26 de abril em Roma

izer que foi uma fig u;·a-~pice História _d_e Portu g~~, pode parecer redundancia. Afirmar que foi um he ro1 , e mbora isso seja verdade, fica aqué m daquil o que ele e ncarnou. Pe la santidade da sua vida e fide lidade imaculada às leis da Igrej a, Dom Nuno Álvares Pere ira re uniu e m si o conjunto de virtudes e predicados que fa zem dele o arquétipo de qualquer c ri stão. Para admirarmos Fre i Nuno de Santa M aria - seu no me religioso - , te mos de anali sar as diversas facetas do seu caráte r e m co njun to ; não separadame nte, esqu ece ndo umas e e naltecendo outras. Ele é um personage m indivi síve l, e como tal deve ser vi sto . É o que se pretende esboçar neste bre ve artigo. Sobre este home m pousou, desde cedo, a mão da Providê nc ia. A sua vida fo i uma sucessão contínua de prodíg ios e de lutas ; e as suas ações, quer como condestáve l dos exérc itos, quer como grande esmo ler, foram aureoladas pela g lóri a e humildade.

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CATOLICISMO

Nob1·e nascimento Corria o ano de 1360. Na festa de São João Batista, a 24 de junho, nasceu ele e m Cernache do Bonjardim ( 140 quilômetros a norte de Lisboa), recebendo no Batismo o nome de Nuno. Descendia por ambos os lados da mais alta nobreza de Po,t ugal. Com tenra idade, como era hábito naquele tempo, fo i viver entre cavaleiros e escude iros. Os grandes foitos da cavalaria medieval povoavam os hori zontes dos jove ns da época. A Crônica do Condestável está repleta desses relatos. Recebera em casa uma esmerada educação e sólida formação cristã. Ambas, aliadas à retidão de alma de Nuno, produziram efeitos duradouros que hoje nimbam a imagem do Condestável, cujo culto universal a [greja Católica legitimará com a sua canoni zação. Ainda ado lescente, a braça a carre ira das armas. Aos 13 anos acompanha o pai à Corte, que se ac hava em Santarém, uma vez que H e nrique Jl de Caste la invadi ra Portugal e marchava sobre Li sboa. E le e o irmão Di ogo recebe m do Re i D o m i F e rnand o de Po rtugal a orde m de colher info rmações sobre os invasores. D es inc umbem-se da tarefa com brilho. Dom Fernando toma Diogo para seu serviço, e Nuno, a quem fora m di spensadas as cerimônias de praxe, é logo a li armado cavale iro. Começa e ntão a sua carreira de a rmas, e ta lvez seja esta a faceta ma is inco mpreendida do Co ndestável para o ho me m conte mporâneo, intoxicado que está pelos mi as mas do pac ifi smo.

das armas, e ni sso res idia a razão da sua fo rça. A procura da justiça era, para o santo Condestáve l, o fim último .

Militar de moral inatacável

Como veremos, esses princípios serão postos à prova com os acontecime ntos que se seguem. As escaramuças com Castela vão e m aumento, e um ímpeto de legítima defesa atravessa todos os recantos do reino, arrebatando muitos fidalgos e todo o povo. A cri se que desembocará na batalha de Aljubarrota, na qual o gênio militar de Nuno Álvares resplandece, começa a emergir. Em resumidas contas, a chamada crise de 1383-1385 pode ser vi sta assim: O Rei Dom Fernando morre e m 1383; do seu casamento com Dona Leonor Teles nascera uma única filha, Dona Beatriz, que contrai matr imônio com o re i de Castela; este, pelo casamento, poderia tornar-se rei de Portugal. Entram em foco questões dinásticas delicadas, para além do fato de que, embora o Rei Dom Fernando tivesse obtido uma reconciliação de circunstância com o rei de Castela, contra quem guerreara, as desconfianças mútuas não se tinham dissipado e a situação ficara mal resolvida. Uma fo1te noção de identidade ia to mando conta de Portugal perante a ameaça castelhana, como se pode depreender dos escritos cio cronista Fernão Lopes. Parale lame nte a esses acontec imentos emergira, e m 1378, o tristemente céle bre c isma do Oc idente. Em Po rtuga l, o povo e o clero mantiveram-se fi é is ao Pontífice Romano, re presentante ela legítima sucesO. JOAO / .0 A11tê11tico cavaleiro são apostó lica. O s caste lhanos, no e ntanto, apo iara m o Pa pa de A vinhão, deno mi Antes de e ntrarmos nas batalhas de que Dom João, Mestre de Aviz nado "anti-papa". Uma no va vertente, a re i io Condestáve l será protagoni sta, é importangiosa, soma-se assim à cri se. Na época, lutar conte procurar ente nde r as cau sas das mui tas gue rtra os caste lhanos torna-se a defesa do verdade iro ras de e ntão, sobretudo quando travadas entre c ri sPapa contra os c is máticos. tãos. O s Sumos Pontífi ces e xerceram sempre, do alto da auT odos esses e leme ntos ajudam a compor o panorama para toridade moral que o mundo cristão lhes reconhecia, o mag iso aparecime nto provide ncia l cio Condestáve l, po is só um chetério indi spensável para te ntar conte r os atos de belic is mo desfe militar de moral inatacá vel e reto de caráter conseguirá a rnecessários. No e ntanto, que m conhece a natureza humana sabe rasta r atrás de si uma nação inte ira. Dom Nuno Álvares, presque não basta m só as boas inte nções. sentindo a ocupação pró xima cio trono ele Portugal pelo rei de Hoje co nf undem-se como causas das guerras ce1tos aspectos Caste la, pôs-se a caminho de Li sboa acompanhado dos seus mate riais. Mas o Magistério da Igreja e nsina que as causas são, escudeiros. A morte em fin s de 1383 cio Conde Ancleiro, amante antes de quaisquer outras, de ordem espiritual e moral. E a causa ele D ona Leonor Te les, prec ipita os acontecimentos . Assume maior é o pecado, do qual nascem a injustiça e a iniqüidade. E fo i e ntão o Mestre ele A vi z, D om João, Regedor e Defensor cio este princípio que norteou toda a ação do Condestável. Ele nunca se refu giou na máxima segundo a qual os fins justificam os meiRe ino. Ao fo rmar o seu Conselho de Governo, chama Nuno os. Nenhum mal, ainda que praticado com boa intenção, pode Álvares a tomar pa rte. Nas provínc ias, a insurre ição vai gade pois ser desculpado: "Como aqueles que dizem: f açamos o nhando terre no. Li sboa é cercada pe lo re i ele Castela. A sublemal para vir o bem. Desses, é justa a condenação" (Rom. 3, 8). vação este nde-se a todo o Reino. "A paz será obra da justiça" (Is 32, 17). A batalha de Aljubarrota Nuno Á lvares seguiu estritamente os princ ípi os da cava laria medie val - defender a fé , servir o re i e a ho nra das mulheDom João, M estre de A viz, e nvi a o Condestáve l para defe nde r as fronte iras no Alentejo. Com a penas 24 anos, derrota res, este nder a mão aos oprimidos. Fez sempre uso po nderado ABRIL2009

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rompido pre maturame nte pe la morte da mulhe r, nasce u Do na Beatri z, que se casou com o 1º Duque de B ragança, filho bastardo de Do m João I. Pe lo grande dote que deu à filha para o enlace matrimo nial, é conside rado o fund ado r da Sere níssima Casa de Bragança, c ujos re is re inaram e m Portugal de 1640 a 19 JO; e no Brasil independente, de 1822 a 1889. A face ta ele chefe milita r do Condestável vai chegar até África, o nde desemba rca com os exérc itos cio re i na dec is iva to mada de Ceuta, e m 1415 . E ntre os períodos de paz que se seguiram, Nuno Á lvares dedica-se à edificação e resta uro de ig rej as e cape las po r todo o R e ino. Fida lgo de muitos ha ve res, va i di stribuindo pe los seus pró ximos e pe los po bres os be ns que acumula ra nesta Terra. Na sua lo nga vida de soldado, ja mais pe rmitiu que os seu s coma ndados ofe ndessem ou profanasse m te mpl os c ri stãos, ultraj assem os sacrame ntos o u pilh asse m os be ns d a Igreja. A sua retidão, e m matéria muito sensíve l, e ra tão dire ita quanto o fio duma espad a. No e ntanto, o bre esta a lma de e le ição parec ia ecoar a voz do Salmi sta (60, 2-3) : "Escutai, ó Deus, o meu clamo,; atendei

a minha oração. [. .. ] Dos confins da Terra grito por Vós, com o meu coração desf alecido". Conscie nte ele que esta vida não

os in vaso res na bata lha de Ato le iros, a 6 de abril de 1384 . A li ao radece a De us e à Santíss ima Virgem po r ajudare m no estab: lec ime nto da justi ça, "porque todo o vencim.ento é em Deus, e não nos ho,nens " ( Fe rnão Lo pes, Crônica de D. João /, Li vra ri a C ivili zação, Po rto, parte l , cap. XC IU, p. 176) . E m sete mbro de 1384 é le vantado o cerco de Li sboa. E m Coimbra as Cortes re ún e m-se e m abril - ma io ele 1385 para pôr cobr~ à questão dinás tica. Do m João I é ac la mad o re i p~r una nimid ade. Nuno Á lvares é no meado Condestáve l, c he fe supre mo cio exérc ito portu g uês. Contudo, o ma is cli fíc i I a inda não chegara. O exérc ito caste lha no, ago ra be m a petrechado ele ho me ns e armas, vem to mar desfo rra. Era do mingo, 13 de agosto ele 1385. O Condestá ve l faz o reconhec ime nto cio te rreno, perto ele Aljubarrota (20 quil ô metros a sul ela c idade ele Le iri a), o uve mi ssa e comunga, de po is retira-se e m oração. A bata lha dá-se na vés pera ela el a fes ta ela Assunção de Nossa Senho ra, di a 14. Segundo o c roni stas, cio lado po rtu g uês estão, junta me nte co m os arqu e iros ing leses, 7 .700 ho me ns; cio lado caste lhano são mais de 30.000. Ainda ele acordo com os croni stas, ma l despo ntara

CATOLICISMO

a aurora, inic iam-se os combates da batalha de Aljubarrota, q ue fo i fulmin ante, tendo o exérc ito caste lhano deixado o solo juncado de mortos e feridos. O Conclest,1ve l respeitou as regras da cavalaria e permaneceu três dias à espera do exérc ito invasor. Decorreram 26 anos até a ass inatura do tratado de paz, e m 14 11. Ameia no rescaldo ele Aljubarrota, travo u-se a bata lha de Yalvercle, nas pro ximidades ele Mérida, em o utubro ele 1385, o nde os caste lhanos sofreram nova derrota. Co mo pe nho r ele gratidão pe la vitó ri a e m Alju barrota, Do m João I e o Condestá ve l ma neia m construir um moste iro e m ho nra de Sa nta Mari a d a Vitó ri a, mais conhec ido como M oste iro d a B ata lha, preci osa j ó ia da arqui tetura gótica flam ej a nte e um dos ma is be los complexos monacais da E uropa. Está edificado nas proximidades do loca l o nde se de u a bata lha (cerca de 15 quilô me tros da c idade ele Le iri a) .

Ji'u11dação da Casa ele IJl'aga11ça Te ndo e ntrado cedo na carre ira das ar mas, logo após, aos 16 anos, Nu no Á lvares contrai nú pc ias com Dona Leonor Alvim. Desse casame nto, inter-

Escudo da Ca sa de Bragança

é senão um a pre pa ração p a ra a outra, qu e é a d as be m a ve nturanças e te rnas, Nuno Álvares va i reco lhe r-se no conve nto cio Carm o, em 1423. A proc ura d a transcendê nc ia e do Absoluto, que é o nosso De us Uno e Trino, e nc herá a sua alma sede nta até o último suspiro. Aqui já não impo rta m os títulos, mas a atitude. P rofessará como irmão carme lita e se to rnará o paladino da autê ntica caridade cristã, di stribuindo esmo las e ajuda ndo os ma is necess itad os. Sim , pa ra e le, servir a C risto era auxili ar os ma is po bres : Se rvir-vos, Se nho r, é re ina r, di z a Escritura. Ce rtame nte, com o seu exemplo, fez ma is pe los pobres que os " profetas" d a Teologia da Libertação. Certa co rre nte hi s to ri ográfi ca , d e ma tri z rac io na li sta e ag nóstica, te m te ntado descontex tua li za r a é poca e a vicia do Condestá ve l. Embo ra a cava la ri a possa ter tido um co meço po uco c laro, a lu z que e la irradi o u superou qua lque r paradi g ma a nte ri o r. Coragem, lea ldade, ge ne rosidade, fid e lidade à Igreja, o bedi ê ncia, castidade, cortes ia, humildade e be ne fi cênc ia resumi a m numa admiráve l síntese o espíri to ela ca vala ri a. Lo nge vão os tempos e m que estas virtudes era m res pe ita d as. Se o lha rmos à nossa volta, se es pre ita mos as páginas de uma rev ista o u jo rn a l, aque les princípi os parecem hoje es pé c ies e m vi as ele extinção .. .

A honra cios a/t;ares Em 143 1, co m 7 1 anos inco mpletos, e ntrega a sua a lma ao Rede nto r. Na ig reja do Carmo, sobre a campa rasa, lia-se e m latim: "Aqui repousa aquele Nuno, Condestável, fundador da

Casa de Bragança, chefe militar exímio, depois monge bemaven/u rado, o qual, sendo vivo, desejou tanlo o Reino do Céu que mereceu, depois da mor/e, viver elem amente na companhia dos sanlos; pois, de seguida a numerosas recompensas, desprezau as pompas e, f azendo-se humilde, de príncipe que era, fiuulou, ornou e dotou este templo". D epo is ele muitos pe rc alços hi stó ri cos, sobretudo devido

Nuno Álvares Pereira , santo Condestável

ao te rre moto ele 1755 , que de vasto u Li sboa e a ig rej a do Carm o, os seus restos mo rtai s re pousam, desde 1951 , na igreja do Santo Condestá ve l na capita l po rtu g uesa. Nuno Ál vares Pe re ira, sa nto Condestável, F re i Nun o de Sa nta Mari a - três no mes, três facetas de um só ho me m . Beatificado por Be nto XV e m j a ne iro ele 19 18, será canoni zado po r Be nto XVl e m 26 de abril ele 2009 . Para a Orde m Carme lita, é ma is uma estre la que brilha rá na conste lação dos santos que ho nra m os seus a lta res. • E-mail cio aulor: catoli cismo @catoli cismo.com .br

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REVOLUCÃO E CONTRA-REVOLUCÃO: 50 ANOS .•·. .

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introdu zido nas leg islações de q uase todos os países do mu ndo, aniquil ando qualquer vestígio de senso moral, prepara os es píritos pa ra descala bros a ind a ma io res, po is "abyssus abyssum invocat" (um abismo atrai outro abi smo).

Um autêntico

best-seller

Crise nos países: impera o medo; ninguém se sente seguro, incólume diante do alastra mento da crimina lidade e do terrorismo; nenhum futuro está garantido face à cri se econô mica internacio na l; focos de te nsão, como os do Orie nte Médi o, podem se tra nsformar de um momento para outro no estopim de uma grande guerra mundi al.

Crise na Igreja: a autoridade eclesiástica vai sendo contestada por um número crescente de clérigos e fiéis; escândalos morais vão espocando sem cessar, no laicato e no clero; e a Religião cató lica vai sendo substituída pela " religião" laica, ou então pelo ocultismo, pelas seitas ligadas às chamadas "energias universais" que constituem hoje o que há de mais " moderno". E o satanismo, a versão "hard" do ocultismo, encontra acolhida junto a boa parte da juventude atuaJ. Nesta perspectiva sombria, vem à mente o verso de Camões:

Num mundo em crise, uma chave de interpretação I mportância atualíssima do ensaio Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado há cinqüenta anos na centésima edição de Catolicismo 111 RENATO MU RTA DE VASCONCELOS

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stamos num mundo e m cri se. Crise de fé, cri se moral, crise econômica. E la é universal, avassaladora, onipotente. Atinge os indivíduos, as fa mílias, as instituições. Não há povo que tenha sido po upado por ela, ne m mesmo o fo i a Santa Igrej a. É triste esta constatação, que a generalidade dos ho mens faz a todo momento.

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Crise nas almas: o isolamento, a fa lta de esperança e de ideais lançam os indivíduos no desespero, nas drogas, nos crimes bárbaros e hedi ondos, na e utanásia, no sui cídio. Crise nas família s: o de pe rec im e n to d o casamento monogâmico entre home m e mulher, segundo a natureza, dá lugar a uniões de todos os tipos: ho mossex uais, po lig ínicas, po liândricas, entre velhos e j ove ns, e ntre adultos e crianças, uni ões temporári as ou a prazo fi xo; o aborto, praticamente

No mar tanta tormenta e tanto dano, Tantas vezes a morte apercebida! Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida! Onde pode acolher-. e um fraco humano, Onde terá segura a curta vida, Que não se arme e se indigne o Céu sereno Contra um bicho da terra tão pequeno? (Lusíadas, Canto l, 106) *

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A grande crise universal tem raízes morais, e se assemelha a um moloch avassalador que destró i tudo à sua passagem . Ameaça o mundo inteiro. E ao Brasil também. Como se pôde chegar a essa situação praticamente sem saída? Ex iste uma solução definitiva, humanamente fa lando, pa ra essa grande cri se universal? São perguntas angustiadas que muitos se faze m. Uma cri se é uma ano ma li a, uma doença que atinge um organi smo antes sad io. Ora, nenhuma mo léstia pode ser combatida sem o conhecime nto de suas causas e de seus efeitos, de seus grandes traços e características essenc iais. Este é, entre outros, o grande contributo de Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Olive ira, obra que estuda profun damente "a crise do homem ocidental e cristão" e seus efeitos sobre a sociedade e o Estado. Nessa perspectiva, para quem queira orientar-se em meio à grande cri se que atinge o mundo moderno, é indispensável o estudo dessa obra, que é a chave de in terpretação dessa crise.

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lé m ~as edições em português publicadas no Brasil (duas e m 1959, uma e m 1982, uma em 1993 e outra em 1998), Revolução e Contra- Revolução te ve a inda 12 edi ções em espanho l: Argentina (2 edi ções em 1970 e uma em 1992), Chile ( 1964 e 1992), Colômbi a (J 992), Equ ado r ( 1992), Es pa nh a ( 1959, 1965, 1978, l992)e Pe ru ( l 994); duas e m francês: Brasil ( 1960) e Canadá ( 1978); três em ing lês: Estados Unidos ( 1972, 1980, 1993); três em itali ano ( 1964, 1972, 1977); uma em ro meno ( 1995) - pe rfaze ndo um tota l de 25 edições. Foi ainda tra nscri to e m jornais o u rev istas do Bras il , Angola, Argentina, Colômb ia, Espanha, França, Itáli a e Venezue la, alcançand o um a tirage m tota l (exc luíd as as tra nsc ri ções pa rc ia is) de 123. 700 exempl ares. As ed ições a seguir já incluíram as atua lizações: Argentin a, C hil e, Co lômbia, Equador e Espanha (todas em l 992), Estados Uni dos ( 1993), Brasil ( 1993, 1998), Peru ( 1994, 2005), na Ro mê ni a ( 1995), na Al emanha ( 1996), na França ( 1997), Po lô nia ( 1998, 200 1, 2006, 2007) e Bie lo- Rúss ia (2008).

A edi ção e m portu guês de Revolução e Contra -Revolução pode ser e ncome ndada na Artprcss (Ind ústria G ráfica e Ed itora Lida), Ru a Javaés, 68 1 - Bom Reti ro, O11 30-0 1O - São Paul o - SP Brasi l, Te l. (0 11 ) 333 1-4522; e-ma il : arl press @arlpress.com.br

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É o que aconselhou o famoso ca noni sta Pe. Anastasio Gutiérrez, ao sugeri-l a como objeto de e nsino nas gra ndes universidades ocidentais. Porém não se trata de um a obra mera me nte especulativa. Estudando a gra nde c ri se do mundo ocidental e cristão, Plini o Corrêa de Oliveira indica os me ios pe los quais e la pode ser debelada. É po rtanto um manual indi spe nsável para todos os contra- revolucio nários que se e mpe nham na restauração da ordem socia l cristã.

Um pl'eito <le homenagem e gmti<lão Há precisamente 50 anos, as páginas do número 100 de Catolicismo traziam a lume, em primeira mão, essa obra-mestra de Plinio Corrêa de Oliveira, escrita como fruto de seu grande amor à civilização cristã e de seu empenho por restaurá-la desde os fund arnent~s. Esse amor, impulso de todos os seus a ne los e móvel de todas as suas ações, e le o teve desde a sua mais tenra idade e o conservo u até seu último ale nto. Daí e le afirmar num texto luminoso e de ressonânc ias poéticas: "Quando ainda muito jo-

vem, considerei enlevado as ruínas da Cristandade, a elas entreguei meu coração. Voltei as costas ao meu futuro e fiz daquele passado carregado de bênçãos o meu porvir... "

Plinio Corrêa de Oliveira apresenta as linhas mestras de seu pe nsa me nto no e nsa io Revolução e Contra- Revolução. M a is atual do que nunca, c inqüe nta a nos depois do seu lançame nto, constitui um precioso ma nual teórico-prático que ve m susc ita ndo o surg imento de mo vimentos contra-revolucionári os atuantes nos c inco continentes . O que é propriamente a Re volução? Não se trata aqui de um fato meramente episódico, regional ou nac io na l, mas de um fenômeno hi stóri co, multissecular e unive rsa l. Conhecerlhe as linhas mestras, é fundamental para todos os que quere m compree nde r o imenso caos das a lmas, das me ntes e das in stituições e m nossos dias, e assim defende r os restos ainda vivos d a civilização cri stã . Em seu Auto-retrato .filosófico - red ig ido a pedido do fi lósofo letão P. Stanislav Ladusans SK ( 1912- 1993) e publicado por Catolicismo e m sua edição de o utubro/L996 - Plínio Corrêa de Oliveira ap resenta uma síntese de sua o bra-mestra. Dessa síntese apresentamos abai xo uma conde nsação, como preito de home nage m e gratidão àq ue le que foi e permanece a alma d e nosso me nsári o. • E-mail do aut or: renatovasconce los@catolici smo.com.br

Auto-retrato filosófico de Plinio Corrêa de Oliveira Condensação da parte referente a

Revolução e Contra-Revolução

As crises nascem das paixões desordena<las Há que m imagine todas as cri ses da c ultura e da c ivili zação co mo nasc idas necessariame nte de a lg um pe nsado r, de cuja me nte possante partiria sempre a cente lh a esc larecedora - ou destruidora - que se comunicaria prime irame nte aos a mbientes de alta c ultura e ga nhari a depois todo o corpo soc ial. É c laro que, po r vezes, as crises nasceram desse modo. Mas a Hi stória não confirma que ass im te nham nasc ido todas e las. E e m particular não nasceu assim a c ri se que de te rminou o declíni o ela Idade Méd ia e susc itou o Humani s mo, a Re nascença e a pseudo- reforma protestante. Pelo próprio fato de a Igreja pedir ao home m uma a usteridade de costumes penosa para a natureza huma na decaída, sua influê nc ia sobre cada alma, cada povo, cada c ultura e cada c ivilização es tá continuamente ameaçada. A s paix ões desord e nadas, atiçadas pela ação pre te rnatural do poder das trevas, solic itam continu ame nte ho me ns e povos para o ma l. A de bilidade da inte li gênc ia huma na é explorável po r essas tendências. O homem facilmente e ngendra sofis mas para justificar as más ações que deseja prati car o u j á pra ticou, os maus costumes que contraiu ou es tá co ntra ind o. Disse-o Pa ul Bourget: "Cumpre viver como se pensa, sob pena de, mais cedo ou mais tarde, acabar por pensar como se viveu" (Le Démon du Midi, Plon, Paris, 191 4, vol. H, p. 375). Especia.lmente duas paixões podem suscitar a revolta do home m contra a moral e a fé cristãs: o orgulho e a sensualidade. A tendência que o orgulho e a sensualidade despertam orie nta-se para a abo li ção de toda desigualdade, toda autoridade e toda hie rarqu ia.

No Humanismo e na Renascença revela-se a hostilidade ao sobre natural , ao Magistério da Ig reja, bem como à austeridade dos costumes. No Protestantismo se encontram o livre-exame, o minimalismo e m face do sobrenatural , o favorecimento do divórcio, a abolição do estado relig ioso, das austeridades e suje ições ex pressas nos votos de pobreza, castidade e obediênc ia, e a e liminação virtual da hierarquia eclesiástica.

A segunda rc, 10/11ção: Enciclope<lismo, absoluUsmo, Re110/ução Francesa A corrupção dos costumes, que viera c rescendo desde o fim da ldade M éd ia, atingiu no sécul o XVIII um gra u que espa ntava até a lg uns de seus corife us. A socied ade francesa, túmida dos fato res que nos países nó rdi cos hav ia m prod uz ido o Protestanti s mo, se pre parava, através do e nc icloped ismo e do absoluti smo, para um a co nvul são profunda, que outra co isa não seria senão a projeção na esfera po líti ca, social e econô mica, com novos desdobramentos no campo re li gioso e fi losófi co, daquilo que fora a essência cio Protestantismo. O sentido ig ua litá rio, antimonárquico e antiaristocrático da Re vo lução Francesa é a projeção, na esfera c ivil , da te ndê ncia igualitária que levou o Protestantismo a reje itar os e lementos aristocrático e mo nárquico da hienu·q ui a ec les iástica. O fe rme nto comunista que trabalhava a extre ma esque rda da Revolução, e

Tomado do Bastilha no início do Revolução Francesa

A primcirn rn1 10/11ção: Humanismo, Renascença, Protestantismo O declínio da Idade Médi a foi marcado por uma explosão de o rg ulho e sensua lidade. Essa exp losão ge rou tendências ig ualitá ri as e libera is, que não fi zeram senão prog redir nos séculos seguintes.

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m dos pressupostos desse e nsa io é que, ao contrá ri o do que pretendem tantos filósofos e soció logos, o c urso da História não é traçado exc lusiva o u preponderantemente pe las injunções da maté ria sobre o ho me m. Estas influe m, sem dúvida, no ag ir humano. Mas a direção da Hi stóri a pertence ao homem, dotado que é de a lma racional e livre. Assim, ao mesmo tempo que se e leva na vida da graça, o homem vai, pela prática da virtude, e labora ndo uma c ultura, uma ordem política, econô mi ca e soc ia l e m inte ira consonânc ia com os princípios básicos e perenes da Lei natural e da Lei de Deus. É o que se cha ma a civ ilização c ristã. Daí resulta que as nações só podem alcançar a c ivili zação perfeita, que é a civ ili zação cri stã, mediante a correspondê ncia à graça e à fé, o que inclui um firme reconhecimento da Igreja Católica como única verdadeira, e do M ag istério extraord in ário eclesi,istico como infa líve l. Assim, o ponto-chave ma is profundo e ma is central da História consiste e m que os ho me ns conheçam, professem e pratiquem a fé católi ca.

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que acabou por se explicitar em movimentos como o de Babeuf, não era senão o símile laico dos movimentos comunistas, como o dos irmãos morávios, que brotaram daquilo que se poderia chamar a extrema-esquerda protestante. C umpre in sistir: o Protestanti s mo, o Humani smo, a Renascença não foram senão as pectos que o espírito an árquico e igualitário tomou em sua lo nga trajetória hi stórica. A Revo lução F rancesa não fo i senão um aspecto novo e ainda ma is enérg ico desse mesmo espírito.

Revolução e Contra-Revolução nos Ambientes, Costumes, Civilizações

A terceil'a revolução: o comunismo utópico e a igualdade social Já antes que a industria li zação fo rmasse as grandes concentrações .de proletários subnutridos, o comunismo utóp ico denunciava como uma burla a mera igualdade políti ca instituída pe la burguesia e exig ia a igualdade soc ia l e eco nômica absolutas. O anarqui smo, que sonhava com um a sociedade sem autoridade, se propagava. Esses princípios radicais, que na fase do comunismo utópico tiveram um número restrito de militantes, não obstante alcançaram mais tarde, no Ocidente, uma prodig iosa difu são. A grande realização de Karl Marx não fo i, a meu ver, a e laboração do comuni smo dito científico, doutrina confusa e indigesta que poucos conhecem. O marxi smo é tão ignorado pelas bases comuni stas e pela opinião públi ca de nossos di as quanto as eluc ubrações de Plotino o u Averró is. M arx conseguiu , isto sim , desencadear a ofensiva comuni sta mundia l coligando os ade ptos de uma tendência radicalmente igualitária e anárquica, toda e la inspirada no comuni smo utópico.

Um substmto igualitário e anárquico De todas estas considerações ressalta com cl areza o princ ipal fa tor do caos em que o Ocidente vai afundando, e para o qual vai levando o resto do mundo. Esse fator é a aceitação muito generali zada das tendê ncias e do utrinas de substrato igualitário e anárquico, as quais, inteiramente démodées nos círculos propriame nte inte lectuais, contin ua m no entanto a influe nc iar a fundo a opinião pública. E assim serve m de isca aos comunistas para arrastarem atrás ele si, e m dete rminadas conjunturas políticas passadas e presentes, as turbas com que pretende m arrasar os últimos resquíc ios de sacralidade e hierarqui a da c ivilização cristã ainda exi stentes. Se queremos po is deter os passos à nova catástrofe que nos espreita, cumpre princ ipalme nte desfazer o trág ico erro do utrinário que identifi ca a igualdade absoluta com a justiça absoluta; e a liberdade verdade ira - à qu a l a Verdade e o Be m faze m jus - com o livre c urso e até com o favo recimento ele todos os erros e de todos os desregramentos . Isto nos leva a pensar na Contra-Revo lução. A grande necessidade de nossos dias é assinalar os erros metafísicos fundamentais da Revolução e a coesão íntima ex istente entre esses três vagalhões que se jogaram sucessivamente co ntra a C ri stand ade oc id e nta l: num a prim e ira e tapa, o Humanismo, a Renascença e a pseudo-reforma protestante (primeira revolução); mais tarde, a Revolução Francesa (segunda revolução); e por fim o comuni smo (terceira revolução).

CATO LI C IS MO

AMBIENTES

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STUMEs , CIVILIZAÇÕES

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A quarta revolução nascente Entretanto, esse pano rama não seria completo se se negligenc iasse uma transformação interna na terceira revolução: é a quarta revo lução que dela vai nascendo. Não é possíve l prever, por ora, dentro da perspectiva marxista, como será a quarta revo lução. Ela de verá consistir, segundo os próprios teóricos marxi stas, na derrocada da ditadura do proletariado e m conseqüê ncia de uma nova cri se, por fo rça ela qual o Estado hipertrofiado será víti ma de sua própri a hipertrofia. E desaparecerá, dando o rigem a um estado de coisas c ientificista e cooperativi sta, no qual - di zem os comuni stas - o homem terá a lcançado um grau de liberdade, igualdade e fraternidade até aqui insuspe itáve l. Como? - É impossível não perguntar se a sociedade tribal sonhada pelas correntes estruturalistas não dá uma resposta a esta indagação. O estrutura]jsmo vê na vida tribal uma síntese ilusória entre o ·auge da liberdade individual e do coletivismo consentido, na qual este úl timo acaba por devorar a liberdade. E m tal coletivismo, os vários eus ou as pessoas individuais, com o seu pensame nto, sua vontade e seus modos de ser característicos e conflitantes, se fundem e se dissolvem - segundo eles - na personalidade coleti va da tribo geradora de um pensar, de um querer, de um estilo de ser densamente comuns. A Parte III de Revolução e Contra-Revolução termina com considerações sobre essa quarta revolução nascente. Foi escri ta e m novembro de 1976 e posteri ormente acrescida de alguns comentários do autor, os quais fora m reprodu zidos em Catolicismo nº 500, de agosto de 1992.

m 1951 , com a maior parte cios a~ti_g?;'> colabora?ores do "LegioELECiAN(I A E DESTREZA nano , comece, a escrever no VENCENDO mensário Catolicismo. Foi também em A FORÇA 'il' , \1 )1<() (11'111< ' 0-II N <> N , \ 1-:I< ,\ Catolicismo que cri ei e mantive, durante vários anos, a seção Ambientes, E A MATERIA Costumes, Civilizações, por muitos apontada como a e xpressão rica e original de uma esco la ele produção in te lec tual. Essa seção co nstava da aná li se comparativa de as pectos do presente e do passado, tendo por obj e to mo num e ntos hi stó ri cos, fis io no mias caracte rísticas, obras de arte ou de artesanato, ap resentados ao leitor atra vés de fotos. Tal análi se, fe ita à luz dos princ ípi os que ex pli c ite i e m Revolução e Contra- Revo lução, tinh a po r meta mostrar que a vida de todos os dias, e m se us aspectosápices ou trivi ais, é s uscetíve l de ser penetrada pe los mais altos ) 1'1''. ll(,Jo lrni ( pri ncípios da F ilosofia e da Reho :t 1 ) frrq,1(" lig ião. E não só penetrada, mas n,1n r. '"" també m utili zada como me io ' li adequado para afirmar ou então negar - de modo implíc ito, é verdade, mas insinuante e atuante - ta is princípi os. De ta l fo rma qu e, freqüentemente, as almas são modeladas muito mais pelos princípios vivos que pervade m e embebe m os ambie ntes, os costumes e as c ivili zações, do que pe las teori as por vezes estereotipadas e até mumifi cadas, prod uzidas à reveli a da realidade em algum isolado gabinete de trabalho, ou postas e m letargo em a lguma biblioteca empoeirada. De onde a tese ele Ambientes, Costumes, Civilizações consistir e m que o verdadeiro pensador também deve ser no rmalmente um observador anali sta da rea lidade concreta e pa lpável de todos os di as. Se cató lico, esse pensador te m ade ma is o dever de procurar modifi car essa mesma realidade, nos po ntos e m que e la contradi ga a do utrina cató lica (Plinio Corrêa de Olive ira, Auto- retrato Filosófico, Catolicismo, outubro/1 996).

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Ambientes, Costumes, Civilizações, Catolicismo nº l l 7, setembro de 1960

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Prefácio inédito para a edição alemã de Revolução e Contra-Revolução

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Prof. Plínio Corrêa de Oliveira define neste prefácio, escrito ainda na década de 70, os conceitos de "direita, centro e esquerda" em de "direita, centro e esquerda" em função do fenômeno revolucionário, e explica ao público alemão o interesse de sua obra. Lamentavelmente, os editores da primeira edição teuta de Revolução e Contra-Revolução, rica e belamente ilustrada, desconheciam este texto 1 quando prepararam a publicação. O livro veio a lume em 1996, editado pela Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur (DVCK), com sede em Frankfurt am Main.2 (Foto da capa à direita)

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O presente trabalho trata de questões que movimentam a fundo os ambientes cultos e parti cularmente a eli te católi ca do Brasil. Entretanto tais ques tões podem des pertar interesse ta mbém em largos círculos cio âmbito cultural alemão, pois tra ta-se de probl emas universai s. A ss im se ex pli ca o fa to ele que, logo após o aparec imento da edi ção em portu guês, tenham sido dirigidos ao autor pedidos de tradução e publi cação em outras lín guas - itali ano, espanhol, f rancês - e que uma edi tora alemã tenha mostrado interesse numa tradução para o alemão.

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E xi stem em todos os parl amentos cio mundo três pos ições : a direita, o centro e a esquerd a. Essa cl ass ifi cação serve igualmente, na opini ão pú bli ca dos povos, para qu alifi ca r as di versas correntes. Trata-se portanto ele um fenômeno uni versa l. À primeira vista essa di visão pode parecer clara e convincente. Porém, quem pensa um pouco a respeito dela chega à conclusão de que se trata ele conceitos relativos. O Partido Trabalhista na Inglaterra, por exemplo, representa sem dú vida a esquerd a do Parl amento inglês; contudo seus membros mais moderados são menos pmgressistas cio que certos democrata-cri stãos da Itáli a, os quais constituem o centro cio Parl amento italiano. Os conceitos ele 'centro, direita, esquer-

C ATOLICISMO

da' vari am portanto ele país para país e ele época para época. Uma boa paite dos programas cios atuais paiti clos de centro poderi a ser des ignada, antes ela Primeira Guerra Mundial, como sendo de esquerda. Atuai s pait idos de direita teriam sido colocados no centro antes de 19 14. Essa rea lidade revela de modo cl aro e definido que, hoj e em dia, muito mais co isas se encontram por detrás elas palavras ' centro, direita, esquerda'. N ão deveri am ser elas substituídas por outras ex pressões mai s apropri adas ao nosso tempo? Muitos pensam assim. Porém essa é uma conclusão apressada e simplificante. Indubitavelmente mostra-se nessa desvalorização e relativi zação das palavras, que se deu ao longo cios últimos decênios, não apenas uma cri se ela língua, mas também uma cri se mais profunda do pensamento. Por isso, não tem sentido substi tuir os vocábulos 'direita, centro, esquerda" por outros. D evemos empregá-los, mas com prudência e cuidado. I sso nos ajuda - pelo menos em certo sentido - e nos oferece também a necessári a cl areza no exprimir. A monai·qui a, por exemplo, é vista no mundo inteiro como uma forma ele governo de direita. N a esfera religiosa, os presbiteri anos estão muito mais à esquerda cio que os anglicanos e os luteranos. Na esfera soc ial, são consideradas leis de esquerda as que suprimem o patro-nato, em contraposição às leis que o protegem. A esse respeito ninguém alimenta dúvidas. Uma investi gação desses fa tos conduz à constatação ele que a pos ição ele direita se harmoni za mais com os princípios ele ordem, hi erarqui a, austerid ade e di sciplina que ca racteri zaram a ord em medi eval. 'Esquerd a' signifi ca então afastar-se desses princípios; e portanto, ipso fac to, estar ligado aos princípi os opostos. A ssim conserv am as palavras 'centro, esquerd a, direita' um sentido profundo, lóg ico, se bem que sutil. Se tomarm os dois pólos espirituais, num se encontra a direita, e no oposto a esquerd a.

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Se essa expos ição corresponde à verdade, então a Hi stória, em suas grandes correntes, migrou no decurso cios últimos sécul os ele um pólo para outro. M ais cl aram ente expresso: houve uma Revolução. Também os homens podem ser class ifi cados de acordo com três tendências: aqueles que reconhece m a Revolu ção, pelo menos de modo pouco claro, e se contrapõem a ela - a direita; aqueles que sabem da exi stência ela Revolução e a conduze m rápida ou lentamente rum o ao seu obj etivo - a esquerda; aqueles que não conhecem a Revo lução enquanto tal, ou que lhe percebem apenas as pectos superfi ciais, e que se empenham, mantendo o status quo, por estabelecer uma paz com a Revolução - o centro. A direita cio centro e a direita empenham-se em grau s diversos na luta contra a Revolução . A esquerda do centro e a esquerda se esforça m, também em grau s diversos, em promover o progresso da Revolução. Por mais diferentes que possam ser os grupos parl amentares ou políticos, no fund o são essas as três pos ições poss íveis face à Revolução. Os movimentos que se dedica m a promover a Revolução trabalham muitas vezes com a roupagem cio centro, a fim ele poderem fazer seu j ogo às oc ultas. Correntes de esquerd a fa lam também a linguagem da direita, para poderem ganhar os incautos. Esses di sfarces não af etam contudo nossa classificação, pois o lobo em pele ele ovelha perm anece sempre lobo.

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M as o que é propri amente esta Revolução? E no que con siste a Contra-Revolução? Esses são probl emas interessa ntes e profundos que se escondem por trás do j ogo ou da luta entre centri stas, direitistas e esquerdi stas. Uma numero a eli te católi ca proveniente de todas as partes cio Brasil , e que se reuniu em torn o do mensári o de cultura Catolicismo , se ocupa dessas questões. O presente trabalho é minha resposta pessoa l a essas questões, mas representa também a convicção desses grupos ele elite. E mbora este tra balho tenha um caráter eminentemente cloutri m'íri o, corresponde entretanto a um interesse prático, pois uma ação contra-revolucionária profund a e efi caz não pode ser feita sem o conhec imento exato ela essência, el as metas e dos métodos ela Revolu ção. A Revolução é apresentada neste trabalho como sendo a irreligião; e porta nto, ipso fa cto, como uma ruín a cios cos tumes e el a ci vili zação. E m sua Encícli ca Ad Petri Cathedram ele 29 ele junho ele 1959 (a edição portu guesa deste trabalho j á hav ia sido publi cada), di z o Papa João

XXIII: "Todos os homens estão, portanto, obrigados a abraçar a doutrina do Evangelho. Uma vez rej eitada, vacilam. os próprios f undarnentos da verdade, da honestidade e da civilização" . Essas palavras ci o Santo Padre correspondem ao nosso pensamento.

O orgulho e a se nsualidade cio fim da Idade M édi a geraram movimentos culturais (Renascença) e correntes reli giosas (protestanti smo) com mati zes igualitári os e libera is. A transpos ição desses movimentos para a esfera políti ca deu ori gem à Revolução Fran cesa. Esta, por sua vez, conduziu ao comuni smo, que representa a difu são desses erros para o campo econômico-soc ial. A Contra-Revolução, portanto, deve ser sobretudo um movimento que se empenha na promoção ele uma restauração moral e reli giosa séri a, co mo fundamento ela reconstrução ele uma civili zação cri stã austera e hierárqui ca. A partir desses pontos fundamentais, desenvolvemos neste trabalho a análise da Revolução e ela Contra-Revolução.

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O leitor alemão pode estar talvez surpreso com o fato ele um brasil eiro tratar deste tema e aprese ntá- lo deste modo. Contudo não hc1 ra zão para ta l surpresa . O B ras il é fi lho de Portu ga l, cio qu al herdou sua grandeza e sua admirável energia, mas também os problemas dolorosos qu e ameaçam toda a civili zação cri stã. Todas as questões que preocupam um católi co alemão ocupam também a nossa atenção, com a mes ma intensidade e pela mesma razão. L aços ainda mais profund os li gam o leitor alemão aos brasil eiros, o que se ex pli ca pela influ ência ci o mundo germ âni co sobre a hi stória ele nosso povo. Quando Portu gal se uniu à Coroa es panh ola sob Felipe li , no ano de 1580, o Bras il passou a pertencer aos Es tados ela Casa d , Á ustria. Com isso, a form a de governo e a concepção políti ca cios Habsburgos trouxe para nosso País imensas e inesquecí ve is bênçãos . M ais tard e, no séc ul o XIX , a Arquiduquesa L eopoldina ele Habsburgo, filh a de Francisco [[, Imperador cio Sacro lmpéri o Romano Alemão, uniuse em matrimôni o ao herdeiro cio trono de Portu gal, D om Pedro de Bragança. Dona Leopoldina exerceu ponderável influência na decl aração de independência do Bras il e na edifi cação de nosso Impéri o. Por essas e outras razões, não é entre nós pequeno o número cios que contemplam co m admiração o Sacro Impéri o Romano Al emão e nele vêem uma institui ção autenti ca mente cri stã e ele alto tino político, cuj a idéia poderi a se torn ar frutífera em nossos di as e nos tempos vind ouros. O amor a esses princípios, radi cados nos nobres povos de língua alemã, anima as linhas qu e se seguirão. 1. É de lament ar o desa pareci men to cio ori ginal portu guês deste prefác io. O tex to que aqui reprodu zimos é a tradução, feita cio alemiio, por Renato Murta ele Vasconcelos. 2. Le itores brasil eiros que eventu alm ente se interessa rem pela ob ra podem encomendá-la diretamen te no seguinte endereço:

DYC K e. V Emil -von-Behri ng-Str. 43 60439 Fra nkfurt am M ai n - A lemanh a

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doce perfume das laranj eiras em flor, que pai ra em toda a cidade, surpreende quem pela primeira vez visita Sevilha. Em certas esqu inas, durante a Semana Santa, esse perfume se mistura com nuvens de incenso que se elevam dos cortejos, e também com o cheiro da cera quente derramada pelos milhares ele velas dos andores, carregados por penitentes quedesfilam. Apesar ele um ditado afirmar que em Sevilha o ano inteiro é como se fosse Semana Santa, essa sensação olfativa é única e acompanha quem caminha pelas ruas ao longo desses dias. Na Semana Santa não somente se respira, mas se toca, se contemp la, sente-se vibração, reza-se, chorase, ca nta-se. A poesia está presente em todos os ambi entes: nos fl orid os pátios intern os das casas, muitas vezes visívei s da ru a através ele lindas grades ele ferro forjado; nas capelinhas onde estão expostas as insígni as elas confrarias; nos andores processionais ri camente adorn ados, com suas imagens reprodu zindo os diversos momentos ela Paixão ele N osso Senhor Jes us Cristo.

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Peculiar forma ele sacralização da vida temporal Foi para praticar um ato público ele fé, em reação aos erros do protestantismo, que a partir cio sécu lo XVI as confrari as saíram às ruas com seus pesados andores, levando em procissão suas imagens para proclamar publi camente sua fé. Assim, representavam aos olhos de todos uma lição palpável ele como se deve cultuar a Paixão ele N osso Senhor e as dores ele Nossa Senhora, co-redentora. É ele se considerar que tais manifestações são por vezes mais eloqüentes e eficazes do que mil sermões. Por isso, o penitente que desfila durante longas horas carregando uma enorme vela acesa, revestido de uma túnica e do capuz pontiagudo que o torna anônimo, recebe o nome de " nazareno": ele participa por sua penitência ela Paixão de nosso Redentor, procurando tornar-se assi m um outro Cri sto. As confrarias - são mais de 50 que desfilam só na Semana Santa sev ilhana - organi zam as procissões e cuidam da conserva ção de suas imagens, verdadeiras obras de arte barroca. Ademai s, promovem através desses atos ele piedade e ele cu ltu.ra cató lica um autêntico aco ntec imento na soc iedade moderna, através cio sustento e desenvolvimento ela reli gios idade popular e também mediante suas obras ass istenciai s e caritativas ele gra nde porte. A parte cultural inclui ainda a conservação de seus arquivos e ele sua hi stória, a organi zação de conferências e reuni ões periódicas, bem como semanas ele estudo sobre "fé e cultura" . Todas essas ativ idades têm no centro o gosto pelo belo e constituem um a forma particular ele sacra li zação ela vicia temporal.

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A cidade sai em grandiosas pmcissões Caminhando pelas ruas da cidade ainda nos primeiros momentos da tarde, o vi sitante cruza com os penitentes já revestidos da túni ca e com o capuz posto, que se diri gem para a igreja de onde deve sa ir a proc issão de sua confraria. Como são cerca de sete ou oito confrari as, com milhares de penitentes a cada dia, o movime nto é contínuo. Causa rara impressão estar esperando a abertura do semáforo para atravessar uma rua, tendo ao lado dois ou três desses personagens que parecem saídos de uma outra época. Algun s vestidos inteiramente de negro, com cilício de corda por cima da túnica; outros de bra nco, ou com o capuz e o escapul ário de distintas cores. Bom número deles caminham desca lços, outros apenas com uma simples sandáli a. Vão caminhar ass im durante horas. Di ante da igreja de onde sairá o cortejo, com as fa nfarras que devem acompanhá- lo, o público se aglomera. Na hora marcada, a porta se abre de par em par e aparece primeiro a cruz de guia, abrindo alas para um impressionante cortejo de austeridade e de fé. Atrás, entre os primeiros grupos de penitentes faze ndo fil a dupla, ve m o senatus - um emblema com as iniciais "SPQR", símbolo da Roma antiga - para lembrar que fo i debaixo do poder do império romano que morre u Jesus, e que naqueles di as Sevilha (então chamada Hispalis), já era uma cidade importante e fo rtifi cada, cujas muralhas tinham sido levantadas séculos antes por Júlio César. Vári as centenas de pe nitentes continuam sa indo da igreja, cada grupo com o seu zelador e com di versas insígni as, gonfa lões e bandeiras - a da Santa Sé, be m como o estandarte da confrari a - com fra es inscritas como esta: "ln cruce est vita, salus et ressurectio nostra" (Na Cruz está a nossa vida, salvação e ressurreição). O livro que conté m as regras da confraria, ricamente decorado com fec hos de prata, é levado solenemente por uma guarda de honra. Segue-se o pesado andor de Cristo, de madeira preciosa esculpida ou recoberto de ouro, com candelabros barrocos e fl ores, sobre o qual está representado algum dos momentos da Paixão: Nosso Senhor carregando a Cruz; o beijo de Judas; o Divino Corpo sendo levado ao tú mulo; ou várias estações da Via Crucis. O andor é carregado ao ombro por 40 portadores denominados costaleros, escondidos debaixo do andor coberto até o chão com pesados veludos, ocul tos aos olhos dos observadores. Cada um carrega um peso de 50 ou 60 quil os sobre os ombros. Anti ga mente os carregadores do porto faz ia m esse trabalho, que era remunerado. Mas desde o fim dos anos setenta, após a desapari ção da profissão dos estivadores substitu ídos por máquinas, são me mbros voluntári os da confra ri a que desempenham essa fun ção. Um pano dobrado cobre- lhes a cabeça, servindo para alivi ar o peso

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sobre as vértebras do pescoço, o nde se apóia a pesada trave do andor. Adiante, o capataz vestido de negro, com ordens breves e rápidas, dirige o pesado andor enquanto os portadores cam inham às cegas. Uma segunda eq uipe ag uarda, com o pano já dobrado sobre a cabeça, pronta para substituir regularmente os companheiros. A fa nfarra toca marchas fúnebres, os tambores com fo rtes go lpes fazem vibrar os peitos, os clarins lançam lamentações que rasgam os ares. O andor avança le ntamente, ac ima das cabeças do público compacto, gira pouco a pouco no sentido da rua, e depois avança com passo mai s rápido, no meio do estrug ir dos aplausos comoy idos.

E'm hom·a da Vfrgem co-rede11tora da hwna11idade Sai agora da igreja outra bandeira muito especial o Sinpecado, que leva a inscrição "Sine labe concepta", em honra da Virgem Imaculada - lembrando a verdade de que Nossa Senhora foi concebida sem pecado original e o voto de defendê-la, fe ito pelas confrarias séculos antes da proclamação do dogma pelo Papa Pio IX. Essa pequena bandeira an uncia a saída do Pálio da Virgem, que já aparece no umbral da porta. O ando r de Nossa Sen hora, de prata trabalhada, é coberto por um pálio. A devoção fili al para com a Virgem co-redentora excogitou essa maravi lha que é o andor co m um pálio, de surpreendente harmo nia, além da grande beleza das imagens de Nossa Senhora, que sempre acompanham nas procissões o ando r de Jesus Cri sto. É ao mesmo tempo um altar, um trono, uma poesia de filigrana, de lu zes e de flores , e um "berço para embalar sua dor", pois com a beleza do pálio os sevi lhanos querem conso lar as dores de Mari a Santíssima e acompanhá- la em todos os insta ntes da Paixão. Tocando a cauda de seu manto de Rainha, pequeno grupo de anônimos devotos que fizeram alguma promessa seguem durante horas, sem jamais se afastar do andor. Os balcões das casas estão e nfeitados com ricos tecidos, e todos os habitantes com suas melhores vestes . As crianças, aj udadas por alguns parentes, lançam uma chuva de pétalas de flores sobre o andor e depois sobre o pálio. De repente, um canto so litári o se faz ouv ir. Modulado até quase perder o fô lego, é ao mesmo tempo oração e lamentação: a "saeta", que sai de um peito como uma flecha lançada em direção à Virgem. É como o fruto de urna gra nde angústia que aperta o coração e sobe à garganta, até romper em vivo e pal pitante so luço. Por isso, um verso diz: "Nasceu a primeira saeta ao pé da Cruz/ E se envolveu num suspiro da Mãe de Jesus". • E-mai l pa ra o autor : benoit @catoli cismo.com.br

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NACIONAL voltar ao atraso primitivo, de se aliar aos que vindo de fora quiserem se estabelecer nas terras de ninguém, ou seja, dos 18 mil índios, gatos pingados naquele ermo sem defesa. Que venham os 'companheiros das Farc', os 'cobiçosos estrangeiros', os madeireiros, os 'predadores' de todo o tipo que devastam a natureza e levam a riqueza que o País estupidamente não sabe usar. Ninguém vai tomar conhecimento ". 1

ta, até mesmo, o fato de o Brasil, em setembro de 2007, haver concorrido, no âmbito da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, para a aprovação da Declaração Universal dos Direitos dos Indígenas". Quem assistiu à sessão do STF saiu perplexo : como pôde aquela Corte vol tar-se contra a Nação e o povo brasileiro? A Câmara e o Senado formaram comi ssões espec iais, anali saram essa demarcação e concluíram pela sua rejeição. Por outro lado, a população indígena manifestou-se, em sua maioria, contrária à demarcação, e por isso não foi consultada. Prevaleceu a opini ão do Conselho lndigenista de Roraima (CIR), ligado e financiado por ONGs e a esquerda

Aparthcid

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A sucuri pode comer o boi, mas depois não se move A absurda demarcação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, com o voto contrário do ministro Marco Aurélio de Mello 11 NELSON RAMOS BARRETTO

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m artigo intitulado SÓ UM JUSTO, a socióloga Maria Lúcia Yíctor Barbosa assim definiu: "O

julgamento pelo STF [. .. ] culminou naquilo que já se esperava: a continuidade da área de 1, 7 milhão de hectares ou 12 vezes o tamanho da cidade de São CATOLICISMO

Paulo. Isso significa que essa parte do território nacional [. .. ] pertence agora a uma 'nação indígena' e nela não poderão viver ou sequer pisar os chamados ' não índios ' (termo politicamente correto), como se todos nós, brancos, negros, pardos não fôssemos brasileiros. "Seg undo o ministro Carlos Ayres Britto, os arrozeiros devem ser expulsos imediatamente da reserva, como se bandidos fossem. Note-se que os ' não índi-

os' , que cornpõem 1,5% dos habitantes do local, produzem 70% do arroz de Roraima, ou 106 mil toneladas das 11,04 milhões que são produzidas em todo o Brasil. "Só um justo, o ministro Marco Aurélio de Mello, votou contra a abstrusa demarcação. O ministro.foi, além de justo, corajoso, coerente, clarividente, lúcido. Mas, só um justo não salva o Brasil. [. .. ] Aos índios foi dado o direito de

Em seu voto de 120 páginas, o ministro M arco Aurélio apontou inúmeros vícios no procedimento admi nistrativo para definir a área. Por exemplo, não se poderiam desconsiderar os títulos de propriedade reconhecidos como de "bom valor pelo Estado". E foi além ao considerar as limitações à liberdade de ir e vir de brasile iros na área, qualificando-as de um "verdadeiro apartheid", que sequer interessa aos índ ios j á num adiantado aculturamento. E le a legou que o Brasil poderá até ser levado a responder perante entidades internacion ais, se deixar de reconhecer a lega lidade de títu los de determinadas terras por me io de processo judicial transitado e m julgado. "Cumpre asseverar

católica. Igualmente, as Forças Armadas rejeitaram essa política. indigenista, com destaque para as declarações do Genera l Augusto Heleno, Comandante da Amazônia, que a classificou de "caótica". Com essa decisão do Supremo Tribunal Federal, nem sequer foram ced idos os 5% da área pertencentes aos produtores com posse centenária, todos c lassificados pelo re lator como míseros invasores. Do Rio Grande do Sul, o jornalista Percival Puggina brada: "No norte do

ser direito humano a proteção da propriedade pri vada".

País, cidadãos brasileiros recebiam pela

TV, viva voz e viva imagem, a notícia da expulsão imediata, emitida entre bocejos pelos senhores da Corte. Ao lixo os títulos de propriedade legítimos e os longos anos de árduo trabalho familiar nas terras que a União lhes vendeu. Ao lixo suas lavouras plantadas e seus rebanhos no pasto. Ponham-se na rua, todos, com suas famílias, moradias, máquinas e bens! A Corte decidiu e a Corte, visivelmente, está cansada. Isso é que é trabalho duro. Moleza é plantar arroz no trópico e discutir antropologia com padres que não evangelizam os índios e que desevangelizam os não-índios ".2 O que resultará dessa fatídica decisão? Como ficarão as inúmeras famílias de índios casados com não índios? E os indígenas contrários à demarcação e de etnias diferentes reunidas nessa pequena torre de Babel, agora entregues à sua própria sorte? E se amanhã vier a faltar arroz em nossas mesas? Diz a sabedoria do caboclo do nosso lendário Pantanal : "A sucuri pode comer

o boi, mas depois não se move". • E-mail do autor: nelsonbarretto @catolicisrno.com .br

Notas: 1. hltp://www.diegocasagrande.eom.br/index.php? tlavor= lerArtigo& icl= 1088 2. http://www.pugg ina.org

Prol'éticas 11alavras Marco Auré lio de Mello ressaltou a previ são acertada do inspirador da revista

Catolicismo : "Também vale registrar que, em 1987, o professor Plinio Corrêa de Oliveira, autor de 'Tribalismo Indígena Ideal Comuna-Missionário para o Brasil no Século XXI', diante dos trabalhos de elaboração da Carta de 1988, advertiu: 'O Projeto de Constituição, a adotar-se em uma concepção tão hipertrofiada dos direitos dos índios, abre caminho a que se venha a reconhecer aos vários agrupamentos indígenas uma como que soberania dimin uta.e ratio ni s. Uma autodeterminação, segundo a expressão consagrada (Projeto de Consti- ' tuição angustia o País, Editora Vera ~ Cruz, São Pau lo, 1987, p. 182; e p. 119 da obra citada).

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"Proféticas palavras tendo em con- ~ ABRIL 2009

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São Bento José Labre Mendigo por amor a Deus S uscitado como vítima e como protesto contra os vícios da sociedade francesa do século XVTJJ, é uma dessas vocações para serem admiradas, rnas não imitadas se não houver clara indicação de Deus. PUNIO MARIA SOLIMEO

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ento José nasceu em 26 de março de 1748 em Amettes, na diocese de Boulogne, França. Era o mais velho dos 15 filhos de João Batista Labre e Ana-Bárbara, membros da classe média local , que deram aos numerosos filhos profunda ed ucação re li g iosa, ele modo que vários deles segu iram a vocação sacerdota l. "O Criador o havia dotado (a Bento) de um espírito vivo e penetrctn-

Igreja de Santa Maria dei Monti, em Roma, onde o santo está sepultado

CATOLICISMO

te, de um julgamento são e sólido, de uma memória .fâcil e segura. Seu coração era terno, sua vontade forte, sua alma não abandonava jamais a verdade uma vez conhecida. Man!f'estou desde seus primeiros anos inclinações pronunciadas para o bem,

gostos sirnples e inocentes, e uma grande ingenuidade, sinal ordinariamente precursor da retidão de sentimentos" .1 Desde menino tinha profunda estima por seu caráter de cató lico, terna devoção a Nossa Senhora e a seu Esposo (seu padroeiro), devoções que em se u país não se separam. Assim, os nomes ele Jesus, Maria e José foram os primeiros que ele pronunciou. Bento fez seus primeiros estudos na escola conduzida pelo vigário da paróquia. Os relatos desse período ele sua vida - tanto na biografia escrita por seu confessor, Pe. Marconi, quanto nos depoimentos cios processos ele beatificação - são unân imes em ressaltar uma seriedade ele pensamento e ele comportamento muito acima da idade.

Muito cedo co meçou a mostrar acentuada precli leção pelo espírito ele mortificação e afastamento cios jogos infantis. Pode-se dizer que, desde o desabrochar da razão, demonstrou o mai s vivo horror ao pecado. Mas tudo isso coexistia nele com um comportamento franco e aberto, e com um fundo ele alegria que permaneceu inabalável até o fim ele sua vicia. Na idade ele 12 anos sua educação foi confiada a seu tio paterno, Pe. Francisco José Labre, vigário ele Erin. Bento fez a Primeira Comunhão e recebeu o Santo Cri sma no mesmo dia. Começou então para ele nova vida, mais recolhida e mortificada; e aproveitava todas as ocas iões para ensinar a doutrina cristã às crianças mais novas.

Obstáculos na busca de sua vocação Aos 16 anos Bento resolveu abraçar a vida re li giosa. E escolheu os trapistas, por ser sua regra a ma is ri gorosa. Tentou obter a apro vação cios pais, mas estes a negaram terminantemente. Voltou então para Erin , redobrando as penitências e exercíc ios ele piedade para estar apto a e nfrentar as penitências cio c laustro. Em setembro ele 1766, irrompeu na cidade uma epidemi a de tifo, que fez inúmeras vítimas. Bento juntou-se ao tio no cuidado aos doentes. Falecendo seu tio em novembro desse ano, como mártir ela caridade, Bento retornou a Amettes. Tentou outra vez obter a permissão dos pais para entrar na Trapa. Eles, temendo que sua oposição fosse resistência à von tade ele Deus, concordara m com a proposta dele de se fazer religioso. Mas pedira m-lhe que, e m vez ele entrar nos trapistas, muito rigorosos, o fizesse nos cartuxos ele Val-Sainte-Aldegoncle. Esses religiosos negaram adm issão a Bento por causa elas gra ndes perdas que tinham tido, o que diminuíra seus rec ursos. Tentou outro moste iro ela mesma ordem em Neuvi ll e, mas foi -lhe negada a ad mi ssão antes cios 24 anos.

Durante os dois anos seg uintes, Bento tentou mais duas vezes entrar na Trapa, mas sem sucesso. Foi postulante por seis semanas nos cartuxos de Neuville, mas teve que sair por não encontrar ali a paz que desejava. Em nove mbro de 1769, foi recebido no conve nto cisterciense ele Sept-Fonds. Após c urta permanência nesse mosteiro, durante a qual sua exatidão na observânc ia religiosa e na humil dade impress ionara m toda a comuni dade, teve problemas ele saúde, e foilhe aco nselhado procurar rea li zar sua vocação e m outra parte.

A 11ocação de

to e uma sacola às costas, na qual carregava um Evangelho, um breviário que lhe permüia rezar o ofício divino diariamente - urna cópia da lm.itação de Cristo e alguns outros livros piedosos. Esse traje, ele não o mudou até o fim de sua vida, l5 anos depois. Para dormir, tinha o so lo; como teto, as estrelas cio céu. Alimentavase só uma vez por dia com um pedaço ele pão ou algumas ervas, recebidos em caridade ou obtidos ele restos cios outros. Nunca pedia esmolas, mas esperava que voluntariamente lhe fosse dado o que necess itava. Dava aos pobres tudo que sobrava depois ele atendidas suas parcas necess idades.

}Jel'Cgl'ÍllO JnCJl(/igo

Seguindo então uma inspiração, Bento tomou a resolução ele ir, como peregrino, aos santuários mai s renomados, como os ele Roma e ele Loreto, a fim ele pedir a Deus que o fizesse conhecer sua divina vontade a seu respeito. De C hi eri , no Piemonte, esc reveu uma carta a seus pais informando-os de seu projeto ele entrar em algum cios muitos mosteiros ela Itália. Entretanto Bento teve outra iluminação inte ri o r, que fê-lo compreender por fim o gênero de vicia que devia levar: "Era vontade de Deus que ele,

como Santo A /eixo, abandonasse seus pais e todo o co11forto do mundo, para levar um novo modo de vida, mais doloroso, mais penitencial, não no isolamento nem no claustro, mas no meio do mundo, visitando devotcunente, com.o pereg rino, os famosos lugares da devoção cristã". 2 Bento e ncontrou então a paz de alm a qu e tanto procurara no claustro. Essa vocação era tão si ngular, que Bento temeu decidir-se por si só a segu i-la. Por isso a submeteu repetidas vezes ao julgamento ele confessores experimentados, e só seguiu esse caminho quando aprovado por e les. Começou então sua gesta ele peregri no-mencl igo. Vestia um velho casaco, tinha um rosúrio ao pescoço e outro em uma elas mãos, um crucifixo ao pei-

Sofrendo pelos males da Re110lução Fra11cesa Por devoção a Nossa Senhora, Bento começou sua peregrinação visitando a Santa Casa ele Loreto. Foi depois a Assis, onde entrou para a arquiconfraria dita cio Santo Cordão. Ficou extasiado em Roma, ao ver imagens de Nossa Senhora em quase todas as fachadas elas casas e cruzamentos ele ruas. Visitou as basílicas ela Cidade Eterna e subiu mui tas vezes ele joelhos os degraus ela Escada Santa. Participou ele quase todas as inúmeras devoções e cerimônias das igrejas ele Roma. Bento foi depois aos sa ntuários do Reino de Nápoles, de Bari e Fabriano na Jtá lia ; E insiedeln na Suíça; Compostela na Espan ha; e Paray- le-Monial na França. Neste último país, os restos dojansenismo - espéc ie ele protestantismo que esfriava o coração e afastava as pessoas cios Sacramentos - e os enciclopedistas espalhavam suas perversas doutrinas, preparando terreno para a nefanda Revolução Francesa, que se insurgiu contra Altar e Trono e banhou ele sangue toda a nação. São Bento José Labre, favorecido por Deus com o dom ela profecia, previu esses terríveis e apocalípticos aconteci mentos como castigo ela impenitência e impiedade da sociedade daquele tempo. E rezou e sofreu para que acha-

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Pesquisa esclarecedora

eterna. A uma pessoa que lhe pediu um conselho para o futuro, disse: "Cada vez que ouvirdes o reló-

gio, lembrai-vos de que não sois senhor da hora seguinte; e pensai ao mesmo tempo na Paixão que quis sofrer Nosso Senhor, para nos pôr em posse da eternidade".

Sepultura de São Bento José Lebre

ma da fé não se extinguisse de vez na Filha Primogênita da Igreja. Os últimos seis anos de sua vida, Bento José os passou em Roma, deixando-a somente uma vez por ano para visitar a Santa Casa de Loreto, à qual tinha muita veneração. Sua incansável e implacável negação de si mesmo, humildade sem afetação, obediência sem hesitação e perfeito espírito de união com Deus na oração, desarmavam as suspeitas que pudesse haver quanto à originalidade de seu modo de existência. Entretanto, sua pobre figura atraía as vaias e as pedras dos moleques de rua, a zombaria dos mais velhos empedernidos, e as críticas e injúrias daqueles ímpios que o chamavam de hipócrita, singular e demente. Foi-lhe mesmo negada algumas vezes a Sagrada Comunhão, por ter sido tomado por vagabundo e desocupado. Mas o odor de santidade e o esplendor de sua alma faziam muitas vezes desaparecer a aversão que podia inspirar sua pessoa tão maltratada, fazendo brilhar nele a continência e a modéstia mais pe1feitas. Os que o conheciam de perto, como seus confessores, afirmavam que ele não era homem, mas um anjo. Não puderam encontrar nele a mais ligeira falta contra a pureza, e declararam também que Bento, à força de mortificação, tinha adquirido um tal império sobre a irascibilidade, que parecia ter-se tornado a própria mansidão e afa-

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CATOLICISMO

bilidade, como um novo São Francisco de Sales. Pelo baixo conceito de si mesmo que possuía, rezava freqüentemente a oração de Santo Agostinho: "Senhor, fa zei com

que eu vos conheça e me conheça: a vós, para vos amar; a mim, para me desprezar".

"O mendigo das Quarenta Horas" De tal maneira sua oração era contínua, que se pode dizer sem exagero que Bento José passou os últimos 15 anos de sua vida em contemplação. Embora lesse as Sagradas Escrituras em latim desde a adolescê ncia, e muitos julgassem que Deus lhe houvesse dado uma compreensão particular dos livros santos, fazia questão de ouvir a explicação da doutrina cristã junto com os mais ignorantes. E assistia mesmo ao catecismo dado às crianças abandonadas. Sua devoção a Nossa Senhora era terníssima, e a devoção ao Santíssimo Sacramento o coloca entre os santos mais devotos desse divino mistério. Ele procurava sempre as igrejas onde se realizavam as Quarenta Horas. Nelas ficava extasiado, perdendo a noção do tempo, pelo que ficou conhecido como

o mendigo das Quarenta Horas. Bento visitava também os doentes, principalmente os mais abandonados, e lhes falava da vida

Muitas vezes se notou o ardor de seu amor a Deus e o fervor de sua oração, por uma como que auréola de luz sobrenatural que o envolvia, ou por ver seu corpo levantar-se do solo quando orava. Literalmente gasto pelos sofrimentos e austeridades, em 16 de abril de 1783 Bento desfaleceu nos degraus da igreja de Santa Maria dei Monti, em Roma. Foi carregado a uma casa da vizinhança, onde faleceu. Sua morte foi seguida por grande número de milagres, atribuídos à sua intercessão. Espontaneamente, as crianças na rua começaram a gritar: "Morreu o santo!

Morreu o santo!" A vida de Bento José Labre foi escrita por seu confessor, Pe. Marconi, e apresenta 136 curas milagrosas até 6 de julho de 1783, que foram certificadas. Foi beatificado por Pio IX em 1859 e canonizado por Leão XIII em 8 de dezembro de 1881. • E-maiI do autor: pmsolimeo @cato licis mo.com.br

Notas: 1. Les Petits Bolandistes, Vie.1· des Saint.1·,

Bloud et Barrai, Paris, 1882, tomo IV, p. 424. 2. Op. cit. , p. 429.

Outras obras consultadas: - Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Lui s Vives, S.A ., Saragoça, 1947, tomo li, pp. 473 e ss. - Pe. José Leite, S.J ., Santos de Cada Dia, Editorial A.O ., Braga, 1993, tomo 1, pp. 479 e ss. - Pe. Juan Croisset, S.J. , Afio Cri.1·tian.o , Saturnino Cal leja, Madri , 1901, tomo li , pp. 181 e ss. - Joseph F. Delaney, St. Bene<iict Joseph Labre, The Catholic Encyclopedia, CD edition, 2003.

G rupos homossexuais continuam fazendo forte pressão para

que seja aprovada uma lei criminalizando a "homofobia" - palavra inventada, e pela imprensa divulgada, para qualificar os que se opõem ao vício contra a natureza. n Cio ALEN CASTRO

e

om o correr do tempo, vai ficando mais clara a razão de tanta pressão para que se aprove no Brasil a criminalização da "homofobia". É que, apesar da enorme propaganda e do apoio oficial às manifestações e às atitudes espalhafatosas dos homossexuais, o público em geral continua rejeitando o homossexualismo. Para mascarar essa situação que lhes é adversa, querem tais grupos fazer aprovar uma lei que criminalize praticamente toda a população. Com medo das penas, a conseqüência natural é que as pessoas não se manifestem, e assim eles parecerão estar gozando de apoio popular. Tal é a democracia que praticam ...

Só quatro ve1·eadores Já na última eleição isso ficou patente: "Candidatos que se declararam homossexuais não conseguiram muitos votos nestas eleições. Apenas quatro dos 78 postulantes listados pela ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) [. ..] conseguiram as vagas em Câmaras Municipais da Bahia, Espírito Santo, Maranhão e Minas Gerais. São dois gays, uma travesti e uma transexual. Lésbicas não conseguiram nenhuma vaga" ("Folhaonline", 16-10-08).

leiros maiores de 16 anos não têm preconceito contra homossexuais". Desses, mais de um quarto da população (entre 26 e 29%) assumem claramente "não gostar de gays, lésbicas, travestis ou transexuais". Talvez o mais interessante é que "para 66%, homossexualidade é pecado contra a lei de Deus". E ainda, 92% concordaram em que "Deus fe z o homem e a mulher com sexos diferentes para que cumpram seu papel e tenham filhos" ("O Globo", 8-2-08). O jornal informa ainda que "as manifestações de preconceito partem de todas asfàixas de escolaridade, de renda, de todas regiões do país e de diferentes religiões". Co11scie11tização benélica Gustavo Venturi, professor de sociologia da USP e um dos coordenadores do estudo, apresenta como uma das razões da rejeição dos brasileiros ao homossexualismo o fato de que "não houve até agora uma. legislação criminalizando a homofobia" ("O Estado de S. Paulo", 8-2-08). A advogada Sylvia Mendonça do Amaral mostra-se furiosa com o sentir dos brasileiros revelado pela pesquisa, cujos resultados qualifica de "dramáticos ". Para ela, é preciso "amenizar" essa situação com a aprovação do projeto de lei que criminaliza a "homofobia", declarando-a crime inafiançável. Vai longe essa advogada, pois propugna também uma ação sobre "as crianças e os ado-

Recentemente uma pesquisa sobre "sexualidade e homofobia" trouxe esclarecimentos ainda mais contundente . A pesquisa é inteiramente insuspeita, pois conduzida por entidades que se arvoram em combatentes contra a "discrim inação": a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e a Fundação alemã Rosa Luxemburgo, próxima ao Partido de Esquerda (Die linke). Os dados são altamente representativos do pensamento dos brasileiros a respeito do tema. Convém ter presente que, na pesquisa, a ave rsão natural ao homossexualismo é qualificada de "preconceito" . É preciso pois "exorcizar" a palavra para capta r a realidade que ela procura deformar.

lescentes que ainda estão em fase de formação de caráter", para que deixem de ser "preconceituosos" ("Estado de Minas", 16-2-09).

"99% têm. preconceito contra gays. Só 1% dos brasi-

E-mail do autor: cidalencastm@catolicismo.com.br

Tais opiniões corroboram nosso comentário no início deste artigo. Não tenhamos dúvida. O sentir da opinião pública não vai diminuir a pressão dos grupos homossexuais para consegui_r a criminalização dos que deles discordam. Pelo contrário, vai aumentar. Mas a pesquisa é importante para dar à população consciência da realidade, e ajudá-la a não se deixar levar pela propaganda. •

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ABORTO

Em Recife, tentativa de quebrar a barreira psicológica contra o aborto FRE FER1 c o

R. DE

ABRANCH ES V1orn

E

m todas as recentes pesqui sas de opini ão, os brasileiros têm se manifestado maj o ritariame nte contrári os ao assass inato de cri anças no seio mate rn o. Al gum as pesqui sas chegara m a dar 90 % de respostas contrári as ao aborto. Di ante desse fa to, os defensores do aborto estavam co m po ucas poss ibilidades de conseguir a aprovação legal desse ato, conside rado crime pe la le i dos ho mens e abominável pe la Le i de Deus, estando inc luído pe lo Catecismo Romano entre os que "bradam aos Céus e cla-

1narn a Deus por vingança". Todavi a, um aco ntecimento recente - com grande carga emoc io na l - fez co m que o debate sobre o aborto fosse reaberto.

O caso Foi amplamente noticiado pela imprensa nacional e internacional o caso ocorrido em Al agoinha e Recife (PE), o nde uma menor de nove anos de idade, violentada por seu padrasto, fi cou grávida de gêmeos. Os meios de comunicação não deram ao caso uma cobe1tura jornalística isenta, . limitando-se a explorar a situação emocional que dela decorreu. Após a rea li zação do aborto na menor, os jornais começaram a divul gar que S. Exa . Revma., o Arcebi spo de Recife D. José Cardoso Sobrinho, tinha excomungado a mãe da menin a e os médicos que parti c iparam do abo rto. S urg ira m opini ões contradi tó ri as, até mes mo ent re o c lero no B ras il e no pró pr io

CATOLICISMO

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Vati ca no, sobre o cabimento ou não da penalidade de excomunhão. Na rea lidade, D. José Cardoso Sobri nho ape nas tinh a a lertado sobre a pe na de excomunhão previ sta no Códi go de Di re ito Canôni co (a le i el a Igrej a) antes ele o aborto ter sido pra ti cado. E le concedeu essa entrevi sta no dia 3 de março, sendo que o aborto foi rea li zado no di a 4 (Vide re lato na pág in a ao lado). A lei ela Igreja prevê, em seu cânon 1398: "Quem provoca o aborto, seguin-

do-se o efeito, incorre em excomunhão latae sente nti ae", o u sej a, que m partic ipa do aborto incorre em pena auto mática (sem necess idade de ser decretada) ele exco munhão. Mas a confu são cio noti ciári o não fi cou apenas ni sso. Muitos detalhes fora m de liberadamente o mitidos para fa vorecer a posição pró-aborto, como se ex isti ssem "abortos bo ns" e "abortos ruin s" . A título ele exemplo, podemos c itar algun s dos fatos o mi tidos: 1- a menor foi subtraíd a de um hospital qu e se nega ra a rea li za r o aborto, e tra nsferi da para o utro fa vo ráve l a essa práti ca; 2 - a mãe da menor era contra o aborto, até lh e te re m in c ul cado que s ua filh a morreri a, caso não abortasse; 3 - o aborto fo i prati cado às pressas, sem que o pai bio lóg ico da me nina pudesse inte rvir; 4 - fe ministas fize ram um verdadeiro cerco à criança, imped indo até mesmo a assistência espiritual que vinha sendo prestada pelo pad re da cidade de Alagoinha ... Seri a mui to longo e numerar a li sta de atos suspeitos que cercam o caso. Para

isso, remetemos ao re latóri o apresentado pelo Pe. Edson Rodrig ues, pároco de Al ogo inha (PE), o nde res idi a a meno r vi o lentada (Vide tra nsc ri ção à p. 4 2). Ademais, é ta mbém importante noticiar que, na mesma época em que se deu o aborto na cidade de Recife, outra menor, ta mbém de nove anos, dava à luz uma criança no Equ ador. Há a lgumas décadas, Lina Medina, uma peruana que ainda vive, fo i mãe aos cinco anos de idade, conforme notícia do "Correio B raziliense" em l L-902 (http://www2.correioweb.com.br/cw/ EDLC AO_200209 l l/vid mat_ 110902 _36.htm). Devido a esses fa tos, o Pe. Edson Rodri gues está conve ncido tra tar-se de "ato

de manipulação da consciência".

Vel'clacleira manobra de "guerra psicológica " Foi desencadeada uma eno rme manobra de "guerra psicológica", sob o pretexto de defender a vida da menina contra o "obscura nti smo" da Igreja. Até o pres idente da Re públi ca manifes tou-se contra a doutrina cató li ca. O quadro cri ado pe lo noti c iári o de certa mídi a era te ndencioso. De um lado a Igreja, representada por D. José Ca rdoso Sobrinho, bi spo dest ituído de mi sericórdi a, que não se importari a com a vid a da menin a vio lentada; de outro, femini stas, aborti stas, ate us e d iversos outros seg mentos propugnava m uma moral re lati vista, a pretexto de sa lvar a vida da c ri ança de nove a nos. Dessa maneira, o aborto não era apresentado em seu lado desumano, que é o assassinato de seres indefesos, mas como uma defesa da vida da menor violentada. Estava montado um verdadeiro c irco de desinformação e sensacionali smo, que obviamente servia a um único propósito: favorecer a prfüica do aborto e d ividi r a opi ni ão católica. Não fo i sem razão que Nosso Senho r Jesus Cri sto adve rti u: "Vigiai e orai para não cairdes em tentação". Sem essa cautela, um católico pode acabar influenc iado pela mídi a e, de fo rma sub-re ptícia, opor-se à do utrin a mora l da Jgrej a qu anto ao te ma do aborto. • E- mail do autor: freclericov iotti @cato I icisrno .corn .br

Excertos da Nota da Arquidiocese de Olinda e Recife I ersona lidades de Rec(fe e da cidade de Pesqueira (PB) emitiram. nota clara e incisiva re.fittando o artigo Da parte ela menina brasileira, de autoria do Mons. Rino Fisichella, presidente da Po ntifíc ia Academi a pela Vida, publicado no "Osservatore Romano". A respeito do artigo intitul ado "D a ll a parte de ll a ba mbina bras ili ana", publicado no " L' Osserv ato re Romano", ed ição de 15 de março, nós, abaixo assinados, dec laramos: [ ... ] 2. Todos nós - a começar pe lo pároco de Al agoinha (aba ixo ass inado) - tratamos a me nina grávida e sua fa míli a co m toda caridade e doçura. O Pároco, faze ndo uso de sua soli c itude pasto ral , ao saber da notícia em sua r sidênc ia, d iri g iu-se de imedi ato à casa da fa míli a, o n lc se encontrou com a cri ança para lhe prestar apo io e aco mpanhamento l... J. E esta atitude se deu durante todos os d ias, desde Alagoinh a até Recife, onde acontece u o tri ste des f' · cho do aborto de do is inocentes. Portanto, fi ca ev idente e inequívoco que ninguém pensou e m prime iro lu ga r c m "exco munhão". Usa mos todos os meios ao nosso a lcance para evitar o aborto e assim sa lvar as TRÊS vidas. I.. . I 3. Depo is que a me nina fo i tra nsferida para um hospi ta l da c idade do Rec ife, tentamos usar todos os meios lega is para ev itar o aborto. A Igrej a e m mo mento algum se fez o mi ssa no hospita l. O Pároco da menina rea li zou visitas di árias ao hospital, des locando-se ela c id ade que di sta 230 km de Recife. 1.. .'I 4. Nossa Sa nta Igreja continua a procl amar que a le i mora l é cl aríss im a: nunca é lícito elimin ar a vicia ele um inocente para sa lvar o utra vicia. Os fa tos objetivos são

estes: há médicos que explicitamente dec lara m que praticam e continuarão a pra ticar o aborto, enquan to outros declaram com a mes ma firmeza que jamais prati carão o aborto. [.. .] 5. É fa lsa a afirm ação de que o fa to foi divul gado nos jornais somente porque o Arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão. Basta ver que o caso veio a público em Alagoinha na quarta-feira, dia 25 de fe vere iro, o Arcebi spo se pronunc iou na imprensa no dia 3 de março e o aborto se deu no di a 4 de março.[ ...] Assim sendo, a notíc ia da menin a grávida já estava divulgada nos j ornais antes ela consumação cio aborto. Somente então, in terrogado pelos jorna li stas, no di a 3 de março (terça-feira) o Arcebi spo mencionou o cânon 1398. Estamos convictos de que a divulgação desta penalidade medic inal (a excomunhão) fará bem a muitos cató licos, levando-os a evitar este pecado grav íssimo. [...] 6. O hospita l que rea lizou o aborto na menininha é um dos que sempre reali zam este proced ime nto e m nosso Estado, sob o manto da " legalidade". Os médi cos que atuaram como carrascos dos gê meos dec larara m e continuam declara ndo na mídi a nacio na l que fi zera m o q ue já estavam acostumados a faze r "com muito orgulho". 7 . O a u to r [ci o a rti go publi ca d o no j o rn a l L' OSSERVATORE ROMANO] arvo rou -se cio direito de fa lar sobre o que não conhecia, e o que é pi or, sequer deu-se ao tra balho de conversa r anterio rmente com o seu irmão no epi scopado, e por esta ati tude imprudente está causando verdade iro tumul to junto aos fi éis cató licos do B ras il. Ao invés de consul ta r o seu irmão no epi sco pado, pre feriu ac reditar na nossa impre nsa dec larada mente anticleri cal.

Rec ife- PE, 16 de março de 2009 Pe. Eclson Rodri gues Pároco de A lagoinh a- PE - Di ocese de Pesq ue ira Mons. Edva ldo Bezerra el a S ilva Vigário Gera l - Arquidi ocese de Olinda e Rec ife Pe. M o isés Fe rreira de Lima Re itor do Se minário Arquidi ocesano Dr. M árcio Miranda Advogado da Arquidiocese de Olinda e Rec ife

Fonte: http://www.arqu icli oceseol incla reci fe.o rg. br/ notao fi cial .htm

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..,.

Grávida de gêmeos em Alagoinha (PE)

pa i da c riança estava ali sentado ao seu lado. Q uando o apresenta mos, e la pergun to u ao pai, o Sr. Eriv aldo, se e le queri a fa lar com e la. Ele assim ace itou. Então a assistente nos pediu que saíssemos todos de sua sala e os deixasse m a sós para essa conversa. Depois de cerca de vin te e c inco minu tos, sa íram os do is da sa la para que o pa i pudesse visitar a sua filha. No ca minho entre a sala da ass istente e o prédio onde estava o apa rta mento da menina, conversei com o pai e e le me afirmou que sua i I ia desfavoráve l ao aborto agora seria dife rente, porqu · "a moça me disse que minhajtlha vai morrer e, se é de ela morrer, é melhor tirar as crianças" ; afirmou o pa i q uase que em surd ina para mim , uma vez que, a partir da . aícla da sa la, a ass istente fez de tudo para que não nos aproximássemos do pai e conversássemos com e le. E la subiu ao 4° andar soz inha com e le e ped iu q ue eu e os conselheiros esperássemos no térreo. Passou-se um bo m te mpo. Eles desceram e retornamos à sala da assistente soc ia l. O silênc io de que ha via a lgo estra nho no ar me in comodava bastante. Desta vez não tive acesso à sala. Po rém, em conversa. com os consel he iros e o pai, a as s istente socia l Karo lin a Rodr ig ues rec la mo u d a conselheira [Maria José Gomes], porque esta tinha me permiti do ver a fo lha de papel na q ua l e la [Karo lina] so lic itara o parecer do Conselho Tutelar de Alagoinha; [e como este negou o aborto, e la] rasgou a fo lha na frente cios co nselhe iros e do pai ela me nina. [...] Durante todo o te mpo ele permanência no IMIP, não tivemos contato com nenhum méd ico. Tudo o que sabíamos a respeito do quadro da menina era ape nas fru to de informações fo rnecidas pela assistente social. [... ]

O lado que a imprensa deixou de contar Excertos do relatório elaborado pelo Pe. Edson Rodrigues, pároco de Alagoinha (PE ), redigido anteriormente à Nota da Arquidiocese de Olinda e Recif e, mas que serve como complemento dela, ao apresentar uma visão objetiva e integral do ocorrido No dia 25 de fe vereiro, nossa c idade fo i tomada de surpresa por uma trágica notícia de um acontec ime nto que chocou o País: uma menina de no ve anos de idade, tendo sofrido vio lência sex ual por parte de seu padrasto, engravidou de do is gêmeos. [ ...] O Conselho Tutelar de Alagoinha tomo u as devidas providê nc ias. Na sexta-feira, d ia 27 de fe vereiro, levou as crianças ao IML de Caruaru-PE e depo is ao [MIP (Institu to Médico Infa ntil de Pernambuco) , ele Recife, a fim de serem submetidas a exames. C hegando ao IMJP, em contato com a assiste nte soc ia l KaroJina Rodrigues, a conselhe ira tu telar M ari a José Gomes fo i convidada a assinar um termo, e m nome do Conselho Tutelar, que autori zava o aborto. Frente à sua consciênc ia cristã, a conselheira negou-se di ante da assistente a cometer tal ato. Foi então quando recebeu das mãos da assistente Karolina um pedido escri to que soli citava um "encaminhamento ao Conselho Tutelar de Alagoinha" [... ] Os c inco conselhe iros enviaram ao IMIP um parecer con-

trário ao aborto. [... ] No sábado, di a 28, fu i convidado a aco mpan har o

Conselho Tutelar até o IMIP em Recife, o nde, jun to com a conselhe ira Mari a José Gomes e ma is dois membros de nossa paróquia, fo mos vi sitar a menina e sua mãe. C hegamos ao IMIP por vo lta das 15 horas. S ubi mos ao 4° andar, onde estavam a menina e sua mãe e m apartamento iso lado. O acesso ao apartame nto era restrito, necess ita ndo de autori zação especial. [ ... ] Com a proibição de acesso a.o apartamento onde a menina estava, me encontrei com a mãe da cri ança ali mes mo no corredor. Profunda e vi sive lmente a.balada com o fa to, expôs para mim que tinha assinado "alguns

papéis por lá". A mãe é ana lfa beta e não assina sequer o nome, tendo sido chamada a pôr as suas impressões d ig itais nos c itados doc umentos. Perguntei a ela sobre o seu pensamento a respe ito do aborto. Valendo-se de um senti mento materno marcado por preocupação extrema com a filh a, e la me d isse da sua pos ição desfavoráve l à rea li zação do abo rto. [ ... ] Saímos do IMIP com a firme co nvicção de que a mãe da menina se mostrava tota lmente desfavorável ao aborto dos seus netos. Na segunda- fe ira, reto rna mos ao hospi ta l. Ao chegarmos, eu e mais do is conselhe iros tu telares, fo mos autorizados a subir ao 4° andar, onde estava a menina. Tomamos o e levador, e quando chegamos ao LO andar, um funcionário do JMIP interro mpeu nossa subida e pediu q ue deixássemos o e levador e fôsse mos à sala da ass istente soc ia l em outro prédio. C hegando "lá, fo mos rece bidos po r uma j o ve m ass iste nte soc ia l c ha mada Karol ina Rodri gues. Entramos em sua sala e u, Maria José Gomes e Hé lio, conselhe iros de Al agoinha, Jeanne Oli veira, conselheira de Rec ife, e o pai [biológico] da menina, o Sr. Erivaldo, q ue foi conosco para vi sitar a sua filha, com uma posição totalmente contrária à reali zação do aborto dos seus netos. l...J Pergun ta mos sobre a situação da menina como estava. E la nos afirm ou que tudo j á estava resolvido e que, com base no consentimento assinado pela mãe da cri ança em prol do aborto, os procedimentos médicos deveriam ser to mados pe lo JMIP de ntro de poucos dias. Sem compreender bem do que se tratava, questionei a assistente no sentido de e ncontrar bases legais e fund amentos para isto. E la, embora não sendo médi ca, nos apresento u um quadro clín ico da criança bastante d ifícil , segundo ela, com base e m pareceres médicos, ainda que nada nos tivesse sido apresentado por escrito. Justificou-se com base e m leis e d isse que se tratava de salvar apenas uma cri ança, quando rebatemos a idé ia a legando que se trata va de três vidas. E la, desconsiderando totalme nte a vida dos fetos, chegou a cham álos de "embriões" e que aquil o teria que ser retirado para salvar a vi da da cri ança. Até e ntão ela não sabia que o

Dada a repe rcussão do fato, surge um novo capítulo na hi stória. O Arcebispo Metropo li tano de O linda e Rec ife, Dom José Cardoso, e o bispo de nossa D iocese de Pesq ueira , Dom F ra nc isco B ias in, sentiram-se impeli dos a rever o fato, dada a fo rma como e le se fez. Dom José Cardoso convocou, portanto, uma eq ui pe de médi cos, advogados, psicólogos, j uristas e profiss iona is li gados ao caso para estudar a legalidade ou não de tudo o que havia acon tec ido. Nessa reuni ão estava presente o Sr. Antonio Fi gueiras, d iretor do JMJP que, constatando o ab uso das atitudes da ass iste nte social fre nte a nós, e especialme nte com o pai, li gou ao hospital e mando u que fosse suspensa toda e q ua lquer inic iativa que favorecesse o aborto das cri anças. E assim se fez. [... ] Já a caminho da res idê ncia do Arcebispo, por volta das c inco e me ia da tarde, Dom José Cardoso recebeu um tele fo nema cio Direto r do IMIP no qual e le lhe co-

Dom José Cardoso Sobrinho, Arcebispo Metropolitano do Olinda e Recife

muni cava q ue um g rupo de um a e ntid ade c ha mad a

Curumins, ele menta lidade fe mini sta pró-aborto, aco mpanh ada de do is téc ni cos da Secretari a de Saúde de Pernambuco, teriam ido ao [MJP e convenc ido a mãe a assinar um ped ido de transferência da criança para outro hospi tal, o que a mãe teria aceito. [ .. .] O que teri am dito as mili ta ntes do Curum im à mãe, para q ue ela mudasse de opin ião? Seria semelhante ao que fo i fe ito com o pai? l... J Convocamos órgãos de imprensa para fazer uma de núncia, fre nte ao apelo do pai que queria saber o nde estava a sua filh a. Na manhã da qu arta-feira, di a 4 de março, fi camos sabendo que a criança estava in ternada na CISAM . [... ] Lá, por vo lta das 9 horas da manhã, nosso sonho de ver duas crianças vivas se fo i, a partir de ato de mani pulação ela consciê nc ia, extrema negligência e desrespeito à vi da humana. [sto fo i re latado para que se te nha cl areza quanto aos fatos como verdadeira me nte e les aco nteceram. Pe. Eclson Rodrig ues Pároco de Alagoinh a (PE) paclreeclson@hotma il.com

Fonte: http://www. sa lve mari a.org.br/index .php ?s yste m=new s&news_ id =6 IO&action=read

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CATOLICISMO

ABRI L 2009

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Domingo ele Ram os Santa Juliana ele Comillo11 , Vir·gcm + França, 1258. Religiosa agos-

PÁSCO/\ DA Rl•:SSURREIÇÃO

tinian a, grande devota da Eucaristia, Deus comunicou-lhe o desejo de ter uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Perseguida em sua própria comunidade, teve que se desterrar se is vezes até sua morte.

1

fi

São Mac;11•io, o Milaoroso, t\badc + Ásia M enor, 830. Ab ade de

S5o Ma rcelino de Cartago, Mfü•tir + África, 413. Representante

Pelecete, nas proximidades de Constantinopla, famoso pelos milagres que operava. Foi duas vezes ex ilado pelos imperadores bi za ntinos contrári os ao culto das imagens, falecendo devido aos sofrimentos que lhe foram infli gidos.

do imperador Honório na África para fa zer cessar a agitação produzida pelos hereges clonatistas , os qu ais mandaram assass iná- lo ao lhes propor o retorno à verdadeira fé.

2 São Francisco de Paula, Confessor

+ Pless is (França), 1508. ftali ano, fundou a Ordem dos Mínimos. Luís XI obteve do Papa que o enviasse à França, a fim de preparar o Rei para a morte.

~J São Ricardo ele Chichcstcr; Bispo + lnglaterra, 1253. Chanceler da Universidade de O xford , conselheiro cios arcebispos de Ca ntu ár i a Santo Edmundo Rich e São Bonifácio, teve que lutar contra a prepotência do Rei Henrique IH.

Primeira Sexta-feira do mês

4 Santo lsieloro ele Sevilha, Bispo, Confessor e Doutor ela Igreja

7 Sa nto l lenrique Wa lpole. M::í r·Lir

+ Inglaterra, 1595. Reconciliado com a I greja após ter aderido ao cisma ele Henrique VILJ, foi ordenado em Roma no Colégio dos Ingleses. Como j esuíta, voltou a seu país, onde socorria os cató licos perseguidos.

8 São Dionísio. Bispo

+ Corinto, 180. " Dev ido à ciência e à graça ele que fo i dotado, [ ... ] ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas [ .. .] também bispos" (Do Martirol ógio).

9 QUINT/\-FEIRJ\ SANTA In stituição da Sagrada Eucari sti a e cio Sacerdócio

1.3 Sa nta Margarida ele Métola . Virgem + Itália, 1320. Filha de condes, disforme, cega, coxa , aleij ada e feia, foi abandonada num a igreja. Recolhida por pi edosa família, ensinava o catecismo e encantava a tod os pela inocência, alegria e confiança na Providência.

14 Sa nta Lyclwina ele Schieclam, Virgem

+ Holanda, 1433. Como vítima expiatóri a, foi por mais ele 20 anos atingida por quase todas as molésti as im agin áve i s, em meio à extrema mi séria . Tinha constantes vi sões ele Nosso Senhor, do Paraíso, cio Purgatório e cio Inferno.

15 Sa ntas Balissa e Anastácia. Mártires

+ Roma, 66. Tlu stres matronas romanas, di scípulas ele São Pedro e São Paulo, so freram cru el martírio por terem recolhido as relíquia s do Príncipe dos Apóstolos para dar-lhes sepultura .

t(j São Bento ,losé Labrc. Confessor (Vicie p. 36)

17 10

+ 636. Sucedeu a seu irmão,

Sl•:XT1\-l•'l•:IRA SANTA

São Leandro, na Sé de Sev ilha. A ele se devem a criação de seminári os, a unificação da liturgia , a regulam entação da vida monástica e outras importantes obras da disciplina eclesiástica.

Paixão e M orte de N osso Senhor Jesus C ri sto. Dia de j ejum e abstinência.

Primeiro s~lbado do mês

"Cri sto ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!"

ti SÁB/\DO SANTO Jes us Cristo no sepulcro e a soleclacle ele Nossa Senho," .

San tos Elias e Isidoro, Má rUres

~1 Santo l\polôn io, o t\pologista, Múr'l.ir

+ Roma, 185. "Senador romano que, sob o imperador Cômodo, foi enl reg ue por um escravo, co mo cristão. Quando lhe foi pedi da ex pli cação ele sua fé, co mpôs um famoso li vro, qu e I u no Senado" (cio Martirol io).

L) Domingo da Divina Misericórd ia Sao Leão IX, Papn e Confessor

+ 1054. Lul ou contra a si monia (venda de be ns ec les iásti cos) e a inwnlinênc ia ec lesiástica (imora li dade cios cl éri gos).

imperador Justiniano a não invad ir a Itália e a remover ela sé ele Constantinopl a seu patriarca monofi sita. O monofis itismo, uma heresia influente naquela época , negava qu e em N osso Senhor Jesus C ri sto houvesse duas naturezas, divina e humana.

2a São ,J0l'gc, Márt ir·

27 Santo 1\n timus. Bispo e MúrLir

+ Nicomédi a, 303 . Bispo que " por sua confi ssão ele Cristo, obteve um glori oso martírio por decapitação. Quase tod os seus fiéis o seg uiram , algun s dos quai s o jui z mandou que fossem decapitados à espada, outros qu eimados vivos, outros colocados num nav io e afogados no mar" (do M artirol ógio).

+ Lyclia (Palestina), 303. Patrono ela Inglaterra, Portugal, Alemanha, Aragão, Gênova e Veneza, e um cios mai s populares santos ci o mundo; dele somente se sabe com certeza que sofreu o martíri o em Lyclia, devendo ter pertencido à Guarda Imperi al.

24

28 São l ,uís Maria Grignion ele Montfort, Confesso"

+ França, 171 6. Ardente mi ss iomhi o popular, apa ix onad o pela C ru z ele Nosso Senhor e doutor mari al por exce lência, sua sublime doutrina ela Sagrada Escrav idão a Nossa Senhora fo i reconhecida e assumida pelo Papa São Pio X.

Sn rr to \lfege. Bispo e MiírLir

Santa Maria Eufrásia Pelleticr~ Virgem

+ Greenwi ·h (I ng l aterra) ,

+ Angers, 1868. Nascida em

29

101 2. Abad \ Bispo de Win-

p l ena Revolu ção Fran cesa, conservou intactas sua fé e têmpera ele espírito. Fundou o lnstituto elas frm ãs cio Bom Pastor, para regeneração de mulheres tran sv iadas e amparo às que se encontravam em perigo de se perder.

Sa nta Cata rina de Siena, Virgem

'O

chester d •po is Arcebispo de Cantuári a, de •rande austeridade ele vicia , dedicou-se em sua di ocese a ajudar os necess it ados. Duranl e a in vasão cios dinamarqueses na Inglaterra, fo i martiri zado por não querer pagar seu resgate com o dinheiro destinado aos pob res.

21 Santo Anselmo ele Cantuál'ia, Bispo, Confessor e Doutor da lgl'cja

+ Inglaterra, 1109. Itali ano de ori gem, Arceb ispo ele Cantuári a, foi perseguido e desterrado pelo monarca por defender os direitos ela I grej a. Foi o verdadei ro criador ela esco lá ti ca, orientando definitivamente os estudos ri losó ficos.

+ Córdoba , 856. Sacerdote o

22

primeiro, e monge o segundo. Perseguidos pelos muçulmanos, " foram condenados à morte ao confessarem sua fé cri stã diante cio I slami smo" (cio Martirológio).

Santo Ag:ipilo 1, Papa e Confessor·

+ Conslan tinopla, 536. Eleito para a é le Pedro já ancião, mo rreu em onsta ntinopla, onde fora l entar convencer o

25

Pedro e apósto l o cio Eg ito, onde foi martiri zado. No sécul o XI , se us sagra dos restos mortai s fo ram tra sladados para Veneza.

26 Nossa Senhora cio Bom Conselho ele Gcnazzano Sa nto l•:stêvão de Perm . Bispo e Confessor

• Nesta Semana Santa, pelos méritos infinitos da Paixão e Morte de N osso Senhor Jesus Cristo, ped indo as mais escolh idas groças para nosso País, o fim de que se iamos agrac iados com a misericórdi a divino; e para que o Brasil cumpra plenamente suo missão histórica de se tornar ba lu arte do Crista ndade.

feminina ela Ordem Dominicana , trabalhou para a volta do Papa de Avinhão a Rom a, pediu a reform a cio clero e a orga nização ele uma cru zada contra os infiéis. Declarada Doutora da Igreja por Paulo VI.

~U) Santo l•:utrópio ele Sa intes, Bispo e Má rti r + França, 404. Romano, acompanhou São Dionísio à França, sendo o primeiro Bispo ele Saintes. "Após ter exercido durante longo tempo o ofíc io ele pregador, foi decapitado em testemunho a Cri sto, morrendo em triunfo" (do Martirológio). N esse di a co memora-se também São Pi o V, Papa e Confessor.

+ Moscou , 1396. M onge rn sso, fo i mi ssionário nos montes Urai s e depois Bispo ele Perm. Devido a sua oposição às heresias ele hu ssitas locai s, teve que fugir para Moscou, onde faleceu.

Será celebrada pelo Revmo . Padre David Francisquini, nas seguintes intenções :

+ Itália, 1380. A maior glóri a

São Mal'cos Evangelista, Bispo e M{11•tir

+ Egito, 86. Disc ípul o ele São

Intenções para a Santa Missa em abril

Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

Intenções para a Santa Missa em maio • Em co memora ção do 92° an iversário do 1° aparição de Nosso Senhora de Fátima aos três postorinhos, no dia 13 de maio de 1917. Pedindo pelo triunfo do Imaculado Coração de M aria em todo o mundo, e para todos os leitores de Catolicismo um incremento ainda maior no devoção à Santíssimo Virgem.


cebi grande interesse dos participantes do V simpósio e a indignação de todos pela falta de informações de nosso governo, de tendência esquerdista. Propus, com grande aceitação, o engajamento de todos na campanha Brasil Pela Vida, a fim de es ·larecer e levar as mães a impedirem o anencefalicídio".

*

VSimpósio de simpatizantes da Associação dos Fundadores C onferências destacaram a participação da Associação nos grandes embates nacionais em defesa dos valores mais ameaçados e denegridos na sociedade moderna, como a instituição familiar ■ FÁBIO C ARDOSO DA COSTA

N

os dias 22 a 24 de fevereiro, a Associação dos Fundadores promoveu o V Simpósio para seus simpatizantes em São José dos Ca mpos, próspera cidade do interior paulista. Em todos os dias, sentia-se a grande adesão dos participantes aos princípios e aos métodos de ação apresentados nas 11 conferê ncias profe ridas . CATOLICISMO

Sempre atuante e dinâmica, a Associação dos Fundadores, seguindo com fidelidade os rumos traçados por Plinio Corrêa de O liveira, apresentou suas atividades em defesa dos valores da civilização cristã no Brasil , especialmente as campanhas pelo direito de propriedade e em defesa da família, face às atuais e nefastas investidas adversas. De maneira especial foram relatadas as denúncias do movimento comunoindigenista e as atividades para impedir a legalização do abo1to no Brasil.

Nesse sentido, fa lou também o presidente da Associação Brasil Pela Vida, Dr. José Haddad Júni or, médico e estudioso de questões re lativas ao aborto. E m e ntrevista, declarou : "Quero agradecer à Associação dos Fundadores pelo convite para apresentar um esclarecimento a seus simpatizantes sobre a anencefalia e o chamado 'abo rto legal', que aADPF54 quer instaurar no Brasil. É necessário esclarecer a população para não se tornar conivente com esta premissa. Per-

*

*

Um dos temas que atraiu espec ialmente ate nção dos presentes foi o relato das com morações do centenário de nascime nto d Plinio Corrêa de Oliveira, que se iniciaram no fi nal do ano passado em São Paulo e também em outros países. A pai stra fi nal fo i proferid a pelo Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe ela asa Imperi al do Brasil. Discorreu e le sobre as qualidades contrare vo lu c io ná rias do sa udoso Dr. Lui z Nazareno~ ixeira de Assumpção Filho, falecido recentemente, fiel discípul o de Plinio orrêa de Oliveira. Uma parti cipante, do norte de Minas Gerai s, ass im se expressou: "Quero,junto com minho.1·.filhas, agradecer todo o bem que estes simpósios proporcionam. à nossaformação contra-revolucionária. Agradeço especialmente aos diretores da Associação dos Fundadores e aos organizadores. Que eles continuem a trilhar os caminhos do D1: Plinio Corrêa de Oliveira. É o que pedimos a Nossa Senho ra, de todo coração! ". Um dos participantes, que compareceu pela primeira vez, afi rmou : "Juntamente com os casais correspondentes de /tu (SP ), a Santíssima Virgem possibilitou que participássemos do V simpósio da Associação dos Fundadores. Não fomos capazes de imaginar que d 'Ela receberíamos tão grandes graças, que nos fort(ficaram para continuar e perseverar na luta por Ela. Que venham logo os castigos purificadores previstos por Nossa Senhora em Fátima, e assim se instaure seu Reino!" • E-maiI pura o autor: catolicismo@catolicismo com br Nos duas fotos à direito aspectos do simpósio

ABRIL2009 -


Alguns depoimentos Fabrício Rodrigues Pereira (U beraba, MG), estudante de Di reito, co mpreende a importância do simpós io "para encontrar pessoas a.fins com. o pensam.ento contra-revolucionário. E, a par/ir daí, desenvolver um lrabalho com vistas a resgatar o homem moderno que rompeu com a tradição. No momento em. que quase tudo parece perdido, ressurge o movünento contra-revolucionário como proposta de Deus para uma vida de combate e luta em relação a tudo que nos agride, moral e eticamente, na sociedade dita moderna. Tal proposta apresenta-se-nos como lu z re.flexa d 'Aquele que se definiu como sendo "ocaminho, rr verdade e a vida " (Jo, 14,6). Inda Tado se imaginava encontrar tantos j ovens com esse pensamenLo, o universitári o foi incisivo: "Não, os meios de comuni-

cação nos 1,va,1L a achar que está tudo perdido. Pude perceber a ação .fecu11da das graças de Nossa Senhora sobre as almas; e, exatamenle onde achávamos que não havia nada para se .fazei; há tudo para sefaze,: Levarei daqui a reafirmação da crença nos valores pere11es que, por dever de apostolado, precisamos difundir com o exemplo e com a mililância. É o momento de reqfirmar a.fé naquilo que ocredilamos por revelação divina, e comunicar à sociedade tal revelação".

Aprofundamento do estudo de Revolução e Contra-Revolução U niversitários reuniram-se nos dias de carnaval e1n Lavras, simpática cidade do interior mü1eiro, para o X Simpósio de Estudos. Uma iniciativa da Associação dos Fundadores. n

N ELSON RAMOS BARREn o

N

um amb iente de entusias mo, reali zou-se no Ho!el Alvorada em Lavras (MG) o X Simpósio de Estudos , orga ni zado pela Associação dos Fundadores, durante os feriados de ca rn ava l nos dias 2 1 a 24 de fevereiro. O Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho, que dirigiu os trabalhos, abriu o evento ex plica ndo o seu leilmoti v: as teses do li vro Revolução e Conlra- l?evoluçc7o, obra-prim a de Plínio Corrêa de Olivei ra, no ano cio cinquentenári o de seu lançamento.

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CATOLICISMO

"Se calarmos, as pedras clam.arão! ". Esta fo i a exclamação ele um univers itári o quando era m apresentadas as exp licações de Plínio Corrêa de O li ve ira sobre as constru ções da Cri standade medieval. Enqu anto as palavras de Nosso Senhor quase j á não ressoam na velha Europa, em razão da atual perd a da fé e do amor a Deus, nas profundezas cio Novo Mundo uma sim ples proj eção de fotos das pedras das catedra is e monumentos europeus fez ressoa r o eco cio brado cios cru zados: Deus vult! (Deus o quer!). Com efeito, as ped ras cl amam pela glóri a de Deus e da Cri standade.

Juliano José Paludo (Toledo, PR). Segundo ele, a participação no Simpó io de Estudos pela primeira vez fo i marcante. Para Jul iano José, "além do clima

cordia l e amistoso, todos os temas apresentados durante os quatro dias f oram muito b ,m explorados. Sobreludo, a visão da História enquanlo um todo abriu. rnuitos horizonles. As questões levantadas e estudadas durante o evento fo ram de suma importância, pois são temas que faze m parte da história cristã. Espero participar dos próximos sirnpósios, pois quero dar a minha conlribuição ao lutar contra o processo revolucionário que vem. corrompendo a sociedade ·0111 a destruição dos valores essenciais à civilização". Elias Ma nsur Guérios Costa (M arin gá, PR), estud ante de medicin a, demonstrou contentamento com a oportunid ade de poder sa ir da " bagunça" ou da " desord em" que esta época de rcce. Para ele, "o fato de enconl rar um. lugar onde fevereiro

or

pessoas perseg 11e11Z o m.esm.o ideal, e ao mesmo tempo fogem do caos, conslilui privilég io para poucos, além de dar ânimo para conlinuar a lula. Tanto o ambiente quanto os assuntos

tratados no simpósio são de importância rele vanl e. Con hece r urn ambienle como este e propagar o ideal aqui proposto constitui urna honra não pequena ". Di sse partir seg uro, em decorrência elas graças recebidas, no sentido ele preservar os valores que nunca morreram.

Paulo Márcio Martins Miranda (Rio de Janeiro, RJ), estudante de Administração, participou pelo terceiro ano consecutivo cio simpós io. Segundo ele, "o leitmotiv eles/e ano do cinqüentenário de Revo lução e Contra-Revolução propiciou

aos participantes uma visão não.fi·agm.entada da História. Tal visão nos aponta rumos determinados, nos quais devemos deitar todo empenho e devotam.ento". Perguntado sobre atividades promovidas no Ri o ele Janeiro, ele refere-se à denúncia feita contra os males do aborto e os projetos que procuram esconder o seu sutil veneno, com subterfú gios co mo "a borto terapêuti co" ou " interrupção ela grav idez" . Em sua opinião, a luta contra o aborto não pode ser fragmentária, pois a aprov ação desse crime faz parte do ideário da esq uerda política. Disse que levaria para o Ri o

"um. pouco do modo de ser de Plinio Corrêa de Oliveira e de seu olhar sobre a realidade e as coisas. Aliás, o ambiente e o espírito do simpósio conlribuírarn muito para ressaltar os transcendentais do set: Nada do que.foi visto e ouvido durante estes dias é desconexo, e a realidade apalpada remete para a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo". Edson de Jesus da Silva (Rio de Janeiro, RJ ). Estudante ele Agronomia. Presente pela primeira vez, declarou-se impressionado com o que viu e ouviu . Apreciou muito um audiovi sual sobre caravana de propagand istas, promov ida pela Associação dos Fundado res, manifesta nd o seu desejo ele participar elas próxi mas cara vanas. Afirmou levar em sua bagagem intelectual um conheci mento maior ela ContraRevolução e a vivência prMica daquil o que Dr. Plíni o ex pôs em

Revolução e Contra- Revolução, e sobretudo o desejo ele co mbater o processo revolucionári o. • E-mai l do autor: nclso11ba rretto@catolicis1110.co111.br

ABRIL 2009

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esta vez, o leitmotiv do encontro fo i a fi ,,ura ele Plínio Corrêa ele Oliveira, cujo centenári o ele nascimento está sendo comemorado no Brasil e no ex terior. No pri meiro dia, o tema fo i sua in fâ ncia e o modo como a Santíssima Virgem preparou aquele menino para o grande combate que haveria ele travar. No segundo dia, a ju ventude, em que o espírito católico militante se consolidou cm sua alma. Depois, sua luta contra o progr>ssis1110 dito cató lico e a fundação ele uma enorme família de almas para defend r os prin ípios básicos ela civilização ri slfl. Por fim o encerramento, apli cando os ' nsi n·imcntos extraídos ela vida desse va loroso lfcl r ca tólico à batalha do dia-a-dia . A I 'Umas peças teatrais d ram vicia às

N um acampamento em Silveiras (SP), congregaram-se estudantes no V Encontro da Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz. Foram quatro dias de forinação intelectual, moral e física. ■ D ANIEL

F. S.

M ARTINS

Q

L.1ando visitava a belíssima. Torre de B elém, em Li sboa, um ami go fo i abordado por um português que, esc utando sua conversa, percebeu logo o sotaq ue brasileiro. Acercou-se desse meu amigo e perguntou- lhe:

-

O senhor é brasileiro, não é?

Antes mesmo de ouvir a resposta, ele continuou:

- "A h, terra do carnaval! Gostaria de ir ao Brasil no carnaval! Lá a gente pode fa zer o que quiser! O meu am igo esclareceu:

- Pobre português! Você não conhece o Brasil! Há em meu país muito mais do que esse carnaval em que as pessoas, -

CATOLICISMO

como você diz, 'se soltam', mas na verdade 'se prendem' a tantos e tantos vícios! Há no Brasil panoramas belíssimos, bondade para dar e vender, comidas esplêndidas e também muita gente sensata, que fog e do carnaval que você quer freqüentar!

*

*

Caro leitor, meu ami go tinha razão. Há em nosso querido país mui tíss imo mais do que carnaval, e sobretudo imensamente mais elevado. Exempl o disso fo i o V Encontro da

Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz, ocorrido em Silveiras (SP), no qual j ovens uniram-se para momentos de formação, oração e saudável lazer.

convcl'sas das l'Cfeições. Usando a técni ca d .1·0111/m1 chinesa (m istura ele áudi ovi sual ·0 111 t 'atro), tratou-se ela trág ica decad "i n ·it1 da Ida le Média e também das prom ' ssas d' Nossa Senhora em Fátima. Outros sk1•11 ·/ies versaram sobre as ru zadas · l'i •uras da C rista ndade, como São Benimdo 1k C lara va l. E 11 11s horas vagas? Um lazer sadio e próprio 1k jo vens. Paintba /1 , j ogos medievai s l' outros J ree nchia m agradave lmcnl • o 1c111po li vre. Embora cansassem o corpo, ·spair •cia m a alma e a preparava rn p:1r11 o progra ma seguinte. /\ 1 'lll' 11 1 )ll'rguntará: mas qual é arel aç, o di sw rn 111 o carnaval ? É simples. Quando 11 11 11111.1s pessoas voam para os pra:t. 'l'l'S ill' •ílimos do carn ava l moderno, 11 ·1 11111111 voltando para casa fru stradas, pm~ prncu raram a fe licidade onde ela 11110 l'Sl:1. Pelo co ntrário, quando se ob ·dl'l'l' 11~ Leis de Deus, E le, como reco11q w11 sa, da a felicidade de situ ação. 1i 101 l'Xllla111ente isso que se fez sentir 110 l i,11 dl·sses quatro dias! • ll- 1111111d11 11111111

d1111i •)111arti ns@catoli cis111o.co111.br

ABRIL2009 -


Santo Sudário Recusa e horror ao pecado cometido ■ PUNIO CORRÊA DE O LIVE IRA

ndo o Santo Sudário de Turim, impressiona- me a recusa e a repulsa que nele há em relação ao que está próximo. Nosso Senhor contempla a si próprio, olha o Padre Eterno, e sabe que a seus pés encontra-se M ari a Santíssima - cor unum et anima una (coração e a lma unidos a Ele) . Não vejo naquelas pálpebras cerradas o menor sinal de compaixão. Tenho impressão de que elas se cerraram em recusa e em horror ao pecado que os homens cometeram. Na Sagrada Face notam-se as marcas dos golpes que r cebeu, seu cabelos estão rarefeitos e desordenados. E le fo i maltratado de todos os modos . Perçebe-se seu protesto di ante de tudo isso, mas também sua di gnidade. Ele afirm ara que o próprio Salomão, no auge de sua glóri a, não se vestiu tão esplendorosamente como os ]frios

V:

do campo (Cfr. Mt 6, 28-29). E u teria vontade de di zer: "Quem era Salomão em toda a sua glóri a, se comparado à majestade deste Re i?". Comparados a ta l maj slad ·, quanto são pobres e pequenos os lírios do ca mpo! uunto é pobre e pequeno Sa lo mão ! Além da recusa, também vejo ne sas pá lp ·brns · •rr11das uma dec isão e uma incompatibilid ad qu · nrr ·h ·ntou as po rtas da morte e as transpôs. É a malri z da in ·0 111patibilidade completa e do ódi o compl ·10. (1 u111 11 lú ·id11, firme e serena inco mpatibilidade com s ' usa i •oz ·s; u111a recusa completa de qualquer a finidad ' ' ·ond ·s · ' nd ncia co m seus inimigos; urn a pos içc0 d ' qu ' 111 s ·nl • lul horror ao pecado co meti do, qu a fund ou num o· ·ano d · horrores para, legítim a e di gnam nt ', r ' ·usar aqu ·I ·s qu · ativa ou pass ivame nte parti c iparam da ruc ifi x, o. Esse é o estado de es pírit o que tamb 111 nós d ·v ·mos ter. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 26 de janeiro de 1980. Sem revis o do utor.



111111

, P1 INIO (

UMARI

RRfA O[ ÜUVEIRA

Maio de 2000

Nº 701

/

Nuno Alvares Pereira N o dia 26 deste mês, o Santo Condcsl,,ívcl de 1>rntugal·1: será canonizado. A este propúsito, tr'm1s<1r'cvcmos tr'ccho de uma palestra do Prof. Plínio, rwofcwida crn 6-1 1-(M.

S

ão Lanlas as raz.ões para venerarmos ele modo especial o bem-avent u racl o Nun o Á lv ares Pereira ( 1360- 143 1), que seria difícil enumerálas todas. Uma delas eleve-se mencionar por ju sti ça : co mo santo português, ele tem uma relação evidente cono. co. Na Europa, Portuga l oc upa um gran de e autênti co luga r ele honra. Só uma pessoa muito in sensível à c ivili zação cri stã poderi a ir a Porlu ga l sem perceber todo o charm e, Lodo o cncanlo cio passado católico porLu guês. ão Lanlos os seus valores, que represenlari a um verdade iro preju ízo para o mund o se Porl uga l não Bras il fi co u prej udicado ao ex Ist1. se. se cles lusilani za r. 01110 caló li cos, levemos ser ciosos e alegres le nossa ori gem 1usa. Eu me pr 'ZO de ser clescenclenle ele porlu ucscs e ad miro Porlu gal. anlo ondcs láve l el e Por tuga l , Lcn lo xcrcido um pape l enorm e na hi stóri a I ort ugucsa, mui to nos interessa. Seu carál r 'Uerrciro e carm elitano, e ele sanLo guerreiro, in leressa- nos espec ialmenle. Quando se Lorn ou reli gioso carm eli ta, ele conservo u o arn ês ele ca valeiro sob o hábilo ca rmelitano, co mo manutenção cio seu espírito guerreiro. O cató li co 11101 e adoc ica do gos tari a ele di zer qu e n nh um santo é guerreiro; que nenhum bom reli gioso é guerreiro; qu na u ·rra hú al go ele intrinsecament e mau. Essus sao afirmações falsas. Ademais, co mo u11tep11ss11do da famíli a imp ri a! hrn sil ·i ro, N11110 Á lvares é um prol ' lor nosso . 'l'od11~ L'ssas razões nos fa z ·111 t ·r p 11111 vrn11 l'I L· I1Ina devoção

'Sp 'l" i:1 1. e ~

ATO LI C ISMO

V id1• /'111111/1 /111111 , 11!11111 1111)11

4

CAIU'\

no D11mT01~

5

PÁm~A MAmANA

7

1,1,:nrnu EsP11un1A1,

Na. Sra. Refúgio dos pecadores Por que estudar a Religião? - IV Hugo Chóvez persegue a oposição

1O A

PAI,/\\ IV\ 1)() SACl-:RDO'l'I•:

12 A

R..:A1 ,mA1>1<: C0Nc1s/\M1wr..:

14

lN·1·..:1~NAc10N\1 ,

16

ENT1mv1sTA

A Venezuela chavista

MS1! 25 anos de ação nefasta e tel'l'ol'Ísta

20 SOS P \MÍl ,1A Protesto anti-aborto na Praça da Sé Fractais : belezas quase desconhecidas

23 Po1~

orn•: NossA S1,:N110RA c110RA

24

EsPLENnorms D!\ CmsT\ND\1>1<:

26

CI\PA

38

D1sc1-:RN1Nno

40

Vm1\s 1n: SANTOS

Festa numa aldeia austdaca

A Virgem Maria -vida de nossas almas A beleza dos fractais São Felipe Nél'Í

43 V ARm1nn..:s "Direitos humanos" para os animajs?

44

D1,:sTAOt11<:

Coca-Cola, sensações e mistél'Ío São Felipe Néri

50 AçAo 52

CoN'l'IM-R1,:vo1rn :ioNAR1 \

Al\mmNTES, Cosn1M1•: s , C1v1uz \Ç(ms

A coroa de Carlos Magno, o arquétipo do imperador cl'Ístão Nossa Capa : Imagem de Nossa Senhora da Evangelização, catedral de Lima, Peru

Coca-cola, uma reflexão oportuna ...

MAIO2009 -


Refúgio dos pecadores Caro leitor,

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

Nascidos nos anos da graça de Nosso Senh or Jes us ri sto, não fazemos a menor idéia de quanto sofreu a humanidade ante. ela vinda do alvaclor. E ta mbém de quanto somos devedores a Nossa Senhora por n -la Ler merec ido. Com efeito, durante milhares ele anos gemera m os home ns do mundo anLigo sob o pesado fardo das conseqüências do pecado ori gina l. Para a sa lvação de : uas almas, tinham como contrapartida apena. graças ordiná ri as, recebidas e m prev isão da futura Redenção que viri a dos merec imentos de Nosso Senhor Jes us Cri sto. As portas do Céu estavam cercadas, e todos aqueles que, após grandes sacrifícios para se mantere m fi éis a Deus, transpunham os umb ra is ela morte como justos, permaneciam no Limbo. ' A essa ex igüiclacle ele recursos espirituais soJn ava-se uma escrav idão genera li zada, fruto cio paganismo. Os governantes tratavam seus súditos com rigor pagão. E os senhores de escravos freqüentemente submetiam estes a ex periências mortíferas, como verdadeiras cobaias, às vezes para comprazer mórbidos entreteni mentos tanto seus quanto de seus sequazes. Desalentados, muitos do próprio. povo hebre u e nco ntravam-se, co mo o gera l dos ho mens, numa situação dolorosa. Vacilava a própria esperança de dias melhores, em que se cumpririam enfim as predições dos profetas sobre a vi nda do Messias que os libertari a. Poré m, quando reinava esse espírito de desesperança e abatime nlo, soou a hora de Deus. Numa humilde casa de Nazaré, o arcanjo Gabriel an unciou àquela que durante toda a sua vida rezara para se tornar um a di gna serv a da Mãe do Messias, que era Ela própria a escolhida. E pedia para isso sua p rmi s ão. "Eis a escrava do Senho,; fa ça-sé em mim segundo a tua palavra " : com este Fiat ou consentimento, cheio de surpresa, a Virgem Santíss ima tornar-se-ia esposa do Espírito Santo e mãe de Deus Filho. E mais tarde, ao con. e nLir na Paixão e Crucifixão do fruto bendito de suas entra nhas, seria ta mbém co-reclen tora do gênero humano. Nosso Senhor in stituiu a Igreja Católica prometendo-lhe a imortalid ade; e na pessoa de um simples pescador, que O negari a três vez s, in stituiu o Papado. A Lei Antiga, com os simples favo res que oferecia, fo i substituída pelo caudal inesgotável de graças contidas na Lei Nova; com a Mort Ressurreição ele Cristo o demônio foi derrotado, e as portas do Céu abertas para ne le ingressarem os bemaventurados. Deixo aqui esta prelibação de nossa matéri a ele cai a, constituída de excertos cio excelente livro A Virgem Maria, de autoria do sacerdote francês Tho mas de Saint-Laurent, le itura che ia de unção e ele grande prove ito espiritual , tão apropri ada para o mês de maio, dedicado à Mãe de Deus.

A virgem Maria, como refúgio dos pecadores, cumpre um papel de capital importância no plano da salvação humana, protegendo maternalmente os filhos transviados

V ALD IS GRINSTEINS

S

eri a possível conceber algo aparente mente mai s contraditóri o no plano de Deus cio que nomear Nossa Senhora como auxílio daq ue les que ofendem seu Divino Fi lho? Em princíp io, qu e relaç ão pode ri a haver e ntre Aquela que é Imacul ada ou seja, sem mancha, nem sequer a cio pecado original - e a hum anidade fa li da e repleta ele defeitos? Não seri a acaso mais sábio dizer somente que a Virgem tem pena cio pecadores, mas não q ue é o refúgio de les? Refú gio não seri a um a pal a vra fo rte de mais, in apli cáve l para que m justamente deveri a ser punido pe la justiça divin a? Se le va rm os a pal avra refúg io no ri gor ela lóg ica cartes iana, não chegaremos acaso à conclu são ele have r a lg um tip o el e c umpli c id ade e ntre a Santíss ima Virgem e o pecador? Todas essas pergun tas são fruto ele impressões erradas, sabi ame nte refutadas pela Santa Ig reja, a qu al não fi ca apenas nas aparênc ias cios problemas, mas va i ao fundo deles. E com toda razão a Igreja nos ensina que De us co loca a ma is santa elas criaturas co mo protetora das pi ores de ntre elas .

Desej o a todos uma boa leitura.

Diversos graus <le malícia E m Jesus e M aria,

~~7 DIR ETOR

paulobrito@catolicismo.com .br

Ex istem vários tipos ele pecador. Há o que peca por fraqu eza, porque não rezou o u não lutou suficientemente contra seus próprios defe itos. Trata-se ele pecador mi serável, mas que ao menos reconhece estar errado, não busca justifi car o pecado, e em numerosos casos se arrepende, mesmo se vo lta depois a ca ir.

st

Um segundo tipo é aq ue le pecador que se in sta lo u no pecado. S ua razão busca umas ta is ou qu ais "justificações": o pecado é inev itável, não te rnos fo rças mes mo, não adi anta lu ta r contra as más

inclin ações, etc. Ignora o pape l da graça, neg li gencia por comp leto a oração. E ass im se insta la em sua alma a tibieza espiritual, a in dife re nça c rimin osa, mortal a longo prazo.

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Fina lme nte ex iste o pecador que se identifica co m o pecado. Ele não só o co me te, mas ju sti fica -o, chega ndo ao ponto de não to lerar opos ição a seus vícios . É o pecador endurec ido. Qual a pos ição da Santís ima Virgem com relação a esses tipos de pecadores?

A atuação <lc Nossa Senhora Antes d e e ntra r propri a me nte no te rna , devemos esc la recer pre limin armente que a Santíss ima Virgem te m uma submi ssão co mpleta a Deus, ou sej a, o plano de De us é exata mente o mes mo d 'Ela, em todos seus detalhes. Deus é o Ser perfeitíss imo, e ao mes mo tempo a própria justiça e a própri a mi sericórdi a subsi tentes. Para nossa óti ca hum ana, sobretudo na natureza decaída, é d ifíc il e nte nde r co mo pode m harm o ni za r-se estas duas qu alidades na mes ma pessoa. Por isso, razões por assim di zer didáti cas levam a que E le, que re presenta a justiça, de ixe freqüe nte mente a representação da mi sericórdi a nas mãos ele sua M ãe. De fato a mi seri córdia cl 'Ela não é senão uma partic ipação pri v il egiada ela infinita mi seri córdi a ele Deus . Nossa Senhora, em sua relação com o pecador, não procma esconder o pecado, nem dissimular sua gravidade, muito menos criar uma situação por o nde a alma permaneça tranqüila na situação deplorável ele pecadora. Isso não seria misericórdi a, mas sim conivência. Ela vai, pelo contrário, suscitar na alma as boas reações que a levam ao arrependimento e a entender a necessidade ela penitência. É óbvio que o pecador do primeiro tipo, que peca por fraqueza, entenderá mais especia lme nte o pape l de Nossa Se nhora como refú gio. Após a turbulência cio pecado, a consciência da própria fa lta pesará sobre ele e não o deixará em paz. Ao mesmo tempo, sua al ma carregará urna tri steza pela derrota sofrida e um desejo errado ele justificar-se. Estes do is elementos contraditórios se alternarão na sua mente, encherão seus pensamentos e levantarão uma tormenta espiritual, que pode ser terrível como tempestades marinhas . É a luta ent:re o bem e o mal, na qual o primeiro contra-ataca e o segundo quer assegurar o terreno conquistado. Exatamente aqui entra o papel ele Nossa Senhora como refúgio. A alma procura

-CATOLICISMO

encontrar alguma ajuda externa que solucione a tragédia na qua l se submerg iu . Neste momento apresenta-se à sua mente a cri atu ra por excelência que o pode ajudar. Não se mostra com uma atitude dw·a, como quem repreende, mas também não deixa transparecer qualquer cumplicidade. É a bondade materna, atraente, suave, concili adora, compreensiva. A própria alma sente que Ela o entendeu, e Nossa Senhora comporta-se com a alma pecadora exatamente como a mãe de uma criança culpada. Primeiro ela a atrai a si, e logo, com paciência e bondade, vai Lhe mostrando o erro cometido, com muita doçura. Procura raciocinar juntamente com a a lma, e ao mesmo tempo que aponta o en-o, mostra como saná-lo. Nossa Senhora sussura nessa ocasião a necessidade e a sabedoria do sacramento da confissão. A penitência que impõe o sacerdote não é um castigo que derruba e abate, mas sobretudo a escada que permite voltar ao alto.

A maternal p1·oteção Se analisarmos objetivamente a atuação de Nossa Senhora, não do ponto de vi sta cio pecador, mas ele Deus, constataremos que ela é ele uma coerência perfeita: "Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva ", di z a Sagrada Escri tura. Como obter i to? Justamente enviando alguém em socorro cio mi seráve l, de fo rma que mo tre a ele ua triste situação, levando-o a pedir perdão e ·ao desejo ele reparar o mal cometido. Nossa Senhora tem a. im perfeitamente delineado seu papel no plano da salvação, como um elemento e encial. É a ferramenta que repara as imperfeições espirituais, o medicame nto que cura a doença, o guia que mostra o caminho. Poderi a parecer que ta is con siderações não se apli cam aos pecado res cio segundo tipo. O própri o fa to de estarem irJstalados no pecado indicari a que não sofre m as to rme ntas espirituais do primeiro grupo. Na realidade, nin guém fica estáve l na vicia espiritu a l, ne m para o be m nem para o mal. Sempre estamos s ubind o o u desce nd o. N ão há " po nto morto". A ilusóri a tranqüilidade do pecado r no pecado é só aparê nc ia. E le está des li zando para o fundo do poço; de te mpos e m te mpos dá-se conta do que aco ntece, e essa perspectiva o ass usta. Sente

em si capac idades para o mal, que vão aparecendo, te ndênc ias abo mináve is que nasce m dentro de le, instintos brutais e devas tadores que asso ma m em seu hori zonte . E le mes mo se surpreende co m o que pensa, co m o que desej a, com o que gos tari a de faze r; e ne ses mo me ntos sente-se como uma barca tragada por um torve linho. Para ele, o refú g io é um a necessidade urgente, e tem que er um refú g io que não questi one a entrada, que não coloque dificuldades para ancorar lá sua barca, que está a caminho do naufrágio. Ningué m melhor cio que Nossa Senhora para amparar tal alma, nesse momento. O pró prio fato de E la nunca ter pecado apresenta-se como o me lhor antídoto para os horrores a que o homem sente sua a lma atra ída. A bondade materna de Nossa Senhora, ao aceitar o filho errado pe lo fato de ser filh o, é o que atrairá essas almas. E elas serão também orie ntadas para mudar s ua vicia. E como fi ca o pecador endurecido? O que representa Nossa Senhora como refúgio para ele? Essa alma núserável, que mais cio que outras atrai a ira de Deus, tem todas as razões para temer um desfecho violento e terrível, em vista de seus pecados. Com ele a Virgem atua, e m geral , nas horas-chave, quando a inúnência do desastre se anuncia no hori zonte. Quando a portas ela tragédia abrem-se para o engolir, quando o inferno já aparece como um destino selado, nes e momento a Virgem mostralhe que ainda há uma saída, que o perdão não está excluído se houver conversão, que Ela será mãe e defensora, que con eguirá o indulto aparentemente impo síve l. Ela brilhará especialmente para ele, pois tratase de refú gio, palav ra que adquire então todo o seu sentido confortador. Na la e co mpara co m a defesa qu e a Virgem Imacul ada empreende em favo r dos piores pecadores nesses momentos supremos. É a glóri a ela misericórdia no seu brilho mais completo, buscando a vo lta da ovelha perdida ao apri sco. Peçamos a No sa en hora a graça de entender toda a be leza sabedori a que se encontra m nesse pl ano div ino ele tra nsfo rmar em refú gio d mais endurecidos pecadores Aquela que é a ma is exce lsa das cri atura . • E-mai l do autor: v·1l I'

Por que estudar a Religião? - IV _Após as provas de que o universo foi criado por Deus, publicadas na edição anterior, o autor* passa a tratar da criação do homem, composto de corpo e alma homem é uma criatura raciona l composta de corpo e alma. Ele é uma criatura, quer dizer, um ser cri ado, que vem do nada pe lo poder de Deus. É uma criatura racio nal, ou seja, inteligente, capaz de discernir o bem do mal , o verdadeiro do falso, o justo do injusto. Essa é a razão que di stingue eminente mente o homem do animal e de todas as outras criatu ras do mundo vi sível. O home m se compõe ele um corpo e de uma alma. O corpo é esse envoltório exteri or, essa substância material que vemos, que tocam os . Ele se compõe de diversas partes: são nossos membros e nossos di versos órgãos. A alma é essa substância invi sível que vive, sente, pen a, julga, rac ioc ina, obra livremente e dá ao corpo o mo vimento e a vida, completando-o para a fo rmação do ser humano completo. A união da alma com o corpo constitui o homem, e o faz um ser intermedi ário entre os anjos, que são pu ros espíritos, e as criaturas sem inteligência ou sem vida, que são matéria. Assim, pois, o corpo e a alma são duas substâncias distintas, e sua uni ão íntima, substanc ial, pessoal, constitui o homem. É certo que temos alma, pois há algo em nós que vive e imprime o mov ime nto a nossos me mbros; algo que sente, que conhece, que pensa, raciocina e obra livreme nte. M as como o corpo por si mesmo é inerte, sem vicia, sem sentimento, sem inteligênc ia e sem vontade, um cadáver, devemos concluir que há e m nós algo dife rente do corpo, e esse algo é a al ma. Portanto, o mais nobre dos seres vivos deste mundo sensível é o homem. Ele possui a vicia vegetativa: co mo as pl antas, se nutre, cresce, morre. Possui a vida sensitiva: como os animais, sente, move-se de um lugar para outro, sobrevive em seus filh os e escolhe o que lhe convém. M as, ademais, possui a vida inte lectiva, que estabe lece uma di stânc ia quase infinita entre o homem e os seres infe riores .

Como se prova que nossa alma é um espfrito? Prova-se que a a lma do homem é um espírito por seus atos, como se prova a ex istênci a ele Deus por suas obras. É um princípi o evidente que as operações de um ser são sempre conformes com sua natureza: conhece-se o operário por suas obras.

Nossa alma produz atos espiritu ais, co mo os pensa mentos, os juízos, as vo lições. Logo, nossa a lma é espiritu al. A a lma do home m j amais de ixará ele ex istir. Tudo o prova ele uma mane ira evidente: 1 - A natureza do home m; 2 - Suas as pirações e desejos; 3 - As perfe ições ele Deus; 4 - A crença de todos os povos; 5 - As con eqüê ncias funestas que resul tari am da negação desta verdade fund amental.

Os <lesejos e aspirnções ela alma provam que ela é imortal? Sim . O desej o natural e irres istíve l que temos ele uma fe li cidade perfe ita e ele uma vida sem fim prova a imortalidade da alma; porque este desejo não pode ser sati sfeito na vida presente, e portanto deve ser sati sfeito na vicia futura . Se não, Deus, autor de nossa natureza, ter-nos- ia enganado, dando- nos aspi rações e desejos se mpre de fraudados, nun ca sati sfeitos, o que não pode ser. Se o desejo da fe li cidade não devesse ser satisfeito, Deus não o teria posto e m nós. •

* Trad ução ele trechos ci o li vro

La l?elig i611 Dem os trada , do Padre P. A. Hill aire, Ed itori al Difusión, Bu enos A ires, 8" edição, 1956, pp. 4 1 e ss.

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Posição face él Paü:ão

Fronteiras vulneráveis

181 A le itu ra de med itação para a Seman a Santa auxili ou-me muito para be m foca li za r minha pos ição, co mo a de todos os cri stãos, face à pai xão de C ri sto como vive nc iamos hoj e em di a. Como di zem muito be m, a paixão de C ri sto se repete e m nosso tempo. Ma lg rado meu atraso, desejo aos amigos da equipe da re vi sta Catolicismo um a Fe li z Páscoa e m uni ão com as a legrias da Ress urre ição de Jesus C ri sto.

~ O mini s tro Marco Auré lio d e Me ll o me rece nossas fe lic itações por ter soz inh contrad itado todos seus co legas no STF, que, de um a mane ira irrespo nsável, entregara m todas as terras da Raposa Serra do Sol à sorte de aventureiros. E le foi o úni co que não cedeu às pressões de tra idores de nossa Pátria que forçaram a votação no Supre mo. Esses traidores deixaram parte de nossas fronteiras com a Ve nezue la vu ln eráve is a inte resses es trange iros. Al é m de prejudicare m o estado de Roraima, prejudica m o Brasil inteiro quanto à produção de alimentos, principalmente de arroz. O governo PT prome teu inde ni zar os arrozei ros. Alguns ac red itam , a maioria não. Eu ta mbé m não acredito. Te nho quase certeza de que, se houver indeni zação, sen'í uma miséria que os produtores de arroz receberão daqui a muitos anos; e mes mo assim , se muito batalharem com processos e m c ima do governo federal.

(M.V.C. -

SP)

Brilhante aula

Respeito pela Semana Santa 181 M ostre i a meus pais a repo rtage m sobre a Sema na Sa nta e m Sev ilh a, poi s e les vis itara m aq ue la cidade exatame nte na Sema na Santa de 2001. Eles ficaram comentando cada foto. Como tinh am ass istid o ao v ivo os desfi les , fi cara m re le mbrand o também co mo e les e ra m fe itos em Barbacena. Ev ide nteme nle, de modo ma is modesto, mas ta mbé m bonitos e co m muita devoção re li g iosa. As pessoas tinham muito respe ito pe los di as san tos , não co mi a m carne, ninguém faz ia barulho, ne m os moto ri stas bu zin avam , etc. Me us pais gostaram tanto, que me pro metera m uma viage m à Espanha no tempo da Sema na Santa . Se Deus q ui ser, no ano que vem podere i viaja r. Levarei a revi ta, para re ler no própri o loca l e não perder nenhum desfi le dos andores. (E.S.I.A. -

MG)

Não leia ... 181 Fo lheando Catolicismo, deti ve-me com as marav ilhosas fotos das procissões de semana santa na Espa nha. Mas quando vi o título " NÃO LEIA ESTA PARTE", fui direto le r esse tex to. Ac he i muito bo ni to e comovente o depoimento pessoa l.

- C A T O L I C I SMO

(0.1.V. -

RJ)

181 No último fim de semana, dedique i-me a uma le itura ate nta da revi sta de ab ril , especialmente do arti go sobre o li vro Revolução e Con.traRevolução. Livro escri to por Plínio Corrêa de O live ira há 50 anos, mas de uma atua lidade que me im press io no u. Essa le itu ra fo i para mim uma verdade ira e bri Ihante a ul a sobre a cri se do mundo, da Igreja e dos va lores morai s. Passei a entender q ue sem uma reforma moral de gra nde inte nsidade não há so lução poss íve l para nossa soc iedade. Tenho no computador de meu filho o texto di g ita li zado do li vro, que copi e i do site que te m o no me do i lu stre professor Plínio, mas vou adq ui rir o próprio livro para tê-lo em minha pequena bibli oteca. (S.G.H. -

ES)

O Santo Com/estável - Qu e bom que nós portug ueses teremos ma is um santo para nossa devoção. Mas de devoção para os bras il e iros ta mbé m, não é ve rd ade? Nuno Á lvares Pere ira, na conste lação dos santos, não é uma estre la qual quer, é de prime ira grandeza. Com a canoni zação que acontecerá no final deste mês [a brirl , podere mos rezar ma is dire tame nte para e le , e certame nte Deus lhe dará mais facu ldades para nos atender. (R.M.E.P.S. -

PA)

(J.W.J . -

AC)

Igreja e /i'tmai Co m a ho mo logação das terras indígenas Raposa/Serra do Sol (RR), não . e a lca nça a paz naquela reg ião. Pe lo contrári o, agora é que a guerra vai se es pa lhar. Aquilo lá vai pegar fogo e ntre índi os, brancos e negros. Será que a Tgrej a e a Funa i não sabi a m di sso? Impossível não pe rceber que a gue rra se espalhari a. De modo que fica g irando em minha cabeça que a Igreja e a Funai não le ·ej am a paz e ntre as raças, mas a guerra entre e las. Com isso quem tira prove ito é a ala esque rdi sta do governo. (A.L.D.-BA)

Lastimável argumentação 121 É las timáve l ver que uma rev ista que prega o cri stiani smo defende tantas posições contrári as ao Reino de Deu . No ca o da reserva indígena Raposa Serra do Sol, ninguém está fazendo favo r àque les índios, vi sto

que, quando da c hegada do sacro império portu guês às nossas terras , 6 milhões de índios já viviam aq ui , e não brancos. Triste é ver que teremos que co ntinuar a pedir de sc ulpas, como o Papa João Paulo II, pelas nossas desastradas e terríve is ações contra os indígenas da América do Sul. Deus tenha piedade de nós! (A.P.F. -

MG)

querido Monsenhor, mas fiqu e i decepcionado porque neste mês a rev ista não trouxe esta parte. Gostei muito das outras , també m muito importantes para nossa boa formação, mas me fizeram falta as respostas contidas na " Pal avra do Sacerdote"; e por isso· peço aos senhores que retome m a publicação das duas páginas tradicionais do Monsenhor. (A.C.K. -

SP)

Nota da Redação: Prezado A lisson, N ós queremos muito bem aos nossos irmãos indígenas, e por isso desejamos que seja m evangeli zados, como era o trabalho de grandes e santos mi ssio ná ri os como o Bealo Anchieta e Nóbrega. Não desejamos que os índios sejam prejudicados, por isso não desej amos que e les fiquem segregados em reservas e entregues aos costumes pagãos de seus ancestrais, como infa nticíd io, antropofagia e outras selvagerias. No caso concreto da Raposa Serra do Sol, o mi ss i-. vi sta sabia que a maiori a dos índios a li presentes é contrária à expul são dos brancos? E que é uma minoria de índios, fomentada pelo Cirni e pela Fun a i (influ e nc iada pe lo PT), que desej a o contrário? O problema não é o índio. O problema é um a corrente esq uerdi sta de brancos - saudosa da Uni ão Soviéti ca - que quer promover um comuni smo tribal, ajudada por ONGs internac ionai s de esquerda. Os neomi ss ion ários que s urgira m nos me ios católi cos - aos quai s se aplica a denúncia fe ita pe lo Papa Paulo VT, de uma "autode mo li ção" na ígrej a - esses é que bu sca m impor sua ideolog ia com un om iss ionári a. Não sabe mos se por ig no râ nc ia o u por participação, mas o fato é que as posições ideo lóg icas que transparecem e m sua carta são as mes mas do Cimi e do PT. Nada têm a ver com o bem dos índios.

Mons. José Luiz Villac

18:J A primeira coisa que le io na revista é a "Palavra do Sacerdote", do

Devoção marial e eucal'Ística 121 No alto de meus 83 anos, a lio-me prazerosamente à devoção do benemérito e se mpre le mbrado mes tre Plíni o Corrêa de O liv e ir a à Santíssima e Imaculada Conceição da Virgem Maria, assim como ao Santíssimo Sacramento, visto que a fé na presença eucarística de Jesus e ntre nós é, sem dúvida, um dos sustentáculos da Religião Cató lica. Parafraseando São Paulo, diria que se Cristo não permanecesse entre nós - como e le mes mo o afirmara - a Roch a (CEFAS) não conseguiria manter sua integridade, enfrentando as proce las das agressões atéias sociali stas-marxistas. (J.B.F. -

SP)

Cardeal Pujats 181 Pa rabenizo ao Senhor Cardeal Pujats pela coragem de enfrentar este problema dos homossexuais - como também o dito casamento entre eles com tal bravura! Este sim é profeta! (C.P.M. -

RS)

sar nele, me aprox ima de Deus e do maravilhoso. Sinto-me renovada, só de pensar na ex istê nci a da mai s humilde das criaturas de que te nho conhecimento . Ele, julgando- se nada , nos legou absolutame nte tudo ! (S.E.0. -

CE)

"Casa11w11to " 181 N ão posso concordar, sob hipótese algum a, com a legali zação de "casamento" entre homossex uai s e o utros fora da Lei divina. Nossas autoridades têm que combater com ri gor esta tentativa de legali zação. (E.G.C. -SC)

Na. Sra. <la Cabeça 181 Achei muito lind a a hi s tória publicada por essa rev ista sobre Nossa Senhora da Cabeça. Tenho certeza de que a parte mai s impo rtante do nosso corpo é a cabeça. Po r isso fi carei devota desta santa tão milagrosa, vou pesq ui sar mai s sobre ela, e gostaria, se poss íve l, de adquirir s ua im agem. (M.A.S.R. -

SC)

www.catolicismo.com.br 181 Há muito tempo venho procurando um site verdadeiramente católi co. Graças a Deus o encontre i. Parabéns! (J.R.G.O. -

PA)

Linguagem católica 181 Gostei muito da revi sta Catolicismo. É uma rev ista completa, que fa la

São José de Cupe1'tino 181 Em me io às tribul ações que enfrentamos nos dias de hoj e, deparamos com a biografi a de São José de Cupertino, que esta rev ista nos apresentou como exemplo de desprendimento. Ficamos atordoados. Este santo se foi, mas seu exemplo, sua reti dão espiritual , sobrevive durante séculos e traz até os dias materiali zados de hoje um sopro do divino! Pen-

a linguage m que o católico deve usar. Um abraço a todos. (J.M.C. -

MG)

Guadalupe 121 Visitei o site da revista, onde li o rutigo sobre Nossa Senhora de Guadalupe, o qual eu havia comentado com amigos no domingo passado, pois achei que poderia lhes interessai·. (L.P.S. -

RJ)

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n Monsenhor JOSÉ Pergunta - Peço explicar o que significa o pecado imperdoável, pecado contra o Espírito Santo. Muito obrigado.

Resposta - O leitor levanta um problema clássico da teologia, que decorre da célebre frase do Eva ngelho de São Mateus (cap. 12, 31-32): " Todo pecado e blasfêmia será perdoado aos homens, porém a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. E todo aquele que disser uma palavra contra o Fi lho do homem [Jesus Cristo], lhe será perdoado; porém o que a disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro". São Marcos (3, 2830) e São Lucas (12, 10) têm expressões equivalentes. São Marcos especifica que quem cometer tal ato "será réu de um ete rno pecado", o que permite estabelecer a eq uivalê ncia e ntre as expressões "blasfêmia contra o Espírito Santo" e "pecado contra o Espírito Santo". Essa é uma das frases mais terríveis pronunciadas pelo Divino Salvador. Tal severidade se explica: ela se situa no contexto do incrível comentário dos fariseus (como diz São Mateus) ou dos escribas (como diz São Marcos), de que Jesus Cristo expu l ava os demônio em nome de Belzebu. Jesus Cristo qualificou esse comentário de "blasfêmia contra o Espírito Santo", pecado imperdoável. Santo Agostinho chegou a dizer que "talvez, em todas as Santas Escrituras, não se encontre nenhuma questão maior, nenhuma mais d(ffcil" CATOLICISMO

(Sermão 71 de verbis Domini). O problema está em que, no mesmo trecho, são feitas duas afirmações apare ntemente contraditórias: a primeira é que todos os pecados são perdoados; a segunda, que o pecado contra o Espírito Santo não tem perdão. Plinio Corrêa de Oliveira costumava observar que, sempre que na doutrina católica se apresenta uma questão difícil, podemos ter ce11eza de que a solução será luminosa, e tanto

mais bela quanto mais difícil for a questão. É o que ocorre neste caso, que ocupou a mente dos maiores pensadores da Igreja desde os primórdios. Santo Tomás, em quatro rutigos da Suma Teológica (11-11, q.14; cfr. também quatro attigos da 1-11, q. 78), sintetiza as diversas soluções apresentadas; e, como de costume, esclarece brilhantemente o problema teológico. Tentaremos resumir o seu pensamento pru·a transmitir ao leitor o essencial da argumentação.

LUI Z VILLAC

Quais são os pecados co11tl'a o Espírito Santo? Pru·a melhor compreensão da matéria, convém dizer desde logo quais são os pecados contra o Espírito Santo, segundo o Livro das Sentenças de Pedro Lombardo (2 d.43), que Santo Tomás recolhe e analisa, e anti gamente se ensi navam nas aulas de Catecismo (cfr. Segundo Catecismo da Doutrina Cristã, Vozes, Petrópolis, 52ª ed., 1953, p. 60):

Os pecados contra o Espírito Santo são seis: 1º. Desesperação da salv ação; 2°. Presunção de se salvar sem merecimento; 3°. Negar a verdade con hecida como tal; 4°. Ter inveja das mercês que Deus faz a outrem; 5°. Obstinação no pecado; 6º. Impenitência fi nal. O referido Catecismo acrescenta que se c ha mam pecados co nt ra o Espírito Santo "porque se cometem por pura malícia, o que diretamente repugna à bondade

Os pecados contra o Espírito Santo são seis: l 0 • Desesperação da salvação; 2°. Presunção de se salvar sem merecimento; 3°. Negar a verdade conhecida como tal; 4° . Ter inveja das mercês que Deus faz a outrem; 5°. Obstinação no pecado; 6°. Impenitência final.

divina, que se atribui ao Espírito Santo". Expliquemos.

Ignorância, paixão, pura malícia Santo Tomás observa que a vontade se inclina ao mal de diversas maneiras: "Às vezes por defeito da razão, como aquele que peca por ignorância; às vezes também por impulso do apetite sensitivo, como aquele que peca por paixão. Mas nenhuma destas coisas é pecar por pura malícia; alguém peca por pura malícia só quando a própria vontade por si mesma se volta para o mal" (11-11, q.78 a.3 c.). Aqui está o que define os pecados contra o Espírito Santo: como diz o Catecismo, são os que "se cometem por pura malícia ", não simplesmente por ignorância ou paixão. Como este é um conceito fundamental para a compree nsão da matéria, co nvém esmi uçá-lo. Santo Tomás usa, em latim, a expressão certa malitia, que o Catecismo tradu z bem por pura malícia . Com efeito, o primeiro sentido da palavra certa, em latim , indica aquilo que está perfeitamente decidido, resolvido e determinado em nosso espírito. Portanto, o pecado cometido com certa malitia não é o pecado cometido por fraqueza, ignorânci a ou paixão, mas o que é cometido com perfeita adesão da vontade ao mal que envolve o pecado. Queira o leitor reler a frase de Santo Tomás citada no início deste tópico, para ver se lhe ficou claro. Esclareço apenas, colateralmente, que a ignorância nem sempre escu -

sa de pecado, pois ela pode ser culposa, e neste caso teremos o que Santo Tomás chama de pecado por ignorância . Bem compreendida, pois, a noção de certa malitia o u pura malícia, podemos mostrar como ela está presente nos seis pecados que o Catecismo nos apresenta como sendo pecados contra o Espírito Santo.

A malícia <los pecados contra o Espírito Santo 1º. Desesperação da salvação; 2°. Presunção de se salvar sem merecimento - Diz Santo Tomás: " O homem se abstém de optar pelo pecado pela consideração do juíza divino, o qual se exerce com justiça e misericórdia, e pela esperança, que brota da consideração da misericórdia divina, a qual perdoa os pecados e premia as boas obras; ora, esta [a esperança] é supressa pela

desesperação. Também se afasta do pecado pelo temor, que nasce da consideração da divina justiça que pune os pecados; e este [o temor] é supresso pela presunção da salvação, quando alguém presume alcançar a glória sem méritos ou o perdão sem penitência" (11-11, q.14 a.2 c.). Essa rejeição da justiça e misericórdia divinas implica uma pura malícia certa, pois são dois atributos divinos que ninguém desconhece. 3º. Negar a verdade conhecida como tal; 4º. Ter inveja das mercês que Deus faz a outrem - Diz Santo Tomás: "Dois são os dons de Deus que nos afastam dopecado: um é o conhecimento da verdade, contra o qual se põe a impugnação da verdade conhecida quando, por exemplo, alguém impugna a verdade conhecida para pecar mais livremente. Outro é

o auxílio da graça interio,; ao que se opõe a inveja da graça fraterna quando alguém. inveja não só o irmão em sua pessoa, mas inveja tam.bém o crescirnen to da g raça no mundo" (]oc. c it.). Posições de alma que, mai s uma vez, implicam evidentemente em malícia certa. 5º. Obstinação no pecado; 6º. Impenitência final - Diz Santo Tomás: "Por parte do próprio pecado, duas são as coisas que podem afastar o homem do pecado: Uma é a desordem. e a tmpeza da ação, cuja consideração costuma induzir à penitência pelo pecado cometido. E contra isto se coloca a impenitência, não enquanto sign(fica a permanência no pecado até à morte, [. .. } pois neste caso não seria um pecado especial, mas uma circunstância do pecado; mas é tomada aqui a impenitência enquanto implica o propósi-

to de não se arrepender; Outra é a inanidade e a brevidade do bem que se busca no pecado, segundo observa o Apóstolo: 'Que fruto tivestes naquilo de que agora vos envergo nhais?' (Rom. 6,21 ). E esta consideração costuma induzir o homem a não amarrar sua vontade no pecado. E tudo isto é removido pela obstinação, quando o homemjirma seu propósito de aderir ao pecado" (]oc . cit.). Explicadas assi m as diversas formas que assumem os pecados co ntra o Espírito Santo , restaria mostrar em que sentido se diz que eles são imperdoáveis. Mas o espaço acabou ... e fica pru·a o próximo mês. E ntrementes, peçamos a Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, Auxiliadora dos cristãos e Refúgio dos pecadores, que nos dê a graça de não ca ir em qualquer desses pecados monstruosos que , como advertiu Nosso Senhor Jesus Cristo, são imperdoáveis. São para a alma, conforme exp li ca Santo Tomás, como as doenças incuráveis são para o corpo: não têm cura, salvo um milagre espi ritual, que no enta nto Deus pode fazer! • E-mail do autor: monsenholjoseluiz@catolicismo.com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE Menina de 11 anos dá à luz no Rio Grande do Sul

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Paris: iovens frustram provocaejão de homossexuais

m Tenente Portela, diocese de Frederico Westphalen (RS), nasceu um bebê de uma menina de apenas 11 anos, que tinha sido estuprada. A mãe e a criança passam bem. O bispo diocesano, D. Antonio Carlos Keller, teve ação decisiva para salvar a vida do recém-nascido. Em nota pastoral, defendeu a excomunhão dos médicos que realizaram o aborto na menina em Pernambuco. A respeito dos estupradores, D. Keller assinalou: "Aqueles que violentaram essas crianças cometeram um pecado gravíssimo. Estão também eles afastados da comunhão eclesial, ef eito do pecado grave". Os verdadeiros defensores da vida, sendo católicos, são favoráveis à excomunhão dos que praticam o aborto, como prescreve o Código de Direito Canônico. E também apóiam a prisão (espécie de excomunhão da vida social) de criminosos estupradores, por razões análogas. •

China explora astutamente a crise mundial Banco Central da China comunista, por pro posta do seu presidente Zhou Xiaochuan, sugeriu substituir o dólar por uma moeda intern acional. A medida seria de difícil implementação em época de bonança, mas propô-la neste período de cri se significou um duro golpe contra a moeda americana e tende a abalar a confia nça na economi a mundi al. O regime de Pequim é o maior detentor de títul o.s do Tesouro americano. Ao que parece, a China pouco se importaria em perder cerca de um trilhão de dólares em títulos, caso conseguisse a esse preço derrubar a eco nomia de seu maior adversário ideológico, os EUA. É oportuno lembrar que Mao-tsé-Tung instruiu seus continuadores a não hes itarem em sacri ficar a vida de 300 milhões de chineses, se esse fos e o preço para estabelecer a hegemonia maoísta no mundo. •

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ilitantes ecologistas, anarquistas e comunistas tentaram uma provocadora di stribuição de preservativos por ocasião da saída de Mi ssa de domingo na catedral de NotreDame, em Paris. Militantes homossexuais deitaram-se no chão, portando grandes fotos de Bento XVI e o grosseiro cartaz: " O preservativo é a vida, mas o papa o proíbe". Cerca de 50 jovens católicos [foto] responderam ao ultraje, bradando: "Comunistas assassinos! ", e arrancaram-lhes as ofensivas fotos . A polícia interveio, mas para proteger os provocadores. Alguns dos jovens católicos cantavam a "Ave Maria". Os fiéis que saíam da Missa uniram-se a eles. Ao final , voaram ovos e baldes d'água por ci ma dos agitadores. •

Nova ameaça à soberania brasileira Morre grande parte da família de empresário do aborto rande parte da famíli a de Irving Feldkamp III, dono da maior rede privada de aborto dos EUA, morreu num acidente aéreo em Butte, Montana, info rmou o jornal local "Redland Daily Facts". No acidente, pereceram sete netos do empresário da morte, duas filh as e os dois genros, mais os pilotos. Segundo teste munhas, o aparelho subitamente caiu e explodiu na área do cemitéri o católico da Santa Cruz [foto] , contíguo à pi sta. Nesse cemitério encontra-se o "Túmulo dos não nascidos", erigido em lembrança dos bebês mortos pelo aborto. Residentes da região cos tum am se reunii- diante dele para rezar o terço pelas almas dos in oce ntes massacrado s . Terá sido um sinal da Providência, para alertar a consciência de todos os que adotam a "cultura da morte"? •

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CATOLICISMO

Confirmado que preservativos não diminuem a AIDS dward C. Green [foto], diretor do AIDS Prevention Research Project do Harvard Center f or Population and Development Studies, declarou que a evidência confirma que Bento XVI estava certo ao dizer que a distribuição de preservativos piora o problema da AIDS . Segundo a agência "Zenit", os bispos camaroneses qualificaram de "desinformação" o procedimento de "ce rtos meios de imprensa ocidentais" favoráveis ao preservativo. Também se pronunciaram nesse sentido os bispos diocesanos de Dakar, Gitega (Burundi) e Kinshasa (Congo). Os prelados da Índia, segundo LifeSiteNews, reafirm aram que esse recurso antinatural aumenta o risco de contrair a doença e qualificaram a mídia ocidental de inse nsata e irrespon sável. Apesar de sse s taxativos desmentidos, a mídia, políticos, grupos homossexuais, laicistas e socialistas continuam afirmando que agem em favor dos pobres da África, insistindo no mesmo realejo anticatólico. Denigrem a Santa Igreja e seus preceitos morais, única tábua de salvação face à devastação produzida pela AIDS . •

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príncipe Charl es [foto], herde iro da coroa in glesa, propôs no ltama.raty que os países desenvolvidos assumam a conservação das florestas tropicais bras il eiras, emitindo títul os a serem comprados por investidores privados, fundos de pensão e seguradoras. Os proprietári os dos títulos garantiri am recursos e impediri am que as matas fosse m aproveitadas para cultivo pela popul ação brasileira. Co m essa proposta, a soberania nacional sobre as f lorestas ficaria gravemente atingida. E a soberani a, ou é plena ou não é soberania. A ofensiva comunomi ssionár ia para expul sar brasil eiros não-índi os de imensas áreas do território nac ional converge co m pl anos eco log istas desse gênero, co nce bidos no exterior. •

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Portugueses reieitam acordo ortográfico

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maioria dos portugueses manifesto u-se contra a reforma ortográfi ca, informou a "BBC Bras il". Sond age m reali zada pela empresa Aximage, sob encomenda do jornal "Correio da Manh ã", mostrou que 57,3% da popul ação lusitana é contrária às novas regras, e apenas 30, l % a fa vor. A reação mais fo rte provém dos jovens entre 18 e 29 anos, que representam a esperança do futuro da cultu ra portuguesa: 65% deles não querem mudar a fo rma de escrever. Os mais favo ráveis estão na fa ixa acima de 60: desses, apenas 49,2% têm pos ição contrári a ao acordo. Somente três jorn ais esportivos utili za m as novas regras. •

Renascimento de tradições em Detroit e Ouébec ara o diário "The Detroit News", cada vez mais católicos voltam-se para as tradições religiosas . Seja em Nova York ou em Québec (Canadá), eles procuram as indulgências que resgatam a pena devida pelos pecados. Também fazem cada vez mais peregrinações a santuários de Nossa Senhora, de santos, e adotam formas tradicionais de culto , incluindo a Missa em latim e a adoração do Santíssimo Sacramento. Sacerdotes e seminaristas estão voltando a usar batina e submetem-se a anti gas normas de disciplina eclesiástica. O "The Detroit News" comenta o desafio que essa nova tendência significa para a modernidade inaugurada pelo Vaticano li há 45 anos. A arquidiocese de Detroit aprovou 14 horários de Missas no rito dito de São Pio V, rezado em latim. A maioria dos que participam da nova tendência contam entre 30 e 40 anos de idade.

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EUA: 150.000 americanos converteram-se na Páscoa

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a última Páscoa, cerca de 150.000 adultos americanos ingressaram na Igreja Católica, recebendo o batismo. O ex-presidente da Câmara de Deputados , Newt Gingrich , o fez poucas semanas antes, informou a agência "Zenit". As conversões ocorreram especialmente em regiões em que há menor presença da Igreja, por exemplo, na cidade de Atlanta , onde 513 catecúmenos receberam o batismo e foram admitidos 2.195 neófitos batizados . Os números não incluem batismos de crianças . Estes novos católicos aderem, em geral , às correntes conservadoras da Igreja. Os católicos progressistas não simpatizam com esse movimento, porque julgam a conversão (que exige renegar falsas religiões ou erros professados antes do batismo) um ato "anti ecumênico".

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INTERNACIO,NA"t~":-·_. - . :·.·:···:;_ <··,._

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ples mente tra nsformando-se e m me io para fortalecer sua posição. -Novas leis vão aos poucos instituindo a tu tela do Estado sobre todas as atividades cio país, desde a economi a, a cultu ra, a fa mília, min ando gradativamente a propriedade privada e a livre iniciati va. Obviamente, esta maneira ele agir vai d es perta nd o d esco nte nt a me ntos e m a mpl os se to res el a Vene zuela.

Revolução à 11e11ez11ela11a

Venezuela afundando nas garras do socialismo H ugo Chávez está no poder há dez anos e procura estabelecer em seu país o chamado "socialismo do século XXI" - que não passa de versão requentada do comunismo, o qual vai se metamorfoseando como pode , ESTEVÃO H ERNANDEZ

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om uma acentuada nota de culto à persona lidade, o presidente venezuelano te nta implantar aos poucos e m seu país um reg ime seme lhante ao cubano, mas batizado co mo "soc iali smo do sécul o XXI". O que de le se sabe até o mo mento é que é populi sta e ace ntuada mente estatizante. Apresenta uma vi são perso nalista de C hávez, que procura perm anecer indefinid amente no poder. CATOLICISMO

A Ve nezuela ainda deté m a mai or reserva de petróleo da América do Sul. Ass im, dispondo de imensa riq ueza, o governo fa vorece todos os partidos afi ns com sua ideo logia de esque rd a espalh ados pela Amé ri ca L atin a, nu ma es péc ie de "petro-políti ca" ultra esquerdista, que visa arrastar nosso continente nas vias do " modelo" c uba no. N os dez anos de governo, C há vez fo i ocupando todos os poderes, transformando o Estado numa extensão de seu parti do po lítico. A separação ele pode res vai desaparecendo ou im-

Desde os primórdios cio governo chavi sta, fala-se ele um " mode lo revo lucionário bolivari ano", dentro de um processo revo luc io nário autêntico. Vamos aos fatos. E m 1998, C hávez ganhou as eleições pres idenc iais com 56% cios votos válidos. N o ano seguinte , convocou uma assembl é ia constituinte, c uj o tex to elaborado fo i aprovado num referendo de 15 de dezembro daquele ano. E m 2000 ele submeteu seu cargo a novas ele ições - para ser leg itimado, confo rme pre vi a a nova constituição - no di a 30 de ju lho. A parti r de 200 l começaram as marchas de protesto el a popul ação, devido à ameaça de intervenção do reg ime chavi sta na educação. O governo desej ava acabar com a educação privada e co locar func ionários governamentais em todas as escolas particulares do país, inic iando um processo de estatização da educação. Em 11 ele abril de 2002, C hávez fo i deposto por apenas do is di as . E m meio a protestos, setores militares reco locaram o pres ide nte no poder. Foi um golpe muito estranho, que só presti g iou o pres idente. No di a 2 de dezemb ro de 2002, ini ciou-se a greve do setor petrolífe ro, que se estende u até março do ano seguinte. Em 2004, a o pos ição pl eiteou um referendo revogatóri o do mandato de C hávez, tendo cole tado quatro milhões de ass in atu ras de e le itores . O pres idente venceu o refere ncio em 15 de agosto de 2004, mas a opos ição denunciou a fraude ocorrida durante o refe rendo. A partir de então o pres ide nte ace nou para a necessid ade de um novo modelo de soc iedade, baseado num esq ue ma econô mi co dife rente do capita li smo. E m janeiro de 2005, du ra nte o Fórum Social Mundial reali zado em Porto Al egre, pe la prime ira vez C hávez abandonou os eufe mi smos e fa lou abertamente em sociali smo, espec ifi ca ndo no mês seguinte que era necessári o inventar o socialismo do século XXI. Fica va assim desmascarado o tal " bo livari ani smo" do pres idente, q ue não passava de um re les soc iali smo . E m 2006, Chávez fo i reeleito no ple ito pres ide nc ia l de 3 de dezembro. No mês seguinte, referiu-se aos "cinco ,notores constituintes para avançar rumo ao socialismo do século XXI " . O prime iro motor, a reforma constituc io na l, não te ri a ainda sido alcançado, po is, submetido a refere ndo popular em 2 de dezembro de 2007 , pela prime ira vez C hávez sofreu urna derrota ele ito ral. Quanto aos de mais motores: 2 - Recebe poderes abso lutos durante 180 dias para govern ar por dec reto; 3 Estabe lece a j ornada " mo ral e lu zes", para abo lir ela educação os va lores capitalistas; 4 - In stitui a nova geometri a do poder, modifi cando a estrutu ra geográ fica e po líti ca do país; 5 - Provoca a ex pl osão do poder co munal.

Co mo efeito desta derrota e m 2008, C hávez anunciou as "3Rs" - revisão, retificação e re- impulso - e começou a e laborar a nova reforma consti tucio nal. Realizou-se então nova e le ição de governadores e prefe itos.

Situação atual ela Ve11ez11ela Nas ele ições munic ipa is de 15 de nove mbro de 2008, quase completando dez anos no poder, C hávez estava sofrendo desgaste crescente em sua popul aridade . Defrontava-se com três obstác ul os: 1 - Saber exatamente qua l o poder da oposição; 2 - Ava li ar o alcance do chamado "chavi smo sem Chávez" (di ssidentes do chavi smo); 3 - Acabar com a ac usação de que houve fra ude nas ele ições. De fato , naque le di a ocorreram as ele ições para gove rnadores e prefeitos. O s res ultados do ple ito fora m apresentados pe lo governo como uma grande vitória, mas fo ram també m fes tej ados pe la opos ição. Po is, apesar de te r ve ncid o ape nas e m cinco locais, estes re presentaram 40% da população, a lé m da c idade ele Caracas (a capital é a ma io r c id ade d o pa ís), os qu a is representa m 70% do PIB venezue lano. E m vi sta desses res ultados, C hávez, constatando que sua popul aridade a inda estava re lati vame nte alta , dec idiu lançar neste ano a proposta de emenda co nstitu cional para a reele ição indefinid a. Colocou toda a máquina estatal a serviço de seu projeto, as e mpresas estatais e os rec ursos fin anceiros. Foi denunc iado um gasto di ári o mili o nári o e m publi cidade a favor do governo. Os fun cionários pú bli cos in c luíra m na rotin a de trabalho a partic ipação na campanha governista. A Assemblé ia Legis lativa paro u suas atividades por do is meses, a fim de se dedi car à mes ma ini c iati va . E no di a 15 de fe vere iro último a proposta chav ista fo i ap rovada, co ntinuando assim C há vez como candidato à ree leição e m 201 2 .. . Ta l res ult ado , a pesa r de favo ráve l ao pres id e nte venezuelano, re ve lou urn a Ve nezuela divid ida. A opos ição tem c resc ido lenta mas continu ame nte , e te nta torn ar-se a no va maioria. O chav isrn o, por seu lado, sofre uma curva de desgaste. Uma nova fo rça, os estuda ntes universitári os, va i emerg indo, to rnando-se aos poucos a maior fo rça da oposição. Cerca ele trinta mil jo vens universitári os partic iparam ativamente da campanh a pe lo NÃO à e me nda constituc io na l. E sem estar ligados a partidos po líticos, mani fes tam-se coesamente contra o governo e sua ideo logia soc iali sta.

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No Brasil , o pres idente L ul a e o PT sempre defe nderam C hávez e o tê m ajudado em difi c uld ades in te rnas e no pl ano intern ac iona l. E mbora o pres ide nte bras ile iro procure faze r o pape l de moderado em relação a C hávez, a po lítica ex terna do Brasi I sempre cerra fi !e iras com o go verno chavi sta. Na aparência, um binô mi o radi cali smo-moderação. Na rea lidade dos fa tos, um fo rte auxílio para a políti ca inte rna e ex terna cio reg ime socia li sta de C hávez. • E- mail do aulor: ca1olicismo @ca1olicismo.co111.br

MA1O2009 -


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Dona Lícia -

Até mais cio qu e a pe rd a da fazenda , magoou-me es te e pi sód io. Pe rdôo o sacerdo te, mas esquecer, não esqueço! Vá ri as igrej as da cidade de Lo ndrin a e e m loca is o nd e me u pa i poss uía faze ndas foram parcial ou quase totalme nte construídas por e le e por mim . Procure i ajuda r as obras cató li cas como um legado de le. Ago ra, receber isso como paga ... é como diz o ditado popular: "O dia do favor é a véspera do ponta-pé", da ing ratid ão dos ho me ns. É uma vio lê nc ia moral muito séri a.

MST - 25 anos: trágica comemoração evocativa de delitos Ü "Movimento dos Sem-terra", sendo responsável por tantas violências físicas e morais, perpetradas contra pessoas trabalhadoras e honestas, o que tem a comemorar em seus 25 anos?

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o se completarem 25 anos da ação nefasta e terroris ta do MST, poderíamos escrever uma enciclopédia de fatos violentos que cercaram a atuação desse movimento no Brasil. Basta lembrar a verdadeira execução, levada a cabo em 21 de feverei ro, de quatro colonos e vigias na Fazenda São Joaquim do Monte, em Pernambuco. Certa imprensa, favorecedora do MST, apregoou falsamente que, nessa fazenda, "o invasão foi pacífica", para tentar eximi-los de culpa . A seguir, reproduzimos uma entrevista esclarecedora do que cos tuma ser a ação do MST e, no "quadro" à p. 4, um relato impressionante de profanação de cadáveres . A entrevistada, Da. Anastácia Basilícia de Camargo Ferraz (Dona Lícia , como a chamam os íntimos), é filha de destacado fazendeiro que muito contribuiu para a colonização do norte do Paraná. Ele foi diretor jurídico da maior colonizadora da região e grande fazendeiro de café e gado. Suas fazendas eram modelos de produção e progresso, gerando riqueza para a região e centenas de empregos. Dona Lícia herdou uma fazenda em Querência do Norte (PR), que foi brutalmen te invadida pelo MST e desapropriada pelo Incra . Ela já concedeu anterior entrevista a

Catolicismo, quando sua propriedade rural CATOLIC ISMO

se encontrava invadida . Seus depoimentos comprovam as teses do livro do jornalista Nelson Barreto, Reforma Agrária, mito e realidade, considerado por especialistas como a melhor radiografia dos assentamentos do Brasil. Nessa obro comprovo-se que a Reforma Agrária gerou "favelas rurais" por todo o País. A entrevistada, em seu novo depoimento, ilustra com fatos chocantes a realidade crua das invasões no Brasil. A entrevista foi concedida ao Sr. Hélio Brambilla, colaborador de Catolicismo. *

Dona Lícia: "A fazenda foi hnracli<la na calada ela noite por magotcs cio MS1'. Perpetracla contra uma p essoa cm caclci ra de rodas e que passa11a por uma CÍl'lll'gia "

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Catolicismo - A Sra. poderia explicar para nossos leitores o motivo que a levou a ter que locomover-se numa cadeira de rodas? Dona Lícia - Fo i um ac ide nte . Eu es tava exa mi nando a boiada na fazenda. Uma vaca avançou ·obre o cava lo q ue e u mo ntava. Assustado, e le la nço u-me sob re um montícu lo de pedras . O ne rv o ela co luna rompeu -se e fiquei paraplégica. Catolicismo - Uma provação! Dona Lícia - Minha querida mãe ensino u- m que, e m tud o nes ta vicia, elevemos ve r a mão de De us. Ass im e ncarei co m res ig nação a vontade divin a, e estou há 27 anos e m cade ira de rodas. E m Washin gton consul tei um cios ma io res méd icos esp iali . tas

americanos. N a foto tirada nessa ocasião, no sorriso nela estampado, pode-se discernir minha alegria de viver e como, apesar de tudo, estava abraçando a cruz qu e De us Nosso Senhor me deu.

Catolicismo - O que a Sra. tem a dizer sobre a atuação do pessoal da Teologia da Líbertação na invasão de sua fazenda? Dona Lícia - Só não perdi a fé porque minha fo rmação foi muito sólida e eu soube di scernir, como Cri sto ensina na parábola do "joio e do tri go". Explico-me melho r com fatos. A fazend a foi invadid a na calada da no ite por magotes revolucio nários do MST, e todo mundo na c idade sabi a que os e le me ntos da Pastoral da Terra, teleguiada pelo padre, fora m os propul sores da invasão. Perpe trad a co ntra uma pessoa e m cadeira de rod as, que no exato momento da invasão passava por uma c irurg ia e m São Paulo, e se ela não fosse feita de imediato, sobrevi ria a morte. Voltei do hos pita l, e ainda convalescente enfrentei os invasores sozinha, po is me us filhos adolescentes estudavam em Londrina, São Pau lo e nos EUA Na sede da fazenda eu era ameaçada pelos vândalos, que à noite davam tiros para o ar e atiravam tijolos e pedras na casa para que eu a abandonasse. Fiquei refém dos desordeiros, de tal forma que eles não permitiram que eu saísse da fazenda para vacinar meu netinho contra a paralisia infantil. Só pude sair quando chegou a escolta policial. Minha pressão arterial subiu "às nuve ns", e até hoje carrego as seqüelas cardiológicas da agressão que sofri . O padre da paróquia ia ao local das invasões a fim de celebrar Missas para os invasores. Mandei então meu empregado pedir-lhe que me trouxesse a Santa Comunhão, porque gosto de comungar com freqüência. Ele negou-se a fazê- lo, por imaginar que eu teria um grande " pecado social": ser proprietária! Catolicismo - Naturalmente tal atitude magoou muito a Sra.

Dona Lícia (círculo) com a s crianças da creche construída e mantida pela entrevistada

Catolicismo - É verdade que num livro denigrem a figura da Sra. e dos colonizadores de Querência do Norte? Dona Lícia - Pois é ! Fiq ue i estupefata qu a ndo há po ucos dias me presentea ram um liv ro lançado e m 2002 pela ed itora Massoni, de Maringá, no qual a a utora esqu erdi sta Adéli a Aparecida de Souza Haracenko ex põe uma tese de dissertação ele mes trado e m geografi a na Unive rsidade Es tad ual de Maringá, e m que de ni g re os colo ni zado res do no roeste cio Pa ra ná. Ne la são in fa mados os co lo ni zadores do noroeste do Paraná. Catolicismo - O que díz a obra? Dona Lícia - A tese ele mes trad o, transform ada e m livro com 2 .18 pág inas, é de um sectari smo revoltante! N ão tra tare i da pa rte hi stó ri ca e m que cita de po ime ntos de po ucos fundadores da c idade sobre aspectos sócio-econô micos do desbrava me nto e da colonização. O que me re vo ltou foi a parcia li dad e com qu e uma pessoa de me ntalidade esq uerdista trata da qu estão fundi á ri a, te ndo o uvido ape nas a " o utra pa rte" - o u sej a, os re vo luc io nári os cio MST sem apresentar uma pa lavra sequ e r ela parte contrári a, nós propri etá ri os legítimos, espo li ados e in vadidos po r hord as de ba ndidos à re ve li a da lei.

"A /'azcnda invaclida cm modelo, com o gado todo r·cgistrndo, de r enomado valor genético. 1'i11ha pouco mais de dois mil alqucit·cs, adquiridos por meu pai"

Catolicismo - Podia detalhar mais o conteúdo do livro? Dona Lícia - De po is das considerações sócio-econô micas ini ciais, a a utora, à pág ina 11 3, sob o título Os conflitos pela posse da terra e os assentamentos rurais, cita um ta l padre Naves, da C PT de São Pa ul o: "Luta pela terra é a Mãe de todas as lutas". N a pág ina I J 6 figura um g ráfi co com o títul o "Grandes grilos de terra no Paraná", e na pág ina 117 é aprese ntado um ma pa qu e loca li za os s upostos g ril e iros. Acusa o sa ud oso go vernador M o isés Lupi o n de ser o respo nsá ve l por tai s co ncessões de te rras. A di stribui ção de terras pode não te r sido pe rfe ita, mas todo mundo sabe que no Brasil o des brav a me nto foi fe ito ass im : capitanias he reditá rias, sesma ri as, gra nd es faze nd as, e posterio rme nte a pro priedade fo i se nd o s ubdividida. Nos EUA, maior produtor ag ríco la do mundo, há po u-

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Dona Lícüi - Na página 147, narra que os pretendentes aos lotes ela Reforma Agrária não cabiam no assentamento da fazenda Pontal do Tigre, e sobravam mai s ele 300 famílias que deambulavam como hienas fam intas atrás de sua presa. Elas invadiram então a faze nda Saudade em Santa Izabel do lvaí, Aporcmgaba I e // ele propriedade minha e de meu irmão, e runcla a fazenda Monte Azul. A autora teve a desfaçatez ele dedicar apenas sete linhas à invasão de minha fazenda, citando uma reportagem de jornal sobre a luta empreendida por mim na justiça para que não ocorresse a desapropriação, pois a vistoria do INCRA não passava de "erro grosseiro".

co mai s de um milhão de prop riedades; no Brasil, são mais de 5 milhões. Catolicismo - O que mais a Sra. teria a dizer sobre a fazenda, produção, empregos e meio ambiente? Dona Lícia - A fazenda invadjda era modelo, com o gado todo registrado, inrucanclo de onde foram compradas as matrizes de renomado valor genético. Tinha pouco mrus ele dois mil alqueires, adquiridos por meu pai de pequenos e médios proprietários que lhe venderam seus lotes. Não era absolutamente um "latifúndio grilado", como a autora ela tese pretende insinuar. Gerava muitos empregos d:U·etos e indiretos. Um boi reprodutor da fazenda era vendido por até dez vezes mais que um boi comum, gerando mrus impostos para o município. No tempo em que nem se falava em preservação ambiental, meu pai deixou 400 alqueires ele reserva florestal intocada. Somada às matas de outro fazendeiro, formava um grande conjunto que se estendia até as margens cio rio Paraná, onde havia animais e aves de vá.rias espécies. Quando meu pai faleceu , metade ela fazenda foi herdada por meu irmão e a outra metade por rrum. A área de preservação ficou intacta, pois nunca colocamos fogo na floresta e nem sequer no pasto. Hoje, segundo consta, tudo virou madeira para serrarias ou carvão para siderurgia. Fruto cios assentamentos ... Catolicismo - O que mais se pode dizer do livro? Dona Lícia - Na página 129, Adélia Aparecida de Souza Haracenko se compraz em citar a luta desenvolvida em 1980 pelo movimento Justiça e Terra, que foi o embrião cio MST e se empenhou para estabelecer o assentamento dos atingidos pe la barragem de Itaipu , re-alocados para Arapoti (PR). E le nada tinha contra esse re-assentamento, mas todo mundo sabe que ele foi feito nos moldes de Reforma Agrária, restando hoje pouquíssimos dos primeiros assentados. Catolicismo - Que outros dados de Reforma Agrária ela cita? Dona Lícia - Cita vá.ri os encontros bafejados pela CPT, atê o mais decisivo, em janeiro ele 1984, realizado na cidade ele Cascavel, onde foi criado o MST. Dois anos depois, em 1986, o MST j á chegava a Querência cio Norte, invadindo a fazenda Pontal do Tigre. Catolicismo fazenda?

Ela refere-se à invasão de sua

CATOLICISMO

Catolicismo - O que mais lhe indignou? Dona licia - O que me deixou fora do sério fo i que essa mestrancla foi parcial, entrevistando vários ag itadores cios sem-terra, não vindo pedir sequer uma palavra a mim e a outros expropriados. Violando, poi s, o princípio co nsagrado nos povos civilizados: "Audietur et altera pars" (ouça-se também a outra parte). Di ante de tal injustiça, e la procurou dar a idéia ele que puros inoc~ ntes, ingênuos camponeses, por fim foram atend idos em seus anseios por um lote de terra .. .

Tese de mestrado de Adélia A. Haracenko

"Passei pela lmmilllação, pela 1riolência mornl e pelo desprezo de um censurável sacerdote, um mau /)astor que defe11deu o lobo e humilhou a ovellw"

Catolicismo - O que se pode dizer da Universidade Estadual de Maringá? Dona licia - A autora não d iz no livro qual fo i a conceituação dada pela UEM à sua tese, mas jul go que algo acima de zero seria muita coisa. Uma inju stiça como essa, ser acatada e aprovada ... por uma Unive rsidade com o porte e prestígio da UEM? Custo a acreditar. Catolicismo - A Sra. gostaria de dizer a nossos leitores algumas palavras como conclusão? Dona Lícia - Desejo aos le itores ela rev ista Catolicismo q ue nunca nenhum de les, seus famrnares , amigos, desconhec idos, ou até inimigos, se porventura tiverem, passem pela humilhação, ach inca lhamento e vio lência moral pela qual passei, e pelo desprezo de um censurável sacerdote, um mau pastor que defendeu o lobo e humilhou a ovelha ... Quanto a essas pessoas indi gnas, que me espoli aram e cometera m grandes inju stiças contra mim , de ixando até seqüe las cardíacas e m minha saúde, só desejo que agora me deixem em paz. Deus fará ju. ti ça, já que os homens não a fizera m! •

Violência até contra cadáveres

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oincidentemente com a execução de quatro colonos e vigias de uma fazenda em Pernambuco por membros do MST, chegou a nossas mãos farto material sobre a invasão da Fazenda São Vicente em Salgadinho (PE), onde a sanha revolucionária do MST não poupou nem mesmo os cadáveres. A fazenda foi invadida em 18 de maio de 2003 por integrantes do MST, durante a madrugada, e o primeiro ato que praticaram foi trocarem a placa de Fazenda São Vicente por Assentamento Carlos Marighella. Pertencia ao Dr. Raimundo Barbosa Braga, à professora Neuciene Souto Maior Braga e mais dois outros herdeiros. Tinha 123 hectares, era produtiva, e pelo tamanho e produtividade não figurava em nenhum dos requisitos para ser desapropriada pe]a espúria lei de Reforma Agrária. Quem narra a tragédia é Raymundo Wilson Barbosa Braga, filho de um dos proprietários: "Sou mais uma das verdadeiras vítimas do terrorismo, junto com minha família". O MST invadiu e ocupou a fazenda São Vicente por quatro meses. Nesse período, os invasores não sofreram nenhuma ameaça nem agressões por parte dos donos. Prossegue Raymundo Braga sua narrativa: "Logo depois da invasão, minha mãe, irmã e tia foram obrigadas a entrar na própria casa para Jazer a remoção forçada de seu pertences [... ]. Meu pai foi obrigado a vender seus bois e cavalos, sob a ameaça de que, se ele não os vendesse, os perderia! "Nesse período [... ] os invasores ocuparam todas as dependências da fazenda, deixaram contas altíssimas de água e luz para meu pai paga ,; destruíram todas as plantações da fa zenda, arrombaram o escritório de meu pai, inclusive destruíram vários livros manuscritos que ele não havia publicado. "Roubaram centenas de objetos, destruíram uma reserva florestal permanente e inclusive estão sendo processados pelo lhama ".

Violação dos cadáveres

Era costume do Brasil de antigamente ter cemitérios nas próprias fazendas. Sobretudo na zona canavieira do Nordeste, quase todos os "engenhos' (como são denominadas as fazendas de cana) possuem um pequeno cemitério. Pois bem, esses malfeitores "violaram a sepultura dos antepassados do meu pai em busca de dentes e objetos de ouro". Esse fato bárbaro e assombroso consta nos autos do processo na página 2. Também no documento 4, no livro de "registro de queixas" da Delegacia de Salgadinho, consta dita barbárie. A testemunha Edilson Miguel da Silva Barbosa (documento 5) atesta o fato da vio]ação da sepultura. E no documento 55, a Exma. Juíza da comarca de João Alfredo, Dra. Wilka Pinto Vilela, ao conceder a liminar de reintegração de posse aos legítimos proprietários, faz referência à violação "dos túmulos do cemitério particular da família". A seqüência de fatos narrados pelo jovem fazendeiro pode ser obtido no seu site: www.dominiofeminino.com.br São impactantes esta e outras monstruosidades que se operam em nosso País, sem respeito sequer ao "descanso dos justos que morreram na paz do Senhor", como tão poeticamente nos diz a Liturgia católica para o sepultamento de um fiel. Violam as leis civis, que tipificam como crime profanar cadáveres, e violam ditames da Santa Igreja, que condena essa prática como uma grave profanação. Por acaso incomodam-se eles com isso? Que nada! Dão de ombros e, ao que parece, observariam: "A lei, ora, a lei. .. Deus e sua Lei... ". Pela Teologia da Libertação, ensinada a e]es pela CPT, os pobres são como que "divinizados". Em sua concepção, é no pobre oprimido que está "o Cristo". Eles são considerados como "deusinhos" acima de toda a lei e de toda ordem!

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:_. ·," ..... · , - Muito bem! Foi ótimo! - Mesmo eu estando de fora, deu para notar o engajamento do povo. - É verdade! Gente entusiasmada, vinda de diversos bairros e até de outras cidades, para man~f'estar seu repúdio à legalização do aborto. O Sr. classificou muito bem: "lei assassina". Até o táxi parar diante do prédio onde moro, a conversa versou sobre a questão do aborto no Brasil, e sobre o ato que tinha se encerrado havia pouco na praça da Sé. Assim como o cumprimento inicial, a despedida também foi estranha, reveladora ele uma nova mentalidade que está nascendo: - Bom fim de semana! - disse eu. - Para o senhor também. Viva a vida! Não pude deixar de responder, usando essa nova forma de despedida: - Viva a vida! Esse pequeno fato é apenas um exemplo, entre milhões, de quanto o povo brasileiro reprova a prática abortiva. O que confere com o resultado de uma pesquisa de opinião do Datafolha constatando que 87% ela população são contrários ao aborto.

Em sua 3ª edição,

Grande Ato Público em Defesa da Vida P ouco noticiado por órgãos da mÍdia, o evento reuniu considerável público na praça da Sé, em São Paulo. Sinal da crescente reação contrária à aprovação do aborto no Brasil. l1il PAULO ROBERTO CAMPOS

A

um sinal meu , o motorista do táxi a~riu a porta. Entrei e cumprimentei: - Boa tarde! - Aborto é uma lei assassina! respondeu o taxista. Estranho esse cumprimento! Muito estranho, mas perfeitamente compreensível em quem presenci ara a grande manifestação anti-aborto, ocorrida em 28 de março último no centro ela capital paulista. O taxista, que faz ponto na pra, perce bera que eu estava sam · do ça da Se, ela manifestação, e perguntou-me se tudo tinha transcorrido bem. CATOLICISMO

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.-.., ~ í \ ~ A A Dr. Cícero Harada, dirigindo-se aos participantes

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A 3ª edição do Grande Ato Público em defesa da Vida foi organizada pelo Comitê Estadual do Movimento Nacional em Defesa da Vida - Brasil sem Aborto, e contou com a participação ele várias associações pró-vida. Após o Hino Nacional, a advogada Marília ele Castro, coordenadora estadual, abriu o evento diante de um público estimado em mais de LO mil pessoas. No palco montado na espaçosa praça, expressaram sua posição anti-aborto representantes de diversos setores da sociedade civil e religiosa. Sob diferentes aspectos, demonstraram como a vida deve ser defendida desde a concepção até Fotos de cima para baixo: - A Dra. Marília de Castro abriu o evento. - No meio da multidão, destaca-se um gonfolão do movimento "Nascer é um Direito", uma campanha da Associação dos Fundadores. - Público estimado em mais de 1O mil pessoas.

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a morte natúral; co nc la maram a todos para atuar na defesa da vida desde a concepção; e pediram para se manterem alertas, manifes tando-se sempre contrários a projetos de lei aborti stas.

Fragorosas derrotas da "bancada do aborto" Muitas e muitas páginas seri am necessárias para reproduzir tudo o que foi expresso pelos diversos oradores. Na impossibilidade de o fazer, apresento apenas este breve resumo, para info rmar o leitor sobre o andamento do Projeto de Lei abortista (PL 1195/91), o qu al constitui prioridade de governo para a bancada peti sta. No dia 3 de maio de 2008, o projeto abortista fo i rejeitado na Comissão de Seguridade Social e Família por 33 votos contra zero. Dois meses depois, no dia 9 de julho, foi novamente rejeitado na Câmara dos Deputados (Comissão de Constituição e Justiça), desta vez por 57 x 4. Nas duas votações, a maioria dos parlamentares pró-aborto, percebendo que seriam derrotados, retiraram-se do recinto... Devido à fl agrante derrota, deveria o projeto ser considerado inconstitucional e arquivado. E ntretanto, o deputado (e ex-guerrilheiro) José Genoíno, por manobras regimentais, obteve a reabertu ra dele para ser votado no plenário da Câmara dos Deputados - o qu e poderá ocorrer proximame nte. Assim como os anteriores atos antiaborto reali zados e m São P aul o e e m outros estados influenciaram na votação, da qual resultaram duas derrotas para a bancada abortista, esta terceira manifestação poderá também influe nciar benefica mente o Congresso Nac ional para CATOLICISMO

Um "ordonnance" de Carlos VI

A Dra. Alice Teixeira, p rofessora associada de Bi ofís ica d a U niFE SP/ EPM na área de Biologia celular, portou uma camisa negra, segundo explicou, em sinal de luto pelos mi lhões de nasc itu ros mortos pelo aborto em nosso País . E ncerro u s uas pa lav ras com um louvável conselho: "Eu convido todos os católicos a rezarem o terço, pedindo que o Brasil fiqu e livre do crime do aborto e pedindo a conversão dos abortistas".

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derrotar definitiv amente o nefando PL 11 95/9 1.

Lei do aborto: a "<lescriminalização do cl'ime"

Também esteve presente o dep. federal Poes de Lira

Se a bancada pelista obtiver vitória, poderá ser legaJizado o aborto no Brasil em qualquer caso, e até o 9º mês ele gravidez! (desde a concepção até o momento do parto). Seria, portanto, a legalização cio crime em sua forma extrema. Assim sendo, os oradores conclama.ram todos os presentes a demonstrar o repúdio da imensa maioria cios brasileiros à legaJização do abo1to; e também pressionar os congressistas a votarem contra. A causa pela vida poderá assim obter a vitória no plenário da Câmara, apesar elas manobras dos deputados e do lobby internacional pró-aborto. Os que pretendem tornar legal a matança de nascituros inocentes não descansarão enquanto não conseguirem alcançar seu nefando intento . Não descansemos també m nós, até con eguirrnos a vitóri a definiti va: impedir a descriminali zação do crime do aborto . U ma lei assassina, como a defi niu o motori sta de táx i. • E-mai l do autor: pr-campos @catolicismo.com.br

em todos terão notado, mas é grande a rotação que há )em ou fa çam. maus juramentos, sejam colocados, na primeialgum tempo ve m se produzindo na atitude pública cios ra vez que o fi zerem, no pelourinho, onde permanecerão da que são contrári os à Religião católica e à civili zação hora prima até a hora noa, de modo que se lhes possam lancristã. Os mesmos que antes tomavam uma posição laica e indiçar aos olhos iam.a ou outras imundfcies, menos pedras ou ferente à Religião passaram depois obj etos que os possam fe ri!; e após a uma atitude de franca hostilidade isso permaneçam um mês inteiro na ao catolicismo e a tudo quanto ele prisão a pão e água. Na segunda vez, inspiro u. Ou seja, tiraram a máscase reincidirem, sejam colocados no ra, mostrando que na realidade o que pelourinho em dia de f eira ou em dia os move é o ódio à Igreja, be m como solene, lhes seja f endido o lábio suà sua influência no campo temporal. perior com um f erro quente, de maEles próprios adotam agora uma poneira que seus dentes apareçam. Na sição religiosa, só que para atacar a terceira ve z, o lábio inferior. Na sociedade sagrada fundada por Nosquarta vez, toda a região dos lábiso Senhor Jesus Cristo. os. E se po r mau comportamento Daí decorre a onda de sacrilég ilhes acontece a quinta vez, lhes sej a os e blasfêmi as que se ex primem / a l.tn.gua, ' d.e maneira que, corlal.a nos atentados às imagens, na "arte" ~ dai em diante, não possam m.ais dia nti-rel ig iosa e exibic ionista, nos ·,._.~ · blasJemias , f. A [ .. .]. zer teus escritos ofensivos e em muitas ou"Nós queremos, constituímos e tras m anifestações de escárni o à ordenamos por meio desta resoluReli gião . Os que ass im agem, rara- ~ ção, 1omada após madura deliberamente são p uni dos ; e quando o são, ~ ção, que o decreto acima transcrito recebem penas inex pressivas. {] seja da qui em diante, por todo 0 Nossa Se nhora chora, não ape- ~ nosso reino, aplicado, guardado, nas devido a essa impunidade, mas mantido e cumprido vigorosamente sobretudo pela moleza de ta ntos caCoroação de Carlos VI e sem. demo ra, ponto por ponto, na tólicos que nada di zem ne m faze m di ante da bl asfêmi a que forma e modo acima decla rados". ava nça. (Li vre eles sources médiévales: http://www .forclham.edu/ Não era assim em tempos ele fé. Um "ordonnance" (decreto) halsa ll/fre nch/blasfeme. htm ) de 1397 cio Rei Carlos VI da França, depois de ouvido seu "Grande Conselho", estabeleceu penas para os blasfemadores. Sabemos * * * bem que a mentalidade moderna não as suportaria, por isso não estamos reivindicando que sejam aplicadas hoje em dia. Mas é Al gum leitor pouco habituado a essa linguagem poderá útil conhecê-las para medir a diferença de mentalidades entre estranh ar : "São medidas cruéis !" aqueles tempos e os atuai , e as transcrevemos a seguir. É preciso considerar, primeiramente, que a blasfêmia constitui pecado gravíss imo contra os dois primeiros Mandamentos da * * * Lei de Deus. Ademais, tais penas estavam nos hábitos do tempo. Mas certamente são elas menos cruéis do que as elaboradas por "Carlos, pela graça de Deus Rei da França, a todos aquelegisladores modernos que, pelo aborto, vi sam a morte de inoles que este decreto virem. Saudações. Chegou ao nosso cocentes no seio materno; ou de velhos e doentes pela eutanásia; nhecimento que, por nossos predecessores Reis da França, ou além ele favo recer toda espécie de aberrações sexuais e promover por alguns deles, foi já ordenado que todos aqueles que ofena legali zação das drogas, que destroçam os corpos e matam as almas. E o fato ele tais leis se disfarçarem sob roupagem de "didam o seu Criador ou suas obras, dizendo más palavras, injúrias e blasfêmias contra Ele, contra a gloriosa Virgem Maria, reitos humanos" e "antidiscriminação" não as toma menos cruéis sua bendita Mãe, e contra seus santos e santas, e que praguedo que são. •

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Festa de São João Nepomuceno numa aldeia austríaca n w.

GABRIEL DA S1 LvA

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ste belo quadro do pin tor Ferdinand Georg Waldmüller (1 793- 1865), hoje no Museu de Viena, representa uma festa de aldeia, em honra de São João Nepomuceno (1338-1393), celebrada pela Igreja nos meses de maio. Esse santo nasceu em Nepomu k, na Boêmia. Antes de ser reduzida a simples região da antiga Tchecos lováq ui a (submetida a Moscou durante décadas) e da atual República Tcheca, a Boêmia foi im portante monarqui a eletiva. Em 1526, elegeu como seu soberano Ferdinando I, irmão do Imperador Carlos V, torn ando-se depois um reino hereditário. João de Nepomu k fo i curado de uma moléstia ainda criança, graças às preces de seus pais. Estudo u na Uni versidade de Praga e ordenou-se sacerdote, tornando-se orador brilhante e vigáriogeral do arcebi spo de Praga. Foi também confesso r da rainha, e como tal fo i pressionado pelo Rei Wences lau a contar o que lhe confessava a esposa. Por negar-se a violar o segredo de confissão sacramental, fo i preso, torturado, atado a um a roda, e depois colocado em um saco e ati rado de uma ponte ao rio Moldáv ia, que banha Praga. Conta-se que na noite de sua morte sete estrelas giravam ac ima do loca l onde foi martiri zado.

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A vida desse grande santo bem justifica a popularidade com a qual o honram não apenas os seus co-nacionais, mas também católicos do mundo inteiro, especialmente austríacos, alemães e eslavos. A esse títul o, o pintor vienense registra neste quadro o que há de mais exemplar na piedade popular. Co m ca ndura, ornam com fl ores a estátua do santo . Além da coroa de rosas, um anjo de pedra lhe oferece um bouquet... Com toda seriedade, o mestre-escola mantém a afinação do coral infa ntil, e os ad ul tos coloca m toda a alma no cântico de louvor. Mas não se trata de um espetáculo: vários personagens estão em atitude de oração. Quanta inocência e leveza nessas cri anças pobres, mas pu ras, inocentes ! Nesses adultos de consciência reta e limpa pela freq üência aos sacramentos da Confissão e da Eucaristia ! Ninguém ali tem automóvel, internet, celular e televisão. Mas todos estão felizes, e no futu ro se lembrarão com saudades desse dia. A um bras ileiro, é difíc il explicar o dom natu ral dos povos germânicos e da Europa central pela música. Nossa cul tura é pobre em músicas populares autênticas, nascidas do que há de melhor no povo, e não das fa lsificações publi citárias impostas pela moda ou pela mídi a. Como é difíc il vingar entre nós uma insti tui ção multi ssecul ar como a dos Meninos Cantores de Viena! Na Alemanha e na Áustri a as canções populares se contam aos milhares, tendo como tema as co isas mais diversas e mais inocentes: a chegada da primavera, as flores, a terra natal, a vida diári a, uma hi stória de contos de fadas ... Pessoas assim não prec isavam de drogas. Hoje, parece existir um só tema: sexo. O ser hu mano fi cou reduzido ao mais baixo dos instintos. Não estará na hora de esse filh o pródi go do sécul o XXI voltar à casa paterna? • E-mail do autor: w-ga briel @catolicismo.co m.br

CATO LI C ISMO

M A l0 2009 -


Neste mês de maio -

o mês mariano por excelência -

Catolicismo dedica sua matéria de capa a Nossa Senhora, Medianeira de todas as graças. Nossos leitores serão favorecidos com um texto realmente excepcional. Seu autor é o sacerdote francês Thomas de Saint-Laurent, do século passado, conhecido autor de espiritualidade e grande devoto da Virgem Maria (vide quadro à p. 37) . Texto eminentemente mariano, escrito com muita unção, que será motivo, estamos seguros, de bênçãos especiais para os que o lerem com devoção, e não apenas para enriquecer sua formação religiosa . Contemplaremos como Maria, escolhida por Deus para ser sua Mãe perfeitíssima, fora também eleita para ser a perfeita advogada, medianeira e embaixadora dos homens junto ao trono do Onipotente. Veremos que a devoção a Ela é o caminho mais fácil, agradável e seguro para se chegar a Deus, e - como afirmaram muitos santos - "sinal inequí-

voco de salvação". O autor expõe magnificamente como o Criador cumulou Nossa Senhora de excelsas graças e A fez "obra-prima da criação". E mostra que todos os nossos pedidos e dificuldades devem ser deixados nas suas mãos puríssimas, pois seremos atendidos super-abundantemente se confiarmos inteiramente em sua intercessão junto a Deus. É claro que o atendimento pode não ser imediato, e que tenhamos de passar por uma árdua espera . Mas isso não é motivo para desanimarmos, pois Deus, desejando a salvação de seus filhos, almeja vê-los unidos à sua Santíssima Mãe também nas vias do sofrimento e da purificação. Tenhamos plena confiança de que, em determinado momento, seremos atendidos além de nossas necessidades e recompensados em grau superior a nossas súplicas. O texto que segue é composto de excertos do livro La Vierge Marie, * traduzido para o português por Hélio Dias Viana, colaborador de Catolicismo. Os intertítulos foram inseridos pela Redação.

A direção de Catolicismo

* A obra

recebe u aprovação ecles iástica (Nihil obstai) de E. Lucquin, censor des ignado em Avinhão (França), no dia 15 de fevereiro de 1927. E o lmprima1u1; na mesma data, de J. Pcyron. Sua versão em português foi pub licada pela Artpress Indústria Grdfica e Editora Ltda. , São Pau lo, SP, 1996.

MAIO2009 -


Deus nos deu uma Mãe incomparável M aria, aurora para o mundo e para cada alma em particular. Maria, "nossa vida" e "nossa doçura".

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uerei s ·transformar vossas vidas ? Quereis praticar as virtudes que vos parecem inacessíveis, e que entretanto Deus vos pede? Quereis conhecer as alegrias inefáveis que · somente o amor de Jesus pode proporcionar, e que faziam as delícias dos santos? Quereis expe rim e ntar e m vós e ss as ,t, marav ilhas? ~ Se o qui serdes seriamente, não hesiteis um só segundo: dirigi-vos a Mari a. Não há caminho mais direto para ir a Nosso Se nhor. Mari a - canta a liturgia cató lica - é nossa vida e nossa doçura: "Vita, dulcedo et spes nostra, salve!" . Estas palavras, tão consoladoras e tão profundas, servirão de introdução dogmática a este modesto volume, e nos lembrarão o papel capital que a M ãe de Cristo exerce junto de nós.

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A sublimidade da Virgem Mãe M as essa vida transbordante, essa vida di vina que nos dá o Salvador, não a recebemos senão por Maria. Como Adão, o Mess ias teri a podido vir ao mundo na ple nitude de sua fo rça e beleza. Nada teri a sido mais fácil à sua onipotência. E ntretanto, Ele não qui s agir assim; nasceu de uma virgem. Maria fo rmou seu divino Corpo no seu se io imaculado. El a O alime ntou , velou sobre Ele durante seus primeiros anos , guardou-O junto de si du ra nte mui to tempo. Quando soou a hora da imolação suprema, Ela estava de pé junto da Cruz e, com a alma dilacerada, oferecia -

CATOLICISMO

ao Pai seu Filho bem-amado para a salvação dos homens. Foi M ari a quem deu Jesus ao mundo. O papel sublime da Virgem Mãe não se detém aí. Nosso Senhor não se contenta de ter vindo ao mundo na gruta de Belém; Ele também desej a nascer e m cada uma de nossas almas. Quando recebemos a graça santifi cante, é a vida de Jesus que nasce em nós.

A dispensadora de todas as graças Vossa alma está cambaleante? Tendes grande dific uldade e m conservar no coração, em meio às tentações violentas

deste mundo, o tesouro da ami zade divina? Apesar de vossos bons propósitos, constatais q uedas e rei ncidê ncias freqüente ? Se ass im é, não tenhais dúvida: estais muito distante da fo nte das graças, negligenciais de invocar Maria em vosso auxíli o. Se A tivés eis invocado mais fi elmente, não teríeis caído. Vossa alma está desencoraj ada sob o golpe da provação? O que fizestes, pois, na hora do sofrimento? Vós vos abandonastes a essa tri steza morna que paralisa vossas fo rças. Omitistes no abatimento os deveres de estado, talvez até mesmo as práticas de piedade. Era necessário atirar-vos instinti vamente nos braços de vossa Mãe celeste; devíeis ter rezado a Ela a todo custo. Se não ti vestes seq uer a fo rça de murmura r urna simpl es Ave-Maria, devíeis ao menos ter clamado por E la invocando se u nome be ndi to. Imedi atamente Ela e teria inclinado sobre vós, vos consolado e reconfortado. Maria é a vida de nos as almas porque nos dá Jesus, Autor de toda vida .

Maria é também nossa doçura E la não se contenta e m trabalhar eficazmente pela nossa salvação; esforçase por torná- la mais fácil , cobrindo de flo res ob os nossos passos o árduo caminho da virtude. Maria tem por nós uma ternura de Mãe. Não se esqueceu das últimas recomendações que Jesus lhe dir igiu ao morrer. Quando agonizava na Cruz, o Salvador nos confio u a E la: "Eis vosso filho" (Jo 19,26),

disse-lhe, apontando para cada um de nós. Essas palavras ficaram profundamente gravadas em eu coração tão puro e tão bom. A partir de então Ela não cessa de exercer junto de nós os deveres da mais afetuosa das mães. M aria sabe, ali ás, que de algum modo nos é devedora ele seus incomparáveis privilégios. Se não ti véssemos pecado, se não tivéssemos tido necessidade da Redenção, teria Ela conhecido as alegrias - que ultrapassam infi nitamente nossa curtas inteligência - da maternidade divina? É, pois, com certa fo rm a de reconhecime nto que Ela se debruça sobre nossas mi sérias para nos ajudar.

E te ndo cri ado nossos primeiros pais para uma feli cidade que ultrapassava sem medida as mais ex igentes as pirações do coração humano, eles se desviaram co m ingratidão de seu sobera no Benfe itor. De us não podi a ace itar essa dupl a derrota. Ele dev ia a Si próprio uma revanche esp le ndorosa. Então, se ouso me ex primir ass im, o Artista inco mparável se pôs novamente à obra. E concebeu a idéia de urna criatura ad mirável que ul trapassaria em beleza o homem no esplendor de sua inocência original, e c uj a radiante perfe ição fari a

A Santíssima Jlkgem ameniza nossa vi<la

trapassava em perfe ição não somente ao anjo mais elevado, mas ainda a todos os anjos e a todos os santos reunidos. Quando o Papa Pi o IX definiu o dogma da Imac ulada Conceição, o universo católico exultou de alegria. Os canhões do castelo de Sant' Angelo - onde o esta ndarte pontifíc io ainda tremul ava na clara lu z de Ro ma - a nun ciara m ao mundo a fe li z notícia. Em todos os países os fi éis manifestaram sua alegria; em muitas grandes cidades eles decoraram espontaneamente suas casas e as iluminaram. Compreende-se que corações cristãos se rejubilem ao ver um novo fl orão de glóri a colocado na coroa de sua M ãe.

Contai a Maria vossas tristezas

Intercede junto de Nosso Senhor para afastar de nós as penas e os castigos que co m ta nta freqüência merecemos. Co mo nas Bodas ele Caná, sua piedade se compadece de nossas afli ções. Ela diri ge e m nosso fa vor uma prece ao seu Di vino Filho, e quase sempre o Coração compass ivo de Cri sto se deixa tocar. H á, e ntreta nto, horas e m que a provação se abate sobre nós - o sofrim ento é a grande lei da vida. Mari a concede então aos que A invocam tal abundância de graças, que eles não sentem mais o peso do fardo que os esmagava. E m vossas pro vações, lança i, pois, sobre Mari a um longo olhar de esperança e amor. Aprende reis por vossa própria experiência aquilo qu e sentiram tão freqüentemente os grandes serv idores de Nossa Senhora. As cruzes são muito amargas, mas, co mo di zia São Luís Mari a G ri gni on de Montfo rt, a di vina Mãe as prepara para nós co mo um confe ito no mel da divin a caridade.

e mpalidecer a dos anj os mais respl andecentes. Quando os tempos se completaram, E le rea lizou pl enamente essa obraprima de sua inteligência e de seu amor: fez a Virgem Mari a. O prime iro privil ég io que lhe concedeu fo i o da Imac ul ada Conceição. Importa co mpreender bem no que consiste esse pri vilégio único.

A Imaculada Conceição

Um florão de glóâa

Tendo cri ado os anjos para torná-los partícipes de suas delícias infini tas, grande número deles preferiu a satisfação de seu orgulho às glóri as beatíficas da di vina caridade.

O Altíssimo não se contentou de criar Maria em estado de graça, como fez com os anjos e com os nossos primeiros pais. Os teólogos nos ensinam que a Santíssima Virgem, nesse primeiro instante, ui-

Crede firmemente, com São Bernardo, que nunca invocareis e m vão vossa Mãe do Cé u. Confi ai a Ela os interesses de vossas alm as. E la vos fo rtifi cará e m vossas te ntações e vos dará uma pequena fag ulha de seu amor por Jesus, a qu al ilumin ará e m vossas almas o doce fogo da di vina carid ade. Co nfiai a E la as penas de vossos co rações. Estais fe rid os po r aquelas in gratidões e fri ezas, tão cruéis quando procedentes de pessoas ternamente amadas? Estais quebrados por aqueles lutos que matam de um golpe a alegria de vossas pobres ex istências? Contai a Maria vossas tristezas. Ela vos consolará e vossas lágrimas de tri steza se tra nsformarão e m prantos de reconhecimento. Confiai a Ela vossas preoc upações materiais. Ela condu zirá do melhor modo os vossos negóci os, para atender aos vossos verdadeiros interesses. E m todas as dificuldades, e m toda circunstância, e m todo momento, olhai a doce Estrela do mar, inv oca i M a ri a. Respice stellam, voca Mariam.

A Natividade da Salltíssima Virgem O dia em que nasceu a Rainha do Céu foi um dos mais belos da Hi stóri a da MAl02009 -


humanidade. Ele anunciava à Terra amaldiçoada a proximidade da libertação há tanto tempo esperada. Temos dificuldade em compreender o alívi o imenso que significou para o mundo o nascimento de Maria. Lamentamos muito a infe licidade de nossa época. Nós que, apesar de tudo, vivemos numa atmosfera de cristianismo, somos - mesmo os mais infelizes - os privilegiados da Providência. Parecemos ignorar a horrível mi séria na qual gemi a o mundo anti go.

Pobres homens elos tempos aJJtigos!

limites o perdão, a coragem e a vida que não moITe; o Deus que se escondia no seu Paraíso vai descer sobre a Terra. Após a Ascensão, Jesus penmmecerá entre nós sob os véus eucarísticos; e quando a Presença real abandonar no último dia os tabernáculos destru ídos, Ele reinará visivelmente sobre o povo glorioso dos eleitos ressuscitados.

Ensi11an1entos sal11tarns A Natividade de Maria, que arrebatava os céus e aterrori zava os anjos decaídos, como foi recebida na Terra?

A sociedade antiga estava fundada sobre o esmagamento do fraco, sobre o desprezo da dignidade humana. A maior parte da humanidade suportava as torturas da escravidão. Até mesmo Roma, que se mostrava tão orgu lhosa de sua civilização, considerava a multidão de seus escravos como um imen o rebanho destinado à carnificina. Deus não secara inteiramente a fo nte das graças; não recusava o perdão ao pecador arrependido. Mas só o conced ia med iante a contrição perfeita. As almas, tão fracas em meio às tentações da carne, privadas dos socorros espirituais que agora possuímos em abundância, caíam aos milhares no abismo infernal. Pobres homens dos tempos antigos !

Avroxima-se a hora ben<lita lia Re<lenção O nascimento de Maria deu início à obra da Redenção. Em seu berço, pela graça de seus primeiros sorrisos, a Mãe do Salvador ilumina a terra desolada. Jesus aparecerá logo, e com seu precioso Sangue apagará a sentença da nossa condenação . O mundo conheceu afi nal, depois de tanto sofrimento, as alegrias da liberdade e da paz; a escravidão será abolida por toda parte e a dignidade humana doravante será respeitada. Os sacramentos farão jorrar em abundância os caudais da graça: teremos apenas de nos inclinar para neles haurir sem -

CATOLICISMO

Não <iaJ' importimcia às gran<lezas humanas Que a obscuridade na qual nasce Nossa Senhora nos ensine a dar pouca importânci a às grandezas humanas. Saibamos considerar com olhar cristãmente indiferente essas vaidades perecíveis que Cristo desprezou para sua Mãe: se tivessem algum valor, E le não lhas teria recusado. Aprendamos també m, nesse grande mistério, a não desanimar nunca. A Imacul ada vem ao mundo quando os judeus se desesperam e crêem tudo perdido. Aproveitemos a lição. Quando invocamos o Céu e m nosso socorro e não somos imediatamente ate ndidos, caímos na tri steza. Deus às vezes espera que nos sintamos na beira do a bi s mo para nos este nder sua Portanto, não abandonemos tão facilmente a oração; o Altíssimo intervirá no momento em que nós nos julgarmos definitivamente abandonados. Tenhamos confiança, uma confiança sem limites ! Seremos então largamente recompensados.

O santo nome <le Ma1'ia

Na pequena vila de Nazaré, onde segundo ceitas tradições viviam São Joaquim e Sant' Ana, não se dá atenção à recémchegada. Ela traz nas veias o sangue de Davi, mas sua fa mília está destituída do antigo esplendor. Quem se ocupa dessa pobre gente? Há mais. Ana e Joaquim permaneceram muito tempo sem filhos. Deus se deixara, afi nal, tocar por suas orações. Eles viam em Maria um sinal da bondade celeste. Mas não faziam a menor idéia dos tesouros com que o Altíssimo cumulara a alma de sua filha: não conheciam as maravilhas da Imaculada Conceição; não sabiam que embalavam no braços a futura Mãe do Salvador.

Deus não assinalou a chegada da Santíssima Virgem ao mundo com prodígios exteriores, entretanto hav ia escolhido, desde toda a eternidade, o augusto nome que a Mãe do Salvador devia levar. E nquanto Joaquim e Ana aguardavam com jubilosa impaciência a realização de suas esperanças, o anjo Gabriel - grande mensageiro das misericórdias infinitas viera visitá-los para lhes revelar o nome bendito que o Altíssimo havia reservado à ua filha. E m torno do berço onde sorria a Rainha do Céu, a família não prolongou suas deliberações. Os pais da Santíssima Virgem foram os primeiros a falar, e man ifestaram sua vontade da maneira mais clara: chamaram sua filha "Maria".

O signilica<lo <lo nome Maria Os co mentadores mais autorizados nos ensi nam que Maria quer dizer, em

primeiro lu gar, soberana . Seu Divino Filho quis que a criação inteira se submetesse ao seu cetro de amor. Não procureis para essa Soberana um palácio magnífico, onde incontáveis servidores mantêm-se atentos para se antecipare m aos seus menores desejos. Ela mora em Nazaré, numa casinha branca suspensa no fl anco da co]jna, uma pequena casa tão pouco confortável, que os mais pobres de nossos dias não a quereriam. Esse ape1tado casebre, que se divide em duas peças de dimensão desigual , mal cobre a área de cinqüenta metros quadrados. É lá que Ela reside com José e Jesus, o Filho eterno de Deus que é também seu filho, o fruto bendito de suas entranhas.

comanda milhões de homens e mal pode conhecer o número fantástico de seus súditos. A füu-opa obedece às suas leis, parte da Ásia e da África é submissa ao seu cetro. Maria comanda apenas um único ser humano; mas esse Homem é maior do que todos os reis, mais glorioso do que todos os anjos.

Ela tem to<lo cré<lito juJJto ao seu Filho Conheceis o imenso crédito que Deus concede no Céu a certas almas privil egiadas. Santa Teresa do Menino Jesus, por

De (Jlle se OCUl)énra a Mãe <le Deus? Enquanto o Salvador aplaina pesadas tábuas co m se u pai ado tiv o, do que se ocupa essa criatura privilegiada ~" entre todas? Ela cozinha, lava e co nserta a roupa, aplica-se a cuidar do pobre lar. Na verdade, estranha soberana: mais parece uma humilde serva do que uma grande rai nha. Mais ainda. Vimos com que riquezas havia Deus cumulado a alma de Maria no momento da Imaculada Conceição. A prutir daí a Vir- 11111_ _, gem, que teve desde o primeiro instante uso da razão, não cessru·a de crescer em graças e vi1tudes, em proporções que confundem nossos débeis cálculos. exemplo, anunciara no leito de morte que Ela 11ão operava milagres faria cair sobre a Terra uma chuva de roAté Nosso Senhor subir triunfalmente as. Essa graciosa predição realiza-se a aos Céus, a Santíssima Virgem não fez cada dia de maneira maravi lhosa. nenhum desses prodígios que entusiasmam Se Nosso Senhor confe re tal poder a as multidões. Jesus percorria a Palestina uma simples religiosa, morta na flor da curando doentes e ressuscitando mortos. juventude, o que não fará pela mais alta, Os Apóstolos, o próprio Judas, expulmais virtu osa, mai s be la das cri atu ras, sava m demônios e m nome do Mestre. por Aquela que fo rmou seu Corpo divi Maria permanece silenciosa em sua pequeno em seu seio virginal? na casa e, quando às vezes assiste às palaGravemos, pois, profundamente em vras do Filho, passa despercebida na mulnossos corações o e nsi na me nto que nos tidão de ouvintes. dá a grande voz da Tradição: no Céu, Contudo Maria possui ao mesmo temJesus realiza até mes mo os menores depo a mais prodigiosa autoridade jamais sejos de sua Mãe, do mesmo modo como hav ida na Terra. O César, que vive em exec utava pontualmente suas ordens na Roma nas magnificências de seu palácio, Terra.

Outm sig11ilica<lo cio nome Maria Maria signifi ca também Amarga. O Profeta Isaías, anunciando ao mundo o futuro Messias, o hav ia chamado "varão das dores". Nossa Senhora, a mais perfeita imitadora de Nosso Senhor, foi a Virgem dolorosa. O sofrime nto é o grande redentor. Foi por ele que Maria se associou ao pé da Cruz à obra de nossa libertação. É pela provação cristãmente aceita que nos sa lvamos. É pelo sofrimento, enfim , que podemos obter a graça da sa lvação para as almas que nos são caras. Essa verdade parece dura, mas é menos terrível do que faz crer à primeira vista. O sofrimento é o mensageiro mi sterioso da verdadeira alegri a de nossas vidas. Esse princípio brilha de modo impressio na nte na hi stóri a da Santíssima Virgem.

Mate,· /)olorosa Durante a infância de Jesus, Maria sentiu no coração angústias inexprimíveis. Ela O vi u nascer num pobre estábulo; ouviu a si nistra profecia do velho Simeão; teve de fugir para o Egito, a fim de subtrair seu precioso Tesouro do furor assassino de Herodes; perdeu seu Filho em Jerusalém, e só O encontrou após três longos dias de lágrimas e agonia; tinha constantemente presente no e pfrito o terrível quadro descrito por Isaías sobre as t01turas do Messias. Mru·ia sofreu ainda mais no decurso da vida pública do Salvador. Nosso Senhor deixou a peq uena casa onde hav iam passado juntos tantos e tantos anos. M a ria sofreu no Ca lv ári o um terrível martírio. Viu seu F ilho - de Quem cui dara com tanto devotamento - coroado de espinhos, jorrando angue e pregado na Cruz. Ela O viu agonizru· e morrer.

Deve-se clesejar a prm1ação? Circulam em nossos di as obras de piedade de um exagero perigoso. Nelas se louvam as vantagens da dor, esq ueMAIO2009 -


cendo que só o amor de Deus faz o mérito; nelas se apela às alm.as para que se ofereçam co mo vítimas ao Altíssimo. Reconheço com a Igrej a que Deus às vezes escolhe almas para fa zer delas vítimas de sua Justiça; mas são casos muito raros, mesmo na hi stória dos santos. Santifiquemo-nos na prática de nossos de veres cotidi anos e de ixe mos ao Bom Mestre o cuidado de nos envi ar o que mais nos convenha.

Invoquemos sempre o hemlito 110me de Maria Habitu e mo-nos a invocar com freqüência o no me de M aria. Deus co municou tal poder a esse nome bendito, que e le bas ta pa ra operar maravilhas: afu genta os demôni os, que não pode m o uvi -lo se m se enche re m de pavor; dissipa as mais viole ntas tentações e restabelece nas almas a confia nça e a serenidade. Nossa Senh ora revelou a Santa Brígida que na hora da mo rte Ela vinha ass istir os fi éis que A invocavam freqüente mente durante a vida. São João de Deus sempre es pero u receber, naque le instante supremo, a visita da Virge m Imac ulada . M as Ela não se mostrava, e o santo pareci a desencorajado. A agoni a continuava seu c urso. De repente, a fisiono mia do moribundo tra nsfigurou-se. A Rainha do Céu acabava de lhe aparecer: "João - disse-lhe Ela com maternal sorriso - então me crês capaz de abandonar meus devotos servidores num momento como este?". Foi nos braços de Maria que ele exalou o último suspiro.

A vi<la da Santíssima Vil'gem 110 'l'emplo Qua ndo a Virge m Mari a atingiu a idade ele três anos, seus piedosos pais c umprira m sua promessa. Apesar da imensa tristeza que lhes causava a pri vação ela filhinha tão graciosa, tão afetuosa e tão doce, conduziram-na a Jerusa lém. A Imacul ada, que possuiu uso da razão desde o primeiro instante, compre-

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e ndia o alcance desse ato. E la, q ue j á havia se consagrado inteira mente ao Senhor, ofereceu-se de novo ple namente a Ele nesse di a com todo o ímpeto de sua vontade e de seu amor. O fervor não A impediu de sentir vi vame nte a amargura de seu sac rifíc io. Quanto mais as almas unem-se a Deus, tanto mais se to rn am amorosas e boas: o coração afetuoso de Mari a se dilacerou no mo me nto de deixar seus pais. Mas, apesar da idade tão tenra, Ela subiu se m fraqueza as lo ngas escadari as do Templo e desapareceu na Casa de Deus.

Hwnilda<le de Mal'Ía Entretanto, no Templo de Jeru salé m Ela não conhec ia todas as própri as grandezas. Parece duvidoso que tenha sabi do do privilégio da sua Imac ulada Conce ição. E m todo caso, ig norava qu e o F ilho de Deus A tivesse esco lhido desde toda a eternidade para fo rmar um corpo em seu seio. Depois de Nosso Senhor, ningué m compreendeu tão profundame nte como Maria a ime ns id ade do Altíssim o e o nada da cri atura. E la sabia que, pela natureza humana, não era nada. Atribu ía unicamente a De us as virtudes que lhe orn avam o coração; não atribu ía a si nenhum mérito; e na presença

do Pai Celeste, imergia num abi smo inco mensurável de humildade. Se a Imacul ada agradou ao Altíssimo pela sua pureza sem mancha, di z São Bernardo, fo i por sua humildade que se torn ou a M ãe de Deus.

Conclusão prática Este estudo não eleve ficar nas esferas estéreis da especulação; cumpre tirar dele conclusões práticas. Falemos com franqueza brutal, com impiedosa crueldade. Digne-se a Virgem tão humilde e tão doce ditar-me palavras justas e salutares. Todo ho mem é natu ralmente vaidoso. M as ex iste um orgulho mais sutil , mais perigoso e mais difícil de curar do que todos os outro . É o das almas pi edosas. No Templ o, Mari a não se detinha com compl acência nos favores marav ilhosos com que o Cé u A c umul ara. Ce rtas pessoas devotas perde m te mpo conside rá ve l e m ana li sar minuciosamente os próprios prog ressos na virtude. Ex pe rim e nte m p o r acaso alg uma doç ura de sentimento na oração, e eilas tra nspo rtada de aleg ri a. Cons ideram-se logo pri vilegiadas. E ntreta nto, essas in s ig ni fica ntes doç uras provêm com freqüência de um a disposição puramente natu ral. No Templ o, Maria não se preferi a a ning ué m. Certas almas piedosas julgam o próx imo com extrema severidade.

Exame de consciência Exa min e mos se ria me nte a nossa co nsciência. Se descobrirmos nela alguma complacência para conosco, se não nos considera mo puros nada , não duvide mos de que nos arrastamos lamentavelmente nos degraus mais ínfi mos da med iocridade. Dir-se- ia q ue Deus não pode derramar seus do ns em um coração orgulhoso. Q uando e ncontra uma alma che ia de si, de ixa-a vegetar o u e mprega o único me io de curá- la: permi te que e la cometa tra nsgres ões , às vezes co ns ideráve is, para lhe abrir os olhos e fazê- la con tatar a própria mi séria.

São Pedro co nsiderava-se supe ri or aos seus irmãos de apostolado. "Ainda que todos os outros Vos abandonem, Senhor - dizia - , eu não Vos abandonarei. Eu Vos seguirei até a morte". E m vão o M estre lembrou-lhe sua fraqueza. Pedro se obstina: "Não, não, eu não Vos negarei j amais". Pobre São Pedro ! Aprendeu ele maneira terríve l a virtude tão necessária da humildade.

O desprezo de si mesmo Se quiserdes progredir seri a me nte no ca minh o da pe rfe ição, supli ca i à Rainha do Céu qu e vos in spire desprezo ele vós mes mos. Não vos julgue is superio r a ninguém. E le mbrai-vos da palavra que Nosso Senho r diri gia aos fari seus, tão orgulhosos da própri a aparê ncia exteri or. E sta palavra e u não ousari a repetir, se o própri o M estre não a tivesse pronunciado. "Há- declarava E le a es ses orgulhosos - almas pecadoras que despre- ' za is; mas porque essas almas reconhecem a prof unde za de sua degradação, minha graça pode rá tocá-las um dia. Elas serão mais elevadas do que reino dos Céus ".

Maria, di spôs maravilho amente das coisas para a reali zação ele seus grandes des ígni os. Quando Nossa Senhora terminou sua educação no Templo, desposou um pobre artesão. Como Ela, São José pertencia à estirpe rea l de Davi, decaída do anti go esple ndor; també m ele havia consagrado a Deus sua virgindade e desej ava ardentemente ver com os próprios olhos o Messias prometido, a salvação de Israel. Ne m um ne m outro suspeitava, entretanto, das bênçãos que o Senhor espargiria sobre seu humilde lar.

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Os grandes <lesígnios da misericórdia Muitos anos hav iam tra nscorri do ele de sua entrada no Templo. E la se mani fes tava agora na pleni tude ela be leza física, no esplendor ma is radioso ele ua incomparável virtude. Estava madu ra para os grandes de ígn ios da mi seri córdia. Logo a auréola da mate rni dade divina brilharia sobre sua fron te. Peçamo à Santíssima Virgem que se torne não só nosso modelo, mas também nossa guia nas vias da perfeição. Sob adireção d'Ela não teremos a temer nem ilusões nem perigos: Ela nos conduzirá pelos caminhos mais seguros e mais rápidos; e colocará seu Divino Filho em nossos corações moldados por suas mãos maternais.

A Ammciação O Verbo Eterno, que por nosso amor queria encarnar nas e ntranh as castas de

Os j ovens esposos moravam havi a algum te mpo na pequena casa de Nazaré, quando numa simplic idade toda divina dese nrolou-se a ce na da Anunciação.

A mais gloriosa das embaixadas Na alva casa de Nazaré, sobre a qual se concentrava a atenção dos e píritos be m-aventu rados, reinava urna paz profu nda. José repousava, sem dú vida, da dura jornada. Na peça vizinha, a Virgem rezava. O Anjo apareceu-lhe então sob forma visíve l, e inclin ando-se respe itosamente di ante de sua Rainha, com o semblante ilu minado por um gáudio sobrenatural , saudou-A: "Ave, cheia de gra-

ça; o Senhor é convosco. Bendita sois Vós entre todas as mulheres" . Ve ndo a incomparave lme nte mais perfeita das criaturas ter sobre si senti mentos tão humildes, o embaixador celeste ficou arreba tado de admi ração. "Maria - diz ele à Virgem trêmula - , não temais. Vós achastes graça diante de Deus". Lenta e majestosamente, transmitiulhe depois, em nome cio Eterno, a sublime mensagem: "Eis que concebereis e dareis à luz um filho, a Quem poreis o nome de Jesus. Ele será grande; se rá o Filho do Altíssimo. Deus Lhe dará o trono de Davi seu pai; Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e seu reino não terá fi m ". Como se cumprirão essas p1'edições? Essas palavras era m po r demais cl aras para que pudessem deixar a menor dúvida no espfrito da Imac ulada. Ela logo compreendeu a homa incomparável que lhe estava reservada. Parece, aliás, que Mari a não experimentou nenhuma hesitação no tocante à própria virgindade, como se tem repetido com tanta freqüência. Supor n' Ela tal ignorância equivale a fazer injúria gratuita às suas luzes, pois conhecia a profecia de Isaías e sabi a que o Emanuel nasceria ele uma virgem. Quis simplesmente saber como é que Deus, rico e m milagres, reali zari a esse prodígio: "Como se cumprirão essas . ?" . coisas. "O Espírito Santo virá sobre Vós respondeu-lhe Gabriel - , e o poder do Altíssimo Vos envolverá com sua sombra. Por isso, o que de Vós há de nascer será santo e será charnadu Filho de Deus. Vossa prima Isabel era estéril; e eis que há seis meses concebeu um filho em suavelhice, porque nada é impossível para Deus". Para dar o co nsentime nto que o anj o espe rava e m no me do Espírito Sa nto, teve uma dessas palav ras sublimes que só o gênio da humildade pode encontrar. E mpregou a mais modesta e a mais simples fórmula, aque la e m que mais comMAIO2009 -


pletamente se ec lipsava sua personalidade: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se

em mim segundo a vossa pala vra ".

São Gabl'Íel prosterna-se diante de Mal'Ía A E ncarnação acabava de se realizar, Nossa Se nhora permaneci a ainda arrebatada no êx tase. Todos os teólogos admite m que, nesses minutos três vezes santos, Deus A tenha elevado à contempl ação mais sublime que uma pura cri atu ra possa alcançar na Terra. O Altíssimo ta lvez tenha até concedido a Ela, por alguns instantes, a vi são beatífica. Nesse mome nto o Arcanjo Gabriel havi a cumprido sua missão. Ao chegar, e le se inc linara respe itosamente diante da Rainha do Céu; ao partir, prosternou-se com a face em terra. M ari a não estava mais só: ao M enino que E la carregava no seio era m devidas, em rigor de ju stiça, as ho nras da adoração. O anj o adorou o Deus feito homem e reto rnou ao Céu.

Esses direitos são imprescritíveis. Como o fazia na Terra, Jesus tributa a Maria no Céu todo o respeito e toda a ternura de Filho. É-Lhe, pois, impossíve l recu sar a reali zação dos desejos d 'Ela. Como é impossível que rejeite as nossas orações, se as apresentarmos em no me do amor que Ele deve e deverá sempre à s ua M ãe. São muito apreciadas e m nossos dias as orações eficacíssimas. H á orações eficacíssim as a Santo E xpedito, há novenas efi cac íss imas a outros santos que, com a Igrej a, venero profundamente. Há,

A Maternidacle clivina Devido à maternidade divina, a Santíssima Virgem possui direitos incontestáveis sobre o Salvador. Antes de tudo, dire itos sobre a sua vontade. O Menino Je us obedecia a Maria. Os E vangelhos nolo recordam expressamente ao mostrá-Lo submisso à sua Mãe e ao seu pai adotivo. M as importa não exagerar. O Salvado r havi a recebido d o Al t íss im o um a mi ssão que esca pava à autorid ade de Nossa Senhora. Quando, na idade de 12 anos, E le permaneceu no Te mplo entre os doutores, não avi sou a seus pa is. Quis co m isso fa zer-nos compreender cl ara mente que, embora sua M ãe não pudesse mandar n'Ele em todas as coisas, conservava imensa influência sobre sua ado ráve l vontade. Não foi a pedido de M aria que Ele reali zou e m Caná seu primeiro mil ag re?

Impossibilidade de recusar pedido da Mãe A Santíss ima Virgem possui també m dire itos sobre o Coração de seu Filho. -

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poré m, uma Santa que supera de muito os outros ele itos em glória e poder.

A Visitação Como Ela havi a tomado conhecimento da rea li zação das esperanças de sua prima Isabe l, teve grande desej o de ir vêla. Acredita-se, entretanto - e esta é a opinião dos comentadores ma is autorizados - que M ari a ainda permaneceu em Nazaré por alguns di as. O mês de março chegava ao fim , as grandes solenidades da Páscoa aproxi mavam-se. Provavelmente Ela esperou as festas para subir com São José até Jerusalém. Após cumprire m ambos seus deveres religiosos, M ari a dirigiu-se à c idade

de Hebro n, o nde ficava a residênc ia habitua l de Zacarias. Não parece prováve l que São José A tenha aco mpanhado nessa segunda parte da vi agem. Se houvesse sido ass im , ele não teri a ignorado alguns meses mais tarde o di vino segredo de sua santíssima Esposa. C hegou, pois, a Virgem Imaculada à casa da prima, desenrolando-se as cenas da Vi sitação, cuj os detalhes nos fora m fi e lmente descri tos pe lo evangelista São Lucas.

Encontro ele Maria com Santa I sabel M a ri a c hega ao te rm o de s ua v iagem. Considera i as du as mulheres qu e se reencontram: uma, embora rica, não passa da esposa de um simpl es morta l; a outra, apesar ele pobre, é a Es posa cio Espírito Santo, a M ãe de Deus. O que fa rá a Im acul ada? J á co nh ece mos s ua prodig iosa humildade dura nte os prime iros anos. No Templo, consideravase a última de todas. M as ago ra as co ndi ções estão bem mudadas: Nossa Senhora encerra dentro ele si o F ilh o etern o cio Pai. E la não ignora a que emine nte di gnid ade essa maternid ade sublime A eleva. Co nsciente ele sua g lória, ag uarelará a saud ação de Isabe l para poder fa lar que recebeu as honras que lhe são dev idas? N ão, M a ria a ntec ipa-se . Com graça modesta, com espontane idade e ncantado ra, inc lin a-se di ante da prima, abraça-a com a efu são ele respe itosa ternura. Co ntudo Isabel, que Deus esc larece sobre natu ra lm ente, qu e r pros te rn ar-se di ante da jovem parente: " De onde me vem tamanha honra?" - exclama com admi ração. "Como é que se digna de vir

a mim a Mãe de meu Salvador?" .

O Magnilicat E ntão M aria não pode mais ocultar o segredo que o própri o Céu acaba de reve lar . E de ixa refulg ir no Magnijicat seu admiráve l reco nhec im e nto: " O Todo -

Poderosofez ern. mim grandes coisas. Eis que pelos séculos dos séculos todas as

gerações Me proclamarão bem-aventurada " . M as qu anto mais Ela glorifica o Al tíssimo, mais se apro fund a no abismo do seu nada: "Ele lançou os olhos para a

pequenez de sua serva, porque costuma derrubar por terra os soberbos e exaltar os humildes". Importante lição. Deus no concederá seus fa vores na medida e m que nos aniquil armos na presença cl'Ele. O Espírito Santo não deposita seus do ns num coração orgulh oso . Pedi a N ossa Senhora a graça de conhecer me lho r o Sa lvador; sua mi ssão é a ele cond uz ir as almas a Jes us.

da concupi scência - , a exemplo de seu Di vino Filho estava Ela submi ssa à lei do esforço. Jesus quis por experiência própria conhecer a fadiga que às vezes nos apavora. O Evangelho no-Lo mostra caindo de sono no barco, enquanto a tempestade se enfurece e as ondas invadem o convés. Nós O ve mos ainda, levado pelo cansaço , sentar-se à beira do Poço de Jacó. Mari a não fo i mais privilegiada do que Nosso Se nhor; tenhamos como certo que E la não se e levou à sua inco mpar áve l santidade sem sofrim ento.

Nossa sede inextingufrel de l'clicidade se aplacará A vi sita de M ari a traz e nfim teso uros de a legria. "Assim que

vossas palavras soa ram em meus ouvidos - exc lama Isabe l - , meu f ilho saltou de alegria em ,neu seio" (Lc 1. 44). D eus nos criou para um a eterna fe lic idade; é po r isso qu e traze mos e m nós uma sede inex tinguível ele fe lic idade. Ai de nós ! Mui tos pensam encontrar a fe lic idade nos prazeres proibidos. Lamentável e rro. O pecado carrega frutos ele mo rte, não deixa atrás de si senão re morsos e desgo tos. Outros vão proc urar fo ra de Nosso Senhor sati sfações legítimas, mas purame nte huma nas. A bagate la pode nos di strair por um in stante, mas aca ba fatalmente por nos fazer sofrer, po is não bas ta para satisfazer o vazio de nossas almas. A verdade ira alegria encontra-se nos corações que se dão inteira mente a C ri sto. Ó Virgem Imac ul ada, Mãe da santa aleg ria, concede i às nos as a lma ávi da de fe li c idade as alegri as in efáve is cio amo r di vino.

A santificação de Mal'ia Não penseis que fosse fác il para M aria prog red ir ass im na virtude. Apesar ele isenta ele tentações interio res - sua Conceição Imac ul ada A colocava ao abrigo

Essas grandes so lenidades tinham se desenrolado co m o esple ndor habitual. Soara a ho ra da partida. Fi zeram um di a de caminhad a sem se preocupar. Quando, na caída da noite, pararam na prime ira etapa, fi caram surpresos ao não verem chegar o Divino In fa nte. Qu e dor apod ero u-se da alma d e M aria! Para compreender a imensidade de seu sofrimento, impõe-se compreender també m a ime nsidade do amor que E la votava a esse M e nino, ao mesmo tempo seu Filho e Filho ele Deus. Não O havia vi sto perseguido pe lo ódio mortal ele Herodes? Talvez outros inimigos buscassem sua vicia prec iosa. Não havi a meditado se mpre as pág inas da Escritura, o nde o Profe ta Isa ías a nun c ia os sofrim e ntos ci o M ess ias? Ela ig no rav a qu a nd o e como se c umpriri a a sublim e imo lação : a hora ci o grande martírio teri a chegado? Sua alma estava absorta num oceano de amarg ura.

Grande lição de clesa/Jego e obecliência

Deus não nos preservou do pecado ori g inal, como à Mãe do Verbo Encarnado. Mas o apagou das nossas almas no dia do Batismo. Quando temos a in fe licidade de ofendê-Lo, perdoa-nos ao nos arrependermos e restabelece sua ami zade conosco pelo sacramento da Penitência.

E nquanto Mari a estava a bso rta no abi s mo el a d o r, credes que o Menino Jesus havi a cessado de amá- la? Seu Coração divin o A aco mpa nh ava co m terna compa ixão e tinha piedade ele sua im ensa afli ção. In visivelmente presente, E le estava jun to d 'Ela e A sustentava com sua graça todo-poderosa. M as A de ixava sofrer, para dar ao mundo uma grande lição de desapego e ele obediê nc ia à vontade cio Céu. Mes mo qu ando parece retirar-se de nós, o B o m Mestre não cessa el e nos amar. Devemos somente de ixar-nos co ndu zir de olhos fech ados, com inteira confi ança.

r eencontro de Nosso Senhor no 1'cmplo

o

A compaix ão da Santíssima Virgem

M ari a e José iam todos os ano a Jeru salé m para a cele b ração el a Páscoa. Quando o Sa lvador completou 12 anos - idade com a qual o israelita se to rnavajilho da lei e dev ia participar elas cerimô ni as ele culto - seus pais O levaram à C idade Santa.

Algum te mpo após o nasc imento de seu Filho , M aria fo i com São José a Jerusa lém a fim ele apresentar o Me nino recém-nasc ido a Deus. S imeão to mou o M enino De us nos braços e, num êxtase de reco nhec imento, canto u seu "Nunc

dimittis". MAI02009 -


Depois, inundado de luz profética, percebeu para o futuro horas sinistras. Balançando tristemente a cabeça, disse: "Pobre mulhet; um gládio de dor transpassará vossa alma" (Lc 2, 35). Eis que é chegada a hora trágica em que se rea li za a terceira profecia do velho Simeão. A Cruz apresenta-se num céu carregado de nuvens, sentindo-se o peso das ameaças do Eterno. Um silêncio assustador paira sobre a cidade deicida. Jesus exp ira. Junto ao madeiro onde foi pregada a grande Vítima, Maria está de pé, imóvel, muda, os olhos fixos sobre o Deus que morre, com a alma mergulhada numa dor sem fim . Que inteligê ncia criada poderia sondar inteiramente esse sofrimento?

tírio do sangue. Ela vê o divino Corpo sofrer, acompanha passo a passo o lúgubre cortejo que sobe o Calvário, assiste à horrível cena da crucifixão, ouve os pesados martelos introduzirem os pregos nos pés e nas mãos adoráveis do Filho, percebe sua carne caindo em pedaços e seu sangue precioso correndo abundantemente. Quando o infame madeiro é erguido entre o céu e a terra, Ela acompanha na Sagrada Face os progressos da agonia. Maria vê Jesus sofrer na sua honra. Ele é conduzido à morte entre dois ladrões. A criadagem do Sumo Sacerdote escarnece

"Feâda ele dinheil'o não é mol'tal"

A provação atinge-nos de mil modos. Ela pode nos ~ ferir em nossos bens materiais. É penoso, concor- • do, mas não somos tocados em nossa pessoa: "ferida de din heiro não é mortal". A provação pode nos ferir em nossos corpos. O mal tornase mais grave. A carne freme, a sensibilidade se revolta. Mas a inteligência pode guardar a serenidade: "uma grande alma continua senhora do corpo que anima". A prova pode nos ferir no espfrito. A dúvida, o desânimo, a inveja, o desespero enchem de penumbra uma ex istência e podem torná-la insuportável, conduzindo as almas fracas ao langor, à idéia fixa, à loucura. Mas essas não são ainda as grandes dores. A provação pode nos ferir em nossas fibras mais profu ndas. As grandes dores brotam do coração e provêm de um amor dilacerado. Então somos atingid os no mais íntimo. Se alguma reação fo rte não vier nos salvar, esse amor que nos tinha co ndu zido ao para íso dos sonhos nos precipita na tumba. O amor quebrado nos mata . Maria não sofreu senão pol' am01·

Seu martírio excede em horror ao mar-

CATOLICISMO

Maria não abandona por um só minuto seu Filho agonizante, não perde de vista um só de seus sofrimentos. Quando Jesus morre, Ela está lá. O amor produz um fenômeno que os fil ósofos da Idade Média chamavam de êxtase. Ele toma, por assim dizer, o coração da pessoa que ama e o coloca no lugar do coração da pessoa amada. É bem o que se dava com Maria. Todas as dores do Filho repercutiam n' Ela, e quando a lança do soldado abriu o Coração do Salvador, transpassou com o mesmo golpe a alma da Virgem Mãe. A palavra do velho Simeão acabava de se cumprir. "Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor semelhante à minha dor" (Lamentações de Jeremias 1, I 2). Por que o soli'ime11to?

de sua benevolência, de sua santidade, de sua divindade. Os so ld ados zo mbam: "Desce daí, que creremos em ti". Ela O vê sofrer na alma, cujas alegrias beatíficas Ela conhecia. Imensa aflição A invade quando O ouve soltar o gemido queixoso: "Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonastes ?" (Mt 27, 46). O drama do Calvário

A Escritura narra que no momento em que a infe li z Agar, sem recursos no deserto, viu seu filho desmaiar, levou-o para junto de um matagal. Depois fugiu como uma louca, e no seu desespero gri tava: "Não verei com meus olhos meu filho morrer".

Quando a provação nos atinge, gememos . A revolta sobe aos nossos lábios, somos tentados a acusar Deus de injustiça, e nos perguntamos com amargura: "Por que esse soj,-irnento?". Deus nos envia o sofrimento para nos purificar e sa lv ar. Na sua bondade mi seri cordiosa, permite que utilizemos esse prec ioso dom não só para o nosso bem pessoal, mas também em favor daqueles que nos são caros. Pobres almas que sofreis, não interrompais vossas lágrimas, mas lembrai-vos de que elas têm um valor muito grande e podem transformar-se em orvalho de bênção. Não tendes fa ltas a expiar? Não tendes almas amadas cuja sorte eterna vos inquieta? Não tendes mortos que talvez sofram no Purgatório? Aceitai vossos sofrimentos com resignação, com reconhecimento, com amor. Apresentai vossas lágrimas ao Coração agonizante de Jesus. Ele vos assoc iará de longe, mas eficazmente, à sua obra de salvação. Morte e Assunção de Maria

O ensinamento tradicional da Igreja não nos deixa nenhuma dúvida sobre esse ponto. Nossa Senhora morreu verdadeiramente.

Convinha, ali ás, que assim fosse . O Salvador nos mostrou o caminho que devemos percorrer a exemplo d'Ele. Maria, a mais gloriosa das meras criaturas, não era maior que Jesus: cumpria, pois, que também Ela desse o último suspiro e entregasse como Ele sua alma ao Pai. Deus queria ainda, por nosso amor, que Ela atenuasse para nós com seu exemplo as angústias desse terrível trânsito. A morte da Imaculada foi tão real quanto consoladora e serena. Assemelhou-se ao sono tranqüilo de uma criança que adormece no berço. E não poderia ter sido de outro modo. Nenhum medo seria capaz de perturbar sua consciência radio a. Sua alma, imaculada desde o primeiro in stante, nunca fo ra tisnada pela mai li geira imperfeição. Nenhuma separação terrena poderia partir seu coração. Jesus, seu único amor, A esperava para além do túmu lo. Juntar-se a Ele seri a sua alegri a suprema. Como enfi•cntar as pnwações

Se maior fosse a nossa fé, encontra.ríamos no dogmas de nossa Reli gião preciosas consolações. Pecamos freqüentemente, é verdade. Mas não fo i pelos pecadores que Nosso Senhor veio ao mundo? Não aco lheu com imensa piedade e com ternu ra infinita as almas culpada. ? Não perdoou as lágrimas de Madalena? Não protegeu e converteu a infeliz que os j udeus haviam surpreendido no próprio ato de sua falta? M ais aind a, Ele vai ao enca lço da ovelha tresmalh ada, não enco ntrando repouso senão depois de tê- la reconduzido sobre os ombros ao rebanho, com a cabeça dolorida apoiada calorosamente sobre seu Coração adoráve l. A morte nos separa, mas só por um instante. Ela jamai rompe os laços estabelecidos sob o olhar de Deus. Não rezai s diariamente estas palavras - Creio na comunhão dos santos, na ressurreição da carne, na vida eterna - que levaram Santa Teresa a transportes de reconhecimento? Possuindo certezas tão absolutas, como pode um cri stão temer a morte? Se essas verdades não vos impregnam de paz, suplicai à Santíssima Virgem que vos ilumine. Ela vos fará compreender um pouco melhor a mi sericórd ia de seu Filho e as esperanças da eternidade. •

O autor Oriundo de nobre fa míli a do sul da França, o Padre Thomas de Saint-Laurent nasceu em Lyon no dia 7 de maio de 1879, e fa leceu em Uzes no dia 11 de novembro de 1949. Ordenado sacerdote em 1909, foi designado no ano seguinte Pároco de Santa Perpétua em Ní'mes. Exerceu prodigiosa atividade apostólica, distinguindo-se muito cedo como in signe pregador e escritor. Destacou-se como capelão da Ju ventude Católica (19 12) e mi ssionário apostó li co ( 1919). Em 1920 foi nomeado cônego honorário da Catedra l de Nlmes e, cinco anos depois, capelão do Carmelo de Uzes, onde fa leceu após duas décadas de funções. Como escritor, publicou diversos li vros na Ed itora Aubanel Freres, de Avignon , destacando-se entre outros: coleção Almas de Santos (Santa Teresinha do Menino Jesus, São Francisco de Assis, São João da Cruz, São Vi cente de Paulo); Com. Jesus sofredor; A Virgem Maria ; Nossas amizades após a morte; A arte de falar em público para uso de todos; A timidez; O domínio de sim.esmo e O Li vro da Co11fiança. Este último, com várias ed ições em diversas línguas, é sem dúvida o mais fa moso de todos. No prefácio que escreveu para a ed ição australi ana de O Livro da Co1iiança, ass im se referiu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao autor: " O Padre Saint-Laurent recebeu da Providência o dom de falar diretamente às almas, fa zendo sentir no seu mais íntimo o valor da confiança; e apaziguando, de um modo que por vezes se diria miraculoso, as tormentas que sacodem, por vezes, até as almas nwis fiéis ". As mesmas palavras do ilu stre pensador católi co brasileiro podem com toda propriedade aplicar-se ao presente liv ro A Virgem Maria. Simples e despretensioso, mas repassado de unção, ele persuade profu ndamente o leitor, descortina novos horizontes para a sua vida espiritual, e lhe ensin a a confi ar ilimitadamente na bondade ela Santíss ima Virgem , nossa Mãe incomparável.

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ta, ba ta observarmos as nuvens, as montanhas, os ri os e seus afl uentes , os sistema de vasos sa nguíneos, os fe ixes nervosos, etc. Eles podem ser identificados, por exemplo, nas árvo res, no brócolis, nos mariscos, na samambaia e em múltiplas estruturas de seres materiais, cujas ra mificaçõe constituem variações de uma mesma for ma básica e de sua cor. Quando vistos através de uma lente de aumento, é possível perceber a semelhança entre suas diversas partes, em d ifere ntes e calas. Podem também ser elaborados por meio de computador, como hipóteses matemát icas para estudo de aspectos do Universo e seus possívei s. As fo rmas variegadas dos fractais descrevem fe nômenos natura is como os sismos, o desenvolvimento das árvores, a fo rma de algumas raízes, a linha da costa marítima, a nuvens.

O extrnmo ela vaJ'ie<la<le 1w coesão <la tmicla<le

A beleza dos fractais nos inspira o desejo de conhecê-los melhor e compreender com mais profundidade o Universo criado como imagem de Deus, beleza perfeita e infinita Cio

ALENCASTRO

m amigo envi ou-me uma série de imagens de fractais. Confesso que nunca tinha ouvido fa lar deles. Mas as foto (a lgum as esta mpadas nes tas páginas) era m tão bonitas, que me interessei pelo tema. O "belo" fo i a via que me levou a querer conhecer a "verdade" que hav ia na coisa. E acabei por chegar ao "bom" que hav ia nela. Verum, Bonum, Pulchrum (Verdadeiro, Bom, Belo) três dos transcendentais do ser, ensina a filosofia esco lástica. O que é um fractal? Procurare i dar ao leitor uma noção simplificada e acessível, que fo i a que pude captar, de algo complicado se quisermos nos aprofu ndar nos aspectos científicos, o que não é aq ui meu objetivo. Aos leitores que se sentirem atraídos por um estudo aprofundado do assu nto, não fa lta literatura especializada.

A geometria euclidi ana, que descreve o U ni verso com base em retas, plano e círcul os, acaba empobrecendo enormemente a realidade. Não nego, ev identemente, toda a contribui ção que essa geometri a deu e continua a dar ao con hec ime nto humano. Digo ape nas que o Universo é muito mais comp lexo e variado do que ela consegue exprimir. Os fractais são fo rmas geométricas que se caracterizam por repetir indefi nidamente um determinado padrão, com li geiras e co n tantes variações. O termo .fi·actal foi cri ado em 1975 por Beno,t Mandelbrot, matemático francês nasc ido na Polôni a, a partir do adjetivo latino_f,·actus (= irregu lar, quebrado) , do verbo fi-angere.

DCSCl'ição <la IWllll'CZa

A geometri a fractal é utili zada para descrever diversos fe nômenos na natureza, para cuja interpretação são ins ufi cientes as geo metri as tradicionai s. "Nuvens não são esferas, montanhas não Bactéria vista são cones, conlinentes não são círculos, um lc11ido ao microscópio Uma ciência l'Clativame11te l'ece11te não é conlínuo e nem o raio viaja ern linha reta ", A primeira sensação de extrema beleza que experimentei diz Beno,t Mandelbrot. ao contemplar as fotos dos fractais ficou enriquec ida quando A c iênc ia dos fractais aprese nta estruturas geométricas de eu soube que e les são, a seu modo, uma imagem do Universo gra nde complex idade e beleza, li gadas às formas e cores da criado. E portanto uma imagem de Deus. natureza e do Universo . Os fractai s naturai s estão à nossa vol CATOLICISMO

Os fracta is exprimem um superior princípio de unidade navariedade, uma variedade de formas e de cores tão extensa, que é levada qua e ao infinito, se m nunca perder seu padrão de unidade. E também em se de ixar medir nem abarcar por sistemas lineares. E les refletem a idéia de onipresença, por terem as características do todo multiplicadas dentro de cada parte. A partir do fractais podemos ter uma idéia - limitada, é claro, mas muito rica - do Universo como imagem de Deus, pois os aspectos variam e se multiplicam, na prática indefi nidamente, mantendo entretanto a unidade fundamenta l de sua fo rma. Cada fragme nto possui as características do todo, sucess iv amente multipli cadas. Ou seja, cada partícula possui de algu m modo, dentro de si, a totalidade do ser de que ela faz parte. Um pouco como o átomo, que de alguma maneira reproduz a ordem do Universo sideral.

Uma filosofia <los fractais Embora constituindo um ramo das ciênc ias matemáticas - uma "geometria da natureza", como tem sido designado seu estudo é claro que se pode filosofar sobre os fiactais. E filosofar sobre eles, como sobre qualquer outra realidade, pode levar homens sem fé a tirar conclusões abstrusas sobre a constituição do Uni ver o e sua origem. Mas para nós que, graças a Deus, temos a fé revelada como critério primeiro e decisivo de todo o pensamento humano, o estudo dos fractais fornece elementos preciosíssimos para o conhecimento desse mesmo Uni verso enquanto imagem do Criador. E esses elementos vão especialmente na linha do pulchrum. Se a c iê nc ia tivesse progredido na procura sobretudo da beleza do Universo, e não tanto da utilidade da matéria bruta, talvez tivéssemos sido poupados de muita fumaça e po lui ção, muito barulho e tanto cimento. O aspecto esp iritu al do Universo teria sido muito mais sa li entado, e através dele poderíamos ter um conhecimento mais profundo e mais rico das perfeições do C ri ador. Se, apesar de meu esfo rço, não consegui passar ao leitor uma idéia suficiente do que são os fracta is, não se preocupe. Contem ple as foto , e e las dizem muito mais do que eu saberia dizer. • E- mai l do autor: cicla lencas tro @catol ic ismo.co m.br

Harmonia de fractais num floco de neve, no brócolis, na samambaia e numa pequena flor silvestre (fotos de cima para baixo)

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São Felipe Néri, Apóstolo de Roma Este santo compreendeu bem sua época e procurou remediar seus males. A extraordinária bondade de seu coração e constante sorriso foram sua maior arma de apostolado. [i'j PLIN IO M ARIA SOLIMEO

A

Congregação do Oratório de São Felipe Néri

CATOLICISMO

vida de São Felipe Néri abarca quase todo o século XVI, um dos mais turbulentos da Idade Moderna, época do Renascimento e da pseudo-reforma protestante. Nasceu em Florença no dia 21 de julho de 1515, numa família profundamente cristã. Seus membros hav iam exercido cargos na magistratura da "cidade das flore s", por muitas gerações, o que lhes permitiu ocupar um lugar na nobreza toscana. Mas isso não dispensava o pai, Francisco Néri , de trabalhar arduamente como tabelião para sustentar a família. Felipe perdeu a mãe muito cedo, mas encontrou na madrasta uma dig-

na sucessora que o amou como filho . O menino era tão amável,jovial e terno , que logo tornou-se co nh ecido como Pippo Buono, "o bom Fe lipinho". Essa bondade de coração e amabilidade contagiantes, permeadas pela graça divina, seriam o grande segredo de suas conquistas no apostolado. De sua infâ ncia resta- nos apenas um episódio: quando Pippo tinha por vo lta de oito anos , viu perto ele sua casa uma mul a carregada ele frutas, que o proprietário trouxera para vender. Saltou para cima ela montaria que, assustada, desequilibrou -se. Mu la, carga e menino rolaram para o chão, indo para dentro de um paiol. Quando os pais e vizinho acorrera m, temendo o pior, encontraram Pippo ileso e sorrindo com a aventu ra.

Tendo estudado humanidades com os melhores professores da cidade, por volta dos 16 anos seu pai o env iou para São Germano, aos pés de Monte Cassino, para aprender a arte do comércio com seu tio Rômulo. Apesar de Felipe se dedicar· com empenho ao negócio, suas cogitações estavam muito acima das mercadorias com que tratava. Logo se viu que ele não tinha senso comercial, mas divino. Apenas terminado o trabalho do dia, retirava-se para alguma igreja ou um dos oratórios abundantes na Itália. Servia-se também do emprego para fazer apostolado, perguntando aos fregueses se sabiam o Pai-Nosso ou se haviam feito a Páscoa. O tio comentava: "Felipe nunca será um bom comerciante. Eu deixaria a ele toda minha herança, se não fosse essa mania de rezar". Par·a Felipe isso não era uma "mania", mas necessidade. "Nada ajuda mais o homem do que a oração", dirá mais tarde. Por isso, quando fez 20 anos, deixou a casa do tio e, levado por um instinto sobrenatural, foi para Roma.

Santa alegl'Ía dos fllhos de Deus Na cidade eterna, estudou filosofia na uni ver idade La Sapienza, e teologia na de Santo Agostinho, mantendo-se com aul as particular·es. Os que tratavam com ele ficavam admirados de ua sabedoria, profundidade de pen amento e vida santa. Nessa época ele já vivia a pão e água uma vez só por dia, dormia apenas algumas horas no chão duro, e passava parte da noite em oração. À noite costumava visitar as sete principais igrejas de Roma, retirando-se depois para a catacumba de São Sebastião. Seu exemplo atraiu muitos companheiros, que se juntaram a ele nesses santo exercíc ios. A virtude resplandecia nele. Alguns diziam ver sua cabeça envolta em luz sobrenatural, quando rezava. Apesar· de sempre sorridente e amável, sua modéstia e virginal pudor faziam-no ser respeitado até pelos mais dissolutos.

Via-se sempre a alegria transparecer em seu rosto, e a doçura estava de tal modo em seus lábios, que era uma grande satisfação estar com ele. O que é mais curioso é que São Felipe, nessa época, não pensava em fazer-se sacerdote. Julgava acertadamente que se pode servir a Deus e ao próximo muito bem, permanecendo leigo. Entrou para a Companhia do Divino Amor, irmandade cujo objetivo era atender espiritual e materialmente os pobres, os doentes, os órfãos e os encarcerados. No Hospital dos Incuráveis, cuidou dos enfermos até o fim de sua vida, e para lá enviaria os seus seguidores. Entre estes encontrava-se um que é considerado o maior compositor do século XVI, Giovanni Pierluigi da Palestrina, cujas músicas passar·am a fazer parte do repertório dos seguidores de São Felipe. Pois a música desempenhava papel importante em seu apostolado. Não contente com a visita a hospitais, São Felipe punha-se também a percorrer ruas e praças, falando às pessoas sobre a Religião e as coisas de Deus, da maneira mais comovedora e cativante. A um perguntava: "Então, meu irmão, quando é que começaremos a amar a Deus ?". A outro: "É hoje que nos decidimos a comportar-nos bem?". Ele era sobretudo um apóstolo e um semeador da santa alegria dos filhos de Deus.

Chamado ao apostolado com a juveJJtU<le São Felipe Néri se sentia chamado especialmente para cuidar· da juventude. Para colocar os jovens em guarda contra as seduções da idade e conservar todo frescor da virtude, ele lhes dizia para se lembrarem sempre das palavras do profeta: "Bem-aventurado o homem que leva o jugo do Senhor desde sua adolescência". Havia em sua voz e em suas maneiras tanto atrativo, que muitos, cedendo ao ascendente que Felipe tinha sobre eles, renunciavam às frivolidades do mundo e se entregavam inteiramente a

Deus. Assim ele enviou a Santo Inácio, para sua recém-fundada Companhia de Jesus, muitos novos recrutas. Os santos se atraem. São Felipe teve relações com todos os santos que viviam então na Cidade Eterna: São Carlos Borromeu, São Camilo de LeIis, Santo Inácio de Loyola. e São Félix de Cantalício. "São Carlos Borromeu tinha tctnta estima e veneração por ele que, todas as vezes que o encontrava, prosternava-se diante dele e suplicava que o deixasse beijar suas mãos. Santo Inácio de Loyola não fa zia menos caso de sua santidade, e via-se freqüentemente esses dois ilustres fundadores olharem-se sem nada dizer, na admiração mútua que tinham pela virtude que reconheciam um no outro". 1

A grande graça de Pentecostes No dia de Pentecostes de 1545, quando suplicava ardentemente ao Divino Espírito Santo que lhe enviasse seus dons, viu de repente uma bola de fogo que lhe entrou boca adentro, descendo até o coração. Tal foi a veemência de amor de Deus que sentiu, que julgou que iria morrer. Ca iu no chão, gritando: "Basta, Senha,; basta! Não resisto mais!" O mais notável é que seu peito dilatou-se, mesmo fisicamente, na altura do coração. Isto foi constatado depois da morte pelo médico Andréa Cesalpino, que fez a autóps ia: " Percebi que as costelas estavam rompidas naquele ponto, isto é, estavam separadas da cartilagem. Só dessa maneira era possível que o coração tivesse espaço suficiente para levantarse e abaixar-se. Cheguei à conclusão de que se tratava de algo sobrenatural, de uma providência de Deus para que o coração, batendo tão fortemente como batia, não se machucasse contra as duras costelas ". 2 "Durante seus últimos dias como leigo, o apostolado de Felipe cresceu rapidamente. Em I 548, junto com seu confessor Persiano Rosa, fundou a

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Os novos Incitatus

Corpo de São Felipe Neri, na "Chiesa Nuova" , em Roma

Confraternidade da Santíssima Trindade para cuidar de peregri-

nos e convalescentes. Seus membros se reuniam para a Comunhão, oração e outros exercícios espirituais na igreja de São Salvado,; e o próprio santo introduziu a exposição do Santíssimo Sac ramento uma vez por mês. Embora ele ainda fosse leigo, fa zia a pregação, e sabemos que numa só ocasião ele conve rteu trinta j ovens dissolutos".3 Sacerdote do Altíssimo, de<licado ao conl'essiomfrio

e m ir també m para o Oriente. Dirig i u- se então ao sa nto religioso Agostinho Ghattino, muito favo rec ido por Deu s, pedindo-lhe que consultasse o Senhor sobre esse seu proj eto. A respo ta divina foi : "Fe-

lipe não deve buscar as Índias, mas Roma, onde o destina Deus, assim como a seus filhos, para salvar alinas ''. 4 Como sace rdote, São Fe lipe dedicou-se especia lme nte ao co nfessio nário, o nde pas ava grande parte do di a. Muitos de seus pe nitentes, levados pelo desej o de recolhe r a doutrina desse pai espiritual, passaram a ir diariamente vi s itá- lo.

Quando Felipe tinha 36 a nos, seu confessor Pe. Persia no ordeno u- lhe, em nome de Deus, que se "Pouco a pouco os discípulos se fi zesse sacerdote. Depoi s de mais tornaram tão numerosos, que f oi a lg uns estudos, ordenou-se, ce lepreciso ter a reunião num.a igreja; bra ndo sua primeira mi ssa no dia e por fim a concorrência cresceu 23 de maio de 1551. Felipe entrou tanto, que foi necessário distribuíe ntão para a comunidade de Presla em grupos, àji·ente dos quais o bíteros de São Jerônimo, que go- mestre punha um de seus discípuzava merecida fa ma pelas virtudes los mais capazes. Assim nasceu o de seus componentes. Estes, e mboinstituto do Oratório, sem mais rera vivessem e m comunidade e ti- · gras que os cânones, sem. mais vovesse m mesa em co mum , não se tos que os compromissos do batisobr igavam a ne nhum voto. Este mo e da ordenação, sem mais vínserá o berço do Orató ri o de São culos que a caridade". 5 Felipe Néri . Outra nota ma rcante na vida de Ouvindo contar as maravilhas São Felipe Néri fo i seu a mor pe la operadas por São Franci sco Xav ie r E ucaristia. Era tão grande o fervor na Índia, São Felipe pensou muito de sua caridade que, e m vez de se

recolhe r para ce le brar a Missa, ti nha que procurar de liberadame nte um a di stração, para ser capaz de prestar atenção depoi s no rito externo do Santo Sacrifício. Como todos os santos, teve que enfrentar muitas calúni as. O próprio cardeal vigári o de Ro ma, levado por um certo parti-pris e pelos rumores de que o santo mantinha assemb lé ias perigosas e semeava nov idades e ntre o povo, chego u a repreendê- lo severamente, re tirando- lhe a licença para ate nder confissões durante quinze di as. Mas, te nd o o purpurado fa lec ido repentin a me nte, o pa pa Paulo IV, c ha mado a julgar o caso, não só a bso lv e u São Felipe como recome ndo u-se às suas orações. Um dos principais discípulos de São Felipe fo i o Venerável Cesare Barôni o, de poi s cardeal , autor dos Annales Ecclesiastici, tra ba lho que ma rcou é poca na hi stori ografia e mereceu parn seu autor o título de "Pai da Hi stóri a Ecles iástica". São Fe lipe Né ri e ntregou sua alma a De us no dia 26 de maio de 1595 , sendo cano ni zado apenas 27 a nos depois, junta me nte com San to Is idro Lavrador, Santo Inácio de Loyol a, São Fra ncisco Xavier e Sa nta Teresa D' Ávi la. • E-mail do aut or: )msolimco 1. Les Petits Boll andi stes, Vies des Sa i111.1·, Bloud et Barrai , Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo VI , p. 2 17. 2. Apud Gu ilh erm e Sa nches Xim enes , Felipe Néri - O sorriso de Deu.s , Ed itora Quadrante, São Paul o, 1998, p. 17. 3. C. Sebastian Ri chi e, Philip Néri , T he Catholi c Encyc loped ia, online editi on. 4. Edelvives , E/ Santo de Cada Dia, Editoria l Lui s vives , S.A., Sa ragoça, 1947 , vo l. rn , p. 266. 5. Fr. Ju sto Perez de Urbe!, O.S .B. , Aíio Cris1ia110, Ecliciones Fax, Madri , 1945, vo l. li , p. 457.

n

GREGóR10 V1vANco LorEs

I

ncitatus era o nome cio cava lo preferido cio impe rador ro-

ma no Calíg ul a, fe roz perseguidor cios c ri stãos. Narra o escritor S ueto nio, na sua biografia de Ca líg ul a, que lncitatus tinha cerca de dezo ito c ri ados pessoa is, era e nfe itado com um colar de pedras prec iosas e dormi a no meio de ma ntas ele púrpura (destinad as somente aos trajes imperia is). Foi-lhe també m dedicada uma estátua ele mármo re, e m tama nho natural , com um pedestal em marfim . alíg ula nomeou lncitatus senador e cons iderou a hipótese ele fazer dele um cô ns ul. lncitatus c n titui o ê xtase de muitos defcns res dos c hamados "direitos d s a nim ais". Nesta decadê nc ia el a c ivi li zação em que nos e ncontramo , c hegare mos a ter novo !11 citatus , com nova persegui ção aos cristãos? Tai re mini scências hi s tóricas e tais reflexõe me vieram à mente le ndo a notícia de q ue o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nom eou um radical de- ~ fe nso r do s c hamados " dire itos ~ do animais", Cass un tei n, para ~ c hefiar o Gabinete de Informação -' e Assuntos Regulalórios, serv iço federal que supervis io na todas as regul a mentações gove rname nta is. Para o le ito r ava li ar o homem, e is uma "pé ro la" extraída de um li vro de Sun ste in , de 2004: "Aos animais deve ser per-

mitido usa r terno, tendo seres humanos com.o seus representan/es, quando se tratar de evitar violações da lei atual. [ ... ] Quaisquer anúnais que têm o direito de usar terno serão represe111ados por advogado". Em 2007 , num discurso na Univer id ade de Harv ard, o mes mo e nhor defende u: "Tem.os de proibir a ·aça". E apelo u para a "eliminação de práticas atuais, co1110... comer carne" (http://www. canaclafreepress.com/ index. J hp/arti cle/8230). Ac res ·ente-se a isso que, na Espanha, a Comi ssão de Meio Ambie nte da âmara dos D e putados "aprovou uma proposta

de lei q11e leva o governo a aderi!; no praw máximo de quatro meses, ao Projeto Grande Símio, uma iniciativa internacional -

CATOLICISMO

de ONGs ecológicas, que reconhece a orangotangos, ch.im.panzés, bonobos e gorilas parte dos direitos básicos dos seres hum.anos, como os direitos à vida, à liberdade e a não ser torturados" ("El Pais", 25-6-200 8). Assim, cada vez mais vão sendo reco nhec idos "direitos hum a nos" aos animai s. Ao me mo te mpo, cada vez me nos vai-se reconh ece nd o que o homem tem alma. Ning ué m defende, é claro, que os anima is elevam ser a rbitra ri ame nte torturados, mutilados, etc. M as isso não decorre de um di reito que e les tenham, e sim de que fora m c ri ados por Deus para sere m utili zados pe los ho m e ns retamente, não de modo irracional. O fato de os animais não terem alm a esp iritual co loca-os numa pos ição de necessária submissão ao ho me m. Nes ta época de co nfu são, é sempre bom esc la recer o ó bvio . E fa lando e m c lareza, nada me1hor cio que S a nto To m ás d e Aquino . Ei o que diz o Doutor Angélico:

"Na hierarquia dos seres, os menos perfeitos existem para os mais pe,j'eitos [. .. ]. Assim, os seres que têm apenas vida, como os vegetais, são, no conjunto, destinados a servir aos animais, e os animais existem. para o homem.. Por conseguinte, se o homem. se serve dos vegetais para uso dos animais, e dos animais para o seu próprio uso, não é ilícito, como já o demonstrou Aristóteles [. .. ]. "Se a ordenação divina conserva a vida dos animais e das plantas, não é por ela mesma, mas para o homem. Assim Santo Agostinho pôde escrever: 'Por justíssima disposição do Criador, a vida e a morte desses seres estão a nosso serviço' "(Suma Teológica IIª-Ilre, q. 64, a. l , c. e ad l ). E se qui sere m a palavra diretamente divina, aqui está e la: "En1ão Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e

semelhança. Que ele reine sobre os peixes do meu; sobre as aves dos céus, sobre os anim.ais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra " (Gn 1,26). • E-mai l do autor: grcgorio @catol icis111o.co111.br

MAl02009 -


A maioria respondeu decididamente têl a estra nh ado ini c i alm ente, vindo a apreci á- la apenas paulatinamente. "To-

meio sem rumo, complicado de de.finú: Enigmático, às vezes evocando sumo de laranja, outras vezes açúcar queimado".

dos a tomam, ela é servida em. toda parte, passei assim afazer corno todo rnundo. Olha, o fa to é que tornamos; se é gostosa, é preciso pensar ". As respostas

Perguntei- me se haveri a um a evolução no sabor, cuj a atração está prim ordial mente em não anali sá- lo, pois é difícil " pegar" um ponto prec iso em evo lução. Prefere-se não pensar - dei xaram entender. A percepção do gás e do açúcar são as sensações primordiai s: o açúcar é acomoda nte, e a forte gaseificação excita o ânimo. Essa diversidade de percepções os anima, domina as sensações, e o pensamento se di stancia. Quanto aos sabores subjacentes ... um excesso de aná1ise traz a perda ci o gosto.

foram sem entusiasmo, própri as a quem não go ta de pensar no ass unto. Um grupo me disse não tolerar as imitações. ó Lomam o que chamam CocaCola original. Recusam a Coca-Cola light e a Coca- ola Zero. O sabor da Coca-Cola original muit preciso, o que os leva a rej eitar imitações. Estas são consideradas intoleráv is, poi: a Coca-Cola original é única. Seu gosto não evoca nenhum outro. EntretanLo, cli ver. os sabores podem serrelac ion ados com a Coca-Cola . Poucos acham que, no referente ao pa ladar, ela lembra o caramelo ou o adoçante artifi cial. É de clirfeil defin ição, dizem. Dou-lhe razão: a oca- ola tem como sabor mais característico um I onto preciso, sendo toda vari ação I r bid a. Mas esse ponto é indefi nível.

" Por vezes 1101anws um. sabor de limão ou de baunilha. Ta lvez de canela. Limão, baunillw e canela químicos, bem entendido. Nüo sentimos nelafrescor de sabores, qu , s , deslocam parcialmente,

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Há no Brasil , nas últimas décadas, uma valorização do vinho, e até mesmo c.lubes de degustação qu e se reúnem ora em iates de luxo, ora em caçadas ou hotéis suntuosos. Aprofundou-se muito o conhecimento do vinho em nosso País, o que fala em fa vor da elevação de nossa cultura. Causa-me pas mo, entretanto, a indi fe rença co m que especialistas em vinhos bebericam Coca-Cola fora das reuni ões de clube. Di ante da Coca-Cola, sua crítica cessa.

A preferência pela Coca-Cola quebrou um padrão cultural de degustação. À mesa ou no sa lão, é prax e anunciar que o vinho servid o é francês, ou do Reno, cio Rio Grande do Sul ou chileno. Quanto à cerveja, interessa saber se ela é im portada, se sua origem é alemã ou belga, se é clara o u escura; sendo nac ional, o anúncio é de menor ri gor. A cor de uma bebida é sempre uma atração, senão indi spensável introdução cromáti ca à sua degustação: o rubi de um vinho prenuncia parti culares clelectações; os refl exos esverdeados do champanhe falam de sua vinifi cação; os mati zes dourados ela cerveja clara, o cristalino ou o âmbar de uma aguardente sugerem qualidade ou sua idade. Entretanto, o marrom turvo da Coca-Cola não traz à imaginação sugestões de uma qualidade apu rada. De acordo com a apreciação de Plinio Corrêa de Oliveira, a cor do chopp "é

muito bonita, não há dúvida; mas se ela fo sse carregada de um dourado mais cons istente ... Falta-lhe um pouco de ouro. De outro lado, o chopp é uma linda morada para a luz. A que entra nele e permanece é mais bela do que a que existe dentro da água. Não é dizer pouco, porque a água, sob certo ponto de vista,

Ao contrário do vinho e do chopp, a Coca-Cola é difícil de ser definida, tanto pela cor como pelo sabor

! NELSON RI BEIRO FRAGELLI

A

minha curi os idade tornou-se mais intensa quando, convidado recentemente por um velho amigo, almoçava num a churrascari a ele Campos (RJ ), e vi entrar un s 10 jovens, moços e

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CATOLICISMO

moças entre 15 e 18 anos. Ocuparam uma mesa, fizeram rapidamente seus pedidos, e também rapidamente o garçom trouxe como bebida a quase todos , para minha surpresa, apenas Coca-Cola. Ed ucados, conversaram tranqüilamente e se foram, tendo comido muito pouco. Qu al a razão dessa preferência prati-

ca mente uniform e da juventude atual pela Coca-Cola? Como passaram a gostar dela ? No que res ide sua atração? Pessoa lmente indaguei a vários joven s, ele diferentes países, a res peito de sua predileção pela Coca-Cola. Uma minoria disse ter tomado gosto por ela desde que a provara m pela primeira vez.

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seria a morada ideal da luz. M as o chopp pode tornar-se uma morada mais bela" (Cfr. A inocência primeva e a contemplação sacra/ do universo, edi ção do Instituto Plinio Co rrêa de Oliveira, Artpress, S. Paulo, 2008, p. 302). *

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Pode-se dizer da Coca-Cola o que a soc ióloga norte-a me ricana M ary Gay Humphreys afirmou da água gaseifi cada (soda), antecessora da Coca-Cola em popularidade. E la é portadora de um cunho democrático, pois tanto o núlionário com seu champanhe, como o burguês com sua

cerveja, ou o operário com sua aguardente, todos tom a m Coca -Co la (To m Standage, Sechs Getrêinke, die die Welt bewegten, Patm os Verl ag, Dü sseld orf/ Zürich, 2006 p. 219). Entre os jovens inquiridos, um havia tomado tanta Coca-Cola que perdera o esmalte dos de ntes: foi qua ndo ficou sabe nd o qu e e l a se rv e ta mb é m co mo desentupidora de canos ... "Deve-se evitar bebê-la com o estômago vazio", di sse-me. "Alguns a tomam em pequenas quantidades, para não enjoar ", afi rmou outro. Ambos estão de acordo em que ela pode levar ao vício, "como o cigarro". Talvez por essa razão, junto às no vas

gerações a Coca-Cola vem sendo substituída pe las novas bebidas energéticas. Antes dos exa mes universitári os, na ho ra de estud ar arduamente, todos prefere m café o u chá. À minha pergunta se eles assoc iam a Coca -Cola prefere ncialm e nte ao sexo masc ulin o, foram taxativos e m caracteri zá-la como afim com ambos os sexos, sem pe nder para a psicologia fe minina o u masc ulina, embora nos jantares ele certa formalidade as moças hes ite m em pedir Coca-Cola. A minoria acha a garrafa muito atraente, a tampinha e aque las letras vagame nte góti cas dão confi ança, parecem sorrir para o freguês. A Coca -Cola fo i criada e m 1886 e m Atlanta, Geórgia (EUA), pelo fa rmacêutico John Pe mberton. E le procurava um e li xir que c urasse dor de estô mago, males cio fígado e doenças da pele. As ciências químicas acabavam de conhecer melhor os efeitos " milagrosos" da folha de coca, chamada pelos in cas de "planta di vina": ela acelerava as fun ções mu sculares e cerebra is. Ao mesmo te mpo eram mais bem co nhecidas as virtudes estimul antes da co la, uma noz encontrada na África Ocidental - no Senegal e em Angola. E m 1886 o " Atlanta Journ al" assim anunciava as virtudes da CocaCola: "Deliciosa! Refrescante! Estimulante! F ortif 1cante ! ". Nessa 1 época surgiu o logotipo ela bebida: os dois CC faz iam bo m efeito publicitário. A venda aumentava di a a di a e o negóc io andava be m, qu ando John Perbento m morreu. De câncer no estô mago ...

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Antes da Segunda Guerra Mundi al, a venda de Coca-Cola j á atingia todos os estados norte-ameri canos. Seu sucesso era tão grande, q ue o novo e li xir identifico u-se com o espírito no rte-a mericano. Quando, e m razão do conflito mundi al, o açúcar fo i racionado no país, as autoridades decretaram que as fá bricas de Coca-Cola não sofreria m ne nhum corte, pois e la se incluía e ntre os produtos vi tais da guerra. Era envi ada aos CATOLICISMO

qualquer mo me nto, e os marxistas itali anos diziam que as cri anças, bebendo-a, fi cavam de cabe los brancos ... Despeito co munista: eles, que sempre depositaram na propaganda e no dinhe iro sua esperança de conquista da opinião, não fo ram capazes de criar sím bo los co nvince ntes, propagadores el e suas concepções.

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soldados ameri ca nos lu tando na Europa, a fi m ele fa zê- los sentir- se em casa (fotos acima) . Setores do exército co nsid eravam a e ntrega de Coca-Cola tão importante qua nto a ass istência mecâ ni ca ele manutenção de a vi ões e carros de combate . Entre as fil e iras ele so ld ados, o pessoa l ela Coca-Cola gozava do status espec ial el e obse rvadores téc nicos. E ra m co nh ec idos co mo co ronéis coca-cola. A palavra secreta para os batalhões que atravessaram o Reno, oc upando o território inimi go, e ra "Coca-Cola" . Distribu ída regularme nte para os marinhe iro s, e la fo i ass im levada não só à Europa, mas também às reg iões mais dista ntes , como a Polinés ia e a Zululândi a. Tendo lutado contra o nazifa cismo na guerra, e se oposto ao comuni smo sovi ético no pós-guerra, os Esta los Unidos eram vistos como os paladinos "do capitalismo, da democracia e da liberdade". E um dos seus símbolos ra a Coca-Cola. Sta lin a pro ibi a na U nião Sov iética; os co muni stas francese di ziam rej eitar a "coca -colonização" no rt -ame rica na, pro po nd o sua proibi ção lega l, pois "ela envenenava a populaçl7o ". O jornal "Le M onde", de Pari s, achava que a Coca-Cola "punha em j ogo a constituição ,noral da França". Os comunistas austríacos denunciava m a fábri cas ele Coca-Cola como capaze ele produzir bombas atô micas a

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Um cios j ovens, diante ele tantas perguntas, me di sse: "A Coca-Cola é mesmo envolta em enigmas. Aliada do capitalismo, ela é entretanto a bebida das massas; símbolo da liberdade, ela é hoj e para os jovens (e não só eles, diria eu) um. refrigerante compulsório; se comparada ao vinho ou à cerveja, ela nos deixa na indefinição e na f alta de rumos" . Fez uma pausa, e continuou: "Mais ou menos como a vida que muitos levam". Foi então que ele me narrou o diálogo entre um jovem e um garçom, presenciado num restaurante de São Paulo: - E para beber? Um refri gera nte, uma cerveja? - Não. Nada. Uma Coca -Cola, ta lvez. • E-mai l do autor: nelsonfra1a:e lli @catolicis1110. co111.br

MAIO2009 -


vaclo ca rgo no govern o, renunc iou a tudo quando fo i convertido por seu pare nte Santo Hono rato, a quem seguiu no mosteiro ele Lérin s. Sucedeu-o depoi s no bi spado ele Arles.

causa ele sua peq uena estatura, tornou-se cé lebre por sua doutrin a e obras. De fendeu o Papado no Concílio ele Basilé ia e a sã doutrina católica no de Flore nça, contra os autores cio c isma grego.

6 São .loão Apóstolo, na Porta l ,atina

t São ,losé, l~sposo da Santíssima Virgem. De estirpe rea l e operário Primeira sexta-feira do mês

2 Samo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Alexandria (Egito), 373. Grande defensor da fé contra a heresia ari ana. Exilado cinco vezes por imperadores favoráveis aos heresiarcas, suportou toda sorte de cal úni as de seus inimigos.

Primeiro sábado do mês

3 Santos Felipe e Tiago Menor, Apóstolos + Século I. São Felipe deixou a casa, mulher e filh o em Betsaida para segu ir Nosso Senhor, sendo martiri zado e m Hierápoli s, na Frígia (Ásia Menor). São Tiago Menor, primo de Nos o Senhor, foi o primeiro Bispo de Jerusalém, onde sofreu o martírio. É autor de uma ad mi rável epístola.

4 São Roberto l ,awrcnce, Abade, Már'Lir

+ Sécu lo l. O impe rador Domi c iano o fez lançar, aos 90 anos, e m uma ca ldeira ele aze ite fe rve nte junto à Porta Latina. Dela , o Apóstolo v irgem sa iu rej uve nescido. Fo i e ntão desterrado para a iIha ele Palmos, sendo o único Apóstolo que não morreu mártir.

11 São

f◄'ra ncisco

ele Girolamo, Con fessor

+ Nápo les, 1716. Pregador popular,jesuíta, passou a vicia evangelizando o sul ela Itáli a, onde seus sermões atraíam multidões. "Mostmu maravilhosa caridade e paciência em procurar a salvação das almas" (cio Martirológio Romano).

mento, tornou-se confessor da rainha e "cônego da catedral. Tentado em vão (p elo rei Wenceslau) a lrair o sigilo corfessional,foi lançado ao Rio Moldávia, rn.erecendo assirn a palma do rnartírio" (cio Martirológio Romano) .

17 Siio Pascoal Bailão, Con fessor + Valên ·i a, 1592. Irmão leigo fra ncisca no, de pureza angélica, passava horas diante do Santíssimo a ramcnto. Recebeu aí a profunda iência com que refutava her ·g ·s e explicava sabiamente os mi stérios ele nossa fé.

7

12

IH

São João ele Bcverly, Bispo + Inglate rra, 72 1. Monge bene-

São Domingos ele la Calwda , Conressor

São ,loiio 1, Pnpa e MárLir

ditino e depo is bi spo de York, onde sucedeu a São Bosa. Notável por sua contemp lação contínu a, sa ntid ade ele vicia e dom de mil ag res, teve sua biografia escrita por São Beda , o Venerável, a quem o rde nara sacerdote.

+ Espa nha, 1109. Este eremita

a São Pcdrn de Tarantésia, Bispo e Confessor

teve a singular vocação de tornar menos rude o caminho dos inúmeros peregrinos que iam a Compostela, construindo para e les um a estrada (calzada) , uma ponte e uma hospedari a.

1~J

19

Pr·imeira aparição de Nossa Senhora cm FáLima , cm 1917

Sa ntos Puclê11cio, MárLir, e Puclcnciarw, Virgem

+ França, l 174. Entrou para o mosteiro cisterciense ele Bonnevaux. Nomeado arcebi spo ele Ta rantés ia, reformou a disciplina ec les iástica, substituiu um c lero corrupto ele sua catedra l por cônegos regulares e desapareceu, para ser irmão le igo em um convento na Suíça. Enco ntrado, teve q ue reass umir suas funções.

+ Ravena (l1 ália), 526. "Aprisionado por Teodorico, rei ariano da Itália, por cc111sa de sua fé católica, foi lo11ga111ente afligido na prisão até 11101-re,: Seu corpo fo i levado a Ro111a e enterrado na basílica de 'cio Pedm" (do Marti ro lógio Romano).

+ Roma, séc. II. Pudênc io era

14 São MaLias, Apóstolo e M{11'Lir· + Século l. Um cios 72 Di scípulos ele Cri. to, fo i ele ito à sorte para substitui r o infa me tra idor Judas l scariotes no Colégio Apostó li co (ante a 24 ele fevereiro) .

um senador roma no batizado pe los Apósto los e martiri zado por sua fé , sorte que coube també m a uma ele suas filh as, Santa Praxedes. A outra filh a, Pudenc iana, após te r reve re ntemente sepultado muitos márti res e d istribuído sua fort un a entre os pobres, fal eceu santamente aos 16 anos ele idade.

15

+ Tyburn (Ing laterra), 15 35.

9

Santo Isaías ele Rostov, Confessor

Abade da cartuxa de Beauvale, em Nottinghams hire. Tendo recusado o Ato de Supremacia, pe lo qual o rei herético Henri que VIII se nomeava cabeça da Igreja na Inglaterra, fo i barbaramente torturado e enfo rcado.

Gália antiga. Por suas palavras, exemplo e santidade ele vicia, converteu inúmeros pagãos.

cio mosteiro ele São Demétrio, em Kiev. Por fim , bispo de Rostov. Trabalhou para converter os pagãos.

5

10

16

Santo llilário de Arles, Bispo

São João Ncpom uceno, Mártir

+ França, 449. De fa mília pagã,

Santo Antonino ele Florença, Bispo e Confessor + F lorença, 1459. Antonio, co-

+ Praga, 1393. Consagrado a

da alta nobreza, exercendo ele-

nhec id o pelo d iminu tivo por

Deus pelo · pai s desde o nasci-

São Beato ele Vendômc, Confessor + França, séc. m.M issionári o na

+ Rússia, 1090. Mo nge, abade

20 São BCl'lléll'tl ino de Siena , Confessor + l444. "Astro luminoso para toda a llâlia por sua doutrina e santidade " (do Martirológio), d ifundiu a d 'Voção ao Santo Nome de .l 's us, co nve rte nd o muitas a lm as , apl acando discórdi as c ivis • sendo um prec ursor elas reform as adotadas mai s tarde pe los concílios ele Latrão e Tr 111 0.

21 Sa nlo Andr6 Bobola , Mártir + Polônia, 1657. Oriundo de urna elas mais antigas fam íli as da Polônia, entrou para a Companhia de Jesus, dedi cando-se à pregação na Lituânia, e depois na Po1.ô nia. Foi martirizado por cossacos russos cismáticos com tais requintes ele maldade, que a Sagrada Congregação dos Ritos afirma ter sido o martírio mais cruel já apresentado àque la Sagrada Congregação.

22 Sa 11ta Rita de Cássia + .Itá li a, 1457. Du ra nte 18 anos suportou as asperezas e infidelidades ele um mari do ele caráte r bruta l, a que m co nverte u com sua paciência e espírito sobre natural. Tendo e le sido assassinado, pediu a Deu s a morte dos filhos, que queri am vinga r a cio pai . Após a morte cio marido e dos fil hos, entrou para o conve nto elas agostini anas, onde recebeu na fro nte um cios es pinhos ela coroa cio Salvador. Operou ta ntos milag res, que passou a ser conhec ida corno a "advogada das causas perdidas" e "santa dos impossíveis".

23 São Desiclério, Bispo e Mártir + Fran.ça, 607. Por reforçar a di sc iplina ecles iástica (que estava relaxada) , combater a simonia (ve nda ele bens ec les iást icos) e denunciar a conduta imoral ela rainha B runi Ida, esta o ac usou de pa ga ni s mo ao Papa. Exonerado e banido, retornou quatro anos depois, sendo assassin ado por ordem cio re i Teodorico, a quem ta mbém tinha publi ca mente censurado.

24

ASC l~NSÃO m: NOSSO St::NJJOR ,JJ,:sus CRISTO

25 São Beda, o Venerável, Confessor e Doutor da Jgreja + Wearmouth-Jarrow (Inglaterra), 735. Um cios homens mais

sábios ele seu tempo, é considerado o Pai da história inglesa.

26 São Felipe Néri , Confessor (Vicie p. 40)

27 Santo AgosLin l10 de Cantuá ri a, Bispo e Confessor + 605. Enviado pelo Papa São Gregó ri o Mag no, e vangelizo u a In g laterra, sendo considerado o apóstolo daquela nação.

28 São Ben1arclo ele Montjoux. Con fessor + Aosta, l08 l. Vi gário Geral da di ocese de Aosta, durante mais ele 40 anos trabalhou como mi ssionári o na região dos Alpes. F undou duas hospedarias nos passos chamados Pequeno e Grande São Bernardo, o nde estabelece u um mosteiro ele mo nges agostini anos que se dedicaram a socorrer, com seus grandes cães, viajantes extraviados na neve.

Intenções para a Santa Missa em maio Se rá ce lebrada pe lo Revmo. Padre David Francisqu ini , nos segu intes intenções: • Em comemoração do 92° aniversário da l O o parição de Nossa Sen hora de Fátima aos três pastorinhos, no dia 13 de maio de 19 17. Ped indo pelo triunfo do Imacu lado Coração de Maria em todo o mundo, e para todos os leitores de Catolicismo um incremento ainda mai or na devoção à Santíssima Virgem.

29 São Cirilo ele Cesaréia, Mártir + Ási a Me nor, 251. Me nino a inda, abraçou o Cristianismo se m o conh eci mento do pai. Este o expulsou ele casa e o denunc iou. Como se nego u a renunciar à verdadeira fé, fo i decapitado.

30 São Fcmanclo Ili de Caslcla, Co111'essor + Sevilha, 1252. Primo-irmão de São Luís IX de França, expul sou os mouros ele Ubeda , Córd oba, Cácl iz e Sevilha. Sábio govern ante e excele nte administrador, fundou a Universid ade de Sa lamanca, reconstruiu a catedra l de Burgos e converteu a mesquita de Sevilha em catedra l.

31 DOMINGO Dl•: PEN'l'l•:COSTl•:S

Intenções para a Santa Missa em junho • Sup li cando ao Sa grado Coração de Jesus - principa l celebração de junho - que cumu le de graças mu ito especiais a todos nossos leitores e suas respectivas fam íli as. • Em repara ção ao Sagrado Coração pe las blasfêmias que ultima mente se têm perpetrado contro Ele.


"As ovelhas também mordem"

que não basta apenas registrar nossas queixas, há necessidade ele reparação, no mínimo de pedido ele desculpas aos católicos ~fendidos" (A ntonio de Paiva

AMERICA NEEDS FATIMA T"' ttome

Ü diário parisiense "Le Monde" estampou caricatura bJasfcma

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Filho, São Paulo, SP).

e ultrajante de Nosso Senhor e do Papa. Dezenas de milhares de católicos se indignaram e enviaram protestos àquele jornal.

■ "Um

ag radecimen.to enorme aos católicos americanos por nos terem mostrado uma vez mais o bom e justo uso que se pode fa zer da Internet no nosso combate comum. Uma im.ensa gratidão a eles por terem desembarcado no sistema despótico do " Le Monde", como desembarcaram uma vez na Normandia, para nos livrar de outra tirania " (B log

Rosary Rallies Great Success: "God Will Not Refuse Our ' Petitions ... •

Who We Are

FAQ 6rin9 Mary lnto Yo ur Home

AntHJlashphemy Cen trei

Ottobolr20, 200I

About Our Lttd y Whar WeOo

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At \111 c rs1:ct ion -. lo wn h t1lls, ci ty llilrks ;,ind 0 1her 1>ohlk pl;i,ces, they ca111e ln Lhe t ens oi lhous11 11ds M Ctith<>llcs gath c r ed t o PM Y Publi<: Squ ar e

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n FRANcisco JosÉ SA1DL

De omlc ,,artiu o "tsunami"

racão, um verdadeiro tsunami de protestos. Entretanto, não lhes ocorreu pedir desculpas pela cari catura blasfema!

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A11•II I/, ANI

.....

XIII tem ido comprovada pelos fatos, pois é grande a pusilanimidade de mui to entre os bons. Conseqüentemente a audác ia dos maus vai se alastrando por toda parte, com onda crescente de blasfêmias e zombarias da Religião cató li ca, esperando não encontrar obstáculos. Entretanto esquecem que Nosso Senhor Jesus Cristo não é apenas o "Cordeiro de Deus", mas também o "Leão de Judá" . Tendo presente que "Christianus alter Christus" (o cristão enquanto tal é um outro Cristo), devemos eguir as pegadas do Divino Mestre. *

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*

"Le Monde", o diário parisiense de maior circul ação na França, recebeu de católi cos de todo o mundo, espec ialmente americanos, a maior ava lanche de protestos já conhecida. Foi uma resposta à caricatura blasfema (indi cada no ova l aba ixo, à direita) publicada por aquele jornal no dia 19 de março último, a qual apresentava Nosso Senhor distribuindo preservativos a uma multidão. De modo blasfemató ri o, a legenda dizia: "Após a

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La joumée du 19 mars manifeste un climat de tension sociale croissante • •

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ca necessita d ' F:ítima) e de seu setor estudantil S111de111,1· i11 Aclion (Estudantes em Ação), cont,1·tnra todos os seus membros, colaborado, ·s • simpatizantes para que enviassem s u 1 , >I ·sto a "Le Monde". A campanha foi ·oi< ·11d11 sob a proteção de São José, cLüa festa ·r:i · •I ·brada no dia da publicação blasfema. Não ,. u prim ' ira vez que a entidade exerc ·ss · tipo de ação . Qua ndo da publicação tio livm O Código da Vin ci, promov u int •nsa 'llmpanha, cuj a eficác ia fo i I mhnrd n p ·lo di ário fra ncês. Foi o 11111ior número de protestos receb idos ai ,. hoj · por " Le Monde", provenient s d · todo o mun do, mas o número mais si inil'i 'lllivo fo i enviado dos Estados Unidos. N ·m a caricatura de Pio XII fazendo smrtl:ic,;ao nazista provocara tamanho impa ·to . " Le Mond " di :,, qu ' o /s unami de protestos chegava i\s · ·nt enas, mi lh ares, alcança ndo 500 e-111ails por hora, quase bloq ueando seu servidor, obri gan do seus fun cionários a recl ire ·ion é11' as corres pon dên ias para ev itar o ·ohpso. Comenta um de seus articulistas : "Eles demonstraram que ovelhas também mordem" ... s protestos constituíram manifestaçfo ti · pi edade católica, com du ras pa lavras 111 •ncionando as sérias ·o nseqí.iências pn rn as almas dos re ponsáveis pe la nefa nd o caricatura.

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E-mail para o autor: fra nciscosaidl@catolicjsmo com br

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multiplicação dos pães, seguiu-se a multiplicação dos preservativos".

Dita caricatura ultrajava também o Papa Bento XVI, apresentando-o como um idoso decrépito, dizendo " N 'importe quoi" (o sentido da expressão francesa é: "vale tudo", ou seja, tal distribuição poderia ser feita a todos, sem restri ções). Na ed ição de 27 de março desse diári o, em co mentário intitulado Sacrilégio, uma jornalista afirma que houve um/u-

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"A covardia dos bons fom.enta a audácia dos ,naus". Esta máxima de Leão

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A TFP noite-americana, através de sua campanha America Needs Fatirna (A Amé,i-

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■ " C'lo m que, como cal6lico, nc7o posso cort11r m h<'cas, mas lambém não posso

negar o meu desej o ele rasgar o jornal ern pedaços" (D. Reuben , via e-ma il ). ■ " Você (diretor do "Le Monde") nüo teria f eito isso contra os princípios éticos mu çulman os. Vocês escolheram alvos le ves, po rqu e sã o c ovardes" (Steve

Ki Ilelea, Sarasota, Flórida). ■ " Eu

reza pela a alma da França, que deu o rei São Luís para o mundo " (Pré-

mi D ug, Saint Louis, Missouri). ■ " Você

alrairá a ira de Deus[ ... ]. Vocês nc7o percebem que atrairc7o a ira ele Deus sobre o mundo ?" (Rita Reber, Flórida) . ■ "Acho que o 'Le Monde ' se tornou uma criança leimosa que insul!a os valores de nossos anlepassados " (Paul Miller,

Comentário do diretor da TFP americana, Robert E. Ritchie , sobre a campanha de protestos:

Tennesse ). ■ "A

Fran ça ainda não se recuperou da ignornínia e irtfâmia da Re volução Fran cesa " (Frank L. Sharkozy, Wisconsin). ■ " Urn dia você vai erifi·entar um futuro ele ete rna escuridão. Que Deus tenha piedade de sua alma" (Deacon Ken Finn,

Sa n Di ego, ali fórnia). ■ "Senhor direlor de " Le Monde", se você é democrático, regislre em seu.jornal a minha queixa, que é I queixa de minhafamília e ele incontá veis católicos do mundo inleiro. Consla que De Gaulle teria dito de meu. País: " Le Brésil n 'est pas um pays sérieux". Com essa caricatura blasfema que vocês publicaram contra a honra ele Nosso Senh0t; por/anlo con/ra nossa honra, nc7o resta dúvidas: "Le Monde n. 'esl pas um journal sérieux". Senhor direto,; acho que sua chocan te e indign.anle publicação é ião grave,

"Com essa campanha, graças a DeusJoram tocadas co rdas sensíveis dos corações católicos, quer no ârnbito nacional como internacional. Por isso, milhares ele pessoas responderam imecliatam.ente ao nosso pedido de mobilização, enviando suas próprias mensagens de protesto a 'Le Monde '. Mas, cumu 'as ovelhas podem morder ', doravante pensarão duas vezes antes de atacar Nosso Senhor e o Papa, em termos sacrílegos". Ao m es mo tempo, rezam os para que suas consciências conlurbadas e a conside ração dajus1iça de Deus possam impedi-los de repetir outras blasfêmias".

MAl02009 -


A coroa Jóia adequada ao imperador arquetípico Ili PUN JO CORRÊA DE ÜUVEIRA

Na

ilustração maio, vemos a coma de Ca,Jos Magno (742 - 814), o imperador cristão arquetípico. Na placa fro ntal, destacam-se as incrustações de pedras preciosas em cabochon, que é a pedra natural , polida, mas sem lapidação. As pedras inscrustadas na coroa são desiguais e enormes; as placas de metal formam como que um quadro cada uma. Sobressai o elo possante de um arco, que encima a preciosa jóia. No ponto mais alto da pl aca fro ntal, uma cruz, significa ndo que o princípio de unidade de tudo é o instrumento de suplício e de glória d' Aquele que é único - a Crux Domini Nostri Jesu Christi (a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo), aos pés da qual chorou Maria Santíss ima.

Vendo a coroa de Carlos Magno, pode-se tentar ra,,, •r 11 recomposição da fis io nomia para a qual o artista id a li ;,,ou essa jóia, porque não se concebe essa coroa para um roslo banal. Que m a usa, ou possui a fis ionomi a de um urlos Mag no ou ela fica desproporcional. Não sei como s · s •111 iria um filho dele sob tal coroa. É uma jóia qu d su fi u a fro nte sobre a qual ela pousa. Podemos conjeturar o grande imperador ·o roado, sua fi sionomia radiante, seu rosto ostentando a barba brn n ·a ' , segundo a legenda, florida. Há um quadro (acima à csq.) do pintor alemão Albe1t Dürer (1471 - 1528), que b ·m r •pr ' N •n ta essa idé ia e a grande personalidade de arlos Ma •no. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 26 de outubro de 1980. Sem revisão do autor.



-

n PuN10

Devoção ao Coração de Maria

leva à plenitude o culto ao Sagrado Coração de Jesus Emrecordação de duas grandes celebrações deste mês - festa do Sagrado Coração de Jesus (dia 19) e do Imaculado Coração de Maria (neste ano, no dia 20) -, transcrevemos trecho de um artigo publicado em Catolicismo, junho/1953 "Em Fátima se incul ca também , com ex press iva insistência, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que tem sido posta na penumbra por certa tendência de espiritualidade muito em voga em nossos dias. O culto ao Sagrado Coração de Jesus fo i considerado por todos os teólogos um a elas mai s prec iosas graças co m que a Santa Jgreja tem sido confo rtada nos últimos sécul os. Destinava-se el a a reanim ar nos ho mens o amor de Deus, entorpec ido pelo naturali smo ela Renascença e pelos erros dos protestantes, j anseni stas, deístas e racionali stas . N o século XIX, foi por meio desta devoção que o Apostolado da Oração produziu um admirável refloresc imento de vicia religiosa em todo o mundo. Como crescem dia-a-di t os males ele que o Sagrado Coração de Jesus nos eleve preservar, é ev idente que quotidi anamente se acentu a a atualidade desta incomparáv el devoção. Contudo, é preciso acrescentar que, na agravação cios males contemporâneos, a Providênci a como que desej ou sup rar a si própria, apontando aos homens como alvo de sua piedad o 'oração de Maria. D e certo modo, ass im requinta e leva à sua pi ·11i tude o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Os estudos e a devoção cordim ari ana não são novos. Purl'l' · 110s, entretanto, que a simples leiturl! das mensagens d ' F11ti11111 dl'llHH lS tra com quanta insistência Nossa Senhora os qu ·r pum 11ossos di11s, A missão que Ela confiou à Irmã Lúcia f'oi ·sp · ·iulllll'lll l' 11 dl' li ·1 11· na Terra para atrair os homens ao oração lma ·ulndo dt· Mnii11 , Várias vezes esta devoção é recomendada lurant ' us viso •s , 11st • 'oraç. o Santíssimo se apresenta mes mo, na s · •unda upnriç, o, ·ornado de espinhos pelos nossos pecacl s, a p ·d ir u ora ·üo r ·paradora dos homens. Parece-nos que este ponto ·omo qu ' ·onip ·ndia cm si todos os tesouros da. mensagens de Pátinw" . •

ATOLICIS MO

UMÁRI

CoRRÊA DE Ouvc1 RA

llunho de 2009

Nº 702

2

Exc1mTos

4

CA1nA oo D11mToR

5

PAGINA MARIANA

7

LmTu1~A EsP1RnuA1. Por que estudar a Religião?- V

8

Comu:sPONDf:NCIA

Na. Sra. Imperatriz da China

10 A

PAl,AVl~i\ 1)0 SACEIU>O'l'E

12 A

REALIDADE CoNCISAMENTE

14

INTERNAc10NA1,

Obama e sua política para a América Latina

16 D1,:sTAQur-: Gripe suína, histeria e manipulação

19 EN·m1<:v1s·1'A O exemplo de Nuno Álvares na atualidade

22 CANONtzAçAo Cinco novos santos 24

INl<'OltMATIVO RUl~AI,

26 CAPA Obedecer antes a Deus que aos homens

36 VmAs m-: SANTOS São Paulino de Nola 39 SOS FAMíUA D. Cardoso é premiado por sua luta anti-aborto 42 D1scERN1Noo Mãe que, felizmente, não conseguiu abortar 44 V AIUEDADES Os sinos não podem emudecer

46

SANTOS

r-: F..:s·1As oo M1~;s

48 AçAo CoNTJM-R..:vo1.uc10NÁR1A 52

AMBIIWl'ES,

CosTuM1~s, C1v11.1:t.Açfn:s

Os vendilhões, que conspurcaram o Templo, expulsos por Nosso Senhor Nossa Capa: Ao fundo , a cúpula da basílica de São Pedro, em Roma

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São Paulino de Nola

JUNHO2009 -


Nossa Senhora de Dong-Lu, Imperatriz da China

Caro leitor,

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na ORT/OF sob o nº 3116 Administração:

Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:

Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331-6851 Correspondência:

Caixa Postal 1422 CEP 01064-970 São Paulo - SP Impressão:

Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo @terra.com.br Home Page: www.catolicismo .com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Junho de 2009:

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

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106,00 150,00 280,00 460,00 10,00

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

"Deve-se obedecer antes a Deus que aos homens" (At 5, 29). Nunca este preceito de São Pedro foi tão cogente como em nossos dias. Por fidelidade a ele, coortes de mártires desafiaram os imperadores romanos, juncando com o próprio sangue a areia do Coliseu, nos primeiros séculos da lgrej'1. "Semente de cristãos" - no dizer de Tertuliano - , esse sangue derramado deu forças a incontáveis outros heróis da fé, nas diversas plagas gentílicas atingidas pelo zelo mi ssionário, e irri g u generosamente o solo europeu, onde mais tarde haveria de germinar a civilização cristã. Mas o homem foi se distanciando da influência cristã da Idade M dia poca cm que a "filosofia do Evangelho governava os Estados ", como a denominou L ão XIIl _ para ir gradualmente aceitando as promessas falaciosas dos "sécul?s da luz", a partir do Humanismo e da Renascença. Embora se jactasse de vangua.rdell'O, na v_ rdade retrocedia mil anos, pois ressuscitava das cinzas e das tTevas o velho pa an1smo, numa atitude que representava um verdadeiro arqueologismo cultural. Nesse processo, que de fato representava um retrocesso, chegamo ao sé ui XXI. De acordo com a promessa iluminista e revolucion ária, um a hum an idad e antropocêntrica, "esclarecida" e tolerante, livre das nonnas da Lei de D us, da hierarquia e da autoridade, deveria encontrar a felicidade, gozando de igualdade abso luta e liberdade completa. Ledo engano! O que poderia resultar de uma humanidade assim c nstituída, S ' não uma nova imersão nos erros do neopaganismo? Há apenas duas granel s dil' ·rcnças: de um lado,já não se trata mais de imperadores pagãos, e sim de pres id nt s, ·Amaras legislativas e tribunais; e de outro, o mundo ocidental está se transl'orm.indo numa imensa arena, onde a propalada igualdade entre os homens está s nd aro fl la, por meio da privação da liberdade de todos aqueles que, por razão de cons ·i n ·ia, ousem rejeitar os ditames antinaturais de corifeus desse processo revolucionário anti -rist~o. Nessas condições, coloca-se para os católicos de hoje o m smo pr bl n 1a rucial com o qual se defrontaram outrora nossos irmãos que no preced ram om o sinal d_a fé: face a costumes imorais e leis iníquas, que impõem a prática do ma l u a um phcidade com ele, é lícito ceder para não perder as vantagens da própria posiçt ? u é obrigatório resistir, ainda que arcando com as pesadas conseqiiências nc. ta Terra, sabendo que a recompensa será eterna? Resumindo os ensinamentos bimilenares da Igreja sobre o assunto, responde João XXIII na Encíclica Pacem in Terris: "A autoridade é exigência da ordem moral e promana de Deus. Por isso, se os governantes legislarem ou prescreverem algo contra essa ordem, e portanto contra a vontade de Deus, essas leis e essas prescrições não podem obrigar a consciência dos cidadãos. [. .. ] Neste caso, a própria autoridade deixa de existir, degenerando em

abuso de poder". Faço votos de que nossos caros leitores se beneficiem largamente com a leitura do substancioso aitigo de nosso colaborador José Antonio Ureta sobre este importante e vital assunto, apresentado como matéria de capa desta edição. E m Jesus e Maria,

~~7 DIRETOR paulobrito@catolicismo.com.br

E m alguns casos, a devoção a uma in1agern da Virgem Santíssima identifica-se com os valores mais sagrados do próprio país. Exemplo característico disso ocorre na infeliz China jugulada pelo comunism.o. r:, VALD IS GRINSTEINS

U

m católico mexicano que não tenha devoção a Nossa Senhora de Guadalupe, ou um brasileiro que não seja devoto de Nossa Senhora Aparecida, tem algo de falho . Por quê? Porque a história dos seus países, naquilo que tem de mais importante, está ligada a essas devoções marianas. A Religião católica desses povos vincula-se de forma indissolúvel a tais devoções, como também a hi stória de tais nações está ligada de forma igualmente indi ssolúvel à própria Religião católica. Qualquer livro de história do México ou do Brasil, caso omita fa lar das mencionadas devoções, cometerá grave falha. Sem chegar a essa identificação, mas a caminho dela, há outras devoções disseminadas pelo mundo todo . Entre estas, urna das mais notáveis é a devoção a Nossa Sen hora de Dong-Lu (ou TongLu), na Ch in a vermelha. Esta devoção está ficando de tal forma ligada a todos os sofrimentos e provações da Igreja católica na China, por sua fide lid ade a Roma, que é compreensível venha a ser cons iderada no futuro a devoção por excelência dos católicos chineses.

questão do nacionalismo cllinês

A

Um pouco de história ajudará a entender esta ligação. Quando os primeiros missionários começaram a evangelizm a China, depai·ai·ai11 com o problema do nacionalismo. A China é, inegavelmente, centro de uma cu ltura milenai· muito rica e vai·iada. Mas um nacionalismo mal entendido transformou a defesa dessa cu ltma, en cetto sentido admirável, numa rejeição a tudo que não fosse chinês; como se não

houvesse valores universa is, ou como se tudo o que é produzido no país fosse, por este mesmo motivo, necessariamente bom. Esta deformação do nacionalismo se alastrou para a esfera religiosa, com conseqiiências funestas. A Religião católica comp leta a rica cu ltura chinesa, da mesma forma como a torre do campanário completa uma catedral. Mas o nacionalismo pretendia que e la deformaria a cultura chinesa, e todo ch inês que aderisse à verdadeira Religião

JUNHÓ2009-


- a cató lica - seria um traidor da pátri a e das tradi ções chinesas. Por este motivo, vári as perseguições de fund o nacionali sta fo ram empreendidas contra a Igreja na China, em particular contra os cató licos chineses. E a perseguição de 1900, conhecida como " perseguição dos boxers" (os nacionalistas organizavamse em clubes desportivos, que praticavam artes marciais, boxe, etc), foi uma das mais terríve is. Fez milhares de mártires - 30.000, segundo algumas fontes - , entre e les cinco bi spos, 130 sacerdotes e numerosos fi éis.

aceita, e e m junho 150 bi spos, tendo à frente o Núncio Apostó lico, Mo ns. Celso Constantini , fi zeram a consagração. Posteriormente, em 1932, o Papa Pio XI elevou o santuário de Dong-Lu à categori a de local ofi cial de peregrinação. Em 1941 , o Papa Pio XII concedeu à Igrej a da China uma festa em honra de Mari a Mediane ira de todas as graças, sob o título de Santa Mãe, Imperatriz da China. O curioso é que são três fatos diferentes : um é o santu ário reconhecido

Nossa Senllora Imperatriz da Cllina Foi justamente durante essa perseguição que se deu uma aparição de Nossa Senhora. Em junho de 1900, os boxers anticatólicos decidiram eliminar Dong-Lu, a uns 200 km ao sul de Pequim, povoado de maioria católica, onde residiam umas 700 pessoas às quais se tinham somado cerca de 9.000 refu giados. Lá os · padres vi cent inos tinh a m co meçad o uma missão, e na sua maioria os habi ta ntes eram mui to pobres. Vários milhares de perseguidores cercaram a cidade, e quando mais se temia que nela entrassem e massacrassem os habitantes, os perseguidores viram Nossa Senhora pai rando sobre o povoado, rodeada de uma multidão de anjos. Dispararam alguns tiros contra E la, obvi amente sem efeito. Depois disso fugiram em debandada. Para agradecer a Nossa Senhora por tê-los salvo do perigo, os habitantes construíram um santuário em honra da Virgem. E o pároco do local mandou faze r uma imagem representando Nossa Senhora vestida com os trajes de imperatri z, que passou a ser venerada no santuário. Faltava, porém, a aprovação das autoridades eclesiásticas ao fato miraculoso ocorrido então. Em 1924, re uniu-se em Shangai o sínodo dos bi spos chineses. O bispo jesuíta Henri Lecroart propôs que fosse m consagrados a Nossa Senhora a Chin a, a M o ngó li a, a Ma nc húri a e o Tibet, sob a invocação de Nossa Senhora Imperatriz da China. A proposta foi

- C ATOLICISMO

Mártires católicos durante a rebelião dos boxers na Ch ina

como de peregrinação oficial; outro, uma fes ta litúrgica; e o terceiro, uma consagração do país. Mas na devoção popul ar todos se fundiram num só, e Dong-Lu passo u a representar os três fa tos conjunta mente.

Situação na Cllina comunista Mas a hi stória não termina ali . Com a ascensão dos comunistas ao poder, a situação da Igrej a na China piorou tremendamente. Nova onda de perseguição ocorreu em todo o paí . Seguindo a tradição de deformar o nac ionalismo, os comuni stas criaram uma fa lsa igreja católica paralela, denominada Igrej a Patriótica, cuja característica principal consiste

em rejeitar a submi ssão ao Papa, considerado co mo um estrangeiro. Po r isso mesmo, a verdadeira Igrej a católica na clandestinidade faz questão de se mostrar fiel a Roma. E a fo rma de mani festar essa atitude é, por excelênc ia, peregrinar ao único local de todo o país reconhecido ofi cialmente pe lo Papa - o santuário de D o ng-Lu - e rezar a Nossa Senhora da China. Alé m do mais, ali se encontra m os restos mortais de 40 dos 120 mártires canoni zados no ano 2000 por João Paulo II. T udo isto faz com que a fidelidade ao Papa e a devoção maria na caminhe m juntas. As autoridades comunistas pro moveram verdade ira guerra contra os peregrinos: bloqueio de estradas, prisões, agressões, etc. Chegaram a confiscar dos fi éis católicos que iam ao santuário as licenças de motoristas. Mas nada deteve o fluxo de fiéis. O ano de 1995 marcou o auge dessas peregrinações. Cerca de 100.000 pessoas peregrinaram aL o . anluário. Foi por i o que, em 1996, os comuni stas dec id ira m xternar seu ódio anticatólico. 5.000 soldados, com tanqu s h licópteros, cercaram o santuári , que foi demolido completam nl . A imagem de Nossa enh ra foi seqüestrada. O bispo I ai, u hi min, bem como s u bispo auxiliar, An Shuxin, e o pároco do antuário, Pe. Cui Xingang, fora m aprisionado e passaram numerosos anos na prisão. Atua lm nte a. pereg rinações continuam. Mesmo estando o local completamente cercado, e até proibida a venda de passagens de trem para os católicos, numerosa pessoas continuam tentando reali zar a peregrinação. A própria perseguição torna mais atraente o local, sendo, por excelência, a fo rma de manifestar fide lidade à fé cató lica e ao Papado. Devemos rezar pela perseverança. de nossos irmãos na fé, que são vítimas de tão desapiedada perseguição, e pedir à Santa Virgem que torne essa devoção um símbolo da verdadeira China cató lica. • E-rn ai I do autor: valdisgrinsteins@catolicjsmo.com.br

Por que estudar a Religião? - V N a edição anterior, o autor* tratou da criação do homem; na presente ele versa sobre a imortalidade do Céu e do Inferno, como fundamento lógico da imortalidade da alma, do prêmio eterno que merece o justo, ou do castigo eterno que cabe ao pecador s mesmas razões que prova m que a alma é imortal provam também que ela será eternamente feli z no Céu, ou eternamente desgraçada no infe rno. A vida presente, com efeito, é o tempo da pro va; e a vida futu ra é a meta, o término aonde deve chegar o home m inteligente e livre. Depois da morte j á não haverá tempo nem para o mérito nem para o deméri to, nem haverá lugar para o arrependimento. Por conseguinte_, os bons permanecerão sempre bons, e os maus sempre maus. E justo, pois, que sej am eternos também a recompensa dos primeiros e o casti go dos segundos. Deus ama necessariamente o justo, e é amado por e le. Por que, pois, se há de matar esse amor, posto que o justo permanecerá sempre justo? De outro lado, a fe licidade da vida futura

deve ser perfe ita, e não seri a pe1fe ita uma fe lic idade que ti vesse fim. Logo, o prêmio do justo deve ser eterno. Análogas considerações prova m que o castigo do culpado deve ser eterno. A alma penetra na vida fu tura no estado e com os afetos que tinha no momento da morte; e este estado e afetos são irrevogáve is, porque as mudanças não podem pertencer senão à vida presente, que é uma vida de prova, passada a qual todo ser fica fi xado para sempre. O culpado persevera, pois, no mal: permanece eternamente culpado, e não cessa assim de merecer o castigo. "A árvore fica onde caiu: à direita, se caiu à direita; à esquerda, se à esquerda " . • * Tradução de trecho s do li vro La Re /igi6 11 Demostrada, do Pad re P.A. Hill aire, Editori al Di fus ión, Buenos Aires, 8" ed ição, 1956, pp. 67-68.

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quero ter o próprio li vro. Corno faço? Pode ri a dar-me uma d ica de a lgum local que o tenha para ve nder? (U.W.T. -

PR)

Nota da Redação: O livro A Virgem Maria, do Pad re Tho mas de Sai nt-Laure nt, pode se r adquir ido por me io do site: www. li vra ri apetrus .com .br ou encomendado pelo te lefone: (11) 333 1-45 22

Sumo agra<lo

Imbatível 121 Nossa ! Como fo i bom ler o artigo "Devoção à Santíssima Virgem Maria. Caminho seguro para se chegar a Deus e sinal inequívoco de salvação". Realmente é mesmo o me lhor cami nho. Com M aria de nosso lado, pode mos tudo. Ela é imbatíve l. N ão porque a gente mereça, mas porque E la é M ãe mui to poderosa para conseg uir de De us o q ue precisa mos . Sobretu do E la faz tudo para salvar as almas da escravidão ao víc io q ue gera o pecado. (M.I.P. -

RJ)

A atração de Nossa Senllorn ~ Ficamos todos em casa muito admi rados com a le itura do tema central da revi sta do mês mari ano. A Virgem Mari a conqui stou a humanidade para salvá- la dos soldados de satã, que rondam o mundo a fim de conqui star os ho me ns para s uas ações infe rnais, como o aborto, para dar só um exempl o. O tex to é be m longo, mas gostaríamos de ler até mais sobre a Virgem. Nunca nos cansamos desse tipo de le itura tão atrae nte.

(1.C. -

Venho aqui cumprimentar os dire tores e co laborado res d a re vi sta Catolicismo , que neste exemplar do mês de maio nos ofereceram uma be la medi tação no artigo "Devoção à Santíss ima Virge m M a ri a - caminho seguro para se chegar a De us e sinal inequ ívoco de salvação", com textos muito bem escolhidos da obra do Pe. Tho mas de Sa int-Laure nt. No mesmo exempl ar , a vida de São Felipe Néri nos traz o exempl o do verdadeiro apóstolo cató li co pl eno do desej o da salvação das almas. E nfim , toda a rev ista Catolicismo me agrada sumamente, e de modo particular este número do mês de ma io. (M.M.E.S. -

SP)

/11tercessora dos ilolllens M aravilhas aco nteceram! Louvado e g lorificado seja o nosso DEUS C RIADOR, porque nos de u através de SEU FILHO JES U S uma M ÃE que intercede por nós e m nossas necess idades . (M.N.S.C. -

ES)

Protesto ai1ti-abol'to 121 Sou de opini ão que se deva rea li zar na c idade do Rio de Ja neiro o utro ato público contra o aborto (como este ocorrido na praça da Sé, e m São Paulo), po is nós católicos não pode mos nos calar contra uma ameaça à vida.

CE)

(P.A.D.F. -

RJ)

que i deslumbrada com todo o ambiente da Basíl ica de Nossa Senhora de Guadalupe, e não só agradeci como pedi por todos os povos, espec ialmente pelo do M éxico. C re io que a Nossa M ãe in tercederá por nós. Amém. (A.C.O.L. -

DF)

'Jls ovelhas talllbélll mordem" Sobre o artigo " As ovelhas també m morde m", me u comentário: Lame ntável q ue um jo rnal formador de opini ões, como o " Le M onde", use suas páginas para desmerecer nossa Re li g ião, be m típi co da arrogâ nc ia anticristã ! Deus pode tudo, a hora dos res po nsáveis por esses j o rn a is q ue blasfe mam contra o C riado r de toda as coisas va i chegar. (M.R.S.M. -

SP)

Selllana Santa em Sevilha 121 Gostari a de parabeni zar a todos os responsáveis pela rev ista Catolicismo , em prime iro lugar, pe la revi sta como um todo , e e m segundo lugar, pe la reportage m sobre a mana Santa em Sevilha, na q ua l pude, de fo rma bastante ineq uívoca , fo rta lecer, ou me lhor di zendo, e ntrar cm co munhão com No o Senho r .1 sus ri sto, o Salvador da hu man ida lc. A fi g ura do " ri sto dos iganos", po r vezes, me fez ter rompan tes cm minha fé . Nã ti vesse u meus - poucos, mas b 111 vivid s, na med ida do possíve l - 33 an s de idade, teri a part ido para de lír ios re li g iosos o u pseudo-re lig iosos, que nada teriam a v r com a Igreja Cató lica Apostó lica Romana. Uma dúv ida: a razão pela qua l se d iz, na mes ma reportagem, para não le r determ inada parte. Q ua l será? E u não a li . Todavia minha fé no ser humano me impele ao saber. Estarei eu certo? Desde j á agradeço. (M.A.V.D. -

RJ)

Nota da Redação: E nvi a mos a carta ac ima para o autor da re portagem "A sacra[atmos-

ReSUlllO bem feito

Assim seja!

fera da Semana Santa na Espanha ",

IB:] Gostei mui to do resumo , q ue me

121 Vim recente me nte do M é x ico , ao nde fu i agradecer pe lo meus netos gêmeos q ue vieram ao mundo. Fi-

Sr. Benoí't Beme lmans. Este encami nho u-nos um e-mail esc larecendo a dúvida expressa pe lo mi ss ivista:

pareceu muito bem fe ito, do li vro do Padre T homas de Saint-Laurent, mas

-CATOLICISMO

Prezado Sr. M aurício, Agradeço seu interesse pela matéria a respeito da Semana Santa. Percebo por sua carta que o Sr. soube bem apreciá-la. Agora sim, está "autori zado" a ler também o último trecho, que tinha como título "Não leia esta parte ...", o qua l emendava com a frase :

" ... se somente os relatos dourados o atraem, se a realidade feia e crua o espanta, se o conhecimento da miséria humana o perturba - então, por fa vor, não leia as linhas que seguem ". Mas o Sr. mostrou que esse não é o seu caso, e porta nto pode ler (bem como todos os demais le itores de Catolicismo que não o tenham ainda feito !). A razão desse título? É um pequeno recurso para despertar a curiosidade do leitor, av isa ndo-o ao mesmo tempo, pela in trodução, que o relato que segue é de uma natureza distinta do resto do artigo. Agora sou eu que fico à espera de seu comentário dessa última parte. C ordi almente, B enoí't Bemelmans

Centenário 121 O Dr. Jorge Lasmar, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, gentilmente envio u ao diretor de Catolicismo , Paul o Corrêa de Brito F ilho, um opú sc ulo de s ua a utoria, intitul ado No Universo Humano -

Rápidas Linhas (Passado - Presente - Futuro) - No Centenário Natalício de Plínio Corrêa de Oliveira. A plaquete, bem e laborada, fo i publicada e m abril passado. A segui r, a lgun s excertos: "Acontecimentos passam , acontecem. A uns se dá o destaque desej ado, são fes tej ados ! Outros, tão o u ma is importantes, são relegados, escondi dos , o mi tid os o u esqu ec idos pe la máqui na fa bulosa da indiferença, d o des in teresse no mundo das idéias, onde a trad ição e os valores mora is e c ívicos, que faze m a a lma da nação, não tê m vez. Qu ero me referir depois destas breves considerações ao cente nário

do nasc imento de PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA, 1908 - 2008, autor do livro Revolução e Contra-Revolução, de 1959. A passagem do cente nári o fo i realme nte come morada. Se be m que justa, não extrapolou, como deveria, certas áreas do pensame nto para rece ber a ho me nage m d e vid a a um grande brasile iro e à sua obra. F icou dentro de determinado círculo, depreciado e ironicamente chamado de conservador, onde as idéias deste fil ósofo contra-revolucion ário fora m rev ividas no esple ndor de sua atua l idade. A sua vid a toda, e le a empregou em defesa dos valores cri stãos e na luta contra o materiali smo comuni sta. O direito à vi da, a integridade das fa mílias, a di gnidade da pessoa humana, a defesa da soberania nacional e de seus valores e tradições, fo ram bandeiras suas. Defensor intransigente da filosofi a cristã, católico, homem de intensa e profíc ua vida espiritual, Plínio denunciou

'o secular processo revolucionário e o combateu eficazmente. Apontou suas mais recentes manifestações e pugnou contra elas: no plano temporal, a revolução comunista, cuja etapa final é a anarquia completa'. Plini o, professo r de dire ito, conhecedor da realidade brasileira, home m de ação po lítica, jornali sta, hi sto ri ador, pensador e fil ósofo. P roféti co nas s uas afirmações , e m seus mais de 15 livros (tradu zidos em di versas líng uas, entre e las: po lonês, húngaro e vietnami ta, cerca de 400 edições, dias passados um deles fo i lançado em Viena, Nobreza e Elites), denunciou desmandos e sugeriu soluções racionais em favor do interesse da coleti vidade brasile ira. O problema da Reforma Agrária, dos índios, com o atual indigeni smo (hoje vemos

'que a Funai e as Ongs já são os maiores latifundiários do Brasil '), e muitos outros fora m por ele examinados, sob a luz da boa fil osofi a cri stã. O seu Tribalismo Indígena - ideal

com.uno-missionário para o Brasil do

século XXI, merece ser lido (Petrus Editora, S.P. - Rua Javaés, 707 01130-010). O livro Proj eto de Constituição Angustia o País, publicado em 1987, enviado a todos os deputados consti tuintes, denunc iou pro ble mas graves qu e hoj e ato rm e nt a m o B rasil. 'A te rtou para o f ato de que a concentração de índios em reservas praticam ente autônomas - estipuladas na Constituição - ameaçaria a integridade do território nacional, como hoj e estáficando claro'. Plínio, a propósito do Proj eto de Constituição, a inda assinalou: 'O caráter inautêntico da f orma de democracia que a no va Constituição im.poria ao Brasil e as conseqüências que daí ad viriam, como a fa lta de representatividade da classe política nacional e a decomposição das instituições fu ndarnentais do Estado de Direito'. O livro repercutiu, despertou interesse, ta nto que 75 mil exempl ares esgotaram-se rapidamente. A excelente revi sta Catolicismo , de São Paulo, nas suas últimas edi ções, reviveu o seu fu ndador, Plini o Corrêa de Oliveira, e manté m vi vo o Pensador, o Político, o Filósofo. Hom e m in tra nsige nte , d efe nd e u a prevalência do espiritual sobre o material, os valores mo rais e éticos da civili zação cristã. É pena que a passagem do centenário de Plínio Corrêa de Olive ira não te nha tido a repercussão necessária na grande imprensa. M a nifes tações de mais de 40 países e molduraram o centenário. 'Tendo consagrado sua vida à defesa dos princípi os básicos da ci vili zação cri stã, sob sua égide se constituiu o maior conjunto de associações anticomuni stas de in spi ração cató lica em todo o mundo '. A re vi sta Catolicismo , nº 669, ma rço de 2009, pág in a 27 , troux e excelente artigo ass inado por Nelson Barreto, um dos autores da atualização da o bra Tribalismo In díge na, 1977 , de Plinio Corrêa de Oli veira. (J.L.- MG)

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.. Pergunta - Peço explicar o que significa o pecado imperdoável, pecado contra o Espírito Santo. Muito obrigado.

Resposta -

Na primeira parte da resposta a essa pergunta, publicada na edição anterior, mostramos como Santo Tomás especifica em que consistem os seis pecados contra o Espírito Santo. Falta explicar como se conciliam as duas afirmações, aparentemente contraditórias, do Evangelho de São Mateus ( 12, 3 L-32), segundo o qual "todo pecado e bla5jêmia será perdoado aos homens, porém a b/a5fêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. E todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem [Jesus Cristo], lhe será perdoado; porém o que a disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro ". Então, como fica: todo pecado pode ser perdoado, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada? A explicação de Santo Tomás é longa e exaustiva, além de muito clara, mas exi ge uma certa familiaridade com a linguagem teológica, à qual o leitor comum pode não estar habituado. Assim, procuraremos destacar alguns traços que permitam a uma pessoa de cultura média compreender a argumentação.

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Blasfêmias contra a Santíssima Tr/J1dade "Outros dizem - explica Santo Tomás - que o pecado ou blasfêmia contra o Espírito Santo se dá quando se peca contra o bem, que se atribui ao Espírito Santo; pois a bonda-

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CATOLICISMO

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de se atribui a Ele, como o poder se atribui ao Pai e a sabedoria ao Filho. E acrescentam que, quando se peca por debilidade, se peca contra o Pai; se por ignorância, contra o Filho; e contra o Espírito Santo quando se peca por malícia certa " (Suma teológica Ilª-Ilre, q.14 a.l, c). O conceito de malícia certa foi largamente explanado na primeira parte desta resposta (em maio passado), e implica num pecado cometido com perfeita adesão da vontade ao mal, não simpJesmente por ignorância, fraqueza ou paixão. Aqui já se começa a compreender que, no pecado contra o Pai (por fraqueza) ou contra o Filho (por ignorância), o pecador se deixa con-

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<luzir mais facilmente ao arrependimento, e deste ao pedido de perdão, enquanto o pecado contra o Espírito Santo (por malícia) leva à obstinação no pecado, e portanto à recusa do perdão. Não é Deus que não quer perdoar; é o pecador que não quer se arrepender e, conseqüentemente, ser perdoado!

Milagres espirituais também oco1·1·em ... Santo Tomás compara o pecado contra o Espírito Santo a uma doença incurável: "Uma enfermidade se diz incurável devido à natureza da doença, a qual inibe aquilo que poderia curá-la, seja porque destrói a capacidade de auto-regeneração da natureza, seja porque

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provoca náuseas do alimento ou do remédio. Ora, Deus pode curar este tipo de doença. Assim também o pecado contra o Espírito Santo se diz irremissível segundo a sua natureza, porquanto exclui aquelas coisas pelas quais se fa z a remissão do pecado [isto é, o arrependimento e o pedido de perdão]. Porém isto não obstrui à onipotência e à misericórdia de Deus a via do perdão e da cura, pelo que, algumas vezes [aliquando], como que milagrosamente, tais impenitentes são espiritualmente curados" (Suma teológica TTªIlre, q.14 a.3, c.). Assim, Deus manifesta sua onipotência misericordio. a , convertendo o pecador como que à revelia da obstinação deste ... Mas Santo Tomás bserva que isso se dá apenas algumas vezes, para mostrar quão raramente ocorre; como raros são também o. milag res ele caráter físico. No geral , preva lece a tese da irremi ssibili lade dos pecados c ntra o Espírito Santo , seg undo o texto de São Mateus citado de início. Desse modo , a a pare nte contradição se resolve.

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iguel Arcanjo exp inféis para o infe

intemperantes (os que pecam por opção ou por malícia). Quem peca por ignorância ignora, embora culposamente, ser mau o que faz. Quem peca por paixão, sabe perfeitamente que o quefaz é mau, mas não se apercebe momentaneamente desta malícia, ofuscado pelo ímp eto ci,1,lposo· da paixão. Quem peca por opção ou malícia, nem ignora nem deixa de ter consciência de que é mau o que fa z; peca por cálculo, a sabendas, com premeditação e pleno conhecimento de causa; persegue o deleite do pecado, não por ter sido vencido, mas porque o escolheu " (cfr. Pedro de Tapia, Catena mora/is, 1.3 De vitiis et peccatis, q.11 , a.3 - apud Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino, tomo V, Introduções e Apêndices do Padre Fr. Pedro Lumbreras, O .P., Apê ndice I, BAC, Madrid, 1954, p. 935). Como se vê, a noção de malícia certa , que é o fundamenlo da doutrina dos pecados contra o Espírito Santo, deita raízes j á na filosofia grega, que a doutrina católica incorporou em sua teologia. Sobre el a, Santo To más fe z j orrar o Lumen de sua inte li gência privilegiada.

A Antiguidade pagã já ve,·sava estes temas!

Doutrina atualíssima, no mundo moderno

Al g ué m poderi a pensar que tais pontos da mais genuína teologia católica eram desconhecidos dos filósofo s da Antiguidade . Porém, em mais de um ponto se vê que Deus foi preparando os povos pagãos para a aceitação do cristianismo. Assim, "Aristótelesjá classificava os pecadores em ignorantes (os que pecam por ignorância), incontü,entes (os que pecam por paixão) e

Num mundo que se afasto u de Deus por ig norância, mov ido pelas paixões ou por opção firme e decidida pelo mal (malícia certa), a pergunta do co ns ul e nte le vantou um a questão qu e vai muito alé m do interesse pessoal dele pela matéria . E nos proporc ionou a ocasião de reavivar a noç ão d e pe cado; a qual , como dizia Pio XII, o mundo havia perdido já em seu pontificado.

Ora, a mensagem que Nossa Senhora veio trazer em Fátima, e m l 9 17, era preci samente um alerta para essa perda da noção de pecado, com a advertência de que, se os home ns não se em e nd asse m, grandes castigos se abateriam sobre a humanidade. Nin g ué m ousará diz e r que, ele lá para cá, a situação melhorou. Muito pe lo contrá-

rio. Mas não é próprio da Providê nc ia des a lentar os home ns e m ne nhum a circ un stância. Por isso, sobre as nuven s tenebrosas que pairam sobre o mundo, brilha uma luz mai s brilhante qu e o sol: a promessa de Nossa Senhora de qu e, após convulsões de porte unive rsal, ha verá um grande retorno da humanidade às vias sagradas da civili-

zação cristã e à instauração do Reino do Imaculado Coração de Maria! A humanidade entoará um grande hino de louvor ao Divino Espírito Santo, que abafará o rugido, já então e vanescente, das atuais blas fê mias contra o mesmo Espírito Santo. Assim esperamos. Assim seja. • E-mail do autor:

monsenhorjoseluiz@catoJicismo combr JUNHO .2009 -


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Retorno de aulas em latim em Nova York

Brasileiros mais descrentes dos partidos políticos

diário "The New York Times" e a revista "U.S. News & World Report" noticiaram uma avançada tendência nas escolas de nível médio e secundário americanas: aulas de latim [foto]. A tendência cresceu nas últimas duas décadas na Igreja Católica, especialmente entre jovens sacerdotes, sem in aristas e leigos. Grande número deles se entusiasma lendo, ouvindo, cantando e assistindo à liturgia em latim. Grupos organizados aprofu ndam o canto gregoriano e o estudo da gramática latina. Um segmento importante dos jovens voltou-se para a Tradição do catolicismo, a adoração eucarística e o canto gregoriano - comentou o site The Catholic Thing . É auspicioso esse interesse pela língua oficial da Igreja, genuína transmissora do esplendor da fé católica. •

s números fornec idos pelos partidos políticos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) patenteiam o acentuado desinteresse dos brasileiros pelas agrupações partidárias. 119,7 milhões dos 130,6 milhões de eleitores (91 ,6%) não pertencem a nenhum partido. O PMDB e o PP, maiores partidos em número de filiados, encolheram. O PT, no 4° lugar, cai u de 1, 15 milhão para 1,01 milhão. A descrença cresce em todos os estados. Em Alagoas, 94,6% sequer têm conhecimento de partidos. No Distrito Federal, os não-filiados subiram de 93,43% para 94,3%. Em São Paulo, 92,66% não se vincularam a nenhuma legenda, tendo havido uma desistência de 805 mil eleitores no último ano. O PT paulista decresceu de 292 mil para 250 mil. Em Minas Gerais, os que se desinteressam por partidos, mesmo em troca de vantagens pessoais, são 9 1,43%. No Rio de Janeiro, 93,1 % dos eleitores estão fora de partidos. Há um vazio em torno da vida política, da qual entretanto depende o futuro do País. E la está desconectada da vida e dos anseios dos cidadãos. •

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uer~ '.izer algum dano à __R~s~ia "e.leve ser ex~erminado",_e~tabelece o pr OJeto do deputado oficrahsta russo Andrer Lugovoy, mtormou o diário "The Times" de Londres. O projeto conta com o apoio do todopoderoso Vladimir Putin [foto]. O governo russo era acusado de vir assass inando dissidentes até no exterior. Agora, se aprovado tal projeto, essa prática tornai·-seá "legal". Lugovoy declarou ao diário pró-socialista "EI País" de Madrid que, "tratando.se dos interesses do Estado russo, no sentido mais estrito do termo, eu mesmo daria essa ordem" [de matar]. O projeto indicia como "suspeito" todo cidadão que entre em contato com estrangeiros. Boris Nadezhdin, professor de Direito na Universidade de Moscou, disse tratar-se de um "ato de intimidação" típico da era de Stalin para eliminar a oposição. •

UE proíbe palavras correntes que discriminam o gênero ~nião E~~·opéia (UE) aboliu o uso de palavra_s como "~enhor" ou Senhora , sob pretexto de combater o "machismo" - mfonnou o diário inglês 'The Daily Mail". Os burocratas de Bruxelas proibiram também as expressões inglesas sportsman (esporti sta), statesman (estadista), man-made (feito pelo homem), .fireman (bombeiro), policeman (policial) entre outras, pelo fato de serem compostas com man (homem), fato que as tornaria eivadas de "discriminação" e "sex ismo". Os equivalentes em francês (Madame e Mademoiselle), alemão (Frau e Fraulein), espanhol (Sefíora e Sefíorita), etc. , também foram banidos. A chefia da UE criou um opúsculo para conter todas as transformações. A decisão só se aplica aos órgãos da UE. Porém, foi encaminhada ao Pai-lamento Europeu, na expectativa de que este a tran sfo rme em " le i" e uropé ia. A ta l extremo c hega a antidiscriminação, que na realidade é uma super-discriminação ... •

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CATOLICISMO

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Alarmistas ecológicos convencem cada vez menos jornal "Brisba ne Times" da Au strália informou que, segundo o Gallup, 4 1% dos americanos julgam que o "aquecimento climático" está sendo exagerado pela mídia, e duvidam que seja tão sério como dizem. Em 2004 eram 38%. Hoje também os americanos colocam o "aquecimento global" em último lugar nas preocupações ecológicas. Só 53% opinam que o planeta está sendo afetado, contra 61 % no ano passado. 16% não acred itam que o "aquecimento global" tenha qualquer efeito. Para o Gallup, o alegado aquecimento está perdendo credibi lidade entre os americanos. "A maioria não vê o problema como muitos eminentes líderes" políticos ou ecologistas, concluiu com uma ponta de ironia Lydia Saad, anali sta da empresa de sondagens. •

''Lei dos suspeitos" consolida ditadura de Putin

Templários: difamados por venerar o Santo Sudário

Dubai, a babel do Golfo Pérsico, não resiste à crise ubai, pequeno Estado muçulmano no Golfo Pérsico, tinha virado uma Disneylândia para os milionários parvenus. Projetos faraôn icos financiados com enxurradas de dinheiro atraíam uma co01te de ébrios pelo gozo da vida. Esse centro do exibicion i mo foi erigido sob o signo do Corão, criando um pólo "cultural" de fundo anticristão, prelúdio do dia em que a meia-lua maometana substituiria a Cruz. Mas esse bh!fl foi dos primeiros a se esboroar com a crise financeira internacional. O país está esmagado por dívidas, a inadimplência é recorde, por toda parte vêem-se obras inten-ornpidas, os preços dos luxuosos apaitamentos estão em queda li vre, os trabalhadores imigrantes estão vivendo um pesadelo. A queda ve1tiginosa de Dubai é um exemplo de quão frágil a babel hodierna anticristã, construída com base no orgulho igualitário e na sensualidade. •

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m artigo publicado pelo diário vaticano "L'Osservatore Romano", Barbara Frale, pesquisadora do Arquivo Secreto Vaticano, defende a tese de que, segundo os documentos que possui a Santa Sé, os cavaleiros da Ordem do Templo custodiaram e veneraram o Santo Sudário no sécu lo XIII. A versão segu ndo a qual eles adoravam uma cabeça barbada não teria passado de difamação difundida pelo rei da França Felipe IV, o Belo, com a intenção de extingu ir a Ordem e confiscar seus bens. O histórico da famosa relíquia de Cristo, hoje muito estudado, abona essa tese. Os templários, segundo informa Barbara Fra le, tocavam elementos de seu hábito no Santo Sudário, para pedir proteção contra os inimigos no campo de batalha. Os templários guardavam a santa relíquia numa urna espec ial, que só permitia ver o rosto do Redentor. •

Bispos e dezenas de padres presos na China

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o~ Jia Zhiguo, bispo "subterrâneo" (fiel a Roma) de Zhengding, foi seqüestrado por policiais comunistas chineses. Esta violência foi mais um "golpe para a estratégia de unificação da Igreja chinesa, lançada pela Santa Sé", afirmou o Pe. Bernardo Cevellera, diretor da agência AsiaNews e um dos maiores conhecedores do catolicismo chinês. O governo aumentou as violências, pois se aproxima o aniversário do martírio de D. Giuseppe Fan Xueyan , bispo de Baoding. Todo ano muitos fiéis peregrinam até seu túmulo. Há mais dois bispos "subterrâneos" desaparecidos: D. Giacomo Su Zhimin (da diocese de Baoding), preso em 1996, e D. Cosma Shi Enxiang (da diocese de Yixian), preso em 2001. Dezenas de sacerdotes fiéis a Roma encontram-se em prisões e campos de trabalho forçado. Talvez alguns deles já se tenham somado à gloriosa coorte de mártires que no Céu intercede junto a Nossa Senhora pela conversão da China.

Mosteiro inglês que revive tradições atrai vocações

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m Cornwall, Inglaterra, instalou-se nova ordem contemplativa: a das Irmãs Franciscanas da Imaculada, noticiou "The Telegraph". Elas ocuparam o antigo convento de Lanherne, abandonado pelas carmelitas. Trata-se do primeiro instituto feminino que adotou oficialmente o rito litúrgico tradicional, em latim, com a aprovação de Roma. Também foi aberta uma casa para o ramo masculino em análogas condições. A abertura de uma casa de contemplativas com disciplina, austeridade, observância litúrgica tradicional e muitas novas vocações trouxe vigoroso ânimo aos católicos ingleses, após décadas de desanimadoras notícias de mosteiros que fecham suas portas, que permanecem sem novas vocações , que abrigam escândalos , ou que disseminam tibieza.

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INTERNACIONAL Obama foi pródigo em apertos de mãos, abraços, gestos e palavras para com os líderes da esquerda radical latinoamericana, e também estendeu a mão à ditadura comunista de Cuba, chegando a lhe oferecer "um novo começo". As cenas protagonizadas pelo presidente norte-americano em Puerto Espana foram chocantes, pelo que significaram em matéria de queda de "muros" psicológicos, ante a natural rejeição da opinião latino-americana ao regime castrista e aos governos autoritários de Chávez (Venezuela), Correa (Equador) e Morales (Bolívia). E também pelo que significaram de desalento e debilitação para as respectivas oposições, que nesses países se esforçam, em circunstâncias sumamente adversas, para salvar as liberdades. Porém, a responsabilidade pela dissolução psicológica desses "muros" de resitência às esquerdas radicais não foi somente de Obama. Segundo reconheceram diversos analistas, por trás dos bastidores atuou intensamente o presidente Lula, levando adiante uma "diplomacia oculta" e atuando como um "contraponto" de Obama, tentando consagrar seu papel de "mediador extra-oficial" entre os Estados Unidos, por um lado, e pelo outro a Cuba comunista junto com o grupo de governos de extrema esquerda latino-americana.

Mudança em relação a Cuba sem ela abaJJdonar seu ,·egime

O "eixo" Obama-Lula e o futuro da América Latina U ma análise atenta dos primeiros 100 dias de Obama levanta questões importantes para entender o trágico rumo que se deseja dar à América Latina fJ JAVIER GONZÁLEZ

O

presidente norte-americano Barack Obama, nos primeiros 100 dias de sua política externa em relação à América Latina, infelizmente parece haver escolhido os caminhos mais desacertados: a mão estendida para os líderes mais radicais da esquerda e a confiança em um "moderado útil", o presidente Lula, que se dedica a colocar panos mornos em torno dos desmandos desses líderes radi-

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cais. Com isso, o resultado será amortecer as oposições políticas. Vejamos alguns exemplos.

Consolidação da nova política

"ª Cúpula das Américas

A Cúpula das Américas, realizada em 18 e 19 de abril em Puerto Espana (Trinidad e Tobago), serviu para consolidar as recentes e já estreitas relações entre o presidente dos Estados Unidos e o do Brasil, das quais está surgindo uma nova e enigmática co-liderança continental.

A estreita relação entre os dois mandatários começou em 14 de março, poucos dias depois de Obama assumir a presidência de seu país. Lula foi o primeiro presidente latino-americano recebido pelo presidente dos Estados Unidos, em um gesto de deferência indiscutivelmente importante, culminando com elogios mútuos amplamente destacados pelos meios de comunicação social. Pouco depois do encontro presidencial, ainda em território americano, Lula mostrou publicamente suas cartas ao fazer inadmissível referência a favor da Cuba comunista, afirmando não existir, do ponto de vista "da racionalidade humana", nada que impeça o restabelecimento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a ilha-prisão do Caribe. Em Londres, durante a reunião do G-20 em 3 de abril, Obama aproveitou para impulsionar sua co-liderança continental com Lula, quando di sse em uma roda de mandatários, entre sorrisos e apertos de mão: "Aqui está meu cam-

peão, gosto deste cara, ele é o político mais popular da Terra". Na véspera da Cúpula das Américas, Obama falou com Lula por telefone para coordenar posições e ouvir sugestões, ocasião em que o presidente brasileiro aproveitou para instá-lo a ceder o máximo possível em relação a Cuba. Antes de entrar no avião que o conduziria a Trinidad-Tobago, em entrevista à cadeia de televisão CNN, Obama ressaltou sua estreita colaboração com Lula, como um exemplo da " nova era" que se abria entre os Estados Unidos e a América Latina.

Em pauta, a desastrada política do "ceder para não perdei•" A pergunta inescapável é: para onde este "eixo" político entre Obama e Lula poderá conduzir a América Latina? Os primeiros resultados, a julgar pelo que ocorreu durante a Cúpula das Américas, são preocupantes. E analisando os primeiros 100 dias do governo Obama, outra pergunta se impõe: Estaremos presenciando uma reedição de velhas políticas de "ceder para não perder"? Além dos exemplos acima, chama a atenção a apatia e até a indiferença com que setores de centro e direita da opinião latino-americana, norte-americana e do próprio exílio cubano de Miami vão acompanhando essas gigantescas transformações, rotações e contradições políticas em nível continental, sem que se levantem clamores ou, pelo menos, reações à altura. Certos fatos ocorridos na própria Cúpula das Américas servem para ilustrar a dimensão dessa apatia. Por exemplo, vários dos 35 governantes falaram contra o "embargo" externo americano, sem mencionar sequer de passagem a causa do problema, que é o "embargo" interno do regime comunista, que já dura meio século. Pois bem, não houve um único mandatário que colocasse os pingos nos ii . Em seu conjunto, a Cúpula das Américas colaborou com um terrível "embargo interno" do qual poucos falam, que é a negação da solidariedade moral e da compaixão cristã em relação a 12 milhões de irmãos cubanos, desditosas vítimas do comunismo há 50 anos. Nesses mesmos dias da Cúpula, Fidel Castro escreveu que as concessões de Obama eram insuficientes, porque o problema central seria o "embargo cruel" americano. Na América Latina, poucos se levantaram para lembrar que Castro deveria ver a trave em seu próprio olho, uma vez que seu regime é um exemplo vivo da prática das maiores crueldades, tanto em Cuba quanto no continente, através de movimentos guerrilheiros inspirados e treinados por Havana.

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É difícil entender como tudo isto pode estar ocorrendo sem que se levante um clamor de indignação proporcional. Diversos especialistas têm abordado os problemas da apatia e anestesia psicológica coletivas, que estão afetando vastos setores dirigentes e da população. Um estudo recentemente publicado na edição digital das Atas da Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos (PNAS), traça uma interessante relação de causa e efeito entre a velocidade com que os meios digitais transmitem os numerosos acontecimentos contemporâneos e a apatia e falta de compaixão resultante da incapacidade de digerir essa voragem de acontecimentos. Identificar e caracterizar os fenômenos de apatia, indi ferença e anestesia psicológica j á é me io caminho andado para indicar suas causas e reverter essa situação. • E-mail para o autor: cato licismo@catolicis mo.co m.br

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O clímax, ele certa form a, fora atingido. Criara-se a sensação ele estarmos di ante ele um perigo iminente e incontornável.

Contraclições dentro cio pel'igo

Pandemia de gripe ou de pânico? N ão estarem.os assistindo, com a "gripe suína", a mais uma rnanipuJação para causar pânico universal, como aconteceu com a "doença da vaca louca", o "bug do mHênio" e a "gripe aviária"? n JosÉ CARLOS SEPú LvEDA DA FoNsEcA

m meio às incertezas da crise econômica mundi al, à instabilidade política no Oriente Médio, aos assaltos de piratas a embarcações na Somáli a, às re viravo ltas da política externa do governo Obama, à farra das passagens aéreas no Congresso Nacional, surgiu de repente no panorama um fato inteiramente novo e a meaçador. Jornais, rádios e televi sões anunciaram a irrupção no Méx ico de um inesperado surto de gripe, causada por mi sterioso vírus.

Do surto de gl'ipe

à ,,andemia

As prime iras info rmações davam conta de dezenas de mortos, vítimas da gripe rotul ada de suína. A notícia se espa-

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lhou, tão rápido qua nlo se dizia ser a disseminação do vírus. Multiplicavam-se as imagens de mex icanos usando máscaras e m casa, na rua, no traba lho. Anunc iava-se a parali sação do país. E m outros lugares do mundo começaram a pipocar as mesmas cenas de pessoas portando máscaras, anúncios de casos detectados da misteriosa gripe, confi namento de supostos portadores e m quarente na, grandes qua ntidades de vacinas e remédios sendo estocadas . Al ertas pelo mundo. Noticiários ameaçadores. Decl arações alarmistas de autoridades sanitári as internacionais. A Organização Mundi al da Saúde (OMS) afirm ava que esta gri pe eria capaz de atingir dois bilhões de pessoas. A partir de um urto de gripe, em pouco te mpo o mundo estava di ante de uma pande mia.

Quem se detivesse um pouco para fazer uma análi se mais acurada cios acontecimentos, logo notari a grande defasagem entre o quadro apresentado e a realidade. Daí se passou ao que poderíamos definir como uma segunda fase: a das in fo rmações e notícias desencontradas e até co ntraditóri as, co m os desme ntidos e os desmentidos dos des me ntid os. A sensação j á não era apenas do perigo iminente, mas de um caos de ntro do peri go. Afinal, das mortes anunciadas no México, apenas a lgumas podi am ser atribuídas com certeza à chamada gripe suína. Outras notícias des inflavam a gravidade da in fecção virai e a comparavam à de uma gripe co mum . O número ate rrador da OMS era apenas o pote ncial da doença, e o vi ce-diretor da e ntidade admitia que, mesmo numa pande mi a, a maiori a dos infec tados não deveri a ter mais do que uma gripe suave . Muitos dos casos de tectados e m diversos países ... não era m afinal da doença! Até o próprio nome da grave infecção fo i questionado: não deveria chamar-se "gripe suína". Alguns propunham denominála gripe americana, e muitos noticiários passaram a referir-se apenas à contaminação pelo vírus A(H lNl ). Como não podia deixar de acontecer, começaram a prolifera r os gracejos e as piadas.

O 1Ji11ômio susto X despreve11ção A sensação passou a ser de uma gangorra psicológica: ora a desprevenção total, o ignorar completamente qualque r perigo; ora as medidas severíssimas, como não estender a mão, não aproximar-se mais de dois metros de algué m. As máscaras po r tod a a pa rte le varam me xi ca nos a se ntire m-se infectados, mes mo não o estando. O psicólogo mex icano José Mercado apontou com precisão o que ocorri a em seu país, no momento em que se anunciava a volta à normalidade: Estamos "saindo de uma situação de pânico, mas ao mesmo tempo nos mantêm com a idéia de que o inimigo continua aqui, que ele vai nos mata,; e que para evitá-lo temos de nos isola,; o que fome nta de novo o pânico, a loucura. Isso, em termos psicológicos, é nefasto" ("O Estado de S. Paulo", 8-5-09).

Esse lado nefasto talvez explique as reações extremadas de alguns que, numa espécie de atração pelo abi smo, passaram a organizar na Internet as 'Jestas da gripe suína", para se infectare m a fim de desenvolver anticorpos.

Pânico moral ollcial Ao comentar com amigos o conjunto dessa situação, pareceu-nos toda ela eivada de grande irracionalidade, pela desproporção do alarmismo, pela imprecisão das informações, pela contradição dos dados, etc. Segundo os dados exi stentes até ao mome nto e m que redij o este artigo ( 18 de maio), 39 países reg istraram casos, totalizando 8.480 infectados, e até o mome nto foram computad as ape nas 72 mo rtes provocadas pela gripe. Para se te r um termo de comparação, no ano passado o Brasil reg istro u 27 .3 00 inte rnações de gripe comum e 75 3 mortes. Subestim ar um pe rigo é, por certo, um erro. Mas intl álo, ou ainda exagerá-lo desmesuradame nte e levá-lo ao parox ismo - que alguns quali fi cara m de pâ ni co mora l pode ser um erro ainda maior. E, fato estranho nesse caso, um pâ ni co moral não ori ginado no boato anônimo e descontrol ado, mas prom ovid o po r fo ntes ofi ciais das quais são de se espe rar atitudes responsá ve is.

o tl'Ítl/1/'o dos POl'COS Em minhas buscas na mídi a, deparei-me com um arti go de autori a de João Pereira Coutinho ("Folha de S. Paulo, 5-509), que sinteti za bem a situ ação criada e convida à refl exão. O título, O triu,lfo dos porcos, é um hábil jogo de termos. Refere-se à gripe suína, ele um lado, e de outro à fábula de George Orwell , em que narra uma revolução entre os animais de uma faze nda e a fo rma como o idea li smo fo i traído pelo poder, pela corrupção e pela mentira. João Pereira Coutinho co meça o artigo referindo-se a seu estado de espírito à medida que o ano avança, ao constatar não exi stir nenhum apoca lipse pronto para exterminar a raça humana: "Os meses passavam: janeiro, f evereiro, março. E as autoridades mundiais não lançavam gritos lancinantes sobre uma doença, uma anom.alia técnica, um vírus descontrolado e mortal. Nem sequer um espirro! Sei do que f alo. Vocês, leitores, também. Nos últimos dez, .15 anos, praticamente não ti vemos sossego. [. .. } JUNHO2009 -


Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Antes mesmo do século XXI começar, os perigos estavam Saúde, coloca toda a humanidade em risco. Que essa "g ripe nas vacas e na carne delas. A doença tinha nome divertido suína" esteja sobretudo confinada ao México, pouco impor( "doença da vaca louca") e conseqüências menos divertidas: ta. Que as vítimas do México sejam praticamente insignifiuma doença neurológica degenerativa e incurável que procantes quando comparadas com as vítimas regulares de gripe metia condenar meio milhão de seres humanos a urna morte regular, também não. E que os precoce e terrível. infectados fora do México esLembro-me bem: imagens de tejam a responder aos medivacas trêmulas, a dançar o twist; camentos disponíveis, muito a matança de milhares delas, menos. A realidade dos fatos com ou sem sintomas; e os crianão altera a nossa histeria. E dores de gado arruinados. Muinão altera porque a nossa histos optaram pelo suicídio . teria é profunda e incurável. Pobrezinhos. Ainda hoje está por Hoje, vivemos mais. Hoj e, viprovar que a encefalopatia vemos melhor. Mas apesar disespong(forme bovina seja a cauCARAVANAS so, ou sobretudo por causa dissa da doença de CreutzfeldtDE LA SALUD so, entramos em pânico semJacob nos seres humanos. pre que a morte, ou mesmo a Veio o milênio. E, com o mimera possibilidade da morte, lênio, vieram novos perigos. ameaça o nosso único deus: o Não de origem animal. Mas hucorpo, o nosso corpo, e a "Remana. Ou, se pref e rirem, ligião da Saúde" que substitecnológica. Na virada de 1999 tuiu todas as outras teologias para 2000, um bug informático tradicionais iria paralisar as cidades, os Tememos a nossa destrui transportes, o sistema bancáção física. Mas, como em qualrio e financeiro. Aviões cairiquer temor, recriamos e até deam do céu. Milhões de doentes sejamos essa mesma destruinão resistiriam à parada das ção, como se isso redimisse a máquinas. Os países mais deradical solidão dos homens de senvolvidos gasta ram 300 bihoje. Tão modernos que solhões de dólares ( estimativa mos. E tão entediados que nos conservadora) para evitar o sentimos. colapso. Quando a meia-noite Um conselho: nada nesta soou, o mundo, inexplicave lvida se fa z sem perseverança. mente, continuou. Suspirou-se Quem sabe? Se desejarmos de alívio. Ou de desilusão? muito que algo aconteça, talOs suspiros duraram pouvez um dia alguém lá em cima co tempo. Se a humanidade rese lembre de responder às nossistira ao bug informático, não sas preces". iria sobreviver à "g ripe das aves". A Organização Mundi* * * al de Saúde garantia que 7 milhões de pessoas estavam conAfirmei que esse artigo convida à reflexão. Antes de terdenadas. As Nações Unidas, não contentes com 7 milhões, minar, quero sugerir como tema de reflexão duas perguntas, falavam já em 150 milhões. apoiadas no tema que e le levanta. Diz o autor que "andamos Especialistas vários preferiam dizer 350 -milhões. Moral há muito tempo a fantasiar a nossa própria destruição coletida história ? Morreram 200 pessoas, sobretudo na Ásia rural, va", para acrescentar depoi s que "a realidade dos fatos não onde a pobreza e a desnutrição não ajudam. Morreram inaltera a nossa histeria ". Em face di sso, pergunto: comparavelmente menos pessoas do que as vítimas normais 1- Somos nós mesmos que fantasiamos, ou são outros que que a gripe normal provoca todos os anos, em todos os países nos induzem a fa ntasiar nossa destruição coletiva, como no do mundo. caso presente? Eis a verdade: andamos há muito tempo a fantasiar a nos2- O que a realidade dos fatos não a ltera é a " nossa hi stesa própria destruição coletiva. São as vacas. As aves. O bug ri a", ou se trata da hi steri a que nos querem im por? • informático. A pneumonia atípica. A catástrofe ecológica e climatérica que nos espera. Ou, para sermos mais atuais, uma E-mail do au1or: senutveda @cato)jcjsmocom.br gripe de origem suína e m exicana que, nas palavras de

~ CATOLICISMO

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São Nuno Alvares Pereira C om a recente canonização, o novo santo pode ser venerado como tal pelos católicos do mundo inteiro. Entretanto, para os católicos portugueses, há séculos já era ele considerado o Santo Condestável.

N

o dia 26 de abril último foi canonizado em Roma, pelo Papa Bento XVI, o invicto guerreiro Nuno Álvares Pereira (1360 - 1431 ), elevado à honra dos altares 578 anos após seu falecimento. Catolicismo, que em suas duas edições anteriores publicou matérias a respeito, obteve por meio de seu colaborador José Carlos Sepúlveda da Fonseca uma entrevista com Dom Luiz de Orleans e Bragança, descendente direto do novo santo. Um dos filhos de Dom João 1, Rei de Portugal, casando-se com a filha de São Nuno Álvares, deu origem à Casa de Bragança, e desse casal e descendem os membros da Famí- ~ lia Imperial do Brasil, da qual Dom ~ Luiz é o chefe (Vide Catolicismo, abril/2009) . Sua Alteza aborda aspectos pouco divulgados da missão providencial de seu ilustre antepassado. E também indica o Condestável do Reino (chefe supremo dos exércitos portugueses) como um modelo, mesmo para os presentes dias, do perfeito varão católico . O novo santo - que, segundo o escritor português Antero de Figueiredo, era "Furacão de a,ço e de fogo, piedade feita energia, oração feita espada" - tem muita vinculação com a História do Brasil, pois foi o articulador, no séculp XIV, da manutenção da soberania

e do renascimento de Portugal, que empreenderia mais tarde as grandes navegações para descobrir novas terras e conquistar novas almas para a fé católica .

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Dom Luiz

"Se eu pudesse em poucas

l'CSllllÚJ'

palavrns a Ogum desse grnnde santo, dh'ia <111e ele foi a derradeira e acabada peI'SQ11illcação da Idade Média

portuguesa ".

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Catolicismo - Causou compreensível júbilo, especialmente em Portugal e no Brasil, a canonização de Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal. Sabemos que para Vossa Alteza enquanto Chefe da Casa Imperial do Brasil, como para os membros da Casa de Bragança, é especialmente honrosa essa elevação aos altares. Poderia falar-nos inicialmente dos laços de sangue que o unem ao Santo Condestável? Dom Luiz - Como se te m con hec imento, Nuno Álvares Pereira nasce u em 1360, filho cio Prior da Ordem cio Hospital, Álvaro Gonçalves Pereira. Por seu elevado espírito cava lheiresco, almejava a perfeição cristã e acalentava o desejo de permanecer virgem. Entretanto, obedecendo a seu pai, que desejava adq uiri sse bens para manter sua posição na corte, casou-se com uma nobre e rica viúva, D". Leonor de Alvim, da qual teve dois filhos, que morreram ao nascer, e uma filh a, Dª. Beatriz, de cuj o parto fa leceu a mãe. Uma vez no trono o Mestre de Aviz, D. João 1, em prol de quem Nuno Álvares empenhara todo o seu devotamento na grave crise

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política e religiosa que Portugal atravessara, quis casar seu filho natural, o Infante D. Afonso, com a filha do Santo Condestável. Desse enlace nasceu a Casa dos Duques de Bragança, da qual descendem os imperadores do Brasil.

ou por interesses diversos, preferia aceitar como soberanos Dª. Beatriz e D. João de Castela, o que acarretaria uma absorção do reino. Outros simplesmente aguardavam o desenlace dos aco ntecimentos para tomarem posição. Além disso, Castela era partidária do antipapa C lemente VII. Esse conjunto de c irc un stâ ncias fez com que Nuno Álvares pusesse toda a sua dedicação e todo o seu entusiasmo a serviço da causa de D. João, Mestre de Aviz.

Catolicismo - Qual o traço de personalidade que mais admira em Nuno Álvares Pereira? Dom Luiz - Se eu pudesse resumir em poucas palavras a fig ura desse grande santo, diria que ele fo i a derradeira e ácabada personificação da Idade Média portuguesa. Há uma definição que gosto de citar, feita pelo Infante D. Pedro, que com ele conviveu muito tempo: "Nor-

ma dos príncipes, exemplo dos senhores, espelho de anacoretas". Realmente, toda a sua vida nos Conselhos do Rei, nos campos de batalha ou sob o hábito de irmão leigo carmelita foi norteada pelo ideal do "Serviço de Deus". Catolicismo - E qual a importância dele para a História? Dom Luiz - Uma importância incalcu lável. Não hesito em dizer que ele fez renascer Portugal e revivescer o senso da missão histórica que cabia a esse povo e a essa nação, da qual o Brasil se orgu lha de descender. Bem jovem, apenas com 13 anos, D. Nuno Álvares Pereira foi armado cavaleiro. Segundo os relatos do tempo, sempre se mostrou muito valente e ao mesmo tempo afável, sábio, bom conselheiro e agindo sem rancor ou ódio. Juntamente com essas qualidades, marcava seu espírito um afinado senso histórico e providencial. Portuga l, depois da morte do rei D. Fernando I, encontrava-se numa encruzi lhada no que diz respeito à sucessão ao Trono. O Rei D. Fernando I, o Formoso, casiirase em segredo com Leonor Telles, que tivera seu casamento anterior anu lado. Após a morte do rei, Leonor Telles tornou-se regente e levou para viver no palácio seu amante, o ga lego João Fernandes Andeiro, o que causou grande indignação entre muita gente e levou os portugueses a cognominá- la Aleivosa. A filha de D. Fernando I e de Leonor Telles, Dª. Beatriz, estava prometida a D. João de Castela. Portugal encontrava-se dividido nessa crise, parti cularmente a nobreza. Parte dela, por comodismo

111111m

CATOLICISMO

Estátua de São Nuno Álvares Pereira na Escola Prática de Infantaria (Mafra)

"Como todas as obras pl'ovidenciais, a missão <le N uno Ál11arcs não /'oi fácil e sofreu l'eveses; SObl'etudo, teve que enfrentai' o ambiente acomo<la<lo"

Catolicismo - Pode-se dizer, então, que ele galvanizou todo Portugal e sua empreitada foi triunfal? Dom Luiz - Não diria isso. Como todas as obras providenciais, a missão de Nuno Álvares não foi fáci l, tendo ele sofrido reveses. Sobretudo, teve que enfrentar o ambiente em boa parte acomodado, e também marcado pela decadência moral. É bom recordar que ele fez frente, até no campo de batalha, a vários de seus irmãos. Foi a custo que o futuro Condestável de Portugal se tornou recrutador e formador de outros jovens guerreiros e tornou vencedora sua causa. Com a nova dinastia de Aviz, virtuosa e ideali sta, com uma nobreza regenerada e revigorada, Portuga l se lançou a "dilatar a Fé e o Império " até os confin. do mundo . E isso não teria sido possível sem a atuação providencial de D. Nuno Álvares Pereira no momento em que Portugal estava para perder a alma e a independência. Catolicismo - É compreensível que a figura do Santo Condestável desperte admiração e entusiasmo, por seu papel histórico na consolidação da missão providencial de Portugal da qual Vossa Alteza acaba de nos falar. Mas será que essa figura tem algo de específico para nossos dias? Dom Luiz -Como um homem que ascendeu à honra dos alta res, é evidente que suas vi rtudes são para nós um exemplo excelso. Mas creio que sua fi gura de cava leiro cristão, de que falei, é mai s atual do que pode parecer. Embora as circun stâ n ia da vida contemporânea sejam em gra nde medid a diversas

das que hav ia na época de Nuno Álv ares Pereira, esse espírito de "serv iço de Deus", essa dedicação à causa da Igreja e da c ivili zação cristã são mais necessários do que nunca. Infelizmente, todo o Ocidente, para fa lar só dele, é hoje a ·solado por um laici smo co ntrad itoriamente moderado e agress ivo. Modas, costumes, le is, idé ias vão cada vez mai s deteriorando as mentalidades e afastando-as do verdadeiro idea l cristão, com reflexos perniciosos para as soc iedades. Ergue-se todo um mundo contrário a Jesus C ri sto. Basta lembrar as legis lações que por toda parte consagram como práticas habituais o terrível crime do aborto ou o mal chamado casamento homossexual, gravemente ofensivo a Deus. Diante dessa deterioração, é necessá rio que muitos siga m o exemplo do Santo Condestáve l e consagrem suas vidas à lu ta pelos idea is da civilização cristã, para alcançarem uma profunda regeneração da sociedade . Catolicismo - A canonização de Nuno Álvares Pereira traz também algum ensinamento para a nobreza de nossos dias? Dom Luiz - Sem dúvida. Em seu li vro Nobreza e

Monumento repre senta o santo indo para a batalha

"DiaJJte dessa deterioração, é necessál'iO que muitos sigam o exemplo do Santo Condestável e consagl'em suas vidas à Juta pelos ideais da ci vilização Cl'iStã"

Elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio Xll ao Patriciado e à Nobreza romana, que tive a honra de prefac iar, Plinio Corrêa de Oliveira ressalta bem que - sobretudo numa sociedade em que imperam a confusão das idéias, o desregramento dos costumes, o abandono da Religião - à nobreza e às elites tradicionais cabe desempenhar a função de guias, pelo exemplo de uma fé viva e operante, pela observância exím ia do dever, pela fidelidade à tradição, que as tornam conhecedoras profundas e subtis dos problemas do presente. Infeli zmente, nos dias que correm, nobres e até príncipes, apesar de seu sangue ilustre e de sua fo rmação moral, aderiram à vulgaridade de maneiras, de formas de vida, de modos de ser ditos "modernos" . Nuno Álvares Pereira é para eles um exemplo e um intercessor insigne. Devemos rogar ao Santo Condestável dar-nos a coragem de enfrentar os ambientes ditos modernos, de permanecer fiéis aos ideais perenes da Igreja e da civili zação cristã, de saber viver como ele no auge do prestígio, nos píncaros da sociedade, mas voltados para o serviço de Deus; de ser, enfim, fiéis ao que o Papa Bento XV qualificou de "sacerdócio da nobreza". • JUNHO2009 -


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Esplendor de uma cerimônia de canonização

Evangelho. Segue-se depois a homili a do Santo Padre, no fim da qual ele entoa o Credo, em gregoriano, acompanhado também pela multidão.

Co,·tejo dos miraculados No momento do Ofertório, forma-se um cortejo das pessoas agraciadas com

Ü jornalista responsável de Catolicismo teve o privilégio de assistir, na praça de Sã.o Pedro, à recente cerimônia de canonização de cinco novos santos, entre eles o admirável "Santo Condestável" português, Nuno Álvares Pereira

vis, bem como o corpo diplomático vestindo casacas adornadas de insígnias e condecorações. A delegação po1tuguesa se apresentou numerosa, ultrapassando três mil pessoas. Pouco antes da cerimônia, começou a chover, e os guarda-chuvas foram se abrindo. Uma vez iniciada, porém, a chuva cessou. O prefeito da Congregação da Causa dos Santos passou à leitura do resumo das biografias dos novos santos para, no final, pedir ao Papa suas canonizações. No exato momento em que o Pontífice aceitou e ordenou as canonizações, o céu romano se abriu e um sol primaveril brilhou radiante.

n NELSON RAMos BARREno Enviado Especial

Roma - Apesar de naquele dia 26 de abri l Roma ter amanhecido nublada, prenunciando chuva, a canonização de cinco novos santos representou um dia radioso para a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. O palco da cerimônia foi a esplendorosa praça de São Pedro, circundada pela colunata de Bernini, tendo ao centro o milenar obelisco encimado por uma cruz sobre a esfera. Abaixo desta, o dístico: Stat Crux, dum volvitur urbis! (Enquanto o mundo gira, a Cruz permanece firme). Na presença de milhares de peregrinos, Bento XVI proclamou a santidade de quatro italianos e um português: Arcangelo Tadini (1846-19 12), fundador das Irmãs Operárias da Casa de Nazaré; Bernardo Tolomei ( 1272-1348), fundador da Congregação de Santa Maria do Monte Oliveto da Ordem de São Bento; Gertrude Comensoli (l 847-l903), fundadora do Instituto das Irmãs Sacramentinas; Caterina Volpice lli (1839-l894), fundadora das Escravas do Sagrado Coração; Nuno de Santa Maria Álvares Pereira (1360-1431), herói nac ional de Portugal e carmelita (Vide Catolicismo , abril/2009). CATOLICISMO

Co,·tejo papal

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iE Marcada a cerimônia para as 10 horas, os peregrinos já esperavam junto aos portões de entrada da praça de São Pedro desde o alvorecer. Como jornalista, consegui ocupar um lugar privilegiado, bem junto às autoridades civis e religiosas. A fachada da basílica de São Pedro estava adornada com cinco quadros representando os novos santos. Em primeiro plano,

o magnífico trono do Papa, forrado develudo vennelho com bordados de ouro. Próximo a ele, um grande altar, para a celebração da Missa e exposição dos ostensórios portando as relíquias dos novos santos. Só estava aberta uma porta da basílica, custodiada por um guarda suíço a rigor. Por lá passaram e desceram as escadarias os cardeais, os monsenhores, os dignitátios ci-

As cerimônias de hoje não têm mais o esplendor e o fausto de outrora, quando o Papa, flanqueado por flabelis, entrava em sede gestatória dignamente carregada por membros da Guarda Nobre, ao som das famosas trombetas de prata desenhadas por Michela ngelo. Mas ainda agora, apesar de se terem sacrificado muitos esplendores em nome da praticidade, ainda há muita grandeza nos atos de uma canon ização. O cenário da praça de São Pedro, os cortejos, os cânticos gregorianos, as belas orações em latim, os trajes litúrgicos e a compostura da assistência, tudo isso nos remete para a grandeza da Igreja católica. Após entrar solenemente com os cardeais e ouvir o resumo da vida dos cinco bem-aventurados, o Papa reza, rogando a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e de todos os santos. Pede que o

Espírito Santo e a luz de Cristo resplandeçam na Igreja, para proclamar a santidade de seus filhos. Em seguida ele entoa a Ladainha de todos os santos, acompanhado pelo coral. Ato contínuo, reza a fórmula da canonização. Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, pede à Santíssima Trindade a exaltação da fé católica e o incremento da vida cristã, a fim de definir e proclamar a santidade dos cinco beatos a serem honrados devotamente como santos pela Igreja universal.

Cortejo das relíquias Enquanto o coro canta o Aleluia, um cortejo dos postuladores da causa de cada santo move-se lentamente, portando os ostensórios contendo suas respectivas relíquias. Depositam-nas no altar e se dirigem ao trono papal. Ali , de joelhos di ante do Pontífice, recebem sua bênção. As relíquias de São Nuno Álvares Pereira foram trazidas pelo postulador geral da Ordem Carmelita, Padre Felipe M. Amenós y Bonet, que conseguira reabrir a causa de canonização graças a um milagre obtido por sua intercessão no ano 2000. O Prefeito da Sagrada Congregação para a Causa dos Santos pede ao Papa que sej a lavrada a Carta Apostó lica da Canonização dos cinco santos. O Paparesponde: "Decernimus" (Ordenamos). O Pontífice entoa o Gloria in excelsis Deo, que é respondido não apenas pelo coral, mas também pela multidão de fiéis . São feitas as leituras da Epístola e do

os milagres obtidos pela intercessão dos santos que estão se ndo canonizados. Pude constatar a alegria desses privilegiados da graça. Entre eles encontravase o casal Roberto Marazzi e Elizabeta Fostini, em que vários exames médicos diagnosticaram a impossibilidade de terem filhos. Não desanimaram , e sem nenhum rec urso artificia l nasceram-lhes miraculosamente dois fi lhos , Maria e Giovanni , pe la intercessão de Santo Tadini. A Missa foi rezada em latim. Na hora da Comunhão, o próprio Papa ministrou-a a um grupo de fiéis ajoelhados num genuflexório situado em frente do altar. Graças de arrependimento e conversão pairavam no ambiente. A meu lado, um senhor português pediu a um sacerdote brasileiro que ali se encontrava para se confessar, e assim poder receber a santa comunhão. A cerimônia se encerrou ao meio-dia com a oração do Regina Cceli. O Papa ainda saudou os peregrinos de vários países ali representados . Aos portugueses, disse:

"Dirijo a minha saudação grata e deferente à delegação oficial de Portugal e aos bispos vindos para a canonização de Frei Nuno de Santa Maria, com todos os seus compatriotas que guardam no coração o testemunho do 'Santo Condestável': deste modo lhe chamavam já os do seu tempo. "Em particular saúdo os carmelitas, a quem um dia se prendeu o olhar e o coração deste militar crente, vendo neles o hábito da Santíssima Virgem, e no qual depois ele próprio se amortalhou. Ao desejar a abundância dos dons do Céu para todos os peregrinos e devotos de São Nuno , deixo -lhes es te apelo: 'Considerai o êxito da sua carreira e imitai a suafé' (Heb. 13, 7)". • E-mail do autor: nelsonbarretto @cato lic ismo.com.br

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INFORMATIVO RURAL Brigada Militar apóia o procurado1· gaúcho Gilberto Tlmms A Associação dos Oficiais da Brigada Militar divulgou nota de apoio ao Procurador de Justiça Gilberto Thums, que se afastou das questões que envolvem o Movimento dos Sem-Terra (MST), por estar sofrendo pressões insuportáveis de entidades de direitos humanos. Eis o texto da nota, publicado no site www .diegocasagrande.com. br: "A Associação dos Oficiais da Brigada Militar vem a público manifestar seu apoio às iniciativas de restabelecimento das normas constitucionais e infraconstitucionais realizadas pelo Ministério Público do estado do RS, em especial, pela iniciativa do procurador de justiça Gilberto Thums, em fàce das reiteradas ações de desrespeito à integridade física e do direito à propriedade perpetrada por chamados 'movimentos sociais' encabeçados pelo MST. O histórico de esbulho e destruição deste autodenominado 'movimento social ', que não passa de um movimento organizado que busca a instauração de um Estado totalitário em nosso país, requer do poder público, em especial do fiscal da lei, o MP, ações eficazes para que a lei não reste desmoralizada e o direito de cada cidadão de viver em paz em sua propriedade, no campo e na cidade seja respeitado. O desgaste institucional do Ministério Público é uma mera decorrência de sua função, assim como nós, Policiais Militares, que apesar de ver nosso sangue derramado pelas ações criminosas do MST, convivemos com críticas ferozes de fac ções partidárias e organizações defensoras da desordem institucionalizada. Nunca esqueçamos o saudoso Cabo PM Valdeci, assassinado a golpes de foice por integrantes do MST na capital de nosso estado, pois fatos como esse devem ser lamentados, porém não esquecidos. É vergonhoso que o Ministério Público tenha de recuar por 'pressões' de quem desrespeita a lei, traz o terror aos produtores rurais e se coloca acima da Constituição".

Um recuo estratégico do homem que e11frentou o MST Pressões levaram o procurador Gi lberto Thums a afastarse do embate contra o MST. Thums condenou as escolas iti nerantes do MST, definido por ele como um movimento guerrilheiro. Segundo o jornal "Zero Hora" (Porto Alegre), "isolado no Ministério Público, criticado pela Igreja, questionado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, pressionado pelos movimentos sociais", Thums fez uma trégua em sua cruzada contra o MST. Em 25 de julho de 2007, Gilberto Thums solicitou a dois promotores que realizassem um levantamento sobre atividades dos sem-terra no Rio Grande do Sul. O relatório foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Superior do Ministério Público daquele estado. Em 17 de junho de 2008, o procurador determinou a saída do MST da fazenda Coqueiros. Disse ele na ocasião: "Não se trata de desmontar acampamentos, e sim desmontar bases que o MST usa para cometer reiterados atos criminosos". A 26 de junho de 2008, em entrevista ao "Zero Hora", deCATOLICISMO

grãos é resultado do plantio ele 47 milhões ele hectares, ou somente S,S % do território nacional. Comparados com os 13% ocupados pelos escassos indígenas, que mal produzem para sobreviver, a desproporção é gritante.

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E por falar cm produtividade...

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Segundo o Boletim da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, a produtividade da agricultura brasileira tem um crescimento de 3,5% ao ano. No ano passado, produziu 145 milhões de toneladas em grãos e empregou 27 milhões de brasileiros. Sua participação no PIB é de 24%, e gerou um superávit comercial de 60 bilhões de dólares. No momento, em plena crise mundial, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo" (10-5-09) a Agricultura se recupera e pode repetir o resultado de 2008. Essa recuperação rápida é fruto da iniciativa particular, que predomina na produção agropecuária.

No Brnsil, o produtor é massacrado

fende que o MST seja declarado ilegal "porque usa táticas de guerrilha, [. .. ] usam e abusam do saque e até de explosivos ". Em 17 de fevereiro de 2009, um acordo entre o Ministério Público estadual e o governo gaúcho confirma o término do convênio com as escolas itinerantes do MST instaladas nos acampamentos do MST. "O Estado não tem. nenhum controle sobre o conteúdo programático. Essas escolas fa zem uma lavagem cerebral para passar teorias marxistas. Os estudantes recebem uma educação alienante", declarou Thums. A assinatura do T AC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi realizada entretanto sem consulta aos promotores da área da infância e da juventude. Para dar andamento ao caso e desfazer esse incidente técnico, Thums pediu afastamento dessa questão.

Total clcsprop01·ção Segundo estudo da Embrapa, apenas 24% do território brasileiro pode ser ocupado pela agropecuária. Os outrns 76% são parques nacionais, unidades de conservação, reservas indígenas, de qui lombolas, favelas rurais ela Reforma Agrária, etc. A divulgação desse documento está causando grande celeuma nas hostes ambienta li stas. O golpe foi tão certeiro, que o ministério do Meio Ambiente vai convocar as ONGs para tomar atitude contra. O ministro Carlos Mine (Meio Ambiente) decidiu reagir: "Querem passar um rodo na leg islação que protege os nossos biomas" ("O Globo", 7-5-09 , Panorama Político, p. 2). Vê-se, de um lado, um estudo sério e irrefutável; ele outro, ideologia demais e muito barulho. Mas contra fato não há argumentos. Senão, vejamos: a tão apedrejada produção ele

Quem vê o noticiário sobre as invasões de terras, muitas vezes não se dá conta da verdadeira conjuração que está por trás desses movimentos subversivos, potencialmente guerrilheiros e terroristas, que se movem sob as ordens de religiosos, de movimentos internacionais e ONGs, com o apoio ostensivo e financiamento de uma máquina aparelhada do Estado brasileiro. Totalmente insuspeito é o que disse o jornal esquerdista francês "Le Monde", quando Lu la subi u ao poder: "Lula compreendeu rapidamente que cometeria um erro grosseiro dando as costas ao poderoso setor do agronegócio. Mesmo em nome da justiça social e do acesso à terra ... Não se mata a galinha dos ovos de ouro" (foto abaixo). Mas o que fez Lula? Está tentando matar a galinha dos ovos de ouro: Reforma Agrária, com aparelhamento do INCRA e do Ministério do Desenvolvimento Agrário por gente do MST; ameaça de aumentar os índices de produtividade exigidos; confisco de terras a pretexto de proteção a índios e quilombolas; expropriação por uso de mão-de-obra "escrava"; enxurrada de leis ambientais, com multas estratosféricas a quem desobedecer; engessamento de áreas extensas, sob o pretexto de preservação de matas ciliares, áreas de preservação permanentes, áreas de proteção ambiental, etc. Imposições estas fartamente financiadas e aprovadas pelo governo federal. Parece que o presidente Lula se esqueceu do consel ho do "Le Monde" ... ou~~lr .11/r/e On-

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O ab1'il vermelho do MST está mais para cor-de-rosa O MST sempre será um perigo para as instituições, dado seu caráter potencialmente guerrilheiro e terrorista, que é sua verdadeira face. Ainda mais perigosa quando conta com a orientação dos religiosos da Comissão Pastoral da Terra, órgão ligado à CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Esse conluio, contundentemente denunciado no livro Pastoral da Terra e MST incendeiam o País, de Gregório Yivanco Lopes , ganha força pela ainda não bem explicada associação do MST com a Via Campesina, "i nternacional da baderna" com sede na Indonésia. Muito melhor estruturada, ela tem aparecido comandando as ações do MST. Irrigado tudo isso com uma enxurrada de dinheiro público de todas as esferas do poder, clir-se-ia que é uma mistura para fazer explodir o País. Mas o tão decantado "abril vermelho", noticiado pela mídia às vezes com manchetes desproporcionais, não passou de um "abril cor-de-rosa". Por quê?

Malvcl'sação de dinhcim público A notícia foi publicada no jornal "O Estado de S. Paulo": Movimentos de sem-terra aliados de José Rainha Júnior enviaram ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassei, pedido de 250 milhões de reais a fundo perdido, para assentados e acampados do Pontal do Paranapanema. A pauta foi aprovada em encontro de 4 mil sem-terra. Seriam, em média, R$ 62.500,00 para cada acampado. E o jornal lembra que entidades ligadas a Rainha estão sendo investigadas por desvio de recursos públicos ...

Bandeira coletivista O MST e a Pastoral da Terra passaram a defender um novo modelo para a Reforma Agrária. Não haveria mais lotes individuais, mas sim urna concessão coletiva de uso para grupos de assentados. Sempre utilizando uma linguagem genérica e utópica, D. Tomaz Balduino assim define o novo modelo: "A reforma agrária deve ser entendida em uma forma ampla. Não aquela que divide o chão, mas a que inclui o posicionamento das quebradeiras de coco, dos seringueiros, dos ribeirinhos, dos quilombolas e até dos indígenas que têm um relacionamento sui generis com a terra". Em resumo, a mesma retórica comunista antiga: a terra para quem dela precisa para viver, trabalhar e conviver. E outra, mais ecológica: preservar o biorna amazônico e, ao mesmo tempo, todos os biornas do País que estão ameaçados pelo agronegócio. E continua o religioso, em entrevista concedida ao "Correio Braziliense": "Já houve tentativa de se consolidar e estruturar esse novo modelo. Mas há muita resistência das bases populares. O pessoal quer o próprio chão. Mas acho que os exemplos dos povos tradicionais são os que mais realizaram a melhor convivência com a mãe terra, que são os indígenas, os negros, os quilombolas. Não é a propriedade do negro fulano ou do cacique tal ou qual, mas a /erra indígena e quilombola. É isto que está influindo no novo conceito ampliado de reforma agrária". Coletivismo agrário, contrariando toda a experiência da História. • JUNH02009 -


L egislações contrárias ao ensinan1ento do Magistério tradicional da Igreja estão colocando os católicos diante da alternativa: agir conformc às novas leis estabelecidas pe]os homens (por exemplo, em matéria de aborto e homossexualismo), ou de acordo com sua consciência. ■ JO SÉ A NTONIO U RETA

A

ntígona é a heroína de um mito grego , imorta li zada numa tragédi a de Sófocles. E m no me de uma le i superior não escrita, e la desobedece o edito de seu ti o, o rei C reonte, de privar de sepultura seu irmão Po linice (representação à dir.). Te ndo sido surpreendida du ra nte o rito fun erário, e la é condenada a ser sepultada viva. Mostrandose insubmi ssa à norma legal, que estava e m oposição à moral natural , Antígona resol veu de modo exemplar um problema ele consciênc ia que se col ocou aos homens desde o iníc io da Hi stóri a: se os superi ores ordenam fazer o mal, a quem se deve obedecer? A esses detentores do pode r te rre no? Ou a D eus e à pró pria co nsc iê nc ia? A resposta da mito log ia pagã, reconhecendo que a lei humana não é a lei s upre ma, co inc ide co m a resposta d a Revelação divina, ex pressa por São Pedro em sua réplica aos chefes do Sinédrio, qu ando eles o proibiram ele pregar:

" Deve-se obedecer antes a Deus que aos homens " (At 5, 29). Fo i e m no me dessa regra de ouro que, desde os primeiros sécul os do cristi anismo, legiões de mártires preferi ra m derrama r seu sangue a incensar os fal sos deuses, ou vio lar ele qualque r form a os Mandamentos do Decálogo e os prece itos da Le i natural.

O 1wopaga11ismo coloca um gl'avíssimo dilema moral O avanço cio neopaga ni smo nos costumes e nas le is contemporâneas apresenta para os cató licos, em novos termos, o mesmo proble ma crucial: É líc ito ceder, face aos costumes imorai s e às leis iníquas que impõem a prática do mal ou a cumplic idade com ele, para não perder as vantagens da própria pos ição? Ou , para o católico, é obrigatório resistir, ainda que devendo arcar com as conseqüênc ias nesta Terra, sabe ndo que a recompensa será eterna?

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Alguém poderá pensar que a perspectiva de ter que faze r essa escolha em nossos di as é ainda muito remota; e que, de qualquer fo rma, se por acaso essa hora chegar, ainda será possível, com um pouco de destreza, esquivar-se do proble ma, adotando uma atitude conciliadora que não implique numa res istê nc ia aberta nem na cumplicidade com o mal. Não é a tolerância um dos valores mais apreciados na época atual? Que ilusão ! A Revolução anti cri stã e m curso declara-se " liberal". Poré m, após obter a plena liberdade para o mal, e la procura neutrali zar o bem; mai s ainda, ela quer a cumplicidade positiva dos ho me ns bo ns e honestos, e particul armente dos católicos, para suas violações da le i moral. É o que o atual po ntífice Bento XVI denominou "ditadura do relativi smo", e m seu sermão na Missa de abertura do conclave que o e legeu para a Cátedra de Pedro. O avanço dessa ditadura do mal, ex igindo a cumplicid ade dos católicos, é hoje particul arme nte ameaçador nas legislações que promovem o aborto e favorecem o vício homossex ual, as quais cercei am, cada vez mais, o direito à obj eção de consciência, ou sej a, de absterse de parti cipar ativamente de atos objetivamente imorais, impostos pela lei positiva ou pela autoridade civil. No caso do aborto, o que motiva esse cerceamento (além da dinâmica satânica

do mal) é a carência crescente de médicos dispostos a praticá-lo. Por exemplo, recente relatório do Parlamento francês, redi gido pela deputada Bérengere Poletti , deplora a fa lta de "renovação das gerações militantes" - ou seja, a geração

"dos médicos que puseram em marcha a Lei Veil ", a qual despenalizou o aborto na França - que "vão proximamente aposentar-se". A "solução" para essa falta de médicos aborti stas é simplesmente fo rçar os anti-abortistas a vi olar a própria consciência e praticar um crime que, no dizer das Escrituras, "brada aos Céus e clama

A objeção de consciência,

segundo a Corte colombiana E m maio de 2006, a Corte Constitucional da Colô mbia decidiu que o código penal, que criminali zava o aborto, contrari ava o s tratados internaci o nais ass in ados pelo E stado colombi ano; e admitiu o aborto em três casos: malformação do fe to, ri sco de vida para a mãe e estupro. Ante a recusa de várias clínicas, de efetuar os abortos solicitados por mulheres grávidas que julgavam encontrar-se

a Deus por vingança". No caso da homossexualidade, essa e vo lução é mo tiv ada pe lo desej o dos homossexuais ele verem seu estilo de vida e suas uni ões contra a natureza ser plenamente aceitos por todos na vida social, alé m dos múltiplos benefícios legais que j á têm obtido. Daí provê m as atuais legislações, que sancionam pesadamente qualquer discriminação por o rientação sexual como uma fo rma de "homofobi a", novo de lito agregado aos códi gos penais. O resultado dessa evolução é que profi ssio nais de diversos setores, num número crescente ele países, são colocados di ante do crucia nte dil ema ele Antígona e de São Pedro: a quem obedecer? À lei positiva? Ou à própria consciência, que manda obedecer a Deus? É o tema que o presente arti go pretende anali sar.

No Califórn ia, militantes homossexuais exigem pretenso igualdade de direitos. Em plebiscito recente, perderam o batalho .

l 00 mil pessoas nos ruas de Bogotá (Colômbia) acompanham o miraculoso imagem do Me nino Jesus, em ato de protesto contra o a lte ração do lei que conde nava o aborto no País

JRJ

FOR. f1Y MARR

M.

1.

num desses três casos, a Corte Constitucio nal emitiu , no dec urso desse mes mo ano, a sente nça C-355/2006, que limita o dire ito à o~jeção de consciência uni ca me nte às pessoas fís icas, excluindo ex pressame nte as clín icas, hos pitais e centros de saúde. Trata-se ele um absurdo, porque tais in stitu ições fo ram fun dadas por pessoas físicas. Dessas enti dades espera-se que ajam e m confo rmi dade com os princípios mora is professados pelos fundadores, caso contrário eles não as teri am fund ado. Tal dec isão aberrante foi seguida da No rm a Técni ca 4905/2006, q ue exige dos centros de saúde "adiantar as ações

de informação, capacitação e educação contínua dos profissionais da saúde, que permitam o adequado f ornecimento dos se rviços de interrupção voluntária da gravidez". E m outros termos, os centros de saúde não somente deve m praticar o a bo rto, mas são obrigados a tre in ar o pessoal hospitalar para mata r cri anças no seio materno ! Posteriorme nte, o decreto 4444/2006, ass in ado pe lo pres ide nte U ribe e seu mini stro da Proteção Social, veio a restring ir ainda mais o dire ito à objeção de consciência - não some nte das institui ções, mas també m das pessoas fís icas ao impor que "a obj eção de consciência

aplicar-se-á somente aos prestadores diretos [ele serviços médicos], mas não ao pessoal administrativo " . Portanto, os funcionári os dos centros ele saúde estão obrigados a cumprir todas as form alidades bu rocráticas reque ridas para o aborto pode r ser reali zado, tornando esses fu ncionári os cúmplices indiretos da matança de inocentes. Agrava ndo essa situação, a Norma Téc nica IV E/2006 impôs aos médicos que invocam a o~jeção de consciência a obrigação de "seguir os códigos de éti-

ca profissional, os quais indicam que se deve remeter as mulheres [que pedem um aborto] a colegas capacitados que não se oponham à prática da interrupção voluntária da gravidez" . O ra, segundo a moral católica, encaminhar uma mulher a um médico aborti sta é uma fo rma ilícita de cooperação material direta com a prática do aborto. É preciso notar que todos esses di spositivos legais, além de violarem gravemente a moral, desrespeitam a própria Constituição colo mbiana, que e m seu artigo 18 declara ex pressamente: "Ga-

ranta-se a liberdade de consciência. Ninguém será incomodado em razão de suas convicções ou crenças, nem compelido a revelá-las, nem obrigado a agir contra sua consciência" .

Apesar do caráter anticonstitucional da legislação, a Corte Constitucional já está punindo as entidades que se recusam a praticar o abo rto. Logo após a despenali zação do aborto, uma menor da região de Cúcuta soli citou um aborto, alegando ter sido violentada. Uma rede de cinco clínicas perte ncentes a uma cooperativa recusou seu co nc urso, arg ume nta ndo que todos os médicos da rede tinham exercido a objeção de consciência. E um hospital uni versitári o da mesma região tam bé m fez o mesmo, alegando não dispor desse serviço. A menor acabou dando à luz ao termo da gravidez. Numa dec isão pione ira de maio deste ano, a Corte ordenou a um juiz admini strativo fixar a indenização que a cooperativa de saúde deverá pagar à menor, por ter desrespeitado seu dire ito ao aborto, e mandou que a Superintendência de Saúde investi gasse a atuação do hospital universitário. Além di sso, deu ordem ao Conselho Superior da M agistratu ra para investi gar dive rsos juízes locais, que sucessivamente nega-

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ram a tutela interposta pela mãe da menor para forçar o abo rto. Esses juízes haviam recusado o pedido, dando como razão que não havia ev idências s uficientes de que a menor tivesse sido vítima de estupro. Esse último aspecto da decisão pode gerar graves conseqüênc ias para juízes que recebem pedidos de tutela para a realização de abortos. Na mesma região de Cúc uta, uma mulher gráv ida de um bebê anencefálico solicitou um recurso de amparo na 10" Vara Cível contra a clín ica Saludvida, que se negava a praticar o aborto. O Dr. José Yáõez Moncada, titular da Vara, declarou-se incompetente, afirmando que depois de receber o recurso sua vida tinha se transformado num tormento, o que o impedia de ser imparcial e o conduziria a uma decisão não jurídica. E explicou: "Isto deve-se ao fato de eu ser um

defensor acérrimo da vida, porque fui criado defendendo-a e respeitando-a, além de ser um fervoroso praticante da fé católica, [. .. ] o que me torna incapaz para tomar uma decisão da natureza que é pretendida". Apesar do sólido fundamento jurídico da dec laração de incompetência (a impossibilidade psicológica de ser imparcial no julgamento do caso), um a ONG pró-aborto denunciou o Dr. Yáõez Moncada diante do Conselho da Magistratura local, e o magistrado corre hoje o risco de sofrer severas sanções disciplinares.

A pressão contra o direito à objeção de consciência dos juízes co lombianos vai de agora em diante aumentar drasticamente, pois o procurador geral da Colômbia, Dr. Edgardo M aya, ass ino u em maio um convênio com a referida ONG (Womens Link Worldwide), visando coordenar as atividades no sentido de garantir "uma adequada implementação

dos serviços legais de interrupção voluntária da gravidez em todo o território nacional". Em outras palavras, a ONG vai denunciar sistematicamente à Procuradoria os juízes que não autorizarem imediatamente os abortos solicitados.

"Se não podem fa zê-lo 'em consciência', que se dediquem. a outra profissão", alardeia a advogada Mónica Roa, diretora da mencionada ONG abortista, sendo e la a ativ ista que introduziu na Corte Constitucional o recurso causador da imposição do aborto na Colômbia.

A tirania das consciências 110 México e na Austrália Um entrechoque similar ao colombi ano, entre os profissionais da saúde e a legislação, começa a dar-se na Cidade de México, após a recente despenalização do aborto nas 12 primeiras semanas de gestação, aprovada no Distrito Federal pelo poder leg islativo local. Em certo sentido, o problema é mais agudo na capital do México do que na Colômbia, porque a objeção de consciência ne m sequer é regulamentada pela Constituição mexicana. Em vista disso,

Manifestação pró-aborto na cidade do México

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o governador do Distrito Federal, Marcelo Ebrard Casaubón , julga-se autorizado a ex igir de todo o pessoal sanitário da cidade o c umprime nto estrito da lei, sem exceção e sem a possibilidade de exercer a objeção de consciência, sob pena ela perda do emprego. No estado austra li a no de Victoria, cuja capita l é Melbourne, foi aprovada em outubro do ano passado uma lei estadual que e liminou as restrições existentes ao aborto, autorizando sua realização até a 24" semana de gestação. O mais grave é que os leg isladores rejeitaram todas as emendas tendentes a proteger a cláusula de consciência dos médicos e enferme iras e inc luíram um dispositivo que os obriga, como na Colômbia, a encam inhar a outro profissional as mulheres que desejam abortar. A associação Catholic HealthAustralia, que reúne 15 hospitais do estado de Victoria, anuncio u que e les não iriam praticar nenhum aborto nem dar indicação de onde ele poderia ser praticado. O diretor, Sr. Martin Laverty, declarou :

" Vamos desafiar a lei para permanecer .fiéis aos nossos princípios católicos. A legislação obriga os funcionários que trabalham em nossos hospitais a agir contra sua vocação e seus princípios católicos".O Cardeal George Pell , arcebispo de Sydney, qualificou de "tirania" a aprovação dessa lei, que desrespeita a consciência dos profi ss ionais da saúde.

O agravamento da situação 110s Esta<los Unidos O mesmo problema está surgindo em hospitai s cató licos americanos. Em alguns estados - California, Connecticut, Florida, Illinois, Kentucky, Maryland, Massachusetts, New York, New Jersey, as leOhio, Oregon e Washington gis lações estaduais ou as diretivas adm inistrativas obrigam os serviços de pronto socorro a fornecer a pílula abortiva dita "do dia seguinte" às vitimas de estupro; ou a encaminhá-las para um provedor; ou, pelo menos, a entregar-lhes material informativo sobre a dita pílula abortiva. Essa pressão imoral e tirânica sobre os hospitais católicos americanos está se estendendo a um número maior de estados, devido ao fechame nto de centros de saúde em áreas rurais (nas quais eles não

Obama, mesmo antes de ser candidato presidencial, já defendia posições radicais a favor do aborto, "casamento homossexual" e outras medidas contrárias à moral católica

são rentáveis), decorrendo disso que haja atualmente 76 hospitais católicos, em 26 estados, transformados em "provedores únicos" - ou seja, estão situados em regiões nas quais não há outro hospital disponível. Outra forma de pressão inaceitáve l sobre os organismos sociais e educativos da Igreja são as le is estaduais de certos estados - notadame nte Califórnia e Nova York - que os obrigam a incluir nos plano de saúde de seus funcionári a os o fornecimento ele anticoncepcionais artificiais, apesar de essas pílulas ou artefatos contraceptivos terem sido condenados como imorai s pela encíc lica Humanae Vitae de Paulo VI. Ficam excluídos dessa obrigação apenas os empregados da Igreja Católica que trabalham diretamente nas atividades especificamente relig iosas, nas paróquias ou na administração diocesana.

Cardeal George: "Primeim passo da democracia para o despotismo" Com a ascensão do presidente Barack Obama ao poder, tal situação de perseguição latente ficará ainda pior para a Igreja Católica. Logo após instalar-se na Casa Branca, a administração Obama iniciou o processo de anu lação de um decreto promulgado pelo presidente George W. Bush que, dando uma interpretação mais

preci sa aos termos da legislação em vigor, reforçou o amparo lega l de que gozam os profissionais e os centros de saúde americanos para recusar-se a praticar abortos e esteri lizações. O Cardeal Francis George, arcebispo de Chicago, após sua primeira audiência com o novo presidente americano, denunciou que os Estados Unidos estão dando

"um primeiro passo, que.fària o país passar da democracia ao despotismo". Esse brado de alarme do Cardeal George foi lançado num vídeo divulgado no site ele Internet da Conferência Episcopal Americana, da qual ele é presidente, e foi motivado pelas recentes iniciativas da nova administração visando limitar o direito à objeção de consciência: "O respeito da

consciência pessoal e da liberdade religiosa constituem nossa proteção fundamental contra a opressão de um governo. Precisamos, portanto, de uma proteção legal para a liberdade de consciência e a liberdade de religião, o que inclui a liberdade das instituições de saúde católicas de serem coerentes consigo mesmas ". Ainda mais preocupante é o espectro de uma futura aprovação do Freedom of Choice Act (Projeto de Lei da Liberdade de Escolha, mais conhecido por sua sig la FOCA], que pretende transformar o aborto num direito da mulher. Tal projeto obri garia legalmente a prestru· seu concurso ao aborto todos os profissionais e

centros de saúde capacitados, sob pena das sanções legais apli cáveis em caso de recusa injustificada de fornecer um tratamento médico. O projeto FOCA - do qual Barack Obama era um dos principais co-signatários enquanto membro do Senado - já foi rejeitado duas vezes pelo Congresso americano; mas agora, como os democratas controlam as duas casas legislativas, o deputado Jerrold Nadler tenciona reintroduzi- lo, sabendo de antemão que não será vetado pelo novo presidente americano. Muitos bispos católicos afirmam que, se o FOCA for aprovado, à Ig reja não restru·á outra alternativa senão fec hru· seus 624 hospitais, porque seria imora l simplesmente retirar seu patrocínio ou vendê-los a terceiros , que começru-iam a uti li zru· suas instalações para praticar abortos. Está em jogo um problema enorme, até do ponto de vista traba lhi sta, pois o fec hamento desses hospitais acarretaria a perda do emprego de mais de 600 mil profissionais e privru·ia de cuidados médicos milhões de paci entes . De fato, nos Estados Unidos, um sexto dos doentes recebem atenção médica em instituições católi cas.

Os problemas c1'esce11tes dos farmacêuticos Uma das ativ idades que, no mundo todo, sofre mais pressões pru·a agir con-

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então fo rnecer aos pacientes referências apropriadas para adqu iri-los. Mais ainda, a lei estadual obri ga o farmacêutico que alega objeção de consciência a colocar um letre iro vi sível na entrada da sua loja, avi sando que não vende tais produtos, mas que o paciente tem o di reito a recebê-los em tempo oportun o. Tal determinação é de molde a indi spor o fa rmacêuti co junto a uma parte da popul ação.

A não-discriminação na adoção de c1·ianças pol' homossexuais

tra a consciência moral de seus profissionais é a farmacêutica. No Chile, em 2007, três grandes redes de fa rmác ias, que se rec usavam a vender a pílula abortiva deno minada "do di a seguinte", fo ram ameaçadas de multa equivalente a 66 mil dó lares, caso mantivessem a decisão. As empresas farmacêuticas acabaram cedendo às pressões do governo, até que, alguns meses mais tarde, a Corte Constitucional julgou a mencionada pílula contrári a ao di re ito à vida, garantido no país andino desde a concepção. Situação mais grave vivem os far macêuticos franceses, porque sua profi ssão não está incluída na lista das que se benefi c iam da cláusula de con sc iênc ia. Desde l 999, a legislação permite a vencia sem prescrição médica, não somente da pílula anticonceptiv a e da pílula abortiva "do di a seguinte", mas até da pílula RU486, que pode ser admjnistrada para provocar o aborto até o terceiro mês da gravidez. O cód igo francês de saúde públi ca autori za o fa rmacêutico a recu sar o fo rnec imento de um produto, ainda que o CATOLICISMO

solicitante disponha de um a receita, caso ele julgue que sua administração possa pôr em risco a vida do pac iente. Porém, segundo uma decisão de 1998 da Corte de Cassação do país, dita recusa deve ser motivada unicamente por considerações de saúde, e jamais por convicções pessoais. Também nos Estados Unidos aumenta gradualmente o número de estados que põe m limites in ace itáveis aos direitos religiosos cios farmacêuticos ou de seus dependentes. Assim, uma lei de novembro de 2007 do estado de Nova Jersey proíbe os farmacêuticos de recusar o fornecimento de um prod uto baseados em motivos morai s, religiosos ou éticos. O governador do estado de Illino is, Roei Blagojevich, rece ntemente destituído, deixou como herança um decreto de urgência, válido por 150 dias, obri gando as farmácias a vender anticoncepcionais ou, pelo menos, transferir o pedido para outra farmácia loca l. O estado da Califórnia obriga os profi ssionais da saúde a fo rnecer fármacos e dispositivos anticoncepcionais ou abortivos, apesar das objeções que tenha em relação a eles, ou

Outra área na qual as entidades e os profi ss ionais católicos estão sendo compelidos a ag ir contra seus prin cípi os morai s são as leis que proíbem qualquer discriminação em relação aos homossexuais. Pouco antes de deixar o poder, o pri meiro ministro britânico Tony Blair fez aprovar uma lei denominada Sexual 0rientation Reg ulations, que proíbe qualquer di scriminação baseada na orientação sexu al qu anto a forn ec ime nto de bens, loca is ou serviços, incluindo a adoção de crianças. A Igreja Católi ca e os angli ca nos pediram uma exceção à lei por motivos reli giosos, mas o governo e o parl amento britâni cos não aco lheram o ped ido; apenas deram do is anos de prazo, que ven-

Criança adotada por ','casal" homossexual

ceu em 1º de janeiro deste ano, para que as agências de adoção das igrej as ajustem seus procedimentos à nova lei. Uma recusa tanto mai s revoltante, porquanto o artigo 18 da lei protege os organi smos sociais que, para promover a causa dos pseudo-direitos homossexuais, praticam a chamada "discriminação positiva" , forn ecendo bens e serviços exclusivamente aos homossexuais, lésbicas ou bi ssexuais. Infelizmente, a resposta das 11 agências católicas - que não dependem diretamente dos bi spos, mas de um diretório autônomo - não tem sido uniforme: uma fechou o serviço de adoção; três estão tentando mudar seus estatutos, e para encaix ar-se no artigo 18, alegam que trabalham exclusivamente em favor de casais heterossex uais, mas até agora seus pedidos foram rec usados; e as demais simplesmente cortaram seus laços institucionais com a Igreja Cató lica e passaram a aceitar casais homossexuais entre os potenciais candidatos para a adoção. Essa traição aos princípios católicos é particularmente escandalosa, levandose em conta que no mês de abril deste ano um caso revoltante indignou a opinião pública do Reino Unido: uma agência social da Escócia retirou o pátrio poder que exercia sobre duas filh as de quatro e cinco anos uma mãe viciada em heroína. Mas, em lugar de entregar as crianças para adoção aos pais dessa mulher, encaminhou-as a um casal de homossexuais, sob a alegação de que os avós estavam velhos demai s para dar um a formação adequada às cri anças ! Convém acentuar que não são tão idosos ass im, o avô tem 59 anos, e a avó 46. Essa fo i a absurda e hipóc rita razão alegada pela agência social escocesa para impedir a adoção das meninas pelos avós e entregá-las aos cuidados de um casa l homossexual! Além da adoção de crianças, o caráter genérico da lei antidiscriminação terá enorme impacto na vida de todos os dias na Grã-Bretanha. Por exemplo, os populares B&B (bread & breakfast), que oferecem ao turi sta um meio barato e confortável de se hospedar, fornecendo ao proprietário uma renda suplementar, são obrigados a aceitar que casais homossexuais pernoitem no domicílio de fa míli -

as honrad as. Caso co ntrári o, terão os B&B que fechar. Até as paróquias que alugam locais para fes tas de casamento, após a cerimôni a relig iosa, estão s uspendendo essa fonte de receita, para não ter qt1e fornecer esse serviço a homossexuais que querem celebrar sua união. Isso já aconteceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, onde uma 'associação protestante, a Methodist Ocean Grove Camp Meeting Association, fo i condenada pela Comi ssão Estadual de Direitos Humanos, em março de 2007, por ter-se rec usado a alugar a um casa l de lésbi cas um local de eventos junto ao mar, do qual ela é pro prietári a. No mês seguinte a associa-

ção conseguiu ganhar um segundo processo, apenas porque pôde demonstrar que, entrementes, tinha cessado de alugar o local para fes tas de casamento. As Sexual Orientation Regulations do Reino Unido estão causando graves conseqüências para os funcionários municipais responsáveis pelo registro civil, os quais ficaram obrigados a presidir as cerimônias civis de pseudo-casamentos homossexuais. Assim, por exemplo, a Sra. Lilian Ladeie (foto abaixo) teve de iniciar um processo contra o condado de Islin gton, ao norte de Londres, alegando estar sendo fo rçada "a trabalhar contra sua consciência", pelas ameaças que sofre de seus superiores e colegas por recu-

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dade homossexual e lésbica, e que isso seja comprovado ". Uma lei imoral é desprovida de qualtJue,· validade jwidica

A político de odocão pelos chamados cosais homossexuais crio mais um problema de consci ência que se somo ao dos méd icos e funcioná r ios de hospitais contrários à prático do aborto

sar-se a oficiar em tais cerimônias. Alegou ser incapaz de ''.facilitar diretamente a formação de uma união que, sinceramente, julga contrária à Lei de Deus ". Outms casos <le perseguição pela rncusa do pseudo-casamento As conseqüências têm sido bem piores para o Dr. Fernando Ferrin Calamita, juiz titular da Vara da Fanúlia de primeira instância número 9, de Múrcia, na Espanha. Ele foi condenado à pena de dois anos, três meses e um dia de inabilitação para qualquer emprego na função pública, sob a acusação de "ter agido sob compulsão homof óbica" e ter retardado de forma supostamente malévola a adoção de uma menina pela namorada lésbica de sua mãe biológi ca. Na realidade, o juiz limitou-se a solicitar diversas peritagens de profissionais, antes de dar a decisão, para assegurar-se de que a menina não seria afetada pelo fato de ter duas mães, em lugar de um pai e uma mãe. A decisão contra o juiz Calamita ainda o culpa de "desprezo pela orientação sexual da adotante", e o condena a indenizá-la com a soma de 6.000 euros e o pagamento das custas do processo. Em janeiro, o juiz interpôs recurso e está à espera da decisão do Tribunal Superior de Justiça de Múrcia. Similar condenação sofreram, em outubro de 2008, doi s méd icos de Sacramento, Califórnia, por terem-se recusado a inseminar aitificialmente uma lésbica, porque ambos estão profundamente convenCATOLICISMO

ciclos de que uma criança deve ser educada por um pai e uma mãe. Não obstante terem pago do próprio bolso para que a solicitante pudesse ir consu ltar outro especialista, eles foram processados e condenados pela Ju tiça por discriminação. Na província de Manitoba, na região central do Canadá, duas lésbicas legalmente casadas, Ginette e Anclrea Markowski , iniciaram queixa-crime por violação dos direitos humanos contra a Dra. Kamelia Elias, médica de origem egípcia, que declinou aceitá-las como pacientes, por causa de suas convicções religiosas e de sua total falta de experiência no tratamento médico de pessoas homossexuais. A diretora executiva da Comissão dos Direitos Humanos de Manitoba declarou que os médicos dessa província canadense podem aceitar ou recusar pacientes, mas unicamente em função do excesso de pacientes, e não de sua orientação sexual. Mas não são unicamente médi cos e juízes a.· vítimas das leis antidiscriminação. Profi ssões mai s modestas são igualment ar tadas. No estado de Novo Méx ico, no sul dos staclos Unidos, a fotógrafa social Elaine Huguenin está sendo processada pela Comissão Estadual dos Direitos Humanos por recusar-se a fotografar a "cerimônia de engajamento" planejada por duas lésbicas. A queixa-crime pede à comissão uma ordem explícita que obrigue a fotógrafa a imo1talizar cerimônias envolvendo casais homossexuais; e pede que, caso o assunto vá até a Justiça, as custas

processuais - que podem ascender a várias centenas de milhares de dólares sejam pagas pela fotógrafa. A pertinácia homossexual não exime nem os vell1in/1os O cúmulo nessa matéria foi atingido em Brighton, Inglaterra, onde um lar para Idosos, de in spiração cristã, perdeu em dezembro de 2008 uma subvenção municipal equivalente a 19 mil dólares. O pretexto dado pe los se rvi ços do município para suspender a subvenção foi a de que as autoridades do Lar demonstraram "discriminação institucional" contra os homossex uais, pois recusaram-se a transmi tir aos res identes um questionári o que indagava a respeito de sua orientação e vida sexual (de velhinhos de até 90 anos !) e rejeitaram o pedido ele co locar fotografias de idosos de orie ntação homossex ual em seu material de propaganda. A alegação foi: "Ainda que as perguntas não tivessem sido respondidas, a recusa de transmiti-las pode ser interpretada como um sinal de hostilidade aos homossexuais, e não apenas como indiferença". Diante das declarações do gerente do Lar, de que "pessoas em torno de 90 anos são muito vulneráveis, e não deveriam ser nwltratadas desse jeito ", o po1ta-voz do município de Brighton limitou-se a afirmar: "O governo municipal requer especificamente que o La,; para poder ser subvencionado, esteja aberto para a comuni-

O caso do Lar de Idosos mostra a meticu losidade com que a revolução anticristã pretende exigir de todos os homens e mulheres honrados - inclusive velhinhos à beirn da morte - que violem suas consciências, prestando colaboração à prática criminosa como a do aborto e anti natural como a do homossexualismo. A qualquer momento, qualquer um de nós pode ser confrontado, por razões profissionais ou outras, a este ctilema: obedecer a Deus, desrespeitando a norma legal e assumindo todas as conseqüências, ou obedecer a legislação, violando a lei moral e os ditames da consciência. Para jamais nos afastarmos do cam inho cio bem, cumpre nessa hora lembrar o que ensina a doutrina católica sobre as leis contrárias aos Mandamentos e à Lei natural: elas simplesmente não tê m valor jurídico e não obrigam em consciência. Até pelo contrário, por vezes elas impõem o dever de resistência ao abuso de poder. Já explicava a respeito desse assunto o Papa João XXíll , em sua Encíclica Pacem in Terris : "A autoridade é exigência da ordem moral e promana de Deus. Por isso, se os governantes legislarem ou prescreverem algo contra essa ordem, e portanto contra a vontade de Deus, essas leis e essas prescrições ncio podem obrigar a consciência dos cidadãos. [. ..] Neste caso, a própria autoridade deixa de existir, degenerando em abuso do poder". Aplicando esse en. inamento às leis contrárias ao caráter sagrado da vida humana inocente, declarou o Papa João Paulo II na Encíclica Evangelium vitae: "As leis que autorizam e.favorecem o aborto e a eutanásia colocam-se, pois, radicalmente não só contra o bem do indivíduo, mas também contra o bem comum e, por conseguinte, carecem totalmente de autêntica validade jurídica". E o Pontífice conclui : "Leis deste tipo não só não criam obrigação alguma para a consciência, como, ao contrário, geram uma grave e precisa obrigação de opor-se a elas através da objeção de consciência". Esse ensinamento consta também no Catecismo da Igreja Católica, em seu nú-

mero 2242, que declara o seguinte: "O cidadão é obrigado, em consciência, a não seguir as prescrições das autoridades civis, quando tais prescrições forem contrárias às exigências de ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos ensinamentos do Evangelho. A recusa de obediência às autoridades civis, quando as suas exigências forem contrárias às da reta consciência, tem a sua justificação na distinção entre o serviço de Deus e o serviço da comunidade política. 'Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus ' (Mt 22, 21 ). 'Deve-se obedecer antes a Deus que aos homens' (At 5, 29)". Grave obrigação que, em circunstâncias excepcionais, pode pedir de nós até o sacrifício da vida, como fizeram os mártires. De onde tirar forças nessa emer-

gência? Da graça de Deus e do hábito de respeitar sua santa vontade. Como ensina João Paulo II na já citada encíclica: "É precisamente da obediência a Deus - o único a Quem se deve aquele temor que significa reconhecimento da sua soberania absoluta - que nascem a força e a coragem de resistir às leis injustas dos homens. É a força e a coragem de quem está disposto mesmo a ir para a prisão ou a ser morto à espada, na certeza de que nisto 'está a paciência e a.fé dos Santos' (Ap 13, 10)". Admirável exemplo de obediência irrestrita à Lei de Deus e fidelidade à sua consciência católica foi-nos dado pela coorte de mártires sacrificados durante as cruéis perseguições do paganismo, na época da Igreja primitiva. • E-mail do autor: j, ureta@ca1olicisrno.co rn .br

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~ recusa de obediência às autoridades ~ - · vis, quando as suas exigências forem con- ~ trórias às do reto consciência, tem a sua" justificação no distinção entre o serviço d ,: Deus e o serviço da coiiÍunidade políticd:,,ii 'Dai a César o que é de César, e a Deu~. o que é de Deus' (Mt 22, 2:"/). ) Deve-se o~decer antes a Deus que aos homens' (Atl~, 29)" (Catecismo do Igreja Católica, 2242 '. '

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São Paulino de Nola S anto extraordinário, que mereceu o unânime elogio dos quatro Doutores da Igreja Latina: Santos Ambrósio, Agostinho, Jerônimo e Gregório Magno n

Relicário com parte do crânio de Sôo Paulino

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PuN1 0 M ARIA SouMEO

Meropio Pôncio Anóc io Paulino nasceu pelo ano de 353 e m Bordéus (França), de uma das mai s ilu stres fa mílias de Roma. Seu pai, ao exercer as funções de prefeito do pretóri o nas Gáli as, havi a se fixado na região . O menino, logo ao nascer, fo i consagrado a São Fé li x de N ola, márt ir. Embora a fa mília se ti vesse convert ido à verdadeira religião hav ia 50 anos, não a praticava com fervor. Por isso o batismo de Paulino fo i protelado indefi nidame nte. Chegando à idade de estudar, Pau1ino teve por mestre o fa moso Ausônio Galo, que passava por ser o primeiro orador e mais excelente poeta do tempo. E este, "toda sua glória a

pôs na formação daquele discípulo brilhante e dócil, em. quem via desponta r as suas mesmas qualidades. Paulino começava a distinguir-se na poesia e na eloqiiência". 1 Pa ulin o ded icou-se posteriormente também ao estudo da fil osofi a, ciências naturais e dire ito. Di vidido entre as glól'ias e o Sel'viço de Deus Aos 20 anos Pa ulin o to rn ou-se herdeiro de uma régia fo rtuna: cidades, granj as, bosques, minas e escravos es palhados pe las prov íncias da Itália, das Gálias e da Espanha. Concluídos seus estudos, di rigiuse à capi tal do Império. A li logo se fez notar por sua eloqüência, fa usto e talento prático, abrindo muito e m breve o caminho para os cargos públicos:

governador do Ép iro e talvez prefeito de Roma, e certamente cônsul suple nte e m 378; logo e m segui da, senador e govern ador da Campanha. Nessa última fun ção, morando em No la, peque na cidade de seu patrimônio particul ar, recebeu um primeiro impul so da graça para dedicar-se inteiramente a De us. Um dia, enquanto rezava no santuário de São Féli x, sentiu um profu ndo movi mento de alma: "Às portas daquela igreja - dirá mais tarde - senti que minha alma se voltava para a fé, e que uma lu z nova abria meu coração ao amo r de Cristo". E ntretanto, essa graça não determinou sua conver ão. E m um a viagem pe la Espa nha, co nheceu um a jovem de virtude incomum , c hamada Teresa, e com ela se casou. Ela será a companheira de sua vida, prime iro co mo es posa, e depo is como irmã, ajudando-o a abandonar o mundo. Antes d isso, poré m, e le te ri a que vi ajar constante me nte pelas Gáli as, Itáli a e Espanha, tanto e m negócios público. como para cuidar do patrim ôni o fami liar. Nessas vi agens, d iri g ia-se quando podi a a Milão, onde brilh ava por sua santidade e tale nto Sa nto Ambrós io. Este, ve ndo as grandes qua li dades do vi sitante, tratava-o co m todo carinho, incentivando sempre seus lados bons. Paulino era sensíve l a isso, e escreverá ma is tarde: "Sempre.fui amado por Ambrósio, que m.e ali111entou nafé". Foi lá que provavelmente conheceu Santo Agostinho e Alípio, aos quais depois escreveu várias cartas. Numa das viagens às Gália ·, foi vi sitar São Martinho, bi spo de Tours, que o curo u de uma enfe rmi dade na vista.

Ideal <le vida cômo<la e medíocre Nessa época Paulino não tinha ai nda sido conqui stado pelo ideal de santidade. Q ueri a uma vida virtuosa, sim, mas bastante com um. Em uma oração poética que compôs nesse tempo, expressou seu idea l de então: viver fe li z

e sem nada de censurável, sem despertar nem sentir inveja, ser acessível aos desgraçados, gozar do carinho fi el de sua esposa e das delícias da ami zade, ter uma mesa bem abastecida e conseguir o paraíso sem sacudidas nem estremec ime ntos. 2 Isso, apesar de nessa época afirm ar: "Estudei muito, e percorri o ciclo de todos os sistemas, mas nada achei melhor do que crer em Cristo". 3 Só en-

Santo Ambrósio sempre manifestava grande estima a São Paulino, quando este passava por Milão

tão, e por infl uência de outros dois de seus melhores a migos - São Delfi no, bi spo de Bordéus, e Santo Amando, que seri a sucessor deste - Pauli no resolveu receber o batismo no ano 39 l, na idade de 38 anos. Foi quando escreveu ca lorosa carta a Santo Agostinho, elog iando os cinco li vros daquele Doutor da Igreja contra os hereges maniqueus.

Sofrimento prnlic110 · e l'llptura com o m1111do A partir do batismo, Paulino fez constantes progressos na vi a da perfe ição. Como e le mes mo d iz, fo i co mo "o viajante qué, avançando

sempre sem retroceder jamais, chega wn dia insensivelmente à fron teira, e a traspassa ". 4 Não pode ndo encontrar na Aquitânia a tranqüilidade que proc urava, foi em 390 para Barcelona, ali vivendo pelo espaço de quatro anos com sua esposa, em estudo e recolhimento. Mas o sofrimento, que acompanha o homem ao nde quer que vá, o vi sitou duas vezes: e m 392 seu irmão foi vítim a de uma re volução, e esta morte o afetou muito, sobretudo ao pensar que o falecido havia fe ito muito pouco pela salvação eterna. Outra dor maior o espe rava: depois de ter rezado muito para ter as alegri as da paternidade, o filho tão desejado vi veu some nte oito dias. Pa ulino compreendeu então que Deus o queri a inteiramente li vre para seguir seu chamado. De acordo com Teresa, fez voto de castidade perpétua, ras pou a cabeça e vestiu um hábito de monge. Entretanto, na noite de Nata l do ano 393, quando Paulino e Teresa assistia m aos ofícios na catedral de Barcelona, os fiéis se le vantaram e supli cara m ao bi spo que confe ri sse a ordenação sacerdotal ao a nti go senador. Apesar das res istências, fo i fo rçado a ceder, sob a condição de que pudesse retirar-se para o local que lhe parecesse melhor para o serviço de De us. "Era wna ordenação anticanônica; as leis da Igreja começavam a condenar esses piedosos tumultos, se bem que se tenha que reconhecer que o povo tinha um instinto maravilhoso para escolher seus sacerdotes: Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Basílio e º· São Gregório Nazianzeno haviarn subido desta maneira às ordens sag radas . Pouco canônica era também aquela liberdade que Paulino recla1nava, mas o santo mártir da Campanha (São Félix) o atraía invencivelmente ". 5 Paulino viu que era chegada então a hora para a ruptura definitiv a com o mun do . Ve nde u todos seus be ns na Espanha, e distribuiu o produ to pelos pobres. De lá fo i para as Gálias, onde fez o mesmo: "Deu liberdade a seus

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Construidas para a festa que rememoro a .&"Cinto para Nola, após ele ter permoneci lgum tempo escravo do bórboro Atoulfo

escravos; abriu aos necessitados seus silos, que estavam repletos de grãos, e empregou o dinheiro que obteve da venda de suas terras e casas em resgatar cativos, libertar prisioneiros, ajudar uma infinidade de famílias que diversos acidentes haviam arruinado, pagar as dívidas dos que eram perseguidos por seus credores, fornecer a subsistência a um grande número de viúvas e órfãos; em casar jovens pobres que a necessidade poderia levar à vida desordenada; em prover socorro aos doentes; e, para tudo dizer em uma palavra, enriquecer os pobres empobrecendo a si mesmo". 6 Paulino partiu com Teresa, agora sua irmã, para Roma. Mas lá foi recebido com frieza pelo papa São Sirício, que via com maus olhos sua ordenação sacerdotal precipitada e sua situação a respeito de Teresa. Pelo contrário, os amigos de São Jerônimo e de Santa Paula o receberam com entusiasmo. Em Nola, Paulino reformou um hospital que tinha mandado constru ir junto ao sepulcro de São Féli x, reservou uma parte para si e mais alguns companheiros, e uma ala para Teresa e algumas piedosas mulheres. "Tu serás minha casa,

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minha família e minha pátria ", disse ele ao santo mártir. Antes amigo da boa me sa, como vimos, agora Paulino e companheiros comiam só ervas, não bebendo vinho. O traje do antigo governador da Campanha era agora uma túnica-cilício de pele de camelo ou de cabra. Ele e os seus guardavam religiosamente o silêncio, e várias vezes por dia rezavam o ofício divino, seguindo as regras de Santo Agostinho.

Suprnmo ato de caridade para resgatar um cativo Depois de 15 anos nessa vida austera e penitente, em 409 os habitantes de Nola escolheram Paulino para seu bispo. A hora era crítica, poi s Alarico havia se apoderado de Roma e desc ia em direção a Nola, que foi devastada. Paulino perdeu o palácio episcopal, vendose reduzido à miséria. Foi quando uma viúva foi implorar-lhe auxílio para resgatar o filho único, que os bárbaro s haviam seqüe s trado . Ocorreu então este fato surpreendente, narrado por São Gregório Magno, só possível numa civi lização verdadeiramente cristã: nada tendo para dar à viúva, Paulino se entregou para resgatar o filho dela.

E assim viu-se escravo de Ataulfo, genro de Alarico. Maravilhado pela virtude e sabedoria do novo cativo, que praticara tão elevado ato de caridade, Ataulfo ficou sabendo que ele era bispo. Profundamente comovido, não só deu-lhe a liberdade, mas a todos seus diocesanos . Era uma época em que até os bárbaros admiravam a virtude. Quando Santo Agostinho escreveu a São Paulino sobre a heresia pelagiana, o bispo de Nola condenou também esse erro capcioso que, negando o pecado original, acabava negando a necessidade da graça. E excomungou vários de seus sacerdotes que favoreciam a heresia. Um fato curioso é que São Paulino de Nola é considerado o inventor dos sinos das igrejas. Não que eles antes não existissem, mas parece que foi ele o primeiro que teve a idéia de fazer fundir grandes sinos que, suspensos ao lado das igrejas, chamassem os fiéis para os divinos ofícios. São Paulino de Nola faleceu no dia 22 de junho do ano de 431. • E-mail do autor: pmso li meo@cato lic ismo.com br

Notas: 1. Fr. Justo Perez de Urbe) , O.S.B., Afio Cristiano , Ediciones Fax, Madrid, 1945, to mo 11, p. 677 . 2. Cfr. ld. p. 681. 3. Edelvives , ELSanto de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1947, tomo Ili, p. 535. 4. Id. ib. p. 536. 5. Fr. Justo Perez de Urbe(, op. cil. , p. 685. 6. Les Petits Bollandistes, Vies eles Saints, Bloud et Barrai, Paris, 1882, tomo Vil, p. 225 . Outras obras utilizadas: - Pe. Pedro de Ribade neyra, S.J. , F ios Sanctorum, in Dr . Edu a rdo M. Vil a rrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compaliía, Barcelona, 1896, tomo li . - Klemens Lõftler, St. Paulinus of Nota, in The Catho li c Encyclopedia, Online Editi on 2003 by Kevin Knigth.

Homenagem internacional ao Arcebispo de Olinda e Recife V erdadeiro "estrondo publicitário" foi articulado, para denegrir a Igreja e favorecer a legalização do aborto no Brasil, contra Dom Cardoso Sobrinho que, entretanto, recebeu caloroso apoio no meio católico li PAU LO ROBERTO CAMPOS

P

ara homenagear Dom José Cardoso Sobrinho, por sua contundente atitude contra o aborto, aproximadamente 1500 pe ssoas (foto acima) lotaram o auditório do Colégio das Damas Cristãs, um dos mais conceituados de Recife, localizado na zona norte da cidade.

Apresento a seguir um relato da sessão, baseado em notícias de jornais do Nordeste e em mensagem enviada por email pe lo amigo Frederico Hosanan Sitônio de Freitas, residente naq uela capital, a quem agradeço também pelas fotos do evento, algumas das quais são aq ui reproduzidas. A sessão foi aberta com o Hino Nacional, e cantos religiosos foram intercalados entre os pronunci amentos dos

oradores. O clima era de entusiasmo pela pessoa de Dom José, por sua atitude firme contra o aborto.

Prêmio Cardeal von Galcn O e vento, realizado no dia 16 de abril , foi promovido pel a instituição católica norte-americana Human Life Internacional (HLI), com sede e m Front Royal, no estad o norte-americano de Virginia, que atua e m 86 países. A e ntiJUNHO2009 -


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violentamente a opini ão pública contra a posição ela Igreja Catól ica, que defende a vicia desde a concepção. Na ocasião, algu ns ecles iásticos e leigos assumiram escandalosa posição contrária ao arcebispo, portanto em oposição à clara doutrina católica sobre a matéria . Para melhor compreensão cio caso, leia o artigo Em Recife, tentativa de que-

brar a barreira psicológica contra o aborto, publicado na edição ele abr i1/ 2009 ele Catolicismo.

Human Lifc Internacional homenageia o arcebispo O diretor ela HLI para países ele língua portuguesa, Raymoncl ele Souza (foto à esq. ao lado de Dom José), explicou o sentido cio prêmio conced ido ao prelado: "O prêmio le va o nome do Bem-

Aventurado Clemens August von Galen (1878-1946), o qual foi cardeal de Münster (Alemanha) durante a era nazista. Levantou sua voz em def esa elos pobres e elos doentes, protestando contra a eutanásia, a perseguição aos judeus e a expulsão dos religiosos. Por

clacle homenageou Dom Cardoso Sobriclifunclinclo a notíc ia ele que a menina nho com o prestigioso prêmio Cardeal corria risco ele morrer, o que ficou comvon Galen, por sua luta empreendida provado ser fa lso). Tentava assim jogar em defesa ele nascituros ameaçados ele abo rto. Tal prêmio é conced ido a persona lid ades que se destacam em defesa » L UTA CONTRA O ABORTO ela vicia inocente. Como é ele conhecimento público, o arcebispo ele Ol inda e Recife batalhou firmemente em defesa ela m enina G.M .B.S, ela cidade ele Alagoinha (PE), para que e la não abortasse seus gêmeos, concebidos em decorrência ele um estupro praticado por seu próprio padrasto. Se o duplo aborto fosse efetivado alertou então Dom José Cardoso Sobrinho - os responsáveis pelo mesmo incorreriam automaticamente na pena ele excom unhão, em conformidade com o disposto pelo Código ele Direito Canônico. Apesar do a lerta episcopal, a meni SOLENIDADE Em audilório lotado, o arcebispo afirmou que a polêmica eslÍI rcmlrndo hons resultados na, gráv ida ele c inco meses, foi obrigada a abortar seus dois bebês, ficando assim caracterizado o crime ele homicídio por ,0 parte cios responsáveis pelo aborto.

1 Grupo dos EUA homenageia dom José

MÍ<lia "excomunga" o arcebispo

8 .g -

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ianle de ,uais de J.200 fi éis, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, recebeu ontem prêmio da

comunhão dos envolvidos. Com a repercussão inlemaciona!, a HLI , entidade católica, reco nheceu dom José Cardoso por ten-

sem incentivados a cometer es.se lipude cri111e." Ames da entrega do premio, o advogado Márcio Miranda, da arqui-

A mídia pró-aborto (nacional e inter- g nac io na 1) moveu então um a virulenta ,. w ....................~....._..................-L1.....___,_=-1:='""""i...:....""-""""".u,,.c.,1.i....m1J.._--<1"""'"'-''"""=lll..l.=..awwwi=-----' campanha contra o prelado, denegrindoO chefe do bureau da HLI em Roma, Monsenhor lgnácio Barreiro- Corámbula o e adu lterando os fatos (por exemplo, ao lado de Dom José, que tem nas mãos o le.mbrança da homenagem CATOLICISMO

causa ele sua coragem., ficou conhecido como o 'Leão de Münster '. "O lema que ele escolheu, ao ser eleito bispo, foi : 'Nem elogios nem ameaças' [me distanciarão ele Deus]. E verdadeiramente viveu conforme o seu lema (ver quadro ao lado). "Dom José ousou enji-entar a mídia do mundo todo, não teve medo ela impopularidade. [. .. ] Ele se destacou pelo empenho com que lutou pelos dois gêmeos nascituros daquela pobre menina grávida de apenas nove anos de idade, emface ele tanto nega1ivismo difundido dentro e fora ela Igreja. "Ele merece ter sua coragem reconhecida por ter de.fendido a vida. Foi uma atitude heróica. E ver um arcebispo ele 75 anos não ter medo de ser impopula,; é louvável. A m.íclia atacou Dom José no mundo inteiro; ele não foi atacado por uma coisa má que tenha .feito, mas por uma coisa boa " . O chefe do bureau da HLI em Roma, Monsenhor lgnácio Barreiro-Carámbula, JD, STD, elogiou o arcebispo pelo "he-

róico cumprimento de sua missão episcopal". E acrescentou: " Vossa Excelência teve a intenção de levar arrependimento aos que .fizeram o aborto, e de advertir os demais católicos para que não fossem incentivados a cometer esse tipo de crime". * * * Na mesma sessão, o advogado da arq uidiocese, Dr. Márcio Miranda, demonstrou que a menina não estava correndo risco de morrer, e expôs como o caso havia sido manipulado. No final, Dom Cardoso agradeceu a solidariedade de todos os presentes em sua luta contra o aborto - numa época em que milhões de nascituros são executados - afirmando que a polêmica que o envolveu "está produzindo bons fru-

tos, pois despertou a consciência elos católicos sobre a necessidade de colocar a Lei de Deus acima de qualquer lei humana. Divulguei simplesmente o que diz a Lei da Igreja. Não.fui eu que a promulguei. É a Lei ela Igreja que diz: quem comete este delito, está automaticamente excomungado. Ofereço essa homenagem especialmente às duas criancinhas mártires e também à sua mãe " . •

Cardeal von Galen O "Leão de Münster" Nascido em 16 de março de 1878 no castelo de Dinklage em Oldenburg (A lemanha), o cardeal Clemens August, conde von Galen, era filho ele ilu stre e numerosa família católica de origem nobre. Seus pais, o conde Fercl inancl Héribert von Galen e Elisabeth, nascida condessa von Spee, basearam a educação de seus filhos numa fé profunda e num grande espírito de fam íli a. Foi ordenado sacerdote e m 28 de maio de ] 904, na catedral de Münster. No dia 5 de setembro de 1933, o Papa Pio XI nomeou-o bispo da diocese de Münster. A 23 de dezembro de 1945, o Papa Pio XII elevou-o à dignidade de cardeal. Por ter combatido energicamente o Partido Nacional-Socialista (nazista) - devido à perseguição que este movia contra a Igreja, e também à promoção da eutanásia contra e nferm os e idosos - foi cognominado Leão ele Münster. Com tal combate, o cardeal von Galen sabia q ue seria alvo da vingança do governo nazista. E ntretanto, não vacilou. Mesmo correndo risco de ser assass in ado, estava pronto para o ma.rtírio. Hitler planejou enforcá- lo na praça pública de Mün ster. Mas Goebbels (ministro da propaganda nazista), percebendo que tal martírio uniria ai nda mais os católicos alemães, aconselhou o Führer a deixar o "acerto de contas" para depois da "vitóri a final". A "vitória final" não se deu ... A Alemanha perdeu a guerra e o nazismo saiu derrotado. Corno um rochedo, o Leão permaneceu de pé junto a seu clero e dioce. anos. Faleceu em 22 de março de 1946, faze ndo juz a seu lema, "Nec laudibus, nec timore", como modelo do bom Pastor, que luta defendendo seu rebanho em tempos difíceis. No dia 9 de outubro de 2005, foi beatificado por Bento XVI que, na ocas ião, enalteceu o combate empreend ido pelo novo bem-aventurado contra a eutanásia.

E-mail do autor: pr-ca mpos @cato licismo.com.br

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A mãe que rejeitou o presente de Deus Ü conto transcrito abaixo põe em evidência os desígnios de misericórdia que Deus tem quanto a toda criança que está por nascer, e corno à mãe incumbe o grave dever de zelar pelo cumprimento desse plano divino. ■

Cio

ALENCASTRO

augustíssimo Conselho da Santíssima Trindade - Pai, Filho e Es píri to Santo - , e nvolto em seus eternos e divinos resple ndores, reuniu-se para deliberar. Tratava-se de decidir as qualidades que seriam comuni cadas às novas almas a serem criadas, a fim de que no mundo a mi sericórdi a de Deus pudesse exercer-se com largueza ainda maior. Desta maneira foram sendo escolhi dos casais em todos os rincões dos cinco continentes, nas ilhas mais afastadas, e em toda parte onde houvesse vida humana, a fim de que gerassem filhos portadores de bênçãos especiais, para que cada qual viesse a realizar a missão a ele atr ibuída pelo Criador. Já as escolhas estavam feitas e as decisões tomadas, quando a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade revestida da natureza humana, Jesus Cristo Nosso Senhor, pediu ao Padre Eterno que fosse criada mais uma alma; e que esta fosse ornada de todos os dons e graças já distribuídos às demais, de modo a representar, de algum modo, a síntese de tudo quanto naquela ocasião havia sido destinado às outras; e com isso, tal criatura pudesse dar a Deus uma glória especial. - Meu Filho bem-amado - respondeu o Padre Eterno - , a sua vontade é a minha vontade, os seus projetos são os meus projetos, e o Espírito Santo forma conosco um só desejo e uma só ação. -

CATOLICISMO

E assim fo i fei to. Aos anjos e santos do Céu foram comunicadas as decisões tomadas, para grande alegria e ex ultação de todos. Numa cidade do Brasil , a vontade misericordiosa de Deus favorece u então uma mulher, Jaína, e seu esposo, para que deles nascesse uma cri ança especialmente dotada, em face de um futuro altamente promissor. Passado, porém, o primeiro mês após a concepção, Satanás começou a desconfiar que aquela criança tinha algo de particular, e poderia até ser um futuro inimi go seu, difícil de vencer. O demônio - homicida desde o princípio (]o, 8, 44) - não duvidou em soprar no ouvido de Jaína: - É melhor para você abortar o.fruto de seu ventre. Afinal, você já tem outros.filhos, e mais um constituirá um peso insuportável. Você não poderá dedicarse a seu trabalho, gozar seus prazeres, tomar suas liberdades, se esse importuno _vier a conhecer a luz do dia. Há um direito da mulher a seu próprio corpo, que você poderá exercer livrando-sedesse pequeno ser indesejável; e ninguém tem nada a ver com isso. . A princípio Jaína não concordou com aquela argumentação sofística do pai da mentira, mas teve a fraqueza de não repeli -la de pronto, deu-lhe ouvidos e sentiu ni sso um certo comprazimento. Foi o suficiente para que o demônio desse mais um passo e lançasse sobre seu espírito uma névoa pegajosa de confusão, na confusão a dúvida, e na dúvida o estremecimento da alma. Seguiram-se semanas de indecisão, de temores, de pavor.

O pai da criança estava viajando. Jaína sabia que, se abortasse voluntariamente, cometeri a pecado mortal, ficaria sujeita à lei da excomunhão, segundo o Códi go de Direito Canônico; e, de algum modo, escrav izar-se-ia ao demônio. Os anjos do Céu procuravam de todas as formas ajudar a pobre mãe com santas in spirações, incutindo clareza a seus pensame ntos, fo rtalecendo- lh e o ânimo, ajudando-a a ordenar sua sensibilidade desvairada. Desejavam o bem dela, mas sobretudo tinham em vi "ta a rea li zação do desígnio divino sobre aquela cri ança, com conseq üente vantagem para toda a human idade. Não sabendo mais o que fazer , os santos anjos dirigiram-se então até o trono da Rainha do Céu e da Terra, rogando-lhe que intercedesse junto a seu Divino Filho para que não se frustrasse pl ano tão excelso relativo aos desígnios divinos quanto àquele nascitu ro. - Ele nada vos nega - disseram os anj os à Mãe de Deus - Pedi e obtereis. Nossa Senhora acedeu ao pedido, e ajoelhou-se hu mildemente ante o trono de se u Filho. Ao vê-la , o rosto d 'Ele se encheu de alegria. De degraus do trono e levantou-a

delicadeza de um filho e a autoridade de um Deus. Tendo a Virgem Santíssima exposto a razão de sua embaixada, Jesus Cristo respondeu-lhe: - Nunca nada te neguei, jamais te negarei qualquer coisa. Porque me pedes, essa criança não morrerá; nascerá e terá todas as condições para realizar a missão que o solene Conselho da Trindade lhe designou. Quanto à mãe, porém, um decreto eterno da sabedoria divina, que se aplica a todo o gênero humano, impede que eu lhe force o li vre arbítrio; de modo que, como qualquer mortal, ela será responsável pelos seus atos diante do Tribunal de Deus. Enquanto tais sublimidades se passavam no Céu, no coração daquela mãe desnaturada, pressionado por más inclinações e angústias, as sugestões diabólicas pesaram mais na balança interior do que as inspirações angélicas. Jaína tomou a trágica decisão de livrar-se de seu filho . Ela não conhecia, evidentemente, o futuro grandioso que a Providência Divina preparava para aq uele pequeno ser, mas era responsável pelo que faz ia. E sabia também que Deus tem desíg-

nios de misericórdia a respeito de toda e qualquer alma, a ninguém cabendo o direito de interromper os caminhos do Criador. Dominada por um acesso de desvario, Jaína resolveu dirigir-se imediatamente a uma clínica abortista. Na pressa em descer as escadas de sua residência, escorregou; e ao cair, bateu a cabeça no corrimão. Encontrada desmaiada, foi logo conduzida a um hospital , onde os exames atestaram perda de consciência por tempo indefinido, devido ao acidente. Inconsciente, foi ela alimentada por sonda durante vários meses, até que se completou o tempo de dar à luz uma bela e robusta criança. Uma parente próxi ma de Jaína, pessoa generosa, ficou encantada com o recém-nascido; com a permi ssão do pai da criança, levou-a para

sua casa, a fim de cuidar dela como o mais novo rebento de sua numerosa prole, e a batizou . No Céu, a alegria dos anjos e dos santos foi intensa, e o cântico do Magnificai foi entoado espo ntaneamente para agradecer a Nossa Senhora. Ela, por sua vez, voltou-se para o trono de seu Divi no Filho e cantou o Te Deum laudamus, Te Donúnum confitemur. Algum tempo depoi s, Jaína rec uperou a consciência, mas não inteiramente a lucidez. Nem se lembrou de que estivera para dar à luz, e nada perguntou a respeito. Viveu ai nda uma subvida , até que acabou por ser internada num as ilo administrado por irmãs de caridade. Nunca mais se soube nada sobre ela. • E-mail do autor: cidalencastro@catolicismo.com.br

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trabalho manual de fazer soar os sinos, e que a tendência é para a máquina substituir o homem. Sabemos isso, e muita coisa mai s que se queira alegar. Mas sabe mos também que um coração verdadeiramente católico não pode deixar de entristecer-se com o desaparec imento desse ofício, tão representativo da vida cató lica, substituído pela fri eza do ato de apertar um botão mecânico, também ele tão representativo de uma civili zação anticatólica.

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C om diversas funções, tanto para cha111ar os fiéis às f estividades quanto para anúncios tristes, os sinos não podem emudecer; mas, lamentavelmente, é o que vem acontecendo g GREGÓRIO VIVANCO LOPES

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P

oucos objetos têm tão entran hada e m si a cato!iciclade quanto os sinos. A Igreja, na sua sabedori a, instituiu inclusive uma bênção especial para eles. E ntre as características mais marcantes de seu som sagrado, está o de atrair os anjos e afastar os demônios. O próprio ato ele tocar os sinos, puxando aquela corda característica e inconfundíve l, ele algum modo participa das graças do sino. Segundo o famoso teólogo francês Mons. Gaume, "a corda que serve para tocar o sino, essa corda que sobe e desce sem cessa,; indica o trabalho do pregador, e é também imagern da nossa vida" (L'Angelus au dix-neuvieme siecle, Editions Saint-Remi, 2005). -

CATOLICISMO

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Por isso, é com indi zível tristeza que ficamos sabendo, pel a BBC News (25-8-08), que "ern Roma - a capital da Cristandade, que tem cerca de 600 igrejas, com mais de J500 sinos nos seus campanários - a antiga arte de tanger os sinos quase morreu. Os tocadores de sino são urna raça em extinção. O seu lugar foi tomado por equipamentos automatizados que, em muitas igrejas, substituíram a tradicional corda de sino. Cada igreja costuma va ter um sacristão, cuja tarefa era tocar os sinos". Sabemos bem que os múltiplos probl emas trazidos pela civilização moderna dificultam cada vez mais esse prec ioso

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como Dom Battista Pansa, pároco da Igreja da Transfiguração - continua a tocar seus sinos manualmente. 'Aos domingos, quando as crianças vêm para a Missa - diz ele - gosta,n de puxar as cordas do sino. E quando estou sozinho na igreja e não há ninguém por perto, enLão eu puxo as cordas do sino como qualquer outro paroquiano'. "Depois de tudo, até ,nesmo o Vaticano j á abandonou a prática de puxar manua /menle a corda, em favor de pressionar wn botão para tocar ". • E-mail do autor: gregori o@catolicismo.com.br

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E quem não vê que os própri os sinos vão sendo margin alizados e tendem a desaparecer!? Prossegue a BBC: "Durante séculos os sinos das igrejas de Roma, além de ,narcar as horas, tocavam para anunciar a morte de um. Papa, celebrar as grandes f estas de Natal e Páscoa, e chamar os .fiéis para a Missa aos domingos. "Segundo Fabio Angelici, especialista em instalar mecanismos para tocar sinos, 'os romanos perderam o hábito de desfrutar a beleza do dobre de sinos das igrejas, aos domingos pela manhã, e acordar ao som deles. Pelo contrário, o som dos sinos tornou-se um incômodo para muitas pessoas. A lei agora limita o toque de sinos das igrejas, como se .fizessem parte de um sistema de alarme'. "No norte da Itália, existem milhares de qficionados em Loca r sinos, mas em Roma, aparen temente, não existe nenhum. " Uns poucos romanos que ainda gostavam dos sinos têm desaparecido com o curso do tempo, diz Angelici, cujo pai trabalhou na última fundição de sinos que havia e,n Roma, fe chada em 1993, após 500 anos de atividade. 'Se alguém nas redondezas se queixa do ruido, alegando que provoca angústia ou danos, a policia tem agora o poder de silenciar os sinos. Não fa z muito tempo que o sino da igreja era o sinal para as pessoas irem ao trabalho, e para vollar para casa almoçar ao meio-dia. Tudo isso acabou agora '. "A penas uma ínfima minoria de sacerdotes romanos JUNHO2009 -


Menores. Tinha o dom de profecia, sendo favorecido com êxtases.

5 São Bonifácio, Bispo e MárLir

1 São Panfílio e Companheiros, Mártires

+ Cesaréia (Palestina), 309. O maior dos exegetas do seu tempo, Panfílio fundou uma escola bíblica, centro de saber e virtude. Encarcerado e torturado em virtude de sua fé , foi depois martirizado com alguns discípulos e companheiros de prisão.

2 São Nicolau, o Peregrino, Confessor

+ Trani (Itália), 1094. Jovem grego, visitava os santuários do sul da Itália a pé, carregando pesada cruz e cantando o Kyrie Eleison. Faleceu aos 19 anos de idade. Muitos milagres se operaram em seu túmulo.

+ Dokkun (Holanda), 754. Inglês de nascimento, foi o apóstolo da Alemanha. Resignou a sua sé episcopal para trabalhar os últimos anos de vida reconvertendo os frísios (holandeses), que haviam recaído no paganismo, sendo por eles martirizado. Primeira Sexta-feira do mês

6 São Norberto, Bispo e Confessor

+ Magdeburgo (Alemanha), 1134. Clérigo mundano convertido por causa de um raio, tornou-se pregador itinerante, fundando depois os Cônegos Regulares (Premonstratenses). Foi nomeado posteriormente arcebispo de Magdeburgo. Primeiro Sábado do mês

7 DOM INGO DA SANTÍSSIMA TRJNDADE

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São Carlos de Luanga e 22 Companheiros , Mártires

São Medard, Bispo e Confessor

+ Uganda, 1886. Carlos, oficial do Rei de Uganda, convertido com outros funcionários pelos Padres Brancos, foi com eles queimado vivo.

4 São Francisco Caracciolo, Confessor

+ Agnone (Itália), 1608. De nobre família napolitana, fundador da Congregação dos Clérigos Regulares

+ França, 558. Irmão de São Gildard, Bispo de Rouen, foi eleito para a diocese de Noyon, à qual Tournai foi unida mais tarde.

9 Bea to José de Ancl1ieta , Apóstolo do Brasil. Confessor

+ 1597. Converteu inúmeros índios à fé católica, arrancando-os às trevas do paganismo. Operou numerosos milagres.

10 Santo Itamar~ Bispo e Confessor

+ 656. Natural de Kent, foi

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Santa Germana Cousin, Virgem

São l ,uís Gonzaga, Confessor

+ Pibrac (França), 1601.

+ Roma, 1591. De família principesca, aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus. De uma pureza angéJica, morreu aos 24 anos como mártir da caridade, vítima de uma epidemia contraída ao assistir enfermos. É o patrono da juventude.

o primeiro bispo anglo-saxão nomeado para uma sé inglesa, sucedendo a São Paulino como bispo de Rochester.

Pobre, escrofulosa, negligenciada pelo pai e maltratada pela madrasta. Morreu abandonada em seu leito de palhas no celeiro da propriedade paterna, aos 22 anos.

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SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRJSTO

12 São ,João ele Sahagum, Confessor

+ Salamanca (Espanha) , 1479. Da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho. Por denunciar o mal existente nos mais altos postos da sociedade onde vivia, sofreu vários atentados, sendo por fim envenenado pela concubina de um nobre.

13 Santo Antonio de Pádua. Confessor e Doutor da Igreja

+ 1231 . Nasceu em Lisboa, onde se fez agostiniano e depois franciscano. Na Itália, São Francisco o encarregou da pregação e o chamava de "meu bispo", por sua erudição. Cognominado Martelo dos hereges.

14 São Metódio de Constantinopla, Bispo e Con fessor

São Ciro e Sa 11ta Julita, Má rt ir ·s

+ Síria, séc. IV. Julita, por não querer renegar a fé, estava sofrendo o martírio quando seu filho Quirico (ou Ciro), de apenas três anos, que lhe fora arrancado dos braços, se lhe juntou para morrer, afirmando que também era cristão.

17 Santa Teresa de PorLUgal , Viúva

+ 1250. Filha do rei Sancho I de Portugal. Sendo declarado nulo seu casamento por motivo de consangüinidade, fundou um convento cisterciense.

18 Santos Marcos e Marcelino, Mál'LÍl 'CS

+ Roma, 287 . De acordo com a Tradição, na perseguição movida por Di leciano esses dois irmãos gêmeos "tiveram o lado traspassado por lanças, entrando assim no Reino dos Céus pela glória do martírio" (do Martirológio Romano).

+ Con sta ntinopla (Tur-

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quia), 847. Italiano de nascimento; tocado pela graça, fez-se monge; valente opositor dos iconoclastas. Por interferência da imperatriz Teodora, foi nomeado Patriarca de Constantinopla.

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO or. .msus

20 FESTA DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARl.J\

(neste ano)

22 São Paulino de Nola

(Vide p. 36)

23 São José Cafasso, Conl'essor

+ Turim (Itália), 1860. Contemporâneo, conterrâneo e mestre de São João Bosco, formou o clero piemontês nos bons princípios de São Francisco de Sales e Santo Afonso de Ligório.

24 ATIVIDADE DE SÃO ,JOÃO BATISTA

25 São Próspero de Aquitânia, Confessor

+ França, 463. Leigo e casado, devotou-se ao estudo da teologia, correspondendo-se com ~anto Agostinho, a quem admirava. Com ele combateu a doutrina herética dos semipelagianos sobre a graça. Dirigindo-se a Rom a, tornouse secretário do Papa São Leão Magno.

26 Santos João e Paulo, M:cíitires

+ Roma, 362. "O primeiro era o governador de palácio, e o segundo o camareiro da virgem Constância,

filha do imperador Constantino. Ambos obtiveram a palma do martírio, sob Juliano o Apóstata, morrendo pela espada" (do Martirológio Romano).

27 São Ladislau da Hungria, Confessor

+ Nitra (Boêmia), 1095. Considerado um dos heróis da Hungria, esse rei derrotou sucessivamente os poloneses, russos e tártaros. Pela morte da irmã, anexou a seu reino a Dalmácia e a Croácia. Apoiou São Gregório VII contra o imperador Henrique IV, incentivou o trabalho missionário em seus territórios, construiu vários mosteiros e igrejas.

Intenções para a Santa Missa em junho Será celebrada pelo Revmo . Padre Da vid Fran cisquini , na s seguintes inten ções : • Supli cando ao Sa grado Coração de Jesus - principal celebração de junho - que cumule de graças muito especiais a todos nossos leitores e suas respectivas famílias. • Em repara ção ao Sagrado Cora ção pela s bla sfêmias que ultima mente se têm perpetrado contra Ele.

28 São ,João Southworth, Mártir

+ Tyburn (Inglaterra), 1654. Ordenado sacerdote na França e enviado à missão na Inglaterra, foi várias vezes preso, sendo libertado pela intercessão darainha Henriqueta, esposa de Carlos I. Após a execução desse rei, sob o regime ditatorial do herético Cromwell, foi aprisionado e martirizado.

29 São Pedro e São Paulo

30 São Teobaldo de Provins, l~remita. Confessor

+ Salonigo (Itália), 1066. Filho dos condes de Charnpagne, trocou a carreira militar pela vida erernítica. Depois de uma peregrinação a Roma, entrou para a ordem dos Camaldulenses em Sal.onigo.

Intenções para a Santa Missa em julho • Missa com especial men ção a Nossa Senhora do Carmo (cuja festividade celebra-se no dia 16 de julho) e a Santo Elias (considera do um dos fundadores do Carmelo, cuja festa celebra -se no dia 20), ro gando graças pela salvação eterna de cada um dos assinantes e leitores de Catolicismo. E também pedindo gra ças para uma maior expansão da devoção ao Santo Escapulári o do Carmo. • Pela s pessoas mais necessitadas, devido às enchentes que prejudi caram milhares de família s nas regiões do Norte e Nordeste do País.


Dr. Adolpho Lindenberg (ao centro) , diretor do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira , profere as palavras de abertura da sessão

do, discípulo e colaborador do Prof. Plínio desde o início da década de 50, foi o principal conferenci sta da sessão. Discorreu sobre diversos aspectos de Revolução e Contra-Revolução, com base em comentários extraídos de mai s de 50 palestras do Prof. Plínio sobre o assunto, desde a primeira, em 15 de outubro de 1958 (alguns meses antes da publicação), até a última, em agosto de 1995 (dois meses antes de seu falecimento). Sua exposição foi uma profissão de fé na continuidade da obra de Plínio Corrêa de Oliveira, ao qual aplicou o dístico "Nós continuaremos, Sir", que, com admirável concisão britânica, exprimia o mesmo sentimento de fidelidade dos ex-companhe iros da Royal Army em relação a Churchill, por ocasião dos funerai s deste.

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Ato comemorativo dos 50 anos de Revolução e Contra-Revolução V indo a lume em 1959, a obra-mestra de Plínio Corrêa de Oliveira teve seu cinqüentenário ce1ebrado em vários países. Seguc-·se urna narrativa do evento realizado na capital paulista. 11 RoGER

Luís

V ARGAS

evolução e Contra- Revolução é uma obra que magistralmente anal isa o processo revo lu c ionár io anticaLóli co surgido no século XIV. Também é, sem dúvida, um livro de cabeceira de todos os que desejam compreender o grande processo de corro ão da Cristandade, e us agentes, seus métodos e suas metas. E também de todos aque les -

CATOLICISMO

que almej am a restauração da civili zação cri stã "profundamente hierárquica, sacra[ e anti-igualitária". Por ocas ião do c inqü e ntenário de Revolução e Contra-Revolução, publicado pe la prime ira vez na centés ima ed ição de Catolicismo (abril/1 959), o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira organizou no dia 18 de ab ri I p.p. uma conferênc ia no Hote l Tryp - Pauli sta, na cidade de São Paulo. O evento contou com a participação de ap roxi madamente 250 pessoas. Den-

tre os conv idados destacaram-se os príncipes D. Luiz de Orl eans e Bragança, Chefe da Casa Impe ri al do Bras il , e D. Be rtra nd de Orleans e Bragança. Extraímos da gravação alguns trechos da abertura da sessão, proferida pelo Dr. Adolpho Li ndenberg, pres idente do Instituto Plinio Corrêa de Oli veira: "Eu confesso que fa lar sobre Revolução e Contra-Revolução (conhecida entre nós como RCR) m.e provoca uma certa emoção. Porque ela me lembra D,: f linio, mais do que qualquer outra obra.

Não sei se é pelo f eitio do raciocínio, pela importância que el ' dava a essa temática, ou pelo .fato de ele estar sempre lembremdo e repisando os t ,n,as dessa obra. Eu falo em RCR, Logo aparece o Dr. Plínio; olhando Dr. Plinio apor c a RCR. Usando uma Liberdade literária, eu dirio que a RCR é a cab ,ça de Dr. Plinio. E o coração de le é o livro Nobreza e E li Lcs Tradi cionais Análogas. I? 'R 11 ão tem citações, é denso, é ·011 ciso, 'forte, é enxuto, é uma verdad ,im (lm10 de guerra. Nenhuma palavra ali st(Í desperdiçada, nenhuma pala vra pode ser acrescentada. É wna verdadeira la11ça 11wn campo de guerra. Um di visor de 1µ11as. RCR fu11cio11a um pouco como obra 1

de meditação. Lê- la é uma espécie de limpeza interna em nós. Nós compreenderemos melhor o Dr. Plinio, nós compreenderemos melhor a sua luta. RCR é a matriz de nossa incompatibilidade com a Revolução. Essa é a principal razão de ser dessa obra". *

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Após a abertu ra, a sessão prosseguiu com a leitura, feita pel o Sr. José Carlos Sepúlveda da Fonseca, de várias cartas e nvi adas por prelados, nobres e autoridades de renome recomendando o Iivro Revo lução e Contra-Revolução (v id e quadro na página 50). O Dr. Antonio Augusto B.orelli Macha-

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Encerrando a sessão, falou o diretor de Catolicismo, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho. Segue excerto de suas palavras: "Eu queria fa zer uma pequena referência às palavras entusiásticas e autênticas do Dr. Adolpho Lindenberg, que já prepararam o ambiente para que o S,: Sepúlveda lesse trechos que mostraram o êxito alcançado pela RCR. Por sua vez, o Dr. Borelli pronunciou. uma conferência magnifica e apresentou os fla shes principais do livro para todos nós. Mas, se me permitem, eu faria um complemento. Há um aspecto, que deve ser ressaltado: a RCRfoi o meio da Providência para se formar uma família de almas. Porque, traduzida para diversas línguas, amigos do exterior vieram ao Brasil, conversaram com Dr. Plínio, e nos seus respectivos países instituíram entidades co-irmãs do nosso Grupo na época, conhecido como Grupo de Catolicismo - em países de todos os continentes. Esse é um êxito extraordinário, que completa os outros êxitos. Mas alguém poderia perguntar: com o fa lecimento do Dr. Plínio em 1995, essa expansão das idéias, dos princípios e dos métodos de ação da RCR não terminou.? Esse êxito não terminou. ? Pelo contrário, esse êxito continua, e está crescendo " . • E- mail para o autor: catolicis111o @ca1ol icis1110.co111.br

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Cartas de louvores O liv ro Revolução e Contra-Revolução é um bestseller internacional com 35 edições, que perfazem um total de 14 1.450 exempl ares. Foi publicado em português, espanhol , francês, italiano, ing lês, alemão, bie lorusso, romeno e polonês. Ao longo dos anos, Plínio Corrêa de Oliveii;a recebeu inúmeras cartas e logiosas à sua obra-magna. Seguem al guns trechos. ■

Do Revmo. Pe. Cesar Dainese, S.J. (Superior de Residência dos Padres Jesuítas) "Seu estudo é um riquíssimo índice analítico de uma monumental enciclopédia da Teologia da História, que a sua inteligência lúcida e perspicaz, a sua vasta cultura, os seus dotes literários e a sua segurança doutrinária, filosófica e teológica poderiam realizar. [... ] Teríamos eJ1tão a edição atuaJizada, ampliada e completa da grandiosa obra de Santo Agostinho, 'De Civitate D ei,' para os homens de hoje". ■ Do Conde de Neutbourg (Membro-correspondente do Instituto de França)

"Vossa excelente obra é muito bem escrita, e a inda r:ne lhor pensada. Foi com o maior interesse que li essas páginas proféticas de úma tão alta concepção da História' '.

Do Conde René Regis de Coniac (Angers, França)

"Estou di sposto a pensar que se trata de um monumento, que deveria ter lugar na históri a do pensamento cató,lico. O seu trabalho parece- me capital , é uma Suma; a questão está por fim colocada em toda a sua amplitude, em todas as suas dimensões, com a ciência de um teó logo, de um histori ador, e a apresentação de um advogado". ~ ■ Do Barão Meurice de Charrette (Paris, França)

"Minha convicção contra-revolucionária viu-se reforçada e iluminada por este magistral trabalho : apreciei especialmente a retidão de pensamento de Oliveira e a profundidade de sua fé católica". ■ Do Revmo. Pe. Bernardo Pani, O. Cister (ltaporanga, Brasil)

"Li o fa moso trabalho do consagrado escritor Plínio Corrêa de Olive ira, e posso dizer que é uma obra que cri staliza a 'Civitas Dei' de Santo Agostinho. Plinio é admirável JlO esti lo, na forma, no saber e na objetividade''. ■ Da Imperatriz Zita (Zita de Bourbon-Parma Habsburgo, Imperatriz da Áustria)

"Já tinha ouvido falar deste livro, com grandes louvores, e por isso me pus a lê- lo com alegria".

Do Prof. Hans Ludwig Lippmann (Da Faculdade de Filosofia Ciências e Letra s da Universidade da Guanabara)

■ De'Mr. John Steinbacher (no prefácio à primeira edição de Revolução e Contra-Revolução em inglês)

"O vigor do conteúdo, verdadeiro fortificante de nossa vida espiritual, [ ... I mananciaJ da autêntica doutrina e ação católica que, sem dúvida, despertará no mundo inteiro os encômios de todos os que querem, realmente, nos destroços da cultura contemporânea, construir a Cidade de Deus".

"Este livro é um catecismo da Contra-Revolução. A história registrou cateci smos revoluc ioná rios no passado : Mein Kampf de Adolph Hitler, Das Kapital de Karl Marx e o catec ismo revoluc io nário de Netchaev. Mas nunca houve um li vro corno este".

■ Do Prof. Fernando Serrano (Da Faculdade de Direito de Madri)

■ De S. Ex eia. Revma. Dom Salvador Quesada ( Bispo de Aguascalientes, Mêxico)

''Termine i, felizmente, e re li uma Segunda vez o magistra l número de Catolicismo . Na minha modesta opi ni ão, Revolução e Contra- Revolução tem Loda a categoria de uma E ncíclica" .

"Espero que a Cristandade receba grande bem com a dita obra, ao receber suas magníficas orientações" .

Do Prof. Lucas Nogueira Garcez (ex-Governador do Estado de São Paulo)

'Acabo de ler o mag nífico estudo [ .. .J. Temos que admi rar o ideal ismo, o vigor e o espírito verdadeiramente cri stão que anima o grande pensador católico, dos maiores da terra ameri cana". 1

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CATOLICISMO

Alemanha: Congresso de TFPs européias

De S. Emcia. o Cardeal Thomas Tien, SVD (Arcebispo de Pequim) "T ão belo livro, Revolução e Contra-Revolução. Nós que estamos aq ui enfre ntando um dos três inimj gos, o comu nismo, podemos devidamente analisar o valor do liv ro; e di ga ao autor que eu lhe agradeço de coração por esse livro de tanta vali a, ao qual, também de coração, dou minha bênção" .

M embros de diversas TFPs da Europa reuniram-se em Kleinheubach para comemorar o centenário de Plinio Corrêa de Oliveira, insigne pensador e líder católico, fundador da TFP brasileira ■ C ARLO S EDUARDO Sc 1-1AFFER Correspondente - Áustria

Viena - De 30 de abri I a 2 de maio reuniram-se no cast lo de Lowenste in , na simpáti ca loca lidad ele Kle inheubach, a 100 km de F rankfurt (metrópole fin ance ira da Ale manha) , mais de 50 me mbros das TFP.- da Á ustr ia, Alemanha, França, Itáli a, Po lôni a, P rlugal e Re ino Unido, a fim de co me mo rar o centenári o de nasc ime nto cio Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, bem co mo o c inqi.iente nári o do lançamento de . ua obra-m stra, Re-

volução e Contra-Revoluçcio . Reali zado no grande sa lão ele ho nra do caste lo cios prínc ipes de Low nstein , o co ng resso procurou apro fundar no s parti c ipantes o rico ensinamento que o Prof. Plínio transmitiu a seus di scípul os. Três grandes te mas abo rdados ao lo ngo de 12 reuni ões deram , de certo mo lo, seqüênc ia à matéri a contida na obra A

Inocência Primeva e a Visão Sacra/ do Uni verso, editada em dezembro do ano passado pe lo Instituto Plínio Co rrea de Oli vei ra. Nes se livro e ntra-se e m contacto com aspectos inéditos da profund a vi são do unive rso ex posta pe lo pe nsado r cató lico. O prime iro te ma - D". Lucíli a e a formação moral de Plini o Corrêa de Oli ve ira - , l ' s ' nvo lvido pe lo Sr. Oil son Gugelmin , v ·rsou sobre a gênese da procura de p ' rf' · içuo mora l, que do minou essas du as a lm as de esco l, e a influê nc ia exe rc i h por •l:ts 110 círc ul o fa mili ar e no ambi 111 ' cl :i ari stocrac ia pauli sta do início dos cul o pussado. O s •undo hlo ·o t •mático - exposto pelo Sr. (;r · •rn io Vivanw Lopes, advoga-

lo e membro da equipe de redatores de abordou a co ncepção "1aradi siológica" de Plinio Corrêa de Oli veira. Ou seja, como ele concebia o Céu empfreo e o paraíso, a partir da idealização d uma civilização cristã perfei ta. O terce iro tema, exposto pe lo Sr. Luís Du fa ur, Lambém da equipe de redatores de Catolicismo , teve corno leitmotiv co niclerações de Plini o Corrêa de Olive ira sobre povos ex poe ntes da c ivi lização cri sLã, como foram os da França, Alemanha, Áuslri a, Itália, Portugal e Espanha. Honrou o congresso com sua presença o prín c ip im pe ri a l do Bras il, Do m Bertrand lc Orlea n e Bragança, ativo coo rd e nado r el e ca mpa nh as contra a s inve tidas es 1uerdistas no Bras il, corno a Reform a Agrári a sociali sta e confiscatória.

Catolicismo -

Pa1ticiparam o duque Paul von Oldenburg, da TFP alemã, e Mathias von Gersdorff, diretor da Aktion Kinder in Gef ahr, cf!m sede cm Frankfurt, que se destaca no movimento alemão de resistência à ação deletéria da mídia sobre a juventude. Cumpre assinal ar ainda a participação de Dr. Caio Xavier da Silveira, presidente da Fe-

deração pró Europa Cristã. Os participantes do congresso, em conversas com seus irmãos de ideal provenientes de várias regiões da Europa, puderam constatar as grandes opo1tunidades que vão se abrindo para a Contra-Revolução em seus respectivos países; e que·os ideais de Plinio Corrêa de Oliveira estão mais vivos do que nunca no Velho Continente. • E-ma i l do auto r: cschalTcr @ca1o lici s111o.com.br

JUNHO2009 -


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PUNIO C O RRÊA DE ÜUVEIRA

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afresco de Giotto\ famoso artista italiano da época medieval , vemos representado o Templo de Jerusalém, onde comerciantes estão ve ndendo suas mercadorias. Nosso Senhor não se confo rma com essa conspurcação do Templo, e impeli do por uma santa ira, aplica o flagelo conlra os vendilhões. Dois deles estão de pé, um apo iando-se no outro, e Nosso Senhor encara-os severamente, ·om uma fisionomia ev identemente indignada, e golpeia-os como quem goza desse direito. Os doi s estão apenas procurando defender-se contra os golpes, pois, na concepção de Giotto, não 1inha111 faci lidade para fugir naquele momento. Ao lado direito do Redentor, alguns personagens, provavelmente apóstolos, assistem à ed ificante cena. O episód io evangélico revela uma faceta essencial da personalidade de Nosso Salvador, inf ·li zmente pouco ressaltada por certo tipo de iconografia católica cios dias atuais. • * O afresco encontra-se na Ca pel a degli Scrovegn.i em Pád ua, Itáli a. Foi pintado entre 1302 e 1306 p ·lo e 1·1)1" · 111·1i s 1u iia li ano Giotlo di Bondo ne ( 1267- 1337).

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 30 de novembro de 1988. Sem r vi

o do utor.



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UMARI

u PuNIO CoRRÊA DE OuvE IRA

Prole numerosa robustece . . o matnmon10 /\

,lult10 de 200D

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Excmnos

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C \RT/\ DO D11mTOR

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PAGINA MARIANA

Nº 70~~

Na. Sra. de Chiquinquirá (Colômbia) Georges Martin discursa em Portugal

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RE/\1,IDADE CoNc1sAM1w1·E

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CAPA

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VmAs 1...: SANTOS

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D1,:sTA()UE

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V AmEDi\Di-:s

Agropecuária esteio econômico do País Eleições européias: derrota das esquerdas

Atuação anti-aborto na França

A preocupante conjuntura ibero-americana

Santo Antônio Maria Zaccaria

Obedecer antes a Deus que aos homens Santo Antônio Maria Zaccaria

O cenário em que ocorreu o batismo do Redentor Atmosfera de graças paira sobre Lourdes As águas abençoadas do rio Jordão

"Cada

aborto constitu i um assass inato. À medida qu , a impunidade lega l venha a favo recer no Brasil qu • o aborto se introdu za em nossos costumes, corr ní um número infinitamente crescente de a ass inatos. T udo i. so abre co mo que um ri o de pecados a bradar ' m aos us clamando por vingança. Esta ex pressão cn r 1 i ·a ·stú ai nos catecismos. No plano soc ial, os efe itos do aborto são claros. D um /\101 1 1 M

Indo, a 1111 s •11l'in d· frutos nas chamadas uni ões livres só pode ·o n L'Ot r ·r pnr:i 111ul1ipli ·ú- las. De outro lado, os víncu los cio 111 a11 i111 lllio sao ti ·bi li taclos pelo aborto. Com efeito, quanto 111 ai s 11un1 ·rosos os f'i lhos, tanto mais se robustecem os vín ·ul os al'·tivos e morai s entre os pai s" . • (Trecho de entrevista ao se rnan,í ri o " Ed içflo M inei ra", de B ·lo l ll111 11111t1· . nº 45. 5- 1-83 ).

46

A<; Ão CoN'l'l<A-R1wo1.uc10NÃ1m\

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AMBIENTES, Cosn1M1•:s, C1v11.1zi\çü1,:s

Amenidade lusa r efletida no castelo de Guimarães

Nossa Capa : Foto -montagem do ateliê artístico de Catolicismo

Polêmica : Obama em Notre Dame

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Nossa Senhora de Chiquinquirá, Rainha e Padroeira da Colômbia

Caro leitor,

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:

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Prol Editora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo @terra.com .br Home Page: www.catolicismo .com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Julho de 2009:

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CATOLI CISM O Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

A Ibero-américa atravessa atualmente peri gosa conjuntura, com a propagação do câncer socialo-com uni sta a I artir lc rtos govern os. Trata-se, é bem verdade, de c úpul as marx istas 0 111 sua. respectivas bases de apoio e sustentação, e não de m vimcntos I pini tío púb li ca, a qual continua a rejeitar a ideologia de seus diri gentes. Mas sclor 's m nos s larec idos la popul ação vêm sendo enganados por protecion ismos d ma ic s - cm gera l sob a forma de "bolsas" - que asseg uram a manutcnçé o d tai s go vern os. Ao lado disso, há os políticos oposic ioni stas que não xcrcem a aut''l nti a posição. Esse quadro se agravou com a ascen ão ao governo dos ·slaclos ni dos de Barack Obama, cuj a ideologia se aprox ima, na rea li dade, ela que os líd res da buma asesquerda latino-americana põem em prática. Exemplo di s o: logo qu sumiu o governo, Cuba foi readmitida na Organi zação do Esta los /\m ri ·anos. Inseriu-se assim na OEA - portanto, no convívio de naçõ s civili z.adas, mas em crise - a Cuba cast.rista, país que o comunismo reduziu à m n li ·O n ·ia, e que não renunciou ao seu desígnio de difundir o marxi smo e o terrori smo d •nt ro e fora de suas fronteiras. Tal inserção equivale à de uma famíl ia com vá rios l'i lhos adolescentes, que resolve adotar um criminoso viciado em dr ga ... Nesse contexto, cumpre não esquecer a infl uência cada v z mai or da Rússia e da China nas questões latino-americanas . Quanto à primeira, basto r ' ·orclar os verdadeiros arsenais vendidos a Hugo Chávez, além do provocador ti •s lo ·amento de naves da marinha russa nos mares do continente sul-ameri ·ano, no in í ·io deste ano. No que respeita à China, convém ressaltar a verdad ira of' •nsivo que esta desenvolve no âmbito comercial, fortalecendo-se assim po líti ·a · 111 ilit urrncnte. É oportuno lembrar ainda a cobiça árabe pela aquisição 1, vastns 'XI ' ll S< es de terras no Brasil , no mome nto mesmo em que antigos pr pri •t, ri os brusil •iros estão sendo expulsos delas, a pretexto de dar mais e paço aos índios nos 41iil ombolas e aos sem-terra. Preocupa ainda - e profundamente - a degrada·• o 1non tl truz.itlu P ' IH leg islação de diversos países ibero-americanos, por exe11 plo, atrnv s d · 1 ' is vi sando a aprovação do aborto e a promoção da homoss xualidad ', i111pusio11u ntlo assim a Revolução Cultural. Convém de modo especial ressaltar o movim ' nlo indi, ' ni stu na lb ro-américa. Bafejado pela esquerda católica e por ON s stran , •irus, visa ·onstituir nações silvícolas dentro dos países, pela concessão ti ' amp los t '1Tit ric s, podendo vir a provocar por todo o continente, e espe ialm nt no Brasi l, graves transt rnos como os que presentemente ocorrem no Peru . Apesar disso, podem-se notar cá e lá, ·out ra essa investida re vo lucion{u·ia, sadias reações daqueles que deseja m mant r a f'iclc lidade às g loriosa tradições cristãs da América Latina. Desejo a todos uma b a leitura d nossa matéria de capa, que desenvolve essa temática de suma importância para os interesses da civi lização cristã. E m Jesus e Maria,

9:~

DIRETOR

7

pau lobrito@cato licismo.com.br

A imagem de Nossa Senhora de Chiquinquirá, representada num quadro, foi canonican1ente coroada há exatos 90 anos na catedral de Bogotá. A comemoração se dá no dia 9 do presente mês.

"Um

dos primeiros dentre os muitos títulos de glória e nobreza da Colômbia, que não inutilmente foi um dia a porta para a fé e a civilização, está o de ser um povo ardentemente mariano. Seu solo rico e.formoso, tanto nos cumes imponentes de suas cordilheiras como nas risonhas e fecundas terras baixas, se nos apresenta como um manto precioso onde os incontáveis santuários da Mãe de Deus se parecem com pérolas e rubis: desde Nossa Senhora da Penha, em Bogotá, até a Virgem da Popa, em Cartagena; desde a do Rosário, em Tunja, ou a de Monguí ou a da Candelária, em Me dellín, até a devotíssima Nossa Senhora de las Lajas; dominando sobre todas estas invocações, como o sol entre as estrelas, Nossa Senhora de Chiquinquirá" (Pio XII, Alocução de encerramento do II Congresso Mariano Nacional, em 16 de julho de 1946). Por volta do ano de 1562, o curador da cidade de Suta, Antonio de Santana, encarregou Alonso de Narváez, um especialista em prata de Tunja, de pintar um quadro da Virgem do Rosário, a fim de ser venerada em sua capela. O artista utili zou como tinta mi sturas de terra de diferentes cores, junto com o sumo de algumas e rvas e flores ; e como tela, uma manta de algodão, mais larga que longa. Para não deixar vazios os

espaços nas laterais da Mãe de Deus, pi ntou ü sua direita Santo Antônio de Pádua, e à esquerda Santo André Apóstolo - o primeiro em honra do curador, e o outro em agradecimento ao irmão leigo dominicano Frei André de Jadraque, que presumivelmente atuou como intermediário. Concluída a pintura e paga a conta, foi ela exposta à veneração de espanhóis e índios no altar da capela de Suta.

Maravilhosa iluminação e prodigiosa rnllovação Paulatinamente, por uma disposição superior, os dominicanos deixaram as missões, sendo substituídos pelo clero secular, que em 1574 encarregaram-se delas. Quando chovia, entrava muita ág ua pelo teto mal vedado, e com o tempo o quadro foi se deteriorando, seja por relaxamento do curador, ancião atacado por doenças, seja por negligênc ia do pároco, que não se fixou na cidade e foi substituído. Em 1578, assumiu esse cargo o presbítero Juan Alemán de Lequizamón, que removeu o quadro da capela de Suta, por considerá- la pouco digna, e o devolveu a seu dono, que odestinou à sua fazenda em Chiquinquirá. Com a morte cio curador Anton io Santana, e m 1582, sua viúva, Catalina García de Irlos, passou a residir naquela faze nda. Anos depois, Maria Ramos Hernández, parenta do falecido, chegou a Chiquinquirá e descobriu a pintura, totalmente descolorida, suj a e gasta. Sua pi edade levou-a a limpá-la, emoldurá-la e pendurá-la no lugar

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Basílica de Nossa Senhora de Chiquinquirá

mais apropriado da fazenda, que servia como capela. Diariamente ela lhe oferecia suas orações e dirigia-lhe as seguintes palavras: "Até quando, Rosa do Céu? Até quando haveis de estar tão esc'ondida ? Quando chegará o dia em que vos manifestareis ?". Chegamos assim à sexta-feira, 26 de dezembro de 1586. Por volta das nove horas· da manhã, passava por ali a índia cristã Isabel conduzindo seu filho, o menino mestiço Miguel, de quatro anos, que disse: "Mãe, olhe a Mãe de Deus que está no chão ". Ela viu então a Santíssima Virgem espargindo um resplendor celestial que enchia toda a capela. Dirigindo-se a Maria Ramos, disse-lhe em voz alta: "Olhe, olhe, senhora, que a Mãe de Deus desceu de seu lugar e está ali, de pé sobre o teu assento, e parece que está se queimando". Dona Maria voltou o rosto para o altar, e viu com assombro a transformação que se havia operado na pintura, "tcio lúcida e renovada de cores alegres e celestiais, que era uma glória vê-la".

A notícia correu como rastilho de pólvora O fato prodigioso espalhou-se pela vizinhança, e logo chegou a Suta. Começou a afluir gente de todas as partes, un s atraídos pela curiosidade, outros em

--CATOLICISMO

busca de algum milagre. A informação não tardou a chegar aos ouvidos da autoridade eclesiástica, que ordenou primeiro uma informação em Chiquinquirá, e depois um processo em Tunja. Enquanto aumentava a devoção popular, operavam-se as primeiras curas. Ao mesmo tempo, começou a propagarse em Tunja uma fatídica peste, que ia dizimando seus habitantes. Quando os recursos humanos se mostraram inúteis, uma delegação partiu para Chiquinquirá, a fim de implorar que lhes "emprestassem" o quadro por alguns dias. Assim, no primeiro ano de sua milagrosa renovação, o quadro milagroso esteve em Tunja e venceu a peste. Entre as pessoas que se aproximaram para venerar a imagem, figurava o velho pároco de Leguizamón, que havia retirado a pintura da capela de Suta "po r achá-la excessivamente desfigurada e estragada". Admirado pelo fato miraculoso, exclamou: "Virgem e Mãe de Deus, se em alguma coisa vos ofendi por tirar-vos do altar no qual estáv is, suplico-vos que me perdoeis". A 14 de agosto de 1588 c he ou a Chiquinquirá, recentemente elevada a paróquia, o próprio arcebispo ele anta Fé de Bogotá, Frei Luís Zapata d árcl na , acompanhado do comissário do Santo Ofí-

cio e do presidente encarregado da Real Audiência. Queriam ver pessoalmente a pintura, as pessoas favorecidas com a sua transformação, e investigar o prodígio. Dissipadas as dúvidas e caracterizado o acontecimento como extraordinário, foi ordenada a construção do primeiro templo digno desse nome. Mais tarde, em 1636, o padres dominicanos voltaram para tomar clcfinilivamente posse do lugar. A tela ele Alon s cl Narváez mede J ,10 m ele altura por 1,25 de largura. O rosto ela Virgem é de cor branco- pérola. Tem os olhos quase fec hacl s e o rosto voltado para seu Divino Fi lho, sustentado amorosamente em seu braço esquerdo. Ambos ostentam esplêndid as coroas. Cobre sua cabeça um véu br·rn o, que cai formando pregas e se reco lh s bre o peito. Na mão direita segura um tro, e na outra o rosário. O Menino sustenta com a direita um fio atado a p de um passarinho colorido, repr s nl ado sobre o peito de sua Mãe; na mé o ·squcrda carrega també m seu ro ário . /\ !única é de cor rosa claro, e o man1·0 azul · ' leste. Os pés da Virgem pisam

As conV11lsões ideo/6~/cw,; e políticas do século Xl,t No início do ano 17 6, r ·solv ·u-se edificar em Chiquinquir::í um 1 ·111pl o ele maiores proporções. Era uqu •111 uma época difícil, de lutas pol I i ·11s • •nl'r ntamentos ideoló icos. s ·0111 ·11dorcs reclamaram a prol ·ção d.i Vir, ·m . Em 1815 a im a c m f'oi d ·s p(judu d ' suas jóias para sust nlar os •ustos du independência. Um · n rui ·olo111biano - c m temerária alitud ', ' :ip ·su r la oposição dos reli iosos - suhtrniu o v nc rável quadro, vi sando alruir o povo pa ra sua causa. P ·rs , uido p •los rea li stas, fugiu e aba ndonou u pintura cm ánamc. A tela foi ·onduzida 'll1 jút il a a nta Fé ele Bo olá · d ·vol vida a seu sa ntuário. F inalm nt \ ·m 11 d ctembro de 1823, o novo L' mpl o foi consagrado por Mons. Rafae l Lasso ele la Vega, então bispo ele M rida (Venezuela) e senador da República, "único prelado que subsistia naquela época em Nova Granada". Mediante um decreto ele 18 de julho ele 1829, a Santa Sé proclamou a Virgem do Rosário de Chiquinquirá Padroeira da Colôrnbia.

Contudo, com a instauração da República, as dificuldades começaram. Ao relaxamento da disciplina eclesiástica somaram-se leis anticlericais, como a que ordenou a supressão dos conventos menores. Em 1835 o presidente Santander confirmou a dissolução e expropriação do convento. Os frades que perseveraram no culto a Nossa Senhora refugiaram-se num local contíguo ao templo. Clérigos apóstatas e políticos inescrupulosos confabularam então para que a paróquia passasse para o domínio cio clero diocesano. Em 1861, numa atitude de autoritarismo e ambição, o general Mosquera decretou o desterro dos frades e o confisco de seus bens. Com a mo,te sucessiva cios religiosos, restou apenas Frei Buenaventura García Saaveclra, que enfrentou as ameaças, estando disposto a sofrer o maitírio. Através dele, aos pés da Virgem ele Chiquinquirá, ocorreu em 1881 a restauração da Ordem Dominicana na Colômbia. O enfrentamento entre conservadores e liberais tornou-se cada vez mais agudo, surgindo novo auge de violência: a Guerra dos Mil Dias (1899-1902) . Após essa sangrenta guerra civil que tumultuou o país inteiro, voltou a almejada paz. E com ela subiu ao Trono de São Pedro uma súplica para que fosse coroada a Virgem de Chiquinquirá. O Papa reinante , São Pio X, atendeu ao ardent~ pedido em 9 de janeiro de 191 O. A pintura de Nossa Senhora ele Chiquinquirá foi coroada solene e canonicamente no dia 9 de julho de 1919 na catedral de Bogotá, na presença do presidente da República, de autoridades eclesiásticas, civis e militares, bem como de multidão incalculável de fiéis . Em 1927, Pio XI concedeu ao santuário o título e os privilégios de Basílica Menor. Em 1977 a Sé Apostólica erigiu a cidade de Chiquinquirá como diocese. Em 1986 o Papa João Paulo II esteve na Colômbia, ocasião em que visitou o santuário como peregrino.

Irradiação do culto da Padroeira Como observa o Pe. Vargas Ugaite, o culto a Nossa Senhora de Chiquinquirá estendeu-se não somente na Colômbia, mas em toda a América Latina. Passaram-se, pois, mais de quatro séculos des-

Autoridades religiosas, civis e militares, rendem homenagem à padroeira da Colômbia no dia de sua festa, em Chiquinquirá

de que se operou o prodígio da renovação. Como observa José Manuel Groot em sua Historia de la Nueva Granada, um dos maiores milagres da Virgem de Chiquinquirá constitui a sua conservação, apesar do tecido tosco no qual se encontra estampada e de a pintura ter sido tocada por uma infinidade de objetos. A devoção à Padroeira da Colômbia sofreu altos e baixos, devido às perseguições, às guerras e até aos terremotos. Mas o que lhe causou maior dano foi a indiferença, o abandono e a negligência de seus próprios fiéis. Ao longo da história, muitas pessoas testemunharam resplendores e luminosidades, como as que em 1586 originaram a

devoção a ela votada. Contudo, nenhum deles foi devidamente reconhecido e registrado. Outros viram-na empalidecer. São reflexos no miraculoso quadro, de momentos de fervor e de desânimo que viveu a nação irmã. • E-mail do autor: cato lic ismo @catoli cis mo.co m.br

Obras consultadas: 1. P. Lui s Franc isco Téll ez Garzón O.P., Una Luz en el camino , Santuario de la Yirgen dei Rosario, Chiquinquirá, Ed itorial Centro Dom Bosco, Bogotá, 2005. 2. P. Rubén Yargas Ugarte S.J., Historia dei Culto de María en lberoamérica y de sus imágenes · y santuarios más celebrados , Talleres Gráficos Jura, Madrid, 1956.

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estou enviando aos amigos. O artigo ajuda muito a perceber o que está por trás desses acontecimentos. Estamos vivendo uma verdadeira revolução cultural, que é nitidamente anticristã. Mas também surge uma ação católica muito forte. O artigo mostra com clareza todas as dificuldades que os católicos enfrentam em países que j á aprovaram o aborto e a "lei d a homofobia". Outros católicos autênticos também sofrem perseguição "por causa das idéias que têm". A questão da "objeção de consciência", por exemplo, na dificuldade que os profissionais de saúde e juízes católicos enfrentam nos países que já aprovaram essas leis . Dá para ter uma noção do que nos espera ...

Leis opostas às leis divinas

(1.M.G. -

~

Assunto importantíssimo, desenvolvido por esta revista no artigo de José Antonio Ureta ("Novo passo da 'ditadura do relativismo': suprimir_() direito à objeção de consciência"). Vocês estão de parabéns pela esco~ • lha do tema e pela CORAGEM._~O assunto é de alta relevância, pois há governantes neste nosso século XXI que parecem querer lançar às feras os católicos que observem as Leis de Deus (antes que as leis humanas). Novos tiranos? Tais governantes se crêem onipotentes, achando que podem legislar contrariamente às Leis de Deus. Mas os católicos devem ter bem presente que as leis opostas às Leis de Deus não têm a menor validade jurídica. Poderemos ser perseguidos, sim, mas não podemos faltar ao dever. Mesmo perseguidos, devemos lutar até o fim para defender as leis de nosso Criador, ainda que à custa de nossas vidas . Seremos no Céu recompensados de modo tal, que sequer podemos imaginar. Será uma glória. Bem-aventurados os justos perseguidos por amor à justiça ! (B.S.Q. -

SP)

Perseguição co11tra católicos ~

O artigo principal deste mês Uunho) é longo, mas vale MUITO A PENA ler. MUITO BOM. Por isso

-CATOLICISMO

RJ)

O dever do cristão ~ É dever civil do cristão obedecer às leis .civis, mas também é dever do cristão, ainda que ao preço do martírio, ~e opor ao cumprimento de leis inju stas e contrárias à lei moral e à dignidade da pessoa humana. A desobediência civil é o caminho a ser . trilhado, quando alguma lei humana desafiar a Lei natural inscrita nos corações dos homens por Deus. (A.M.S. -

DF)

Come11ta11do diversos artigos ~ Inversão de valores, esse é o nome que se deve dar a tudo que vem decompondo a ordem moral. Começou no tempo de Antonio Conselheiro, que em Canudos profetizou: "O SERTÃO V AI VIRAR MAR, O MAR VAI VIRAR SERTÃO". Ver a aprovação do aborto e do casamento homossexual no Brasil, é sim uma inversão de valores em relação à qual nós católicos não devemos concordar. Deve-se estudar religião para compreender o legado de Jesus e seus ensinamentos e estar próximo da Religião como caminho para a alvação. Estudando a fundo a Religião, sabese que Jesus veio para, e ntre outras coisas, combater a desordem moral. É desastroso ver o presidente dos

EU A Barack Obama fazer concessões a governos de esquerda e te r Lula como interlocutor. Lula é simpatizante do comunismo e defensor ardente da revolução cubana. Quem perde com essa nova era de política externa norte-americana, de fazer concessões, são os povos da América Latina, que vêm sofrendo com esses governos de esquerda. Nos tempos atuai. , em que muitas religiões viraram comércio, Jesu Cristo teria que vir para expulsá-las. Muitas religiões parecem só ver o lucro e têm aceitado todo tipo de comércio. Com relação ao tema "e ologismo", acredito que deva ter uma rea l importância, pois o "ecologismo" assemelhase muito com o comuni ·m . Nã será que esses líderes ecologistas querem uma volta ao tribalismo? onv 111 dedicar boas páginas da revista a tema "ecologismo". Onde estava a mídia , qu não se referiu ao ato comem rativo dos 50 ;{nos de Revolução e 0111rr1 -R ,volução? (P.A.D.F. -

RJ)

Direto ao ponto ~ Até que enfim n ·onll" i um site que oferece i n fornrn '< ·s bastante simples e verclad ira s, 0 11 d se vai direto aos a suntos, d • uma maneira esclarecedora. ou ·ai >li ·o pe lagraça de D u. , j á fui a lmirador de várias bandas I m ·k ' hegu i a entir simpatia por c o isas d o I mô nio. Como cri sll os v 'rdad iros, t mo que d nun iar ub ' rlarn nt as bra das trevas e ai rnçar firm e Aque le que é a Luz do mundo, J •SU S CRISTO, denunc iand não só o rock, mas todas as ab '1-raçõe. que são patrocinadas pela grande m(dia, desde músicas ditas sertanejas até o rock, passando também pelo carnaval e o funk.

(J.J.S. -

SP)

Apologia do aborto ~ Senhor diretor de Catolicismo , permita-me expor a minha indi gn ação ao assistir ontem à noite pela televisão a uma célebre Mi. sa d Pen-

tecostes, que teve lugar em Brasília, e que há dez anos reúne milhares de pessoas. Durante a Missa, um dos sacerdotes que a concelebrava leu, ingenuamente, uma mensagem deixada pelo presidente Lula, endereçada ao celebrante e ao povo que ali se encontrava. Na mensagem, Lula (que ali não pudera estar, pois viajara ao exterior) lamentava não poder comparecer, etc. Que vergonha, meu Deus! Quanto cinismo, quanta falta de caráter. Esse indivíduo e seu partido querem INSTITUIR O ABORTO NO BRASIL. Todos se lembram do episódio recente lá em Pernambuco, quando o arcebispo de Recife lembrou a excomunhão automática dos médicos que praticaram o aborto numa menor de 9 anos. Qual foi a opinião de Lula? Disse ele que o aborto é uma questão de saúde pública, e que a ciência estava acima da Igreja! O PT é o que mais se movimenta no sentido de aprovar o aborto, e todos sabem disso. Também lá se encontrava Dilma Rousseff, candidata à presidência e também pró-aborto. O que mais me entristece, senhor diretor, é a falta de memória, de ação e coragem do povo católico deste País. (F.S.S. -

CE)

MST e delitos ~ Gostaria de parabenizá-los pela brilhante entrevista com Dona Lícia, na qual fica claro e palpável que o MST é um grupo terrorista, uma vez que não respeita a lei cios homens e inclusive a Lei de Deus! Sou advogado, atuo no oeste do Paraná e sei quão importantes são a agricultura e o agronegócio em nosso estado. No entanto, o MST quer destruir o que temos de melhor, deixando marcas de profunda devastação e desolação por onde passa (inclusive profanando cemitérios), ao contrário dos bravos colonizadores e agricultores que trazem a bonança, frutos de trabalho duro e respeito aos ditames da Lei moral natural. Parabéns também à coragem de Dona Lícia, pelo testemu-

nho dado. Posso dizer que a coragem dessa senhora deu-me uma dose "extra" de entusiasmo para continuar alertando amigos, familiares e colegas quanto à verdadeira face do MST. (L.H.D.R. -

PR)

Intercessão do santos

(P.E.L.S.S. -

~

Como nos edifica meditarmos a vida de São João Maria Vianney. Tenho um livro da biografia dele. Já li e reli. Tenho desejo de meditar de novo. Que no Céu este santo interceda pela santificação de minha família. (G.M.S. -

MG)

/1,citatus e o atual Senado ~

indica, não tinha parentes; não há tampouco qualquer registro de que fosse corrupto, imoral ou traidor da pátria. Parecem também unânimes os historiadores em que lncitatus jamais subiu à tribuna para expor sandices ou envergonhai· o plenário ...

Acabo de ler com' prazer o interessante rutigo de Gregorio Vivanco Lopes (Os novos lncitatus), no qual cita o senador lncitatus. E é sobre ele que gostaria de lhe falar. Mas antes permitame que lhe conte uma recordação da minha adolescência. Uma vez em Vassouras, no Sítio Santa Maria, o príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança me falou de um antepassado seu, rei de Nápoles, que enlouquecera. Foi então estabelecida uma regência, tendo à testa o príncipe herdeiro. E nas audiências, sempre presente o rei, quem falava era o regente, nem sempre feliz em suas assertivas. E em determinada ocasião falou muito, para descontentamento do soberano, que se viu na necessidade de lhe tolher a palavra. - Cale-se já! Seu comando ressoou pela sala, e por um instante petrificou o príncipe regente . Mas esse não se deu por achado: - Quem deve se calar sois vós, Maj estade, posto que sois louco, e o Re. gente sou eu, e só eu.falo pelo Trono. Ao que o rei imediatamente respondeu: - Os loucos têm seus momentos lúcidos. Os imbecis, nunca! Voltando a lncitatus. Usava ele um colar de luxo, tinha dezoito seviçais (só dezoito?) e por aí vai. Em que isso difere dos nossos senadores? lncitatus, pelo menos, só comia alfafa e não viajava de avião; ao que tudo

RJ)

Instrução católica ~ Sou assinante da revista Catolicismo há vários anos, adoro o con-

teúdo desta revista. Tudo é ótimo para nossa instrução e para nosso aperfeiçoamento espiritual. Obrigado por tudo, e que fiquem com Deus. (E.T.R. -

RJ)

A Amazônia para os brasileiros ~ Tenho lido bastante os artigos desta revista, que são de agrado geral. Principalmente os temas que dizem respeito à segurança nacional, pois o Brasil está sendo entregue a várias ONGs e indivíduos sem pátria, que não pensam no futuro deste imenso País, que precisa de todos os brasileiros patriotas que pretendem ver o Brasil prosperar com liberdade e sem falsas idéias, que não levam a nada de bom para nossos filhos no futuro. Por isso, acho que os homens de bem não estão de olhos abertos para as coisas que enfraquecem a nação. Futuramente não poderão reclamar contra estrangeiros que estão tomando posse de terras ao norte do Brasil, e que sem vigilância nas fronteiras perderemos tudo. E será muito tarde quando se perceber que estamos perdendo terreno aos poucos e atiçando a cobiça de outros povos interessados cada vez mais em nossa divisão. Já no passado, houve revoltas visando a separação de partes do território nacional. Penso que deveríamos, com urgência, ocupar a Amazônia com mais batalhões de fronteiras e levar brasileiros pru·a ocupar as terras, ao invés de retirá-los das já colonizadas, seja por brancos ou índios. Vamos colonizar a Amazônia com brasileiros, antes que outros o façam.

(Z.L.F. -

RJ)

JULH02009-


tt

, Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - O preservativo não é uma prevenção contra a Aids? Não o usando, como evitar a Aids? Resposta - A pergunta nos foi enviada no dia 2 de abril. Não foi motivada, portanto, pelo acontecimento que a seguir referimos, o qual contém no entanto a resposta que nos pede o consu lente. No vôo que conduziu Bento XVI à África, no dia 17 de abril , um jornalista francês fez pergunta análoga ao Pontífice. A questão, incidindo aparentemente sobre um tema muito específico, na realidade alcança outro muito mais amplo, de fato a problemática mais crucial dos nossos dias. Expliquemos, começando pela pergunta do jornalista, e transcrevendo em seguida a re posta de Bento

XVI. O jornalista francês do canal France 2 pergunta: "Entre os numerosos males que afligem a África, há em particular o da difusão da Aids. A posição da Igreja cat6lica sobre o modo de lutar contra este mal éfreqüentemente considerada como não sendo realista nem eficaz. Vossa Santidade enfrentará este tema no curso de sua viagem?". Note-se como do tema do combate à Aids se passa para um tema mais elevado, que é o do reali smo da posição da Igrej a face a um problema da atualidade. A resposta do Pontífice remontou do combate à Aids para uma questão ainda mais alta, que é o "renouveau spirituel" da humanidade de nossos dias. São palavras de Bento XVI: "Eu diria que não se pode resolver este problema da Aids -

CATOLICISMO

unicamente com dinheiro, entretanto necessário. Se não se põe nele a alma, se os africanos não ajudam, [engajando nele sua responsabilidade pessoal], não se pode resolver este flagelo pela distribuição de preservativos: pelo contrário, eles aumentam o problema. A solução não se pode encontrar senão num duplo engajamento: primeiro, uma humanização da sexualidade, isto é, uma renovação espiritual e humana que traga consigo uma nova maneira de se comportar; de um em relação ao outro; e, segundo, [. .. ] a disponibilid.ade, mesmo ao custo de sacrijlcios, de renúncias pessoais, de estar próximos daqueles que sofrem. [. .. ] Eu diria, pois, que este duplo esforço de renovar o homem interiormente, de empregar uma força espiritual e humana para um justo comportamento em relação ao próprio corpo e ao do outro, [. .. ] parece-me que é a justa resposta, e é o quejc1z a Igreja, oferecendo

assim uma contribuição muito grande e importante. Nós agradecemos àqueles que o fa zem" (site www.vatican.va). Em outras palavras, alguns querem e vitar a disseminação da Aids conservando o mundo atual como ele é: di stribuindo preservativos para que o, homen s continuem a ter um comportamento sexual contrário aos Mandamentos da Lei de Deus. Mas isto só afasta os homens, cada vez mais, da reta conduta moral , portanto as condições para a disseminação da Aids só aumentam. A solução, pe lo contrário, está em trazer os homens para a via dos Mandamentos da Lei de Deus, o que implica uma "renovação espiritual " da. humanidade, como preconiza. Bento XVI. Sem is o, não há solução para a Aids, co mo para nenhum outro proble ma moral, social ou político de nossos dias. Esta é uma análise sensata, reali sta e eficaz da situação atual moralmente ca.-

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la.mitosa., a.o contrário do que julgou o jornalista francês que interpelou o Papa.

Há solução sem uma il1tervcnção da Pro1ridência? Aqui, porém , co loca- se uma outra questão, que é a de saber se, pelos caminhos normais, se conseguirá pro mover essa necessária re no vação espiritual da humanid ade. Mai s concretamente, se s chegará a esse re ultado pe la aplicação norm a l do s me io s de evangelização e ·antifi cação que só a Igreja possui . M ais uma vez, uma análise reali sta da vida interna da Igreja, e mai s ampl amente da situação da ri stand adc e m nossos dias, 1 va qu alq uer pessoa coere nte h nesta a ser cética a ss r 'SI ito. Ba ta strepitosa que cela.ração de Bc stamos comentando. Autoridades, in-

telectuai s e órgãos de imprensa de tod os os mati zes e de todo o mundo rasgaram as vestes diante dessa dec laração, acusando-a d e in e nsa ta , irrealista e mesmo pernic iosa, favorecedora da expansão da pandemia da Aids. E não houve, por parte cios meios católicos, um vigoroso brado de repulsa sufic iente para abafar essa escanclaJosa campanha publicitária conn·a a Igreja em geral e contra o Pontífice e m particular. Quer dizer, as forças ca tó li cas parecem de pau peradas e amortecidas, insuficientes para enfrentar o hal/ali anticatólico, por vezes até coniventes com o mal. Outras reações negativas denn·o dos meios católicos nos d e ix a m es ta rrec id os. Po r exemplo, Be nto XVI nomeou bi spo auxiliar da di ocese de Linz, na Áustria , um sacerdote que considerara o furacão Kat:rina, que arrasou a c idade nortea mer ica na de N ova Orl eans, como casti go pelas orgias ho mossex uais que ne la se reali zavam. Ao contrário do que se poderia esperar, o ep iscopado austríaco, po r causa dessa op ini ão cio sacerdote, levanto u-se qu ase unanimemente contra a nomeação, a ponto de o próprio sacerdote solicitar ao Papa que a retirasse. E o Papa não sentiu o terreno firme para sustentar sua nomeação. Oh! tristeza ... Muitos outros fatos poderiam ser aq ui arrol ados, evidenciando que lavra uma tal decadênc ia no me ios católicos, a qual pelo menos debi lita sua capacidade de promover a renovação espiritual que Bento XVI aponta como necessária para resolver os problemas que atualmente assolam a humanidade. E ntão nossos o lhos se vol-

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AIDS

Indianas protestam contra a prostituição, uma das principais causas da expansão da Aids na lndia

tam para o Céu. Nosso Senhor prometeu que as portas cio inferno não preva leceriam cont-ra a Ig rej a. E se os me ios normais se mostram inoperantes, tudo leva a pensar que a Proviclênci a lançará mão de meios extraordinários. Ao ver de mui tos, e les se tornaram rea lmente necessários.

/iáUma: amí11cio de intervenção cxt1·.:1orcli11ária H á todas as razões para crer que as revelações de Nossa Senhora e m Fát im a, em 19 17, co ntinu arão a se cum prir. A mensagem que E la aí deu ao mundo é bastante clara. O mil ag re cio Sol - anun c iado três meses a ntes que ocorresse, me nc ionando dia, hora e lugar o nde se dari a foi testemunhado por cerca de 50 mi I pessoas. É considerado por inuitos como o milag re mais ext rao rdin á ri o da hi stóri a da Ig reja, depois da Ressurre ição de Cristo. Atesta, porta nto, a autenti cidade e grav idade da me nsagem. E o que essa me nsagem

anunc ia? Exata mente que, depo is de uma intervenção extraordinária da Prov idê nc ia, processar-se-á uma re novação espiri tual da hum anidade, que se traduzirá concretame nte num triunfo de Mari a Santíssima: " Porjim., o meu Im acu lado Co ração triunfará " . Triunfo esse que se co mpagin a co m o Re ino de Maria anunc iado por São Luís Maria Grignion de Montfort,

e que sig nifi ca rá a restauração do Re ino de Cristo: "Ut adven iat Reg num Chr isti, adveniat Regnum Mariae ", co mo profet izo u o mesmo Santo (c fr. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem , nº 2 17) . Não poderi a ser outra a renovação espiritual da hum anid ade augurada por Bento XV I, pe la qual êlamam as almas be m-aventuradas que se imbu íram do desconcerto do mundo moderno, e da noção de que, em uma intervenção extraordin ária da Providênc ia, o mundo atua l não tem conserto. Esse o grande tema para o qua l devemos manter e levadas as nossas vistas. Que o [mac ul ado Coração de Maria queira co nceder aos muitos le ito res de Catolicismo essa graça s ing ul aríss ima, que Ela comunica. de modo mui to especial aos mais escolhido de seus filhos. • E-mail do autor: monsenho)joseluiz@catolicismo.com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Índia recusa educaCjãO sexual com métodos da UNICEF senado da Índia recusou a aplicação de programas ocidentais de educação sexual nas escolas, argumentando que só exacerbam as gravidezes prematuras e incitam à promi cuidade sexual, informou "LifeSiteNews". ONGs ocidentais queriam impor a educação sexual nas escolas com material imoral da UNICEF, órgão ligado à ONU. Para o senado hindu , caso fosse aplicado o programa proposto, ele "corromperia a j uventude indiana e levaria ao colapso o sistema educacional". Tal programa não é senão uma incitação à "educação para usar preservativos" que produz uma "sociedade imo ral" e aume nta o número ele fa mílias monoparentais, acrescenta a nota cio senado. Com relação à Aids, o professor Pratiba Naitthani declarou ao comitê do senado encarregado de elaborar o relatóri o que "nada é mais seguro do que a abstinência até o casamento" . •

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Conquistas feministas" trouxeram infelicidade

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s "conqui tas fe ministas", iniciadas há 30 anos, são hoje uma real idade na vida das mulheres americanas. Mas elas são mais infelizes do que antes desse "presente de grego". O problema fo i abordado no livro The Paradox of Declining Female Happiness, dos economistas Betsey Stevenson e Justin Wolfers, noticiou "The New York Times". O declínio da família tradicional é um dos maiores fatores de depressão e insatisfação entre as mulheres, dizem os autores. Todas as classes e raças de americanas são atingidas pelo mal. O colunista Ross Douthat observou que, segundo o figurino igualitário, as mulheres "liberadas da era patriarcal" vivem num mundo mais "atencioso, gentil e concessivo". Mas, para elas, é um mundo mais desventurado. O igualitarismo prometeu uma miragem e trouxe a infelicidade. A família, segundo a concepção católica, não deixa de lembrar a cruz, mas faz do lar um refúgio de doçuras e consolos inefáveis. •

Jornais afastam-se do público e perdem leitores "º

panorama é inquietante: a média diária de exemplares vendidos nos EUA decresceu de 62 milhões a 49 milhões nos últimos 15 anos, quando a Internet começou a fica r acessível a todos. Por volta de cem jornais fo ram obrigados a abandonar a edição impressa. No mesmo período, o número de leitores de periodismo digital nos EUA chegou a 75 milhões". Resultados disso são a fu ga das receitas da propaganda e demi ssões em massa. A imprensa européia não está melhor: 2008 fo i um ano horrível, e todos acham que o pior ainda está para vir. O "El País" de Madri pergunta "se os jornais não desaparecerão diante das novas tendências digitais, como o fizeram os dinossauros em outra época". O diário "La Nación" de Buenos Aires descreveu o esmorecimento da mídia impressa face à digital. Aqueles que tratam do prob lema, entretanto, não se indagam se a tendência cada vez mais acentuada dos jornais para o esquerdismo e a imoralidade contribui para descolá-los do público, e se as fac ili cla I s que a Internet deixa para os conservadores, ao menos por ora, não é um dos fatores da popularidade dessa nova ,n{dia. •

CATOLIC ISM O

Doentes mentais trabalhavam como escravos na China

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ais dez empresários chineses fo ram presos por ma ltratar e escravi zar doentes mentais em fábricas de tijolos do leste da China (foto), informou a agência oficial marxista "Xinhua". O fato não é novo, é até corriqu eiro, ocorrendo sob o olhar cúmplice das autoridades. A escravidão é um fato oficial e atinge milh ões e m fá bricas-pr isão, campos de reeducação pelo socialismo e até fá bricas oficiais que trabalham para fir mas ocidentais. O caso veio à tona quando as famílias denunciaram pela Internet que seus filhos foram seqüestrados e vendidos como escravos em Shanxi. Hoje o governo oe ialista s empenha para que denúncias dessas não apareça m mais na Internet. •

Corte constituciona l alemã proíbe urnas eletrônicas

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corte constitucional da Alemanha proibiu as urnas eletrônicas, noticiou o diário portenho "Clarín". Os altos magistrados ficaram convencidos de que não estava afastado o perigo de fra ude eleitoral por meio de softwares manipulados. Para eles, não há garantias de que o voto emitido seja o mesmo registrado pelo computador. Expressaram o temor de que as eleições tenham sua legitimidade sacrificada em aras dos desejos apressados dos po líticos. Segundo Manfredo Koess l, politólogo da universidade d rdoba, Espanha, a sentença fo i muito bem receb ida pela opini ão pública. Os alemães conhecem bem o qu o ·orn pulador pode e não pode fazer, escreveu Koessl, e alim 111 a 111 s rias dúvidas sobre o uso das Lm1as eletrônicas ' 111 •I ' iç1 ·s. O a ·órdão é também uma advertência paru o Brnsi l. •

China: perseguição a grupos que usem o nome cristão

A Cientistas 11 realistas" consideram absurdo querer controlar o clima

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l Gore esteve nos enganando esse tempo todo! Isto é achincalhante!", f i exclamou o deputado americano Dana Rohrbacher, da Califó rnia, di ante dos depoimentos de cerca de 400 cienti stas "realistas" reuni dos em Nova York. Eles parti ciparam da 3ª Conferência Internacional sobre Mudanças Climáticas, visando res ponder com equilíbri o aos exageros do ecologismo catastrofista. A assembléia, que quase não teve cobertura na mídia brasileira, foi organizada por "The Heartland Institute", além de think tanks e grupos "realistas" do Ocidente, Japão e Austráli a. "Pretender que alguém possa controlar a natureza e regular os ritmos do clima, sobretudo quando nem sequer nós somos capazes de predizê-lo corretamente, é algo patentemente absurdo", afirmou o professor Bob Carter, da Universidade australiana James Cook. De fato, só Deus Criador do Céu e da Terra é capaz de controlar o clima. O catastrofismo ecologista reedita a imagem do orgulhoso que quer ser igual ou mais do que Deus, e no fi m, constatando sua impotência, faz careta para o céu. •

Nos EUA, bons resultados abolem classes mistas

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os EU A já somam 445 as classes separadas para meninos e meninas em escolas públicas. A melhoria nos resultados e a diminuição dos problemas de conduta fora m decisivas para esse aumento, segundo a National Association for Single-Sex Public Education. Em Nova York, uma dúzia de escolas adotou esse tipo de aulas. Obviamente há críticas e res istências, porém a melhora do rendimento tornou tais aul as social e politicamente aceitáveis. "Nós fazemos o que funciona bem", disse Paul Cannon, diretor da Escola Pública 140. Segundo o "The New York Times", durante anos Cannon tentou toda espécie de fórmul as, mas os resu ltados não melhoravam na proporção do esforço e dos recursos empregados. Mas quand o tomou co nheciColégio dt lio 1,.,. mento da experiência em Carolina do Norte, percebeu que separar por sexos 1º lUGAR DO BRASIi era a solução. ENEM 2001 No Brasil, tivemos uma comprovação de que tal sistema realmente funciona. Recentemente foram divul gados os resultados obtidos no ENEM/2008 (Exame Nacional do Ensino Médio). Segundo o Mini stéri o da Educação/lNEP, a maior médi a nacional (80,58) foi do Colégio São Bento (RJ) - o único colégio brasileiro no qual não há cl asses mi stas ! A instituição fico u em primei ro lugar pelo segundo ano consecutivo. • t i. • ......

s medidas repressivas da política socialista chinesa, de aproximação com eclesiásticos católicos dispostos a uma distensão em relação à ditadura marxista, está fazendo mais vítimas: os próprios protestantes. Documento secreto do Partido Comunista visa inserilos num esquema de submissão análogo ao praticado com os católicos, por meio da Associação Patriótica (pseudocatólica). Aproximadamente 50 milhões de protestantes, ou seguidores de crenças sincréticas que incluem o cristianismo, deverão entrar em Associações Patrióticas do gênero da "católica", caso contrário serão simplesmente eliminados. O documento foi revelado e difundido integralmente pela China Aid Association, baseada nos EUA.

Embaixador inglês em Varsóvia é contraditado embaixador britânico na Polônia causou incidente diplomático, promovendo indevidamente uma controvertida passeata homossexual na capital polonesa. O embaixador Ric Todd já tinha se salientado içando a bandeira do arco-íris junto com a do Reino Unido no jardim da embaixada (foto) . Janusz Kochanowski, ombudsman do governo polonês para os direitos c ivis, disse ao diário inglês "The Daily Mail" que Todd ultrapassou os limites . Também o mundo católico reagiu. Slawomir Skiba, diretor da renomada revista "Polonia Christiana", declarou àquele jornal britânico : "O embaixador mostrou uma extrema falta de diplomacia e uma absoluta ignorância dos valores em função dos quais vive a vasta maioria de nossa sociedade". O desrespeito a toda norma é uma bandeira da revolução homossexual. A coragem dos católicos poloneses representa uma bandeira a ser imitada pelos católicos no mundo inteiro, que defendem seus valores. E estes são os da Santa Igreja e da civilização cristã.

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NACIONAL

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ecuana, a cnse /

dos pardais"

Aresar da situação de inferioridade em que foi colocado o ag1·011egocio. cm razão da política econtnnica do governo federal, a produçao ag1·opccuúria continua sendo um esteio vital para o País H ÉLIO B RAMBI LLA

uitos leitores estarão se pergun tando qual o " balanço" da safra, que todos os anos publica mos. O que vem acontecendo co m a cadeia produ tiva do agronegóc io, que caminhava tão bem até o fin al de 2008? Que in flu ência exerce sobre ela a cri se fin anceira mundi al?

M

Depressão nas ci<lacles... Os alquimi stas da atual cri se fin anceira, talvez acostumados co m o eli xir poli va lente que diziam ex istir na Rú ss ia comuni sta (o qual tinha o condão de cura r desde unh a encrav ada até câ ncer), querem mudar o mundo: Liv rando-se da C ATOLICISMO

herança do pres idente Bush, fo nte de todos os males; Diminuindo o consumo, e co m isso reso lvend o o tão propa lado "aquec imento do pl aneta"; Estabelecendo uma moeda global, que seri a uma panacé ia. É verdade que muitos empresá ri os, que apostavam no ganho fác il das es p ·cu lações, literalmente "caíram do cavalo". O mes mo se deu com governant ·s que faz iam promessas mes, iânicas , ' s · vêem agora acuados pela rec ss, o, p ·lo de emprego e pela queda na arr ' ·ml:tção de impostos, entre outros d ·sa l'ios. No Brasil, concretam nte, ·rn qu ' s 'I< res a "crise" se propagou? As 1 rnndes ddndes brasileiras, que vi vem da ali vidnd • bancária, industrial, com r ial ' da pr ·sta<,:, o d

serviços, v 111 p11d 'l' •mio d ' des mprego em razão da d ·s1 K· ·l ·ra<,:uo a · •ntuada do cresci111 nto, u1 ·s111· do matraquear da propaganda oli ·i11I do 1'/\C. . .. (' /JII /Slll('U

IIOS campos

H111 11ossos ca mpo s, o nd e atu a o :1 •ro11e •<> ·io, a situação é dife rente, e até b ·111 dil'crcnt.e. A revista "G lobo Rural " ·li •gou a fa zer uma edição especial para o /\ grislw w de Cascavel (PR), hoje o maior da A m ri ca Lat in a e o prim e iro no -ronograma de ex posições em 2009. Seu editori al assim se ex pressou: "O sl,mv m ral Coopavel servirá de 1em1ô11w1m para 111•dir os ânimos dos prod111or1',1'1• ns perspecti vas para o cm111,11 11 0 d1•1·01·rc'r de 2009. r...J O selor (1~m111•1·11111·io 11•111111do

para atravessar a tempestade sem so_/j'er exato mo mento em que a safra estav a do milhões de empregos e muitas divi perdas irreparáveis, e não há nenhum oti- send o co lhida, percal ços qu e fi ze ram sas, através de sua crescente exportação . mismo ingênuo aqui e nem poderia ser di- despencar os preços, prejudicando muiPerpecti,1as l'avoráveis f erente, diante das óbvias nuvens escuras to os produtores. ela 110,1a sal'l'a que a crise.financeira plantou no horizonDe outro lado, a política do governo te de todas as nações do planeta". no toca nte ao setor sucro-a lcooleiro foi Apesar da "cri se" e de algun s proOra, o Show Rural teve um recorde muito enredada, tanto em face do granbl emas (seca no Rio Grande do Sul, Sande L83 mil vi sita ntes, superando pe lo de aumento da produção de açúcar e de ta Catarin a, Paran á e Mato Grosso do seg undo ano consecutivo o pi oneiro dos álcoo l como da quebra ele contratos inSul , além de enchentes do Norte e Noragrishows, o de Ribeirão Preto (SP). Os te rn ac ionais para a exportação desses deste), as perspectivas da safra para 2009 simil ares de Não- Me-Toque (RS ), Ri o produtos. Isso trouxe grave conseqüên- são muito promissoras. Segundo as preVerde (GO) e o Tecnoshow de Maracaju cia: cerca de 30 milhões de toneladas ele vi sões, a safra de grãos fi cará apenas un s (MS) também alcançaram os resultados cana não fo ram colhidas na reg ião cen10% abaixo da do ano passado. almej ados. Apenas o de Ribeirão Preto, tro-s ul do País, o equivalente à metade Também no Mato Grosso do Sul , o em razão de um a di sputa política refede toda produção do Nordeste. Se o go- estado maior exportador de ca rnes, hourente à mudança do evento para a cidade verno tivesse adotado o " imposto zero" ve problemas loca li zad os. Por exempl o, de São Carlos, teve o seu desempenho o de fri gorífi cos que fi caram em situ apara quem co lhesse e processasse o exum tanto prejudicado. cedente da safra , ou mes mo autori zado ção difícil ao tentarem es pec ul ar co m Quanto às grandes expos ições agro- a venda direta do álc ool elas usinas para dó lares, co mprometendo muito a vid a pecuárias de Londrina, Campo Grande, o consumidor a pre~os bem infe riores aos dos pecuari stas . Uberaba, Maringá e Go iâni a, entre outras, do mercado, o estoque excedente seri a O primeiro trimestre de 2009 funcioos res ultados, apesa r da situação difícil deso vado para o be m do povo e teri a nou como uma boa amostragem do pado último trimestre de 2008 e de terem gerado milhares de e mpregos ! norama do ano. Apesar de termos exporsido um pouco menores em algun s aspecPortanto, numa vi são de co njunto, o tado menos do que em igual período cio tos, superaram as edições anteri ores. ag ronegóc io esteve à altura do seu papel ano passado, as receitas em nossa moeO co njunto das a tivid ades ci o hi stóri co de produ zir comida farta e bada fo ra m maiores em virtude do dólar agronegóc io encerrou 2008 com um rerata pa ra a mesa dos bras il eiros, gera nvalori zado. corde de exportações de 70 bilhões de dólares, ficando o sa ldo positivo em 60 bilhões de dólares. Alguém poderia objetar: "Por que o saldo geral do Brasilfoi o mais baixo dos últimos anos, apenas de 20 bilhões de dólares ?" A razão foi o decréscimo de ouumentou subs- Brasil produz petróleo pesado. ( sumo, a t_áíici a) mente, de menor valor, ue vende no priu as tros setores da economia, como o da badaP..D tre 200J e mercado internac1ona , e com- anuncia< lada Petrobrás, que, apesar de ter sido usa2008, g déficit pra petróleo leve, mais caio, Em~ da para a reeleição do presidente Lul a em comercial dope- pai:_a ~::i:effuaão.nc>" País. Se- atingida. 2006, com o slogan da auto-suficiência do ti'"ôteo e dertvã- gyndQ a Agência Nacional de p ~ petróleo, registrou em 2008 um vergonhodos nas cantas nacionais.. To- Petróleo (ANP), o Brasil pa- O País g: mando apenas os três itens gou pelo barril de petróleo im- a impor so défi cit de 13,4 bilhões de dólares (ver principais de exportações e im- portado um preço médio de com a e> fac-símile ao lado). Cabe ressa ltar, de pasportações do se&"I!lento - petró- US$ 74,72, em 2007, e de US$ apenas I sagem, que tal rombo poderi a ter sido ainleo bruto, óleos com6ustfveis e 115,31, nos primeiros dez me- portado da maior, não fosse a ponderável ajuda do ~ g olina -, o desequilíbrio ses de 2008, aumento de óleo pes setor sucro-alcooleiro, que produziu o equi- ;::: an~l g4~bron, de t 18$2 54, %. Já o preço médiq de alegam < valente a 400 mil barris/di a ele álcool com- < bi ões para-BS$ 13,4 bilhões, ven a do petróleo brasileiro ·brás, qm ci. cofitr1bumdo fortemente para no m reado internacional foi, é tecnici bustível e chegou mesmo a superar o cona redução do super VI comer- no te ceiro trimestre de 2008, te em p, sumo de gasolina. cial- ~ ~ e cam de de U $ 75,41 o barril e, no mer- porque < E ,E US$ 40 bilhões, em 2007, para cado interno, de US$ 105,46. tróleo p. !lção 11egatitra -=ó/J Úst'24,7iillliões, em 2008. Também contribuiu para o que o vc 1 cio go, en10 l'ecleral Entre 2-007 e 2008, co orpr~ me os dados ra@os oa publiO êx ito do setor agropec uári o só não B r~ o cação Balança Comercial Brasi- Apesar dos lances diáama fo i mai or devido aos desacertos do go- ~ leira - Dezembro 2008, da SeNão1 vern o federa l. Em relação ao tri go, por ~ cretaria de Comércio Exterior de propaganda a vas confi exen1pl o, pesou o fa to de não se garantir ~ do Ministério do Desenvolvi- conta petróleo tamento ?l o preço mínimo combinado com os pro- Jí 2009, m mento, Indústria e Comércio segue em déficit dutores e ainda se importar o produto no 9 <MDIC). as imnortacões do aoresen1

A falsa autossuficiência

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Está previsto um aumento acentuado na produção da cana-de-açúcar, em razão da melhora dos preços do açúcar no mercado internac ional com a quebra da safra indiana. O preço do álcoo l está abaixo do tolerável para os produtores, mas alto demais nas bombas. Como "perguntar não ofende", de quem deve ser a cu lpa dessa disparidade? Muitos, não sem razão, apontam ser a Petrobrás. E ainda ass im , a produção deverá passar de 30 bilhões de litros de álcool combustível, ou seja, mais de 500 mil barrisequivalentes por dia. No quesito carnes e grãos, a produção, o consumo e as expo1ta9ões vão paulatinamente chegando aos patamares do ano passado antes da eclosão da "crise".

Sabedoria do filósoto e resistência do agro11egócio Na cidade de Campo Grande (MS), quando participava da exposição agropecuária, encontrei uma edição de 1965 da obra A Política, de Aristóteles*. É sign ificativo o que aque le filósofo di zia há quase 2.500 anos, num texto que, a meu ver, se encaixa como uma luva para exp li car a "crise" e o papel do agronegócio brasileiro em face del a: "Muitas vezes, considera-se como riqueza a abu ndância de metais cu nhados, porque tal abundância representa o objeto da ciência da indústria e do pequeno comércio. Por outro lado, vê-se a moeda como uma vã brincadeira sem qualquer fundamento natural, pois que aqueles mesmos que dela fazem uso podem realizar outras convenções, e a moeda deixará de ter valor ou utilidade, e a um homem rico em metais cunhados fa ltarão os gêneros de primeira necessidade . Estranha riqueza aq uela que, por maior que seja, não impede que seu possuidor morra de fome - como aquele Mid as da fáb ul a, cujo desejo cúpido transformava em ouro todas as iguarias que lhe eram servidas". No tempo em que viveu esse filósofo (séc. IV a.C.), só havia moedas de metal que, dependendo do material com que eram confeccionadas, ainda tinham algum va lor intrínseco. O que diria ele das "papel adas" que circu lam hoje pelas bol sas do mundo, ou dos papéis-moeda sem nenhum lastro? CATOLIC ISMO

É importante res sa ltar aqui: se os governantes brasileiros tivessem ap licado as propostas de apo io à agricultura sugeridas há décadas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o Brasil estaria hoje entre as primeiras nações do mundo. Os especiali stas apontam que o sa ldo do agronegócio brasileiro na primeira década do século XXI ultrapassará 400 bilhões de dólares. Não fosse o déficit de outros setores, teríamos hoje o dobro de nossas atuais reservas internac ionais. A senadora e hoje presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, denunciou recentemente que, dos 200 bilhões de reais do "pacote" anti crise do governo, apenas 8% foram destinados para a agropecuária. A quase total idade desse montante foi aplicada, tendo em vista salvar bancos, montadoras de veícu los e empresas de construção civi l.

O que será das cidades sem o agmnegócio? Três irmãos goianos, Joesley Batista, José Batista Jr. e Wesley Batista, com seu esforço, tornaram-se donos da maior rede de frigoríficos - JBS-Friboi , a maior empresa de carne bovina do mundo. Estes e outros brasi leiros empreendedores são paradigmas da realização de bons negócios, tendo chegado neste âmbito ao topo da pirâmide. Devemos ainda fazer justiça a milhões de outros produtores rurais, que no anonimato de suas propriedades grandes, média:, ou pequenas trabalham de sol a so l para o engrandecimento do País. Não obstante o Estado bras ileiro tornar- se cada vez ma is onipresente, açambarcador e coerciti vo, a iniciativa privada deslancha. O deputado Valdir Colatto , de Santa Catarina, afirmou que a fraca · ada Reforma Agrária-. cujos beneficiários vivem de cesta básica, com a promessa de bolsa-família e sem ex igência de qualquer índice de produtividade - custou aos cofre públicos cerca de 70 bilhões de reai s, provenientes de impostos pagos pelos contribuintes. Acabo d~ chegar do Mato Grosso do Sul , onde constatei mai s uma vez o fracasso dessa reforma, numa reportagem publicada pelo jornal "Correio do Estado", de Campo Grande. A reportagem

atesta o descalabro que atingiu o antigo eldorado, que era a Fazenda ltamaraty do ex-rei da soja Olacyr de Morais. O assentamento está liquidado, e os assentados estão aba ndonando os lotes. É oportuno lembrar a propósito uma frase de Benjamin Franklin: "Se destruírem as cidades, mas conservarem os campos, as cidades ressurgirão; mas se destruírem os campos e preservarem as cidades, as cidades perecerão",

O perigo da "oligarquia dos pardais" O pardal é um passarinho de cidade . Parece que ele é "sociali sta": preguiçoso, vive em bandos, faz muito barulho, come os ovos de outros pássaros, botando seus ovos no lugar dos de outras aves. No território ocupado por pardais , não há perigo de oposição, pois só nascerão pardais ... Assim também age o PT, uma espécie de "pardal " da política. Na cido na penumbra de certas sacr istias, e le só medra nas cidades, junto das grandes indú strias e dos bancos. À maneira do pardal, que come os ovo. do demais passarinhos, o PT quer domin ar inteiramente a situação. Governa m uma "base alienada" e se d fr nta com uma opos ição que mai s pr pri amente poderia chamar-se "co mpos ição" ... Se o povo brasil ir nã se opuser com determinação às políticas do tipo "parda l" de e nvolvid as pelo PT indi geni smo, quilombolismo, ambienta1ism , M T, combate a um prete nso e cravagi. mo, entre outras - e o povo brasileiro não se lhes opuser com determinação , elas aca barão por dizimar e "engessar" nossos campos. E quando as cidades tiverem fatalmente descambado para o caos e vierem a miséria e a fome, poss ivelmente também chegará a seu fim a "oli garq uia dos pardais". Mas então será tarde demais para se restaurar a normal idade e a ordem. Que Nossa Senhora Aparecida, Rai nha e Padroeira do Brasil , no livre e guarde! •

* Aristóteles, A Po lftiCll, Livro pri,n ·lrn, cnp. 1, parág. 16, 1racluç1 o de N ' Slor Si l v ·iru 'huves, Ed ições ele Ouro, Rio cl • J1111 ·lrn, 1% 5.

Na União Européia,

a esquerda em queda livre Ü resultado das recentes eleições européias deixou patenteado que, apesar da atual crise econômica, cresce a recusa ao socia1ismo no Velho Continente n

CARLOS EDuARDo Sc HAFFER Correspondente - Áustria

Viena - As eleições para o Parlamento Europeu (736 deputados), ocorridas no primeiro fim de semana de junho, deslocaram o centro de gravidade daquela assembléia, antes favorável aos euro-entusiastas, rumo aos chamados euro-críticos e euro-céticos, ou até mesmo em direção àqueles que advogam para seu país o desligamento da União E uropéia (UE). Foram eleitos muitos deputados que abertamente defendem a volta a uma mera comunidade de interesses mútuos especialmente no campo econômico. Do ponto de vista ideológico, houve um forte deslocamento para a direita. A mídia em geral vem apresentando, desde meados de 2008, a crise econômica mundial como sendo a derrota do capitalismo e uma nova grande chance para o socia li smo. Não foi isto que a leitura dos resultados desta ele ição revelou . O eleitorado reforçou a posição dos partidos mais vo ltados para uma solução do problema dentro do sistema da livre inici ativa. Outro aspecto que mostra o desprestígio da UE fo i a forte abstenção. Em toda a Europa, a taxa de participação baixou de 61,9% em 1979 para 42%, 1 quando em eleições nacionais ela costuma estar entre 70 e 85% na maioria dos países. Dos 375 milhões de eleitores, pouco mais de 160 milhões compareceram às urn as. Na Eslováqu ia o comparecimento foi de somente 16,6%.

As pl'incipais prnocupações dos eumpeus Muitas vezes o voto é decidido por conveniências de ordem econômica, como no caso dos eleitores de pequenos países que recebem da UE fortes subsídios para seu desenvolvimento; ou por desejo de inserção mais definida no quadro político da Europa oc idental, para o caso dos países que pertenceram ao bloco comunista; ou ainda pelo desejo de alguns de ver a Europa se transformar num contrapeso aos Estados Unidos no panorama político mundial. Mas pode-se notar que os temas das campanhas eleitorais vão se deslocando gradualmente para pontos de maior importância do que esses.

Inquietação com o grave pel'Ígo muçulmano Uma das grandes preocupações dos europeus é a forte imigração muçulmana procedente especia lmente da Turquia e do norte da África, mas também de outros países. Esses imigrantes tendem a se agrupar em "guetos" nas grandes e médias cidades; não se deixam integrar faci lmente às populações que os acolhem; registram uma taxa de crimina lidade, especialmente juvenil, muito superior à do meio em que habitam; e sofrem forte influência de líderes relig iosos radicais financiados por ricos países produtores de petróleo. Os negros também, muçulmanos ou não, têm causado apreensão aos eu ropeus, não por racismo, mas porque a rede de di stribuição de drogas em muitas cidades é, em grande parte, feita por eles.

A entrnda <la Turquia 11a comunidade européia Há por isso forte resistência à entrada da Turqui a na comunidade. Ao contrário dos outros países muçulmanos, o go-

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ses e contém nove pontos que fere m grave mente princípios cri stãos, conforme denunc iou a lrish. Society f or a Christian Civilisation. :3 ignora a Le i ele Deus e as raízes cri stãs da E uropa; co ntradi z princ ípi os da Le i natural ; abre ca mpo para o aborto, a eutanás ia e as pesquisas com células-tronco embrionári as; reconhece a ho mossex ua lidade como base para a não di scriminação; impõe a ig ualdade e ntre os sexos em todos os níveis; abala o conceito de família , di ssociando-o da união entre um home m e uma mulher; impõe limites excess ivos ao dire ito cios pais de educar seus filh os de acordo com su as cre nças; igno ra a ide ntidade dos dive rsos povos que form a m a Europa. O Tratado de Lisboa foi também reje itado por pl ebi scito pe la Irl anda e m junho de 2008.

União Européia: uma no11a União S011iét;ica?

verno turco se caracteri zou no sécul o XX, desde o governo do pres idente Mu stafá Kemal Ataturk, por uma separação entre o Estado e a re lig ião e po r uma prox imidade mai s intensa co m o mundo ocidental. M as esta situ ação ve m mudando. O atua l governo cio primeiro- mini stro Recep Tayyip Erdogan se di z laic ista, mas em seu seio atuar-i1 poderosas influê nc ias muçul manas-cleri ca is. Se a Turquia for ace ita na co munid ade europé ia e as forç:~ re li giosas vi ere m a dominar o govern o turco, o pa ís pode rá' se torn ar a po rta aberta para um a imi gração muçulm ana ainda maior, e talvet para a e ntrada fác il de movimentos radicais e terro ri stas nos de mai s países.

Imposições a11tidemocl'áticas da hi<lra de Bnu:elas Outra preoc upação, ainda mais grave do que a cio peri go muçulmano, é a gradu al tran sform ação cio governo ele Bruxelas e m um a poderosa hidra, que va i destruindo rapidamente as auto no mi as nac io na is e impo ndQ no rm as e le is ele caráte r centrali zador, soc iali zante e anti c~·istão cio ponto ele vi sta moral e re li g ioso. Entre 70% e 80 % el as leis atualme nte aprovadas e m dive rsos parl amentos cios países me mbros ela UE têm sua ori gem em diretri zes impostas por Bru xe las,2 e laboradas pe la Co mi ssão E uropé ia, compo ta por 27 comi ssári os no meados pelos governos ele cada país-membro, e apenas ratifi cadas ou modifi cadas pe lo parl amento e le ito por voto popul ar. Toda ini c iativa leg islativa só pode partir dessa poderosa e mi steri osa comi ssão. Tra ta-se de procedime nto tão anlide mocrático, que te m causado movimentos no sentido de proc ura r .atribuir maiores poderes ao Parl amento, que te m sede e m E tra burgo mas reali za també m a lgum as sessões e m Bru xela , e possui co mi ssões na capita l be lga.

Tratado de Lisboa ignora as raízes cristãs <la }!,'ul'opa Um projeto ele Constitui ção Europé ia, e laborado e m 2004, fo i e m 2005 reje itado por pl ebi scito na França e na Ho land a. Em 13 de dezembro de 2007 a poderosa comi ssão apresento u um texto quase idênti co, apenas com novo nome: Tratado de Lisboa. Este tratado diminui ainda mais a autono mi a dos paí-

CATOLICISMO

O pres idente da República Tcheca, Vác lav Klaus, te m-se oposto fo rtemente ao Tratado de Lisboa. Embora j á tenh a sido aprovado pelo parlamento e supre ma corte do país, o pres ide nte ainda não o ass inou. E m 12 de fevereiro a Rádi o Praga, da capital da Repúbli ca Tc heca)," e m seu site e m língua alemã, assim notic iou dec larações cio Sr. Klaus à revi sta " Paris Matc h" : '" Como outrora .na URSS (União das Repúblicas . Socialistas So viéticas), decisões muito importantes na União Européia não são tom.adas nos países a que elas ·011c r11e111'. Kfaus propõe que várias competências atualm.ente atribuída.1· a Bruxelas sej am trazidas de volta aos países da União ". A Sra. Margot Wa ll stro m,_descle 2004 vice- prcsid nlc para Re lações In stituc ionais e Estratég ias de Comuni ·ação da Comi ssão E uropé ia, dec laro u em 13 de junho ele 2008 , a propósito do Tratado de Lisboa, no programa News11igl,t I da BBC ele Lo ndres, logo após a de rrota do trata lo n·, Irlanda: "Os líderes políticos (da UE) in vestiram. tan.to ·o pito/ 110/ftico, tanto tempo e energia pa ra tenta r obter os novos 111ecr111i,1·1110s para que a UE fun cione melho r; que é cla ro que 11r o se da rão por vencidos tão f acilmente. Vão tentar co11ti1111rrr l11 to11do, porque precisam.os fa zê-la m.ais d •mocrrítirn, l(( (IÍ.I' ('./'' tiva". Mas que de mocracia é ssa, •m qu · só u Ir landa teve a opo rtunid ade de se ma nil' star por pi ·bi s ·ito? A I 111 d i. so , como o res ultado não fo i o qu ' "• lcs" q u · riam, "e l s" vão co ntinuar luta nd o a i 1u • aq ue le país di ga s im. A Sra. Wall stro m pro m teu v6 ri as vez.es , na cntr vista, q ue fa ri am modifi cações para ai n l •r às preocupações cios irl andeses, mas 1 nada f i es 1e ·il'i ca lo. sobr sse ate ndimento, e até ago ra não se modificou nenhu1i1a vírg ul a do tratado. Na Áustri a f'ora m rea li zadas em 2008 duas grandes demonstrações I úbli cas ped indo a rea li zação de um referencio sobre o tratado, mas o go verno de coa li zão SPÕ-ÕVP (soc ial -democ ratas e Partido Popul ar) não atendeu tal anse io da popul ação, porq ue sabi a que o tratado não seri a aprovado. A fa lta de transparênci a da grande máquina burocráti ca da UE su c ita muita desconfi ança entre os e le ito res. As grandes perguntas referentes ao que te m aco ntec ido até agora, sem respostas cl aras, são as seguintes: ao nde nos le varão fin almente as con sta ntes mudanças propostas por Bru xe las? Qual é o objetivo fin al? Ningué m sabe dar respo ta exata a estas questões .

Os enormes gastos da gigantesca máquina burocrática e a generosidade co m que são pagas as despesas ele vi age ns dos de putados ta mbé m têm constituído grande escândalo para a população.

Resultados mais impm'tantes nas eleições eul'opéias Di ante desse quadro, o e leitorado se mani fes tou cl aramente ma is fav oráve l aos partidos ou candidatos de centro ou de direita, e m cuj os progra mas viam ate ndidas uma o u o utra de suas maiores preoc upações . A ~squercla sofreu graves perdas em países onde governa sozinha ou e m coali zão com partidos de centro. No conjunto da Europa, entretanto, progrediu o Partido Verde, embora minoritário, passa ndo de 43 para 51 depu tados. O caso mais e petac ular foi o da Inglaterra, onde o Parti do Trabalhi sta (socialista) sofreu sua mai or derrota desde l 920, obte ndo ape nas 15,3 1 % dos votos, contra 27 % do Partido Con servador e 16,08% do e uro-cético UKlP (Partido Independê ncia do Reino Unido). Na Holanda , país ele fo rte opos ição aos excessos de Bru xe las, quem mais avançou foi o PVV (Partido para a Liberdade) de Geert Wilders, obtendo 15 ,3 % cios votos com a bandeira anti-lslam, atrás apenas dos democratas cri stãos, com 19,6% . Os maiores derrotados fo ra m os soc iali stas, que passaram de 24% em 2004 para l3,9% agora. Na Áustria , o partido que mais avançou foi o FPÕ (Partido Liberal ela Áu stri a), també m co m o le ma anti -Isl am " a Cristandade nas mãos dos cristãos " , passando de 6,3 l % para 13,08%. O partido socia li sta (SPÕ) foi o grande perdedor, passa ndo dos 33 ,3% de 2004 para 23,85%. O Partido Verde perde u 3% dos votos, ficando com apenas 9%, mas conseguiu e leger do is deputados. O Partido do Povo fi cou em prime iro lugar, com 29,69 %, e mbora te nha perdido 3% em relação a 2004. Na Itália ganhou o partido de Sílvi o Berlusconi , o PDL (Popo lo della Libe rtà), de centro-direita, co m 35,25 % dos votos, seguido do PD (Partido Democráti co), de centro-esquerda com 26,14%; da Liga do Norte, de direita , com I0,22%; e do IDV (Itáli a dei Valori), conservador católico, co m 8%. Este teve corno candidato ma is conhecido o egípcio M agdi Aliam, convertido cio Islã ao cato lic ismo na Páscoa de 2008. N a Alemanha , o SPD (Partido Social De mocrata ela Al emanha) re petiu os 2 1% de 2004, sendo estes os do is pi ores resultados de sua hi stó ri a. O CDU (democrac ia cri stã nac iona l) bai xou de 36,5% para 3 1,3 %, e o CSU (democrac ia cri stã bávara) ba ixou de 8% para 7,1%. O FDP (Partido Liberal) ficou com LO%, logo atrás dos Verdes com l l %. N a Espanha, o PP (Partido Popul ar) de Mariano Rajoy, co nservado r, avançou ele 41 ,2 1% e m 2004 para 42,03, e o PSOE (Partido Sociali sta Obrero de Espa í'í o l), de Zapatero, baixou de 43,46% para 38,66%. Na França , o UMP ( Union pour un. Mouvement Populaire), de centro-dire ita, do pres idente Nicol as Sarkozy, foi o mais votado, obtendo 28 % dos votos. O PS (Parti Socialiste) , com 16,8 %, vai perdendo eno rmemente sua influê nci a. Cresce u na França o Partido Verde, de Dani e l Cohn-Benclit, o mais fam o-

so líder estudantil da Revolução de maio de l 968 em Pari s. Seu partido, com 16,2% dos votos, contribuiu fortemente para o crescimento do PV E uropeu.

"Áustria atacada pelo 14rus de BnLrelas" Assim definiu o j orna l "Di e Presse" de Viena, em 16-5-09, a situ ação crítica da esquerda na Áu stria , face às eleições que se aproximavam. Um mês antes _do ple ito para a UE, j á era c laro que a esquerda iri a perder. Mas essa previ são se estendeu a tod a a Europa. As e le ições europé ias constituíram um "cartão amare lo" para toda a esquerda europé ia, que se ei1contra e m queda livre e não te m mais onde se apo iar. Se procurar alianças mais à dire ita, decepc iona seu e le itorado mai s fi e l. Voltando-se para seus ve lhos e ultrapassados ideai s, perderá o centro. E m Vi ena, co nsiderada "cidade vermelha" há muito te mpo, o Partido Soc ia li sta está a meaçado de perder sua maiori a nas pró ximas eleições. • E- mail do autor : cschaffer @catoli cismo.co m. br

Notas: 1. http://www.elect ions2009-res u Its.eu/fr/hist_tu rnout_eu_ fr.htm 1 2. " Di e Presse", Vi ena, 8-6-09. 3. ht:tp://www. isfcc.org/ 4. http://w ww.radi o.cz/de/n achri chLen/ 11 3206 5. http :// www.you1u be.co 111 /wa tch?v=Cvc dsj 3Z Wkg& eurl = hllp%3 A % 2F%2Fblog.balder. org%2F%3Fp%3D43 0&fea ture=pl ayer_e111bedd ed 6. h11p :// www .le111 o nde.fr/elec1i ons- europee n nes/v i suel/ 2009 /04/ I 6/ leparl ement-europeen_ 118 1444_ 1I 68667. htm

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Direito de Nascer A associação francesa Droit de Naitre vem exercendo há quase

quinze anos intensa atuação contra leis favorecedoras do aborto na França e em outras nações, obtendo expressivos resultados

e

ontra um novo holocausto "legal", de centenas de milhares de nascituros, a as sociação Droit de Na'itre é \Jm exemplo para o mundo no incansável combate em defesa da vida inocente. Mantém assíduo contato com o público, por meio de visitas e telefonemas, faz campanhas utilizando o sistema de mala-direta, promove conferências públicas, participa de congressos e marchas contra o aborto. Com tais atividades, tem conseguido furar a barreira da grande mídia, que silencia a respeito dos movimentos que combatem o § aborto . & Para falar aos leitores de Ca- < tolicismo a respeito de tão auspiciosas atividades, entrevistamos o encarregado de relações de Droit de Na'itre, Sr. Georges Martin. Ele mantém contato com muitas autoridades européias, como deputados que defendem os princípios contrários à prática abortiva, e já visitou pessoalmente, em diversas cidades francesas, mais de 2 .500 pessoas em suas respectivas casas . Tem sido con vidado para diversas reuniões dos comitês pela família e de defesa da criança no Parlamento Europeu.

Catolicismo - Quando foi fundada a associação Droit de Naitre, e com que objetivo? Sr. Georges Martin - Droit de Naítre foi fundada em outubro ele 1995, com o objetivo primordial ele deícn ler o d ireito à vicia desde a c ncepção até a morte natural , e portanto d lu tar para a derrogação ela Lei Veil , 1 que introduziu o aborto na França, també m contra a legalização ela eu tanás ia. Paralelamente a essa lu ta, faz em s um trabalho ele difusão cios princípios católicos a respeito cio assunto, reafirmados na e ncícli ca Evange/ium Vitae, ele João Paulo li , spec ia lmente através de publicações d conferênc ias públicas.

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"FazelllOS lobby junto aos parlaJnentares franceses parn que não aprovelll duas Jne<lidas propostas pelo govenw atual, que favorecem a "cultura da morte"

Catolicismo - Neste sentido, quais as últimas atividades anti-aborto exercidas por Droit de Naitre? Sr. Georges Martin - Fazer lobby junto aos parlamentares franceses para que não aprovem duas medidas propostas pelo governo atual, que favorecem a "cultura da morte ": autori zação para que as parteiras possam praticar o aborto químico; imposição ele um curso obrigatório ele aborto para os estudantes de segundo ciclo de Medicina. Essas duas medi das visam resolver um " problema insolúve l" para os promotores do abo rto: a crescente escassez de médicos que o praticam, porque a geração " milita nte" ela época da aprovação da Lei Veil está : e apo-

sentando, enquanto as novas gerações ele méd icos se recusam a praticá-lo. Na questão cio curso obrigatório ga nhamos a partida, porque os senadores fi zera m cair a propo ta; mas a queda-de-braço com o governo a respeito da autori zação para as parteiras praticarem o aborto químico ainda continua. Catolicismo - A associação atua junto ao governo francês? Que meios utiliza para o combate às leis que favorecem o aborto? Sr. Georges Martin - Na França, praticam-se 220.000 abortos por ano, devido à Lei Veil que os autoriza, e ao mau aconse lhame nto que recebem as mulheres nos centros ele planificação familiar. Nossa assoc iação atua junto às autoridades cio Poder Executivo e cio Poder Legislativo, para consc ie ntizá-los a respeito ela gravidade dessa situ ação e da necessid ade de acaba r com o ho locausto legal de centenas ele milhares ele crianças inocentes , o que só se obte rá se a Lei Veil for derrogada. Para fazer sentir aos dirigentes po líticos que o aborto é cada dia mais impopular, especialmente entre os mais jovens, a associação promove petições destinadas a este ou àquele político ou autoridade, dependendo do assunto em pauta, além de manter um contato epistolar contínuo com os responsáveis políticos mais sensíveis à defesa ela vicia. Uma das campanhas que alca nçou mais sucesso foi o envio a cada deputado, no ano 2000, ele sabonetes próprios para crianças, antes da votação de uma lei que ampliou o prazo para o abo1to e dispensou as menores de idade da autori zação paterna. Os sabonetes iam acompanhados de uma nota explica ndo que não seri am usados pelos bebês, mas serviam para lavar as mãos cios legisladores manchadas pelo sangue ele crianças inocentes. Pouco depois, foram enviados aos deputados 270 mil "títulos de eleitor abortado", representando aq ue les possíveis ele itores que não adq uiriri am o direito de voto em 2018, apesar de cumprirem 18 anos, por terem sido e limi nados do corpo e le itora l j á no ventre materno ... Na ocas ião, o jornal "Le Moncle" 2 noticiou a ca mpanha com destaque e ressaltou o fato ele Droit de Naítre saber servir-se dos símbolos como uma arma de guerra ideológica. Catolicismo - A associ~ção atua também junto à juventude? Sr. Georges Martin - Ademais ela divulgação de publicações (em particular um opúscul o inti tu lado 50 perguntas e respostas a respeito do aborto, que alcançou muita difusão), a associação mantém uma linha telefônica gratuita ele aconselhamento à di sposição das mulheres em situação crítica, a maio ria elas quais são moças gráv idas. Além cio ma is, utiliza mos um site com documentos e notíc ias, que é particularmente visitado por j ovens.

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Pelo direito de nasced ,

A - 2007

Droit de Naitre apoiando a reação anti-aborto em Portugal

"Temos uma linl,a telelô11ica gmtuita de aconselhamento à disposição das mul/,eres em situação crítica, a maioria das quais são moças grávidas"

Catolicismo - Droit de Naitre tem relação com organizações semelhantes no exterior? Participa de manifestações públicas organizadas em outros países contra o aborto? Sr. Georges Martin - A "cultura ela morte" é universal e não conhece fronteiras. Aqui na Europa há muita pressão sobre os países que a inda não aprovaram o aborto, como Ma lta e Irl anda, ou que possue m leis restritivas, como a Polônia. Por isso, é necesstfria um a colaboração com entidades que trabalham e m o utros países membros ela Unicio Européia, ou junto aos orga nismos e uropeus. Droit de Naítre ajudou na campanha contra a aprovação do aborto e m Portugal, por exempl o, e participa todos os anos da marcha pela vida e pela fa míli a em Varsóv ia, bem como ele congressos pró-vici a que se reali za m e m vá rios pa íses. Os Estados Unidos, onde a maiori a da população declara-se hoje abertamente contrári a ao aborto (5 1% contra 43 %), é um ca mpo ele batalha decisivo para a defesa da vicia no mundo inte iro, pelo prestígio ele que ainda goza o "american way of lif'e". Lá e ncontram-se também as maiores organi zações anti -aborto do mundo. Por isso, Droil de Naítre mantém contacto estreito com elas, por exemplo, participando anualme nte da Marchfor Lif'e, em Washington. E m nível latino-americano, tive a honra de representar a assoc iação e m manifestações antiaborto no C hile e no primeiro congresso internaciona l pela vida, rea lizado em Aparecida em feve re iro do ano passado, no qual profer i uma palestra denunc iando as manobras utili zadas para obter a aprovação cio aborto na França. Ressaltamos o fato de se exagerar o número de abo rtos c landesti nos: em l975 , dizia-se que seu número variava entre 800.000 e um

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correio, mas por vi a telefônica e por vi sitas. Com o públi co em geral , ele se faz primordi almente por conferências públicas que organi zamos, pela parti cipação em mani festações e congressos, pela divul gação ele obras e através ele nosso si/e na In tern et.

J'adhére à Droit de NaTtre milhão; entretanto, num estud o recente cio lns1ilu10 Francês de Pesquisas, fi cou co mpro vado que não pas. avam ele 50.000. Infl ac ionaram o número para impress ionar o público ... M anobras simil ares estão sendo empregadas alhures . Temos certeza ele que o intercâmbi o de idéias e de experi ências entre os diversos movim entos pró- vid a é muito útil e animador, espec ialmente para os movim entos que acabam ele entrar na liça contra a aprovação ci o aborto em seus respectiv os países.

Catolicismo - O público toma conhecimento das atividades de Droit de Naitre através da imprensa francesa? A associação mantém contato com jornais e revistas? Sr. Georges Martin - Droil de Naflre possui um serviço ele imprensa que publica comunicados oficiais relacionados com acontecimentos ela atualiclacle, vinculados à questão cio aborto. Al guns comunicados conseguem furar a barreira ele silêncio da grande imprensa, parti cularmente quando a conhecida agência France Presse difunde tais notícias. M as as ca mpanhas de silêncio la mídi a não constituem grande probl ema, porqu e cada vez menos as pessoas lêem j orn ais impressos, e as que os lêem lhe dão crédito decrescente. Hoj e em di a, a mai or parte ela cli fu são de notícias se faz via lntern et, na qu al não ex iste censura. Nossos comuni cados são freq üentemente reproduzidos em sites e blogs, muito visitados pelos j ovens. Al ém di sso, nosso boletim trimestra l é enviado gratuitamente a todos os simpati zantes e fi ca di sponíve l em nosso si/e: www.d roitdenaitre.com. Catolicismo - A associação mantém contacto direto com o público apenas pelo site e por suas campanhas postais? Sr. Georges Martin - Não . O contato ass ídu o com os doadores e simpatizantes é efetuado não só pelo

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CATOLICISMO

Cartão de aderente da campanha

Droit de Na,tre

"Droil de Naitrc tem um SCl'\IÍÇO <le imprensa que publica c01mmicaclos 1'elacio11a<los com aco11tecime11tos ela atualiclacle \lincula<los à questão cio aborto"

Catolicismo - Ouve-se falar de uma evolução do público francês em relação ao aborto, cuja repulsa seria hoje maior do que em anos anteriores. O Sr. confirma esta tendência? A que isso se deve? Sr. Georges Martin - O crescimento el a oposição ao aborto não é exclu sivo ci os Estados U ni dos. T ambém na França esse fenômeno é notóri o, sobretudo entre os j ovens. Desde 2005 , por ocas ião ci o 30º aniversá ri o el a Lei Veil, ini ciou-se um a marcha anual pela vicia , em Pari s, que começou com cinco mil pessoas, atin gindo este ano 15 a 20 mi l, apesar ele não co ntar co m um apoio efeti v ci os bispos fran ceses . Em out ras cidades, como Bo r lcaux e Lyon, muitos j ovens espontaneamente omcçaram movim entos, promovendo simil ares marchas pela vi da. Uma sondagem ci o instituto d pesq uisas BV A indi cou que, em 2005 ,3 83% el as mulheres jul gam que se eleve dar mai s ajud a às míl 'S para evitar o aborto, e 86% pensam que o aborl o deixa seqüelas importantes na saúde física psicol gica elas mulheres que recorrem a ele. O ulro lado significati vo é que atualmente a F rança o pa ís ela Europa co m o maior índi ce ele natalid ad ', ·hcganclo a 2,02 fi lh os por mulher em icl ad ti ' ·oncc ber: As razões dessa mud ança ele opini ão s, o múl tip las , mas parece- me qu e teve pa rti cul ar irn porl fl ncia o impacto causado pelos avanços 1 ·ni ·os, com as imagem ele ultra-som, que pcrmil ·m v ·r o desenvo lvimento ci o bebê no seio mal ·m o d •sd • as pri meiras etapas ela vid a. Por out ro l11do, foi -se tornando patente que o aborto, nn r ·u lidud \ prod uz duas vítim as: o bebê abortad o • 11 nw ' obri gada a ca rrega r até o fim da v icia as s ·qO · las psi ' OI icas e físicas desse ge to ra vfss irno. Finalmente, ficou claro que muitas mulh ·r •s r • ·orr •m ao aborto por razões fú tei s ele mera · )nv ·ni~ncia, o 1ue contri buiu para clesp rcs ti iá- lo ·orno um ato irres1onsável, além ele crimin oso . • Notas : 1. Le i proposw · 111 d ·1.1.•111hrn d• 1974 pela então mini stra da saúde im on ' V ·il ( 1Hllll ·11du pelo ex- pres ide nte Y aléry G isca rcl d' l :s1:1i 11 •) , d •s pc11uli zm1d o o abort o, pro mul gada cm 17 d • jtllll' irn til' 1975. 2. f'r . "L · Mo 11 d •", .10 11 2000 , " Savo1111 e11es, cart es d 'él l!c te111·s (IVfll'l il.1·, 111 a11if e sta1io 11 s: l es pro - vi e ne dé.1·r11·1111•111 1111.1·". 3. h ttp : //www . 11 v ort c 111 c nt.ivg.co 111 / 1 a g e s/ o n tlu •e llY/\ uu1 r cs _ clc s_ f' e111 111 es _s ur _ ll VG 47200'.l.ht ,11 I 4 . htt p://www .1cpari sicn. fr/soc ic t.c/taux - reco rd-clc- natal itcpo ur- l11 - frn 11 ·c- 13-0 1-2009-37 1896. php

Satanismo social 'Q uando

um espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; não o achando, diz: Vollarei à minha casa, donde saí. Chegando, acha-a varnda e adornada. Vai enlão e Iam.a consigo outros sete espíritos piores do que ele, e entram e estabelecem-se ali. E a última condição desse homem vern a ser pior do que a prúneira " (L c 11 , 24-26). Tal é a advertência que Nosso Senhor nos faz no E vangelho, para que estej amos prevenidos contra o demôni o que volta. V ale ela também para a esfera soc ial? Ou sej a, todo um país ou toda uma área de civili zação, da qual o demôni o fo i previ amente exorci zado, pode estar sujeita a um retorn o ele Satanás e seus assec las, criando uma infestação ainda pior do que a primeira? Plínio Corrêa de Oliveira acreditava que im. Ex plica ele que a cri sti ani zação do O cidente teve seu apogeu na [dade M édia, co m a conseqüente eliminação (como fe nômeno social) d as reli giões e práti cas satani stas do mundo pagão. Porém, a partir do séc ul o XJY , inici ou-se um processo de decadência - a Revolução - que, tendo por etapas o Renasc imento, a pseudo- reform a protesta nte, a Revolução Francesa e o comunismo, tende a um estado de coi sas cada vez mais di stante dos princípios ca tólicos; e v isa, em última análi se, à aceitação do satani smo. É o demôni o que vo lta ele modo ainda mais terrível, porqu e traz ido no carro da apostasi a do O cidente. O acerto dessa prev i são vem sendo largamente comprovado por numerosos fa l os de alcance soci al no mundo contemporâneo: incur. ões do rock satâni co, multiplicação das bl asf êmias e sacril égios, aumento de cultos di abóli cos ou suspeitos de tal, proteção concedi da a ritos mág icos pro veni entes da Á fri ca ou ind ígenas, u o crescente de drogas, processos de autodemolição da I grej a e da soc iedade ci v il , etc. Ser ve ainda como ca ldo de cu ltura para a proliferação do satani smo a enorm e infeli cidade que os resul tados do processo revolucionári o trouxeram para os homens, em lu gar da prometida fe li cidade. N esse contexto, adquire espec ial relevância a entrevi sta concedida à A gência Zenit em 1°-3-09 pelo pres idente el a As-

sociação Italiana de Psicólogos e Psiquiatras Católicos, Dr. T onino Ca ntelmi , da qual extra ím os o que segue.

"Segundo nossos cálculos, na l1ália há cerca de cinco mil pessoas que são afe!adas diretamenle por um lema sa tânico, mas eslamos assis/indo a um satanisrno cuflural e ao desenvolvimento de u11·1. satanismo ateu, no qual Sa!anás é a ocasião para um. ulterior encobrimento, é uma evolução. "Se até pouco 1empo atrás o satanism.o se escondia por trás das sombras das cidades ou nos povoados, hoj e, em rede, ele aclquiriu pleno direito de cidadania: converleu-se ern urn produto de consurno. "Na amoslragem examinada, 76% dos casos se interessampor magia, ca rtomancia, rilualisrno, iniciação, eso/erisnw, enquanto o con1ato com malerial satâ nico é facílimo em 78% dos casos, sob retudo através da música, cinema, li vros e infernei. "Mais da metade dos jovens confessa que tem curiosidade pelo satanismo; I de cada 3 j ovens declara sentir-se atraído; 10% dizem que, se Satan.ás lhes âsseg urasse a f elicidade, não teriam d fficuldacle em seg ui-lo, sinal este de infelicidade e do so.fi·imento que há no mundo atual" (http ://www .zenit. org/ articl e-2094 1?l= portu guese) .

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* "Nos dias de hoj e, entre as di versas formas de desvio j uvenil, assislim.os à expansão do f enômeno do satanismo cultu ral, cada vez mais preocupanle, com. a cumplicidade da fác il disponibilidade de conteúdos esotéricos na internet e a f alta de valores fo rtes na f amília.

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Por isso tud o, N ossa Senh ora chora! E só um a intervenção di vin a, co mo a pro feti zada por Ela em Fátim a, pode pôr fim à crescente satani zação da sociedade. Peçamos, poi s, ard entemente essa interv enção. •

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DISCERNINDO

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Cresce na Europa a influência da tradição N a Europa, mn fenômeno não inteiramente novo, mas digno de toda a atenção: os valores da tradição vão adquirindo 1naior força nas almas , Cio ALENCASTRO

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ob certo ponto de vista, um pouco simplificado, pode-se considerar a ex istência de duas E uropas : a do passado e a cio presente. De modo geral, constata-se que os turi stas bu ca m a do passado e os europeus atua is vive m na do presente.

A Europa do l}l'ese11te e a do passado Chamo de E uropa cio presente aq uela j á bastante massificada, na qua l vão se diluindo as caracte rísti cas pró pri as, ta nto as nacionais quanto as regionais, e até mes mo as dife renças entre os sexos. O Lipo humano é cada vez mais g lobali zado; nos traj es re ina o j eans ; o pudor desaparece e o seminu dis mo afir ma-se como antecâmara do nudi smo ; a arqui tetu ra é ca lcada no modelo norte-a meri ca no, simplifi cada e sem be leza; a correri a para o trabalho é norma; as preocupações materiais primam sobre as espi ri tuais; o ateísmo prático va i des li zando para o soc ia li smo e o eco log ismo. É a Europa da pirâmide mitterandiana cio Louvre, cio voca bul ário e mpo brec ido e das palavras pronunc iadas de modo truncado, da menta li dade d isseminada pela União Européia, a Europa ela Revo lução. A E uropa do passado é representada pelos monumentos esplendorosos deixados pela civilização cristã - catedrais e igrejas, castelos magníficos e residências camponesas encantadoras, ao lado de confor-

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C ATOLI C ISMO

táveis casas burguesas; pelas cenas da vida ele outrora, amena, agraciável, aconchegada ou então solene, sempre elevada, carregada de simbolismo como fo i retratada nos quadros ele grandes pintores; pelos trajes ex postos nos museus, es fu ziantes ele beleza e di stinção quando cios nobres, ou ele um pitoresco colorido e gracioso quando popul ares, todos eles mora lizados; pelas personal idades fo rtes, capazes ele grandes atos ele heroísmo e dedicação, ao mesmo tempo que amenas no trato e na vicia diária. É a Europa católica ela Sainte Chapelle e ele São Luís IX; ela Reconqui sta espanhola e ele São Fernando ele Castela; ele São Bento e Carlos Mag no; elas Cruzadas, fi e l ao Papado; ela devoção ao Sagrado Coração ele Jesus e a Nossa Senhora. É a Europa ela trnclição, que brotou como um lírio ele fé e pureza cio sangue infinitamente precioso ele Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim esboçadas, estas duas imagens muito simplificadas constituem apenas traços, como que impressionistas, ele uma realidade bastante complexa, que não é possível aqui descrever com maior amplitude.

A velha E w·o11a co11ti11ua a vfrer de11tro dos hahita ntes <la nova É indi s pe nsá ve l, po ré m, esc larecer um po nto , sem o que se corre o ri sco ele não entender o q ue se passa presente mente. As du as Europas não são estanque. ,

À direito : contraste impressionante entre o prédio Gherkin , ultramoderno, e os cúpulas sobranceiros do emblemático Torre de Londres

elas se interpenetram. E a E uropa do passado continua de algum modo a viver nos habitantes atuais, a não ser nos casos de uma rej eição consciente. E exerce sobre eles uma influê ncia que é maior ou menor segundo os países, as regiões e as pessoas, mas sempre po nderável. S ej a por atavi smos, por saud ades, por dor de consc iência, e m alguns po r princípi o, os habitantes da no va Europa não quere m o desaparecimento dos restos sagrados da a nti ga Europ a, os qua is ainda vive m não ape nas nos monume ntos e outras obras, mas dentro das pessoas, com o brasas re manescentes de um incêndio de am or de De us que se extinguiu. O s c idadãos da nova Europa

não que re m de ixar de pe rte ncer a e la, mas seguram co m a mão - a lgun s co m as duas mãos - os vínculos que os li gam ao que j á se foi .

A trn<lição começa a falar mais alto O aspecto mais novo dentro desse quadro é que o apego ao passado esplendoroso da Europa, que antes vinha diminuindo gradativamente, de uns tempos para cá começou a crescer. Na maior parte das vezes, não parece um fe nômeno inte irnmente consc iente, mas de qua lquer modo é muito ativo. A tradição passa a ter assento no parlamento interno de muitas almas, e começa a falar alto, obrigando os gover-

nantes e as próprias autoridades eclesiásticas a restaurar e até incrementar muita coisa cio passado - nos ed ifíc ios, na arte, no cerimonial - sob pena ele perder o contato com a população. Contra tal restauração, setores ditos " progress istas" tê m produzido uma g ri taria que mais se asse me lha ao deses pero cio que outra co isa. Afin al, após m ais ele 500 anos ele Revolução, de repe nte emerge esse fenô meno !

Dois processos paralelos e opostos A Europa nova, ele maneiras revolucionárias, continua seu avanço demolidor nos costumes, nas instituições, nas leis. Sob o signo ele liberdade total, igualclacle, cidadani a, globalização, "antidi scriminação", ela vai adiante, freqüentemente impulsionada pelos governos, pelos parlamentos, pelo Judiciário, pela mídia. Do is processos paralelos e opostos correm na sociedade, por vezes dentro ele uma mesma pessoa. Um deles é ostensivo, ululante, tendente ao arrasador, servido por grandes forças, e ainda majoritário: o da Europa nova. O outro, o renascer do amor à trndição, é discreto, atuando na profundidade elas al mas e fazendo sentir seus efeitos; é cuidadosamente ocultado pela ,nídia, mas faz seu caminho de modo aparentemente incoercível. Qual o futuro dessas duas tendências, incompatíveis entre si? Entrarão num choque? Qual delas vencerá? Buscarão uma composição? Qualquer previsão se afigura difícil. Se a tendência a fazer reviver ; tradição provém de uma graça obtida pela bondade materna de Mari a Santíss ima, como diversos indícios faze m crer, então poderemos estar diante de uma preparação das almas para o triunfo do Imac ulado Coração de Maria. T riunfo esse que, em Fátima, Nossa Se nhora afirmou que se dari a, após o advento de castigos mi sericordiosos e regeneradores. Nesse panorama, a chamada "Europa dos turi stas" estaria de ixando de ser exclusiva mente cios turi stas para retornar a uma Europa de ponderáve l parcela de europeus, j á disseminados por todo o contine nte. "Quem viver, verá!" • E- mai l do autor: e id a lencast ro @catol ic i smo.co m.br

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D urante anos as esquerdas se assenhorearam de governos latino-americanos através de candidatos populistas de orientação socialista, estranhamente apoiHdos por partidos e forças centristas. À medida que se tornaram numerosos, e alguns deles tendo lançado mão dos recursos do pode1~ começaram a deixar cair a máscara, não ocultando sua ad1niração pelo rcgin1e cubano, cujos passos ansiavmn segui!: Como sucedeu décadas atrás, a lbero-an1érica poderá crepitar' e1n chamas. ALFREDO M AC H ALE

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m dos acontec imentos mai s indi cativos da conjuntura política ibero-a me ricana nos últimos meses fo i sem dúvida a séri e de ho menage ns prestadas à tirania castro-co muni sta que flage la Cuba, por ocas ião do cinqüentenári o de seu estabel ec ime nto. Nos prime iros meses do ano, prati ca mente todos os governantes da Ibero-améri ca se apressara m a prestar homenagem ou submi ssão ao j á aposentado e decrépito ditador da ilha, competindo de modo vergonhoso em externar essa atitude .

Cuba: meio século <lc coletivismo l'ol'çado e <le miséria brutal O presidente Lula, por exemplo, embora sabendo que a úni ca liberdade ex istente em C uba é a de submeter-se de forma servil ao regime stalini sta dominante, declarou que "apenas o que f ez de mal é conquistar sua liberdade". Esse comentário é um escárni o dirig ido a todo um povo injustamente atormentado, bem como manifestação de solidariedade em relação a uma tirania sanguinária e perversa. A presidente chilena Michelle Bachelet, em vi age m a Havana, alegou razões de protocolo para negar-se a receber os dirigentes da incipi.ente oposição da ilha-pri-

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são. Mas, ao recebê-la um dia depois, Fidel Castro rompeu a diplomacia mais elementar, intervindo em favor da Bolívia na controve1tida questão com o Chile, de acesso ao mar, como se fosse um árbitro internacional. São duas atitudes escandalosas, numa Lista de várias dezenas praticadas por supostos moderados. Não citamos as atitudes de Chá.vez, Morales, CotTea ou Lugo, pois já não resta nenhuma dúvida a respeito do fanatismo fil ocastrista destes. Demonstram a orquestração dos socialistas de todos os naipes no apoio a um regime que é a vergonha das Américas. Po r que vergonha? Porque submete u seu povo a uma miséria ~em parale lo, forçou a parte mais dinâmica de sua população ao ex íli o, este nde u a vi o lê nc ia guerrilheira e terro ri sta a todo o continente e serviu-se do narcotráfi co praticado pela guerrilha marxi sta para disseminar o crime e impor o co letivismo por toda parte. A isso poder-se-i a acrescentar um sem-número de outros motivos.

Cuba, exemplo pmtotípico dos males do comunismo Para os sociali stas, nada di sso importa. Pe lo contrário, eles se ufa nam de tais

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" proezas", po is julgam que não ex istem razões de índo le moral, porquanto M arx di zia que a úni ca " moral" é a conveniência do comuni s mo . E a co nve niê ncia princ ipal para este é que a C uba castri sta apareça como a nação líder de muitas outras, na impos ição a qualquer custo das teses aberrantes de M arx; e o c usto di s-

so consiste numa catástrofe bruta l para os países vítimas desse infortúnio. Os comunistas procuram obv iamente culpar outros pelas catástrofes que eles mes mos produ ze m. N o que re peita a Cuba, atribuem sua miséria ao embargo comercial imposto pelo EUA. inevitável que o coletivi smo provoq ue miséria, mas isso também corr sponde a um desígni o marxista, po is os líderes comuni stas calculam que, quanto mais intensa for a miséria em uba, tanto mais fác il será para o regime 111 bi liz;u· sua popul ação na " luta contra o imperiali smo". Ade mais, quando as esquerdas quisera m dob rar e mesmo derrubar governos anticomuni stas, não vacil aram em tramar e promover bo icotes e emb;u·gos comerc iais contra os mes mos, apesar de suas respectivas popul ações sofrerem como e fe ito as maiores privações. E m tais circun "tâncias, não houve voz religiosa, assistenc ial ou humani tária que fizesse apelos em sentido contrário, simplesmente porque se tratava de um desígnio inexonível da Revolução mundial.

Reinser ção ,1e Cuba na OEA: fortalecimento do pólo marxi sta O apoio dos governos ibero-americanos e m favor da Cuba cast:rista acentuouse no início de maio passado, quando fo i aprovada por unanimidade sua reintegração à OEA, de onde fo ra excluída em 1962

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CATOLICISMO

por ter o regime castri sta sido pertinaz no uso da vio lência sub versiva, ati tude que não variou e m nada, nem demo nstrou intenção de fazê- lo. Ademais a aceitação do regime castri sta inc idia em fl agrante ilegalidade, po is e m 200 1 a OEA aprovou novas normas exigindo dos países membros a vigência ele governos democráticos e respeitosos dos dire itos humanos. P-u·a obvi;u· tais normas, resolveu-se anular a expulsão e deixar pendente a readmissão, o que deu a Fidel Castro pretexto para recus;u· essa última. O resultado dessa comédia grotesca fo i um ac úmulo de absurdos: absolveuse o castrismo de suas cul pas ma is e vi dentes; o réu quis tra nsform;u·-se em juiz, ex ig indo pedidos de desculpas , porque seus crimes fo ram rec usados; convidado a re incorpora r-se à OEA, como e le sempre re invindicara, sua resposta fo i o desprezo; não mais exc luída pe los dema is países, a ditad ura cubana se autoexc luiu , fi cando ao mes mo tempo dentro e fora do organi smo interameri ca no .. . Qua l a razão para essa suma incoerênc ia? Ela se produ z porque não se quer

reconhecer a ilegitimidade de um reg ime que du ra nte me io século se ide ntifi cou com o crime subversivo, e ao qual não re nunc io u. Os governos de vári as nações afetadas por esse regime aceitamno de coração, mas não podem apro válo por palavras. Eles sentem que a opini ão pública dos respecti vos países pe nsa de o utro modo, pois sua tolerância não chega ao extremo de aceitar o intoleráve l. Isso não obstante, todos os atores da comédi a se afirm am de mocráticos ... Em o utros te rmos, os gove rnos do continente, e m coro, decl araram-se soli dários com um regime que ataca todos os povos, acrescenta ndo que tal não os impede de condu zir po líti cas consonantes com os anseios desses mesmos povos. O que equi vale a di zer que julgam não ex istir nessa matéria ne m bem ne m ma l, que a coerência e a lóg ica não tê m lugar, e que contradi zer-se é a co isa mais normal do mundo. E nquanto o pó lo do ma l se obstina nas práti cas mais repro váveis - vio lação de direi tos e leme ntares como a vida, o pátri o poder, a pro pri edade privada, a

prática da Re lig ião, etc. - não há governos que reconheçam não ape nas de pal avra, mas de verdade, a importânc ia desses valores. Resul ta e ntão que a fo rça predo minante no contex to político do continente é emine nte me nte de mo lidora, uma vez que as nações de ixaram de defende r suas soberani as, a ordem jurídica, os dire itos básicos da popul ação, a harmo nia internacional, etc. An te essa ofensiva, qual a atitude do no vo go ve rn o no rte-a me ri ca no? Já a manifes tou B-u·ack Obama, e m abril último, na Cúpula Continental de TrinicladTobago: gestos de di ste nsão em relação a C uba, ou sej a, sucessivas concessões com a ilusão de ti ra r impul so à arremeti da ma rx ista. M as o efe ito concreto sempre presente, qu ando se pratica esse tipo de concessões - é de estimul á-la e dar-lhe uma aparê nc ia de vi tóri a.

O bloco mm~tista irrc,lutívcl, liderado pela Venezuela O principal seguidor de Fide l Castro na região é obvi a mente Hugo C hávez, o ditado r venezue lano que ao cabo de dez anos conseguiu co ncentra r em suas mãos o Legislativo, o Judic iári o, a Contro lado ria, o Tribunal Ele itoral - enfim , prati came nte todo o Pode r públi co. E le se afirma seguido r convi cto de M;u·x, cuj as teses abs urdas e ruinosas continuamente ameaçam pôr em práti ca. Não contente com o açambarcame nto da máq uina estata l, C hávez usurpa ou verga os meios de co muni cação, efetu a co nfi scos e m série na ind ústri a e na ag ricultura, e fo rma uma fo rça do minante da qual e le é o chefe abso luto, com vistas à impl antação do pl ano revo luc io nári o bo livari ano. Não se trata na realidade de um plano sério, mas de iniciativas improvisadas do Executivo, que rapidamente se concretizam em projetos de lei de tramitação apressada. Nelas deixa sua marca o presidente, que as promove em programas telev isivos ofic iais, sem mui ta preocupação com a coerência geral, exceto no tocante a seu caráter "anti-imperia li sta", contrário à burguesia e favorável ao "povo". Chávez despoja ele seus cargos importantes autoridades recém-eleitas. Por exemplo, os prefeitos que são os responsáveis pelo controle dos portos, aeroportos e rodovias, as policiais, as de linhas de trans-

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Preocupação opinião públ

porte e as de hospitais. Ou faz aprovar como aconteceu com a cidade de Caraca - uma lei constituindo-a Di strito Capital, transferindo para ela orçamentos, recursos e locais de funcionamento que, por lei, pertenciam ao município. Assim, numerosos prefeitos e governadores recentemente eleitos ficaram reduzidos à impotênc ia, enquanto a máq uina chav ista domina o campo e as cidades através de órgãos recémcriados, de modo incompatível com o que restou da ordem jurídica do país.

J>e1·seg11ição chavista aos lícleres ela oposição O ditador começou também a processar judicia lmente numerosos líderes da oposição, inclusive antigos membros de seu governo que passaram à oposição. Mais da metade dos atuais dirigentes opositores encontra-se nessa situação; e os outros, amedrontados. Tanto mai. quanto os tribunais não respeitam o devido processo legal, cerceando o direito à defesa pois recebem interfe rências diretas de Chávez, emitidas do palácio Miraflores. Enquanto decreta o confi sco em séri e contra categorias inte iras de e mpresári os - como aco nteceu com todas as empresas ligadas à exp loração de petróleo, com as quais o Estado tem dívida enormes - , o ditador apodera-se de setores importantes da econo mi a, que passam a faze r parte do setor público a sere m contro lados por máfias de funcionários. Na indústri a petrolífera propri a-

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e a restrição do fin anciame nto exteri o r às organi zações que defendem os direitos humanos. Assim , as entidades que poderi am faze r denúncias contra os ab usos chavistas e ncontram-se manietadas. E o país vai fi cando dividido em do is setores totalmente opostos e irreco nc ili áve is entre s i, sem vozes que possam apaz iguar os ânimos no mo mento cruc ial. Hugo Chávez assemelha-se cada vez mais a um clitaclor, mas também a um homem à beira cio desespero: vê em cada pessoa, ainda que chavi ta, um potencial opositor; em cada mov imento, uma possível conspiração; em cada queixa, uma provável ofensa. Em conseqüênc ia, ele . ó se preocupa em restringir a vitalidade ela opin ião pública, visando assim neutralizar a oposição. Mas esta vem obtendo resu ltados ponderáveis que põem em ri sco sua permanência no poder. Qual será o desenl ace dessa ex plosiva situação? É impossíve l prever, mas o risco é imenso.

mente tal - que pertence ao Estado há várias décadas, e na qual as hostes chavistas do minam inteira mente - a administração não se dá raciona lmente, mas No centro ela lbero-amél'ica: de modo instrum enta li zado, atendendo revolução 1w Bolívia aos interesses facciosos do governo. A Sem ter petróleo ne m clinhc ir , a s iprobidade adm ini strativa, o contro le de tuação da Bolívia tem c laras diferenças gastos, a atuali zação tecnológica, o equicom a ela Ve nezuela. A parte do territólíbrio finan ceiro e a inversão de recurri o bo livi ano onde vo Mora lcs tem se u sos são sacrificados e m aras de uma in maior apo io é a mesma que há seis décadefinida extensão ele seus te ntác ul os por das e ncontrae num a c rô ni ca cri se, patodos os ramos ela econo mi a, tanto na própria Venezuela quanto no exteri or. Há uma década o Estado venezuelano vem dil apidando sua enorme riqueza oriunda do petró leo com gastos inspirados num mess iani smo marx ista, totalmente contrári o às necess idades do país. Isso não é tão novo, mas nos últimos anos adquiriu um ritmo delirante, comprometendo a fundo o futuro nac ional. Quando ec lodir a crise econômica venezuelana, que fatalmente virá, o desco ntentamento popul ar pode rá desembocar cm ex pl osões de violência como talvez nunca tenha hav ido nas Am éri cas , poi s enorme a quantidade ele arm as il gais nas mãos do povo. E como se isso fosse pouco, Chávez j á começou a di stribuir armas ele alto poder de fogo às .· uas ho tes , o que pre nunc ia para o fut uro um provável " banho ele . angue" . A i so se . orna m o combate ofic ial à influê nc ia cios inclicatos - promovendo-se em seu lugar conselho de trabalhado res manipul ados pe lo Executivo -

ralisacla e ine1te. Sua população desconfia ele tudo e de todos, recusando obsessivamente qualquer superioridade, caindo por isso, com freqüência, sob a influência ele- . moliclora e demagógica da esquerda. Embora abriga ndo o ma io r contin gente populacional cio país, contudo é a região que meno produz e mais seq ue ixa. Nela tem predominado, com curtos intervalos, a estagnação que teve início nos anos 50. Tratou-se de uma rec usa às e lites, in sti gada na época pe las ag itações populistas e esquerdistas que prostraram a região cio altipl a no, afugentaram as classes pensa ntes e cul tas, deixando um legado de coletivi smo agrári o fracassado e ruinoso. São multidões ele índios amargurados por uma situação pela qua l tê m uma parte de cul pa, embora não a maior, e que se encontram nos campos e nas c idades, freqüenteme nte sem trabalho e sem esperança. Pelo contrári o, a parte do territóri o onde prepondera a opos ição é a mais dinâmi ca, pujante e organi zada, a que no setor orienta l cio país cresceu e progrediu mais durante as quatro últimas décadas, tendente a ass umir uma liderança que não é suportada por aq ueles que deveria liderar. Uma região, portanto, que aspira a certa autono mi a, poi s não é razoável que os mais capazes se ubmctam tota lmente

aos que o são menos. Mas aque les que deveriam concordar em conceder tal autonomia são justame nte os que nunca o farão. Nesse clima surgiu Evo Morales, líder indígena que se apresentou inicialmente como moderado e depois se declarou marxista-le nini sta. Começou a deitar raízes e obter popul aridade em seu meio, graças ao apoi o de setores cio clero. Mas recentemente demonstrou ter muito menos afinidade com a população católica, mes mo a ele esquerda. É sempre assim: os setores progres .istas cio clero apad ri nham líderes que, quando adquirem a lguma importância, dão-lhe as costas e se aliam aos que estão ainda mais à frente na revolução social. Desde o início ele seu governo, a preocupação constante de Evo Morales foi obter mais poder, e se perpetuar nele, e ao mesmo te mpo privar deste e ele toda forma de influência todos os que se opõem à coletivização e ao seu indigenismo exacerbado. A autonom ia é cerceada, os opositores perseguidos, as votações cada vez mais fa lseadas, as denúncias cio presidente contra supostas consp irações são contínuas, os ataq ues e a ameaças contra os defensores da propriedade e da empresa tornam-se cada dia pi ores. Enquanto isso, as relações ele Morales com Chávez são de uma dependência cada vez mais profunda. Pelos caminhos que a Bolívia vem trilhando, não está lo nge o generali zado conflito social e rac ial, a integridade territorial não está nada garantida e a cri se eco nô mi ca se torna cada dia mais inte nsa. Hugo Chávez poderá nessas circunstâncias, e m certo mo me nto, alegar que é nece sário socorrer Moral es com armas, contingentes militares, dinhe iro, estrateg istas - e ev identemente também com g uerri lheiros - para reprimir a "burguesia" e garantir o "triunfo popul ar". Es e poderá ser o detonador que prec ipite a exp losão - ou uma cadeia de exp losões - ele co nflitos na América Latina, visados há mai s de 40 anos por Che Guevara, justamente a partir do país que ele esco lheu para reali zar sua qui mera criminosa. Através da Bo lívi a, situada no coração ela América do Sul, as fo rças revo luc io nárias poderão querer incendi ar o resto cio contine nte. Terão algum êx ito? Ou se manifestará o perfil

reso luto e combativo de grande parte ela população local, à med ida que se for revelando o perfil odioso dos revo luc ionários, e m nada diferente daqueles de há 40 anos? Se fôr ass im, se poderá obter uma Bo lívi a grande, porque cristã, dinâmica e trabalhadora.

Arge11ti11a: uma esverança frustraela A situação ela Argentina apresenta as pectos muito peculi ares. Um deles é a índole conservadora e a re ligiosidade de seu povo. Outro é uma grande homogeneidade racial e cultural , unida à prosperidade excepc iona l adquirida nas últimas décadas cio século XIX e nas primeiras cio XX, levando muitos a considerá- la como a nação de mai or futuro no continente. Daí o notório interesse revolucionário em afund á-la, o que teve início nos anos 40 com o advento de Juan Domingo Perón, ele ito presidente em três ocas iões, e depois através de outros governos peroni stas surgidos após sua morte. O peronismo é um eno rme conjunto em que coex istem muitas correntes, algumas de centro e o utras, mais numerosas e fo rtes, de centro-esquerda e ele esquerda. Estas últimas, muito propensas à ag itação soc ial, à de magog ia e ao igualitari smo, e e m geral estão assoc iadas ao movimento sindica l. As re lações e ntre tais correntes constituem uma mi stura de rivalidade, competição e co mposições, sendo que em todas elas se nota em abundância o desejo de auto-aproveitamento dos rec ursos d o Es tado, a corrupção administrativa e o aumento cio gasto fi scal para sed uzir as massas . O Partid o Radical apresenta-se normalmente como opos itor ao peronismo, mas na realidade ma is se parece com um di cípulo pouco dotado , que só por exceção consegue chegar ao govern o. A sim , h;:ibitu almente a facção peronista que ass ume o poder utili za-se dele em primeiro lugar para for ta lecer-se e conseguir aliados estáve is, para conso lidar seu predomíni o. Lança-se também na corrupção ad mini strativ a e num populi smo desenfreado. Com esse esquema surge a demanda por gastos eno rmes, a tendê ncia contínu a a aumentar os impostos, os contro les fiscais e a burocracia estatal, decorrendo daí a erosão econômica JULHO2009 -


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do setor privado e a hipertrofia do setor público e sobretudo a cri se da nação Quando se produ ziu nos anos 70 uma reação contra o socialis mo em diversos pa íses da América do Sul , a Argentina teve vários governos militares anti comunistas. Ma estes não contrastaram muito com os peroni stas e os radicais, sa lvo pe lo seu ace ntuado autoritaris mo e pela ma log rad a Gu erra d as M alvinas, e m 1982, depo is da qual o país fo i sendo de novo conduzido alternadamente por radicais e peroni stas, co m fo rte des prestíg io do ele mento castre nse. Vári os governos procuraram s uscitar es pe ranças, e amiúde te rmin aram e m me io ao descontentamento popul ar , até que e m 200 l o pres idente radica l Ferna ndo de la Rúa renunciou ao cargo, seguindo-se vários pres identes efêmeros, todos de dife rentes correntes do peroni smo . E m 2003 fo i eleito Néstor Kirchner, que havi a sido governador da pro víncia de Santa C ru z, no extre mo sul. No prime iro turno e le venceu por pequena margem, mas no segundo foi apo iado po r outras corre ntes peroni stas, que lhe deram a vitóri a fin a l e de algum modo partilham com e le frações do poder.

Peronismo: 110va eta,,a ele ofensiva igualitál'ia Recomeçou ass im , entre as facções do peroni s mo, o costumeiro esquem a de riv alid ade, co mpetição e co mpos ições para manter-se no poder. A po nto de, em fin s de 2007, ser e leita pres idente a esposa de Néstor Kirchner, tão esquerdi sta qu anto e le, e propensa a usar as alavancas do govern o e m prove ito das camari lhas arti cul adas em to rno do E xec utivo e do popul ac ho "descami sado", para enfre ntar as e lites, a c lasses produtoras e a Argentina tradic i na l. Quase imediatamente depois de eleita, Cristina Kirchner deu início a uma feroz arremetida contra os proprietários e os produtores rurais - colunas da economia argentina e principal fo rça civili zadora mediante impostos exorbitantes, confi scos e medidas administrativas arbitrárias, como que di sposta a arrasá-l os. Essa ofensiva despeitou fortes reações não somente dos afetados, mas também da população e de destacadas fi guras do governo que não compartilhavam essa odiosa política demo-

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lidora, inclusive porque um dos efeitos pode ria ser o fim do peronismo. Como a paitir de então a imagem do governo se desgastou e a economia nacional sofreu uma débâc/e, o casa l Kirchner resolve u, antes que a situação do país se deteriorasse ainda mais, antecipar para fin s de junho as ele ições parlamentares, escolhendo Néstor Kirchner chefe do Partido Justic ialista (no me dado ao peroni smo), tendo sido escolhido como o principal candidato a de putado. Com isso esperam os kirchneristas que, com a sua capacidade de arrastai· e por meio dos "candidatos testemunhai s" (que postulam uma vaga no Congresso, mas que certamente não exercerão os cargos), beneficiai· o conjunto dos demais candidatos governistas. Com manobras dessa espécie, tentam livrar-. e do crescente desprestígio produ zido p la prepotência presidencial, como p la sua forma de governar em proveito próprio e não em prol do bem comum. O esquema dessa campanha eleitoraJ é o já costumeiro entre os peroni stas, mas agora muito mais acentuado: distribuir regalias às massas populares, para que estas votem a fa vor do governo. Algo muito semelhante à "bolsa família", de que se utiliza o presidente L ula, e que poderá, a exemplo desta, ter um duplo efeito. De início, comprar ce1to a poio eleitoral; mas depois arruinar o país, não somente em matéria econômica, mas também no aspecto psi-

cológico, po is desvincula o trabalho e o bem-estai·, duas coisas que deve m estar conectadas quando se quer o progresso. Quando este arti go for publi cado, j á se saberá o resultado das e leições na nação viz inha: se prevaleceu o esquema do casal governante, de pulveriza r os q ue lhe possam fa zer oposição; o u se a sensatez de certos seto res importa ntes se ex pandiu pe lo ele itorado, diminui ndo ou detendo o impulso de mo lidor das corre ntes socia listas. E ntretant , se aco ntecer, ne m por isso estará tud resolv ido, pe la proba bilidad e de o n fl itos in sti gad os pelas corre ntes gov rni sta . É provável ta mbém que, após as e leiç ~es, s dê m a c nhecer med idas econô micas d governo supostamente pai·a ame ni zar a crise. E é de se te mer que stas incluam novamente maiore impostos e co nfiscos. Teri a s id o te me rári o impô-las antes do ple ito, mas depois de le ão mui to prováve is. T ambé m se conhecerão as co ndições e m que fico u o peronismo, isto é, se manté m o u perde o controle do Congresso, bem como se Néstor Kirchner e s ua esposa conserva m seu poder, ou se começaram a perdê- lo.

Equaclor e Paraguai à beil'a do abismo Esses do is países estão de certo modo à be ira do abi smo, cada qua l com seu pres idente abertame nte soc iali sta, afim

a Hugo Chávez e com desej o de imitálo . Até o momento, contudo, não consegui ra m do minar essas nações . No Equador, em fi ns de 2008, Rafael Correa venceu o referendo que impôs uma nova Constituição, prenhe de erros funestos, mas que em boa parte pode ficar só na letra. Já em abril de 2009, superou os 51 % dos votos na eleição presidencial, embora tenha fracassado na obtenção da maioria tanto na Assembléia como nos governos provinciais e municipa is. Assim, se não quiser ficar parali ado, deverá estar sempre negociai1do apoios com partidos ou correntes menores de e querda. De outro lado, a retórica populi sta, pro vocadora e j acta nciosa de Correa pode suscitai· apoios ocasionais e m setores populai·es, mas não um movimento puja nte que tra nsfo rme o país, para me lhor nem para pior. Pe lo contrário, o que ela pode con eguir é despertar crescentes reaçõe qu , com o tempo, se conjug ue m numa fo rte oposição, sobretudo devido à ami zade-cumplicidade de Correa com Hugo hávez. Por exe mpl o, a propósito da intenção de Correa de dominar os me ios de com un icação, j á se observam fortes man ifestações opos itoras, e isto fac ilm nte pode aumentar. Os próprio ca nd idatos vitoriosos aos cargos da As. e mbl ia e postos menores não fo rmam um conj unto coeso, e não se

delineia nas hostes cio governo quem possa unir as vontades e m torno deste. O próprio presidente Correa, ao compai·ar sua situação com a de Chávez, reconheceu não ter organização, enquanto o venezuelano pôde montá-la antes de ser eleito. Na realidade, o problema de Correa é o utro . Ch á vez s ubiu há dez anos ao poder, impul sionado por fortíssimo descontentame nto geral contra os paitidos venezuelanos até então dominantes - a Acción Democrática e o COPEI, carcomidos pela corrupção. No Equador não havia um desconte ntamento desse porte, mas um cansaço com governos fra-

cassados que foram facilme nte depostos. Por isso, a chamada Alianza Pais, que apó ia Correa, não tem força aglutinadora, e os ataques ao governo colombiano, procurando susc itá-l a, estiveram longe de conseguir esse objetivo. Em meados de junho houve novas eleições, desta feita pai·a membros do Parlamento Andino e cai·gos menores em organismos estabelecidos pela nova Constitui ção. A opinião unânime da imprensa foi de que houve uma completa apati a do eleitorado, que nem sequer entendia a importância desses novos organismos. Co mo pretender que tal processo revolucionário corresponda aos anseios populai·es, quando é óbvio que não passa de uma série de imposições de gabinete, sem eco na opini ão pública e com uma só base, isto é, a atonia dos setores que deveriam liderar a oposição? Não é a primeira vez que, no Equador, agitadores de subúrbio tomam o poder e logo em seguida vão descambando pai·a o vazio, devido à sua prepotência e hostilidade à índole cató lica e afáve l da população local. Alguns desses regimes caíram primeiramente na mediocridade, e depois no esquecimento. Outros foram derrubados por vagas de indignação popular, frustradas nas suas esperanças de suposta redenção. A situação do ex-bispo Fernando Lugo, presidente do Pai·aguai - que teve parte de sua fo rmação religiosa no Equador, com o então bi s po verm e lho de Riobamba, Mons. Leónidas Proafío - tem certas analogias com isso. Eleito presidente em oposição a vários outros candidatos, não dispõe de maioria no Parlamento. Com isso, limita-se a certas atitudes de importância secundária, como renegociai· com o Brasil a energia de Itaipu, esperando do presidente Lul a a mesma prodigaJiclade que este teve para com a Bolívia, quando da expropriação da Petrobrás. Não se pode de ix ar de registrai· que a po pul arid ade de Lugo despe nco u po r cau sa dos sucess ivos escândalos morai s e m que se envolveu, sem que te nha fi cado c laro como um personagem como ele pôde ter sido nomeado bi spo, e ainda por que o conjunto dos bi spos paraguaios o protegeu com seu sil ênc io. O fato é que a esquerda católica foi o setor que mai s solidariedade prestou nessa emergência ao co ntrovertido pres idente, como se a

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vio lação grave el a mora l cató lica por um soc iali sta fosse coisa sem importância.

Brasil, Chile e Peru buscam a saúde econômica , mas promovem a Revolução Cultural Há do is fa to res co mun s ao B ras il , C hil e e Peru , re lativos tanto ao passado co mo ao presente. O prime iro di z respeito ao grave peri go que essas nações viveram , quando o soc iali smo proc urou conquistá- las e esteve prestes a conseg uir seu inte nto. No Bras il , dura nte o governo ele João Goul art no iníc io cios anos 60 ; no C hile, sob Salvado r Allencle, nos anos 70; e no Peru , també m nos anos 70, po r ocas ião elas ditaduras ele Juan Ve lasco Alvaraclo e, ele modo mais sutil , ele Franc isco M ora les Bermúclez. O segundo fa tor é que os três países se recuperaram , sobretudo e m decorrênc ia ele fo rtes reações cív icas. Nos do is pri me iros, tais reações contribuíra m dec isivamente para desencadear intervenções militares ele efe ito imedi ato; e no Peru , po rque a opini ão públi ca estimul o u e fo rçou o. militares a se di stanc iarem cio soc iali smo e de ixare m o poder. N os três pa íses - muito ma is no C hile e no Peru - o soc ia li smo, por ter sido mais inte nso, fo i nefa sto para a orde m socia l e ruinoso para a econo mi a. Contudo, tão logo fo i excluído, a reordenação social e a rec uperação econômica se fizera m notar , contribuindo para afas tar esse tipo ele ameaça durante vári os anos . Os soc ia li stas j ul garam e ntão que, para reconqui star o poder, me lhor seri a darem a impressão ele que de ixavam de lado seus postulados estatizantes o u autogesti onários. E tiveram êx ito. A reação ela opini ão pública, tanto a brasile ira como a chilena ou a peru ana, consistiu fund a me nta lm e nte no seg uinte: enqu anto houve r pros peridade, bem-estar, e se possa ga nh ar dinhe iro, po uco importa que o governo sej a soc iali sta. Com efeito, no C hile os quatro governos ela Concertación - Democracia Cristã mais os soc iali stas, no poder desde o fim do go verno militar - mantivera m grosso modo, por mais ele 18 anos, o mode lo ele economi a social de mercado, entendendo-se com todo o mundo empresari al, embora, como é óbvio, desej assem outra coisa, caso fosse possíve l. Em rela-

ção ao regime sócio-econômico, a Con.certación ass umiu uma atitude de pecador recém-convertido, admitindo muito do que antes recusara; mas, em matéri a moral e cultural, continuou com o perfil ele pecado r recém-pe rvertido , com ânsias manifes tas e incontidas de desagregar a famíli a, pelo fa vorec imento ele toda espéc ie de aberrações e degradações (di vó rcio, fe minismo radical, aborto, pseudo-casamento homossex ua l, educação laica e amoral , etc.), nos moldes de uma Revolução Cultural galopante. No B ras il , o executor e be nefi c iário dessa tática fo i o preside nte L ul a, com quem banque iros e industri ais em geral ente ndem-se muito be m, apesar ele seu governo não reprimir - e até favorecer - vio lentas invasões ele faze ndas promovidas pelo MST, que está transformando em letra morta tudo quanto a Constituição e as le is do país consagram no tocante ao direito de propriedade. Seu governo estabeleceu numeroso e ex te nsos enclaves formados por supostos desce ndente ele afri canos - os quilombolas - e tribali stas indígenas de caráter coletivista na selva, com claro risco para a soberania nacional; promove a campanha pró-aborto; clilapida o erário naciona l com políticas como "bolsa família", ele proporçõe sem precedentes, com graves refl exos na situação econômica futura; faz vistas grossas a que o crime organizado se apodere de enormes perife rias urbanas e estabeleça comandos

nos presídios de suposta "al ta segurança"; e tenta desarmar os homens honestos, tornando a insegurança um fator comum ao campo e às cidades. No Peru ocorreu curi oso paradoxo. Um dos personagens que personificara m o afã demo lidor soc iali sta nos anos 80, o pres idente Al an García Pérez, tornou-se hoj e aque le que mais se identifica com o respeito à ini c iativa privada, à econo mi a de mercado e aos in vestimentos inte rnaciona is. Tornou-se a lvo da esquerda radical, para a qu al e le era há 20 anos um ído lo, e governante ideal nos ambientes e mpresari a is, para os qua is naq uela mesma época ele era uma temível bête noire . De fa to, se um social ista se co nverte ele verdade e m opos ito r dessa ideo log ia, bem-v indo eja. Mas fica a dú vida: Não pod e rá a qua lq uer mo me nto da r-se o mov ime nto in verso? Q ue princípio cauou esse giro? Ou se trata apenas de manobra política? Neste caso, o que acontecerá no futuro? Adernais - quase é desnecessário dizê-lo, porque todo mundo sabe em matérias morais não se produ ziu ne m de longe, no atual governo peruano, a mesma "conversão" ocorrida no terreno econômico: a máquina estatal para impor o contrnle da natalidade func iona a todo vapor; o abortismo, o fe mini smo e a promoção da homossex ualidade vão ganhando terreno sob a proteção do Estado. O combate ao terrorismo obviamente diminuiu ele intensidade, dinamismo e efi cácia, dando

ampl as vias ele penetração ela ag itação marxista no país. O ra, todo mundo . abe, embora quase ning uém o proclame, que a base da ordem sócio-econômi ca e po lítica é de caráter moral. Se esta última falh a, tudo fatalmente ruirá. De quais fatores precisamente pode-se temer que pro venha a débâcle? Das agitações indígenas ou ecológicas incentivadas por Ch ávez e M orales, de acordo com os . eguiclores ela teologia da libertação? Dos protestos urbanos igualmente socia li stas? Pode ser que qualquer desses fa tores seja a fa ísca detonadora, mas a inda que não fosse assim, a ruína é um risco próx imo. Por que? Porque a fa mília e a propri ed ade são impl acavelme nte co mbatidas .

vado. A f amília, plenamente desenvolvida, não existe mais senão para a burguesia. [... ] As declarações bwg uesas sobre a família e a educação, sobre os doces laços que unem os pais aos filhos, são repugnantes". Mais ainda, Engels afirmava que a monogamia é uma "forma da escraviza-

Ocasião dos rc vol11cio11ários - a hora <la i11tervc11çao pro,rit/cncial Com efeito, a famíli a é ameaçada ele destruição pelo d ivórc io extremamente fácil ; pela igual lade de dire itos e ntre filh os legítimos e natu rais, entre cônjuges e concubinos; pe lo aborto cada vez mais li vre e com menos ex igênc ias; pelo abandono cio lar pe lo pai ou pe la mãe, com o conseqü e nte desa mpa ro dos filh os; pela te lev isão imora l; pe los estabe lec im e ntos ed ucac io na is e m mãos questi o náve is; pe los progra mas docentes ele in sp iração soc iali sta e amoral; pela ex pansão das drogas, elas mais chocantes imorali dades e ela delinqüência. Como esperar então a subsistênc ia de urna soc iedade ordenada e hierárqui ca que fo rme mo ra lme nte a in fâ nc ia e a ju ve ntude? Acrescente-se a tudo is. o a agra va nte de não haver sufic iente número de sacerdotes verdadeiramente preoc upados com esses problemas, meios ele comunicação que os denunc iem ou legisladores e juízes que queira m corrig i-los. No M anifes to Comuni sta, Karl Marx e Frieclrich E ngels pregaram a abolição da famíli a, e se perguntaram : "Em que base repousa a fa mília atual?". E a resposta já estava pronta: "No capital, no lucro pri-

Nossa Senhora de Guadalupe, Rainha e Padroeira das três Américas

ção de um sexo pelo outro, [... ] a proclamação de um conflito entre os sexos"; sustentava que "a primeira divisão do trabalho é a que se fe z entre o homem e a mulher para a procriação de filhos", e que "o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o desenvolvünento do antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, com a do sexo f eminino pelo masculino". Por sua vez, Marx escreveu que "a fa m.ília hierárquica e patriarcal é cha-

mada 'família burguesa', porque o casamento, a propriedade, a.família são os meios práticos pelos quais a burguesia estabeleceu sua dom.inação". Ou sej a, ambos tinham um ódi o simultâneo à famíli a e à propriedade, que dific ilmente poderia ser maior. Bastam estas referências para mostrar que na mentalidade comuni sta convergem o ódi o à família e à propriedade, bem como para entender que para lá convergem també m as correntes socia1istas da Jbero-américa, seja fazendo todo o possível para destrnir a família, seja tratando de impor o coletivi smo mediante a luta de classes ou a estati zação. As dife renças entre ambos os ramos embora pareçam grandes, são meramente táti cas, po is tendem a unir-se para ating ir uma meta comum totalmente anticri stã, que é a completa abolição da fa mília e da propriedade privada. O panorama ibero-a mericano que va i se de finind o no hori zonte inclui , em decorrênc ia da difu são da menta lidade co mu ni sta, conflitos nac io na is e intern acio nais ta lvez vi o le ntíss imos, ass im como o terrori smo e a gue rrilh a. Mas, à medida que a s ituação se ag ra var e generali za r, mostrando que poucos esca parão aos seus efeitos, os povos do co ntinente, ve ndo tudo quanto isso signifi ca, expressarão prime iro sua in sati sfação; e de pois sua indi gnação, co mo j á ocorre com grande parte da popul ação venezuelana e com a reação que ve m ocorre nd o na Co lô mbia co ntra a g uerri lha nos últimos anos. Nessa hora, os re voluc ionári os mais audazes desej arão transformar suas conqui stas, obtidas medi ante o engano, em vitóri as defi nitivas. Mas será ta mbé m a hora da interve nção vitori osa da Rainha e Padroe ira d as três Amé ri cas, N ossa Senhora de Guadalupe. Que Ela a todos in spire e dê fo rças para não se de ix are m arrastar pe la pressão que a ação esquerdi sta exerce e m nosso contine nte. • E- mail do aULor: all'reclomachale@ca tolicisrno.com.br

CATOLICISMO JULHO2009 -


Médico do corpo, mas especialmente da alma

Santo Antônio Maria Zaccaria, cognominado homem angélico M issionário popular e fundador de duas ordens religiosas, exerceu gigantesco apostolado, distinguindo-se na luta contra o protestantismo na primeira metade do século XVI

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CATOLICISMO

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ntônio Maria nasceu em Cremona, na Itália, no ano de 1502, numa família abastada. Seu pai faleceu quando ele ainda estava no berço, e sua mãe, viúva aos 18 anos, o educou no santo temor de Deus. Muito esmoler, desde cedo ela encarregava o filho de distribuir esmolas entre os pobres. Ajoelhado a seu lado, o pequeno Antônio fazia as orações da manhã e da noite. Crescendo, começou a fazer outras orações por sua conta, retiran-

do-se para um canto da casa onde havi a uma imagem da Bem-aventurada Virgem Maria. Iniciando seus estudos, sobres aiuse pela inteligência precoce, assiduidade nos trnbalhos, e sobretudo pela pureza de costumes. Terminando seus estudos em Cremona, dirigiu-se a Pavia para o curso colegial, e depois, em 1520, a Pádua, a fim de cursar Medicina. Se bem que vivesse sozinho nessa cidade estudantil , soube conservar sua inocência pela freqüência aos sacramentos e prática da mo1tificação. Em 1524, aos 22 anos de idade, graduando-se em Medicina, voltou à cidade natal parn exercer a profissão .

E ntretanto, o novo méd ico preocupava-se ainda mais com as almas do que com os corpos de seus pacientes. Na igrej inha de São Vital, perto de sua casa, reunia crianças, às quais ensinava o catecismo. Aos pais, que começarnm também a aflu ir, esse médico das almas fazia homilias simples e impressionantes sobre as verdades da fé, criava diálogos engen hosos e convincentes sobre es as mesmas verdades, tornando assim acessível àquela gente simples os rudimentos da fé. E m Cremona, teve como guia espiritual o dominicano Frei Batista de Crema, que ta mbém tin ha exercido grande influência sobre São Caetano de Thiene. É curioso que só e ntão se manifes tou nele a vocação reli giosa. Completando os estudos, foi ordenado sacerdote aos 26 anos. Quando celebrou a Missa pela primeira vez em Cremona, os fiéis o viram circundado por uma luz celeste e por uma multidão de anjos, que assistiam respeitosamente ao augusto sacrifício. O fato empolgou os habitantes da cidade, crescendo ai nda mais a reputação de santidade do Pe. Antônio, o que contri buiu para angariar-lhe o epíteto ele homem Angélico, ou Anjo de Deus, que passaram a dar-lhe desde então.

pecados cometidos. Sua casa tornouse o asilo dos pobres, albergue dos peregrinos, ponto de encontro de todos aqueles que, atraídos por sua santidade, viam nele um pai e benfeitor. Entretanto, sua arma predileta era a pregação. Deus lhe deu um talento especial para o ministério da palavra e o dom de penetrar as almas . Por causa do tipo de guerras e dissensões intestinas próprio daqueles tempos, Cremona

O Papo Clemente VII assinou o breve de aprovação dos

Clérigos Regulares de São Pau lo

Seu lema 110 apostolado: ser "Wdo pa,·a todos" Tomando São Pa ul o como modelo, e le quis também ser "tudo para todos", e ass im conqui star para Cristo as almas. Porém, quere ndo ainda mais aprofu ndar-se no estudo da santa Religião, todo o tempo que lhe sobrava do exercício do ministério I astoral e da oração era dedicado ao estudo da teologia. O jovem sacerdote visitava os d entes nos hospitais e os detidos nos cárceres, levando a uns e outros o conforto da Re ligião e uma aj uda material, exortando-os sobretudo a sofrer pacientemente a provação em punição dos

O santo com Tiago Morigia e Batolomeu Ferrari , primeiros membros do novo instituto

encontrava-se num estado de decadência muito acentuado, tanto moral quanto espiritual. Certamente menor do que em nossa época, mas muito grande. Não só Cremona, como di z um autor: "Nessa época, o relaxamento da disciplina e as graves desordens que ele traz consigo tinham se introduzido no clero e nos claustros. Daí a ignorância, a superstição e a licença de costumes no povo, que não tinha senão despreza por esses pastores infiéis, quando não se serviam de seus escândalos públicos para just~ficar sua conduta e dar um ar de conveniência e de honestidade à sua própria corrupção". 1 Isso era generalizado em todo o norte da Itália, onde os exércitos mercenários protestantes, mostrando desprezo pela Re ligião, contagiavam o povo com seu mau exemplo. A fome e a praga seguiam de peito o passo dos soldados, o que tornava ainda mais lamentável a situação. Para enfre ntar esse quadro desolador, o Pe. Antônio Maria concebeu a idéia de instituir uma congregação de sacerdotes para a reforma dos costumes. Seus membros deveriam se distinguir pela humildade, pobreza ele espírito, abnegação e prática da oração. Ora, tal plano visava um campo maior que Cremona, por isso mud ou-se para a grande e populosa Milão. Lá encontrou do is sacerdotes de um a Confraternidade da Sab edoria Eterna , Tiago Morigia e Batolomeu Ferrari, que logo se prontificaram a formar a sociedade de clérigos regulares com regras e votos, sem serem monges nem frades, situação q ue Antônio Zaccaria visava. Surgiu então a Congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo. Em 1533, o Papa C lemente VJI assinou o breve de aprovação do novo instituto. Suas regras visavam apresentar co mo obj etiv o a seus mem bros: "Regenerar e reavivar o amor ao culto divino, num modo de vida verdadeiramente cristão, pela pregação freqüente e fiel administração dos Sacramentos". Desde l 530 a condessa de Guastalla, Luísa Torelli, tinha reunido em

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Milão um grupo de senhoras e jovens para viverem uma vida simples e penitente. Elas prontificaram-se a ajudar o santo na autêntica reforma reli giosa que e le havia empreendido para se opor à maléfi ca ação da pseudo-reform a de Lutero. O que resultou no Instituto das Angélicas de São Paulo, que consistia numa grande ajuda à atuação de Santo Antônio Mari a Zaccaria. Depois de ter estabelecido seu mosteiro perto da igrej a de Santa Eufêmia, o santo se mudou com seus sacerdotes para um a casa junto à igreja de Santo Ambrósio, que a condessa de Guastalla lhe hav ia dado. Rcl'ol'mador ela sociccladc cfril e cclcsiáslica

Para a reforma do clero, ele convidava os eclesiásticos a conferências espirituais em que, com palavras de fogo , mostrava a di gnidade do sace rd óc io, o be m qu e se us membros podem faze r para a regeneração dos costumes, a responsabilidade que terão diante de Deus pela sa lvação elas alm as que lhes foram confi adas. O bem que produ ziu no cl ero mil anês foi extraordinário. Fazia também confe rências para o povo sob re as verdades da fé, os novíssimos e os sacramentos. Além disso, ardendo em zelo pela glória de Deus e pela salvação das almas ameaçadas pelos erros do protestantismo nascente, Santo Antônio Maria saía à rua com um crucifixo na mão, pregando nos logradouros públicos, com grande fruto, a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cri sto e a necessidade de penitência pelos próprios pecados. Além de pregar, ele continuou a visitar, com seus sacerdotes, os doentes nos hospitais e os pobres em suas casas. Vendo o bem que a nova cong regação reali za va, o ca rd ea l Ni co lau Ridolfi , que ad mini strava

CATOLICISMO

Corpo incorrupto de Santo Antônio Maria Zaccaria , na igreja de sua congregação em Milão

a diocese de Vicenza, pediu a Santo Antônio Maria que fosse à sua cidade com alguns dos seus mel_hores auxili ares, a fim de ajudá- lo na reforma de doi s conventos de reli giosas que lhe causavam muita preoc up ação. Santo Antônio levo u consigo algun s sacerdotes e Angélica.1· a Yicenza. O primeiro co nvento a ser refo rm ado e ra o de no min ado das Convertidas, co nstituído por mulheres que tinham levad o no mundo má vida, e que ali deveriam praticar penitência por suas desordens passadas . Graças a muita oração, exortações e esforços perseverantes, alé m do grand e auxíJ io das Angélicas, Santo Antôni o conseguiu a muito custo mudar completamente essas ove lh as tres malh adas. Para perseverarem no propósito de reforma reli giosa que tinham fe ito, co locou-as sob a direção das Angélicas. Reformou também um convento de freiras chamadas Religiosas de São Silvestre, que negli genciavam completamente a obs rvância das regras e se tinh am entregue a toda sorte de vaidades e Iicenças contrári as a eu estado reli gioso. As virtudes e o zelo cio santo tri unfara m, e as religiosas fi zeram o propós ito de emenda. Mas o zelo de Santo Antônio não

se limitou aos co nventos. Preg u também na sociedade civil , estabelecendo em Yicenza todos os exercícios de piedade que hav ia intrn luzido em Milão, principalmente as confe rências espirituais, que contribu íram para o reafervoramento de mui tos fiéi s, levando-os a uma ex ímia prática da piedade. Uma das práticas que mais ralava ao coração do .-anto er"l a das Quarenta Horas. Dizem algun s que fo i ele próprio quem instituiu essa prática. Entretanto ela já era co nhecida, de alguma fo rm a, desde a Idade Média . Tendo vivido a1cnas 36 anos, Santo Antôni o Maria Zaccaria fa leceu no di a 5 d julho de 1539, sendo eu corpo ·neon trado incorrupto 27 anos d pois. •

C enário geológico que atrairá os olhos ela llurnanidadc até o fim dos tempos. l~cprescnta uma liçüo pal'a o rnundo situar-se o local do batismo do Rndentor duas centenas de mcL1'os abai, o do llÍ\ el do mar? R. M ANSUR

G uÉR1os

E-rnuil do autor: pm so lirneo @catoli cisrno.corn.br 1. Lcs Peti ts Bollancl istes, Vies eles Sa i111s , Bloucl e Parra l, Pari s, 1882, 10 111 0 XV ,

p. 466. Outras obras consultadas : - Patri ck H. Kell y, 'a i111 A111ô11io Maria Zacca ria , The Ca rh oli c · ncyc lopedi a, onlin e ecl iti on www .NewAclvent. org - Dorn Prospero Guéra nger, Sa11 A111ô11 io Maria Zacca r ia , EI Ano Lit urgico, Ecli torial A lclecoa, Burgos , 1955 , torn o IV. - Pe. José Leite S. J., Sa1110 A111ô11io Maria Zaccaria , Sa nt os ele Cada Dia, Ed itorial A.O. , Braga, 1987, torno II .

111 recente viagem de cinco dias à Terra anta, o Papa Bento XVI esteve em cl iversos lugares agrados relac ionados com a Redenção. Nessa oportunidade, aco mpanhado cio rei Abcl ull ah e ela ra inha Rania da Jordâni a, Bent XVI visitou o loca l onde Jesus fo i bati zado, às magens d ri o Jordão. Nessa área, em Betâni a ela Transjordânia, "nafi·onteira entre Israel e Jordânia, serão construídas duas novas igrejas cristãs". 1 Qu al o significado desse lugar para os católico.? A importância do batismo de Jes us por São João Bati sta ele tal ordem, que os quatro evangelistas a e.l ese referem. Houve um Precursor, que veio preparar os caminhos para a chegada cio Mess ias. São João Bati sta habitava o deserto ela Judéia, "um terreno abrupto, pedregoso e estéril. Apenas na primavera, em. algumas partes tem algo verdejante. Possui 80 km de comprimento por cerca de 20 a 25 km de largura, uma

área de cerca de J. 700 km 2. Essa região inóspita fo i o teatro das rn.editações de João. Era um lugar apto à vida erem.ítica ". 2 Ali São João atraía multidões que acorri am para receber seu bati smo, admini strado em toda a reg ião do Jordão, onde ele "pregava um batismo de penitência para o perdão dos pecados" (Lc 3,3). O que vem a ser essa penitênc ia ? O termo penitência é sumamente signifi cativo (em grego: metanoeite) . Não se refe re ao aspecto penitencial e ascético da penitência, embora possa incluí-lo co mo conseqüência, mas significa algo muito mai profundo: uma mudança de mentalicl acle, ele pensar, que no . entido semita é também um modo ele ser. Corresponde ao verbo hebraico shub (vo ltar-se), com o qual tantas vezes os profetas exortam o povo a voltar-se para Deus, a "co nverterse". É cumprir, num sentido mora l, o que os evangelistas evoca m ele I aías: "Preparai os caminhos do Senhm; endireitai as suas veredas". 3

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"Os quatro evangelhos unem lógica e historicamente o batismo de Cristo com a obra do Batista, não só porque a obra deste era para preparar a digna recepção do Messias, mas também porque o batismo de Cristo era o sinal oficial com que o Batista reconheceria a Cristo como Messias, e a partir do qual poderia apresentá-lo a Israel". 4 É conhecida a cena do batismo de Jesus. A resistência de São João Batista só é vencida pelo convite-ordem de N. S. Jesus Cristo: "Deixa-me fa zer agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça" (Mt 3, 15). " O batismo de João era de água, e o administrava [... ] em Betânia da Transjordânia" (Jo 1,28; 10,40)". 5 N. S. Jesus Cristo "podia receber o batismo de João, porque, ainda que fosse 'batismo de penitência para remissão dos pecados', era apenas de 'água '. Não conferia, por si, nem justificação, nem o Espirita Santo, nem aumento da graça. Do contrário Cristo não poderia recebê-lo, pois não tinha pecado algum nem podia aumentar na plenitude da graça, que tinha desde a encarnação.6 "Vê-se nesse ato de Cristo, além do 'sinal' para o Batista, uma profunda conveniência. O batismo de Cristo é o começo e como que a consagração de sua vida pública e messiânica. Na enérgica expressão de São Paulo, Cristo sobe na cruz para '. fa zer-se maldição por nós ' (Gal. 3, /3). E assim, ao começar sua vida pública de Redento,; sai e aceita antes publicamente este batismo de penitência 'para a remissão dos pecados', com o mesmo sentido vicário (que fa z as vezes de outrem) com o qual ele subiria à cruz. Este batismo é como a consagração oficial vicária de sua vida pública de Redentor e de Vítima pelos homens. . " O batismo de Cristo no Jordão foi por imersão, pois Mateus e Marcos dizem que, uma vez batizado, 'ascendeu', saiu da água". 7 *

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A Terra Santa fo i o ambiente escolhido por Deus para a Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus

Cristo. Desde Abraão, tudo convergia para a vinda do Messias naq uela que era a Terra Prometida. Nada, porém, acontece por mero acaso. No local do batismo há uma peculiaridade geológica, só compreendida em nossa época: o cenário escolhido pelo Redentor para o seu batismo tinha as características geológicas de um grande anfiteatro, tomada aqui a palavra num sentido alegórico. São conhecidas as características do teatro na Antiguidade clássica: os anfiteatros gregos eram em forma de semi-círculo; os romanos, de círculo ou ovais; e os assistentes ficavam em nível elevado em relação ao palco. Tal fo rmato facilitava não só a visualização do que se encenava, como permitia uma audição em condições acústicas excepcionais para toda a platéia. Como era o anfiteatro geológico do batismo de Nosso Senhor? As características de Israel são únicas. Está dividido no sentido norte-sul pelo profundo vale do rio Jordão, cujo percurso tortuoso, de cerca de 250 km, em sua maior parte encontra-se abaixo do nível do mar. A quase meio caminho, o lago de Genezaré, também conhecido como mar da Galiléia, está a 2 12 metros abaixo do nível do mar. Depois desse percurso acidentado, o rio Jordão desemboca no mar Morto, 392 metros abaixo do nível do mar, o ponto mais baixo da Terra. Este mar não se comunica com outro, suas águas se evaporam. Os detritos que o rio carrega vão nele se depositando, e sua alta salinidade o torna desprovido de vida. Daí o nome: mar Mo1to. Assi m, a cena do bati smo se passa num como que anfiteatro do mundo. É pungente que o Filho de Deus, ao iniciar sua vida pública, escolhesse por cenário não uma cascata cristalina de montanha, e sim um vale profundo. Há na Terra alguns vales abaixo do nível do mar, mas nenhum tão baixo como este. O mai or dos profetas - São João Batista - aí o aguarda. De início recusa-se a batizá-lo, acedendo apenas por obediência. Nosso Senhor Jesus Cristo desce às águas e recebe o batismo. As ág uas que tocaram seu Corpo sagrado tornaramse santas. As impurezas que co ntinham foram elimi nadas. Ass im , ao retornar ao leito do rio, conduziram sim bolicamente as nossas mi sérias e ingratidões, crimes e pecados para o

O Mar da Galiléia

CATOLICISMO

O Monte Tabor ao entardecer

em Cafarnaum, às margens do mar da Galiléia, que está 212 metros abaixo do nível do mar. Assim, sua vida pública adquire uma nota singular: o Verbo Encarnado quis viver ali , que é também a cidade de São Pedro, e é a partiJ· dali que empreende suas viagens.

mar Morto , o mar sem vida , inerte, c uj as ág uas não se comunicam com outra , e apena s po r e vapo ração retornam à natureza. Semelhante à água da pia batismal, que não se comunica com outras águas e é lançada à parte. *

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Com relação ao bati mo, ao sair em seguida (Mt, Me) da água quando ele estava em oração (Lc), trê fen ômenos se sucedem: a) abre m-se os céus; b) desce uma pomba, que era o Espírito San to (Lc); e) simultaneamente ouve-se d Céu a voz do Pai, que diz: 'Este é o meu Filho, o Amado; nele me comprazi '. 8 Assim, abre-se o Céu, que estava fec hado; o Es pírito Santo desce sobre o Cordeiro de Deus; a Vítima está preparada. Em certo sentido, daquelas profundidades geográficas brota a rai z frondosa do orpo Místico de Cri sto. É tudo? Não. A natureza da Terra Santa é acidentada, cheia de contrastes, não singela como um pampa. Na narrações evangéli cas destacam-se mais as elevações: o Sermão da Montanha, a Transfi guração no Tabor, a Crucificação no alto do Calvário, nas cercani as de Jerusalém, a qual está 700 metros acim a do nível do mar; e a Ascensão aos Céus no monte das Olive iras. Os vales são me ncionados de passagem. Por 111 , há outra peculiaridade. Algum tempo depois do batis mo de J sus, São João Batista fo i preso por Herodes. Nos domíni os c1 stc estava Nazaré. Para evitar uma perseguição antes da hora, e tam bém por ter sido expul so de sua cidade, Nosso cnhor J sus Cristo e Nossa Senhora passaram a viver

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Teria isto algum ensinamento para o homem contemporâneo? Não seria outra lição de humildade, beirando o incompreensível, que o local do batismo do Redentor e sua residência habitu al estivessem situados numa área duas centenas de metros abaixo do nível do mar? Podemos considerar que esse lugar rebaixado na natureza constituía um anfiteatro providencial, no qual se desenrolaram alguns dos fatos mais marcantes da história da humanidade, de modo que para ele se voltaram, cheios de unção, os olhos dos homens, durante os dois mil anos seguintes. E assim continua.rão a fazer até o fim dos tempos! • E-mail pa ra o autor: gueri os@ cato licismo.com.br Notas:

1. "O Globo", 1.1-5-09. 2. Cfr. Bíblia Comemada , por Professores de Salamanca - 8.A.C., Madri d, 1963, vol. V, p. 48. 3. Cfr. op. cit. , p. 52. 4. Op. cit. , p. 60. 5. Cfr. Suma Teo lógica, III , q. 7, a. 12, apud op. cit. , p. 52. 6. Op. cit., p. 62. 7. Op. cit., p. 62. 8. Cfr. op. c it. , pp. 62-63.

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todos os recantos que circundam o lugar das aparições. Vi um a senhora conduzindo numa cadeira de rodas sua filha, que parec ia sofrer de alguma moléstia nervosa. Ao aproximar-se do local onde se dão os banhos com a ág ua da fonte, a mãe recuou alguns passos, e duas ou três voluntárias tomaram a menina e a transferiram para um pequeno leito, a fim de melhor transportá-la. Durante essa operação bastante simples, o olhar da mãe acompanhou todos os movimentos, com tanto amor pe la filha, com tanta doçura e compaixão, que parecia di zer: "Minha

.filha, como eu gostaria de te ver curada! Mas se de outro modo dispuser a sabedoria divina, saiba que eu continuarei a te amar inteiramente, não pouparei esforços para te proteger, para te fazer feliz o quanto possível; eu me sacrificarei por ti até o último alento ". É a image m tocante do que se sente em Lourdes : o olhar de Nossa Senhora pousa sobre nós, os necess itados e estropiados deste vale de lágrimas, produzindo uma paz de a lma profunda, uma resignação perfeita, uma elevação sobrenatural. Lourdes tem comunicação direta com o Céu. • ' G REGÓR IO V IVANCO LOPES

N

aque le 2 de março ele 1858 , na gruta da M assa bi elle, Nossa Senhora di sse à jove m Bernadette Soubirous, ajoelhada a seus pés: "Que

venharn aqui em procissão". Tais palav ras simples pareciam significar um desejo vago, uma aspiração momentânea. No entanto, e las estavam dotadas de uma potênc ia in s uspe itada, porque elitas pela M ãe de De us. O ped ido ecoou por toda a Terra e atraiu para Lourdes multidões pressurosas vindas de todos os co ntine ntes, dos vales e dos montes , das gele iras e das regiões tórridas, das ilh as mais afastadas, dos recanto mais ig norados. Outrora Nosso Senhor di sse a um mo rto, sep ultado h av ia quatro dias: "Lázaro, vemparafora!" (Jo, 11 , 43). E ele veio, por fo rça ela palavra divina. Da

mes ma forma o chamado de Nossa Senho ra - mera cri atura, mas a poiada na força divina de seu Filho - produziu o mil ag re estupe ndo de atrair multid ões incessantes e crescentes. E m mai o deste ano, juntame nte com do is cli letos ami gos, pude constatar a atração inim ag in ável desse apelo ela Virgem . Presenciei o desenrolar da proc issão elas velas que, na primavera e verão, se realiza e m Lourdes todas as no ites. Colocado num lugar privilegiado, vi estupefato a multidão que , numa o rdem perfeita e com uma compenetração impressionante, desembocava na esplanada e m frente à basíli ca, vinda ele uma rua adjacente . Como as ág uas ele um ri o caudaloso e solene, vagas e vagas de fiéis sucediam-se empunhando ve las acesas, que se e rg ui a m todas ao cé u quando os cânticos re petiam o refrão Ave, Ave, Ave

Maria! A im age m d e N ossa Senhora de Lourdes os precedia como rainha bo n-

E-mai l cio autor: gregori o@cato licismo.com.br

ciosa e muito amada. E nfe rmos em suas cade iras ele rodas, conduzidas por voluntá ri os uniformi zados, eram e m número incontáve l. Durante o di a eles são vi stos ta mbé m na gruta das a pari ções, nas duas basíli cas superpostas, no loca l cios banhos com ág ua da fonte, por toda parte e nfim .

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O ambie nte é impregnado de fé, seriedade e e levação mora l. Nota-se naqueles rostos sofridos e chicoteados pe los infortúnios da vida um estado ele espírito que, de modo co letivo, só em Lourdes constatei. Naqu e le abençoado lu ga r, De us opera, é certo, curas estupendas por

intercessão de N o a en hora. Mas o maior mil agre não são s coxos que andam nem os cegos que vêem. O maior mil agre é a conformidade obrenatural daq uelas almas. Há nelas um a esperança viva de que a Virgem Imaculada as cure ; mas, ao mesmo tempo, uma disposição d espírito pela qual desde j á aceitam r s ignadamente, sem revolta, sem acrimôni a e mes mo sem tristeza, aquilo que f'or o desígnio de Deus. 1 r11ça impreg na o a mbie nte el e /\ Lourei ·s <.:orno uma névo a c la ra e benf'az ~ju ; pousa sobre a gruta, sobre as pessons , d i f'u nde-se sobrenatural mente pel o ar. /\p >S mais de 150 anos de milagres ·011st1111t s, uma delicada camada de páti1111 crkst • parece ter-se estendido por

CATOUCISMO JULHO2009 -


incompletos preferiu morrer crue lmente a perder sua pureza virginal, be lo exemplo para as moças de hoje em dia. Pio XII afirma ser e la "o fruto de

lar cristão onde se reza, se educam cristãmente os filhos no santo amor de Deus, na obediência aos pais, no amor à verdade, na honestidade e na pureza".

Santo Olivério Plunkeu , Bispo e MéÍrtir + Londres, 1681 . Irlandês, foi ordenado sacerdote em Roma. Depois, eleito Bispo e Primaz da Irlanda. Foi martirizado em Londres.

2 São Bernardino Rea lino,Co111'essor + Lecce (Itália), 1619. Formado em Direito Civil e Canônico, advogado fiscal de Alessandria, no Piemonte, tudo abandonou para servir a Deus na Companhia de Jesus:

3 São Tomé. Apóstolo + Índia, Séc. I. Segundo a Tradição, pregou o Evangelho na Armênia, na Média, na Pérsia e na Índia, onde foi martirizado. Por seu apostolado e sua morte, confessou a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual, por momentos, duvidara.

Primeira Sexta-feira do mês.

7 Bea tos Rogério Dickenson e l~aul Milner, Má l'Lires + Winche ste r (Inglaterra), 159 l. Raul , agricultor analfabeto, abjurando o protestantismo, foi preso no dia de sua primeira comunhão . Liberado, passou a auxiliar os católicos perseguidos. Para isso uniu-se ao Pe. Rogério, ajudando-o em seu ministério oculto entre os católicos. Encarcerado com o mencionado sacerdote, recusou-se a abjurar a verdadeira fé, sendo executado com ele.

8 São Ouiliano, Bispo e Mártir + Wurtzburg (A lemanha), 689. Irlandês de origem, partiu para evangelizar a Baviera. Quando seu aposto lado ia ser coroado de sucesso com a conversão do duque de Wurtzburg, a cunhada deste mandou assassiná-lo na ausência do duque.

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Sa nta Isa bel de Portuga l, Viú va

Sa nta Paulina cio Cor·nçfio de Jesus /\go11iia 11 1.e, Vir·gcm + São Paulo, 1942. Oriunda da Itália, ao IOan s emigrou com

+ Estremoz, 1336. Espanhola de origem, rainha de Portugal, distinguiu-se pela ilimitada caridade para com os necess itados. Várias vezes obteve a paz entre príncipes cristãos Iitigantes. Primeiro Sábado do mês.

5 Santo Antonio Ma ria Zaccaria, Confessor (Vide p. 36)

6 Santa Maria Gor'elli , Virgem e Má1t ir + Ferriere di Conca (Itá lia) , 1902. Esta menina de 12 anos

a família para anta Catarina. Fundou a primeira congregação religio a feminin a brasileira, das Irm ãzinhas da Imaculada Conce ição.

10 Beato Pacífi co, Confessor + Bélgica, 1230. Trovador, converteu-se aos 50 anos ouvindo a pregação de São Francisco, que o recebeu em sua Ordem e enviou-o depois para estabelecê-la em Paris.

11 São Bento, Abade + Montecass ino (Itália), 547. Patriarca dos monges do Ocidente, Patrono da Europa. Seus monges reco nstruíram , por meio do cristianismo, aquele continente arrasado pelos bárbaros. São Gregório Magno afirma dele que "estava cheio

do espírito de todos os justos ", e Bossuet o chama de "síntese perfeita do Cristianismo".

12 Bea tos João Jones e ,J oão Wall , Márt ires

15 São Boaventura, Bispo e Do utor• da lgr •ja

+ Lyon (França), 1274. Discípulo de São Francisco de Assis, distinguiu-se por sua sabedoria e piedade. Seu e critos, cheios de unção sobrenatural, lhe valeram o títul o de Doutor Serájico. Geral dos Franc iscanos, cardeal, morreu m Lyon durante um concílio.

16 Nos:-;a Senhora cio Cnr·mo (Vide Catolicismo,julho/2001)

+ Inglaterra, 1598 e 1679. De

17

família católica galesa, João Jones entrou na Ordem Franciscana em Roma. Enviado para a mi ssão inglesa, acabou endo preso, decapitado e esquartejado por ódio à fé. João Wall , também franciscano, trabalhou na clandestinidade durante 22 anos no condado de Worcester, onde foi executado.

Beato Inácio de J\wvecl o e Compa nheiros, Mór'tir'<·s + 1570. Estes 40 M 1r1ires do Brasil, a caminho de n ssa Pá-

13 Santo l lenrique li e Sa nta Cuneguncles irnpcracl<H·es cio Sacro lmp6r•io + Al e manh a , 1024 e 1033 . Santo Henrique era duque da Bavi era , quando recebe u do Papa a e roa do Sacro Impéri o Romano Alemão, por seu z lo pela propagação da fé e s ua vida profu ndamente religiosa. Sua esposa Santa Cunegundes, após a morte do marid o, ingressou num moste iro por ela fundado.

14 São Camilo de Lell is, Confessor

+ Roma, 1614. De nobre família, ingressou no exército e foi expul so, por mau caráter e vício de jogar. Perdeu a fort una e teve de mendigar. Tocado pela graça, entregou-se ao serv iço dos enfermos nos hosp itai s, especialmente dos pestíferos, fundando para isso a Ordem dos Mini stros dos Enfermos. Morreu vítima de sua caridade, com a moléstia contagiosa que contraíra. Leão XIII o declarou patrono dos hospitais e dos enfermos.

tria, que vinham evang lizar, foram vítimas de piratas heréticos protestantes. Em um êxtase, Santa Teresa os viu entrand no éu.

1n São l<'ilastl'0, Co11l'c:Si'l0I' + Bréscia (Itália), 386. Ac rri mo inimi go dos ari an s, f' nomeado pároco de Brés ·ia.

19 Sa nto J\rsê11io, Conl' •sso,· + Mênfis (Egito), 412. Romano, retirou-se para o deserto no Egito, a fim de fugir das ciladas do mundo.

20 Santo l•:llas, Profclél Séc. IX a. . Do mais extraordinários personagcn do Anti go Testament , " ·onsumia-se

de zelo pelo Senha,; Deus dos Exércitos ". Foi a rrebatad ao céu num carro ele f g , d vendo voltar no fim dos t mpos para lutar contra o Anti cri sto. É considerado fundad r do Carmelo. Na transfiguraç. o de Nosso Senhor, e le estava pr •sente juntamente com M is s.

21 São Lmrr·enço ele Bl'ill(lisl , Confesso,· e Douto!' da lgr•eja + Li sboa, 1619. Religioso capuchinho italiano, pregou durante 20 anos na Itália e Ale-

manha, sendo um dos mais terríveis adversários do protestantismo em seu tempo. Hábil di plomata, foi encarregado pelo Papa de delicadas missões, falece ndo em Portugal , nesse exercício. Deixou várias obras de controvér ia e exegese.

22 Sa nta MMia Maclalcna, Penitente + Séc. I. "Porque muito amou, muito lhe foi perdoado". Acompanhou o Divino Mestre até a Cruz e foi a primeira a ter notícia de s ua Ress urreição . Antiga tradição di z que morreu no sul da França.

23 Sa nta Bl'ígida ela Suécia, Viúva + Roma, 1373. Da famíli a real da Suécia, casou-se com o prínc ipe da Nerícia. Este, após o nascimento de oito filhos, entrou para a Ordem Cisterciense; a esposa retirou-se com a fi lha, Santa Catarina, para Roma, onde fa leceu. Grande mística, teve mu itas revelações , pelo que é chamada a profetisa do Novo Testamento.

24 Súo Cllw•l)el Ma l hlul', Confessor· Srnll a l.rríza ele SaMia, Viúva + Orbe ( uíça), 1503. Descendente cio Beato Amadeu IX de Sabóia, casou- e com Hugo de Châlon . Per lcn lo o marido 1O anos depo is, ntrou num convento franci scano.

25 São Tiugo Muior•, Apóstolo e Mó r'l.ir'

+ Séc. I. Irmão de São João, fo i um dos três Apóstolos presentes na Transfiguração e na Agonia do Horto. Pregou na Judé ia, Samaria e Espanha. Seu epul ·r em Compostela foi um dos mais fa mosos da Idade Média. Patrono e Protetor da Espanha.

26 Snnl os ,Joaqu im e /\ na, Pois <lo Sa ntíssima Virgem S ·. 1. Descendentes de reis

e pontífices, sua maior glória é a de terem sido pais da Virgem Maria e avós do Verbo de Deus Humanado.

27 Sa nta Na tália e Companheil'Os, Márt ires

+ Córdoba, 852. Natália e o marido, de origem muç ulman a, converteram-se ao cristiani smo, sendo imitados por Félix e Liliosa, também cristãos ocultos. Por isso, todos foram condenados à morte junto com um monge palestino, Jorge, a quem davam abrigo.

28 Sa nto Inocêncio 1, Papa + Roma, 417. Papa numa das mai s turbulentas épocas da História da Igreja, em que a Itália era invadida pelos godos e pela heresia pelagiana. Condenou esta última, a pedido de Santo Agostinho.

29 Sa nta Ma rta , Vil'gem + Séc. I. Irmã de Lázaro e Maria Madalena, foi ho nrada várias vezes com a visita de Nosso Senhor. Representa a vida ativa, e Maria a contemplativa. É con siderada padroeira das donas-de-casa.

Intenções para a Santa Missa em julho Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre David Francisquini, nas segu intes intenções: • Missa com espec ial menção a Nossa Senhora do Carmo (cuio festividade celebra-se no dia 16 de iulho) e a Santo Elias (considerado um · dos fundodores do Carmelo, cu ia festa celebrase no d ia 20), rogondo graças pela sa lvação eterno de cado um dos assinantes e leitores de Catolicismo. E também pedindo graços para uma maior expansão do devoção ao Santo Escapulário do Ca rmo. • Pelas pessoas ma is necessitadas, devido às enchentes que prejudicaram milhares de famílias nas regiões do Norte e Nordeste do Poís.

30 Sfio Pcclrn Cl'isólogo, Bispo, Confessor e Doutor ela Igreja + Rave na, 450. Por sua e loqüência fo i chamado Crisólogo, isto é, palavra de ouro. Grande moralista, combateu as superstições vindas do paganismo. Suas 160 homilias densas ele doutrina valeram-lhe o título de Doutor ela Ig reja.

31 Sa nto Inácio de l.oyola, Conf'es:-;or· + Roma, 1556. "Tudo para a m.aior glória de Deus", foi o lema deste santo que, segundo o Papa Gregório XV, "tinha a

alma maior que o mundo ". Para combater a pseudo-reforma protestante e propulsionar a Contra-Reforma , fundou a Companhia de Jesus.

Intenções para a Santa Missa em agosto • Pelos méritos e graças próprios à Assunção da Mãe de Deus aos Céus - principol celebração mariana no mês de agosto - , rezando pela fidelidode do clero brasileiro à autêntica do utrina cató lica, para livra r o Brasil e nossas famílias das heresios e do ateísmo. Na missa haverá umo menção especial pelas almas dos passogeiros vitimados na tragédia aé rea do vôo da Air France e pelos famílias enlutodas pela perda de seus entes queridos.


apoio ao Fundo Populacional da ONU (esse fundo havia sido bloqueado em 2002, quando as investigações do Departamento de Estado provaram o apoio dado pelo Fu;,_do à infame política abortista da China, de "uma criança por família") , 25 de janeiro: Nancy Pelosy, presidente da Câmara dos representantes, declarou que a contracepção é agora deresponsabilidade da economia americana. 27 de janeiro: Uma comissão do Congresso debateu um projeto de lei que, se aprovado, sobrepõe a "liberdade de escolha" à "liberdade de consciência médica" em relação ao aborto. Susan Rice, a nova embaixadora de Obama na ONU, oficializou seu apoio ao CEDAW, órgão da ONU contrário à chamada "discriminação da mulher". Tal órgão faz pressão em 93 países pai·a que legalizem o aborto.

Católicos norte-americanos reagem à escandalosa homenagem a Obama

Tal reação ocorreu devido à concessão do título de Doutor 11.ono-

rjs Causa ao presidente pró-aborto Baracl< Obama pela universidade de Notre Dame, por ocasião da formatura da turma 2008-2009

n RoGER

Luís VARGAS

o dia 17 de maio último, o presidente norte-americano Barack Obama foi o convidado de honra na Universidade de Notre Dame, no estado de Indian a, para a formatura dos graduandos da turma 2008-2009. Para se compreender a gravidade de tal fato é necessário, ainda que de modo sucinto, conhecer alguns aspectos da realidade americana em dois pontos principais: a) o cenário católico norte-americano quanto à moral; b) o significado da eleição de Obama em relação a essa moral. Segundo o Centro Nacional de Estatísticas para a Educação (IES), há 4.146 campus universitários e faculdades nos Estados Unidos, dos quais 211 são cató-

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CATOLICISMO

licos. Dentre estas, as que se destacam, com o respectivo total de alunos, são as seguintes: Georgetown University, em Washington, 6.269; Fordham University, na cidade de Nova York, 10.750; Saint Louis University, em Saint Louis, 8.500; University of Detroit, em Detroit, 10.957; Boston College, em Boston, 8.500; Wisconsin 's Marquette University, em Milwaukee, 10.300 ; Notre Dam e University, em South Bend, 11.733. A Universidade de Notre Dame foi fundada pelo Pe. Edward Sorin, em 26 de novembro de 1842.

Vma ampla crise nos meios de ensino católicos Para determinar o tamanho da crise moral que afeta as instituições de alto ensino católicas nos Estados Unidos, voluntários da TFP americana examinaram os sites das 211 universidades e faculdades católicas. Constataram com a sombro que 45 % delas ab ri gam clubes pró-homos exuais em sua próprias páginas. Muito desses clubes financiam eventos que promovem a agenda radical do movimento homossexual. Levando em conta esse aspecto da questão, não era de estranhar que o Pe. John I. Jenkins (foto à dir.), reitor da Universidade de Notre Dame, tentasse em seu discurso de abe1tura da sessão justificar o convite e a concessão do título Honoris Causa ao presidente pró-abo1to Barack Obama. Procurou o sacerdote em sua exposição amortecer as consciências e pregar o diálogo, apontando-o como a maneira de combater o maior mal de nossa época, que segundo ele é a divisão.

Se,wdor Obama: defensor convicto do aborto Tentava assim o Pe. Jenkins desviar o ponto principal da discussão: Obama é "o maior presidente pró-aborto da história americana", como o qualificou o arcebispo Raymond Burke, atual prefeito da Signatura Apostólica da Santa Sé. O site americano LifeSiteNews publicou matéria em 8 de maio com uma séria análise dos primeiros 100 dias do governo Obama, na qual discorreu sobre o fato de o presidente do país ter sido ativamente pró-aborto e pró-homossexualismo. Já no início de sua caiTeira política como senador, afirmou ao principal grupo pró-aborto dos Estados Unidos, a Planned Parenthood, considerar a liberdade de escolha um "assunto fundamental", a respeito do qual ele não ficai·ia indifere nte. Em 2002, votou no estado de Illinoi s

contra uma lei qu clari a proteção a fetos mal abortados faz nd com que fossem clinicamente tratados. Em 2004, cons id r u o Ato de Defesa do Casamento c mo uma "aberração da lei", e acre ccnt ou : "Repelir o ADC é essencial. [... ] aiba111 que eu fi z oposição ao ADC em, 1996. Ele deveria ter sido rejeitado, e •u votarei por sua rejeição no Senado, n,,11bé111 me oporei a qualquer projeto de lei ou emenda da Constituição para impedir homossexuais e lésbicas de ,1·, cosr,rem ", Em outubro ele 2007, votou no senado americano contra u proibição do aborto por na cimento pur ·inl.

Os 100 pl'imcJm,-; <llm; do governo Ohmm, Obama pre tou s ·u ju ramento co mo pres idente dos Estados Uni dos cm 20 de janeiro último , A cguir, 11 li sta dos principais atos iniciais do no vo presidente: 21 de janeiro: A webpuf{e da Casa Branca foi atualizad •i. ob o título Direitos civis, propôs mudan ças para os ativ istas homossex uai s trans ·xuais no que se refere a: "casamento" do mes mo sexo; repulsa do Ato de Def eso do Casamento; repulsa da política de ' nuo pergunte, não diga' , nas forças armad as; acréscimo do 'crime de ódio ' na I • >i slação, garantindo direitos iguais aos homossex uai s, ' tran sgêneros' e trav ·s tis; acréscimo do Ato de Não Discrimi11oç( o ao Emprego e promoção de adoção prm, homossexuais , 22 de janeiro: A Câmara dos Rcpr sentantes rejeitou a Nota de Estímulo, na

seção 5004, que incentivaria as famílias a terem filh os, em oposição aos 87 bilhões de dólares concedidos aos grupos de planifi cação fami li ar (os Estados Unidos até então gastavam 400 milhões de dólares em outros países na aplicação da planificação familiar). Também nesse dia foi aprovado um guia para teste com células-tronco e mbri nárias pelo FDA (órgão americano controlador do consumo de drogas e medicamentos). Obama fez uma declai·ação por e crito, concedendo apoio ao "direito de escolha" da mulher. 23 de janeiro: Obama reverteu, por ordem executiva, a Política da Cidade do México, pleiteada por pres identes anteriores, que proibia a co ncessão de fundos ao aborto e a grupo pró-aborto fora das fro nte iras americanas. Na ocasião, acre centou: "A lém disso, desejo trabalhar com o Congresso para restaurar o

Devido à brevidade de espaço, não é possível expor com detalhes, até o mês de março, todos os atos presidenciais, como também a reação diante de tamanha investida contra os direitos da farru1ia. Basta acrescentar que, nos primeiros 50 dias, Obama selecionou como membros de sua administração uma lista enorme de parlamentares publicamente conhecidos por suas idéias liberai s e de defesa das agendas pró-aborto e pró-homossexualidade. Por tai s fatos, entende-se quão acirrada foi e continua sendo a luta nos Estados Unidos contra essa nova investida dos liberais de esquerda contra a moral e os bons costumes . Torna-se assim claro o motivo pelo qual os verdadeiros católicos, conscientes de seus princípios e de sua dignidade , não poderi a m aceitar a visita de Obama a uma das mais importantes universidades católicas dos Estados Unidos. Catolicismo considera de suma importância tratar desse tema, apresentando a seus leitores alguns dos seus aspectos essenciai s. Nesse sentido, transcrevemos oportuno artigo do Sr. John Ritchie, encai..-egado da Ação Estudantil Universitária da TFP americana, publicado no site da entidade. • E-mail para o autor: cat.ol ici smo @cato l icismo,co m,br

JULH02009 -


Universidade de Notre Dame: como a abóbada dourada perdeu seu brilho. • • A proximadamente 4.200 católicos protestam, em reparação a Nossa Senhora pelo escândalo ocorrido na Universidade de Notre Dame g JOHN RITCHIE

ualquer pessoa familiarizada com o belo campus da University of Notre Dame imediatamente reconhece a abóbada dourada. Cintila à luz do sol e serve como pedestal para uma grande imagem de Nossa Senhora, representada esmagando a cabeça da serpente infernal, relembrando a passagem do Gênesis 3,15: "Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência d ' Ela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". Essa mesma inimizade entre o bem e o mal teria como palco a própria universidade de Notre Dame, durante a festividade de formatura de 2009. No dia 17 de maio, o avião presidencial Air Force One aterrissava na cidade de South Bend, no estado de Indiana. Ao longo das ruas que conduziam do aeroporto ao po1tão de entrada da universidade, estavam alinhados milhares de católicos próvida que se estendiam por quilômetros. Rezavam o rosário e seguravam caitazes protestando contra a escandalosa decisão da universidade de prestar homenagem ao presidente Barack Obaina, talvez um dos políticos que concedeu o maior apoio ao aborto na história americana. Caminhões com mensagens pró-vida passavam constantemente, enquanto um avião sobrevoava o terreno ostentando uma enorme faixa contra o aborto. O assunto não dividiu apenas o campus , mas toda a nação americana. -

CATOLICISMO

Reparação a Nossa Senhora Membros da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) e alunos da Saint Louis de Montfort Academy uniram-se a milhares de pessoas que protestavam diante dos portões da universidade, naquela manhã de domingo. Sua demonstração pacífica tinha um objetivo específico: fazer um ato de repai·ação a Deus e sua Mãe Santíssima por tal escândalo e pelos pecados de aborto; reparação pelas pesquisas com células-tronco embrionárias e pela união homossexual. Membros da TFP americana levaram em um andor a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que presidiu o protesto no portão principal da universidade. "Por que Nossa Senhora chora?" era o título do folheto que a TFP distribuía aos transeuntes. Na capa, uma foto da imagem peregrina internacional de Nossa Senhora de Fátima, que verteu lágrimas miraculosamente em New Orleans em 1972, seis meses antes da legalização do aborto nos Estados Unidos.

Formandos pl'ó-vida recusam-se a participar da formatura

Diante da irremediável incompatibilidade entre a moral católica e o pecado de aborto, não era de espantar que 83 bispos e milhões de fiéis rezassem e fizessem uma petição à universidade para que fosse evitada essa desastrosa decisão. De fato, o arcebispo Raymond Burke qualificou o convite como "uma fonte de gravíssimo escândalo" e

enfatizou que "as instituições católicas não podem oferecer nenhuma plataforma, por questão de honra, àqueles que ensinam e agem publicamente contra a lei moral". Entretanto, os líderes da universidade optai·am por trai1sigir quai1to à integridade da lei moral e serem "politicamente corretos", em detrimento dos princípios.

Não importam diálogos ou sofismas intelectuais, nada mudará o fato: o aborto é inegociável! Isso explica o porquê de centenas de corajosos formandos de Notre Dame se recusarem a participai· em sua própria cerimônia de graduação. Recusaram-se a participar em um evento que conspurca a identidade católica de sua universidade. Estes estudantes agiram movidos por princípios e com honra. Tal ato de valor foi realizado em uma cerimônia paralela, na ala sul da universidade - o South Quad - e promovida pelo ND Response, uma coalizão de 11 grupos de estudantes que reuniu quase duas mil pessoas, incluindo o bispo John D' Arcy (bispo de South Bend) e várias outras figuras proeminentes. Como era de esperar, a "grande mídia" não tomou conhecimento do fato . Portando seus barretes, os graduandos dirigiram-se à gruta de Lourdes, no campus, e liderados pelo Pe. Frank Pavone (diretor nacional dos Padres pela Vida) recitarai11 o terço. Foram depois recebidos no anfiteatro da universidade. JULHO2009 -


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Presidi ram ao ato o Pe. John Corapi (sacerdote orador e nacionalmente conhecido por sua atuação em cadeias de rádio e televisão nos Estados Unidos) e o embaixador Alen Keyes (ativi sta político conserv ador, ex-represe ntante dos Estados Unidos na ONU durante o governo Reagan). À entrada do edifíc io, fora m recebidos pela fa nfa rra da TFP, cujas gaitas de fo le tocava marchas militares patrióticas.

Incentivados a continuar

da mais vigor e dedicação, opondo-se à "cultura da morte" e trabalhando pela restauração dos valores morais. "Espero que a reação não apenas continue, mas cresça. Mais pessoas precisam acordar!", di sse um residente local, que participava do protesto. Apesar do dano espiritual causado pelo escândalo, diante de semelhantes fatos os fiéis encontram sustentação voltando-se à Mãe de Deus, que esmaga a cabeça da serpente infernal, confiantes de que Ela nos guiará e ajudará nestes dias de grande confusão. •

Ainda que o brilho da abóbada dourada de Notre Dame tenha se obscurecido pelo escândalo, católicos de todo o país estão determinados a continuar, com ain-

Portando seus barretes, os graduandos, que em protesto contra a presença de Obama fizeram uma cerimônia paralela, dirigiram-se à gruta de Lourdes, no campus, e recitaram o terço . Depois foram recebidos no anfitea tro da universidade .

"Aposto na familia" n LEO NARDO Cracóvia - Sob o slogan "Na crise, eu aposto na família", reali zou-se em Varsóvi a (Polônia), no dia 31 de maio, a 4" Marcha pela Vida e p ela Família. Urna iniciati va da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga e da Fundação Pro, e in spi rada na rnultitudinári a Marchfor Life, que ocorre anualmente no mês de janeiro em Washington. A chuva torrencial du rante o evento não abateu o ânimo de milhares de participantes, que percorreram as ruas centrai s da capital polonesa em

PRZYBYSZ

defesa dos valores da fa míli a e do direito que ass iste cada pessoa à vi da, desde a concepção até a morte natural. Além de vários sacerdotes e dep utados, também participaram membros de TFPs provenientes dos Estados U nidos, Alemanh a e França, ass im como representantes de organi zações da Es lováquia co ntrári as ao aborto. Abaixo, fl agrantes da marcha. • E-mai l do autor: leo nurcloprzyby sz@catol jcismo.corn.br

O embaixador A len Keyes (acima ao centro), foi um dos oradores da form atura

À entrada do edifício, os formandos, que não participaram da cerimônia oficia l da formatura, foram recebidos pela fanfarra da TFP, cujas gaitas de fole tocavam marchas militares patrióticas .

CATOLICISMO

JULH O2009 -


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O castelo e a cidade de Guimarães ■ PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

castelo de Guimarães, e m Portugal , localizado n distrito de Braga, tem uma certa nota da suavidade lusa. É preciso ter estado em Portuga l ou ter na. veias sangue português - e, por extensão, brasi leiro - para poder saboreá-lo bem. Esse castelo, todo de pedra, é um encanto. Seu aspecto exterior é muito nobre, com janelas ornadas de vitrais contendo desenhos bastante harmoniosos. As proporções são muito agradáveis, sem apresentar nada de agressivo e sabendo guardar bem as distâncias e as hierarqu ias. Diante dele, avista-se bem delimitado o campo de batalha de São Mamede, em que se travaram enfrentamentos mi litares dos quais resulto u a independência ,de Portugal. Para fazer uma comparação à maneira do turista moderno, sua dimensão equiva leria à área de uns três ou quatro campos de futebol. Os reinos eram tão pouco povoados, naquele tempo, que batalhas aguerridas e nobres se efetuavam numa área com essa extensão , e o futuro de urna nação decidia-se assim. A popu lação da cidade de Guimarães (vide quadro anexo) promove festas nesse local. •

º

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 5 de maio de 1994. Sem revisão do autor.

Por voha do ano 1100. Afon so VI , Rei de Leão, doou as terras do ond a lo Portucalense ao conde D. 1lenrique de Borgo nha, pelos ser viços pres tados na luta co ntra os árabes. D. Henrique e sua esposa, D'. Teresa ele Leão, in stal aram -se então em Yimarurws - a futura Guimarães -, passa ndo a hahit 111 a antiga fortaleza, provavelmente cio século , tendo reforçado suas estruturas clefcnsiv11s l' co nstruído sua torre ele menagem. Apesar de anterior à formação do l{t•11111 ele Portugal, o castelo de Gui111:1n l'' t•s t1l marcado pelos episódios que dcrn111 11111H·111 à nação portu guesa, pois nele 1111Sl'l· 11 1•111 111 1 o primeiro rei ele Portu gal , 1) 1\1011, 11 Henriques (estátua à esq.) . filho do rn 111h- 1> Henrique ele Borgonha e de D". 'l'l·n·,11 Anos mai s tarde. durante 11s 111111, pl'1 11 111 dependência. foi nele que D. Al'n11so l lt•1111q11l'' resistiu ao ataque elas forças do n·i l\fo11so VII , ele Leão; e no campo ele St o M111lll' lil' 1kn 11 tou em 1143 o exército do conde 1k Trn va, o qual pretendia desposar 1,11a 1111t' , que enviuvara anos a111 's. Des ta l'ornu1, tencio nava despojar Al'nnso I kmiqut·s cios estados que, de direito, lhl' lll'l'll' lll'i am. Ta l batalha foi deci siva 1111 l'OII NOII dação ela independência de 1'1111111111 1 () cas telo manteve a sua i111pm1 Ul' III 1111 longo de vári os séculos. No reinado de D . Jo.1o 1, l'lll I IH'I, 11p1\ mai s um confronto com Castela , nele forum l'Wl'tllml11 11h111 de reforço defensivo da cidade, já ·111.lo 1ksi1u1111l11 <i111111111

n,,.,


Nยบ 704 - Agosto 2009 - Ano LIX


11 PuN10 CoRRÊA DE OuvE 1RA

Agosto de 2009

A inteligência que Deus deu ao povo brasileiro, a crise e a mediocridade "Tendo

viajado bastante, afirmo, em qualquer ufa ni smo idiota, que nosso povo é dos mais inteligentes da Terra. Entretanto, vejo-o a cambalear indeciso, e m me io ao terrível cipoal de seus proble mas atuais . Quase tudo parece ir afundando gradualmente, e muitas coisas ali e acolá ameaçam seriamente desabar de um momento para outro. Falta na vida pública do Paí o número suficiente de homens capacitados para resolver tal situação. E sobretudo, os que há, vejo-os esparsos, desarticulados, aturdidos. Em suma, homens que ainda poderiam salvar tudo, aí estão sem salvar nada. E por que são eles assim ? Porque os legítimos anseios de paz, experimentados pe los ho mens quando do último pósguerra, co meçaram a ser desv iados, j á por ocasião de Yalta, para o pantanal de um pacifismo invertebrado e utópico. Pa-

cifi smo esse que teve na política exterior de Carter [pre idente dos EUA de 1977 a 1981), como em múltipl as m dai idades de 'détente', de 'Ostpolitik' e de ecumeni sm , a SU' l expressão mais exata. Nada afirmar, nada negar, por quase nenhum dir ' il ) r '· clamar, contra nenhuma obscenidade protesta r - ·nl'im, arvorar a moderação como regra suprema do pensa r, ·o n li~ão forçosa do querer, do sentir e do agir - tudo isto utirou o Ocidente no pantanal da medi ocridad . E ·0111 o O ·id ·nlc o povo brasil eiro, que p ri to tat ia Iam ' ntn v •1111 ' nt 1· t' 1ll plena cri se, sem embargo da cspl 'l ndid u int ·li • n ·in q111· Deus lhe deu". • Trecho de nrll o cl • Plinio 'orr 11 d~ Ollwlnt 1111 " Jiolh11dl• S, 1'1111111", 1•111

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CORRESl'ONl>l~:NCl/\

Nº 704

Nossa Senhora de Potsch (Áustria)

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P/\1,/\VIM DO S/\CEIWO'l'I-:

12 A

R1,:/\1,m,,ni-: CoNctS/\Ml~NTI•:

O divórcio e a doutrina católica

Os moderados no processo revolucionário

14

N/\c10NAL

17

IN'l'ERN/\CJONAt.

20

D1,:s'l'A()t11•:

Manuel Zelaya e a influência de Chávez

7-83.

O caso hondurenho, uma parábola ideológica

A reverência devida à Sagrada Eucaristia

23 ENTm-:v1s·1'J\ Como receber adequadamente a comunhão? O Santo Cura d'Ars -

26

CAPA

36

INFORM/\TIVO Rrn~AI,

150 anos de sua morte

38 D1sc1-:1~N1ND0 Vitrine - gênero de obra de arte

Dom Athanasius Schneider

40 V AJUEOADEs Sábio extremismo e equilíbrio

41 Pon c.nm 42

SANTOS

NossA SENHORA cumM?

1,: F..:s·1'J\s no M,~:s

44 AçAo CoN·m ,-R1wowcmNÁtuA 52 Al\1B1EN'1·1-:s, Cosn11, n:s, C1v11.rzAçüi,:s

Duas escolas de jardinagem: a francesa e a inglesa

Nossa Capa : Igreja de Ars, com aplicação de quadro pintado em vida do santo.

ATO LI CISMO

AGOSTO 2009 -


Nossa Senhora de Põtsch ,., a grande protetora da Austria

Caro leitor,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-01 O São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (Oxx11) 3333-6716 Fax (Oxx11) 3331-6851 Correspond8ncla: Caixa Postal 1422 CEP 01064-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

Dentro das vias normais da graça, o sacerdócio é a mai s alta vocação que se possa exercer, porquanto se destina primordialmente à sa lvação das almas, moti vo pelo qual Deus veio ao mundo: "Apascenta as minhas ovelhas " (Jo 21, l5 -l 7), ordenou Jesus a São Pedro. Tratando-se de uma vocação, é natural que só a abracem aqueles que se sentem a ela chamados. Se todos os investidos no sacerdócio e compenetras cm da grandeza que lhes é própria, seguiriam as pegadas do grande São João Bati sta Maria Vianney, o Cura d' Ars, cujo sesquicentenário de falecimento come mora-se ne te mês. orno decorrênci a dessa efeméride, foi estabel ecido o " Ano sacerdotal" inaugurado pelo Papa Bento XVI no dia 19 de junho último. A matéria de capa desta edição ocupase do tema. Devem ser os sacerdotes "o sal da terra e a luz do mundo" (Mt 5, 1 - 16), e encontrando-se a humanidade em estado de devastação moral e imersa m 1revas espirituais, não é temerário perguntar se uma coisa tem relação com a ul ra, ou seja, em que medida o misterioso processo de "autodemolição" da Jgr ja, r ferido por Paulo Yl em 1978, é responsável por essa desoladora situ ação. Contudo, a Igreja Católica é imortal, e a exempl o do que succd u ·m outras ocasiões ao longo de sua hi stória duas vezes milenar, sairá ainda mai s spl •ndorosa desta crise: "A lios ego vidi ventos; alias prospexi animo pro ·•lias " (" bu vi outros ventos, e contemplei outras tempestades", in fcero, 159- 190 a. ). Mas se a própria Igreja engendrou santos, cuj os exemplos de vida iluminaram s ·us respectivos séculos, cumpre conhecê-los, poi neles pod star a inspin1ç· o pnru o novo ressurgimento. Poucos sa ntos tiveram o ra onn.emenl d , o .101 o Hu lisla Maria Vi anney. Viveu em plena turbulência r volu ion áriu 1' ·orr ·n1 • da R •voluç1 o Francesa, dentro d pr pri Ih d fum e. o. lnl ·1' ·tuulm •111 • p >u ·o dotado • pustoreando somente as 230 almas d qu s ·ompunha ·nt t o sun uld ·ia, ·I • o f'•z ·ntrctanto com tanto zcl , e. tava cl tal modo ·omp ·n ·Irado ti • suus obrigaç s d· sacerdote, que sua influência ultrapassou as fronl ·irus du Frnn ·u. Mui s, u 1 •r ja o propôs como padroeiro de todos os pá ro ·os. Para atingir a santid ad , o ad mir v •I ' uru d' Ars ·nf'rentou adversidade e sofrimentos ingentes, que Ih vi mm tanto du purl • dos homens quanto do próprio demônio. Combatendo encr i ·a m · nl • ·x tin )uindo os bai les, o trabalho aos domingos, a existência de tabernas, as bl us ~ mias, etc., ele transformou a tíbia e relaxada vila de Ars em um mod ·I ) d par 1uia. Peregrinos de toda a França, e até de outros países, ac rriam à p qucna vila para tomar contacto com o extraordinário pastor de almas, qu Iia as c n, ciências, e sentir o ambiente sobrenatural que dominava Ars e eus habitantes. Faço votos de que o artigo consagrado ao padroeiro do clero católico seja ocasião de muitas graça para todos os que o lerem.

Em Jesus e M aria,

~ ~07 DIR ETOR

aulobrito@catoli ·, 1

Ü quadro miraculoso de Maria Põtsch defendeu a Áustria ao longo dos três últimos séculos de grandes ameaças, e em especial do perigo maometano. Hoje, mais do que nunca, sua proteção é necessária. m CARLOS EDUARDO Sc HAFFER Correspondente - Áustria

Viena - O Stephansdom, a bela e venerável catedral de Santo Estêvão, edificada há mais de 700 anos, é o símbolo da cidade de Viena e um dos mais expressivos monumentos góticos que ainda restam na Áustria de hoje. Belo em suas magníficas proporções, no esplendor de suas imagens, na riqueza de seus quadros, no rendilhado de suas pedras; venerável em sua história multissecular pontilhada de fastos grandiosos e de tragédias pungentes, em sua vetustez severa, mas ao mesmo tempo materna e bondosa; venerável também por ser um santuário que abriga, entre outras relíquias, o quadro milagroso de Maria Põtsch. Entrando na catedral, pode-se notar em meio a uma leve penumbra, no lado direito junto à porta que conduz à capela do Santíssimo Sacramento, um quadro de Nossa Senhora com o Menino Jesus sob um baldaquino de mármore, em estilo gótico. Diante dele, sólidos bancos com seus respectivos genuflexórios, ladeados por suportes onde milhares de velas se consomem diariamente, levando à Mãe de Deus preces e súplicas de seus filhos , quase sempre angustiados e aflitos, por vezes também agradecidos pelas graças recebidas. Não se trata de um quadro qualquer. Maria Põtsch, pintura originária da aldeia de Pócs - Põtsch em alemão - situada no leste da Hungria, foi trazida a Viena há mais de três séculos, por ordem do Imperador Leopoldo 1.

Hlstól'ia de um quadro singelo e marnvlllloso Em fins do século XVII, época de grandes tribulações, sobretudo para os países europeus próximos da Turquia, os habitantes da pequena aldeia de Pócs eram em sua maioria greco-católicos de origem rutena, isto é, ucraniana. Os incessantes ataques de forças muçulmanas, precursores do tremendo cerco de Viena em 1683, produziam devastações horríveis, no decurso das quais incontáveis católicos caíam prisioneiros e eram reduzidos à escravidão. Em 1675, um habitante de Pócs, Laszlõ Csigri, escapara miraculosamente do cativeiro turco. Cumprindo uma promessa, em sinal de gratidão, encomendou a Istvan Pap, irmão mais

jovem do pároco de Pócs, um quadro de Nossa Senhora para a igreja local. Porém, quando o quadro ficou pronto, Csigri não dispunha do dinheiro para pagá-lo. Um habitante rico da aldeia, Lorinc Hurta, comprou então o quadro e o doou à igreja. Sobre madeira nobre, o quadro de 70 x 50 cm apresenta Nossa Senhora envolta num manto vermelho, tendo o Menino Jesus no braço esquerdo, enquanto indica com a mão direita seu divino Filho, que é o caminho. Daí a invocação grega de hodegetria, isto é, Aquela que aponta o caminho. Duas estrelas, uma na testa e outra no ombro esquerdo de Nossa SenhoAGOSTO 2 0 0 9 -


O Imperador Leopoldo I atribuiu a vitória na batalha de Zenta, contra os exércitos maometanos da Turquia, à intercessão de Nossa Senhora de Põtsch

ra, simbolizam a sua virgindade perpétua. Sobre a cabeça da Virgem e a do Menino Jesus o artista pintou uma auréo la. No qu a dro es tão ta mb é m escr itas abreviadamente as palavras Mãe de Deus e Jesus Cristo . Nos cantos do quadro podem-se ver as cabeças de dois querubins. Na parte de baixo está escrito em eslavo antigo, provavelmente por ordem de seu comprador Lorinc Hurta: "Mandou f azer este quadro o Servo de Deus [nome ilegível] para remissão de seus pecados " . E nquanto obra de arte, não é pintura de grande valor. Sem e mbargo, a M ãe de Deus utilizo u-se dela para operar maravilhas, e enquanto tal seu valor tornouse inestimável.

-CATOLICISMO

Lacrimação miraculosa e sua confirmação O quadro de Nossa Senhora que indica o caminho - a boa via para ev ita r os perigos, e também o modo efi caz de vence r os in imi gos - fo i de. de logo obj eto de grande devoção cios habitantes de Pócs, a q ual aumenlo u quando a imagem choro u mirac ulosamente . N o dia 4 de novembr de 1696, durante a Missa rezada pelo pároco Pap, o camponês Mihaly Eory noto u que lágrimas escorriam dos olhos da Virgem. O mil ag re, testemunhado pelos fi é is presentes à Missa, fo i investigado por du as comi ssões, uma civil e outra ecles iásti ca. A comissão c ivil fo i presidida pe lo

Co nde Corbelli , comandante-em-chefe do exército imperial na Hungria do leste . No di a 8 de dezembro, aco mpan hado de especialistas e diante de mais de 300 pessoas, entre elas inúmeros protestantes evangéli cos e calvinistas, o general Corbe lli e xa min o u minuc iosamen te o quadro, constatou que estava íntegro, e enxugou com um lenço de seda as lágrimas que corri am dos o lhos da V irgem . Ao fin al de suas investigações, o general Corbe lli e nviou um ma. nu cri to ao bi spo de Eger e um relatório ao [mperador, a respeito do mil agre das lág rimas. A investigação ec lesiástica esteve a cargo de Gyõ rgy Fcnesy, bi po de Eger, o qua l dec laro u qu se tratava de um autêntico mi lag re. O protocolos destas investigações, que começaram no dia 26 de dezembro de 1696, contêm declarações de 36 pessoas, inclusive protestantes, todas elas atestando o mil agre das lág rimas . O s doc ume ntos do inquérito estão guardados até hoje na Coleção Hevenesi da B iblioteca da U ni ve rsidade de Budapeste. A notíc ia do milagre espalhou-se rapidamente. Juntamente com o relatório do general Corbelli , chegou em Viena ao conhecime nto de Leopoldo I, imperador da Áustri a e rei da Hungria. Atendendo a um desejo d a imperatri z E leo nora, Leopo ldo I ordenou que o q uadro mila-

groso fosse trasladado a Viena. Os católicos de Pócs, pesarosos, tiveram que se dobrar à vontade do seu imperador. No di a 4 de julho de 1697 , o quadro fo i recebido po mposamente na capital austríaca, onde se celebrara m Mi ssas so lenes e se organizaram com ele mais de 33 proc issões nas paróquias da c id ade.

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Um fa to hi stóri co de g rande im portânc ia contribuirá entretanto para fomen tar a devoção a Nossa Senhora de Pócs, em todo o impéri o austríaco. O Prínc ipe E ugênio de Sabóia, comandante das tropas imperiais, hav ia infligido no di a LJ d e sete mb ro de 1696 , na b ata lh a de Zenta, frago rosa de rrota aos exérc itos mao metanos da T urqu ia . De pois do fracasso do cerco de Vi ena, fo i este o golpe defi nitivo nas pretensões turcas de impor um domínio islâmi co sobre a Europa. O p róprio Im perador Leopo ldo I atribuiu esta vitóri a à intercessão de Nossa Se nhora de Pócs , numa bul a de 170 L. Pois, afirmou e le, a crença no poder de M ari a Põtsch fez com que o povo pedi sse ins iste nte mente a N ossa Senhora a vitóri a sobre os turcos. O s ha bi ta ntes de Pócs não se confo rmavam com a perda de seu q uadro mil agroso. Queri am-no de volta, e escreveram ao imperador. Este poré m, através

do Bispo de Eger, respo ndeu que só lhes daria uma cóp ia do q uadro. Efetivamente Mons. Te lekesy, bispo de Eger, ma ndo u faze r, por e ncargo d o imperador, cópi a que s ubsti tuiu o orig inal, e foi colocado e m seu nicho na igreja de Pócs. O quadro original nunca mais verteu lágrimas, nem as inúmeras cópias que dele fo ram feitas. Porém, a predileção de Nossa Senhora por seus fi é is dessa pequena aldeia manifestou-se ainda por duas vezes ao longo dos séculos: a cópia da igreja de Pócs chorou no dia 1º de agosto de 1715, e uma vez mai s em 19 de dezembro de 1905 . A mbas as lacrimações foram devidame nte documentadas. A úl tima fo i até mesmo noticiada pela imprensa.

E nquanto a be la igrej a de Pócs (foto acima) conserva em orn amentado altar a cópi a do qu ad ro mi rac ul oso, o original se encontra no Stephansdom logo depo is do portal de e ntrada, no lado dire ito, atraindo incessante me nte a ve neração dos vienenses e austríacos de tod as as regiões . E a todos , na pequena cidade húngara e na metrópo le austríaca, va i M aria P õtsch desempenha ndo seu papel de hodegetria, de indicadora do bom caminho. Ela o mostro u na batalh a de Ze nta ao prínc ipe E ugênio de Sabóia, c uj os res tos mo rta is repousam atu a lme nte na catedral de Vie na, numa pequena cape la. • E- mai l do autor: csc haffcr

ca Lolicismo.com.br

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"Pol' que no te callas?" [:0 Gostei enormemente do artigo sobre os problemas atuais na América Latina. Os riscos são imensos, e as pessoas dormem junto com o risco. Temos obrigação de acordá-las enquanto temos alguma liberdade de ação. Distribuir esse artigo, é uma das maneiras para acordá-las enquanto é tempo . Na Venezuela o povo dormiu, e acordou sem liberdade . Não podemos imitar os venezuelanos, temos que fazer aquele chefão deles calar definitivamente sua boca cheia de enganos, demagogias e ódio, e armado até os dentes com armas ru ssas. (C.F.D. -

RJ)

Acerto de contas [:0 Fidel, pelo mal que fez aos povos

da América Latina, está prestes a acertar suas contas com Deus. Agora aparece esse maligno Chávez para continuar a tarefa de Fidel de conturbar os países latino-americanos. Rezemos para que Deus, o mai s rapidamente possível, acerte suas contas com Chávez. A intervenção divina vai acontecer logo. Na Colômbia, Deus já ajudou e acertou as contas com aquele terrorista anticatólico chamado Raúl Reyes.

-CATOLICISMO

(T.G.O. -

MG)

PNG

"Bal'bas de molho"

[:0 Antes tínhamos os Estados Unidos como espantalho dos movimentos terroristas e chavistas nos países de nosso continente. E agora, com Obama, parece que os States não espantam mais tais movimentos e seus parceiros terroristas-muçulmanos. Quando os americanos protegiam nossos países, Chávez berrava contra eles, falando de intromissão em nossa soberania. Entretanto ele vive metendo o bedelho ou o nariz onde não é chamado, violando a soberania, como por exemplo no caso da Bolívia, Equador e Nicarágua (países que infelizmente se venderam pelo petróleo venezuelano). Precisamos organizar um movimento de todos os países fronteiriços com o Brasil, para declarar PNG (Persona Non Grata) o demagogo Chávez.

[:0 Acho que essa situação nos países da América é um castigo para nós, porque ficamos iludidos imaginando que havia terminado o comunismo quando a URSS caiu, juntamente com a queda do muro de Berlim. Até no Paraguai um governo pró-comunista já e instalou, com um ex-bispo prócomunista, pró-MST, etc. Governo falso de um falso bispo, além de escandaloso. O comunismo está aí, já dominando países vizinhos. Quando a casa do vizinho pega fogo ...

(G.N.H. -

SP)

Argentina: del'l'ota da esquerda [:0 Graças a Deus, os esquerdistas na Argentina levaram uma sova nas eleições. Espero que essa lição sirva para todas as nações vizinhas, em especial o Brasil. 2010 está aí... Lembremos das eleições na Argentina. Se não fosse tal sova, seria mais uma nação de nosso bloco que pegaria fogo, possivelmente virando uma outra Cuba, mas com fogo bem mais próximo de nós brasileiros e num momento em que estamos sem "bombeiros" no atual governo. Realmente penso que foi a ação de Deus no resultado eleitoral na Argentina, do contrário perderíamos mais uma nação para o bloco marxista na América do Sul.

(E.M.A.N. -

RS)

Guadalupe [:0 É confortador que Nossa Senhora

de Guadalupe seja também padroeira do Brasil, pois é padroeira das três Américas. Fiquei muito feliz ao saber disso, porque tenho muito carinho pela Virgem de Guadalupe. Ela nos salvará dessas revoluções que estão armando nas Américas. (F.B.S. -

MT)

(R.B.N.R. -

CE)

Fátima: a solução [:0 Monsenhor José Luiz, reze por nossa família, que necessitamos das bênçãos do Céu. Reze pelo Brasil, que necessita ainda mais ser abençoado. Leio sempre seus artigos sobre nossa Religião. No artigo deste mês íjulho], encontrei o melhor esclarecimento possível sobre o problema (muito grave) do uso de preservativos. Fiz uma segunda leitura, para ter esse esclarecimento na ponta da língua e poder explicar aos jovens, para tirá-! desse caminho que leva à perdição. Nossa Senhora de Fátima é a solução, Ela vai intervir no mundo e nos salvar. Muito obrigado, rezarei também pelo o Sr. em agradecimento.

(C.K.P. -

SC)

Prole nume1·osa [:0 Ao ver no v rso da capa da re-

vista Catolicismo nº 703 um quadro e notícia ·obre a fa mflia numerosa que fortal ece os laços familiares, le mbrei-me de um e- mail que recebi recentemente. Se localizado, posso enviar a vocês. O crescimento familiar, ou o nascimento de crianças na Europa, varia de 1,3 a 1,8 filhos conforme o país. No Brasil, também está por aí, se me lembro, menos que 2 filhos. Ao contrário, nas famílias muçulmanas o nascimento de filho s está por volta de 8,3. Donde, dentro de 30 a 40 anos, a maioria dos países europeus, senão todos , serão majoritariamente muçulmano s, e

pouco a pouco os cristãos e não muçulmanos tendem a desaparecer. .. Algo realmente preocupante. Gostaria que, se possível, registrassem alguma notícia a respeito . Tive meu primeiro contato com esta revista através do número de julho, e relembrei com carinho a visita que fiz no mês de junho à Terra Santa. Dentre as maravilhas, algo que negativamente me surpreendeu. O padre que viajava conosco disseme que, conversando com a guia, uma judia brasileira, disse ela que o governo de Israel está procurando as propriedades, residências habitadas por cristãos, e oferecendo uma fortuna pela compra dos imóveis. Está comprando, pagando alto, para afastá-los de lá. No lugar, moradias para os israelenses. É uma maneira "democrática", "pacífica" e aparentemente vantajosa, mas que visa afastar os cristãos da Terra Santa. Outra coisa triste eu vi na Palestina, em Belém. Ruas inteiras de lojas fechadas, devido ao muro que separa a cidade. Lá entendi por que o Vaticano pede ajuda para os cristãos católicos da Palestina. A guia em Belém, uma cristã católica palestina, disse-me que os cristãos católicos estão se entreajudando, porque ficou difícil a sobrevivência sem o comércio. Daí o fato de nos pedir que, qualquer compra que fizéssemos, procurássemos lojas católicas, a fim de auxiliarmos a campanha de entreajuda efetuada por eles. (L. J. R. - SP)

Revolta contra o Cl'iador [:0 Segundo meu modo de pensar, Deus deixou o livre arbítrio para o ser humano, mas criou o homem e a mulher, e em nenhum caso o processo de reprodução dá-se entre dois machos ou duas fêmeas. Homos sexualismo é uma inversão e uma invenção do homem, que não se contenta em ser como Deus o criou, e justifica o homossexualismo, propagando tal procedimento antinatural como sendo coisa normal. (V.F.S. -

RS)

Pmdução J'lll'al [:0 Venho acompanhando os comentários da revista em favor dos proprietários rurais no Brasil. Congratu lome com vocês pelos importantes comentários. Os proprietários rurais que, com sua produção, são esteio de nossa economia, sobretudo nesta crise financeira que atinge a todos, são entretanto denegridos. Os prestigiados são os assentados do MST, que não produzem nada e ainda recebem as famigeradas "bolsas-família" para, desse modo, aumentar a vagabundagem. Fico grato aos articulistas desta revista por trabalhar para o resgate de nossa credibilidade, prestigiando-nos enquanto benfeitores no progresso do País, e não tachando-os de malfeitores (e até de "vigaristas", conforme dizem os Mines da vida). Mas não é por isso que deixaremos de produzir, pelo bem de todos brasileiros, e exportando para o bem de outros países. (E.S.S.J. -

SP)

Contilwidade de pensamento [:0 Gostaria de agradecer o conteúdo da revista Catolicismo . Suas reportagens são muito boas. Prossigam assim neste caminho! (T.J.S. -

SP)

Continue seu trabalho, o Brasil precisa de homens com sua coragem e competência. (A.B.L. -

Pesquisa mariológica C0 É ótimo ter um espaço para se informar cada vez mais sobre nossa Religião. Precisei fazer uma pesquisa sobre Nossa Senhora, e aprendi tudo de uma forma resumida e rápida. Obrigada, e parabéns. (F.A.-RN)

Bênção marial C0 Essa revista é muito abençoada. Que temas maravilhosos! Gosto muito dos artigos sobre Nossa Senhora e sobre a situação do Brasil. Que a Virgem continue sempre abençoando os senhores de Catolicismo. (M.A.T.B. -

Santíssima serão ouvidos seguramente. Aconselho isso para todo mundo (aos católicos, quero dizer). Agora estou aconselhando a ler a edição de Catolicismo sobre Ela. Que coisa tão bonita! Parabéns! (J.O.-AL)

Esquenlização do direito penal Somente agora li a entrevista A perigosa voga ideológica do garantismo penal, e quero dar meus parabéns ao Prof. Gilberto Callado pelo destemor e pela objetividade em desmascarar esse processo de esquerdização, de cunho ideológico, que avança cada dia mais sobre a ordem jurídica brasileira, sobre nós todos. lB:]

MG)

Semana Santa em Sevilha [:0 Deus e a Semana Santa, foi um tema que eu achei muito legal nessa revista. Continuem assim. (S.G.S. - TO)

Página Mal'.iana C0 As matérias sobre Nossa Senhora estão mudando minha relação com Ela. Gosto dessas matérias místicas. (1.M.G. -

Mundo católico e marial [:0 Todos que recorrerem a Maria

MA)

RJ)

Acaso ou providência? [:0 Quero dar-lhes os parabéns pelo site e pela revista, que infelizmente ainda não conhecia. Somente hoje, por acaso, tomei conhecimento dela. Que Deus continue iluminando vocês.

(A.B. -SC)

Boa orientação [:0 Muito bons estes temas tratados na revista. Eles nos orientam e aumentam o conhecimento da nossa fé.

(M.D.J. -

RJ)

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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Pergunta - Se em um casamento não há mais compreensão entre os cônjuges, e ambos decidem que o divórcio é a solução, como se deve proceder? A pessoa está fadada a viver sozinha para o resto da vida? Ou ainda tem que viver o casamento, que por si só foi um desastre? Resposta -A consulente nos apresenta um problema para o qual a so lução é realmente uma só: o heroísmo! Quer o casal dissolva o casamento e cada um dos cônjuges tenha a coragem de viver sozinho para o resto da vida - ou ambos tomem a decisão de manter o casamento "que por si só foi um desastre", ambas as soluções só são viáveis se cada um dos cônjuges, ou pelo meno um deles, resolver abraçar o heroísmo. Ora, o heroísmo é uma disposição de alma muito rara em toda as época , por isso mesmo todos os povos sempre cu ltuaram os seus heróis como seres excepcionais, que merecem uma honra toda especial. De onde se chega à conclusão óbvia de que o problema apresentado não tem solução, na imensíssima maioria do s casos , máxime em nossa época em que a observância habitual dos princípios e normas do catolicismo é quase tão rara quanto o próprio heroísmo. Então, é forçoso reconhecer que o problema não tem realmente solução ... fora do heroísmo! Nos seu s termos sintéticos, essa situação é dolorosa e simples mente assustadora para a maioria das pessoas que nela se encontram . Mas há algo mais a dizer, inclusiCATOLICISMO

ve conselhos práticos, que desdobram esta resposta e ajudam as pessoas a enfrentar essas dificuldades. Fá-toemos a seguir.

A minissaia introduziu "um novo estilo de vida" A primeira consideração a fazer é que a situação não era essa há 50 anos, pelo menos no Brasil. Já nos EUA, a introdução do divórcio levava aos casamentos sucessivos motivo de escândalo para todo o mundo - noticiados avidame nte pela imprensa, fazendo consciente ou inconscientemente a disseminação. Mas certas forças atuavam conscientemente no sentido da dissolução dos princípios e das normas da moral católica. A introdução da minissaia é um exemplo característico, que marcou época. O almanaque de "O Globo", que reuniu em fascículos os principai s fatos do século XX, assim noticiou o acontecimento: "O público viu perplexo as saias subirem acima dos joelhos no desfile da coleção primavera-verão do costureiro fran cês André Courreges, no inverno de 1965. Mas o sucesso da minissaia e do minivestido deveu-se em grande parte à jovem estilista inglesa Mary Quant, [... ] que encolheu ainda mais a bainha das saias, popularizando a haute couture do mestre francês mesmo fora do continente. Não só a roupa mudava, mas a mulher que a vestia, com um novo estilo de vida" (op. cit., fascículo 23, p. 551 - destaque em negrito nosso) . Ficava claro, portanto, que a introdução da minissaia não era uma simples questão de moda, mas visava introdu-

■ Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

zir "um novo estilo de vida" para "a mulher que a vestia". Ora, segundo o ditado que tem muito de verdadeiro , a mulher fa z o homem. Então não era apenas a mulher que adotava um novo estilo de vida, mas o homem também, já que pelos desígnios de Deus o homem e a mulher foram criados um para o outro, para a transmissão da vida e todas as outras metas para as quais existe a família. Assim, era um novo estilo de vida que se introduzia também na família, marcada agora pelo hedonismo, e portanto pelo egoísmo, pois a busca do prazer pelo prazer (hedonismo) é fundamentalmente egoísta. Como esperar que esse novo estilo de vida, marcado pelo egoísmo, não desse no que deu? Isto é, o casamento, que antes durava "até que a morte os separe", segundo a fórmula clássica, passou a durar apenas enquanto o egoísmo dos cônjuges o suportasse. Sobretudo depois da introdução do divórcio no Brasil em 1977, "legalizando" as separações que já se vinham fazendo de fato . Portanto, a pergunta apresentada pela consulente não tem solução enquanto durar esse "novo estilo de vida " . Para que se torne possível uma solução, é preciso dar uma volta atrás nes e "novo estilo de vida". Mas que pa ·sos imensos erá preciso dar, para voltar atrás nesse e em muitos outros pontos ... Daí a convicção das pessoas retas e sensatas, de que isso só será possível com uma intervenção extraordinária da Providência, conforme tratamos na matéria desta coluna no mês passado (mais impor-

tante, aliás, do que terá pensado algum leitor desatento).

Alguns conselhos p1·ude11ciais Enquanto não se der essa intervenção extraordinária da Providência, anunciada por Nossa Senhora em Fátima, é preciso ir tocando a vida para a frente, e a con ulente agradeceria certamente que lhe déssemos algun conselhos práticos. O primeiro é considerar, em função do que acima expusemos, que o seu caso concreto não resulta apen as de circunstâncias pessoais peculiares ao casal. Os es posos devem compreender qu e o mundo todo está virado de pernas para o ar, e é nesse mundo que temos de vi ver, enquanto não se produzir a regeneração cristã da hu manidade. Assim, um segundo casamento não reso lverá nada, pois além de infringir os Mandamentos da lei de Deus e da Igreja, é muito provável que os problemas do pri meiro casamento não tardem a reaparecer no segund . Daí as notícia freqüentes de terceiro e quarto ca amentos ... mais prudente, portanto, tentar resolver as fri cções que torn aram o primeiro casamento "um desastre", segundo observa a missivista. Como dizem que o amor é cego, cada um dos cônj uges provavelmente fechou os olhos para os defeitos do outro, os quais depois se tornaram patentes. Além de ser muito comum, aliás, que durante o noivado cada cônj uge tenha ocultado seus defei tos, justamente com recei ele pôr a perder o casamento.

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Bem, e o que acontece quando não dá mais para ocultá-los? Cada defeito provoca uma irritação, e assim começa a "caça aos defeitos" do outro ... Conheço o fato de um casal em que um dos cônjuges se deu conta da situação, e disse ao outro: "Nós estamos a ponto de nos separarmos, porque cada um de nós só vê os defeitos do outro. Que tal se, em vez de só olharmos os defeitos um do outro, passássemos a olhar apenas as qualidades?" O casal se reabilitou, abandonou os planos de separação, e o convívio setornou novamente harmonioso. Esta espécie de milagre ocorreu exatamente depois que lhes chegou em casa uma Medalha Milagrosa, e por meio dela receberam essa graça extraordinária. Não é um exemplo que convida à imitação? Talvez aí esteja a solução, que pode ser obtida por meio de Nossa Senhora rezando o Terço (por que não o casal em conjunto, e se possível com os filhos?), usando uma Medalha Milagrosa ou um outro objeto religioso abençoado, que a Santa Igreja oferece em abundância. O heroísmo, que em medida maior ou menor é sempre necessário na vida de um católico, se tornará mais fácil de praticar, reduzido à altura de nossas forças atuais. Entrar para uma via fora dos Mandamentos da Lei de Deus não é admissível. Desastre maior que esse, não há. Que Nossa Senhora do Bom Conselho os ajude a restabelecer a harmonia familiar e a andar sempre nas vias divinas da salvação. • E-mail do autor:

monsenhorjoseJuiz@catolicismo.com.br AGOSTO 2009

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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Socialismo leva chineses ao desespero e ao suicídio

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Vários helicópteros russos caem na Venezuela

Universal", diário de Caracas, apresentou catastrófico balanço do armamento comprado na Rússia pelo presidente Hugo Chávez. Em apenas 11 meses caíram quatro helicópteros russos: três Mi-17 adq uiridos em 2005 e um Mi26. Num dos acidentes pereceram 17 pessoas, no estado de Táchi ra. Numa dessas ocorrênc ias, quase morreram o chefe do exército Carlos Mata Figueroa e nove militares. No momento da compra, os aparelhos foram muito elogiados pela imprensa internacional. O exército alegou más cond ições climáticas, mas admite que houve acidentes demais, e que é preciso esclarecer o que anda mal nos perigosos helicópteros de Putin. •

cacl~ doi~ minutos um ~chi_nês comete suicíd!o [fotos abaixo], mformou a agencia France-Presse. E um dos muitos preços pagos para a realização da utopia comunista. Os antigos clãs familiares fora m desfeitos, e a solidão submete os indivíduos a graus ele stress formidáveis. Os hospitais psiquiátricos estão lotados. Há entre 250.000 e 300.000 suicídios por ano - 25% do total mundial. É o único país do mundo em que o número de mulheres que se suicidam é maior que o dos homens: 58% do total nacional de suicídios são femi ninos. É também fora do com um que haj a mais suicídios no campo do que nas cidades chinesas. O psicólogo Zhu Wanli , de Chongqing, explica: "Aqui não é como no Ocidente, onde a maioria professa uma fé religiosa. A maioria das pessoas aqui não tem religião alguma, especialmente os mais jovens". A ausência de religião é um dos efeitos catastróficos do socialismo igualitário e materialista. •

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CATOLICISMO

Órgão dos bispos canadenses financia ONGs abortistas agência LifeSiteNews denunciou que Developm.ent and Peace (Desenvolvimento e Paz, D&P) - órgão oficial da Conferência dos Bispos Canadenses - financia ONGs que promovem o aborto no Bras il. A D&P coleta esmolas nas igrejas, supostamente para auxiliar os necessitados no terceiro mundo, mas há meses vem provocando sucessivos escândalos por financiar grupos abortistas, sobretudo na América Latina. No Brasil , a D&P fornece dinheiro ao chamado Movimento de Mulheres Camponesas, que apóia projetos de aborto. Também financia grupos que atiçam a revolução social, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Movimento dos Atingidos por Barragens e outros órgãos ligados à esquerda católica, ao PT e à CNBB . •

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Verdes" catastrofistas tentam silenciar especialista

pesqui sador e ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Apli cada (Ipea), Eustáquio Reis [foto], defendeu no 11º Festiva l Internacional de Cinema Ambiental (Fica) alguns benefícios do desmatamento. Segundo a Agência Brasil, os ambie ntali stas presentes perderam as estribeiras quando Reis defendeu a tese de abrir estradas na Amazônia e afirmou qu e o desmatamento "tem benefícios ". A cólera irracional dos "verdes" atingiu um ápice quando o especialista questionou o cenário apocalíptico, que prevê a transformação d a floresta em savana por causa do suposto aquecimento do planeta: "Essa idéia de savanização é até irônica. Se tivermos garantia de savanização da Amazônia, então o melhor é aproveitá-la logo, antes que se torne improdutiva". O ecologismo fanático não tem fundame ntos científi cos. Quando alguém apresenta arg umentos em sentido contrário ou raciocina com bom senso, esses "verdes" apelam para o abafamento " no berro", sobretudo na mídia. •

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Modelos e cantoras estimulam consumo de cocaína número de cocainômanas e mulheres alcoó latras au menta rapidamente. Segundo a Secretaria da Saúde, no Estado de São Paulo foram hospitali zadas 365 mu lheres rn 2006, por dependência da devastadora ocaína. rn 2008 , o rclciro número pulou para 696. O psiqu iatra Daniel C ruz explicou a influência de figurinos femininos da moela e estrelas da música, como Britney Spears e Amy Winehouse (abaixo, com os Rollings Stones), no aumento do con urno de drogas. Elas são apresentadas pela mídia não como toxicômanas em estado de risco, "mas sim como mocinhas loucas, que não têm nada a perder e se esbaldam nas drogas " e 'só' querem beber e dançar mais, usar mais drogas variadas para se divertir mais". •

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Estados esquerdistas americanos limitam mais as liberdades

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studo publicado pelo Mercatus Center, da Universidade eorge Mason, indica que os estados americanos mais esquerdista (liberais) são os que mais cerceiam as liberdade indi viduais e econômicas. Os estados mais conservadores preenchem os primeiros dez lugares em matéria de liberdades. Na pior pontuação encontra-se o estado de Nova York, que cobra os mais altos impostos do país, especialmente sobre a propriedade e a renda. O custo dos serviços sociais e a quantidade de empregados públicos superam com folga a média nacional; a dívida pública estadual bate recordes; as leis de desarmamento são extremamente restritivas, mas o uso da maconha é facilitado; os motoristas são pesadamente controlados, mas jogatinas dos mais variados tipos são permitidas; restrições ao homeschooling (escola em casa) são esmagadoras; e os controles sobre os planos de saúde são asfixiantes. O estado limita a entrada dos cidadãos na política, mas não controla os sindicatos. •

Prostitutas chinesas pagas pelo governo norte-americano

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CNS News informou que o Instituto Nacional para o Abuso de Álcool e Alcoolismo dos EUA (NIAA) desembolsará 2,6 mi lhões de dólares "para treinar as prostitutas chinesas a beberem com responsabilidade no seu trabalho". É mais um dos estímulos à imoralidade, do governo americano sob a égide do presidente Obama. O dinheiro será investido na província de Guangxi, onde a prostituição favoreceu verti ginoso crescimento da AIDS, sobretudo nas áreas desti nadas a turistas estrangeiros. Segundo Ralph Hingson, diretor de epidemiologia e prevenção do NIAA, muitos americanos fazem turismo sem tomar consciência da extensão da AIDS no "paraíso socialista". A administração Obama, em vez de favorecer a moralidade pública, único fator que pode frear o aumento da AIDS, procura ati ngir a meta absurda e irrealizável do "pecado seguro". •

Sinais de crescente hostilidade anticristã no mundo

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elen Slatter [foto] , enfermeira católica do Gloucestershire Royal Hospital, Grã-Bretanha , foi demitida pelo fato de levar uma correntinha com uma pequena cruz no pescoço - noticiou o diário ''The Daily Mail" de Londres. O pretexto foi que a correntinha podia espalhar infecções. Helen preferiu perder o emprego a renunciar à sua cruz. A abusiva proibição é mais um exemplo da crescente hostilidade contra os católicos no Ocidente. Essa perseguição emprega sofismas de fundo laico, mas na realidade sua verdadeira posição é a nticristã.

Poder-se-ia incluir neste contexto o descabido alerta da FIFA (entidade mundial de futebo l) , enviado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pelo fato de os jogadores brasileiros come morarem com a recitação do Padre Nosso a conquista da Copa das Confederações, na África do Sul. É oportuno lembrar a política de dois pesos e duas medidas seguida pela FIFA: quando a equipe de um país muçu lmano , após a vitória, rezou voltada para Mecca, a entidade não protestou, julgando aceitável a oraçã o dos maometanos ...

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NACIONAL

Ü s moderados e os "cabeças-quentes" no processo revolucionário: Lula e Chávez de mãos dadas rumo ao mesmo fim

a PuN10 V1 01GAL XAv1ER DA S1LvE1RA

nquanto Hugo Chávez cerceia a imprensa com ameaças e a efetiva cassação das co ncessões de emi ssoras de rádio e televi são para estabe lecer se u pod er hege mô ni co na Venezuela, o presidente Lula - que sempre anda um ou dois passos atrás - faz no Brasil um jogo mais hábil , condi zente com as circunstâncias locais: usa cada vez mais espaço na mídia nac ional, a qual vai se tornando refém do governo. Assim , enquanto Hugo toma, Lula aluga. Mas o espaço publicitário que o governo lulo-petista vem amealhando não se cinge mais à propaganda governamenCATOLICISMO

tal e de empresas de capital público-privado através da qual ele pode condicionar as opini ões co ntrárias. Segundo a Secom, Lula dispõe agora de uma coluna semanal em 94 jornai , denominada O Presidente responde, na qual dará resposta a perg un tas de le itores . E le é erigido assi m em colun ista de largo setor da mídia nacional. Seria ev idente tolice imag inar que o próprio Lula red igirá a matérias domesmo modo como outros ex- presidentes escrevem seus artigos . Ele di spõe de assessores para ta l. Co ntudo , ficará no subconsciente de mu itas pessoas a idéia de que foi ele quem os elaborou. É um dos modos de ir "fazendo" o Lula e de torná- lo onipresente, a exemplo de seu amigo Hugo Chávez.

Intensa propaga11da midiática Mas e e es f rç pró-Lula não é só na míd ia nacional. Impress iona todo o desp fiegue para prestigiá- lo, com ou sem motivo: e a cas ião não existe, cria-se. Foi o que sucedeu, por exemplo, por ocasiã da foto oficial da última Cúpula do G-20 em Londres: o cerimonial surripiou em benefício de Lula o lugar ao lado esquerdo da rainha, reservado ao presidente dos Estados U nidos (que in clusive se dirigiu para lá, mas vendo-o ocupado, fo i para o fundo juntar-se aos demais). Comentou-se depois que aquele lugar era de fato do pres idente Lula, pelo cri tério de antiguidade no cargo ... A mesma inclinação não dissimulada pró-Lula pode ser ob ervada em vári as fotos de e ncontros internacionai s nas

quais fi gure um gru po de chefes de Estado: todos os olhares e todas as simpatias da mídia estão sistematicamente voltados para "o cara". Ainda hoje, 10 de julho, lendo a edi ção on-line de "Le Figaro" de Paris, eu me deparei com um exemplo desses: à fre nte de um grupo retratando presidentes do G-8 - posando em foto conjunta com chefes de Estado de países emergentes que eles condescenderam em receber - aparece Lula em primeiro plano, sussurrando algo no ouvido de Sarkozy, e com direito à menção do fato na legenda. Indignado, um leitor escreveu àquele jornal , que sob o título En passant publicou o que vai aqui traduzido: "Eu não compreendo como o presidente do Brasil possa entreter-se com Sarkozy, quando Lula mal fala o português... A menos que na fo to ele esteja lhe repetindo a expressão 'en pas-sant', a qual ele se vangloria de ter aprendido". Além do vulgar elogio dirigido por Barack Obama que se referiu ao Lul a como "o cara", ocasião em que tanta tinta foi derramada e tantas vozes desperdiçadas na mídi a - , o pres id e nte brasil e iro chegou a ser cotado, por gente que se pres ume séria, até e,; para a presidência do Banco ~ Mundi al. Qu erem-no ainda ~ como medi ador junto ao Irã ~ (cl aro, é muito amigo de Ah- e,; madin ej ad), be m como em Ho nduras (o nd e prov ave lme nte não será be m recebido, por ter apoiado o go lpe branco que pretend ia aplicar o ex-pres idente Manuel Zelaya) .

fo rço de promover Lula, põe-se a pergunta: por que tanta propaganda, se ficou aparentemente descartada a perspectiv a de um terceiro mandato? Pois, a exemplo de Chávez e de outros líderes populi stas que enxameiam pela América Latina, o terceiro mandato que Lula tanto cobiço u ser-lhe- ia fund amental para dar continuidade, em marcha menos rápida, ao mesmo programa rumo ao socialismo que o mandatário venezuelano promove com toque de caixa. Haveria então um plano não revelado para

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Rumo ao socialismo de Chávez Assim , marxi sta que provavelmente nunca leu Marx, Lul a deve estar causando in vej a a Fernando Henrique, que poderi a étaler seu fra ncês com Sarkozy e conceder uma press conference ao vivo na língua de Shakespeare, mas que no fi m do mandato foi tão-somente cotado para um cargo j unto à ONU. Iguali tari smo cruel! Em face do imenso e multiforme es-

co ntinu ar aproveitando Lul a no esforço revolucionário? Fala nesse sentido o discurso que pronunciou em Lima, cerca de cinco anos atrás, o secretário-geral e ideólogo marxista do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, louvando como lídima expressão da democrac ia os esforços que vinham sendo feitos para a realização de referendos nacionais nos di versos países do continente. Ou seja, através de meios pretensamente democráticos - pois a lisura desses plebi scitos, nos lugares onde se deram, fo i mais do que discutível! obter a instauração de verdadeiras dita-

duras populares. Ali ás, isto dá a chave para se compreender quanto vem sucedendo: usar o conceito de democracia para promover o totalitarismo, porquanto de outro modo seri a impossível impor à opinião pública aquilo que ela rejeita.

Papel de moderado, por enquanto? "Nunca antes neste continente" poderia Lula acrescentar agora ao seu bordão - tantos "companheiros" estiveram à frente de seus respectivos governos a um só tempo: Argentina, Chil e, Bo lívi a, Brasil , Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, na América do Sul; Cuba e Nicarágua, na América Central. E todo esse conjunto contando agora com o apoio de Obama ... Não será este o motivo da indignação de Lula com os recentes acontecimentos de Honduras? Pois uma constatação se impõe: ao rasgar a "malha de ferro bolivariana", na qual Zelaya a estava encerrando, Honduras a trapa lh o u os pl anos de hegemoni a da esquerda latinoamericana. Talvez estivesse chegando o momento em que também o Brasil devesse dar uma guinada mais à esquerda. Mas um pequeno país se ergueu, e com voz firme gritou que o rei estava nu. Honduras cortou assim a burlesca cota de malha da unanimidade e adiou o sinistro plano. Por quanto tempo? Haveria algum fator-surpresa ao qual o elemento islâmico estivesse ligado? Em tal conjuntura, qu al seri a a missão de Lula? Continuaria fazendo o papel de moderado até o mo mento em que toda a malha estivesse tecida, e depois tiraria a máscara? Ou, expirado seu segundo mandato, será ele guindado a alguma alta função , co mo os in ge ntes esfo rços e m promovê-lo fazem pressentir? São perguntas que recentes atitudes ou movimentações feitas em torno dele suscitam, e às quais é prematuro responder. • E-mai l do auto r: Pli nioxav ier@cato licismo.com. br

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INTERNACIONAL

Só R$45,00 Alternativa Bolivariana para as Américas {ALBA):

Frete gratuito

Hugo Chávez da Venezuela com os representantes da Bolívia, Equador, Honduras, Nicarágua e Cuba

Honduras: caso emblemático de escandalosa intervenção chavista Esta vida de Jesus Cristo, escrita com o rigor de um grande exegeta, é apresentada pelo autor com simplicidade pelo, sem excessos de estilo ou aparato científico. Sua leitura agrada, desperta o interesse, atingindo e emocionando os corações a fim de conduzi-los a conhecer melhor e amar mais Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Depois de Louis-Claude Fillion ter escrito muitos outros livros e comentários bíblicos eruditos, foi esta visão entusiasmada, encantadora e serena de Nosso Senhor que o celebrizou junto ao grande público.

I bero-américa: novamente em chamas?, matéria de capa na edição anterior de Catolicismo, patenteou a índole incendiária das intervenções chavistas, crescentes nos países latino-americanos. No caso de Honduras, surgido logo depois, as manobras do caudilho venezuelano sofreram repentina reviravolta. n ALFREDO M Ac H ALE

presidente de Honduras Manuel Zelaya foi eleito em 2005, como membro do Partido Liberal. Pouco depois, deixou-se arrastar pelas pressões de Hugo Chávez para que Hondu ras fi zesse parte da Alternativa Bolivariana

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Petrus Editora Ltda. Rua Javaés, 707 - Bairro Bom Retiro - São Paulo-SP- CEP 011 30-010 Fone (11) 3331-4522 - Fax (11) 3331-5631 E-mail: petru s@ livrariapetrus.com.br Visite no~so site na internet: www.li vrariapetrus.com.br

para as Américas (ALBA), juntamente com Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e Cuba. A ALBA pretende expandir-se por todo o continente, para fazer oposição à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), auspiciada pelos Estados Unidos. Zelaya manifes tou crescente consonância co m as maquinações chavi stas,

que vêm desestabi lizando a América. Inicialmente e le o fez de modo retórico, depois deu passos mais concretos, e por fi m to mou uma de liberação extrema: aproximando-se o término de seu mandato pres idencial, co meçou - sempre de acordo com os desígni os de Chávez - a maquinar a própri a reeleição. Convocou para isso um plebiscito juridicamente ileAGOSTO 2009 -

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Zelaya, no centro, junto com Raúl Castro (esq.) e Chávez

gal, proibido pela constituição hondurenha de forma taxativa e sob pena de destituição.

Uma constituição com artigos bem claros O artigo 239 da Constituição hondurenha estabelece: "O cidadão que tenha desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser Presidente ou Designado [isto é, vice-presidente com direito à sucessão]. Aquele que ofender esta disposição ou propuser sua reforma, bem como aqueles que a apoiarem direta ou indiretamente, serão de imediato demitidos do desempenho de seus respectivos cargos e ficarão inabilitados por dez anos para o exercício de toda função pública ". Note-se, portanto, que a simples proposição da reforma, visando um novo mandato, faz cessar de imediato o exercício do cargo, inclusive de presidente. No Título VII - Da Reforma e da Inviolabilidade da Constitui ção - o artigo 374 do Capítulo I prescreve a impossibilidade de reeleição: "Não poderão ser ref ormados, em nenhum caso, o artigo anterior [da reforma da Constituição], o presente artigo, os artigos constitucionais que se ref erem à forma de governo, ao território nacional, ao prazo do mandato presidencial, à proibição para ser novamente Presidente da República o cidadão que o tenha exercido a qualquer título e o ref erente àqueles que não podem ser presidentes da República no período subseqüente". -

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Ademais, o artigo 4° é muito claro ao definir constitucionalmente o delito contra a alternância do poder: "A forma de governo é republicana, democrática e representativa. É exercido por três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, complementares e independentes e sem subordinação. A alternância no exercfcio da Presidência da República é obrigatória. A infração desta norma constitui delito de traição à Pátria".

Remover os obstáculos constitucionais - fator da crise Zelaya queria mudar tais normas, que tornavam impossível a consecução de seu s fin s. E sua cumplicid ade com

Chávez para isso chegou a tal ponto de desfaçatez, que incluía pormenores desatinados e grotescos, como a confecção no exterior - coincidentemente na Venezuela - das cédulas a serem utilizadas no plebiscito. Isto detonou de imediato uma forte e ampla reação. Naturalmente essa reação produziu-se em cadeia, porquanto a mudança levaria ao auge a penetração chavista, conduzindo Honduras a um regime ditatorial de esquerda. As medidas coercitivas sucederam-se rapidamente: da Corte Suprema, do Legislativo, das Forças Armadas, do Conselho Eleitoral etc., todos exigindo o cumprimento da constituição e o envio ao exterior do já deposto Zelaya. Pouco depois, em total acordo com essa reação, pronunciou-se a Conferência Episcopal. Em sessão plenária, seu presidente, o Cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, instou Zelaya a desistir de suas pretensões de retomar o poder, que por culpa própria perdera, sob pena de haver derramamento de sangue. Isso bastou para que, também em cadeia, estourassem reações orquestradas a favor de Zelaya, tendo à frente o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e o da ONU, bem como os presidentes ou ditadores dos seguintes países latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Equador, Nicarágua, Paraguai, Uruguai e Venezuela, todos de esquerda declara-

da. Uniram-se ao coro chefes de Estado da Europa e dos Estados Unidos, que pretendi am defe nder a "democraci a" e reje itar o "golpe de Estado", quando a realidade era precisamente o contrário: quem tinha culpa no cartório era Zelaya, devido às ilegalidades por ele cometidas. A reação das autorid ades constituídas de Honduras visou tão-só preservar a constituição nacional, gravemente violada. Tais pressões redundaram na rápida e sumária expulsão de Honduras da OEA, com o apoio de todos os governos que tinham favorecido de forma escandalosa, poucas semanas antes, o retorno de Cuba a esse organismo. E isso, não obstante Cuba ser dirigida há meio século por um governo ditatorial e tirânico, violador sistemático dos direitos de incontáveis cubanos. Ou seja, à tirania que martiri za Cuba nada se pede em troca, como se se tratasse de um governo ideal, enquanto Honduras é expulsa de modo sumário e prepotente, no fundo porque suas instituições não se submeteram às injunções totalitárias do marxismo.

Os que atacam o "Império" tornaram-se os piores imperialistas Nessa linh a, o chanceler brasileiro Celso Amorim chegou ao auge de parcialidade, ao declarar que "não vê contradição com o fato de o Brasil defender o fim do embargo a Cuba, [pois] Cuba 'foi

Multidão em manifestação de apoio ao novo governo de Honduras

uma revolução', enquanto Honduras 'foi um golpe de Estado típico de uma direita que não tem mais lugar na América Latina ' " (Cfr. Deborah Berlinck: Brasil def ende sanções económicas como pressão - "O Globo", 7/7/2009). Ou seja, cegado pelo ódio ideológico e com base na autoridade que ele supõe ter, erigiu sua errônea opinião em lei, a ser observada por todas as nações latino-americanas, quaisquer que sejam as normas estabelecidas nas respectivas constituições e no Direito Internacional! Curiosamente, os chefes de Estado da Europa e dos Estados Unidos, em vez de apoiarem o novo regime instaurado em Honduras, segundo o Direito, concederamno ao ex-presidente Zelaya, favorecendo com isso a conjuração castro-chavista que envenena o continente. Aliás, os dirigentes europeus vêm se demonstrando partidários de uma democracia sui generis. Por exempl o, no ano passado a Irlanda convocou um plebiscito para que os irlandeses se pronunciassem a fa vor ou contra o Tratado de Li sboa, entre os países da União Européia. Tendo o resultado sido democraticamente contrário, estes mesmos chefes de Estado europeus não o aceitaram, exigindo da Irlanda a convocação de novo plebiscito. Por isso, não estranha o alinhamento deles - como também de Obama, por suas idéias de esquerda - aos demais governantes do continente contra a constituição hondurenha (um autêntica intervenção contra o Estado daquele país), contra o Direito e a harmonia internacionais. Nessas condi ções, e em vista do descrédito da OEA causado por sua escandalosa parcialidade, as partes em confli to optaram pelo diálogo direto, o qual, segundo elas mes mas, não significari a que fossem negociar o exercício do poder. Começaram-no sob os auspícios do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, acostum ado a exercer mediações desta espécie. Considerando-se a rotunda oposição ex istente entre as partes, que frutos advirão daí? Muito poucos, já que as reuniões só duraram dois dias, sem apresentar maiores perspectivas. Obviamente, o que tentarão faze r agora os governos soc ialistas, co m o apoio da imprensa intern ac ional, será suscitar esperanças de harmonia entre as

partes para facilitar um retorno ao poder; e depois - como na Bolívia ou no Irã - perseguir todos os que de algum modo ajudaram a dec larar destitu ído o ex-pres idente Ze laya, anexando dessa forma Honduras ao bloco chavi sta.

Esquerda ameaça com conflito, que pode custar-JJ,e muito caro Felizmente o novo governo hondurenho não se deixou intimidar, nem deu crédito às supostas garantias que alguns pmta-vozes da outra prute estavam insinuando. Se essa atitude se mantiver, a situação tenderá a normali zar-se, pois o expresidente Manuel Zelaya ficou muito desprestigiado por suas manobras ilegais, ameaças e toda espécie de prepotência: por exemplo, ao anunciar sua volta a Honduras para recuperar o poder e reformar a constituição; sem mencionai·, obviamente, que sua principal atitude será reprimir os pruticipantes do movimento que o declarou deposto. As perspectivas são, portanto, de que o conflito político, soc ial, diplomático e publicitári o entre defensores e opos itores do novo governo se prolongue até o fi nal do ano, quando se reali zarão eleições presidenciais. Mas é ta mbém possível que a situação degenere em vi olência, a qual serviria de pretexto para intervenções externas a favo r de Zelaya, já que Hugo Chávez ameaçou reiteradas vezes intervir em Honduras. Entretanto o novo governo de Honduras tem muito mais apoio na opinião pública do que a oposição, de modo que essa intervenção externa poderia ser contraproducente. O caso hondurenho tornar-se- ia então uma parábola com forte conteúdo ideológico e moral, de luta entre comunismo e cristianismo. A Revolução anticristã procurou evitar esse tipo de confli to durante décadas, nos quatro cantos da Terra, por lhe ser muito desfavoráve l e perigoso. Se ele no entanto ocorrer, poderá despertar em todo o contin ente mui tos setores adormec idos e temperar em incontáveis almas as fib ras subj acentes, causando grandes prejuízos aos inimi gos da Santa Igreja e da civilização cristã. Quem viver, verá... • E- mail do autor: alfreclo machale@ca to li cismo.com.br

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Itinerário rumo ao fato consumado Ü Papa Bento XVI distribuiu, em algumas importantes cerimônias, a Eucaristia na boca dos comungantes ajoelhados. Deixa assim clara a preferência por uma prática milenar estabelecida na Igreja, indevidamente substituída em muitos lugares há várias décadas.

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PE . GABRIEL DíAZ

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abordagem da delicada 11'.atéria d_a distribuição da comunhão na mão, que farei a segmr, toma como base o livro de autoria do bispo emérito de San Luis, Argentina, Mons. Juan Rodolfo Laise, intitulado Comunhão na Mão - Documentos e História. Esse livro constitui um comentário muito detalhado dos documentos nos quais se baseia a legislação vigente sobre a matéria, ao qual está anexado um apêndice que permite compreender melhor o contexto histórico em que nasceram tais documentos. Após responder aos principais argumentos invocados na tentativa de justificar a prática da comunhão na mão, conclui com uma reflexão sobre a aplicação concreta dos elementos expostos ao longo de suas páginas.

No quadro, Nosso Senhor dá a comunhão a São Dionísio e seus companheiros na prissão

Descobe1·ta ou rntl'ocesso?

Algumas vel'dades esquecidas

Um pe1·cm·so acidentado

Deparamo-nos no livro do ilustre e culto prelado com uma série de conceitos discrepantes do que normalmente ouvimos dizer. Pode surpreender, por exemplo, saber logo de início que tal maneira de receber a comunhão não fez parte da "Reforma litúrgica", nem foi tratada ou mencionada no Concílio Vaticano II. Com efeito, seu uso foi introduzido sem autorização em alguns lugares, em meados dos anos 60. O Papa Paulo VI determinadou em 1965 que naqueles locais dever-se-ia retornar à comunhão na boca, mas tal recomendação não teve, como tantas outras, qualquer efeito. Em 1968, diante de uma resistência que se mostrava inflexível, o Papa começou a levar em linha de conta a possibilidade de encontrar uma solução específica, advertindo entretanto que a distribuição da comunhão na mão, além de discutível, era perigosa, e que não se podia errar na solução do problema, pelo perigo de debilitar a fé dos fiéis na presença eucarística. Reportamo-nos em seguida à reconstrução dos fatos relatados por Mons. Aníbal Bugnini - que foi não só testemunha, mas protagonista deles - em seu livro de memórias La Riforma liturgica 1948-1975.

O Papa, que segundo suas próprias palavras não podia "eximir-se de considerar com evidente apreensão a eventual inovação", organizou então uma consulta em caráter secreto junto ao episcopado mundial. O resultado foi que a esmagadora maioria dos bispos declarou-se contrária a qualquer concessão. Em conseqüência, Paulo VI ordenou à Congregação para o Culto Divino a preparação de "um projeto de documento pontifício no qual: l°) Se dê notícia sumária dos resultados da consulta aos bispos; 2º) a qual confirma o pensamento da Santa Sé sobre a inoportunidade da distribuição da Sagrada Comunhão na mão dos fiéis, indicando as razões (litúrgicas, pastorais, religiosas, etc.). Fica, portanto, conjfrmada a norma vigente; 3°) Se, apesar disso, algumas Conferências Episcopais julgarem dever permitir essa inovação, deverão recorrer à Santa Sé e ater-se depois, se for concedida a licença pedida, às normas e instruções que a acompanharem". A Congregação para o Culto Divino publicou em 29 de maio de 1969 a instrução Memoriale Domini, contendo a legislação vigente sobre a justificativa, a qual poderia

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sintentizar-se assim: A proibição da comunhão na mão continua vigente no mundo inteiro, e exortam-se vivamente os bispos, sacerdotes e fiéis a que se submetam diligentemente à lei reafirmada. Contudo, onde tal uso tivesse sido introduzido de maneira ilícita, prevê-se a possibilidade da concessão de um indulto aos setores que não estão dispostos a obedecer a esta exortação. Em tais casos, as conferências episcopais respectivas (com a aprovação de dois terços de seus membros) poderiam pedir a Roma uma autorização para que cada bispo na sua diocese, segundo sua prudência e consciência, ·pudesse permitir a prática da comunhão na mão. Com essa concessão - segundo os documentos transcritos por Mons. Bugnini - procurava-se evitar que "nestes tempos de forte contestação, a autoridade não fracassasse na sua tentativa, mantendo uma proibição que dificilmente seria seguida na prática", já que, ao estudar as diversas soluções possíveis, se advertia: "É de se prever também uma reação violenta em algumas zonas, e uma desobediência mais difundida onde o uso já tenha sido introduzido". Contudo, a vontade claramente restritiva do legislador indicava que a concessão deveria ser interpretada e aplicada de modo a favorecer o menos possível a difusão de tal costume. Esta legislação nunca foi modificada, e nem estendida posteriormente a possibilidade de se introduzir a comunhão na mão. Algumas conferências episcopais insistiram nos pedidos de indulto, mesmo em lugares onde previamente havia sido verificada a ausência das condições requeridas para tal. A concessão demasiadamente fácil de indulto pelo dicastério pertinente, associada ao absoluto silêncio sobre a desobediência irredutível - era o centro do problema - conduziram a que a prática da comunhão na mão se estendesse quase que universalmente.

Na instrução Memoria/e Domini, afirma-se claramente que, se bem que no cristianismo primitivo a sagrada comunhão fosse recebida normalmente na mão, "com o passar do tempo aprofundou-se o conhecimento do mistério eucarístico, de sua eficácia e da presença de Jesus Cristo nele, de modo que, tanto pelo senso de reverência para com o Sacramento como pelo senso de humildade com o qual é necessário recebê- lo, se introduziu a prática de se colocar na língua do comungante a sagrada Forma". Essa mudança constituiu um verdadeiro progresso. Nos antigos textos patrísticos não se menciona que os Padres da Igreja tenham encontrado qualquer vantagem específica em comungar do modo primitivo, nem que tenham feito elogios a essa prática enquanto tal, pois simplesmente não conheciam outra. Assim, em determinado momento um uso [na língua] acabou por substituir o outro, a ponto de o primeiro [na mão] não ter sido somente abandonado, mas uma vez por todas explicitamente proibido. O estudo de Mons. Laise chama a atenção para o fato de que a nova prática não seria decorrente da "descoberta" de uma "antiga tradição", consistente "em tornar a receber a comunhão como na Igreja primitiva e dos padres".

"Ressaltar a verdadeira presença real na Eucaristia"

Trecho de uma entrevista do Mestre de Celebrações Litúrgicas Pontifícias, Mons. Guido Marini, organizada por Gianluigi Biccini para as páginas do "Osservatore Romano", 26 de junho de 2008

P: Na recente visita a Santa Maria de Leuca e Brindisi, o Papa distribuiu a comunhão aos fiéis na boca e de j oelhos. É uma prática destinada a se tornar habitual nas celebrações papais?

R: Parece-me claro que sim. A propósito, não se pode esquecer que sobre a distribuição da comunhão na mão é preciso levar em conta, do ponto de vista jurídico, que continua vigente até o momento um induito de lei universal concedido pela Santa Sé àquel as conferências episcopais que a solicitara m. O proced imento de Bento XVI procura sublinhar a vigência da norma válida para toda a Igreja. Ademais, pode-se perceber inclusive a preferência do Pontífice pela distribuição da comunhão na boca e de joelhos, pois, além de ressaltar a verdadeira presença real na Eucaristia, aj uda a devoção dos fiéis e apresenta com mais facilidade o sentido do mistério. Aspectos que no nosso tempo, pastoralmente falando, urge salientar e reconqui star.

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A intromissão do "Catecismo Holandês" ... O uso de comungar na mão foi retomado séculos mais tarde pelos protestantes, com uma clara conotação doutrinária. Segundo Martin Bucer, assessor da reforma anglicana, a di s- · tribuição da com unhão na mão se destinava a combater duas "superstições": a falsa honra que se pretende atribuir àq uele Sacramento e a "perversa crença" de que as mãos dos ministros, por causa da unção recebida na ordenação, fosse m mais santas do que as dos leigos. Por isso, quando na segunda metade do século XX a comunhão na mão começou a penetrar nos ambientes católicos, já não se tratava de um mero retorno ao uso primitivo: a partir da reforma protestante e nos últimos séculos, tal uso havia adq uirido um sentido contrário à doutrina católica sobre a presença real e o sacerdócio. Não é de estranhar que, justame nte num dos prime iros lugares o nde a comunhão na mão se introduziu abusivamente, tivesse sido publicado pouco tempo antes um Novo Catecismo, mais conhec ido como Catecismo Holandês, encomendado pelo episcopado hol andês e apresentado medi ante uma Carta Pastoral Coletiva. Nele se colocava e m dúvida a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia, dava-se uma explicação in admissível da transubstanciação e se negava qualquer forma de presença de Jesus Cristo nas partículas ou fragmentos da Hóstia após a consagração. De outro lado, confundia- se o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio hierárq uico. A Santa Sé impôs numerosas modificações a esse catec ismo, sendo 14 principais e 45 menores.

Um modo vale o mesmo que o outro? Outro aspecto tratado pelo bispo argentino é que, mes mo onde o uso da comunhão na mão está admitido, não se trata de uma opção a mais, proposta pela Igreja com valor igual ao outro de uso vigente. Com efeito, a posição da Santa Sé sobre o modo de comungar não é indiferente: a comunhão na boca foi o modo claramente recomendado, enquanto o outro é somente tolerado, devendo-se, além disso, tomar uma séri e de precauções, especialmente no que se refere à limpeza das mãos e ao cuidado atento com a partícula (prescrições que são raramente tomadas em conta, na prática). Conforme afirma a instrução Memoriale Domini, a modalidade de comungar na boca, que há um milêni o sub tituiu universalmente a prática de receber a comunhão na mão , "é

própria à preparação requerida para se receber o Corpo do Senhor de modo mais proveitoso possível"; e "assegura mais eficazmente que a Sagrada Comunhão seja distribuída com reverência, decoro e dignidade, afastando assim todo perigo de se profanar as sagradas espécies; [... ] prestando atenção com diligência nos cuidados que a Igreja sempre recomendou também no tocante às menores partículas da Sagrada Forma". Com a comunhão na mão, necessitamos sempre de um milagre para que uma partícula não caia por terra ou não fique um pequeno fragmento aderido à pele. Como recordava Paulo VI na Mysterium Fidei, "os fiéis se julgariam culpados, 'e CATOLICISMO

com razão', se, recebido o corpo do Senhor, inclusive conservando-o com toda cautela e veneração, caísse por negligência qualquer fragmento". Tanto o pensamento dos Padres, como a mudança no modo de recebe r a comunhão no fina l do primeiro milênio, e ai nda os arg umentos de Paul o VI para negar a reintrodução do modo antigo, refletem a única fé da Igreja na presença real , substancial e permanente, até mesmo nas menores partículas, as quais ex igem atenção e adoração. • E-mail para o autor:

Exemplo a ser imitado Ü bispo auxiliar de Karaganda, no Cazaquistão, Dom Athanasius

catolícisrno@catoliçjsmo.com .br

Schneider, exerce especial apostolado em incutir a devida reverência e adoração ao Santíssimo Sacramento, empenhando-se para que os fiéis recebam na boca e de joelhos a Hóstia consagrada

E A partir da pseudo-reforma protestante e nos últimos séculos, o uso de dar a comunhão na mão havia adquirido um sentido contrório à doutrina católica sobre a presença real e o sacerdócio. Nas fotos, "consagração" e "comunhão" em cerimônia da confissão religiosa episcopal.

m entrevista concedida ao correspondente de Catolicismo em Roma , Sr. Juan Miguel Montes, D. Schneider explica as razões que o levaram a publicar o livro Dominus Est. Com prefácio de Malcolm Ranjith (até há pouco, secretário da Congregação para o Culto Divino, e atualmente arcebispo de Colombo, no Ceilão), a obra está alcançando repercussão mundial. Já foi traduzida para 15 idiomas em apenas um ano. Os leitores interessados podem adquirir o livro em português (Editora Raboni, Rua Celso Egídio Sousa Santos, 237

-Campinas,SP-www.rabonicom.br). ~ o Aqueles que desejarem ouvir uma j entrevista de D. Schneider podem :e:! acessar o link do site "TV-Glória": http://pt.gloria.tv/?media=27 459 D. Athanasius Schneider nasceu em 1961 no Quirguistão (Ásia Central), para onde seus pais, que eram alemães, haviam sid o deportados, e onde foram obrigados a traba lhos forçados durante os anos 50, período em que aquela nação se encontrava subjuga da pela URSS. É mem bro da Ordem da Santa Cruz, na qual professou em 1982. Foi ordenado sacerdote a 25 de março de 1990. Após pe rmanecer em Lisboa vários anos, exerceu sua atividade pastoral em algumas paróquias do Brasil, tendo sido também diretor espiritual

da comunidade de sua ordem estabelecida em nosso País. Posteriormente doutorou-se em teologia no âmbito dos estudos patrísticos, em Roma . Foi eleito conselheiro geral de sua ordem religiosa, cargo que ocupou por cerca de dez anos. Exerceu ainda o cargo de diretor espiritual e dos estudos do seminário do Cazaquistão (o primeiro seminário católico daquela região), de pároco em vários locais do país, chanceler da diocese e diretor de uma revista católica mensal. Em 2 de junho de 2006, recebeu a sagração episcopal, sendo nomeado bispo auxiliar da diocese de Karaganda, no Cazaquistão.

l)om Sclmciclcl': *

"Propus-me escrever um livro que expusesse mais profu11dame11te em que consiste a sagraela co1mml1ão. Citei exemplos do tempo ela clandestinidade soviética "

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Catolicismo - V. Exa. publicou, pela Libreria Editrice Vaticana, a obra Dominus Est, já traduzida em 15 línguas, que aborda o respeito devido ao altíssimo mistério da sagrada Eucaristia. Sabemos que lhe têm chegado felicitações de muitas partes. O que o moveu a difundir sua preocupação sobre o modo hoje generalizado de receber na mão a Hóstia consagrada?

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também apresentar a história da liturgia da comunhão, porque era totalmente diversa a forma de recebê-la nos primeiros séculos da Igreja, em relação ao modo atual, mesmo quando distribuída na mão.

D. Sclmeider - Cresci na c landestin idade soviética. Fui educado por sacerdotes que foram mártires e confessores. Recebi clandestinamente a primeira comunhão de um santo sacerdote, e minha ed ucação, tanto da parte de meus pais como da parte de sacerdotes durante a clandestinidade sov iética, marcou-me profundamente. Quando minha família emigrou para a Alemanha, eu contava 12 anos e não tinha nenhuma idéia do tema da recepção da Eucaristia. Entrando numa igreja durante uma santa Missa, e vendo como se efetuava a distribuição da sagrada comu nhão na mão, transmiti eu à minha mãe a minha impressão: "Mas isso é como a distribuição de biscoitos na escola". Era uma observação inspirada em minha inocênc ia infantil. Minha mãe sofria muito por isso, pois não podia adm itir que se recebesse o Senhor - na sua Divina Majestade, embora ocu lto na sagrada Hóstia - de modo exteriormente minimalista, mais próprio a gestos profanos do que a um ato de culto. Decidi-me assim , com meus pais, a não mais freqüentar aquela igreja. Passamos a freqü entar outra, mas a cena repetia-se em cada igrej a visitada. Catolicismo - Deve ter sido um forte choque para V. Exa., que conservara dignamente as poucas espécies eucarísticas disponíveis na longa noite soviética, conforme conta no livro. D. Sclmeider - De fato. Quando voltamos para casa, minha mãe se pôs a chorar. Não entendia como se podia tratar Nosso Senhor daquela maneira. E ainda hoje não compreendo como se pode receber Nosso Senhor, Pessoa divina, de modo tão superficial. Tanto mais porquanto, segundo me parece, o clero e os bispos se habituaram a esse estado de coisas. Observando a situação dos últimos 30 anos - isto é, desde minha vinda para o Ocidente-, tenho a impressão de que esse modo de distribuir a comunhão na mão propagou-se como concessão às regras da moda, e segundo uma estratégia globalizante. Por isso, os bispos e o clero deveriam ser mais atentos. Propus-me então a escrever um livro que expusesse mai s profundamente em que consiste a sagrada comunhão. C itei exemplos, do tempo da clandestinidade soviética, mostrando como pessoas conhecidas minhas tratavam a sagrada Eucaristia. Quis

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CATOLICISMO

O Padre Pio distribui a sagrada comunhão na boca a recém-casados

"O respeito devido na ,·ecepção da comunhão é parte central da verdadeira senda visando uma re110vação autêntica da JJturgia e <lo culto divino"

Catolicismo - Normalmente ouve-se dizer que retornamos à prática dos primeiros séculos. Pelo que o Sr. diz, há uma diferença entre a prática de hoje e a primitiva. D. Sclmeider - O modo utilizado hoje nunca foi empregado na Igreja. Ele constitui uma invenção calvinista, nem sequer é dos luteranos. Na Igreja antiga, o modo de receber a sagrada espécie era diferente. Com profunda veneração, e la era recebida na mão direita, não se lhe tocava com a outra mão, e era diretamente levada à boca. Após a recepção, devia-se purificar a palma da mão. O comungante portava um corporal branco na mão. Com o passar do tempo, a Igreja aprofundou o conhecimento e o amor devido ao divino sacramento da santíssima Eucaristia. Assim, quase instintivamente, tanto na Igreja do Oriente como na do Ocidente, começou-se adistTibuir a sagrada comunhão diretamente na boca. Sucessivamente, no início do segundo milênio, juntou-se o gesto muito bíblico de se ajoelhar. Esse foi um processo todo natural e orgânico, sem dúvida inspirado pelo Espírito Santo, que anima a Igreja. Por isso, tal processo não pode ser alterado através de uma mptura tão drástica como a reali zada há 40 anos, com a introdução da comunhão na mão. Repito, essa não era a forma antiga, mas foi inventada. Mais se parece com o gesto profanos, mediante os quais alguém toma a comida com a própria mão e a coloca na boca. Catolicismo - Na recente festa de Corpus Chrlsti, o Papa Bento XVI convidou os fiéis à renovação da fé na presença real de Cristo na Eucaristia. Também alertou para "uma secularização difundida até mesmo no interior da Igreja, que pode se traduzir num culto eucarístico formal e vazio, em celebrações privadas diversas daquela participação do coração, que se exprime em veneração e respeito pela liturgia ". D. Sclmeider - Exatamente. O respeito devido na recepção da comunhão é parte central da verdadeira senda visando uma renovação autêntica da liturgia e do culto divino. E quanta necessidade tem o mundo ocidental de tais gestos! A Igreja tem ainda o dever de

retomar esses gestos evidentes, aprovados há núlênios, e que deram tantos frutos. São gestos que constituem clara demonstração do que podemos apresentar ao mundo para mostrar que cremos em Jesus não apenas com a nossa mente, com a nossa palavra, mas na sua verdadeira divindade. E cremos considerando as conseqüências da Encarnação, do dogma da t:ransubstanciação, da presença real, isto é, todas as conseqüências práticas. Crer é certamente dizer, louvar, mas também praticar gestos que demonstrem a nossa fé. Catolicismo - O livro de V. Exa. foi muito difundido, e parece que isso se deve também ao fato de ele ter ido ao encontro de um sentimento generalizado quanto à necessidade de se fazer algo nesse sentido. D. Sclmeider -Recebi muitas repercussões alcançada pelo livro no mundo inteiro, a maioria delas provenientes de simples fiéis que se sentiram tocados, agradecendo-me por ter abordado esse tema, que parecia um tabu na Igreja. Por exemplo, escreveu-me um jovem dos Estados Unidos, que pe1tenceu a uma comunidade protestante. Contou-me que nessa comunidade seus membros tinham o hábito de receber a "ceia do Senhor" de joelhos e na boca, apenas por reverência ao símbolo da Eucaristia, pois para eles a Eucaristia é só um símbolo. Apesar disso, por respeito se ajoelhavam e não queriam tocá-la com as mãos. Quando ele se tornou católico, na igreja que freqüentava foi-lhe proibido receber Jesus eucarístico de joelhos. Ele me perguntou quais eram as razões para essa situação tão contraditória: como protestante, podia ajoelhar-se diante de um símbolo; como católico, não mais podia ajoelhar-se diante da presença real. Outro exemplo foi o de uma senhora indígena do Brasil, grande devota da sagrada comunhão. Alguns anos após o Concílio, ocorreu certo dia ao seu pároco dizer à comunidade que, a paitir do domingo seguinte, todos deveriam receber compul oriamente a comunhão na mão. O povo, simples e devoto, aceitou por respeito ao pároco. Entretanto, o sacerdote não Lhes disse toda a verdade, pois a Igreja deixa a liberdade para se receber a comunhão na boca. E sa senhora fora ass im constrangida a recebê-la na mão, mas sua alma sentiase petturbada, e um dos motivos era que e la tem o hábito de lavai· as mãos antes de receber um hóspede em sua casa. "E agora como.faço para receber o Senhor,

se minhas mãos não estão limpas? Se, por exemplo, toquei no dinheiro para a espórtula do ofertório? Nosso Senhor merece mais do que os meus hóspedes. Eu

precisava lavar as mãos durante a Missa, mas é impossível fa zê-lo", disse-me petturbada. Ela procurou o padre, a quem expôs seu desconceito. Este lhe respondeu: "És ignorante, não entendes nada. Nosso Senhor nunca distribuiu a comunhão na boca ". A senhora pediu-lhe indicasse onde isso estava escrito. Ele respondeu que no Evangelho está escrito que Jesus deu a comunhão na mão aos Apóstolos, e ela simplesmente respondeu : "Mas, Senhor pároco, eu não pertenço ao número dos Apóstolos". Assim, uma simples mulher deu uma resposta iluminada. Refletindo nessa resposta, vieram-me à mente as palavras de Jesus ao dizer que o Pai revelou seu mistério aos pequenos e o ocultou aos que se presumem inteligentes. Quando essa senhora se apresentava com as mãos juntas, o sacerdote colocava com força a hóstia entre suas mãos. Mas ela, mantendo-se tenazmente firme na sua vontade, viu-se obrigada a receber a comunhão com as mãos pai·a trás. Tenho a impressão de que são muitos os sacerdotes e os bispos que se compOLtam atualmente do mesmo modo. Penso que esse comportamento é muito semelhante ao dos escribas e fariseus.

Cartaz numa paróquia de Cingapura, na Ásia : Nosso Senhor Jesus Cristo dá a Primeira Co munhão na boca a duas crianças

"Recebi muitas repercussões do Jlvro no mundo inteiro, a maioria delas prove11i.entes de simples fléis agradecendo-me por ter abordado esse tema"

Catolicismo - Julga V. Exa. que essa problemática se reveste de particular atualidade em meio aos numerosos problemas com os quais a Igreja deve confrontar-se em nossos dias? D. Sc/111eider -É fáci l entender quanto ela seja atual. Um fa to importante em relação ao qual não podemos fechar os olhos, é o exemplo do Santo Padre que, a paitir da solenidade de Corpus Christi do ano passado, distribui a comunhão a todos, de joelhos e na boca. Podemos constatá-lo: onde o Papa celebra uma Santa Missa, ele o faz desse modo, mesmo fora de Roma. Apesai· de nesses lugai·es os bispos terem pernútido a comunhão na mão, o Santo Padre a distribui na boca aos fiéis ajoelhados. Este exemplo do Santo Padre é pai·a nós, bispos e sacerdotes, um sinal clai·o. Se nós, bispos e sacerdotes, quisermos sentir com a Igreja e com o Papa, certamente não podemos fazer de conta que esse gesto nunca se pratica. Devemos ser sensíveis em andar em sintonia com o Papa nesse gesto, imitando-o. Tal acontecimento, o povo de Deus o recebe com grande alegria. Meu desejo é que esse magistério "prático" do Papa encontre imitadores entre os bispos , para o bem das almas e com vistas a aumentar a verdadeira fé e devoção no mistério máximo e santíss imo de nossa fé, que é a santíssima Eucaristia. • AGOSTO 2009


Ü Santo Cura d'Ars foi um vigário inflamado de amor de Deus e zelo pelas almas, e pôde comunicar à sua paróquia algo desse amor, de modo a transformá-la de tíbia em fervorosa. Por isso ele é o patrono do clero, e especialmente dos párocos. Este ano, no qual se celebra o 150° aniversário de sua morte, foi declarado pela Santa Sé "Ano Sacerdotal". □ PLINIO M ARIA SOUMEO

U

m antigo axioma dizia que os fi-

éis estão sempre um degrau abaixo do fervor do seu pároco. Assim, se este for santo, o povo será piedoso; se for apenas piedoso, os fiéis serão modelares; se for apenas modelar, os fiéis serão corretos; e se for apenas correto, seus fiéis serão tíbios. Então, o que dizer de um padre tíbio e até, como infelizmente não raro ocorre, relaxado? Ante a decadência religiosa e o abandono da fé que presenciamos, é oportuno lembrar o formidável exemplo de São João Maria Vianney - o Santo Cura d'Ars, como ficou mais conhecido - neste ano jubilar em que se comemora 150 anos de seu falecimento.1

Fruto de 11m lar verdadeiramente cristão A pequena cidade de Dardilly, perdida nas montanhas que circundam Lyon, na França, viu nascer no dia 8 de maio de 1786 um menino que se tornaria uma das glórias da Igreja e venerado como santo: João Batista Maria Vianney. Era o terceiro dos seis filhos de um piedoso casal de agricultores , Mateus Vianney e Maria Béluse. Nesse lar modesto, a caridade cristã era uma herança de família. O pai de Mateus, Pedro Vianney, tivera anos antes a felicidade de albergar em sua casa o santo-mendigo, São Bento José Labre.

João Maria foi batizado no mesmo dia em que nasceu, e como todos seus irmãos e irmãs, foi consagrado à Santíssima Virgem, segundo o bom costume da época. Assim que o menino começou adistinguir os objetos exteriores, sua mãe mostrava-lhe o crucifixo e imagens piedosas. E quando foi capaz de mover os bracinhos, levava-o a fazer o Sinal da Cruz. Quando a noite descia, naqueles felizes tempos sem televisão, em vez de se deteriorar com a frivolidade e a imoralidade das telenovelas, a família Vianney conversava, lia a História Sagrada e rezava o terço em conjunto. Foi então quando se abateu sobre a França a tormenta que, durante anos, levou o terror e a devastação àquela nação antes verdadeiramente cristã: a Revolução Francesa.

Durante a tormenta revolucionária Em janeiro de 1791 começou a vigorar no país a ímpia Constituição Civil do Clero, que obrigava todos os sacerdotes a prestar um juramento cismático de obediência àquela constituição, sob pena de prisão ou mesmo de morte. O vigário de Dardilly foi dos que cederam, e prestou o juramento. Arrependendo-se depois dessa verdadeira traição, retirou-se para Lyon, e de lá para a Itália. Foi substituído por outro sacerdote "juramentado" (que também prestara o juramento). Como aparentemente nada AGOSTO 2009 -


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mudara, aqueles camponeses simples, ignorando o significado desse juramento, continuaram a ir à igreja e a freqüentar os sacramentos. Mas logo os Vianney souberam, por um parente, o que significava ser padre "juramentado", ou seja, que ele se tinha tornado cismático por aquele juramento, que impunha a ruptura com o Papa. Sem titubear, eles deixaram de freqüentar a igreja local, passando a assistir às Missas clandestinas celebradas por padres "refratários" (aqueles que heroicamente tinham recusado o juramento cismático), em granjas ou celeiros. Veio então o período do Terror, durante o qual a guilhotina ceifou a vida de inúmeros inocentes. Não se podia mais praticar em público a Religião: a igreja de Dardilly foi fechada, os revolucionários derrubaram as cruzes e monumentos piedosos; nas próprias casas, era-se obrigado a esconder crucifixos e imagens religiosas.

co, o "cidadão Dumas", pôde reabrir sua escola, e nela ingressaram João Maria e sua irmã Catarina. Em 1799, apesar de o sanguinário Robespierre já ter caído em 1794, a per-

Primeira Comunhão: clima de terror e pe1'Segulção Uma lei de 19 de dezembro de 1793 fechou as escolas religiosas e obrigou as crianças a freqüentar as escolas públicas, sob pena de multa aos pais. Mas no ano seguinte um católi-

Residência onde viveu o santo no cidade de Ars. À direito o quarto e o cozinho do coso .

CATOLICISMO

Pintura do é poca do Santo Curo d' Ars

seguição continuava, e centenas de sacerdotes foram deportados para a Guiana. O próprio Papa Pio VI tornou-se prisioneiro da Revolução. Foi nesse clima ainda de te1'ror e perseguição que João Maria, aos 13 anos, recebeu a Primeira Comunhão das mãos de um sacerdote "refratário", numa casa particular, com portas e janelas fechadas. Recorda sua irmã: "Meu irmão achava-se tão contente, que não queria mais sair do lugar onde teve a felicidade de comungar a primeira vez". No dia 9 de novembro de 1799 (18 brumário, segundo ocalendário "ecológico" da Revolução), com um golpe de força o general Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França com o título de Primeiro Cônsul. Para consolidar-se politicamente, aliviou a perseguição religiosa: as igrejas foram reabertas e muitos sacerdotes regressaram do exílio. Em Ecully, perto de Dardilly, dois sacerdotes " refratários" passaram a celebrar publicamente a Missa, e a família Vianney ali acorreu com todo fervor. É de se notar que essa família genuinam ente católica não deixou de santificar o domi ngo, até nos anos do Terror, quando o di a oficial do descan o era a década.

A longa caminhada para o sacerdócio João Maria passara a ajudar o pai nos trabalhos mais pesados: lavrava a terra, cuidava da vinha, recolhia nozes e maçãs, podava as árvores, empilhava a lenha. Tudo fazia com recolhimento e espírito sobrenatural. Dirá mais tarde: "É mister oferecer a Deus nosso trabalho, nosso repouso e nossos passos. Oh, como é belo fazer tudo por Deus! Se trabalhas com Deus, és tu que trabalhas, mas é Deus que abençoa o teu trabalho. De tudo [Deus] tomará nota. A privação de um olhar, uma provação, serão anotadas". 2 À noite João Maria lia o Evangelho e a Imitação de Cristo antes de repousar. Quando completou 17 anos, consolidou-se nele a idéia de ser padre, mas o pai não queria nem ouvir falar disso. Mais tarde o jovem soube que o Pe. Balley abrira uma escola em Ecully, para· a formação de futuros sacerdotes. Voltou então a insistir com o pai para nela ingressar. Finalmente, pressionado pela esposa, Mateus Vianney concedeu a licença. A gramática latin a foi um tormento para esse camponês, já com 20 anos de idade. Mais habitu ado ao trato com os animais e a lavoura do que com as le-

tras, tinha dificuldade em reter na memória o que aprendia. Apesar de estudar com tenacidade, seus progressos no estudo eram quase nulos. Fez então uma peregrinação a Louvesc para visitar o túmulo de São João Francisco de Régis, taumaturgo da região. Este atendeu o pedido com muita parcimônia: com muita dificuldade João Maria aprendeu o estritamente necessário para ser ordenado .

Desertor do exército contl'a a vontade Entretanto, outro desastre se abateu sobre o esforçado seminarista. Napoleão, que se autoproclamara imperador, decretou o recrutamento de 20 mil jovens, e entre esses estava João Maria. Tendo adoecido, teve dificuldades em juntar-se a seu regimento, perdendose no caminho; para não ser punido como desertor, ocultou-se sob um nome falso, sendo ajudado por uma viúva, que o escondeu até Napoleão proclamar uma anistia. João Maria pôde voltar para casa e continuar os estudos para o sacerdócio; seu irmão mais moço o substituiu no exército.

Enfim, 01·denado sacel'dote do Altíssimo Aos 25 anos João Maria recebeu a primeira tonsura. Cerca de cinco anos mais tarde foi aceito para a ordenação sacerdotal, de maneira quase milagrosa. Com as perseguições da Revolução Francesa, o país estava à míngua de padres. Por isso, o vigário-geral de Lyon sentiuse inclinado à indul gência para com aquele seminarista tão esforçado, e perguntou ao Pe. Balley: - Ele sabe rezar o rosário ? - Sim, é um modelo de piedade. - Se é um modelo de piedade, eu o admito às ordens menores. A graça de Deus fará o resto. Nunca uma profecia se cumpriu com mais liberalidade! Finalmente, no dia 13 de agosto de 1815, o bispo de Grénoble conferiu-lhe a ordem sacerdotal. Foi nomeado coadjutor de seu protetor Pe. Balley, em Ecully, mas sem licença para ouvir confissões. Aquele que passaria depois jornadas inteiras no confessionário, e seria

modelo de confessor, tinha que estudar mais para ser considerado apto a atender confissões.

Numa pequena comunidade de 230 llahlta11tes No dia 17 de dezembro de 1817 falecia o Pe. Balley, amigo e benfeitor do Pe. Vianney, e este ficou com todo o ônus da paróqui a. Mas por pouco tempo, pois logo foi designado para a cidadezinha de Ars, um aglomerado de algumas dezenas de casas, com apenas 230 habitantes. O humilde sacerdote tornaria esse vilarejo universalmente famoso . Como na maior parte das localidades rurais da França, sacudidas durante anos pelos vendavais da Revolução Francesa, em Ars a decadência religiosa era total. Os habitantes viviam num pagani smo prático, formado de negligência, indiferentismo e esquecimento das práticas religiosas. Era corrente o péssimo hábito de blasfemar. Nas noites de sábado, os homens se reuniam em alguma das quatro tavernas da cidade para entregarem-se à bebedeira. O descanso dominical não era observado. Os jovens eram apaixonados pelos bailes, mas ignoravam até os rudimentos da doutrina católica. As crianças começavam a trabalhar desde cedo nos campos, e mal apareciam nos catecismos. Tampouco hav ia escola permanente para instruí-las. Havia certo fundo religioso, mas muito pouca piedade. Como transformar aquela paróqui a tíbia num modelo de vida católica? Eis o desafio para o Cura d'Ars (cura era o nome que designava um vigário de aldeia). Primeiro, pela oração e sacrifício aceitou o desafio. Já no dia seguinte ao de sua chegada, deu o colchão a um pobre e deitou-se sobre uns ramos junto à parede, com um pedaço de madeira como travesseiro. Como a parede e o chão eram úmidos, contraiu de imediato uma nevralgia que durou 15 anos . O seu jejum era permanente: passava três dias sem comer; e quando o fazia, alimentava-se somente de batatas cozidas no início da semana, emboloradas. Mais do que tudo, passava horas ajoelhado diante do Santíssimo Sacramento, pedindo a conversão dos seus paroquianos. "Seu programa meditado diante do sacrário era o de todo pastor inquieto AGOSTO 2009 -


com a salvação de seu rebanho: entrar em contato com os seus paroquianos; assegurar a cooperação das famílias de mais destaque; melhorar os bons, reconduzir os indiferentes, converter os pecadores e escandalosos; e sobretudo orar a Deus, de quem dimanam todos os dons. Enfim, santificarse a si mesmo para poder scmtificar os outros, e fa zer penitência pelos culpados" . A um sacerdote que lhe perguntou qual o segredo de suas primeiras conquistas, respondeu: "Meu amigo, o demônio nüo fa z muito caso da disciplina e de outros instrumentos de penitência. O que o põe em debandada são as privações no comer, no beber e no dormir. Nenhuma coisa o fa z temer tanto como isso, e por outro lado nada é tão agradável a Deus. Ah! como tenho experimentado essas coisas![ ... ] Chega va a passar três dias sem comer. [.. .] Entüo, conseguia de Deus o que queria, para mim e para os outros". Mas ele próprio reconhecerá mais tarde que, quando jovem sacerdote, no seu anseio de converter suas ovelhas, ultrapassara todos os limites da mortifi cação. E chamará tais excessos "loucuras da juventude ".

ses que ele tinha de ajudar a irem para o Céu. Escreveu ao prefeito em 1820: "Desejaria que a entrada da igreja fosse mais atraente. Isso é absolutamente necessário. Se os palácios dos reis süo embele-

Uma das primeiras medidas práticas do Cura d 'Ars foi reformar a igreja. Por respeito ao Santíssimo Sacramento, desejava que estivesse nas melhores condi ções possíveis, queria o que há de melhor para o culto divino. Em Lyon, onde ia fazer suas compras, logo se tornou conhecido. Comentavam entre si os lojistas: "No campo há um pároco magro e mal arranjado, com ares de não ter um centavo no bolso, mas que compra para sua igreja tudo o que há de melhor". Ele queria embelezar a casa de Deus para a glória do Senhor, e também para que fosatraente para os humildes campone-

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CATOLICISMO

A importância de se aprender o catecismo Outra de suas solicitudes foi para com a juventude, que durante os terríveis anos da Revolução crescera ignorando as mais comezinhas práticas de piedade e os rudimentos da fé. Por isso começou a atrair todos para o catecismo - qu e se tornou depois célebre com a presença de peregrinos, eclesiásticos e mesmo bispos. Só admitia à Primeira Comunhão quem estivesse devidamente preparado. In stava com os meninos e adolescentes para que levassem sempre consigo o rosário, e tinha no bolso alguns extras para aqueles que o houvessem perdido. Paulatinamente os esforços do santo foram se coroando de êxito, de maneira que os jovens de Ars chegaram a ser os mais bem instruídos da região.

Segredo do pregador: prepai·ar bem os sermões

A casa de Deus

tinl,a que ser o melhor lugar possível

gens nos abalam tüo fortemente como as próprias coisas que representam".

zados pela magnificência das entradas, com maior razüo as das igrejas devem ser suntuosas. [... ] Não quero poupar nada para isso". E o prefeito o ajudou na reform a, para que a igreja fosse o pa. lácio de Deus e dos pobres. Mais tarde quis honrar a Virgem Imaculada com uma capela lateral na igreja, e pagou um pintor para orná-la. Depois mandou construir outra capela lateral em louvor de seu patrono, São João Batista. E ass im foi reformando ou reconstruindo a igreja toda, embelezando-a com pinturas e imagens. Dizia: "Muitas vezes basta a vista de uma imagem para nos comover e converter. Nüo raro as ima-

O Pe. Yi anney empregou também todo se u zelo para instru ir os fiéis por meio da pregação. Pregava em geral obre os deveres de cada um para consigo, para com o próxi mo e para com Deus. Desejava ardentemente a salvação de seus paroquianos, e por isso falava constantemente do inferno e do que precisamos fazer para evitá-lo. Como fazia para instruir seus paroquianos um sacerdote tão mal preparado, com memória fraca e poucos talentos? Ele preparava longamente seus sermões. Ia escrevendo tudo o que lhe vinha à cabeça, depois procurava reter na memória o que tinha escrito. Então lia tudo em voz alta, para si mesmo. Uma, duas, três vezes. No dia seguinte, pronunciava seu sermão com voz gutural, na qual predomi-

navam as notas agudas. No começo, fazia um esforço tremendo quando pregava. Alguém lhe perguntou: " Por que o Sr. fala tão alto quando prega, e tão baixo quando reza? É que quando prego, falo a surdos, e quando reza falo a Deus, que não o é". Ele exigia a devida compostura na igreja, por respeito à presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento. Dizia também que a salvação para a gente do campo era muito fácil, porque podiam rezar livremente durante o trabalho e não tinham nada que os pude e distrair do caminho da salvação. Seguindo as diretrizes do Concílio de Trento, que prescrevia como dever dos párocos explicar freqüentemente aos fiéis as cerimôn ias da Missa, o Pe. João Maria se esforçava para tornar acessíveis a seus paroquianos cada uma de suas partes .

Aos poucos, por falta de fregueses, as tabernas foram fechando. Alguns tentaram reabri-las, mas logo tiveram que fechfu-. A maldição de um santo pesava sobre eles: "Vós vereis arruinados todos aqueles que aqui abrirem tabernas ", dis-

Luta contra o trabalho aos domingos

"Vereis arruinados todos aqueles que abrirem tabernas" Num povoado peq ue no como Ars, havia quatro tabernas. Aos domingos uma boa parte dos homens, em vez de ir à Missa, ia para um a taberna. O santo cura os exprobrava do alto do púlpito, servindo-se dos termos de São João Clímaco: "A taberna é a tenda do demônio, a escola onde o inferno prega e ensina a sua doutrina, e o lugar onde se vendem as almas, onde as fortunas se arruínam, onde a saúde se perde, onde começam as rixas, e onde se cometem os assassinatos". Fulminava também os taberneiros com os anátemas divinos : "O sacerdote não pode nem deve dar a absolvição aos proprietários de tabernas - que düo de beber a bêbados durante a noite ou durante a santa Missa - sem se condenar a si mesmo. Ah, os taberneiros! O demônio não os importuna muito, pelo contrário, despreza-os e lhes cospe em cima".

vossa casa, tudo perecerá". Procurava fazer da blasfêmia objeto de horror para as crianças e para os jovens: "O Cura d'Ars soube fa zer tão bem a guerra contra toda espécie de blasfêmias, juramentos e imprecações, e até as expressões grosseiras - ele mesmo não receava nomeá-las de púlpito - que pouco a pouco desapareceram do vocabulário de Ars ".

se no púlpito. E assim foi. Quando as tabernas se fecharam, o número de indigentes diminuiu , pois se suprimiu a causa principal da mi séri a, que era moral.

Luta categórica contra as blasfêmias "Blasfêmias e trabalhos aos domingos, bailes, cabarés, serões nas vivendas e conversas obscenas, ele englobava tudo numa comum maldição". Por anos a fio pregou contra isso, exortando no confessionário, no púlpito e nas visitas que fazia às famílias. Dizia ele do púlpito: "Não é um milagre extraordinário que a casa onde se acha um blasfemo nüo seja destruída por um raio ou cumulada com toda sorte de desgraças? Tomai cuidado! Se a blasfêmia reinar em

A maior parte dos homens perdera o costume de fazer a comunhão pascal, nos muitos anos que ficaram sem sacerdote, e muitos deles não cumpriam essa obrigação essencial havia 15 ou 20 anos. A Juta contra o trabalho aos domingos foi também tenaz, durou quase oito anos, e ainda assim não conseguiu aboli-lo de todo. Em vez de seguir o preceito dominical, iam trabalhar em suas terras aos domingos. O Santo dizia a respeito disso com muita propriedade: "Deixai uma paróquia sem padre por 20 anos, e nela se adorarüo os animais". A primeira vez que do púlpito abordou o tema, fê-lo com tantas lágrimas, tais acentos de indignação, com talcomoção de todo o seu ser, que meio século depoi s os velhos que o ouviram ainda se lembravam com emoção: " Vós trabalhais, mas o que ganhais é a ruína para a vossa alma e para o vosso corpo. Se perguntássemos aos que trabalham nos domingos: 'Que acabais de fa zer?', bem poderiam responder: 'Acabamos de vender a nossa alma ao demônio e de crucificar Nosso Senhor. Estamos no caminho do inferno'. [... ] O domingo é um dom de Deus, é o seu dia. É o dia do Senhor. Ele fe z todos os dias da semana. Bem poderia tê-los reservado todos para si, mas deu-nos seis e ficou apenas com um. Com que direito vos apoderais do que não vos pertence? Sabeis que os bens roubados não trazem proveito. O dia que roubais ao Senhor tampouco vos aproAGOSTO 2_ 0 09 -


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veitará. Conheço dois meios bem seguros para alguém empobrecer e chegar à miséria: trabalhar no domingo e tirar o alheio. Ide pelos campos dos que trabalham durante os dias santos: sempre têm terras para vender". Insistia em que quem trabalha no domingo acaba empobrecendo. Entretanto, quando o mau tempo persistia e a colheita perigava, ele não se opunha a que trabalhassem durante o repouso dominical. Mas não autorizava diretamente esse trabalho: "Façam o que quiserem, o negócio é vosso ". Por que os homens se sentem no direito de não praticar a Religião, deixando-a só às mulheres e crianças? - perguntava ele. "Os homens, como as mulheres, têm uma alma a salvar. Em tudo costumam ser os primeiros. Por que não o hão de ser também em servir a Deus e em render homenagem a Jesus Cristo no sacramento do seu amor?". "Sua piedade, seus sermões e seu zelo de pastor restauraram pouco a pouco o f ervor religioso em sua paróquia. [... ] Passava dias inteiros confessando, convencido de que seu obj etivo de traCATOLICISMO

zer de volta seus paroquianos para Deus poderia ser ganho se houvesse confiança na misericórdia divina ". Aos poucos os camponeses começaram a comparecer mais regularmente aos ofícios dos domingos. Um bom número deles chegava a passar uma hora inteira diante do Santíssimo Sacramento exposto. O santo cura comprazia-se em contar o caso daquele camponês que, antes do trabalho, ia fazer uma visita ao Santíssimo Sacramento. A um amigo que lhe perguntou o que fazia durante tanto tempo nessas visitas, ele respondeu: "Olho para Deus, e Deus olha para mim ". O Santo Cura d 'Ars emocionava-se contando o fato, e dizia: "Ele olhava para Deus e Deus olhava para ele. Tudo consiste nisso, meus filhos". Assim, depois de muita insistência, em Ars o domingo se tornou verdadeiramente o Dia do Senhor. Desde o começo de seu apostolado, o Santo Cura d 'A rs procurou organizar uma elite que, formando com ele o coração da paróquia, o ajudasse na obra de penetração e conquista. E assim conquis-

tou a castelã de Ars e muitas outras senhoras do povoado para esse apostolado. Sob sua direção, muitas chegaram mesmo a uma grande perfeição. Aos poucos se verá em Ars, ao som do sino, todos os paroquianos acorrerem à igreja para a recitação do rosário e da oração da noite.

Combate aos bailes, ocasião de pecado Ars era o lugar predileto dos jovens dançarinos das vizinhanças. Tudo era pretexto para um baile. Para acabar com eles, o Santo Cura d'Ars levou 25 anos de combate renhido. Explicava que não basta evitar o pecado, mas deve-se fu gir também das ocasiões. Por isso abrangia no mesmo anátema o pecado e a ocasião. Atacava assim, ao mesmo tempo, a dança e a paixão impura por ela alimentada: "Não há um só mandamento da Lei de Deus que o baile não transgrida. [... ] Meu Deus, poderão ter olhos tão cegos a ponto de crerem que não há mal na dança, quando ela é a corda com que o demônio arrasta mais almas para

o inferno ? O demônio rodeia um baile como um muro cerca umjardim. As pessoas que entram num salão de baile deixam na porta o seu anjo da guarda, e o demônio o substitui, de sorte que há tantos demônios quantos são os que dançam". O santo era inexorável não só com quem dançasse, mas também com os que fossem somente "assistir" ao baile, pois a sensualidade também entra pelos olhos. Negava-lhes a absolvição, a menos que prometessem nunca mais fazê-lo. Ao reformar a igreja, erigiu um altar em ho nra de São João Batista, e em seu arco mandou esculpir a frase: "Sua cabeça foi o preço de uma dança" Sempre dizia que uma moça apaixonada pela dança não poderá gostar dos gozos simples e puros. Ele empregava todos os meios a seu dispor para evitar os bailes. Certa vez perguntou ao músico que ia tocar naquela noite quan to lhe pagavam para tocar; e pagou-lhe em dobro para não tocar, fru strando a realização do baile. Outro dia foi ao taberneiro que ficava na praça onde haveria o baile, e perguntou quanto calculava que iria ganhar naquele dia. E pagou-lhe também o dobro para que fechasse seu estabelecimento naquela tarde. A vitória do Pe. Vianney nesse campo foi total: os bailes desapareceram de Ars, como também outros divertimentos que ele julgava indignos de bons católicos, mesmo não sendo diretamente pecaminosos. Junto aos bailes, combatia também as modas femininas que julgava indecentes. Não permitia jamais que as moças e as senhoras fossem à igreja decotadas ou com os braços nus. Às moças, dizia: "Com seus atrativos rebuscados e indecentes, logo darão a entender que são um instrumento de que se serve o inferno para perder as almas. Só no tribunal de Deus [o confessionário] se saberá o número de pecados de que foram causa".

Lição para os sacerdotes calúnias, obsessões do demônio Seria de supor que um sacerdote tão santo estivesse livre de perseguição e de calúnia. Isso não é assim, pois Nosso Senhor era infinitamente justo, no entanto, sofreu o que sofreu. Muitos estavam desgostosos com a franqueza com que fustigava os vícios, o que ele considerava seu dever: "Se um

O Santo Cura d'Ars não era amigo de meias medidas: "Se nunca foi brusco quando se devia manifestar conciliador e suave, tampouco hesitou quando se impunham resoluções enérgicas. Através do pecador, por quem sentia grande compaixão, ele via o pecado, para com o qual não tinha misericórdia". Os libertinos de Ars chegaram a dizer do Pe. Vianney toda série de infâmias e injúrias, e tornaram-no objeto de canções burlescas. Mais terríveis que as injúrias dos homens, no entanto, foram as provações divinas. Só ele mesmo pod eria dizer por quantas provações passou durante sua vida. Além disso, sofria com as obsessões dos demônios, que o assaltavam freqüentemente com ruídos e insultos, arrastando os móveis e mesmo pondo fogo no colchão no qual dormia, como ele contou uma vez à sua irmã: "Algumas vezes ele [o demônio] me agarra pelos pés e me arrasta pelo quarto. Faz isso porque converto almas para Deus ".

O zelo pela instrução das crianças

sacerdote quiser se salvar, precisa, quando encontrar alguma desordem na paróquia, saber calcar aos pés o respeito humano, o temor de ser desprezado e o ódio de seus paroquianos, ainda mesmo estando certo de que, ao baixar do púlpito, vai ser assassinado. Isso não o deve amedrontar. Um pároco que quiser cumprir o seu dever, deve estar sempre de espada em punho. [...] Depois de proferir violentas invectivas contra os maus exemplos dos pais, se quer fa ze r-lhes conhecer as suas faltas e as de seus filhos, eles se enfurecem, vituperam-no, falam mal dele e o fazem objeto de mil contradições".

A comuna de Ars não tinha escolas. No inverno chamava-se um professor de fora, que dava aulas para meninos e meninas reunidos numa mesma classe. Is so desgostav a profundamente o Pe. Vianney. Combinou então com o prefeito que se criassem duas escolas na cidade, uma para meninos e outra para meninas. Para cuidar das meninas, escolheu duas jovens piedosas, Catarina Lassagne e Benita Lardet, e mandou-as fazer um curso com as religiosas de São José, numa cidade vizinha. A elas juntou outra jovem menos instruída, mas apta para os trabalhos domésticos. Alugou uma casa, e em 1823 era aberta a escola para meninas. Deulhe o nome de Casa da Providência, que logo passou a albergar órfãs. Essa instituição será a "menina dos olhos" de São João Vianney. Ele dizia "que só no dia do Juízo poderemos ver o bem operado AGOSTO 2009 -


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nessa casa ". Foi na sala de aula da Providência que começaram os famosos catecismos de Ars. A princípio só para as alunas, mas depois foram invadidos pelos peregrinos e até por prelados.

O que explica a eficácia do apostolado de São João Maria Vianney

"Meus irmãos, Ars Já não é a mesma!" Após anos de ministério, o Pe. Vianney podia afirmar: "Encontro-me numa paróquia de muito fervor religioso, e que serve a Deus de todo o coração ". Mais tarde exclamava entusiasmado do púlpito: "Meus irmãos, Ars não é mais amesma! Tenho confessado e pregado em nússões e jubileus. Nada encontrei como aqui". É que, ao mesmo tempo em que reprimia os abusos, semeava também a boa semente. Ele aspirava para seus paroquianos o ideal de perfeição que julgava serem eles capazes de alcançar. Recomendava-lhes que rezassem antes e depois das refeições, recitassem o Ângelus três vezes ao dia onde quer que estivessem, e que, ao levantar e deitar, fizessem a oração da manhã e a da noite. Esta passou a ser feita também em comum na igreja, ao toque do sino. Os que ficavam em casa ajoelhavam-se diante de algum quadro ou imagem religiosa, e ali faziam sua orações. Com o tempo passou-se a dizer que em Ars o respeito humano fora invertido: tinha-se vergonha de não fazer o bem e de não praticar a Religião . Ars tornou-se também um centro de piedade e religiosidade. A taJ ponto que o próprio demônio desabafou pela boca de um possesso: "Que asquerosa terra é esta Ars! Nela tudo cheira mal. Em Ars todos cheiram mal ". Cheiravam mal para o maligno, pois tinham o bom odor de Jesus Cristo. "Aqueles agricultores abastados pois, apesar de serem caritativos para com os pobres, eram trabalhadores e econômicos - causavam admiração aos forasteiros. Suas reflexões eram sensatas; seus corações, enobrecidos pelagraça e pela f é; tinham uma educação à sua maneira: simples, ingênua, porém misturada, como nos antigos patriarcas, duma distinção, duma delicadeza não comuns. Fora a Religião sua mestra ", e o Pe. Vianney o instrumento. CATOLICISMO

O corpo do Santo Cura d'Ars encontrado inco1Tupto Muito poder-se- ia narrar ainda sobre este exemplar acerdote e grande santo, mas que ultrapassariam o limites deste artigo. Concluímos dizendo que ele fal~ceu há exatos 150 anos, no dia 4 de agosto de 1859. Foi beatificado por São Pio X em 1905, e canoni zado por Pio XI em 1924. Por ocasião da beatificação, seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto, apesar de seco e escurecido. E é assim que permanece até o dia de hoje em Ars, para maravilhamento e edificação dos inúmeros peregrinos que para lá ainda se dirigem, a fim de respirar um pou-

co daquele ar abençoado pela vida e virtudes de São João Maria Vianney - santo que todo o clero católico deveri a ter como modelo de perfeição. • E-mai I do autor: pmsolimco@cato li c ismo.com.br

Notas: 1. Todas as c itações entre as pas (com exceção da que é idenLifi cada co m o nº 2) fora m ex traídas da obra c láss ica de Mons. Francis Trochu , O Cura d 'Ars, São Jocio Batista Ma ria Vianney, Tipografi a do Centro, Porto Alegre, 1939, pp. 25, 28, 110, l 20, 122, 155, 157, 133, 134, 134, 2 17 , 135, 136. 136. 137, 175, 140, 16 1, 163, 162,227, 193 e 199. 2. Pe. AI freei Monnin , Le Curé d 'A rs, Pi erre Téqui , Libraire-Éditeur, Pari s, 1922, t. 1, p. 200.

"O que distinguia o Santo Cura d'Ars? Não tendo ele nenhuma das qualidades naturais para exercer um sacerdócio extraordinário, entretanto foi um sacerdote magnífico, um apó tolo estupendo, um confessor com discernimento raríssimo, um pregador com uma influência profunda sobre as almas, e sobretudo um sacerdote santo. Foi o próprio modelo de sacerdote, título que é a arquitetura de todo o resto. Qual a razão da eficácia do apostolado desse santo? Como disse bem Santa Teresinha do Menino Jesus, 'para o amor, nada é impossível '. Ele amava verdadeiramente a Deus Nosso Senhor e a Nossa Senhora, e por isso obteve os meios para fazer aquilo para o que a Providência Divina o chamava. Por causa disso, foi um pregador extraordinário. Sem subir às altas regiões da teologia, seus sermões cuidavam das noções catequéticas comuns para um sacerdote instruir o povo. Mas aquilo que ensinava, ele pregava com tanta unção, compenetração, fé e amor de Deus, que contagiava. Dom Chautard, em seu livro A Alma de Todo Apostolado, conta este fato característico. Um advogado ímpio esteve na cidadezinha de Ars, e voltou convertido. Alguém então perguntou-lhe: - O que é que o senhor viu em Ars? - Eu vi Deus num homem! Havia a presença de Deus naquele sacerdote, notava-se que Deus estava com ele. Ars tornou-se um centro de peregrinação, para onde iam pessoas da França e da Europa inteira a fim de ouvir esse sacerdote que mal dominava corretamente a teologia, mas que fazia conversões estupendas. O que diria um Santo Cura de Ars sobre as moças indecentemente trajadas e sobre as danças imoralíssimas de nosso tempo? O coração do Santo Curo d'Ars Se de todos os púlpitos da Cristandade se ouvissem coisas na linha dos sermões do Cura d'Ars, a impureza não recuaria enormemente? O que aconteceria com as modas imorais? Se todos os pregadores fossem como o Cura d 'Ars, o mundo estaria diferente! Por que o mundo não é como deveria ser? Antes de tudo, porque os pregadores não pregam o que deveriam pregar. E por que não pregam o que deveriam pregar? Porque não são o que deveri am ser". Trecho de conferênc ia cio Pro f. Plíni o Corrêa de Olive ira sobre o Santo C ura d'Ars, e m 9 de julho de 1968.

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INFORMATIVO RURAL "Nações indígenas", perigo para a soberania nacional A agência noticiosa de extrema esquerda Aditai (1 º/6/09) informa que, "reunidos em La Pagarina Mayor de Lago Mama Quta Titikaka, 6.500 delegados das organizações representativas de povos indígenas originários de 22 países declaram sua decisão de construir Estados plurinacionais, comunitários, com a reconstituição dos territórios e nações originárias". Lutam por "novas constituições", visando a criação de Estados plurinacionais. A Aditai não diz onde se localiza a mencionada La Pagarina Mayor. Sabemos por outras fontes que se trata da região de Puno, no Peru. Mas, ao omitir essa informação, a agência parece querer indicar que a tal Pagarina já é independente e não pertence a nenhuma nação conhecida. Prossegue: " Reconstituir nossos territórios ancestrais; exigir a consulta e o consentimento prévio, em língua própria; exigir a despenalização da folha de coca; organizar um Tribunal de Justiça próprio; exigir status de Lei Nacional à Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas da ONU; construir a Organização de Nações Unidas de Abya Yala e do Mundo" (Declaração de Mama Quta Titikaka, 3 J de maio de 2009). Esta seção tem chamado a atenção dos leitores para o perigo que representa a questão comuno-indigenista. Especialmente a formação, já em andamento, das "nações indígenas". Trata-se na realidade de uma tentativa de retrocesso de toda a sociedade - que ainda conserva importantes restos de civilização cristã para 500 anos atrás, como demonstrou cabalmente o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu renomado livro Tribalismo Indígena, ideal comuna-missionário para o Brasil no século XXI. Catolicismo tem repetido as advertências daquele insigne líder e pensador católico, mostrando como os fatos recentes confirmam sua visão profética.

Lula, um aliado das "nações indígenas" Egon Dionísio Heck, assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), de Mato Grosso do Sul, assina a

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CATOLICISMO

Terceira edição atualizada de A revolução quilombola - ....... lll't'IIII

AREVOLU~ÃO QUJLOMBOLA Guerra racial Confisco agrário e urbano Colelívisma

O Movimento Paz no Campo acaba de lançar a 3ª edição (atualizada) da obra A revolução quilombola - Guerra racial, confisco agrário e urbano - Coletivismo, de Nelson Ramos Barretto (Editora Artpress - São Paulo), atualizada com fatos recentes. Pedidos pelo site da entidade: www .paznocampo.org.br

seguinte matéria, usando a linguagem romântica própria da utopia socialista: "Lula enxuga o suor empoeirado da testa. Sol causticante faz com que o refúgio da aldeia/maloca se transformasse num oásis da caravana da cidadania em Roraima. Década de oitenta. Lula, candidato à presidência da República, vai conhecendo o Brasil profundo e sofrido. O Brasil raiz. Os povos indígenas de Roraima lutam pela terra e dignidade. A terra Yanomami e da Raposa Serra do Sol são os maiores desafios. Lembro quando entreguei pessoalmente, em 2002, como secretário do Cimi, ao então candidato Lula, a proposta da entidade para uma nova política indigenista. Sorriu quando folheou o álbum de fotos em que recuperávamos a memória dos momentos dele com os povos indígenas, desde a década de oitenta. Talvez tenha sentido orgulho daqueles momentos estratégicos e combativos. Na proposta o Cimi colocava como urgentes quatro ações: Realização de uma grande Conferência Nacional dos Povos Indígenas, para definir coletivamente a

política indigenista do governo. Essa assembléia aconteceu somente no último ano do primeiro mandato. A homologação da Raposa Serra do Sol, que só aconteceu no segundo ano do segundo mandato. Logo em seguida foi liminarmente suspensa, e só neste ano o Supremo Tribunal Federal validou a homologação e demarcação em área contínua. A criação do Conselho Nacional de Política Indigenista continua na promessa, para ser criado antes do final do atual mandato. O Estatuto dos Povos Indígenas, que ainda está para ser aprovado". Século 21. Falta menos de um ano e meio para o término do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. [... ] Suas viagens pelo mundo são freqüentes. Porém as aldeias não mais estão em seu roteiro. As dívidas para com os povos indígenas continuam. [.. .] E uma situação em especial soa constrangedora: o grande Povo Guarani. Das reduções à resistência, da infinda paciência à volta à terra, a violência e inúmeras mortes. Será isto razão para dor de consciência? Não dá mais para adiar. Ou resolve de vez a questão das terras Guarani, ou a si-

Nações Indígenas O Instituto Sócio-Ambiental (ISA) é uma das ONGs estrangeiras mais ricas e bem estruturadas, que age no Brasil na área ambiental, mas estende sua atividade também a outras áreas. Elaborou um mapa em que mostra a localização das nações indígenas, em terras contínuas, sobretudo na região amazônica. À luz da declaração de Mama Quta Titikaka , vê-se ali a extensão do projeto anticivilizatório para cuj a realização caminham .

tuação de genocídio estará irremediavelmente inscrita na história do partido e do governo Lula. Depois da solução de Raposa Serra do Sol, agora é a vez do Mato Grosso do Sul e das terras Guarani em especial. O tempo urge. Cada dia que passa diminuem as chances de resolver a questão. E disso parecem estar bem conscientes as altas instâncias do poder, que têm a ordem do presidente de resolver o problema. As presenças de autoridades no Estado e os deslocamentos dos setores do agronegócio e representantes indígenas para Brasília fazem parte dessa decisão. Enquanto no Ministério da Justiça se discutiam as alternativas para os títulos de propriedade incidentes nas terras indígenas, o PT promovia em Campo Grande um debate para definição de suas estratégias e compromissos com os povos indígenas no Estado. Tudo indica que está em curso um efetivo processo de solucionar a questão das terras indígenas em caráter de urgência. Ficou decidida a realização de uma plenária estadual sobre a questão indígena, a publicação de um documento explicitando a posição do partido, além de as-

sumir a agenda colocada para o mandato Lula de criar o Conselho Nacional da Política lndigenista, aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas, demarcar as terras Kaiowá Guarani e organizar setoriais indígenas nos estados que ainda não os têm e em nível nacional. Cimi MS, Campo Grande, 7 de julho de 2009" (excertos da matéria de Egon Dionísio Heck in Aditai Agência Frei Tito Para a América Latina, que segue a linha comuno-progressista da Teologia da Libertação). Tudo parecia calmo e parado na questão indigenista. A revolução comuno-indigenista entretanto não se desarma nem um instante. É necessário estarmos atentos.

Sem-te1Ta invadem de novo fazenda em PE Uma das características dos movimentos de esquerda é a insistência em voltar com as mesmas reivindicações, quando são obrigados a recuar por alguma razão. Enfrentam o Judiciário, a polícia, violam acordos, seja o que for. Vejam a notícia abaixo: "Cerca de cem famílias de integran-

tes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram ontem a fazenda Jabuticaba, em São Joaquim do Monte (PE), pivô de um conflito que resultou na morte de quatro seguranças em fevereiro. Os sem-terra tinham assinado acordo com os proprietários e deixado o local para que fosse medido pelo Incra. O praza final para a medição era 20 de julho" ("Folha de S. Paulo", 11-7-09). Vencer pelo cansaço é uma das táticas desses movimentos ditos sociais, como aconteceu com a Fazenda São Gabriel, no RS, um dos mais emblemáticos casos de invasões. O processo invasor durou anos , sofrendo os proprietários dessa que era uma das mais bem exploradas fazendas sul-riograndenses todo tipo de ações destruidoras dos sem-terra. Não agüentando mai s, os donos da fazenda a venderam para o INCRA.

Fracasso da usina de ecodiesel no Ceará Mai s uma vez o dirigismo estatal fracassou. A usina de biodiesel da Brasil Ecodiesel em Crateús, no sertão cearense, fechou suas portas. Inaugurada em abril de 2007 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde sua inauguração enfrentava problemas em adquirir matéria-prima - a mamona. Pelo programa inicial, deveria a usina incentivar a produção da mamona na região. Recebeu subsídios, mas sequer conseguia pagar o preço mínimo do produto aos pequenos produtores da região. O plantio da mamona não deslanchou ... •

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Vitrines e amor de Deus n

CID

1 . Quadros e objetos de arte são oferecidos ao público

ALENCASTRo

2. Exposição de condecorações

As vitrines podem

3 . Chapelaria 4 .Vitrine de Natal do fomosa cosa Hermes

constituir verdadeiras obras de arte, que nos ajudam a elevar a alma ao desejo das maravilhas celestes, desde que nos previnamos contra as solicitações de mundanismo

5 . Vitrine artística da Caso Guerloin

Da antiga Mesopotâmia aos natais do século XX

O

uem fa la em vitrines, pensa em Paris. Lá estão as vitrines fa mosas das Galeries La.fayette, da Printemps, da Hermes e tantas outras. Altamente evocativas, podem muitas delas ser admi radas no álbum Vitrines de Paris, editado por André Barret, 1 e sobre isso conversarei um pouco com o leitor.

Nem só mundanas, nem só comer ciais Estou longe de dizer que Pari s tem o monopóli o das belas vitrines. E las hoje se encontram um pouco por toda parte, inclusive na São Paulo e m que res ido, com destaque para a rua Oscar Freire e adj acências. Mas ninguém contesta que o foco primeiro, inspirador e mais deslumbrante reside na Cidade Luz. Que há um aspecto mundano em mu itas vi tri nes - ou seja, um convite à in temperança visual, à dissipação de espírito, ao amor das coisas terre nas compreterição das celestes, a tomar as aparências pela reali dade - é fora de dúvida. E contra essa tentação deve mos nos defe nder. Porém, seria superficialidade de espírito reduzir o papel das vi trines a essa atração mundana, que aliás j á fo i maior CATOLICISMO

está nas suas vitrines; em nenhum país elas atraem, seduzem, agradam como aqui; para mim, é a .felicidade"'. E prossegue: "Vitrine é uma palavra banal: aquilo que está por detrás de um vidro. [.. . ] Mas é efeito do talento criador dos homens dar às palavras mais simples sua nobreza e uma dimensão de maravilhamento; [... } elas são obras de imaginação e de sensibilidade, freqüentemente inspiradas por um desejo de rigor, de composição, de harmonia. [.. .] Cada vitrinefixa um modo de ve,; de reunir, e o resultado é uma verdadeira criação, pois o que surge vai além da soma dos obj etos que ela apresenta; é como se fa das regessem esses espaços encantado res".

e m décadas passadas . Hoj e e m di a, a maior tentação está no pólo oposto, e se defi ne por uma tendência ao miserabi lismo em todas as coisas, quer na vida temporal, quer na vida da Igreja. Aí estão para comprová- lo os movi mentos indi genistas, quil ombolistas, ecologistas, ongui stas, progressi stas e tantos outros. També m errari a quem reduzisse as vitrines ao seu as pecto comercial. É óbvio que elas são concebidas para atrair co mpradores para os produtos que os lojistas querem vender. Mas são decoradas mu itas vezes com tanta arte, tanta delicadeza de sentimentos, tanta elevação de espírito, que fec har os olhos para esses as pectos pode ser um sinal de obtusão, acanhamento mental ou moral.

vilhas celestes quanto uma música, uma pintura, um perfume de ro as ou um prato de cerejas com chantilly. O ra, exatamente esse aspecto das vi trines é o menos comentado, embora seja o mais elevado e fale muito à alma brasileira. É sobre ele que desejamos insistir. Ajuda-nos a pô-lo em realce o álbum editado por Barret.

O tal ento cria<lor pode pm<luzir o maravilhame11to Vi stas e nqu anto mani fes tação de bom gosto na ornamentação, elegância, nobreza de alma, convite à sublimidade, elas podem ser tão evocativas das mara-

Barret inicia seu texto narrando o seguinte fa to: "A reflexão de uma amiga brasileira deu-me a idéia de realizar este álbum. Ela me disse: 'o reflexo de Paris

Barret narra q ue des de os te mpos mais antigos, na Mesopotâmia, na China ou no Egito, os artesãos sentiam a necessidade de expor diante de seu ateliê certos objetos, não para vendêIos, mas para que testemunhassem sua ha bilidade. Na Id ade Médi a as tabuletas (enseignes) desempenharam um papel considerável, que continuou no Renasc ime nto e fo i até o sécul o XVIII, quando então começaram a ser expostas as mercadori as atrás de um vidro transparente. Houve um gradual aperfeiçoamento no apresentar os produtos, até que no fi nal do século XIX, com o aparecimento da eletricidade, "as vitrines vão ter seu poder de f àscinação consideravelmente acrescido. [... ] Mas é apenas após a grande guerra (1 914-1918) que as vitrines representarão verdadeiramente seu papel de atrair e seduzú: [... ] As vitrines das casas mais prestigiosas guardarão sua dignidade, seguras do poder de sua elegância. Na arte da apresentação, as vitrines do período 1924- 1930 são sem dúvida as mais originais e as mais brilhantes. [... ] Após sua libertação, entre 1950 e 1960, Paris brilhou através de suas vitrines com o fogo mais vivo; à aproximação do Natal, as grandes lojas se iluminam e oferecem uma quotidiana f eeria ".

O pmgresso social não passa pelo tédio E o álbum termina com um alerta: " Uma certa escola condena aquilo que é maravilhoso e superficial, pretendendo que o tédio significa progresso social. Queira-se ou não, a vitrine deve ser um sorriso; e quando se passeia, cruzar com um sorriso traz f elicidade e alegria". A essas considerações convém acrescentar: quando se procura ver nas vitrines a delicadeza de um artigo exposto, a composição ordenada de um conjunto, a sublimidade de um toque artístico tudo para remeter nosso espírito, ainda que à maneira de simples vi slumbre, às maravilhas "que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Cor 2,9) - pode-se estar faze ndo um ato de elevação da alma a Deus. Tal é a escola de amor de Deus que nos ensin a São Roberto Belarmino, e m seu livro de 1615 : Elevação da mente a Deus pelos degraus das coisas criadas.

De algum mo<lo o lwmem completa a obra da Criação Di z o poeta Da nte Ali ghieri que as obras de arte são netas de Deus, pois que o homem é filho de Deus e as obras de arte são filhas dos homens. Há portanto ne las vestígios do Cri ador, que importa discernir. Assim , a arte das vitrines, interpretada segundo o espírito da Igreja católica, pode nos e levar ao desejo das co isas celestes. A~ conte mplar as vitrines, lembremo-nos do princípi o geral a que se subordina toda produção artística, sinteticame nte exposto por P líni o Corrêa de Oli veira: "A ordem da criação rege também o homem durante sua existência terrena. E é desígn io da Providência que, agindo segundo essa ordem, a humanidade complete de algum modo, com a obra de suas mãos, a excelência da criação" 1 . • E- mail do autor: cidalencastro @ca toli cis1110.co111 .br

Notas: 1. Texte d ' A ndré Ba rret, écliteur, Pa ri s, 198 0; photographi es d'Oli vier Garros et Domi nique Souse; concours de Robert Doisnea u. 2. Catolicismo, nº 9 1 - Julh o/ 1958.

AGOSTO 2009 -


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Os santos extremos e o perfeito equilíbrio

Prata reprovada

■ GREGÓRIO VIVANCO LOPES

companho sempre com particular interesse e devoção a Página Mariana desta revista, fruto da pesquisa acurada de me.u amigo Valdis Grinsteins. Causa-me especial alegria ver como Nossa Senhora tem sido cultuada ao longo dos séculos e por toda a extensão da Terra, com os mais variados títulos e sob as invocações mais inesperadas. Por exemplo: Nossa Senhora de Dong-Lu, Imperatriz da China, ou Nossa Senhora da Defesa (foto), em Sassari (Itália), que de espada na mão defendeu os católicos contra a invasão dos godos pagãos. A multiplicação das invocações é sintoma inequívoco dos incontáveis benefícios e graças que Ela distribui pelo mundo todo, de modo particular aos que a Ela recorrem com confiança. De Maria nunquam satis (De Maria, não há o que baste), disse o grande São Bernardo. E assim o povo fiel vai multiplicando as invocações, para recorrer àquela que é sempre a mesma - a Mãe de Deus. Tais invocações podem ter as mais diferentes origens, como por exemplo uma aparição da Virgem Santíssima (Lourdes, Fátima, La Salette); uma graça marcante recebida por alguém (Madonna dei Miracolo, que converteu o judeu Ratisbonne); a vitória dos católicos contra inimigos que os assediavam (Nossa Senhora dos Guara.rapes, ou de Lepanto). Podem igualmente provir de uma grande carência que a Virgem Santíssima atende, como é o caso de Nossa Senhora da Cabeça, que em 1227, no Monte da Cabeça, na Serra Morena (Andaluzia, Espanha), restituiu ao pobre pastor João Rivas o braço que lhe faltava. Tais "nomes" de Nossa Senhora, se assim os podemos qualificar, tão diferentes pela sua origem, pelos lugares onde nasceram, pelos atributos da Virgem Santíssima que ressaltam, formam entretanto um conjunto de invocações perfeitamente equilibrado, pois nos mostram Nossa Senhora como "clemente, piedosa e doce" (Salve Rainha), e ao mesmo tempo "terrível como um exército em ordem de batalha " (Cântico dos Cânticos, 6,3). Nesse sentido, poder-se-ia chamá-la Nossa Senhora do perfeito equilíbrio . Insisto na palavra "equilíbrio", não obstante seu uso estar muito deturpado em nossos dias . Segundo certa mentalidade corrente, ser equilibrado significaria ser abúlico, não ter opinião definida a respeito de nada, nunca defender o bem contra o mal, nem a verdade contra o erro. Mereceria o epíteto de "equilibrado" apenas quem fosse um perpétuo conciliador ecumênico, desses que qualificam de extremismo toda atitude categórica, e para os quais dedicar-se a uma causa é ser radiCATOLICISMO

"F átima é um marco novo na pró-

cal, afirmar uma verdade é ser intolerante. Em outros termos, só os relativistas e os songamongas seriam equilibrados. Na realidade, a pessoa verdadeiramente equilibrada é aquela capaz de identificar-se com toda forma de bem, de modo a comprazer-se com a mimosa flor do campo e admirar o rugido avassalador do leão; acariciar uma criancinha recém-batizada e lutar como um cruzado no campo de batalha contra os inimigos da civilização cristã; perdoar de todo o coração as ofensas recebidas e dizer com o Santo Rei Davi : "Pois não hei de odiar, Senhor, aos que vos odeiam ? Aos que se levantam contra vós, não hei de abominá-los? Eu os odeio com ódio p erfeito" (SI 138, 21-22). E tudo isso sem perder a paz interior e o domínio dos próprios sentimentos. Portanto, ir aos extremos não é um mal, desde que sejam extremos do bem, isto é, estejam de acordo com os Mandamentos da Lei de Deus. As si m, para no ssa época de relativismos, ao indicar para Nossa Senhora o título de "perfeito equilíbrio ", talvez conviesse acrescentar: "e dos santos extremos". Sim, "Nossa Senhora do perfeito equilíbrio e dos santos extremos" seria uma invocação bem adequada. • B- mail do autor: ~rc1:orio@catoljcjsmo.co111.br

pria ,Histó~ia da Igreja. 1:'átima e, queiram-no ou nao, a verdadeira aurora dos tempos novos cujos albores não despertaram nos campos de batalha, nem nas laudas de papel de tantos escritores, mas no momento em que Nossa Senhora baixou à Terra e comunicou aos três pastorinhos as lições severas sobre o crepúsculo de nossos dias e as palavras esperançosas sobre os dias de bonança que a misericórdia divina prepara para a humanidade quando finalmente se arrepender" (Piinio Corrêa de Oliveira, "Legionário", 8-4-1945). É esse "crepúsculo de nossos dias" que faz Nossa Senhora chorar! Entre os muitos textos da Sagrada Escritura que podem ajudar-nos a ter esse arrependimento autêntico, que console Nossa Senhora e apresse "os dias de bonança", escolhemos um do profeta Jeremias. Transcrevendo-o abaixo, não visamos fazer uma aplicação exegética ao mundo contemporâneo, o que fica reservado aos doutores no assunto, mas o oferecemos apenas como matéria para meditação.

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"A quem falarei? A quem tomarei por testemunha para que me escutem? Estão-lhes os ouvidos fechados, e são incapazes de ouvir. Desprezam a palavra do Senhor e não a recebem. Estou, porém, possuído do furor do Senhor, cansado de contê-lo. Lança o furor sobre a criança que vagueia pelas ruas e sobre a assembléia dos jovens, porque todos serão atingidos, o marido e a mulher, o ancião e aquela que é cumulada de dias. Suas moradas passarão para outros, assim como seus campos e suas mulheres; pois vou estender a minha mão sobre os habitantes da Terra, diz o Senhor. Na verdade, do menor até o maior, todos se entregam à

cobiça; desde o profeta ao sacerdote, todos são enganadores. Tratam com desonra as chagas dos filhos do meu povo, dizendo Paz! Paz!, e não havia paz. Assim serão confundidos pelas abominações que fizeram, mas a vergonha lhes é desconhecida, e já não sabem o que seja enrubescer; cairão, portanto, com os que tombarem, e perecerão no dia em que os castigar, diz o Senhor. Isto disse o Senhor: Parai no caminho e vede e informai-vos sobre as vias de outrora, qual seja o bom caminho; e caminhai por ele e encontrareis refrigério para vossas almas. Responderam, porém: Não caminharemos! Coloquei sentinelas junto de vós, ficai atentos ao som das trombetas. E eles responderam: Não lhes daremos ouvidos! Portanto escutai, ó nações, saiba a assembléia o que eu lhes farei. Terra, escuta: Vou mandar sobre este povo desgraças, fruto de suas cogitações, já que não ouviram as minhas palavras e desprezaram as minhas leis. [... ] Não aceito vossos holocaustos, nem me agradam os vossos sacrifícios. E por isso diz o Senhor: Farei com que o povo caia em ruínas, e ruirão com ele os pais e os filhos, assim como os vizinhos e amigos, e perecerão. [... ] Ó filha de meu povo, cinge-te com o cilício, cobre-te de cinzas. Veste-te de luto como se fora por um filho único, e ecoem teus amargos gemidos, porquanto virá de repente sobre vós o devastador. Coloquei-te como um vigia sagaz entre meu povo, para que o conheças e examines sua conduta. Todos estes príncipes são rebeldes, caminham na fraude. Duros como o bronze e o ferro, todos são corruptos. Soprou-se o fole e surgiu o fogo, consumiu-se o chumbo, fundiram em vão o metal e o refundiram; as escórias, porém, não se desprenderam. Chamai esse povo de prata reprovada, pois o Senhor o rejeitou" (Jer. 6, 10-30). • AGOSTO 2009 -


7 São Sisto li , Papa, e Compan heiros, MárLires + Roma, 258. O perverso imperador romano pagão Va leriano estabelecera a pena de morte no Império R o mano "sem

julgamento, só com verificação da identidade", contra bispos,

t Sanlo Al'onso Ma ria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja

padres e diáconos cristãos. Sisto II foi executado na Via Ápia, no mesmo lugar em que celebrava clandestinamente os santos Mi sté rios. Com o Pontífice, fora m martirizados seis diáconos que o assistiam.

à fé e m s ua própria casa, tra nsformada depois, no século VI, em igreja dedicada ao seu culto.

12 Sa nto Euplúsio, Má rtir + Catânia, séc. IV. Esse intrépido cristão, movido pela graça, apresentou-se à entrada do tribunal da cidade e gritou:

" Desej o morrer, porque sou cristão ". De pois de diversas torturas, foi decapitado.

+ Pagani, 1787. Grande doutor da de voção a Nossa Senhora, fundou a Congregação do Santíss imo Redentor, dedicada à pregação de missões popul ares.

Primeira Sexta-feira do mês.

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Sa nw Racteguncla Rainha, Viúva

Primeiro Sábado do mês.

+ Bolonha, 1221. Cônego de Osma, na Espanha, oriundo de nobre família. Ao se diri g ir em pe re grin ação a Rom a, viu o dano que a heresia albi ge nse fazia no sul da França. Ali ficou para pregar e defende r a verdade, fundando a Orde m dos Pregadores. Recebeu de Nossa Senhora ordem de prega r o Rosário.

2 São Pedro Julião Eymard, Confessor + França, 1868. Fundador do Instituto do Santíssimo Sacramento para a adoração perpétu a, seus últimos anos foram che ios de sofri mentos . Dizia a Nosso Senhor: "Eis-me aqui,

Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça "

3 São Pedro de Anagni , Bispo e Conl'essor + Anagni, L105 . D e família nobre, tendo entrado ainda jovem num mosteiro de Anagni , foi nomeado bispo da c idade pelo Papa lá ex ilado, e por e le envi ado a Constantinopla como embaixador junto ao imperador bi za ntino.

4 São João Maria Vianney, o SanLo Cura d'/\rs (Vide p. 26)

5 Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior

São Domingos de Gusmão, Conl'essor

9 Santos ,Juliano, Mariano e Companheiros, MárLires + Constantinopla, séc. VIII . Esses l O eclesiásticos, por terem defendido o culto das imagens, sofreram "inúmeros tor-

+ Poitiers, 587. Esposa de Clotário I, rei dos francos, por sua virtude exerceu grande influênc ia na corte. Retirou-se depois para um mosteiro que fundou em Poitiers.

14 Sa nw Anastácia, Abadessa + Egina (Grécia), séc. IX. Por duas vezes teve que se casar contra sua vontade. Mas o seg undo marido, com o qual se dedicava às boas obras, resolveu fazer-se monge, e ela fundo u no deserto de Tímia um mosteiro, que governou até sua morte.

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mentos e foram mortos pela espada" (do Martirológio) .

/\SSUNCÃO DE NOSSA Sl~Nl !ÓRJ\ /\OS c~:us

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São Lourenço, MárLit' + Ro ma, séc. III. Espanhol de origem, fo i o primeiro dos sete Diáconos de Roma. O Papa São Sixto II confiou-lhe a admini stração dos bens da Igreja. Negando-se a e ntregar ao prefeito da c idade esses bens, depoi s do martírio daque le Papa, foi crue lme nte assado a fogo le nto numa grelha. É um dos mais fa mo sos mártires da Cidade Eterna, que lhe dedicou várias igrejas.

11

São Roque, Confessor + Montpellier, séc. XIV. Perde ndo os pais aos 20 anos, partiu para Roma em peregrinação, passando pe los lugares e mpestados para tratar dos enfermos. Voltando à sua cidade natal, foi tomado como revoltoso e levado à prisão, onde morreu de mjséria ao cabo de c inco anos.

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Santa Susana, Má rt ir

São Jacinto, Confessor

Transfiguração de Nosso Sen hor Jesus Cristo

+ R o ma, séc . III. Matro na roma na, foi decapitada por ódio

+Polônia, 1257. "Depoisde ter estudado em Cracóvia, tomou

o hábito dos.fi"ades pregadores em. Roma, das mãos do próprio São Donúngos. Fundou a província dominicana da Polônia e estendeu seu apostolado para a Rússia e a Prússia" (do Martirológio).

18 Santo J\gapito, MárLir + Palestina, séc . lll. Com apenas 15 anos, mas j á inflamado pelo amo r de Deu , fo i duramente flagelado com nervos de boi , depois e ntregue aos leões, que não o tocaram, e finalmente foi decapitado.

19 São João l•:udes, Conr 'ssor· + França, 1680. Dele cli s e São Pio X: "Ardendo com amo r

extraordinário aos Sagrados Corações de Jesus e Maria , foi o primeiro a pensar, e nc7o sem inspiração divina, em. tributarlhes um culto litúrgico". Fun-

22 NOSSJ\ SENI IORA RAINI lA (Antigamente esta festa comemorava-se a 3 1 ele ma io, e no dia 22 ele agosto ce lebrava-se a festa do Im ac ulado Coração ele Mari a).

23 Sa nLa Rosa de Lima, Virgem, Padroeira Principa l da América La tina + Lima (Pe ru ), 16 17. Aos cinco anos fez voto de virgindade, vivencio e ntre ex traordinári as pe nitê nc ias e mo rtifi cações, perseguições diabó li cas e co muni cações divinas. Tinha freqüentes colóquio s co m a Mãe ele De us e com seu anjo ela guard a, e fo i a primeira a ser elevada à honra cios altares no Novo Continente.

24 São Bartolomeu, Apósto lo

dou o Insti tuto ele Jes us e M ari a (Eudi stas) e as Filhas ele Nossa Senhora ela Caridade.

+ Armênia, séc. I. Segundo autores anti gos, seu ve rd ade iro nome seria Natanael, de quem Jesus disse: "Eis um verdadei-

20

ro israelil a no qual não há dolo ". Levo u o Eva ngelho a

São B 'r'nar·clo, Abade + França, 1153. Fo i o monge mai s ilu stre de seu século. Fundou a Orde m istcrciense, tendo s ido conselheiro ele Papas e príncipes. Pregou a Segu nda Cruzada e combateu vigo rosamente os hereges. Dcvotíssi mo de Nossa Senhora, recebeu o título de Doutor Melíjlu o. É considerado o último dos Doutores da fgreja latina.

21 São Pio X, Papa e Confessor + Rom a, 19 14. O lem a do seu pontificado fo i Restaurar tudo em Cristo . Por sua admirável atuação, é cons iderado o gra nde Papa da Eucaristia, cio Catecismo, cio Direito Canônico, do Canto Grego riano, e sobretudo o ingente batalhado r contra os erros da heresia modernista, que hoje renasceu com a denominação de progress ismo.

tituto logo se es praiou por toda a Es pan ha e também para o exterior.

27 Solenidade de Nossa Senhora dos Praz;eres Um ele seus santuários mais famosos no Brasil é o dos M ontes Guararapes, o nde se travou a bata lha mirac ul osa e decisiva dos brasile iros contra os hereges ca lvini stas holandeses, na qual estes foram definitivamente derrotados.

28 Sa nLo J\goslinho, Bispo, Conl'essor e Doutor da Igreja + Hipona, 430. Dele di sse Leão xm : "É um gênio vigo roso que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os erros de seu tempo". Morreu quando os vândalos punham cerco à sua sede e pi scopal, a c idade ele Hipona, no norte ela África.

29 Mar'LÍl'iO de São ,l oão Ba lista

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vários países, como Pérsia, Índia , Arábia e A rmê ni a; neste último te ria sido esfo lado vivo.

25 São l ,uís IX, Rei de F'rança e Cruzado, Confessor + África , 1270. Árbitro entre reis ela Europa, e mes mo entre infié is, quando empreendeu a Vl C ru zada. Foi pai ele se u povo, jui z para os ímpios e defenso r da fé contra os muçulmanos. Morreu vitimado pela peste nas costas da África, durante a VJI C ru zada.

26 Santa Teresa de ,Jesus ,lol'lleL-c-lba rs, Virgem + Líri a ( spanha), 1897. "Nascida na ata/unha, de umafamília de agricultores, consagrou-se i11icia/111e11te ao ensino, e depois fundou o Instituto das Irmãzinhas dos Idosos Abandonados " (cio Ma rtirol óg io Rom ano - Mo nástico). O lns-

Intenções para a Santa Missa em agosto Se rá ce le brada pe lo Revmo. Padre Da vi d Fran cisqu ini, nas seg ui ntes intenções: • Pe los mé ritos e gra ça s pró prios à Assun ção da Mã e d e Deus aos Céus - princ ipal ce lebração mariana neste mês - , reza ndo pe la fid e lidade do clero brasil e iro à autê nti ca doutrina católi ca, para li vra r o Bras il e nossas famílias das heresias e do ateís mo . • Na mi ssa haverá uma me nção es pecia l pelos a lmas dos passageiros vitimados na tra gédia a é rea do vôo da A ir France e pe las famílias en lutados pela perda de seus entes que ri dos.

São Vi acre, Confessor + Fra nça, 670. Filho cio rei ela Escócia, instalou-se na França, onde co nstruiu um moste iro. Monge desbravador, foi muito venerado pe los j ardine iros e horticultores, tornando-se muito popular na França.

31 São Pa ulino de Tréveris, Bispo e Confessor + Tréveri s, 358. Defensor ela fé no Conc ílio ele Nicéia e grande partidário ele Santo Atanásio, foi por isso ex ilado pelo imperador Constânc io, que e ra ari ano, para a Ásia Menor, o nde morreu entre não cató li cos, vítima de sofrimentos e fad igas.

Nota: O s Sant os aos quai s já fi zemos referência cm Ca lendári os anteriores têm aq ui apenas seus nomes enun ciados, sem nota biográfi ca.

Intenções para a Santa Missa em setembro • Em ho nra da Exalta ção da Santa C ruz de Nosso Se nh o r J es us C ri sto - festa que se co me mo ra e m sete mbro - , ped indo para todos os cola bo rad o res, assinantes e le itores de Ca tolicismo o amo r à Santa Cruz e as forças necessá ri as para su porta rem cora josamente as cruzes que se apresento rem ao lo ngo de suos vidas.

AG


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lndigenistas organizaram bloqueios na principal rodovia amazônica do Peru

■ A LEJAN DRO EzcuRRA N AóN Correspondente - Peru

Lima - Está cada vez mais claro que a agitação indigenista é atualmente uma das principais ferramentas de demolição revolucionária na América Lati na. Também o Peru - que, além de sua extraordinária riqueza cultu ral, é uma das economi as mais pujantes do conti ne nte - sofre atualmente a a meaça indi genista. De 27 a 31 de maio úl timo, realizou-se na cidade de Puno, perto da Bolívia, a IV Cúpula Continental de Povos lnd(genas. O presidente boli viano, o marxista- le ninista Ev o Mora les, e nviou mensagem ao evento, na qual declara: "Este é o momento para que todos saibam que a nossa luta não termina, que da resistência passamos à rebelião e da rebelião à revolução". Mais claro, im possível. .. Há dois anos o Peru ass inou um Tratado de Livre Comércio com os EUA Nas fotos à direita e na próxima página, cenas relacionadas com as violentas agitoçôes no cidad e de Bóguo .

Peru:

alerta contra a neo-revolução indigenista E nérgico e oportuno manifesto da entidade peruana Tradición y Acción esclarece a opinião pública e denuncia plano esquerdista de uma revoluçã o indigenista na América Latina

CATOLI C ISM O

AGOSTO 2009 -


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Tradición y Acción alerta a opinião pública

O Peru na mira da neo-revolução pseudo-indígena

(TLC), que previa a abertura da despovoada Amazônia (o nde vive m pou co mai s de 300 mil indígenas) à iniciativa privada, para o desenvolvimento de seus ime nsos recursos. Mas um setor do clero influe nc iado pe la Teologia da Libertação e ONGs eco-ambie ntali stas espalhara m entre os índios a informação completamente fa lsa - de que os decretos regul a me ntando o TLC afe tari a m negativa e irreversive lme nte suas comunidades. Devido a isso, promoveram um muito bem o rganizado protesto indígena, que mi steriosamente conseguiu re unir me mbros de tribos muito di spersas pela imensa selva peruana. Organizaram bloqueios na principal rodovia a mazô ni ca, ocupara m estações de petróleo, etc ., e nquanto o principal líde r ind ígena convocava à " insurgênc ia". Tal mobili zação c ustou uma fo rtun a. De o nde veio o dinhe iro? Certamente dos mai s de 4 milhões de dó lares des pejados por ONG s no a no passado, nas o rgani zações indi geni stas cio Peru. Após duas semanas desses bloqueios, as cidades da Amazônia peruana começaram a ficar desabastecidas. Assim, a polícia decidiu intervir e liberar a rodov ia. Porém, na operação realizada no dia 5 de junho na periferia da cidade de Bágua, ao n0tte do país, elementos armados emboscaram a polícia e mataram nove agentes policiais. De imediato, algumas rádios de Bágua, contrn ladas pela esquerda católica, começaram a

CATOLICISMO

espalhar a notíci a de um " massacre" de "cente nas de indígenas indefesos" pelos policiais. Tal boato, repetido pelas agências notic iosas internacionais, e m questão de minutos deu a volta ao mundo ... Aquecidos os ânimos, outros policiais que guarneciam uma estação de petróleo a dezenas de quilômetros de Bágua foram brutalmente chacinados por indígenas, que ouviram as versões incendiárias dos rádios e havi am invadido o local. No total, morreram 24 polici ais e nove índios. O Peru inteiro ficou estarrecido com a selvagem violência do episódio. Mas a mídia proc urou, como é habitual , esconder o verdadeiro alcance revolucionário do caso. Por essa razão, Tradición y Acción por un Perú Mayor - valorosa organização dos discípulos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - , que no Peru batalha e m prol dos ideais da Tradição, Família e Propriedade, decidiu publicar uma declaração esclarecendo a opinião pública sobre o verdadeiro sig nificado desse episódio, na estratégia revolucionária. Sob o título Tradición y Acción aler-

ta a opinião pública - O Peru na mira da neo-revolução pseudo-indígena, o manifesto (v ide pp. 47 e 48) expõe que a estratégia comunista de destruir os estados nac ion a is pa ra es ta be lecer repu blique tas indígenas na Amé rica Latina data de mais de 80 anos, te ndo sido e laborada po r um congresso da Internacional Comunista e m 1928 . E ac rescenta que a idé ia de exp lorar os índios como

massa ele manobra, formulada por Fidel Castro em 1962, foi tran sform ada em diretri z política pelo Partido Sociali sta da Espanha, em 1981 , e é agora le vada à prática pela Teo log ia da Libertação, "irmã gêmea" do comunismo. A a rgumentação de Tradición y Acción baseiase no best-seller Tribalismo indígena,

ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, no qual , há mais de 30 anos, Plínio Corrêa de Oliveira demmcia va os rumos da revolução comuni sta na Amé rica Latina. O manifesto foi publicado em jornais de Lima e mais quatro capitais do interior: Arequipa, Trujillo, Cuzco e Caja marca. Curiosamente, enquanto as repercussões favoráveis ao documento foram numerosas e entusiásticas, os habituais xingatórios da esque rda quando é denunciada brilharam pela sua ausência. Parece ter-se ela sentido envergonhada de se ver desmascarada, e certamente temerosa de que a denúnci a de Tradición y Acción pudesse gerar uma pol ê mica, a qual seri a ai nda mais nociva para as hostes revolucionárias do que o próprio manifesto. O fato é que, após a publicação, toda essa agitação indigenista acabou se desfazendo. Com ta l mani festo , Tradición y Acción consolida-se no Peru como um pólo do pensame nto católico, orientador da opinião pública face ao caos revolucionário, e cada vez mai s influe nte na profundidade da vida do país. • E- mail do autor: ezc urra@catolicismo.co m.br

s lame ntáveis acontecimentos da Amazônia comove[. .. ] homossexuais, associações culturais, minorias étnicas" ram pr fu nda mente a Nação, ainda horrorizada ante (as quais compreendem os indígenas) etc. 2 Tais g rupos serão uma explosão de violênc ia sem precedentes no passautilizados como aríetes para de mo lir a c ivili zação atual e imdo recente do país. plantar a anarquia sonhad a por M arx e seus sucessores. Para se compreender devidame nte essa tragédia, é neces3. Para alcançar esse desígnio, o comuni smo e ncontro u na sário situá- la nu m panorama de conjunto, relacionado com o América Latina um precioso a li ado: a Teologia da Libertaatual context revolucionário mundia l. ção, cujos porta-vozes ma is notórios pregam que, quanto mais 1. Qua nd fi cou e vidente o insanável fracasso da propauma comunidade aboríg ine for marcada pelo primitivismo e ganda comuni sta - jamais um partido com essa bandeira venpela estagnação, tanto mai s e la é uma obra-prima de sabedoceu uma e leição livre e m qualquer país ria a ntropológica; e por isso não deve cido mundo - , a forças que impulsionam vilizar-se, ne m progredir, nem praticar as a Revolução a nticristã se viram obriga~f~_)i\: Tradición y Acclón alerto n lo opinión pública virtudes c ri stãs, mas manter-se vegetandas a alterar sua estratégia. Perdida a iluKJ~Ji EL PERÚ EN LA MIRA DE do indefinida me nte na sua secular inér-~ '/ LA NEO-REVOLUCIÓN são do apoio das classes trabalhadoras e ,, ~ SEUDO-INDiGENA cia. M ais ainda, afirma m que a ausência estudantis, cada vez mais refratária à nessas tribos de propriedade, de lucro e pregação marxi ta, ditas forças deliberade instituições aproxima-as da sonh ada ram criar um "novo proletariado", dessociedade com uni ta anárq uica; e, sed uta vez compo to ele minorias marginais: zidos por esta visão idíli ca e irreal da vida simples carentes, femi nistas radicai s, se lvage m, tornam -se ao mes mo tempo pervertidos sexuai s, drogados, elementos tribalistas e pró-comuni stas. 3 da contracu ltura e o ut ros, além d e 4. Mas a pretensa afinid ade tribal -codesajustados de vário tipos. Apresentam muni sta é só apare nte : como bem obseresse conglomerado heterogê neo como os va o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira num oprimidos de hoje , rotulando-os de mobest-seller de cande nte atualidade no Bravimentos soctcus, os lançam contra a sil,4 uma comunidade ind ígena primitiva sociedade "opressora" com o apoio de pode ser comparada a uma planta que não milionári as ONG . a Revolução Culcresceu, mas q ue ainda poderá crescer e tural, nome de sa nova estratégia revodar excelentes fr utos, enqua nto o " neolucion ária. comunista" tribali sta é exc lu siva me nte 2. Na Améri ca Latina, tal estratégia um demolid o r da soc iedade atual. inclui o aproveitamento de comu nidades 5. A cri se da civ ili zação moderna autóctones como massa de manobra para g lobalizada, super-orga ni zada e hi pertroo velho plano anárquico de des mantelar fiada - é antes de tudo uma crise moos E stados nacionai . Já em 1928, o VI ral , res ultante d o aba nd o no d os Congresso da Internacio nal Com uni sta instruía seus partidos ensinamentos da Igreja, com a co nseqüente pe rda da sabedofili ados na A mérica Latina a elaborar "medidas especiais reri a e das virtudes cardeais - como a tempera nça - , acarrelati vas à autodeterminação dos índios", das quais resultaram tando desequilíbri os de todo tipo, especialme nte no tórios nas propostas para a criação das "repú blicas de Quechuan e atuais megaló poles massificadas. Os "neocomuni stas" se serAymaran " no Peru, da "república de Arauco" no Chile, e de vem desse desequilíbrio como pre texto para propor um sa lto outras s im ilares. 1 e m direção ao deseq uilíbri o oposto - o triba li s mo co letivi sta, M a i. tarde, e m 1981 , o 29º Congresso do Partido Soci alisine rte e improduti vo. Isso exp li ca seus ataques ao cap itali sta Ope rá ri o Espanho l a presentou um detalhado elenco dos mo, ao " neo libe rali smo", à ag roi ndústria e a todas as ativida"movimentos sociais" a se re m utili zados para essa Revolução des produtivas e m grande escala, própria da civ ili zação atuCultural. O mesmo inclui grupos "de ecologia, f eministas, al, tais como a exploração mineira e petro lífera.

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6. Ora, o contrário de um desequilíbrio não é o desequilíbrio oposto, mas o equilíbrio. E o equilíbrio, neste caso, só pode surgir do respeito às instituições que fundamentam a ordem social verdadeira: a família indissolúvel, a propriedade privada e a livre iniciativa. 7. O bom senso impõe que, na difícil conjuntura que atravessa o país, esse equilíbrio seja buscado séria e empenhadamente. Para ele deve orientar-se o atual debate entre os que desejam explorar as riquezas da Amazônia para benefício de todo o país e uma parte dos habitantes da selva, que temem em certos casos, com fundamento - que a exploração indiscriminada de ditos recursos afete negativamente suas vidas e suas comunidades. Não obstante, é óbvio que nesse conflito de interesses interferiu um fator de desequilíbrio, conduzindo aos trágicos fatos que enlutam a Nação. 8. Qual é esse fator? Não é difícil ver que, por detrás do protesto indígena, atua uma força ideológica extra-indígena. Essa força é a que põe, na boca dos nativos, palavras como "insurgência"; a que os incita a propor exigências políticas descabeladas, alheias por completo às suas reais aspirações e necessidades, como a "vacância presidencial", a "renúncia de todo o gabinete" ou a "reforma da Constituição"; a que empurra alguns de seus líderes a violar flagrantemente a lei, bloqueando estradas, apoderando-se de estações de bombeamento, fazendo reféns, chantageando autoridades, instigando à violência. Em suma, uma força que utiliza os nativos ao mesmo tempo como massa de manobra e bucha de canhão. 9. De que força se trata? Só pode ser a mesma força revolucionária que hoje convulsiona internamente as outras nações sul -americanas: o comunismo anárquico. Ele procura desorganizar e precipitar essas nações no caos. Em algumas delas, como no vizinho Brasil, a demolição tribalista bafejada pela Teologia da Libertação já está em pleno curso, e vem produzindo resultados desastrosos para sua unidade e organização nacional. 10. Esta visão geral , embora necessariamente resumida, proporciona a chave de interpretação para um conjunto de fatos ocorridos no país. Estamos - não tenhamos dúvida ante uma agressão revolucionária com ramificações internacionais, que poderá pôr em xeque todo o progresso alcançado pelo Peru nos últimos anos.

* * * Nestas circunstâncias, e para além do indispensável deslindamento de responsabilidades por essa assombrosa explosão de violência, esperamos que as autoridades nacionais, conscientes da real dimensão do problema, prosseguirão seus esforços tendentes a um apaziguamento dos espíritos, para que a discussão do tema amazônico se dê numa atmosfera de concórdia, onde todas as partes envolvidas possam expor livre e serenamente suas opiniões. Naturalmente isso demandará tempo, estudo, reflexão, tato . Qualquer decisão adotada com precipitação e imediatismo será superficial , falseada, só conduzindo a novas frustrações. Esse debate deve dar-se exclusivamente entre peruanos

..m

CATOLICISMO

- portanto, excluindo ingerênci as de pessoas e entidades estrangeiras ou a serviço destas - , circunscrever-se aos temas que são motivo de preocupação dos povos amazônicos, e não ser ideologizado. Dele devem participar, do lado indígena, os verdadeiros representantes das comunidades, devidamente advertidos para não se deixarem manipular por pseudo-líderes que procuram instrumentalizá-los a favor do caos. Neste sentido, cabe às autoridades nacionais identificar e denunciar ante a opinião pública nacional e internacional os que insuflaram a violência nos cruentos episódios de Bágua; os vínculos desses elementos com a Revolução Cultural neocomunista e sua irmã gêmea, a Teologia da libertação; as estratégias revolucionárias que aplicaram, e com que apoios fi nanceiros contaram; que papel tiveram nesses fatos, pessoas, organismos e governos estrangeiros, etc . Isto deve ficar meridianamente claro, a fim de prevenir qualquer nova manipulação de nativos a favor do caos revolucionário. Os peruanos somos um povo pacífico, profundamente amante da concórdia. A imensa maioria dos nossos compatriotas, incluídos nossos irmãos indígenas da selva, só aspira a viver e trabalhar em paz e com ordem. Terra de santos e de heróis, nossa maneira de ser, nossa história e nossos recursos nos indicam que somos chamados a ser uma grande nação católica. E por certo o seremos se, para além das crises que hoje nos afligem, soubermos olhar o futuro com os olhos postos na Santíssima Virgem do Rosário, Rainha e Padroeira do Peru . Lima, 19 de junho de 2009

Tradición y Acción por un Perú Mayor Telefones: 462-03 L4 / 99 I -075-689 tfplima @gmail.com www.tradiciony acc ion.org .pe

Camping e estudos católicos 11 Luís FELI PE EscocARD

ealizou-sc nos dias 11 a 14 de junho mais um acampamento ela Frente Estudantil lepanto nos arredores de Brasília. Após a Santa Missa de Corpus Christi, 27 jovens partiram, aproveitando o feriado. Na primeira noite, um "cavaleiro medieval" entregou os escapulários h ráldicos, conclamando os jovens para uma verdadeira cruzada cm prol de belos e elevados ideais, em um mundo onde r inam a impiedade e o desrespeito aos princípios católicos. Nos dias qu se seguiram, diversas palestras versaram sobre temas religios s históricos. Ao final de cada exposição, seguiase um debate, valendo pontos para a equipe vencedora. Numa repr scntação teatral denominada O Celeste Pintor, inspirada numa onferência do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, encenava-se a ordem católica medieval sendo destruída pelo multissecular processo revolucionário, que vem atacando os valores da civili zação cristã. As horas livr s eram preenchidas por jogos diversos, sempre muito animados, destacando-se a caça ao tesouro, cujo enredo levou as equipes a mergulharem nos mi stérios do Egito antigo. Os famosos jogos medievais e outras competições eram efetuados após o entardecer, sob a luz de tochas. Todas as n it s, um ato próprio de um acampamento católico: o terço r zado cm conjunto. No último dia, foi recitado de forma solen , '111 cortejo, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima ilumin ada por tochas. Para concluir, um jantar especial, também à lu z de tochas, seguido da enLrc 'ª das lembranças. • ·

Notas: 1. Cfr. Walter Kolarz, Comunismo e colonialismo, Ed. Dominus, São Paulo, 1965, p. 99. O autor, espec ialista da BBC em assuntos de com uni smo, lembra que uma proposta aná loga sobre os indígenas foi formul ada e m 1962 por Fidel Castro e incluída na " Declaración de La Habana". Nessa época, o objetivo era utili zar os nativos "como matéria-prima sociológica e política para promover a ascensão dos partidos comunistas /ati11 0america11os ao poder" (idem); hoje, contudo, são igualme nte usados, mas co m um fim ainda mais radical: precipitar as nações americanas na anarquia. 2. Partido Socialista Operário Espa nhol , 29º Congresso do PSOE, Reso luções - 1981 , p. 201. 3. Para se medir bem o radicalismo anárquico desses pseudo-teólogos, o Conselho lndigenista Mi ssionário (CIMI), órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, publicou um livro sobre os 500 anos do descobrimento daquele país, no qual sustenta que, aglutinando-se numa frente única "os povos indígenas" e "toda a população marginalizada [ou seja, o novo proletariado ao qual nos referimos], quando estivermos todos unidos em torno desta causa, os governantes não serão mais ninguém, apenas uma névoa que um dia manchou a História desta terra e os horizontes desta geme" (Cfr. CIMI, Outros SOO - Construindo uma nova história, Ed. Salesiana, São Paulo, 200 1). 4. Cfr. Plínio Corrêa de Oliveira, Tribalismo indlgena, ideal comu11 0-111issionário para o Brasil do século XXI, 8" ed ição, Artpress, São Paulo, 2008, pp. 35-36. Desta obra foram divulgados mai s de 80 mil exemplares .

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Academia São Luís de Montfort encerra mais um ano letivo l'J FRAN CISCO JOSÉ SAIDL

j

St. Louis de Montfo rt Academy é

uma escola independente para j ovens e ntre a 7ª e l 2ª séries. F undada em 1995 e localizada na cidade de Herndon, Pensil vânia (EUA), é dirig ida por membros da Sociedade Americana

de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). No último sábado do mês de maio, nas insta lações da academi a, come moro u-se o encerramento do ano letivo com almoço servido aos fa mili ares dos alu nos e ami gos, du rante o qu al a fa nfarra da academi a executo u vários números. Prê mios fora m distribuídos na ocas ião pela assidui dade, res peito aos professores, aplicação e bom comporta mento. No domingo, após a mi ssa celebrada na igrej a da Transfi guração na c idade de Shamokin, o Sr. John R itc hie, coordenado r da Ação Estudantil Universitária, d iri g iu pa lav ras de encorajame nto aos alunos, ace ntuando o fato de que muitas vezes a ação de um a só pessoa pode ter

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CATO LI C ISMO

uma importância relevante. Destacamos os seguintes trechos de seu di scurso: "Eu me le mbre i de um homem que praticou grande fe ito soz inho, comprovando que o curso da Hi stóri a pode ser mudado por apenas um ho me m. N o do mingo de Páscoa de 1972 , o exérc ito co muni sta do Vietnã do Norte planejou uma in vasão maciça do Vietnã do Sul. Duas di visões de infa ntari a, num tota l de 30 mil soldados, de veri am atacar com artilhari a pesada. O o bjetivo era captu rar uma ponte estratégica sobre o Rio C ua, junto à c idade de Dong Ha. Defendendo Dong Ha, hav ia apenas um batalhão de mariners composto de 700 homens. Sobre eles recaía o grave dever de barrar os 30 mil soldados comunistas. No comando estava o então capitão John W. Ri pley. Eram 42 contra 1, uma luta completamente desproporcionada. 'Defender a ponte ', fo i a ordem do comanda nte. Enquanto a artilha.ria começava a atacar, matando inocentes vítimas civis, os tanques aprox imam-se da ponte prestes a cruzá-la. Desdenhando sua segurança pes-

soai, Ripley des locou-se em d ireção ao local estratégico. Por longas horas, debaixo de intenso tiroteio, trabalhou para instalar explos ivos sob a maciça estrutu ra de aço e cimento. A ponte era protegida por afi ados ro los de ara me farpado do tipo na.valha. Caminhando com cerca de 100 quilos de explosivos, Ripley teve que rastejar até cada pila tra da ponte, tentando desv iar-se do arame farpado, para instalar em cada uma a carga de explosivo necessári a. Estava só. Exausto , sangrando, as fo rças pareciam faltar-lhe. Nesse momento, q uando tudo parec ia perdido, e le compôs e rezo u uma simples oração deba ixo daque la ponte . A cada braçada, ele exc lamava em alta voz:

'Jesus, Maria, fa zei-me chegar até lá! ". Sua súpli ca fo i ouvida, a ponte ex plod iu , e a ofensiva ini miga fo i barrada. Um único mariner e uma oração impedi ra m a invasão. O q ue es te ato heró ico te m a ver conosco? Não vivemos em tempo de paz, mas em tempo de caos. A soc iedade está em c ri se. Não me refiro à cri se econômica.

Há uma batalha que e trava e m nosso solo, a batalha pela preservação da alma verdade ira da América. Existe um combate espiritual, mora l e cultural que se desenvolve em nossa nação. Pen e mos apenas no modo como o ca amento tradi cio nal , segundo a ordem e tabelec ida por Deus, está send o atacado ; como todo tipo de perversidade ex iste; como o aborto continua a matar mi lhões ele inocentes; co mo as experiências com células-tro nco embri nári as são promovidas nos alto escalõe do governo; como a in tituição da fa m íli a vai sendo destruída paulatiname nte. Existe mais algo digno de nota a respeito do hoje falecido c ronel Ripley. Mais de uma vez ele defendeu diante do Congresso Americano o valores morais, arri scando sua carreira mili tar. Após um de seus di scursos, ele afi rmou: 'Eu já vi inú-

Caros estudantes, a sua escola co nvida-os a adquirir a coragem moral, para enfre ntar a vida. Co mo cató li cos, sois convidados ao heroísmo. E m minha opinião, a Academia é uma esco la de e lite, pelos ideais nobres que representa, e muitos de vocês j á deram de monstração deste heroís mo e m muitas oportunidades. Lembro-me de quando o filme blasfe mo O Código Da Vinci fo i proj etado próximo à Universidade de Bucknell. Estudantes da Academia mostraram grande coragem moral, postandose em fre nte ao cinema e rezando o rosári o em reparação. Nessa ocasião, um provocador em atitude de sarcasmo excl amou: 'Se vocês são pela tradição, deveriam estar rezando em latim '. Imedi atame nte o encarregado ordenou: 'Jovens,

meras fo rmas de coragem, ,nas a que eu mais admiro acima de tudo, mais do que a coragem. física, é a coragem moral em defesa dos princípios que são negados'.

Lembro ainda como a Academi a organi zou a recitação anual do rosário e m praças públicas, em louvor a Nossa Senh o ra d e Fátim a, nas escad ari as d o Capi tó lio e m Harri sburg. Ano após ano, os alunos têm proclamado sua fé e m locais públicos, seguindo o exemplo de seu patrono, São L uís Grigni on de Montfort. Durante o outono passado, viajei para a Califó rnia, Arizona e F lórida com um gru po de acadêmicos graduados, e ali passamos 40 dias numa campanha em defesa do casamento tradicional. Vi a coragem moral que eles demonstraram, em meio ao liberali smo reinante nas universidades, in-

Vive mos numa época e m que uma grande coragem mora l é pedida, um ti po de coragem capaz de fazer o que é certo sem medi r o custo que isto representa. A coragem cató li ca funda-se na fé , nas convicções profu ndas. Convicções que são adquiri das no estudo, na oração e reflexão, no combate interi or contra as más inc lin açõe , na práti ca d a pu reza e na dec i ão d viver para De us em pro l da causa cató li ca.

a partir de agora terminem o rosário em latim'. E todos assim fizera m.

cluindo a de Berkeley, na Califó rnia. Vi mais de dez vezes os ati vistas homossexuais queimando seus fo lhetos, cuspindo e insul tando os acadêmicos. Uma academia que forma jovens assim, não é freqüente encontrar-se em nossos dias. Mais recente me nte, a Acade mia esteve presente na U niversidade de Notre Dame. No momento e m que o avi ão presidencial Air Force One tocava o solo, e les rezava m o rosári o, demon strando desagrado pela homenage m prestada por aque la universidade cató lica ao presidente Oba.ma, que é aborti sta. Termino com uma palavra de gratidão ao Prof. Plini o Corrêa de Olive ira, fund ador da TFP brasile ira, por sua inspi ração em fundar esta Academia. Ele foi um exemplo vivo de espírito de cru zada, ho me m de grande coragem mo ral , que atraiu almas para praticar grande devoção à Santíssima Virgem. Se e le estivesse entre nós hoj e, estou seguro de que nos aconselhari a: 'Uma devoção ain-

da maior a Nossa Senhora'. Vive mos em tempos difíceis. E ntretanto, quando tudo na situação atual parece não apresentar esperança, lembremse da oração d o corone l Ripley sob a ponte: 'Jesus e Maria, fa zei-me chegar até lá! ' Se combatermos o bom combate, se soubermos rezar, e sobretudo se soubermos confiar, Nossa Senhora não nos abandonará". • E-ma il pa ra o autor: catolic ismo a cato lic ismo.co m.br

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e Duas escolas de jardinagem, duas modalidades de ordem ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvEIRA

escola francesa de jardinagem tem no parue de Versalhes um modelo prototípico do pú-ito que reinava na arte francesa no apogeu do Ancien Régime.* Tudo muito bem alinhado, ajeitado, pesado, medido e contado. Quem olha o parque de Versa lhes é dominado por uma impre ão aná loga à que teria se visse, na ga leri a dos espelho do palácio, toda as pessoas alinhadas nos devidos lugares, preste a dançar um minueto - tudo pronto, à espera do início da mú sica. Ana logamente, clir-se- ia que toda a vegetação do parque está parada, aguarelando o começo ele um fabu loso minueto ele árvores, fo lhas e fl ores. *

*

*

Inteiramente diversa é a e cola ele jardinagem ingle a: muitas árvores grandes e belas; canteiros com lindo v rde-

esmeralda, característico ela grama na Inglaterra. Dentro cl sse espaço vegetal, uma nota própri a de rusticidade ca mpcstr ' no que ela tem de mai s encantador. Nessa paisagem, o conjunto proporciona as deliciosas surpresas daquilo que não planejado, mas inteiramente natrnal. *

*

*

São as delícias intelectivas ela ordem, no jardim fran cês, contrastando com as delícias sensíveis ele uma apar ·nte de. ordem, no jardim inglês. Estudad a e plan ·jad:i ·01110 na escola francesa, contudo segundo uma ·on · •pç: o di v ·rsa. São modos ele ser diferentes, mas I foto ord ·nados, d • duas esco las de jardinagem. •

* Antigo

Reg ime: sistema de governo qu ' vigorou na Fra nça an1 ·s da revolução le 1789.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 12 de fevereiro de 1995. Sem revis

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Nº 705 - Setembro 2009 - Ano LIX


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Nascimento de Nossa Senhora, prenúncio da vinda do Redentor Ü dia natalício da Santíssima Mãe de Deus é comcmormto pcln lgreja no din B

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Sapiencialiade das aparições mariais

Prof. José Carlos Almeida de Azevedo

Por que estudar a Religião? - VI

deste mês. Em memória de tão venerável anivcr'SéÍr'io. l,1'm1scrcvcrnos algumas considerações do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira cm conl(w(mcia cJc B-0-1 onn.

"Se

a história do Antigo Tes. tamento é uma longa espera do Messias, esta espera tem dois aspectos: o período em que a vinda do Messias era apenas uma promessa, e o momento abençoado em que nasce Aquela que seria a Mãe do Messias. Portanto, poder-se-ia dizer q ue a história do Antigo Testamento se divide em duas partes: antes e depois de Nossa Senhora. O nascimento de Nossa Senhora corresponde à chegada da criatura perfeita que encontra plena graça diante de Deus, e que teve o mérito de e ncerrar aquela longa espera. N a história do Antigo Testamento ho uve patriarcas , profetas, inúmeras almas fiéis e muitos sofrimentos na espera do Messias. N ada disso fo i suficiente para atrair a misericórdia div ina e antec ipar o momento da Redenção. Mas, quando Deus quis, fez nascer a criatura perfeita que daria início à sua trajetória entre os homens, e as relações dos homens com Deus modificaram-se. A porta do Céu, que estava trancada devido ao pecado ori ginal, começou como que a filtrar luzes de esperanças , indicando que seria aberta pelo Salvador que viria à Terra. Isso começou com o nasc imento de Nossa Senhora. Sendo E la a criatura mais contemp lativa de todos os tem pos, em relação à qual nenhuma outra contemplativa tem paralelo, sua presença foi a maior fonte de bênçãos ele todos os tempos. Ela exerceu uma irradiação. e uma ação de presença que foi o prenúncio da vinda ele nosso Rede ntor. Devido a isso, a Natividade de Nossa Sen hora é uma festividade de gra nde sign ificado, e que nos de ve ser ·aríssima, pois comemora o início daquilo que va i, por rim , derrubar as muralhas da gentilidade e do paga ni s mo. Relacionando essas considerações com a siluação alua i, poderíamos rezar a Nossa Senhora a fim ele bl r urna no va intervenção d'Ela na hi stória do mundo imer, o nas Ir ·vns do pH1 ani smo moderno, suscitando almas que anseiem e lutem pela vinda d R •i110 d· Mari a, co nforme profetizado em Fátima" . •

CATOLICISMO

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Aquecimento global, ameaça infundada

20 V A1mmADEs Arte moderna: extravagâncias

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Uma cidade fortaleza no França

O Mont Saint-Michel

Rejeição da absurda teoria darwinista São Roberto Belarmino

China: conflito étnico e violenta repressão

Tradição e pensamento na história do cafezinho

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São Domingos de Gusmão na pintura de Fra Angélico

Nosso Copo : Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

História do apreciável bebido

SETEMBRO 2009 -


Aparição "discreta" da Virgem C ada aparição de Nossa Senhora corresponde normalmente a uma ne-

Caro le itor, Conta-se que Carlos de Laet ( 1847- 1927), fogoso escritor e pole mi sta ca tó li co, ex plicava durante um a aula no Colégio Pedro II do Rio de Jane iro a c riação do Universo, quando um a luno le vantou a mão e objetou: "Mas professo,; meu pai disse que nós somos descendentes de macacos! ". Ao que e le responde u: "Bom,

cessidade da Santa Igreja, mas nem sempre é divulgada. Exemplo clisso são as revelações da Mãe de Deus a Santo Afonso Maria de Ligório

em questões de família eu não me rneto ... "

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116

Administração: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-010 São Pau lo · SP

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

À parte o dito espirituoso, in li spen. ável reconhecer que a teori a evo lucioni sta de Darwin ocasionou um retrocesso da verdadeira ciê ncia e abalou a fé católica de muitos. De ori gem atéia, e la constitui uma a fro nta a De us nosso ri ador. Foi abraçada por M arx e ve m s usc itando fraudes que de balde tentam comprová-la, inc lusive uma em que se env olveu o Pe . Te ilhard de C hardin . Como o le itor verá demonstrado no artigo de ca pa desta ed ição, o darwinismo ex prime uma profunda revolta contra Deus. O Onipotente tirou do nada o Universo, e nele criou em dado momento o homem concebido à sua imagem e seme lhança, por um ato de inexcedíve l liberalidade. A mente obscura e confusa de Darwin tentou negar este dogma cató lico relatado no Gênesis, para s ubstituí-lo por uma farsa pseudo-científica que a propaganda anticatólica se encarregou de tra nsformar em "dogma" universal de caráter ateu. Mas, contrariamente aos dogmas da Igreja Católica, que exprimem a verdade, os da Re vo lução fanam . Aos 200 anos do nascimento de Darwin, e ao 150 anos da publi cação do seu "dogma infalível" trombeteado em quase todos os estabelec imento de e nsino, e le está sendo negado e re futado e m bases c ientífi as pe los defensore. do "intelligent design " (projeto inte ligente) ; e também, e m bases re li g iosas, pelo criac ioni mo, esco la que tem crescido muito, sobretudo nos stados Unidos. Este trecho dos escritos de Darwin dá uma idé ia da gratuidad d suas afirmações: "Na obscuridade confusa do passado, podemos ver que o pri111eiro ances-

tral de todos os vertebrados deve ter sido um animal aquálico do/ado de brânquias, que possuía os dois sexos reunidos no mesmo indi víduo, I ' lldO impe,f eila ou nulamente desenvolvidos os mais importantes órgãos do corpo, co1110 o cérebro e o coração. Esse animal parece ter-se assemelhado às larvas dos ascidiá ·eos marinhos atuais". Convém ainda notar que não apenas os evolu ·i nistas darwinianos professam "dogmas" pseudo-científicos. Os ambientali stas radicai , sucessores de les, tam bém os têm . "Dogmas" que os impe le m a co ntestar o lugar de preeminênc ia do homem no Planeta: de benfeitor e r i da ri ação, desejam transformá-lo e m vilão. Os erros do evolucion i mo são xte n amente tratados no artigo de capa, de grande atualidade, que certamente rá proveitoso para a formação de nossos le itores . Desejo a todos urna boa le itura.

Em Jesus e Maria,

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V ALOIS GRINSTEINS

A

pessoa com a qual e u conversava tem um a "fé" típ ica dos nossos dias. Acredita, e com sinceridade, e m certas doutrinas da Igreja Católica, mas se julga no direito de pô r e m dúvida algumas outras e ignorar muitas. Especialme nte se o assun to em questão são milag res, aparições e demais ações que não deixam provas mate ria is concretas; e até mesmo quando as deixam, como em Lourdes e Fátima. O conjunto de doutrinas que ensina a Igreja não é - para esse meu interlocutor, como para muitíssimas pessoas hoje em dia um maravilhoso vitral onde tudo tem harmo ni a e cada peça é necessária. Agem em relação a elas como se estivessem numa espécie de supermercado, onde se pode pegar ou não um produto em função de caracte rísticas que lhes agradam . Não se dão conta de que seu modo de encarar a doutTina católica é próprio de uma velada revo lta revolu cionária de nossos dias, nada tendo a ver com a submissão amorosa, e também estudiosa, que todo católico deve ter. Pior ainda, não vêem as lacunas a bi ssais de sua for mação doutrinária, e apesar delas acham-se no direito de e mitir op iniões sentenciosas como se fosse m dogmas. O tema co ncreto da conv ersa q ue manti ve com meu interlocutor eram as apa rições de Nossa Senhora. Para e le, mui tas - se não todas - são de natureza su peita; pois, sentenciava, têm características "propaga ndísticas". Se ri a m

destinadas apenas a atrair a atenção das pessoas. Imagina e le que todas as aparições se dão di ante ele numerosas testemunhas, que depois atrae m uma multidão. Na sua concepção errô nea, a virtude ela humildade consiste apenas em passar despercebido (não se i se e le inc lui nessa categoria os espiões e de mais agentes secretos ... ), e porta nto Nossa Senho-

ra, aparecendo e chamando a ate nção de for ma e minente, seria por excelênc ia um ser não- humilde.

Sapiencialiade das aparições A argumentação do meu interlocutor era mais para rir do que para se levar a sério; mas, como devemos sempre pro-

c urar atrai r as pessoas para a verdade católica, aproveite i para perguntar-lhe o que pe nsava das aparições de Nossa Senhora a Santo Afonso M ari a de Li gório na c id ade ele Scal a. Ele jamai s ouvira falar delas. Eu também não as co nhecia, até visitar a cidade de Scal a. O que não é de estranhar, pois tais apari ções são pouco conhecidas fora da Ordem Redentorista e dos habitantes da região de Amalfi, na Itália. O que não significa que tivessem pouca importânc ia, pois se adeq uam perfeitame nte ao plano de Deu s e completam harmoniosa me nte o vitra l de atuação sapienc ia l da Virgem através dos sécul os. Santo Afonso M a ri a de Li gório era natural do su l da Itáli a . Advogado jove m e cheio de ambições mundana s, decepcionou-se rapidamente com o exercício da profissão. Decidiu então faze r-se sacerdote, e aos trinta anos passou a exercer seu mini stério em favor dos pobres nos bairros mais desamparados ele Nápo les. O traba lh o a postó li co in tenso debilitou sua saúde, e foi preciso buscar um loca l em que pudesse restaurá- la, sem se afastar do apostolado. A mão ela Providência o levou até a c idade ele Scala, ao nde chegou no ano de 1730. Ali, em companhi a de outros sacerdotes, fundou a Congregação do Santíss imo Redentor. Como em todas as fundações de orde ns religiosas , o in íc io desta fo i difícil. Faltavam e lementos materiai s e també m esp iritu ais, que só foram apa recendo e se afirma ndo com o tempo. Diri gir uma ordem re lig iosa, faze r com que e la cum -

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pra os pl anos de De us, é muitíss ill10 ma is difíc il do que parece. D eve m os su peri o res to mar dec isões das qu ais de pe nde m o futuro e a pró pri a ex istê nc ia da orde m. A que m ped ir conselhos, qu a ndo os proble mas se ac umul a m? N o caso conc re to de Santo Afo nso, a resposta é inesperada : à pró pri a Virgem Santíss ima. A po ucos passos d a humilde casa o nd e f o ra fund a d a a Co n g regação Rede nto ri sta há uma peque na g ruta, hoje co be rta po r um a ca pe la. N e la, Sa nto Afo nso viu vá ri as vezes M a ri a Santíss im a . A tradi ção d as apa ri ções "es tá

te r s ido pessoas santas o u não; e m c irc un stâ nc ias excepc io na is o u não; pro vas o u docume ntos fo ram o u não de ixados; ho uve teste munh as o u fo ram a pari ções to ta lm e nte privadas; ex iste abunda nte literatura sobre e las, o u ape nas se sabe que e xi stiram , o u a inda nada se sabe delas. Mas uma co isa é certa: em cada caso conc re to ha via um aposto la lo a ser fe ito, e N ossa Senhora o rea li zou da fo rma

ma is g lo ri osa poss ível. U ma das a leg ri as d o Ju ízo uni ve rsa l será jus la me nL conhecer todas e las e ver como se nca ixa va m num m arav ilhoso pl a no de sab do ri a divin a. • E- mail cio autor: va lcl isgrinstcins@cwo i' .. ,m

* C iro Viti el lo; Scala, città sa11.tijica1a da A//011so Ma ria de Lig u.o ri, pp. 15- 16.

construída sobre as ajtrmações do próprio Afonso. Já velho, ele dizia confidencialmente ao Padre G B. di Constanza, seu conf essor: 'Quando eu era j ovem, lá .fálava.fi'ectüentemente com Nossa Senhora. Ela me aconselhava a respeito de todas as coisas da Congregação'. E acrescentava: 'Ó gruta minha, ó gruta minha! Se eu pudesse de leita r-me nessa gruta!' " .* Obvi a me nte gos ta ría mos de saber ma is conc re ta mente o q ue a Virgem disse a Santo Afo nso, qua is conse lhos che ios de sabedo ri a lhe de u para a di reção da no va Cong regação, e tc. M as são apenas estas as info rmações que te mos .

Aparições não divulgadas A idéia de que as apa ri ções são pu ra pro paga nd a está fro nta lm e n te negada neste caso, po is o que aqui la me nta mos é exatame nte a a usênc ia de divul gação, e que sobre e las haj a tão po ucas info rmações. Na sua verdade ira humild ade, o santo de ixou tra nsparecer ape nas aquil o que ac ho u conve ni e nte: nessa peque na g ru ta e le fa lo u muita s vezes co m a Santíssima Virgem . Não fosse pelas poucas ind icações confide nc iadas a seu confesso r, nada sabería mos das aparições. Nossa Senho ra fez o que era necessário ao fun dador: de u os conselhos sobre c ircun stâ nc ias e p la nos co ncretos para a Orde m Rede ntorista c umprir sua missão e dar ma ior glória a D e us. N ão se pode pedir à M ãe de Deus e R ainha da C ri ação uma atuação ma is di screta, desinte ressada e indife re nte à public idade. Era o que convinha nesse te mpo, e fo i fe ito de fo rma efi caz e di screta. Qu a ntas e qu a ntas a pa ri ções deste tipo ex istirão ! Seus be nefi c iári os pode m

-CATOLICISMO

Por que estudar a Religião? - VI N a cdiçfio ele junho, esta seção abordou o tema da etenüdade do Céu e do lnfct'no. Neste n1ês apresentamos trecho elo mes1no autor.::: sobre a necessidade que tem o h01nern de praticar uma religião. conhec ime nto de nosso C ri ado r o bri ga os ho me ns a prati car a re li gião, q ue os une a De us como seu princ ípio e último fim . Conhecemos De us e o ho me m: Deus, com seus atributos infi nitos, sua P rov idênc ia que a tudo governa; o ho me m , criatu ra de Deus, com sua a lma espiritua l, li vre e imo rta l. Daí resulta m as relações naturai s, essenc ia is e o brigató ri as do home m com De us. A re li gião é o laço que une o ho me m a D e us. Este laço se compõe de deveres q ue o ho me m deve c umprir para com o Se r supre mo, seu cri ado r, be nfe itor e senho r. Estes deveres inclue m ve rdades que devem ser c ri das, preceitos que de ve m ser prati cados, um c ulto que se deve tributar a De us. A re li g ião é necessária ao ho me m, porq ue está fund ada so-

bre a natureza de De us e a natureza do ho mem, e se base ia nas relações necess{u·ias e ntre De us e o ho mem. Impor uma re ligião é dire ito de D eus; praticá- la, é de ver do ho me m.

Deus necessita das ho111e11age11s dos ho111e11s? De us não necessita de nada. E le se basta ple namente a s i mesmo, e nossas homenagens não o to rna m ma is perfe ito ne m ma is fe li z. M as De us nos dotou de inte li gênc ia e capacidade de a mar, para que o conheça mos e a me mos. Ta l é o fim da criação. A reli gião é, po is, um dever de estrita justi ça . O home m está o bri gado a praticar a re li gião para respe itar os dire itos de Deus, e o bte r ass im seu último fim . • * Trad ução el e trechos do li vro La Relig ión Dem ostrada, cio Pad re P.A. Hill aire, Edi tori al D ifu si ón, B uenos A i res, 8" ed ição, 1956 , p. 69.

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Santo vatrono cios vá,·ocos Goste i muito da hi stória do Santo C ura d ' Ars, e desejaria um quadro de le para dar de presente ao pfo·oco da nossa igrej a, para que ele sempre tenha e m mente as virtudes de São João M aria Vianney e bu sque constanteme nte imitá-l o. N o mais, parabé ns pe la atua l edição da re vista, com conteúdo sempre ótimo e imagens de refin ado bo m gosto. Que Nossa Senhora os proteja e os abe nçoe. (A.V.B. -

SP)

Magnífico exemplo

Mara vilha<la e encolel'iza<la Para béns pelas excele ntes matéri as d a rev is ta Catolicismo . Li o exempl ar de agosto avi da me nte, posso até di zer que li com muita fo me e sede de le itu ra, que matasse minha fo me e sede de te mas e levados que nos aproximam de Deus. Minha alma fi ca mais fe li z quando chega a revi sta do mês. Todas as matérias me prenderam a atenção e me ajudaram espi ritu almente. Por exemplo, a maté ri a do sesqui centenári o d o C ura d ' Ars me de ixo u maravilhada e enco leri zada. "M arav ilh ada" co m o santo tão virtuoso que converteu seus paroqui anos, tornando-se o patrono e modelo do cl ero cató li co, e que, tendo passado 150 anos, é supe r-le mbrando e co nh ec ido no mundo inte iro ; mas també m fiqu ei "enco leri zada" co mparando co m nosso cl ero (sa lvas as ho nrosas exceções) tão di stante elese modelo de sacerdote. Muitos padres atuai s dão- me a impressão de que, se leram a vida do Santo C ura d ' Ars, só po uco ou nada imitaram suas virtudes. Não é po r uma questão pessoal que digo isso, mas di go co m tri steza no coração, por constatar a dife re nça e ntre o que muitos sacerdotes deveri am ser e o que eles realme nte são. Rezemos uns pe los outros. (L.M.A. -

-CATOLICISMO

RJ)

181 Sr. Plinio Maria Solimeo, eu sou Maria do Socorro Henriques Fortunato, e gostaria de te parabenizar pelo artigo "São João Maria Vianney- Patrono dos párocos". Que exemplo magnífico de cri stão, vi gfaio e home m ung ido de Deus. Gostaria que os nossos homens de Deus, padres, vigários etc. não fossem "tibianos". Ao ler teu artigo, me encante i com a hi stóri a de São João Vianney, bem como pe la forma como escreveu o mesmo, o que expressa para mim muita unção. Não se trata do código pelo código, mas de transcrever através do código uma vida de santidade e conversão para quem viveu com ele e para quem lê esse aitigo. Que Deus continue te ungindo e operando prodíg ios através de suas santas palavras. Pai·abéns! (M.S.H.F. -

PB)

como o C ri sto, que amava o próx imo e até o pecador enquanto alma a ser salva. O sacerdote era o re médi o para harmoni zar as famíli as, ele as visitava, era vi sto no bairro sempre de batina, e incutia muita confiança e respe ito. O padre vi sitava nosso lai· e era uma ocasião de bênção que ficava na casa, como se C risto tivesse passado por lá. A cidade inteira sentia sua presença, que nos fazia lembrar do E vangelho. Hoje? Infelizmente a situação é be m diferente. Temos que rezar pai·a voltar àqueles tempos de bons sacerdotes, mode los de virtude. (H.C.A. -

MG)

Grande amigo no Céu Fico muito fe liz em ver que está sendo divulgada a vida de santidade do meu gra nde ami go do Céu: São João Mari a Vianney. Ele faz parte da minha vida. Valeu pe la matéri a. D us os abençoe. (E.D.C. -

SP)

Divórcio e minissal:-, É esse tipo d arti •o I" /\ Pul avra do Sacerdote", at.olicismo, u 1oslo/ 2009] que dev ri a pr e nch ' r as páginas de nossos jornai s, para 'S ·lareci me nto d as p 'ssoas , po is fall u- lhes info rmaç, o ' formação tamh lll. Parabé ns p ' la maté ri a ! (B.M.P. -

SP)

/\mcaça islâmica

Cegos espirituais

t:>-<J Na revista

Fi c o e nc a nt ada c om ta nta espiritualidade desse admiráve l Santo C ura d ' Ars. Penso que nos di as atuais seri a uma tarefa quase impossíve l converter tantos cegos espiri tuai s, mas temos que faze r nossa parte nh r. na busca de a lmas para o

5 , 6 e 7, edi ção de a ,os lo l, 11chei muito interessante art it o so hr' a história de Nossa Senho r:1 dl' l'illsch, protetora da Áustri a ld · :1 11 lrn ia de Carl os Eduardo Scha ff ·ri , <iostaria de saber por que Nossa /k11li rn II t:horo u. O artigo trata I ss11 lm·111 11ação no trecho e m que fa z rd'1•1 111·rn ao milagre d a lacrimação do q1 111drn. (K ,I.J. SC)

(V.F.S. -

RJ)

Bons tempos ... Lendo a vida de Sã João M aria Vianney, fiqu i com , audadesde meus tempo juveni s, em q ue o padre era uma fi gura que ó p la presença afastava a vi olê ncia. Às vezes indignado co m as co isa más da c idade, mas

Catolici.rn111 1p11 •inas

Respostar do autor: 181 Na Áustria, até nos di11s 11111,11s, todos consideram Mai·ia Pllt d1 l'lllllO a grande devoção inspiradorn (111 l l \lstência ao perigo muçulmano. '1'11111 0 isso é verdade que, a propósito du 1t 11nl pro-

paganda em prol da entrada da Turquia na União Européia, desapai·eceram de todas as livrarias de Viena - segundo eu mesmo pude constatai· - todos os livros sobre a hi stória de Maria Põtsch. Até mesmo da livraria da catedral, onde se podia comprai· tais livros, eles desapai·eceram ... Tive que procurai· na Alemanha o livreto que serviu de base para o aitigo. Sem entrar na complexidade do tema - o motivo da lacrimação, pois não se tem conhec imento da mensagem da Virgem esclai·ecendo o assunto-, poderíamos afirmar que uma das causas do pranto de Nossa Senhora foi indubitavelmente o perigo muçulmano e a fraqueza dos católicos em combatê- lo. Tal debilidade impediu-os de obter na Europa central uma vitória definitiva sobre o perigo islâ mico, o qual vai-se tornando hoje cada vez mais presente no panorama internacional.

Misericórdia e justiça G8] "Os santos extremos e o perfeito equilíbrio". Excelente artigo ! Esta é nossa Mãe, doce e misericordiosa, e também terrível. Gostei da estampa, que eu não conhecia, da Virgem guerreira.

(J.A.A. -

MT)

E os <lireitos de Deus? 181 No assunto da comunhão na mão, gostaria de lembrar que as mesmas pessoas que tanto falam dos direitos humanos esquece m-se dos dire itos de Deus. Há padres que dão a comunhão na mão pretextando várias coisas, entre elas a questão do contágio de doenças. E a falta de respeito quanto aos direitos de Deus? E a adoração devida a De us? Tudo isso não importa? As pessoas praticam falta de respeito ao comungar nas mãos freqüe nte mente sujas, pois ao chegar na igrej a não vão lavá- las, é clai-o. E ainda que assim o fi zessem, na hora de dar a esmola as pesso as pegam e m dinheiro, papel sujíssimo; e, é claro também , o padre não pára a missa durante uns minutos pai·a os fiéis que vão comungai· saírem a fim de lavar as mãos, antes de pegar no Corpo de Cristo. Tanto é assim que os padres celebrantes são obrigados a

purificai· os dedos pai·a a consagração, e também depois da distribuição da E ucaristia. E na hora das pessoas comungare m, minúsculos fragmentos da Hóstia Consagrada podem fi car nas mãos ou cair no chão, os quais depois são pisoteados. É claro que a culpa desse pisoteamento é de quem assim comunga, mas os celebrantes não carregam tainbém essa culpa? Isso não é pisotear o Corpo de Cristo? Eles terão que prestar contas a Deus. Desculpe meu desabafo, mas fi co furiosa qu ando vej o aque le bando de " ministros e ministras da sagrada E ucai·istia" metendo seus dedos no Santíssimo Sacramento sem mesmo purificarem seus dedos, e colocando-O em outras mãos freqüentemente sujas. (T.E.G. -

MG)

Coca-cola e <lepen<lência 181 Foi com grande interesse que Li o a rti go "Coca-Cola - Sabor de um enigma". Acho que poderei trazer algum esclai·ecimento sobre o ass unto. Venho tomando Coca-Cola light há mais de 20 anos. Não faço isso por desejo, mas porque ela contém agentes quírn.icos estimulantes, e que - nisto creio firmemente - produzem dependência física. Comecei bebendo apenas uma lata de vez em quando. Rapidamente passei a uma por dia. Logo depois, duas a três diariamente, pai·a em seguida comprai· garrafas de dois litros. Agora, tomo uma garrafa quase todos os dias, a.pesai· de meus sinceros propósitos de não beber. Quando passo a maior paite do dia sem beber qualquer tipo de Coca Diet, sinto-me ressequido fi sicame nte, e psicologi came nte tudo se torna difícil e árduo. É então que, resolvido a não mais poder levar as coisas adiante, bebo alguns copos de Coca-Cola. A mudança é imedi ata e dramática - ctistendo-me enormemente, tanto física quanto emocionalmente. E a vida volta ao normal . Isso se dá contra meus maiores es forços nesse combate. Como se vê, a Coca Diet anuncia-se a si mes ma como "Baixa caloria, ela é sua, ela é light". Sem dúvida, ela contém elementos quími-

cos que estimulam e trazem dependência. Não é necessário ser. bom em matemática para saber quanto gasto mensalmente com isso. Eu gostai·ia enormemente ele gastai· esse dinheiro em coisas que valessem mai a pena. Eu peço encai·ecidame nte orações nesse sentido, pois é difícil vencer a dependência física a essa bebida. Dou inteira permissão pai·a publicar qualquer paite desta caita ou referir-se a ela em prosseguimento do arti go sobre a CocaCola. (G.G.M. -

Inglaterra)

Novos fncitaws 181 Li um aitigo de Fre i Betto publicado na "Folha de S. Paulo", em 16 de agosto. Não gosto do autor, mas leio pai·a saber qual é a última desses religiosos ligados à "Teologia da Libertação". Chamou-me a atenção que e le termin a o arti go di zendo "Calígula, desgostoso com o Senado, nornearia senador seu cavalo lncitaLus, com direito a J 8 assessores, um colar de pedras preciosas, mantas de cor púrpura e uma estátua, em Lamanho real, de ,nármore com pedestal em m.a rfim". Pensei: já li isso em outro lugai·. Aí lembrei-me do aitigo da revi sta Catolicismo sobre os no vos Incitatus [maio/ 2009]. Será que o Frei Betto anela lendo o Catolicismo ? Ou terá pego os dados em outra fonte? (A.N.L. -

SP)

Prolim<li<lade e concisão 18) Acho muito in teressante a maneira e a profundidade pe la qua l vocês discutem os temas socia is do mundo inteiro, sendo conci sos e m sustentar tais informações. Continue m assim , pois vocês tê m todo um potenc ia l de levar ass untos importantíssimos a todos, e eu, como um a estudante, prec iso estar sempre muito atua li zada a respeito de tudo. Parabéns !

(J.R. -

ES)

Cortas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição .

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Monsenhor JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta - A imprensa noticiou que as repartições públicas federais do Estado de São Paulo têm o prazo de 120 dias, a contar de 31 de julho, para remover todos os símbolos religiosos dos "locais de ampla visibilulade e de atendimento ao público", de acordo com uma liminar obtida pela . Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão. Medidas análogas, de alcance mais restrito ou menos, têm sido noticiadas aqui e acolá. A alegação é que estamos num Estado laico, que não deve privilegiar nenhuma religião. Os que se sentem mais atingidos são evidentemente os católicos. Que direito têm eles de exigir a manutenção de seus símbolos nos lugares públicos?

Resposta - Boa pergunta ! Que tal os ateus e agnó ticos promoverem um abaixo-ass inado para a remoção da estátua do Cristo Redentor do Corcovado, loca l de "ampla vi sibilidade" no Rio ele Janeiro? A sugestão choca pela sua brutalidade e impiedade, mas está na lógica do Estado laico. Há algo de errado, portanto, na situação que se vai criando em nosso País, e o mome nto é oportuno para esclarecê- la.

Raízes cl'istãs ele 11ossa socieelaele Um te ma qu ente ela di scussão que varre a Uni ão Européia di z respeito exatamente ao reco nhecimento, ou não, das raízes cri stãs da E uropa. Um projeto de Constitui ção que ignorava essas raízes cristãs chego u a se r e laborado , po ré m não fo i a prova do. CATOLICISMO

Re ma nej ado e sub stituíd o pelo Tratado de Lisboa, conserva as diretri zes gerais cio projeto anterior, mas tampouco conseg uiu a ratifi cação unânime necessária para entrar em vigor. O embate continua, a cúpul a da UE tentando por todos os modos e artimanhas fazê-lo passar. No Tratado de Lisboa se vê bem como a laicidade dos Estados - apresentando-os como neutros em matéri a ele religião - encobre na realidade uma grande fraude. Pois impõe aos países membros alguns di spositivos que viola m gra ve mente po ntos el a doutrin a católica, como a lega li zação ci o a bo rto , po r exemplo. Daí a rejeição vigorosa qu e sofreu na Irl anda, onde teve de ser submetido a pl ebi sc ito. Foi ratificado em outras nações (ainda não em todas) pelos respectivos parlamentos, mais dóceis às ordens ela cú pul a políti ca. Que neutra lidade laica é essa, em que se quer im por, à so rre lfa , um a mora l oposta aos princípios católi cos? Estado laico não é, portanto, sin ônimo de neutralidade reli giosa. Na verdade, é um eufe mismo para significar Estado anticri stão. Os fa tos são eloqüentes a esse respeito. E aqui chegamos ao fundo do problema: Estado laico é um estado ateu ou agnóstico, que pretende impor aos demais cidadãos seus princípios ateus e agnósticos. Trata-se, portanto, el e um a id eolog ia (atéia, agnóstica) que quer se sobrepor a uma ideologia religiosa.

Ateu: é mesmo um livre-pe11sador? É curi osamente incoerente a menta lidade do ateu. E le ac usa os católicos de estarem

atados por dogmas religiosos, e conseqüentemente não pode m impo r aos dema is os princípi os mora is que dedu zem de sua religião. O ateu, um li vre -pe nsador, não se considera vincul ado por nenhum dog ma, po is guia-se exclusivamente pelas luzes da razão. Livre ele qualquer preco nceito re lig ioso, a razão chegaria a conclusões certas, válidas para todos. Assim, iluminado pela razão infalível, ele pode e deve impor essas co nclu sões aos o utro s. Ao co ntrári o do católico, c uj a men te é co ndicio nada po t: dog mas apr ior ísti cos qu e obnubilam a razão ... Co mo pondera muito bem o Pe. David Francisq uini em seu excelente Catecismo contra o aborto, recentemen te publi cado, o Estado laico está longe de ser i ento ele qualquer ideologia: "O Estado neutro ou leigo não prof essa uma religião, mas professa uma ideologia que postula uma vida social e pública desvinculada do fator relig ioso. É um tipo de confessionalidade ideo lógica: agnóstica ou laicista . Equivaleria a dizer: 'Como você tem uma convicção religiosa, não pode impô- la a mún. Mas eu, que sou agnóstico ou ateu, posso impor a minha a você. Nós diverg imos, mas quem tem. razão sou eu, que tenho a mente li vre e não atada por do gmas religiosos '. Trata-se de um estranho Estado de Direito, dito democrático e pluralista, no qua l somente os ate us e agnósticos têm o direito de fa lar e modelar as leis segundo seus princípios" (op. cit., p. 35). O ateu não deseja ser lembrado da ex istência de Deus

A continuar nessa marcha, mais dia menos dia chegaremos de fato à hipótese estapafúrdia da demolição do Cristo Redentor do Corcovado!

po r quem o rodeia. Daí seu empenho em eliminar de sua vista qualquer símbolo reli gioso, sobretud o um símbo lo reli g ioso católi co. Este o ponto de partida das medidas citadas pelo missivista.

ObPigação ele prestar culto público a Deus Deus criou o homem livre, e não o obriga a crer n 'Ele. Ele quer ser aceito livremente pelo .home m. Es te pode, portanto, rejeitar a Deus. Mas, faze ndo-o, age contra a sua razão, que o leva a reconhecer os sinais da ex istência de Deus por todos os lados para os quais volte a sua vista, por pouco in stru ído que seja. Assi rn , não é se m um grande pecado qu e ele rejeita a ex istênc ia de Deus (é o caso do ateu), ou quando simplesmente d iz: "Não sei se Ele ex iste" (é o caso do agnóstico). Um home m de co nsc iência reta não pode de ixar de reco nhecer fac ilmente a ex istência de Deus, pelos infinitos sin ais que Ele pôs no un iverso. São Paul apli ca a expressão " in excusabili sunt " (Rom 1, 20), para p ssoas que hoje s identifi cariam como ate us e agnósticos. As ·im como os homeris individualmente são inescusáveis ao negar a existência de Deus, a sociedade por eles formada també m deve reco nh ecer a ex istência do Ser absolutamente pe1feito e infinitamente poderoso, que tudo criou a todos co nvoca para uma vida eternamente feliz no éu. A conseqüência desta verdade é que, ass im como cada ho me m te m o bri gação de prestar indi vidu ulm •nte culto a Deus, a co l •ti vid acle cios

homen s deve prestar c ulto público a Deus. De fato, a Hi stóri a nos mostra que a generalidade das sociedades form adas pelos homens sempre prestou culto a um Deus, embora muitas vezes eivado de idéias erradas a respeito da natureza desse Deus que cultuavam. Foi preciso chegarmos aos Tempos Modernos para que a laicidade tomasse conta dos Estados e quisesse varrer da vida pública os sinais da presença de Deus. Daí os fatos a que estamos assistindo, que colidem com essa obrigação de toda sociedade reconhecer a existência de Deus e prestar-Lhe o devido culto público. É em nome destas verdades que os católicos devem rejeitar e ss e s intentos de ateização da vida pública para a abolição dos símbolos religiosos dos "locais de ampla

visibilidade e de atendimento ao público", como decidi do pela autoridade judicial.

Preservação da cu/tum católica 110 Brasil Hoje tanto se fa la da preservação da cultura dos povos aborígines, e ai daquele que ousar fazer a menor crítica à extrema indi gê ncia dessas culturas. Apesar dessa conhecida indigência, é legítimo e importante que se trate de preservar tudo que nelas houver de remanescente de uma cu!-

tura autênti ca. Se a cultura dos indígenas deve ser preservada, não te mos ta mbé m o dever de preservar nossa cultura de cristãos civilizados? É claro que o mesmo princípio vale também, e maximamente, para a cultu ra católica que nossos ancestrais im plantaram no Brasil. A iconoclastia laica quer varrer os símbolos religiosos que nossa cultu ra introduziu por toda parte, tanto na esfera particular quanto na esfera pública. Trata-se de uma de moli ção da c ultu ra

ancestral bras il eira, contra a qual temos o direito e o dever de resisti r. A continuar nessa marcha, mais di a menos di a chegaremos de fa to à hipótese estapafúrdia, aventada no iníc io deste artigo, da demolição do Cristo Redentor do Corcovado! Que Nossa Senhora Aparecida, coroada solenemente Rainha do Brasil, não permita tal desfiguração ele nossa Pátria ! • E-mail do auLOr : 111onsenhorjoseluiz@catolicis111o.co111.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE

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TV coíbe desenvolvimento lingüístico das crianças

Assessor de Obama pleiteia despotismo planetário

egundo "II Corriere dell a Sera", de Milão, a TV "rouba" 700 palavras dos pa is a seus filhos a cada hora. Qualquer que seja o espetáculo, o efeito é o mesmo: "Mais TV, menos desenvolvimento da linguagem", segundo Dimitri Christakis, diretor do Centro para a Saúde, Comportamento e Desenvolvimento infantil da Universidade Washington, de Seattle. Para Anna Oliverio FetTris, da Universidade ele Roma, "as crianças devem interagir com as pessoas com quem fa lam. Mas, com a TV, não se dialoga, só se ouve". As crianças até quatro anos ele vem e ntrar na realidade, "se não queremos danifi car suas aptidões lingüística e in te lec tiva, e a criatividade. Não venham me dizer que as criancinhas estão interessadas pela tela: elas estão simplesmente hipnotizadas ", acrescentou a professora. •

presidente Obama nomeou John Holdren [foto] para Di retor do Escritório de Política para C iênc ia e Tecnologia. Ele advoga a esterilização maciça de popul ações inteiras e o aborto fo rçado. Propõe uma "cápsula esterilizante com efeitos de longo praza, que poderia ser implantada sob a pele" das mulheres na puberdade, ou "um esterilizante na água potável ou em alimentos". É também um grande arauto do que chamou de "Regime planetário", para garanti r o controle da população, cios rec ursos e do meio ambiente. Esse tirâni co poder controlaria e distribu iri a os recursos naturais e decidiria qual a "população ótima do mundo ". A matéri a foi revelada pela agência LifeSiteNews. •

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Escritora elogia condição de mãe e esposa

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PS francês agoniza e pensa em 11trocar de pele" Parti do Socialista Francês vê tudo negro, segundo o diário parisiense "Le Monde": "Da base até a cúpula, todo mundo está abalado, [. .. ] a árvore está seca", disse o diri gente Vincent Peill on. Claude Bartolone, secretário para relações internacionais, constata: "Os eleitores não nos j ulgam nem úteis nem simpáticos". Mairnel Vall s afirma que a líder do PS, Marti ne Aubry, é o chefe da orquestra do Titanic. Zaki La"idi , da Faculdade de Ciências Políticas, avalia que "há décadas os socialistas compensavam a perda de confiança ideológica pela confiança em si próprios. Hoj e eles deixaram de acreditar em si mesmos ". E Laurent Bouvet, professor da U niversidade de Nice, completa: "O PS entrou em agonia". As cobras trocam de pele. Resta saber qual será a cor da nova pele do socialismo - talvez verde, como a do ecologismo anticapitalista. •

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CATO LICISMO

escritora Maria Mariana [foto] abandonou a "fama" cio teatro e da TV para ser mãe de quatro filh os. Em entrevista à revista "Época", ex pli cou que "o fato de eu adorar ser mãe" rendeu muitas qualidades. Ela conta por que escolheu o lar: "Eu sonhava com uma enorme mesa de família, com aquela macarronada no domingo. Eu queria mudar de degrau " . Para espanto das fe mi ni stas, ac resce nto u : " Não Maria Mariana acredito na igualdade entre homens e mulheres. O hom em tem uma função no mundo e a mulher tem outra. Homem e mulher estão no mesmo barco, no mesmo mat: Há ondas, tempestades, maremotos. Alguém precisa estar com o leme na mão. Os dois, não dá. Deus preparou o homem. para es tar com o lerne na mão. Porque el • é 111aisforte, tem raciocínio mais frio. A mulher tem mais copacidade de olhar em volta, ver o todo e desenvolver a sensibilidade para aconselhar. A mulher pode dirigir l udo, 11,as o lugar dela não é com o leme". •

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Mais uma oposicionista ''silenciada" na Rússia

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jornalista Natalia Estemirova [foto] foi seqüestrada quando saía de sua casa, e logo executa.da em Grozni , capital da Chechêni a.. Seu corpo apareceu numa estrada, com tiros na cabeça e no peito, noticia o diário carioca "O Globo". Sua "heresia" foi criticar a política do governo ele Putin no 1101te do Cáucaso. A União Européia e organizações de direitos humanos ocidentais soltaram gemidos estéreis e sem conseqüências a propósito cio assassinato, como aconteceu por ocasião de outros homicídios ele jornalistas, advogados e ativistas que denunciaram a ditadura de estilo soviético exercida por Putin e seus "camaradas" da (ex-)KGB. •

71 % do Brasil impedido de produzir alimentos

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e acordo com matéria publica.da. pelo "Jornal ela Ciência" da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a produção de alimentos é expressamente proibida em 71 % do território brasileiro pelo Código Florestal. A lei deixa só 29% cio País para as cidades, infraestrutura e produção agropecuária. A matéria fund a-se em estudo do professo r Evaristo de Miranda, documentado com fotografi as e dados obtidos vi a satélite. Contudo, a "religião" ambienta.li sta comemora essa política suicida de "engessamento" do País. Para ela, a mata inculta e o primitivismo constituem um santuário habitado por uma "divindade" panteísta, por vezes denominada Gaia. Será este o novo nome do pai da mentira? •

Jogo ensina a montar rede de narcotráfico oi lança.do em Londres o jogo eletrôni co "The cha.ps fro m Amsterda.m" ("Os amigos de Amsterdã"), mediante o qual os joga.dores devem montar uma rede de compra e venda de drogas ilegais, sem serem descobertos pela polícia. O diário "La Na.ción", de Buenos Aires, afirma que esse j ogo é considerado uma "iniciação numa das pioresformas de criminalidade". A empresa Ha rd Jmpact Boa rd Games Ltd montou o jogo após 10 anos ele "trabalho duro" em locais noturnos, festivais e cárceres. Não se deve estranhar que uma criança normal apareça de repente chefiando uma gangue ele narcotraficantes, pois pode a.prender a praticar o crime em casa, com o presente recebido de algum parente ou amigo ! •

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Santo Sudário: impropriedade dos testes de Carbono 14

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ois recentes livros incluem novos dados científicos sobre o Santo Sudário. O vaticanista do jornal de Turim "La Stampa", Marco Tosatti, publicou a obra "lnchiesta sul/a Sindone", que apresenta novas provas científicas da Universidade La Sapienza, de Roma. Tosatti afirma que a ciência ainda não pôde explicar como se formou a imagem: "Não é pintura, não há nenhum pigmento e não foi marcado por algum objeto quente [. .. ]. É um mistério, um dos grandes mistérios da Igreja. [. ..] O rosto é de uma beleza de características como eu nunca vi em nenhuma pintura". E os cientistas Sébastien Cataldo e Thibault Heimburger publicaram o livro Le linceul de Turin, com uma síntese das últimas descobertas a respeito do Santo Sudário. Estas evidenciam que os testes realizados com Carbono 14 em 1988, segundo os quais o Santo Sudário seria uma peça da Idade Média, foram talhos.

Mais um exemplo do poder do Santo Rosário

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ois cidadãos americanos divulgaram na Internet fato narrado por Mons. William Kerr, falecido neste ano . Certa noite em Tallahassee, Flórida (EUA), ele fora chamado pela polícia para atender uma república feminina de estudantes vitimada por um terrível assassino serial. Duas moças morreram , e outras agonizavam . Somente uma jovem não sofrera nada, pois quando o criminoso abriu a porta do quarto e apontou contra ela sua arma, esta caiu no chão e ele fugiu. A moça narrou ter prometido à mãe que rezaria o rosário toda noite antes de se deitar, como fazia naquele momento. Anos depois, o religioso atendeu o assassino condenado à morte, e este lhe contou que, quando viu a jovem com o terço na mão, não pôde dar um só passo, a arma caiu de sua mão e ele teve que sair correndo .

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INFORMATIVO RURAL Falanclo de so11J10s e utopias Quando esta edi ção de Catolicismo vie r a lu me, a ex-mini stra soc ia lista M arina S il va, q ue po r suas pos ições a mbi e nta li stas radica is ta ntos malefíc ios vinha causando aos agropecuari stas, talvez seja, segundo notícias da impre nsa, uma das cand idatas à presi dê ncia da R e públi ca. E ufo ricame nte e la j á dec larou: " Pre-

cisamos ter novos mantenedores de sonhos e de utopias" ("O Estado de S. Pa ulo", 12-8-09) . Este ling uaj ar das esquerdas s ig nifi ca: que re mos tran sfo rm a r o mundo medi a nte a "feli c idade" imposta pelo terror, caso não pude r ser o btida pela lega li dade. Segundo R obert Beauv ais, autor de Les Tartufes de l'Écologie (ed. Fayard, 1978), "com a utopia p rogram.ada desenha-se o recurso fatal à tirania,

única capaz de impor a ordem sonhada". Inver tem/o os papéi s A Conferê nc ia Nacio nal dos B ispos do Bras il (CNBB) comuni cou a realização da 29ª Assemblé ia Regiona l do Conselho lndigeni sta Miss io nári o (CIMI) No rte II. Neste a no o tema será: Mudan-

ças Culturais na vida dos povos indígenas. Seg un do a nota d a CNBB, são ag ua rdados mi ss io nários, representa ntes dos po vos in díge nas Tempé, K ayapó, Borari e G uara ni, que a uxiliarão a e nte nde r as mudanças que ocorre m nasa ldeias e como a Igreja pode se prepa-

rar para enfrentar os novos desafios do trabalho junto aos povos indígenas. E m maté ria publi cada e m ma rço de 2004, sob o títul o "Discriminação neo-

missionária - Religiosos condenam nossos índios à barbárie", Catolicismo j á denunc iava: "É desumano não permitir o progresso a nossos indígenas, co,~finá- los em reservas, num reg ime tribal para que continuem imersos no atraso e na barbárie. Sob retudo é inconcebível não evangelizá- los, evitando que eles tenham abertas diante de si as portas da Religião católica. Mas esse é o desejo de agitadores esquerdistas e neomissionários progressistas". Dando mais um passo à fre nte nessa desastrosa política, hoje é a corre nte progressista da Igreja que desej a pre parar-

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CATOLICISMO

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A ex-ministra socialista Marina Silva usando o boné do MST

se para e ntender me lhor a "cultura indígena", numa pos ição de subserviê ncia. També m estará presente e to mará a pala vra um rep resenta nte da Via Campesina, a multin acio nal da baderna, q ue hoje já com a nda o M ST. Ao e ntra r no mundo ind ígena, q ue ocupa 13% do território nacio nal, a Vi a Campes in a ossomará aos 8% da área oc upada por assenta me ntos.

Um al erta que não /'oi atem/ido E m 1977 , P líni o Corrêa de Oliveira publicou o livro Tribalismo Indígena, ide-

al comuna-missionário para o Brasil do Século XXI, relançado recente mente, com uma atuali zação, pelo mo vimento Paz no Campo (www. paznocarn po.org. br). Foram ve nd idos, na é poca de seu lançame nto, 77. 000 exempl a res, e a reedição esgoto u-se e m me nos de um mês. O li vro tro uxe à luz do dia, com a mpl a e impression a nte doc ume ntação, urna rea li dade da qual a opinião cató li ca e ntão não suspeitava, porque estava sendo prepa rada di screta me nte nos cenác ul os progr>ssistas. Denunc iava a existênc ia, no amb ie ntes missio nários, de um a te ndê ncia ele profu nda s impatia em relaçã a uma forma de vida ind ígena, em sua xpre são mais pr imi tiva e radi ca l. Ta l s impatia lançava uas raíze e m cong re. o ecumê nico intern ac io nais do in íc io ela clé-

cada de 70, nos quais p redominava a tese de que não se de vi a proc urar a co nversão dos índios à Re ligião católica, mas trabalh a r para que eles e nco ntrasse m valo res em suas c re nças upe r tic iosas e primitivas.

Novo slww do MS1' Após o fracasso cio abri l vermelho, o MST, comandado hoje pela Via Campesina - a internacional 0111 se le na Indonésia, que veio aq ui infil trar-se para comandar a baderna no campo brasileirn - , lançou-se numa ' .i rnada de lutas", cujo objetivo é: mais incentivos para a Reforma Agrári a e os assentamento , visando a liberação I R$ 800 milhões do o rçamento do íN RA, bem corno atuali zação dos índi ces I produtividade agrícola. Para isso, realizou protes tos e m 13 estado e in vad iu a sede cio Ministério da Fazenda em Brasília, usando sempre seu costumeiro estil o arruaceiro e depredador. Enquanto L ula vangloriava-se, em sua coluna semanal na imprensa, ele ter assentado 519.111 famílias - mais da metade cio total de l milhão ele famílias nos 40 anos ele existência da Reforma Agrária - seu mini stro do D esenvolvime nto Agrário, G uilherme Cassei, esbravej ava: "Esses

senhoresfeudais não podem dispor da terra como quiserem, sem levar em conta a

questão da produção de alimentos". Seg u nclo ele, a CNA deveria estimular a produ tividade, e m vez ele se colocar cio lado errado. Quanto ao tom, o mini stro esteve mais para Milioutine (comi ssário do povo para a Agricultura do governo de Lenine) na re vo lução bolchevi q ue. D e mo nstro u ainda desconhecer o que fo i o fe udali smo. E na questão cio desenvolv ime nto agrário, demo nstrou não saber pratica mente nada sobre a produção de alime ntos no Bras il. Em edito ri al, "O Estado ele S. Paulo" come ntou com estas palavras o escorregão do ministro: "Para começar, não há no

a lme nte devemos a estabilidade da economia cio País ao agro negóc io. Apesar ela fa lta de apo io cio go ve rno, o ag ro negócio e leva nosso PIB , faz com que a bala nça comercial seja alta me nte positi va, e sobretudo alime nta nossa po pul ação. N ão pode mos aceitar que a recompe nsa po r esse extraordinário resultado seja a imposição ele índices maiores de produ tividade, com o único intuito de criar pretextos fal sos visando desapro priar e in vadir te rras e tomá-las . O que a ntes era uma conclusão aparenteme nte sem fund ame nto, agora é pretex to confessa do: "A inten-

Brasil um problema de oferta de alimentos. A produção é mais que suficiente para abastecer o mercado interno e para atender muitos clientes no exterio1: Se ainda há algum.problema de subnutrição no Brasil, é por falta de empregos produtivos e de renda, e não por escassez de comida".

ção é agilizar e baratear a Reforma Agrária" (Ministro G uilherme Cassei, do De-

Nova ameaça do Governo Apro va r a re visão d os índi ces de produti vidade é mais um a a meaça que pa ira sobre o ca mpo bras il e iro . O s ite www .paz nocam po.org.br ale rto u para ela e m 2006, e o Prínc ipe D. Bertrand ele Orleans e B ragança, e m seu bl og http :// w ww . paz n oca m po . o r g . br/B I og / B log db.as p, prev ine constante me nte o públi co qua nto ao perigo qu e re presenta o a ume nto desses índi ces. Todo mundo sabe e reconhece q ue atu-

Guilherme Cassei Ministro do Desenvolvimento Agrário

senvolvime nto Agrário, e m e ntrevi sta a "O Estado ele S. Pa ulo", e m 7-7-06). Qua ndo estava sendo di sc utido o proje to da Constit ui ção a tu al, Plínio Corrêa de Olive ira a lerto u a N ação pa ra o pe rigo da apro vação ele leis que deixassem nas mãos cio governo a poss ibi liclacle de desapropri ar terras co m base em índices fa bricados pelo própri o governo. E ntreta nto, os de putad os constituintes, qu e de veria m estar ate ntos para defende r os interesses ela ag ri c ultu ra e do Brasil , caíra m num pesado sono. E hoje esta mos co lhe ndo os fr utos a margos da introd ução, e m nossa Carta M ag na, dessa espéc ie ele "cheque e m branco", que pode ser usado por qu alqu e r governo soc iali sta contra o agronegóc io: os "índi ces de produ tividade". É o que está aco ntecendo neste mome nto . Co nstate o leitor co mo isso é realm e nte grave. Bas ta ha ver um go verno ele esq uerda, como aco ntece hoj e, e essa espada de Dâmocles a meaça ca ir sobre cabeças de agropec ua ri stas! O u seja, inve nta m-se c rité ri os absurdos de desapropri ação, pa ra tra nsformar p ropri edades produtivas e m assentame ntos absolutame nte improdutivos do M ST. A rev ista " Vej a", ele 4 de ma io ele 2005, de nunc io u os índ ices que estava m e m estudo no INCR A. E m julho ele 2006, uma Portari a In termini sterial (Agri c ultu ra e Desenvo lvime nto Agrário) estava pro nta, co m os nú me ros e m segredo , parada na Casa Civil , à espera cio res ultado elas ele ições . Consta que o ex- mi ni stro R o be rto Rodri g ues se de mi tira por não concordar com os índices propostos. Só fa lta agora a aprovação cio pres ide nte

para e la e ntrar e m vigor. Segundo o j o rnal " Va lo r" de 11 -8-09, Lul a dec id iu co mprar a bri ga com o seto r ru ra l.

1'iro 110 p é Ao participa r no di a 11 ele agos to de a udi ê ncia públi ca na Co mi ssão de Agri c ultura ela Câmara dos D e pu tados para di scutir os recentes aume ntos cios preços ele produtos lácteos aos consumidores, o de putado fe deral Lu ís Carl os Hein ze (PP-R S) ma ni fes to u preoc upação co m a medida do gove rn o q ue a uto ri zo u a importação de le ite de países do M e rcosul. Vi ve mos urna c ri se de ab undâ nc ia de prod ução, por efi ciê ncia ele nossos produtores, e mes mo ass im o governo liberou a e ntrada para o produ to cio U ru g uai e Argentina. Seg undo o parl ame ntar gaúcho, nesse caso a libe ração do me rcado causa impac to di reta me nte na renda dos agri c ul to res brasile iros, e conseq üe nte me nte no va lor dos deri vados cio le ite nos supermercados. Ao invés de proteger o me rcado inte rno e o consumido r nac ional, o gove rno o pta po r deixar a cade ia produ tiva à me rcê ele urna concorrê nc ia externa. É um a conseq üê ncia desastrosa ela ingerênc ia desca bida do governo na econo mi a. Para agraci ar seus pa rceiros esque rdistas, o País dá um ti ro no pé, achatando o preço q ue o agric ulto r recebe (R$ 0,77 por litro), sendo o produto ve ndido por preço pe lo me nos três vezes maior nos superme rcados. •

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As questões climáticas e os "eco-alarmistas" E m torno do propalado debate sobre o aquecimento global, têm sido levantadas várias hipóteses de catástrofes. O Prof. José Carlos Almeida de Azevedo, ex-reitor da UnB, é um dos que contestam tal visualização.

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atolicismo entrevistou so-

bre questões climáticas e ambientais um cientista de grande destaque, com numerosos artigos publicados na grande imprensa e participação em debates televisivos . Doutor em Física pelo Massachusetts lnstitute of Technology (Mil), o Prof. José Carlos Almeida de Azevedo foi reitor da Universidade de Brasília (UnB) e capitão engenheiro da Marinha de Guerra . Ele rebate as teses alarmistas sobre o aquecimento global, baseadas em pretensa fundamentação científica, e esclarece o verdadeiro alcance da ação humana nas mudanças climáticas . Em sua ampla biblioteca, o Prof. Azevedo atendeu o colaborador e correspondente de Catolicismo em Brasília, jornalista Nelson Ramos Barretto. Com linguagem simples e direta, foi logo explicando que, tanto na Universidade quanto na Marinha, dedicou-se mais à área administrativa. Entretanto, interessou-se sempre pelo problema do clima, por ser "um disparate que não tem tamanho" o que se propala a respeito.

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Catolicismo - Muito se fala sobre a questão do aquecimento global. Mas qual é, de fato, a influência da ação humana sobre o clima?

CATO LICISMO

Prol: Azeve<lo: "Como se pode achm· que o J,omem tem inlluência diante das forças da nawreza? Comecei a estlldar, e descobri uma sé1ie de incongmências e incoerências"

Prof: Azevedo - Como se pode achar que o homem tenha influência sobre as forças da natureza, diante de tudo que está aí há milhões de anos? Comecei a estudar o tema, e descobri uma série de incongruênc ias e incoerências nessa questão. Tenho sobre elas escrito em alg uns jornais, fui solicitado a abordar o tema pela OAB, pela Associação Comercial e várias organi zações, e vou participar de um Congresso Internacional de Geoq uímica em Ouro Preto. Essa é uma temática que está na ordem do dia, porque a desproporção entre o que desejam ou o que podem realizar, e o que estão gastando, é incomensurável. Imagine que, para conter o tal aumento da temperatura da Terra nos 2 graus (como fo i anunciado na última reunião do G8), há estudos - efetuados, por exemplo, pelo Consenso de Copenhague - indicando que isso vai custar 13 trilhões de dólares! De onde sairá esse dinheiro? Do meu bolso, do seu bolso, do pobre coitado que trabalha para dar comida aos seus filho . Catolicismo - Quais são as bases científicas de todo esse alarme em torno do aquecimento global? Prof: Azevedo - A Terra é um conjunto dinâmico. O CO 2 que estamos emitindo irá para algum lugar, porque ele não vai desaparecer. Tudo influi: odesmatamento influi; os motores a combustão influem; a queimada, a derrubada das árvores também. O importante é saber em que proporção. Outra coisa é saber se isso é realmente importante, no sentido de

que, caso continue ocorrendo, influenciará a vida na Terra. Quanto aos níveis de CO 2 atuais, todos os levantamentos mostram que, no passado, eles foram muito superiores. O nível de carbono no ar chegou a 1.500 ou 2.000 partes por milhão. Atualmente está em torno de 380 partes por milhão. Os alarmistas referem-se a dados que não conseguem comprovar. Por exemplo, dizem que o nível de CO2 começou a crescer com o adve nto dos combustíve is fósseis, ou seja, da era industri al. Não é verdade. Nem os dados do nível de CO 2 no ar, no início da era industrial, são inteiramente conhecidos. Uns dizem que era 400, outros que era 160, o próprio IPCC diz isso. En tretanto, não há dados concretos sobre os níveis de dióxido de carbono no ar, que fundamentem uma decisão de tal ordem, expressa na formulação: "Os países desenvolvidos devem cortar 20, 30, 40% dos combustíveis fósseis a té o ano tal ". Uma decisão assim irá quebrar a eco nomi a mundial. Quem irá sofrer? Os mais pobres, as nações africanas e as nações do mundo pobre, no qual se inclui a América latina. Usamos combu stíveis fósseis mesmo, além deles não há mais nada. Dizem os alarmistas: "Mas há as energias alternativas e as energias renováveis ". Não existe isso. Quais são as energias alternativas? O vento, a maré e o sol. Todas essas energias somadas constituem hoje 5% do consumo de energ ia na Terra. Como é que vamos mudar toda uma matriz energética em 20 ou 30 anos, para satisfazer a interesses - escusos, a meu ver - de determinadas pessoas ou de certos grupos econômicos interessados em prej udicar o desenvolvimento de países mais pobres, e concornüantemente prejudicar os países mais ricos? Isso é o que está em jogo. Não há fundamentação científica nenhuma para isso. Não há nenhum trabalho científico que afirme : "Se o nível de dióxido de carbono aumentar de tanto, vai acontecer isso e aquilo outro". Eles se baseiam em dois trabalhos - dos anos 1830 até 1896 ! - de Jean-Baptiste Fourrier e Svante Arrheniu s. Acontece que o trabalho de Fourrier é anterior ao conhecimento dos efeitos da radiação. Não se sabia nada a respeito dela.

Catolicismo - Qual a proporção da ação humana na ação da natureza? Prof Azevedo - Nenhuma. A natureza está aí dessa maneira, e deve continuar do mesmo jeito ainda por muitos milhões de anos. Depois tudo vai desaparecer. Tudo veio do sol. O petróleo veio do sol, pela decomposição da matéria orgânica. O CO 2 influi no clima? Provavelmente sim. Tudo influi no clima.

Todas essas energias somadas constituem hoje 5% do consumo de energia na Terra . Como é que vamos mudar toda uma matriz energética em 20 ou 30 anos?

"Jlá grupos econômicos internssados em prnjudicar o desenvolvimento de países mais pob1·es, e concomitai1te-

Catolicismo - O Sr. poderia falar sobre o efeito do C0 2 e o efeito estufa? Prof: Azevedo - São duas coisas di fe rentes . Primeiro, o nome efeito estufa é errado cientificamente, é tecnicamente errado. Eles usaram essa denominação para chamar a atenção das pessoas, tentando estabelecer uma correlação entre o que se passa na atmosfera e o que ocorre dentro de uma redoma de vidro, onde se colocam plantas para se manterem a uma determinada temperatura. Dentro da redoma de vidro ex iste o efeito estufa, que decorre do seguinte: a radiação do sol entra e aquece o chão, aquece tudo o que existe lá dentro, e não consegue sair. E isso acontece não porque o vidro bloqueia a radiação, mas porque o ar fo i aquecido. E se o ar não tem possibilidade de sair, ele fica aq uecido lá dentro. O que sucede tem analogia com esses casos de crianças que morrem denlrn de carros fechados, deixados ao sol com vidro fechado. Aquilo vai aquecendo gradativamente. Mas ab rindo-se o vidro, o ar sai. Na atmosfera não existe o vidro, o ar é li vre. Os alarmistas então levantaram a hipótese de que a radiação vai lá para cima e se reflete. Isso não tem nenhuma fundamentação científica. O CO2 influi? Sim, mas influi quanto? Os combustíveis fósseis emitem por ano seis ou sete bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Mas os mares emitem 90, é uma desproporção fa ntástica entre uma coisa e outra. As plantas emitem uma quantidade quase igual. Os cupins emitem uma quantidade enorme de metano.

me11te prnjudicar

os países mais ricos"

Catolicismo - Pode-se afirmar que o C0 2 é necessário para a vida na Terra? Pro_/: Azevedo - Toda a vida na Terra depende do CO 2 • Toda matéria orgânica possui carbono. O carbono ex istente aparece u por processos geológ icos,

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sos nas montanhas de rochas. A água infiltrou-se, congelou e ex plodiu a rocha. Está tudo lá, e pode ser comprovado. Isso sempre ocorreu e sempre sucederá, não tem nada a ver com poluição e desmatamento. Odesmatamento é prejudicial, e a poluição é um problema mais de educação do que um proble ma climático. Essas coisas todas, os alarmistas misturam para confundir o público. H á uma pessoa no Rio de Janeiro - não vou dar o nome, porque seria até depreciativo- que após ler matéria sobre o tema, vendeu seu apartamento na praia de Ipanema, porque di sseram que o níve l do mar iria subir sete metros ...

ou está enterrad o nas rochas e nos mares. As plantas absorvem o CO 2 . Sem CO 2 , as plantas não crescem. Catolicismo - Fala-se muito da Amazônia. Qual é a real repercussão do desmatamento da Amazônia sobre o clima global? Pro.f Azevedo - Apare nte mente nenhuma. Catolicismo - Foi publicado que uma das causas da chuva da Amazônia é a areia proveniente do deserto do Saara. Pro}: Azevedo - Ela vem do Saara, que já fo i uma fl oresta e possuía rios caudalosos. O c li ma muda muito, e muda sempre. E continuará mudando sempre. Catolicismo - O ser humano tem possibilidade de mudar o clima? Prof: Azevedo - Não tem, porque a ordem ele gra ndeza é fantást ica . O homem te m que descobrir maneiras de conviver com a mudança do c lima. As grandes mi grações humanas ocorreram, e m prime iro lugar, por causa do c li ma. Assim , as que ocorreram na Pérsia, na c ivili zação acad iana (Mesopotâmia), as que ocorreram na meso-A méri ca e tudo o mai s. O c lima mudou , a te mperatura subiu não sei quantos gra us, as ág uas fora m embora, escoaram para outro luga r. E as popul ações mudaram e passaram a conviver com outro c li ma. Se não houvesse alterações no clima, todos nós, a inda hoj e, estaríamos morando na África. Toda a humanidade estaria vivendo lá. E atualmente esse continente, e m parte, é um deserto. Catolicismo - Os "eco-alarmistas" alegam, como prova do aquecimento global, que as geleiras dos pólos norte e sul, e as dos Alpes, estão derretendo. Pro}: Azevedo - A geleira só faz duas coisas: aumentar e diminuir de tamanho. Na última era glacial hav ia gelo no mundo todo aci ma de 12° de latitude norte e sul. O Bras il era coberto pe lo gelo, a África e toda a Europa també m. No último grande período de fr io, há 18 ou 20 mil anos - não era propriamente uma glac iação - , hav ia gelo com espessura de do is qui lômetros na Europa. Esse gelo derreteu, desapareceu. As rochas explod iram e formara m-se aq ue les fiord es da Noruega. Abriram-se aque les vales imen-

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CATO LICISMO

Há uma decisão da Corte Superior da Inglaterra e Gales, que proibiu passar nas escolas o filme de AI Gore, ex-vice presidente dos EUA

"A poluição é um problema mais ele educação do que um problema climático. Essas coisas toe/as, os alarmistas mistuN1m para confundir o público"

Catolicismo - E o nível dos mares subirá, de fato? Prof: Azevedo - Veja os exemplos que os "eco-alarmistas" apresentam, de que os mares estão subindo, de ilhas que estão desaparecendo. Nada disso é comprovado. Há uma decisão da Corte Superior da Inglaterra e Gales, que proibiu passar nas escolas o filme de A I Gore, ex-vice presidente dos EUA, distribuído gratuitamente nos estabelecimentos de en ino para provocar essa comoção. Em benefício de alguns aproveitadore , que investem em créd ito de carbono, em painéis solares, energia eólica e todas essas coisas. E les estão ganhando fortun a colossais. A corte inglesa, entretanto, anali ou o filme, encontrou 11 erros e proibiu que ele fos e projetado, sem apontar esses erros. Na realidade não são 11, mas 35 erros. É uma peça hollywoodiana, não fo rnece nenhuma fundamentação científica. É tudo balela. Catolicismo - E qual o valor científico desse relatório IPCC da ONU? Prof: Azevedo - O IPCC não elabora relatórios, ne m rea li za estudos científicos. E le reúne estudos c ientíficos re lacionados com o clima - até bons e tudos, e aí é que começa um pouco da malandragem - e faz o que denominam assessment report: re lató ri os para assessorias, re latórios para os formuladores de políticas. E com isso o IPCC mistura tudo. Os relatóri os do IPCC, em tese, são bons, porque fundamentados em estudos científicos sérios, elaborados por c ientistas com competência para fazêlos. A partir de então é que as coisas mudam. Não existe nenhuma prova c ientífica de que os níveis dos mares estão subindo, e que a geleiras estão acaba ndo. Os alarmi stas di zem que as geleiras estão derre-

lândi a. Não é verdade, todo mundo está no mesmo lu ga r. Dizem que, se não ho uve r muda nças, as maçãs de Santa Catarin a vão desaparecer. Se algum órgão públi co - o Mini stério Púb lico, a Ordem dos Advogados, alg uma entid ade que tenha representativ idade - questionar qua l a pro va di sso , e les não a apresentam.

te ndo, mas não informam que atualmente é verão no Pólo Norte. Como é que as gele iras não vão derreter? Têm de derreter, sempre de rreteram nessa estação. As geleiras estão derretendo e os alarmi stas di ze m que a Antártida está derretendo. Não está. O gelo da An tá rtida está a ume ntando. E e le se dirige para que reg ião? Para a pe nín sul a Antártica, aquele promontório que caminha na d ireção do sul cio continente ameri cano, onde há uma gele ira que ocupa me nos de 1% ele todas as ge le iras ela Antártida! A gele ira está derretendo, porque está escorrega ndo para o mar. Ela só faz isso: aume nta ele tamanho e escorrega para o mar, quebra e flutua . Catolicismo - Em outras partes do Pólo Sul, ela está aumentando? Prof: Azevedo - Não há ne nhuma comprovação de que haja um derreti mento significati vo elas ge leiras do P ó lo Su l. Nada que tenha fu g ido aos padrões normais observados nos últimos anos, em que essas coisas são observ adas. Catolicismo - No último ano o inverno na Europa foi dos mais rigorosos. Prof: Azevedo - Fo i dos mais ri gorosos somente nos últimos 20 anos, mas eles não dizem isso. Catolicismo - Para terminar, como se configura esse debate científico aqui no Brasil? Prof Azevedo - Em Manaus, ainda esta semana, terminou a reuni ão da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da C iênc ia). Um ami go meu, Luiz Carl os Mo lion, c limató logo alta mente competente, que considera ridícul as essas coisas todas de JPCC, fundam ento u cientificamente a tese de que as gra ndes mudanças do clima não ocorrem por ação humana. Mais importantes do que e las, por exempl o, são as osc il ações térmicas do Oceano Pacífico. No fund o do Pacífico há vulcões. As quantidades maiores de vu lcões que ex istem na Terra estão no fundo do mar. No sul , na Antártida, exi tem vulcões. Deba ixo do gelo da Antártida ex istem ri os, lago . Essas coisas foram descobertas recente mente por técni cas de radar e lase r. Acontece que tais fatos não são d ivul gados. Ficam dizendo que o nível do mar va i subir, que as ilh as vão desaparecer, que os habitantes elas ilhas do Pacífico estão provocando uma grande mi gração para a Austrá li a e a Nova Ze-

No fundo do Pacífico há vulcões, e debaixo do gelo da Antártica (foto), rios e lagos. O IPCC oculta o papel deles no chamado aquecimento global.

"As grandes mudanç,as do clima não ocorl'em por ação hwnana. Mais importa11te <lo que elas, po,· exemplo, são as oscilações ténnicas do Oceano Pacílico"

Catolicismo - São hipóteses? ProJ: Azevedo - Eles têm supe rcomputadores, e nesses supercomputadores tira-se o res ultado que se quiser. O co mputador é li xo pa ra dentro e li xo para fora. O que se co loca no com putador para e le processar, é processado. Se eu co locar que o níve l de CO 2 no ar hoj e é 20% , e perguntar quanto será daqui a tantos anos, roda aq ue la parafernália toda, com um custo fa ntástico, e resu ltam na produção ele fa lsos traba lhos cie ntíficos, hipóteses pseud o-c ientífi cas que não têm nenhuma importâ nc ia. A ind agação concreta é a seguinte: e xiste alguma prova cie ntí- · fi ca que re lac ione a ação humana com a mudança do clima? Res posta: Não há nenhuma. Poderá haver no futuro ? Jul go muito difíc il que isso ocorra, porq ue esse é um sistema incrive lmente complexo, e não há tratamento matemático e científico ca paz ele ser processado com um mínimo de segurança, que permita faze r afirmações dessa natureza. Catolicismo - O Sr. gostaria de acrescentar mais algo? Prof: Azevedo - Os governos, em particu lar o nosso, investem muito em eq uipamentos, em supercomputadores, para fazer essas projeções climáticas que não vale m abso lu ta mente para nada. É uma coisa curi osa, mas os meteorologistas que são competentes e dedicados trabalham no dia-a-d ia, faze m as projeções ou previsões para uma semana, no rmb imo para dez a 15 dias. Esse pessoa l do IPCC, que cuida de proj eções c limáticas por computado r, faz projeções para 20 ou 100 anos futuros. Ningué m va i conferir, mas daqui a 100 anos o nível dos mares ... Em minha opinião, para termin ar com o aq uecimento g lobal ta l como e le ex iste, é só desligar a e letri c idade desses computadores ... Não é uma ironia, é uma afirm ação que faço até com a lguma res pon sabilidade cie ntífi ca. •

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sono, depoi s dessa visão fantasm agórica? 15 mil a 20 mil euros é o preço estimado!

Bem em frente a Fontainebleau...

f'oltro11a

011

vaso sa11itálio?

Imagine, le ito r, o ma l-esta r e mes mo o nojo ele ter que senta r-se, na sala ele vi sitas ele um a mi go, nessa po ltro na ele pl ás tico laqueado (fi gura 3). Foi concebida em 1969 por Wencle ll Castle, e ma is parece um vaso sanitári o. O preço é ca lcul ado entre 1.500 e 2.000 euros.

P róximo ao castelo de Fontainebleau, estabelecimento comercial de

largas proporções oferece ao público, por preços astronômicos, quadros de "arte rnoderna" que se destacam pela hediondez e extravagância.

Gavetas empilhadas

"

GRE GÓRIO V IVANCO LOPES

J956. O preço de referênc ia para o leilão é calculado entre 250 mil e 350 mil euros !

E

ntre os caste los da Fra nça merece rea lce, po r sua be leza e por sua hi stória, Fontainebleau, cuja construção foi iniciada por Francisco r, rei ele 1515 a 1547. É diante desse portentoso edifício da arte renascentista francesa que se situa a Maison eles Ventes Osenat Fontainebleau, um vasto estabelecimento em que se vendem e leiloam obras ele arte. São três salas de vendas e 3.000 111 2 ele ex posições, onde se podem adqu irir quadros, móveis, automóveis de coleção, jóias, etc. Um ami go ele Catolicismo res idente em Pari s envi o u-nos um catá logo de propaganda cios objetos le il oados e m j unho pe la Osenat: 118 págin as em papel cuchê fosco , formato 24,5 x 32,5 cm, contendo um sem-número de ilu strações de boa qua li dade, tudo em cores e com explicações deta lh adas ele como proceder para adq uirir os objetos ou apresentar lances nos le il ões (pe la internet, por vi a posta l ou pessoa lmen te). Nas ilustrações, qu adros da cha mada arte contemporânea e obj etos ele arte decorativa do século XX. Tudo a preços astro nômicos ! Não conheço o resultado el as vencias, mas o catálogo pede um comentário.

A tela e o bl/J'l'O Os qu adros, como també m os objetos oferec idos, são frutos característicos do que se co nvencio no u cha mar "arte mode rna", totalm e nte co ntestáve l e nqu anto "a rte", na qua l se sente palpitar a il og ic icl acle, a cacofoni a e o di sforme, quando não o materi a li smo. Ante quase todas as numerosas te las apresentadas no

CATOLICISMO

Visão fa11tasmagórica Em matéria de objetos decorativos, note-se este suporte para lâmpada (figu-

ra 2), concebido por Pablo Picasso e m J950. Imagine-se uma cri ança desprevenida que, durante a noite, acende essa lâmpada e se depara com essa fi gura monstruosa, ele cabeça luminosa, e em cujos braços inchados parecem ter-se instalado olhos assustadores. Conseguirá ela conciliar o

Há també m es ta cô mod a (chest of drawers , figura 4), ass im descrita : Reunião de 2 1 gavetas recuperadas, em madeira, plástico e metal, amarradas com uma.fita que as envolve. A obra de "arte" é ele Tejo Remy, em 199 1, e seu preço vari a entre 15 mil e 20 mil euros. O natura l é que se te nha repul sa em decorar a residênc ia com algo ass im .

Ambientes formam os home11s Um catálogo tão lu xuoso, com preços tão altos para objetos tão di sformes , só se explica porque algo de muito importante e muito grave está em jogo. De fato, corno nos ensina PLinio Corrêa de Oliveira:

catálogo, tem-se a sensação de traços desco nexos, numa agressão ao bom senso, à orde m da natureza e ao reto vibrar da sensibilidade humana. Tudo isso condi z co m este fato mui to co nhec ido: num a ex pos ição de arte mode rna, diversas te las fo ram ad miradas e interpretadas por alguns "espec iali stas". Depo is se soube que não hav iam sido produzidas por mão huma na, mas

sim pela movimentação do rabo de um burro ao qual se a marrara um pincel, q ue va ueara e ntre a tela e potes de tini as de di ferentes cores . Não sei se o fato é verídico, mas pelo me nos verossím i1. E é ssa a sensação que produ zem vários do::. qu adros oferecidos no catá logo. Veja-se, por exemp lo, o ó leo sobre te la de Joa n Mitchel (figura 1), de

"Os homens formam para si ambientes à sua imagem e semelhança, arnbientes em que se espelham seus costumes e sua civilização. Mas a recíproca também é verdadeira em larga medida: os arnbientes formam à sua irnagern e semelhança os homens, os costumes, as civilizações. [. .. ] Assim, o católico pode e deve e.xigir, dos ambientes em que está, que sejam instrumento eficaz para sua forma ção ,noral. "Ora, em. matéria de arte - e ern muitas outras - uma propaganda hábil, pertinaz, onímoda, vai inculcando cada vez mais certo espírito de materialismo, de sensualidade, de e.xtravagância delirante. O estilo anim.ado por este espírito preside à construção ou reconstrução de cidades inteiras, marca em todas as partes do mundo o aspecto externo e a decoração interior da maioria dos ed(fícios novos de importância grande, média ou até pequena, e.xpõe suas produções em certames de arte universais " (Catolicismo, nº 37 e 38, j an. e fev. de 1954). • E-mai l do autor: gregori o@catolicismo.com.br

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Mont Saint-Michel P íncaro de força, belezn e fé w.

G ABRIEL DA S ILVA

Q

ue m observe o mapa da França, no tará e m s ua costa oc id enta l, banhada pe lo Atlântico, duas pontas ou imensas penínsulas : a maior, toda recortada em ilhas e pequenas baías, a desafi ar o imenso oceano; a menor, lembrando um chifre vo ltado para a Ing laterra, situada ao norte. A primeira correspo nde à Bretanha; e a segunda perte nce à Normandi a. Uma baía separa as duas penínsul as, e um rio, o Couesnon, divide os do is grandes ducados hi stóri cos.

Pirâmide Jnam11ilhosa No fundo dessa baía, circ undada por imensos bancos de areia caprichosamente des velados ou recobertos pelas águas ao sabor das marés, surge aos olhos do viajante - "como uma coisa sublime, uma pirâmide maravilhosa", no di zer de Victor Hugo -- a pequ e na ilh a de roc hedos encimada por gigantesca abadia, que se eleva em esplendorosa agulha a apontar para o céu. A seus pés, uma graciosa aldeia e vigorosos bastiões de defesa mili tar. É o Monte São Miguel - "Le Mont Saint-Michel, merveille d'Occident", como tão bem soa em francês. P ara o literato É mile B a um a n, no monte e nos arredores todas as horas são de be leza: "O céu eng randece as areias e as areias parecem eng randece r o céu". Madame Sévigné escreve u à sua filh a, na época de Luís XIV, lembrando corno o via de sua janela (ela habitava na região): orgulhoso e altaneiro, cheio de beleza. E o literato G uy de M aupassa nt o lhava a abadia como um castelo fa ntástico, a erguer-se escarpada lo nge da terra, mara vilhosa co mo um palácio de so nh o, in verossímilmente estranha e be la. Nes te cená ri o fa ntás tico, o mo nte impress iona ao e mergir com s ua silhueta imprec isa das brumas da manhã, ou

CATOLICISMO

como espl endo roso monumento em di as límpidos. Num re lance podem-se ali vislumbrar o píncaro transcendente da visão re lig iosa, o es pírito da fo rtaleza mili ta r e a doçura de viver da pacífi ca alde ia cio "m.enu peuple de Dieu" - o povinho que ainda praticava os M anda mentos. Como pôde tra nsfo rm ar-se e m mara vilh a cio Oc ide nte essa simpl es ilhota graníti ca de 900 metros de c ircunfe rência e 80 metros de altura? A respo ta a essa questão ex ige uma descrição ao menos sucinta da geografi a cio lugar e o re lato cios principais fatos que ali se dera m.

O rio e o Jnar Durante sécul os os bancos de are ia vinha m se movime ntando e se ac umulando em torno da pequena ilh a. M ovi menta ndo-se, porque a baía onde se encontra o Mont Saint-Michel está sujeita a grande di fe rença de níve l entre as marés altas e baixas. E m certos dias, chega a 14 ou 15 metros - das ma iores da Europa - devido a fa tores naturais como as fases da lu a, a conjunção cios as tros e a rotação da Terra. Ass im , o mar pode recuar muitos quilô metros numa manhã e voltar na ta rde cio mes mo dia, para inundar todas as pastage ns costeiras. Os bancos de areia movimentavam-se muito, não só por causa das marés, mas também pressionados pelo rio Couesnon, que deságua no mar em fre nte ao Mont Saint-Michel e estabelecia o limite entre a B retanha e a Normandia. A mobilidade das are ias determinava um a mobilid ade do curso do próprio rio em sua foz. Assim , tendo o monte pertencido à primeira, em ce1to momento passou à segunda, levando os bretões a cunhar o di tado: "Le Couesnon afaitfolie / Cy est le Morzt en Normandie" (O C uesnon fez uma loucura e colocou o monte na Normandia).

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co mo fi gura ela Jeru salém ce leste. No sécul o seguinte fi zeram-se novas ampliações na abadi a. E m 1204, um a parte el a abadi a foi destruída por um incêndio. No mes mo ano o rei Filipe Augusto, avô de São Luís, ve nceu definiti va mente os normandos, anexando o ducado à Coroa de França. Para mani fes tar sua gratid ão por essa conqui sta, fez uma doação à Abadia ele São Miguel, o que permitiu a construção

cio conjunto gótico hoje conhec ido co mo "a M aravilh a" , em lu gar do qu e fora destru ído no incêndio. Ao longo da Guerra cios Cem Anos (séculos XIV e XV), várias constnições mili tares deram à ilha um caráter ele fortaleza indomável, tendo resistido a um cerco de mais ele 30 anos feito pelos ingleses. Transformada em prisão durante a Revolução Francesa e o império napoleônico, a abadia chegou ao fin al do século XIX

em estado lamentável. E m 1874, passou à tutela dos Monumentos Históricos, ou seja, cio Estado fra ncês. Feli zmente a infl uência artisticamente benéfi ca da escola ele Yiollet-le-Duc se fez sentir, e o campanário da abadi a pôde ser coroado com a audaciosa agulha encimada pela estátua dourada cio Arcanjo São Miguel vencendo o d ragão in fe rn al, obra de E mm anu e l Frémiet, concluída em 1897.

Passados ma is cem anos, a estátua cio Arca njo fo i redourada, e é assim que a vemos hoje. Co nsiderado o Monte Sa int-Mi chel como um monumento, sem dúvida algo se faz para co nse rva r essa maravilh a. Atualmente estão em execução obras gigantescas, qu e têm por obj etivo devo lver à baía o antigo movimento das ~íguas e areia,, e assim impedir o assoreamento ocorrido nos últimos tempos. Uma co isa, porém, fa lta aos homens de hoje: o espírito sobrenatural, que moveu os antepassados a erguer essa obra sobre-humana de força, beleza e fé. • E- mail do autor : w -gabriel @cat o li ci srno.com.br

As al)arições <lo Ar ca11jo Segundo as crônicas, no ano 708 o Arcanjo São Miguel apareceu duas vezes a Sa nto Aubert (acima) - Bi spo de Avranches, cidade situada no fundo da baía - ordenando-lhe que erguesse uma capela em sua honra no rochedo que então se chamava Monte Tumba (ou Túmulo). Inseguro quanto à realidade da visão, o bi spo protelou a construção da capela. Apareceu-lhe então pela terceira vez São Mi g ue l, tocand o- lh e a cabeça co m o dedo, de tal modo que Aubert não pôde mais du vidar. Esse sinal fi cou marcado indelevelmente no crâni o do santo, durante muito tempo ex posto no tesouro da bas ílica de São Gervás io, de A vranches. Há exatos 1300 anos, em 16 de outubro de 709, Santo Aubert co nsagrou ali a pri meira igreja em honra cio Arcanj o, e o monte tomou a partir ele então o nome do Chefe ela M ilícia Celeste. Durante a Idade Médi a, o Monte São Mi guel torn ou-se um dos mais importantes centros ele peregrinação, ao lado ele Roma e ele Santiago ele Compostela. Os penitentes tomavam o "ca minho do Para íso" em bu sca do auxíli o do Arcanj o.

O l'Ci e a "Maravilha " E m 966 , a ped ido ci o d uqu e d a Normandi a, os monges beneditinos insta lara m-se no Monte São Miguel, e outra igreja construiu -se ali . No século XI, nova e magnífica igreja abac ial ergueuse no cume cio rochedo, sobre um conju nto de criptas: os medi evais a vi am

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CATOLI C ISMO

Cordeiro pré-salgado

Omeletes e cordeiro pré-salgado Pa ralela111ente ao fervor rei igi oso que deu ori gem às peregrin ações na Idade M éd ia, urna pi toresca aldeia fo i-se f'or111ando aos pés cio M onte São M iguel , vo ltada ao atendimento dos peregri nos. Toda a população cio povoado (nunca fo i grande, e ain da hoj e contém menos ele 100 pessoas) sempre teve sua v ida vo lrada para o aco lhi111ento cios peregri nos dos tempos remotos e dos tu ri stas na atuali dade. No sécul o XIX houve urn reafervorarnen to desse e píri to relig ioso e das peregrinações, tendo como con eqliênci a doi s subprodutos cul turai s na regi ão: as fa mosas o meletes da M ere Poul ard e a carne de cordeiro pré-sa lgada. Os turi stas do sécul o XX I não são tão ex igentes e111 matéria de cul inári a. e hoje há que111 po nha e111 dúv ida a fama dessas 0111eletes. Q uant o à carne ele co rdeiro pré-sa lgada, é ass i111 cha111ada porque os reba nhos ele ovelha s q ue se cri am j unto ao Monte São Mi guel alimenta111 -se ele cap im in ter111i tente111ente ba nhado pel as águas sa l gadas do mar. Os ani ma i s - trata-se ele u111 a va riedade da raça S11/folk - cresce111 então co111 uma carn e rica em sal e iodo, 111uito aprec iada pelo gastrô no mos.

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.As teorias darwinistas, quando levadas a seu extremo de negação de Deus e da ordem natural, induzem à aceitação da "cultura da morte": a extinção do homem. n Lu1s DuFAUR

le ito r me perdoe começar com este fa to aberrante: a Ginemedex, clínica de abo rto de Barcelo na, utili za liquidificadores para "sumir" com os restos de bebês abortados com mais de sete meses de gestação !1 O pretexto para essas " moedoras de bebês" é o fato de a lei obri gar as clínicas a enterrar os despoj os das crianças sacrificadas com l l ou 12 semanas de gestação. E tais clínicas não querem arcar com as despesas do enterro ... Como é possível que tal fato não suscite uma onda de compaixão pe las cri-• ancinhas que acabam ass im os seus di as? E, convé m ressal tar, e las não fora m bati zadas ! Pe nsava eu nisto qu ando li a escritos de John Holdren - o no vo "czar" das ciê nc ias do presidente Obama - , que me lembraram os sofi smas da pregação progressista , ecolog ista e da "c ultura da morte". E ia refazendo na minha cabeça as discussões que tinha com colegas progress istas, aos qu ais e u apresentava a contra-argumentação. - "É a evolução ... o ho mem multiplicou-se mais do que o meio ambiente pode suportar. Com sua civilização, ele ameaça o clima da Terra. É preciso redu zir seu número até com métodos drásticos e compulsivos". - E a moral? - reagi como que instintiva me nte. - "M oral? Não há moral. Darwin mostro u qu e nada é defi nitivo, que o homem é apenas um estado passageiro da evolução. Ontem ele se assemelhava a um simióide que andava de quatro pelas ga lhari as das árvores. Anteonte m es-

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tava contido numa espécie de a meba no fundo dos mares . Amanhã será outra coisa. A natureza muda ... e a moral se altera junto. Os mais fo rtes prevalecem. No futuro, virá talvez um ' homem novo' que substituirá nossa org ulhosa humanidade. É a le i da evolução". - M as o homem não é fi Iho de De us, sa ído de suas própri as mãos, fe ito à sua imagem e semelhança, destinado à bemaventurança ete rna? - "O ra essa ! Darwin mostrou que nada di sso te m base c ie ntífica. Isso é coisa de espírito retrógrado, fund amentali sta, inimigo da c iência e do progresso huma no". - Mas se nada é fi xo, imutável, eu não posso ter segura nça de nada? - "Nada ... nada ..., nada é imutáve l. Veja a Religião católica, teólogos que aceitam a evolução, como Teilhard de Chardin. Eles criaram uma nova teologia, viraram a Igreja Cató lica pelo avesso. A única segura nça é que tudo ficou insegw·o, ince1to. É a evolução, meu caro, é preciso adaptar-se ou desaparecer!" E nquanto afasta va estas ameaçadoras idéias, fui me info rmar sobre o que Darwin , cujo bi-cente nário do nascimento comemora-se neste ano, afirm ava de fa to a respeito da evo lução.

A viagem em volta da 1'erra e "A Ol'igem das Espécies " Charles D arwin (1809-1 882) nasce u numa abastada famíli a inglesa. Estudou ciê ncias naturais nas universidades de Edimburgo e Cambridge. Ainda j ovem, empreende u uma viage m de quase cinco an os e m volta da Te rra (1 83 1-1 836). SETEMBRO 2009 -


Ne la ac umul ou observações e amostras do reino animal. De retorno à Inglaterra, guardo u as anotações embaixo de uma escada. As crianças da casa arrancavam as fo lhas para brincar. Mai s de vinte anos depois, o naturali sta Alfred Russel W allace (1823- l9 13) mostrou a Darwin o livro que ia publi car, com idéias próximas às dele. Darwin recuperou então as velhas anotações, ordenou-as e publicou-as. Surgiu assim , há 150 anos, A Origem das Espécies. Contrariamente à saga corrente, a viagem não mudou a atitude de Darwin em face de Deus·. Por exemp lo, após entrar numa floresta brasileira, escreveu: "Não

era possívelfonnar-se uma idéia dos sentimentos de maravilhamento, de admiração e de devoção que enchem e encantam o espírito. Lembro-me bem de ter ficado convencido de que no homem há mais do que o simples influxo do corpo ". 2

Crise religiosa: Darwin toma-se anticristão Mas o Charles Darwin de A Origem das Espécies mudara completamente em relação ao naturali sta expedic ionário. Ele fora criado no protestantismo, tendo depois perdido qualquer vestígio de fé entre 1836 e l839. Tornou-se agnóstico e visceralmente contrário ao cristianismo. Em sua Awobiografia, narra como voltou-se contra o Deus da Bíblia. Tal confissão de apostasia é tão chocante, que seus descendentes impediram a divulgação. Ela ó veio a lume numa edição ele 1958, onde afirma num trecho censurado: " De fato, dificil-

mente posso admitir que alguém. pretenda que o cristianismo seja verdadeiro; pois, se assimfosse, as

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Anticristianismo e el'olucionismo ex.plicita<los simultaneamente Darwin passou a confessar-se ag nóstico e a menosprezar ac intosamente a Reli gião. Lê-se e m sua Autobiografta: " O

Antigo Testamento é man!festamentefalso, a Torre de Babel, o arco-íris como sinal, etc. Da.cio que ele atribui a Deus

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pe la floresta brasile ira, explicou: "Hoje, as cenas mais grandiosas não produziriam em mim nenhuma convicção nem sentimento daquele gênero".

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os sentimentos ele um tirano vingativo ,

não é rnais digno de co11fiança que os livros sagrados dos hindus ou as crenças de outros bárbaros. [.. . ] Deixei de acreditar no cristianismo enquanto revelação divina". E le foi abandonando a idé ia de um Deus pessoa l, e mes mo ela existênc ia de uma causa final na natureza: "O velho

Diário de Darwin

Escrituras indicam claramente que os homens que não crêern - isto é, meu pai, meu irmão e quase todos os meus melhores amigos - serão punidos eternamente. E isto é uma doutrina condenável". E le optou por um sentim e ntali smo relativista e vago, que levou até as últi mas conseqüênc ias; implicou co m a lógica ordenada da moral evangéli ca, que tem na Igreja Cató li ca sua autê ntica rea li zação; repeliu os mov im e ntos el e alma o rd e nados que lhe inspiravam as ce nas g randio sas da na.tu reza; poi s pe rcebe u "q ue es tavam

intirnarnente ligados à crença em Deus". Rom pe ndo com s ua a dmiraç ão

argumento de uma finalidade na natureza, que outrora 1ne parecia tão concludente, caiu depois da descoberta da seleção natural. {... ] Não acredito que hc1;ja muito mais finalidade na variabilidade dos seres orgânicos e na ação da seleção natural do que na direção em que sop ra o vento". Homem e natureza se lhe afiguravam então como meros subprodutos ele uma cega fata lid ade, que prog ride rumo ao ignoto. O motor desse progresso seri am transformaçõ s dev idas a ac ide ntes fortuitos e à nece sidacle. As es péc ies resultantes, o u mai evoluídas, exterminari a m fata lm e nte as me nos evo luíd as, mais fracas e infe ri ores. Darw in percebeu que, sem um princíp io e um fim, o home m ficaria escravo, como um bicho, ao capricho ele sua fa ntasia e de seus instintos: "Um homem

que não tem uma crença bem sólida na existência de um Deus pessoal, ou numa existência futura com retribuição e recompensa, não pode ter outra reg ra de vida, seg undo me parece, senão seguir seus impulsos e seus instintos mais prementes, ou que ele acha os melhores". Esta conclusão, e le a enfeitou com sentimento típi cos cio roma nti smo v itoriano do século XIX . Sua crise reli giosa, que descambo u para a aposta ia e para o

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CATOLICISMO

nota "criatura de tipo anfíbio", por sua vez derivada de um ainda mais inidentificável

antic ristiani smo, correu lad o a lado com a explicitação do evolucionismo. Então, não é ele espantar que o anticristianismo se e ncontre entra nhado no pensamento darwini sta e de seus sucessores " neo-darwinistas", embora pretendam que se trate de meras doutrinas c ientíficas.

"animal que se assemelha a um peixe". Quanto mais se aprofunda nas suposições de fenômenos inverificáveis, tan to mais Darwin adota uma lin guagem próxi ma à de um adivinhador lendo numa bola de cristal. "Na obscuridade confusa do passado, podemos ver que o pri-

Bombal'deou o co11ceito que o homem tem <le si próprio

meiro ancestral de todos os vertebrados deve ter sido um animal aquático dotado de brânquias, que possuía os dois sexos reunidos no mesmo indivíduo, tendo os mais importantes órgãos do corpo (corno o cérebro e o coração ) impe,Jeita ou nulamente desenvolvidos. Esse anim.al parece ler-se assemelhado às larvas dos ascidiáceus marinhos atuais ". 4

Diz um dos cori:feus darwinistas hodiernos, o Prof. Dominique Lecourt, da Universidade da Sorbonne-Paris VII: "Darwin

estava bem ciente de que tirava o homem do centro, aproximava-o do animal, e entrava em conflito com a imagem de si próprio. {... ] Darwin [... ] confessou à sua mulher, muito piedosa, que sua teoria não concordava com o dogma cristão. Ele sabia que tinha fabricado uma bomba ". 3 De fato, suas teorias serviram para dinamitar a visão racional da ordem do universo e sua procedência ela criação. Darwin também é tido como um dos fundadores do ecologismo, que exa lta a vida tribal animalesca " integrada" numa natureza em perpétua e volução.

J11terpretou o co11hecido pelo desconhecido Alfred Russel Wallace e Darwin foram co-inventores da teoria da seleção natural elas espécies, peça-chave do evolucion ismo. Porém, Wa ll ace manteve a crença numa inteligência diretora que presidi.ria

A polêmica criacionismo x darwinismo repercute na grande imprensa

Darwin estava bem ciente de que tirava o homem do centro, aproximava - o do animal, e entrava em conflito com a imagem de si próprio

a luta evolutiva. A partir de 1862, descambou para o espiritismo e o ocultismo. Porém, Darwin permaneceu no agnostici smo natw·aJ ista materialista. Entretanto, sua linguagem recende a uma análoga procura de explicação cio conhecido pelo desconhecido, pelo oculto. No livro Afiliação do homem, ele imagina que o homem descende ele algum tipo de símio há tempos desaparecido; este, "provavelmente de um marsupial arcaico"; e este último, de uma ig-

Cascata de co11jeturas invel'i/icáveis Os di scípulos de Darwin tentaram dar embasamento científico a essa acumulação de "obscuridades confitsas dopassado ", onde Darwin dizia ler com tanta facilidade. Eles até acrescentaram que, na origem, houve uma célul a que teri a aparecido há quatro bilhões de anos, batizada de LUCA (Last universal common ancestor, ou derradeiro ancestral comum universal) .5 Mas de o nde sa iu LUCA? De uma "competição darwiniana" e ntre células que se e liminaram umas às outras, di z Patrick Forterre, da Sorbonne-Paris XI. E ac rescenta que LUCA ter-se-ia dotado de DNA ao ser fecundada por um vírus. De onde saíram esse vírus, a préLUCA e outras cé lul as e ngajadas na "competição darwiniana"? Aqui entram mais duas conjeturas cios discípulos. Segu ndo uma, um meteorito teria trazido as primeiras mol éculas vivas à Terra. De acordo com o utra, teriam aparecido há bilhões de anos em um "oásis de vida ", perto ele fontes hiclrotermais, em profun dezas oceânicas ele milhares de metros. Lá ex istem escapam entos de lava vulcânica que provocam altas temperaturas e concentrações salinas. As tentativas de reproduzir em laboratório esses hipotéticos caldos de cultu ra deram em nada. Precavenha-se o leigo em achar que isso parece um "conto da carochinha"! A confraria darwiniana logo o condenará em coro, co mo execráve l "criacionisSETEMBRO 2009 -


Richard Dawkins, e sua campanha dos ônibus-ateus, com a mensagem : "Provavelmente Deus não existe. Deixe de se preocupar e goze sua vida".

ta" , ''.fim.damentalista cristão", " retardatário " e outros qua lifi cativos tão deprec iativos, quanto gratuitos.

Recusa do sél'Ío <lebate científico Muitos c ie nti stas, porém, apo ntam incongruências e impossibilidades c ientíficas na mo ntagem evoluc io ni sta. Apóiam-se e m numerosos estudos nos mais vari ados ca mpos das c iênc ias naturai s, e sustentam que o estudo séri o e metód ico cios seres vivos e ela estrutura cio universo postul a a ex istê nc ia ele um "p lano inteligente" (" intelligent design", em ing lês), que preside a apa ri ção cios seres vivos e a ordenação cio sere.·. Nas ciências, é freqü ente have r correntes que desafiam o consenso domi nante . As oposições que ass im na cem são tidas como estímul o para testar as teses gera lm ente ace itas e depurá-la . Porém, o establishment evo lu cion ista move implacável campanha ele desqualificação, banindo ele congressos e publicações c ie ntífi cas os c ie nti stas que defende m o intelligent design. Exempl o paradigmático disso fo i a Co nferênc ia Internacional Biological Evolution, Facts and Theories, promovida neste ano pela Universidade Gregoriana de Ro ma, um dos máx imos centros de ens ino cató lico na capital da Cristandade. Participaram na Confe rê nc ia - que não engajava a autoridade da Santa Sé - em inê nc ias do evolu c io ni s mo, das

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CATOLICISMO

mais militantemente atéias e anticri stãs, como Ri chard Dawkins . Mas ne nhum defensor do "intelligent design" foi admitido, embora essa corrente aceite certo evoluc ioni smo. 6 O evo luc io ni smo não responde aos arg um entos c ie ntífi cos do "intelligent design" , apenas os menospreza co mo ''.forma mais moderna de criacionismo". Contudo, o "intelligent design", que não se ide ntifi ca com o criac io ni smo católico, parece prestar-se a um ente ndimento com o co njunto das c iê nc ias, e talvez com a boa teologia.

Evolucionismo perde base 11a opinião pública, por isso radicaliza A cada dia o evo lu cio ni smo perde adeptos. O otimi smo do séc ul o XIX pelo progresso indefinido feneceu , e a med ula a nti c ri stã do darwin ism.o tornou-se cada vez mais aparente. "Muitos só queriam ver na teoria de Darwin o braço armado do ateísmo" , explica o filósofo das c iê nc ias Thomas Lepelthier, da Uni versidade de Oxford. "Esta dimensão anti-religiosa.fez do darwinismo um assunto de polêmica perpélua ". 7 N esta polê mica, largos setore ela opi ni ão públi ca e ngrossaram as fileira s cio cri acioni smo. Nos EUA houve hi tó ri cos processos judiciais que acabaram na Suprema Corte de Justiça. Versavam sobre o ensino nas esco las cio criacioni smo, nas s uas várias for mas bíblicas e c ientíficas. Em geral, o cri ac ionismo fo i defendido numa ótica protestante, sem a sabedoria ela Ig reja Católica para interpretar o re lato bíblico ela cri ação e delimitar os ca mpos específicos das ciências na-

turai s e ela teologia. Isto facilitou a tarefa dos advogados do evoluc ion is mo. Por~m, ao lo ngo dessa polêmica patenteou-se que o darwinisnw não ex ibi a argumentos persuasivos, e cresceu a idé ia ele que, não podendo convencer, recorri a a instânc ias judic iári as para impor o ensino de s uas teorizações. As au las e m que se ens in ava o evolucioni smo vi raram um pesadelo para os professores, satirizados pe los alunos e criti cados pelos pais de fa mília. Perdendo a bata lha ela opinião púb lica, os acó litos do evo luc ion ismo partiram para maior ag ress ividade. O berreiro anticriacioni sta - com o apoio quase unânime do macro-capitalismo publicitário - atingi u um clímax neste ano ele 2009, em que co memoram simultaneamente o segundo cente nário do nasc imento de Darwin e o 150º ani versá ri o da publicação de sua obra fundamental , A Origern das Espécies.

Um exemplo de "cruza<la 110 Brasil

sem cruz"

O apo log ista mais rumoroso do darwinismo, o biólogo Richa rd Dawk in s, promoveu um a co leta de fund os para pagar anúncios co lados e m ônibu s urbanos ele c id ad es co mo Londres e Maclri - os c ha mados ônibus-ateus - , com a me nsagem: "Provavelrnente Deus não existe. Deixe de se preocupar e goze sua vida". E m sua "cruzada sern cruz" contra Deu s e o Cr iador, Dawkins esteve no Brasi1. alo u sobre o tema "Fé e ciência não vivem.juntas", na 7" Fesla Literária Internacional de Paraty (RJ). Seg undo e le, "a religião não oferece coisas boas, obrigando as pessoas a viverern entre a escolha do bem ou do mal. Tambérn não ofe rece uma explicação convincen te para a evolução do homem. Acho que acredilar em algo de que não tenha provas é muito perigoso". Seu último liv ro leva o ignificativo título: Deus, um delírio. 8

o emlucio11ismo r eligioso mo<lernista

011

progressista

O evo lu cioni smo científico fo i av idamente assimilado por um a corrente in te rna cio catoli ci mo denominada modernismo, funestíssima doutrina que o

Papa São Pi o X conde nou como herética. Na e ncíc li ca Pascendi,9 e le verbera o modernismo porque, "em sua doutriHa, a evolução é quase o capital. [. .. ] O dogrna, a Igreja, o cul!o sagrado, os livros que reverenciamos como santos, e até a própria fé, [. .. ] devem se .s-i1;jeitar às leis da evolução" (nº 25). "Segundo a dou/rina e as maquinações dos modernistas, nada há es1ável, nada há imutável na Igreja" (nº 27). Sob re esse erro, o santo pontífice ap li co u qualificativos como "a síntese de todas as heresias" e "c úmulo i11fini10 de so.fism.as, com os quais se racha e se deslrói Ioda a religião". Após o fa lec ime nto ele São Pi o X , os moderni stas voltaram à tona, recebendo o no me ele progressistas. Entre seus teólogos destaco u-se o Pe. Teilhard ele C harclin S.J., adepto ferrenho das teorias de Darwin , e que se envo lve u numa g ros e ira fraude para faze r passa r o esqueleto de um macaco pelo ele um home m primitivo, o denom inado homem de Piltdown. O Pe. Tei lhard ele C hardin desenvolveu ofismas teológicos para enca ixar o evo luc ioni smo na doutrina católica. Recorreu a fó rmul as não menos confu sas que as darwinistas , e mbeb idas de panteísmo. Para ele, Deus seri a a força que procura realizar-se através ela evolução cio uni verso. Esse " deus" inc ubado na natureza extrai u o homem do macaco e o impuls iona rumo a uma divinização futura . 10 Em virtude di sso, para os progressistas a relig ião deve se co locar a serv iço do homem, não tendo mai s sentido cul tuar um Deus tra nsce ndente e pessoal, inve nção de uma etapa medieval ou infe rior da evolução. N a prática, tais doutrinas desfechavam numa " luta ele classe " dos leigos co ntra a Hierarquia ec lesiá tica, na abolição das fo rmas tradicionai s de piedade e na adoção de cultos e templos que refleti sem essa re li g iosidade có mica. A moral, a ascese, a ortodoxia doutrinária perderiam sentido. A " nova mora l" era a do sorri so, filho ela consc iê nc ia dessa presença do C ri sto evo luindo, incubado no mundo. No profético livro Em. Defesa da Ação Católica, Plinio Corrêa ele Oliveira denunciou em for ma mag istral

e exa ustiva para onde levava m tais erros mo ra is.

O e11olucio11ismo social: Marx e a "Juta <le classes" O evo luci o ni smo dito científico de Darwin favoreceu o evolucionismo social. Uma elas figuras de proa desse evolucioni smo fo i Karl Marx . O marxismo desenvolveu teorias muito análogas às darwinistas para justificar as teses mais inum anas. A "seleção natura l" das espécies ofereceu uma aparência de cientificismo à "luta de classes" cio marxismo- le nini smo. Na obra A Origem. das Espécies, di s-

corrend o so bre a "seleção natural ", Darwin afi rma: "Como resultado direto desta guerra da natureza, que se traduz por.fome e morte, o fato mais admirável que possamos conceber é a produção de animais superiores". Marx rac iocinou de modo semelhante em matéria ele "luta de classes" e evolução hi stórica, como escreveu no diário "New York Daily Tribune": "As classes e as raças fracas demais para enfrentar as novas condições de vida devem sair do camin.ho". 11 E acrescentou depois que as raças mais fortes (as revolucionárias) deveriam rea li zar sua tarefa, enquanto "a principal tarefa de todas as outras raSETEMBRO 2009 -


ência para o m.elhoramento das linhagens" humanas, inspi rada na cri ação dos animais. As doenças, os proble mas sanitári os, sóc io-econô mi cos o u soc iai s, como os li gados às cl asses pobres, eram interpretados co mo fruto de "taras congênitas" pró prias a espécimes "infe rio-

res". A uto pi a eugeni sta fo i adotada pe lo evoluc io ni smo soc ial. Diversos métodos fora m concebidos para detectar os indivíduos, categorias ou raças "decadentes" ou "inferiores", que deveriam ser segregados, e liminados o u impedidos de se reproduzir para não servir de obstácul o ao progresso ela evolução soc ia l. À testa dessa tarefa anti-humana fi g urav a m as nações protes ta ntes. E m 1907, nos Estados Unidos, o estado ele [ndi a na prescreveu a esterili zação dos doentes mentais. Dois anos depois, fo i a vez cios estados da Ca li fó rni a, Connecticut e Was hington. Em 19 17, 15 estados tinham adotado essa lei, e e m l950 j á eram 33. A Suíça seguiu essa tendê ncia eugenista em 1928; a Dinamarca (inc luindo a esterilização para criminosos), e m l933; a Finl â ndia e a S uécia em 1935 , e a Estôni a e m J937.

Na URSS de Stalin, a formulador oficial do evolucionismo marxista -leninista foi Trofim Danissovich Lyssenko, que se dizia seguidor de Darwin e aplicava à doutri na comunista o princípio darwiniano da "luto de todos contra todos no natureza "

ças e povos, grandes e pequenos, é perecer no holocausto revolucionário". 12 Nessa luta, gerar-se- ia o " ho me m no vo" co muni sta, estág io mais ava nçado da evolução da matéri a. O res ultado di sso fo i o mais espantoso genocídi o da Hi stóri a, levado a cabo por razões ideológicas e pretensamente c ientíficas. A cifra de 100 milhões de vítimas, de nunciada no Li vro Neg ro do Comunismo, é tida hoje como aquém da rea lidade. Na URSS de Sta lin , o fo rmul ado r ofi cial do evolucioni smo marxista- le ni ni sta fo i T rofi m Danissovic h Lyssenko, que se di zia seguidor de Darwin e aplica va à doutrin a co muni sta o princípi o darwini ano da "luta de todos contra todos na natureza". 13 Não só e xpurgos e chac in as, mas extermíni os de c lasse e min ori as étni cas "mais f racas" fo ram ass im coonestaclos. Lyssenko empreendeu experi ências para modificar vegetais e animais, mudando seu meio ambiente. Assim deveria acontecer em virtude dos postul ados evolucionistas. M as a teori a não podia dar certo, e "os camponeses

soviéticos j amais puderam se recuperar do desastre provocado por essas inovações", observo u o j á citado Prof. Lecourt. -

CATOLICISMO

lnlluência evolucionista no nazismo

Os cie ntistas russos que contestaram as fraudes de Lyssenko fora m depo rtados para a Sibéri a ... Uma préfi gura, a li ás, do ex íli o mora l e propagandísti co a qu e os e vo lucio ni stas co nde nam hoj e aqueles que não aceitam o "dogma" darwinista.

Da1'wi11 e o eugenismo adotado pelo evolucionismo O termo eugenismo - de origem grega, sig nificando me lhoramento genético - fo i cunhado por um primo-irmão de Charles Darwin e ade pto da teori a da evolução, o matemático Franc is Galton (1822-1 9 11 ). Ele tentou cri ar uma "ci-

O movimento nazista adoto u fre neticamente o e volucioni smo e o eugenismo, e fo i mais fidedi gno à cartilha darwini sta cio que o marxismo. E m J933, orde nou a esterili zação ele nove tipos de "doentes", entre os qu ais os cegos, os alcoólatras e os esquizofrêni cos! Ca lc ula-se que 400.000 esterilizações fora m praticadas pelo III Reich, na Alemanha e territóri os ocupados. U m decreto secreto de 1940 obrigava as mulheres " in fe riores" a abortar. O extermíni o das "raças infe ri ores" e os esforços para prod uzir o "ari ano pu ro" - a "raça superio r" - são bem conhec idos. Por ce,to, os atuais sequazes de Darwin deblateram contra as monstruosas conseqüências que o nazismo tirou do evolucionismo. Contudo, não é ce1to que manteriam essa linguagem caso o nazismo ti vesse ganho a II Guerra Mundi al ... De fato, após a conflagração, o eugenismo escorado no evolucioni smo prosseguiu, e está no cerne das campanhas contra a vida. Os pretextos

continuam os mesmos: imped ir que nasçam crianças com defeitos graves, economicamente insustentáveis ou simplesmente "inclesejaclas".

O "assassinato " <la moral, contessa<lo por Darwin Aos 35 anos, Darwin esc reveu a um a migo, afirmando estar "quase inteiramente convencido de que as espécies (e

isto é como se confessas se um assassinato) não são imutáveis". O prof. JeanC laude Ame isen, da U niversidade Sorbonne-Pari s VII , come nta essa "confi ssão": "Um assassinato. [. . .} O assassi-

nato da benevolência di vina que vela sobre a natureza? O assassinato da idéia de um fundam ento divino que alicerça a moral humana ? Talvez Darwin pressentisse não só o abalo que produziria sua t. eoria em nossa visão da vida, mas t. ambém os desastres morais aos quais conduziria a tentação de aplicar aos seres hum.anos essa 'lei da natureza' cuj a existência ele descob riu no coração da evolução cega". 14 Esse "assass inato in telectual" fi cou como um "crime fund ado r" ela "c ul tura da mo rte", que surgiu alimentada por suas teo rias re lati vistas e antic ri stãs.

Do "bebê per feito " à criança fab1·icada em laborató1'io Na trilha el a uto pi a eugeni sta, a engenhari a genética pro mete produzir uni

" bebê perfe ito", sem defe itos ne m doenças. Mais ainda, e la te nta fa bricar um a cri ança com coefi cie nte ele inteligência, olhos e qu alidades idea is. Segundo o Dr. Jacq ues Testart, pio ne iro cios métodos ele fec undação in vitro e defensor do evolucioni smo, essa tendênc ia pre para a gestação em laboratóri o de um a " nova humanidade", e esse novo ho mem poderi a ser chamado "homo geneticus ", que acaba ri a substituindo o "homo sap iens", fase atual e prov isóri a cio ho mem nacosmov isão evo lucioni sta. O sonho da "cri ança perfe ita" a todo c usto, segundo observa o j orna li sta científi co Mi chel Al be rga nti , le va a te ntar produ zir um a "vida inventada de cabo a rabo". Então a proc riação será uma tarefa de laboratórios, e não mais de pais e mães. Nesse di a a fa míli a sofrerá um go lpe morta l, pois lhe terá sido tirada sua fin alidade primordi a l. A mate rni dade não ex istirá mais, e a Encarnação do Verbo parecerá um procedimento de uma espécie superada. O que será cio ho me m ro mpi do tão radi ca lme nte co m a L e i el e De us? A quem ele apelará na hora da angústia o u da necess id ade? As pe rspecti vas são

"aterrorizant.es para alguns" e ''.fascinantes para outros", di z Alberganti . O fil ósofo das ciê ncia Jea n-Pi e rre Dupuy, apoiando-se no pesqui sador austra liano Damien B roclerick, da U ni versidade de Me lbourne, aponta para o di a e m que "o acaso que preside a evolução

será substituído por wna pilotagem. exercida pelo homem ". 15 Contradição suma: com base na "evolução", recusa-se Deus, mas na ponta cio evo lucioni smo o ho mem se ergue sobre a tão alardeada evolução e se in stala no lu gar ele Deus.

O J)esadelo da confusão das espécies Para os e vo luc io ni stas mais des ini bidos, a "vida inventada de cabo a rabo" mergulhar- nos- ia no "pa raíso da biodiversidade". Este consistiri a numa utopi a igualitária onde as fronteiras entre o ho mem e os demais seres vivos seriam vi oladas, para aparecer toda sorte ele híbrid os : macacos- ho me ns o u anim a isvegeta is. Richard Dawkin s, o mais renomado porta- voz hodi erno cio evo luc io ni smo, deplora que "nossa moral e nossa polí-

1.ica pressupõen-1 [. .. ] que a separação entre o homem e o animal é absoluta". E le cleblatera contra os " pró-v ida", que se opõem ao aborto e à eutanás ia co m base e m crité ri os éti cos, como sendo seg uidores especialmente condenáve is desse "erro". Dawk ins também vitupera os católi cos porque acreditam que o homem tem uma essência imutável: "Um tal 'essencialismo ' é prof undamente contrário à evolução". Dawkins imag ina um perverso "paraíso" e m que todos os animais ti vessem re lações sex uais e ntre si, e em

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que um homem pudesse "se reproduzir com um chimpanzé". Reconhece que tal " paraíso" - nós o chamaríamos de pande mônio - não existe, mas de futuro as ciências biológ icas poderão fo1jar "cadeias de interJecundidade, a continuidade lógica da evolução". 16 Ele prevê um primeiro passo: a criação em laboratório de "uma quimera composta de um número aproximadamente igual de células de homem e chimpanzé". A revelação dessa "quimera" visaria provocar um escândalo e uma polêmica na qual os homens seri am habituados à idéi a de co nviver com e ntes estranhos à ordem natural. "Eu admito sentir um calafrio de pra ze r, pensando no momento em que vamos questionar aquilo que até então parecia indiscutível" completa este moderno Dom Quixote do darwinismo.

otimismo quanto ao progresso evolutivo . No fim do seu desenvolvimento, desemboca num horizonte exterminador, mó rbido e blasfemo. Não contêm essas perspectivas uma loucura ímpia, um supremo crime que visa suprimir da Terra o home m que Deus Nosso Senhor criou à sua imagem e semelhança?

J11stiflcação evolucionista parn a extinção do ser humano Aceitas essas perspecti vas, os arraiais do evolucionismo se interrogam se está próxima a "extinção da humanidade" como nós a conhecemos . O ecólogo americano Jared Diamond justifica tal suprema maluquice, apelando para os "dogmas" básicos do evolucionismo. Estes estabelecem - sempre arbitrariamente - que ao longo das fases históricas diversas espécies de humanóides foram extintas pelas espécies mais "evoluídas". Agora teri a chegado a vez do "homo sapiens", ou sexta extinção. "Todos os indicadores da biodiversidade mostram que o trem rumo à sexta extinção já se lançou a toda velocidade", diz o prof. Philippe Bouchet, do Museu Nac ional de Hi stória Natural de Paris. 17 O darwinismo avançou na base de hipóteses inverossímei s, mas prenhes de -

CATOLICISMO

Delírio final: o "pós-humano" e o flm do homem Imaginam esses neo-darwinistas que o homem extinguir-se-ia pelas suas próprias mãos. Não seria um suicídio coletivo impensável, como dizem os retardatários na evolução, mas sim um salto qualitativo. O que isso quer dizer? Para os evolucionistas mai s atualiza-

dos, os avanços elas biotecnologias teria m co locado sobre a Terra o " pós-humano", antes da extinção coletiva. O fil ósofo Jean-Michel Bcsnicr, professor ela Sorbonne-Paris IV , explica que o "pós-humano" "começou corn a idéia de acabar com o de!erminismo dos nascimentos, pela aparição da pílula e do bebê de proveta", ele acrescenta nessa linha a procriação assistida, a gestação e m laboratório e a clonagem humana: "A utopia pós-hu1nana imagina o fim tia história natural da humanidade, !ai como foi elaborada pela evolução. No.fimdo, essa utopia pretende [. .. } assurnir a .fúnção da natureza". Bcsnier acrescenta ainda que "o prolótipo [do "pós-humano"I é o cybo rg aparecido n.os anos 60, [. .. ] organisrnos biomecânicos dotados de próteses, vivendo em condições não-terrestres, dotados de.faculdades novas que superam os limites humanos. yborgs, novos seres, que não evoluirão mais segundo as leis dos seres vivos". Escritores saídos de laboratórios ele nanotecnologias, inteligência arlilicial e cibernét ica "se pergunta111 quais criaturas inumanas vão nos sucede,; e imaginam formas de vida radicalmen/e inéditas ". 18 Essa multi lã ele robôs se mi - bioló g i os cessa rá, sem dúvida , qu ando não haja mais hum a no s para consertá- los. A menos que se upon ha que a lguma espécie de e pírito virá a se incubar ne les, alegando ser uma inleligência art(ficial ... Ao contrário ele uma hipótese realizável, essas e lucubrações parecem um sonho concebido nos abismos infernais, visando frustrar o plano cio C ri ador ele todas as coisas para os homens. "Abyssus abyssum in.vocat" ("U m abismo atra i outro abismo", sa lmo 41 , 8), diz a Escritura . A fa lác ia desse "póshumano", s upremo produto cio evoluc ionismo, disfarça o horro r resultante do

aniquilamento do gênero humano como auge da recusa de Deus, que é o desfecho lógico da "cultura da morte".

Na civilização cristã, o reto progresso natural e sobrenatural No fim deste percurso de pesadelo, procurei repousar meu espírito em algo que falasse do desenvolvimento harmonioso do plano da Providência Divina em relação ao homem e ao universo. Encontrei-o contemplando estátuas de catedrais góticas francesas: o Beau Dieu de Amiens (foto), Nossa Senhora de Chartres, o anjo do sorriso de Reims, a miríade de santos e anjos que ornam essas admiráveis sínteses artísticas da visão católica do universo, gravados na pedra em tempos de fé. Se houve artistas que esculpiram tais fisionomias, tão plenamente humanas e tão luminosamente sobrenaturais , é porque na vida real havia homens e mulheres que eram exemplos vivos dessas riquezas de personalidade. Aqueles rostos graves e sorridentes, austeros e acolhedores, transluzem uma plenitude de Notas: 1. http ://www.cathnew s .com/ article.aspx ?aeid=9362 2. ln " Darwin. L'é volu tion, quelle histoire!" , hors-série de " Le Monde", Paris, abril-maio 2009, p . 68. Todas as citações de C ha rl es Darwin reproduzida s neste artigo provêm da me ma fonte . 3. Id. ibid., p. l l. 4. ld . ibid. p. 59. 5. ld. ibid. p. 14. 6. Cfr. http://www .msnbc.ms n. com/id/29535870/, 05/3/09 7. Jd . ibid, p. 60. 8. "O Estado de S. Paulo", 3-7-09. 9. São Pio X , Encíc li ca ?as cendi Domini ci Gregis ", 8 de setembro de 1907. 1O.A 30 de junho de 1962, o ex-Santo Ofício - hoje, Congregação para a Doutrina da Fé - publicou uma advertência nos seguintes termos: "Cer1as obras do Pe. Pierre Teilhcml de Chattlin, inclu indo algumas póstwnas, têm sido publicadas e enconrrado uma aceitação nada pequena. lnde-

desenvolvimento das potencialidades da alma, e també m cio corpo, própria de quem está a caminho da glória celeste, avançando numa enda de progressivas certezas em busca do que há de mais requintado nesta Terra, rumo à perfeição posterior no Céu. Assim foi a marcha grad ua l da Cristandade. Abandonadas as trevas do paganis-

mo, vencidos os obstáculos e fraquezas, corrigidas as faltas, a civilização cristã fez brotar no mai s fundo das almas tesouros inefáveis de paz, requinte, beleza, harmonia e perfeição moral e física. Tais tesouros apontavam para além , na linha da plena realização dos mai s nobres anseios de alma. Aquela marcha medieval foi bruscamente interrompida pelo processo revolucionário -gnóstico, igua litário e sensua l - j á muitas vezes secular, que nos trouxe fenômenos perversos como o darwinismo e seu desenlace ele destruição e pesadelo. São doi s cam inhos opostos, doi s rumos diametralmente opostos. Nossa Senhora, em Fátima, veio pedir aos homen s que a bandon e m a marcha rumo ao abismo no qual tal processo tenta lançá- los. A s estátuas medi e vais nos mostram a imensa alegria que espera quem optar pelo caminho oposto: o da penitência, da oração e do triunfo do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria. • E-mail do aut or: lui sdu f"a ur

pendente,nem e do ju.fw que é devido no que se

refere às ciências positivas, verifica-se ela reunente que, em matéria de Filosofia e de Teologia, as mencionadas obras contêm tais ambiguidades e também. erros tcio graves, que ofendem a do11tri11a católica. Por conseguinte, os Excele11tíssimos e Reverendíssimos Padres da Suprema Congregação do Santo Ofício exortam lodos os Bi.1pos e os Superiores dos lnstilutos Religiosos, bem como os Reitores dos Seminários e das U11 iversidades, a protegerem os e5píritos, em. particular os dos jovens, dos perigos das obras do Pe. Teilhard de Chardi11 e das dos seus discípulos "

cato lic is mo.co m.br

(cfr. " L' Osservatore Romano" , 30-662; cf. AAS 54 ( 1962), p. 526.). Por ocas ião do centenário do nascimenlo de Teilhard de Chardi n, a validade dessa advertê nc ia foi re iterada em nota do Ofício ele Imprensa da Santa Sé, publicada no "Osservatore Romano" cle 2 1 cle julhode 198 1,apósconsu lta ao Cardea l Secretário de Estado e ao Cardea l Prefeito da Congregação para a Doutrina ela Fé. 11. "New York Daily Tribune", 22 de março de 1853, http://www.marxi sts.org/archive/marx/ works/ 1853/03/04.htm 12. Karl Marx, "Die Neue Rheinische Zeitung", janeiro ele 1849, in "Journal ofthe history of icleas", vol. 42, nº 1, 198 1; www .churchinhistory.org/ pages/booklets/roots%28 n%29-2·.htm 13. " Le Monde", icl. ibid ., p. 9. 14. lei. lbicl. , p. 56. 15. Icl. ibicl., p. 85. 16. ld. ibid. , p. 9 1. 17 . ld. ibid. , p. 92. 18. lei. ibid. , p. 94.

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também naquele pa ís, sendo o primeiro j esuíta a lec ionar numa universidade. E m sua cátedra e nsinava a Suma Teológica de Santo Tomás e atacava as o pini ões heréticas de B aius (professor de exegese bíbli ca na mesma Universidade) obre a graça e o Livre arbítrio. N essa é poca, escreve u uma gra mática he bré ia e fez ex te nsivos estudos sobre os Padres da Ig rej a e teólogos medievais.

O maior polemista da história da Igreja C ontroversista, escritor, consultor das principais congregações do Vaticano, bispo e cardeal, foi um dos mais temíveis adversários do protestantismo. "

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PUNIO MARIA SOLIMEO

oberto Francesco Romo lo nasceu em Monte pulciano em 4 de outubro de 1542, numa fa míli a nobre e mpobrecida. Seu pai era Vicente B elarmino, e sua mãe C ínti a Cervine, irmã do Cardea l M arcelo, elevado depo is ao papado com o nome de M arcelo II. Mui to dotado, Roberto estudou no colégio jesuíta de sua c idade. Ainda menino, sabia Virgílio de cor, compôs poemas em italiano e e m latim, dominava o violino e j á era hábil nos de bates.

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CATOLICISMO

Ve ndo suas belas qualidades, o pai queri a que e le segui sse a carre ira política. Mas a mãe desej ava que e tornasse jesuíta, ordem então no auge de seu fervor. A influência da mãe preva leceu, e Roberto entrou no noviciado j esuíta de R oma em 1560. Permaneceu na C idade Eterna trê anos, indo depo is p ara M ond ov i, no Piemonte , onde apre nde u tão rapida me nte o grego, que passo u a lecioná-lo tanto no co légio jesuítico dessa c idade quanto no de F lorença. Roberto Belarmino fo i orde nado sacerdote e m G hent, na Bélg ica, e m 1570. Tornou- se então professor de teologia na U niversidade de Louvain ,

Diretor espiritual ele São Luís Gonzaga São Roberto Be larmino teve a dita de, co mo di retor espiritua l no Colégio Ro mano, gui ar os últimos anos de São Luís Gonzaga, de pureza ex ími a,

ção sua opini ão a respe ito do poder te mporal do Papa. São Roberto também de nunciou seis dos maiores abusos comun s na Cúria Ro mana. O novo papa, Cleme nte VIII, concedeu à obra a distinção de uma aprovação especial e outorgou ao autor, em 1599, o chapéu cardinalício , com o título de Santa Maria in via, alegando como razão para isso que "a Igreja de

Deus não tem outro igual em saber".

A estadi a de São Roberto e m Louvain durou sete anos. Entretanto, devido a sua saúde a balada pelo excesso de estudo e ascetis mo, fez em 1576 uma vi age m à Itália, visand o fo rtalecer a fé católica nesse país. Ali fo i retido pe lo Papa G regó ri o XIII para ensinar contro vé r ia teológica no Colég io Ro mano. Suas prédicas excitavam tão vivo entusiasmo, que os própri os protestantes viaj avam da Ing laterra e da Ho landa para ouvi -lo . S uas aul as for maram a base de sua fa mosa obra Lições relativas às controvérsi-

O Sumo Pontífi ce obrigo u-o, em virtude da obediê nc ia, a aceitá- lo. Esse mesmo Papa j á o tinha escolhido em 1597 co mo seu pró pri o teó logo, examin ador de bi spos em 1598 , e consul tor do Santo Ofício e m 1599. E ncarregou-o també m de escrever um prefác io para a no va versão da Vulgata, que fora re vista por ele, e em 1602 nomeou-o arcebi spo de Cápua, sagrando-o com suas próprias mãos, fa vor que se faz apenas àqueles a que m se quer honrar espec ialme nte . Isso não impediu que São R oberto continuasse suas austeridades, como a de viver a pão e ág ua e ti rar as cortinas de seu aposento para vestir os po bres .

as dafé cristã contra os hereges contemporâneos, ou simplesme nte Controvérsias, que consti tuem um a siste-

Arcebispo de Cápua e importantes polêmicas

"Obra não de um, mas ele vários eruditos"

São Roberto Belarmino

primeiro volume da obra trata do Verbo de Deus, de Cristo e do Papa; o segundo, da autoridade dos conc ílios e da Igreja militante, padecente e triunfante; o terceiro versa sobre os acramentos e o qurut o, sobre a graça, livre-arbítrio, justificação e boas obras.

mati zação das várias po lê micas do te mpo e um vasto arsenal, no qual se encontram as me lhores armas para a defesa da fé católi ca. São Ro berto levou 11 anos para compor as Controvérsias. Ao serem publicadas, causaram imensa impres ão em toda a Europa. Até hoje, no gênero, elas não fora m suplantadas. O golpe assestado por elas no protestantis mo fo i tão doloridamente sentido pelos protestantes na Alemanha e na Inglaterra, que se fu ndaram cátedras especiais para tentar refu tá-las. Esse escrito é tão erud ito no conhecimento das Sagradas Escrituras, dos Padres da Igreja e da teologia prote tan te, que os protestantes p ropalaram não ser obra de um só homem, mas de um grupo de eruditos, com um pseudônimo. Na Inglaterra, a péssima rainha Isabel I proibiu sua leitura a quem não fosse doutor em teologia. O

Sã o Luiz Gonzaga

que fa leceu em 159 ]. A nos de po is, te ve ta mbém a consolação de participar da comi ssão que se pro nunciou fa vorave lmente à beatifi cação desse santo di scípul o. De po is do assass in ato de Henri que lII da F rança, Si xto V o e nvio u a esse pa ís e m 1590 para acompanhar, co mo teólogo, o legad o ponti fíc io Cardeal Gaeta no . Enquanto estava na F ran ça, so ube que o P apa, qu e se mostra ra a ntes mu ito favo rá vel às suas Controvérsias, havi a pro posto colocar no Index o primeiro volume da obra, porque nele o santo concedia ao P apado um poder quase direto sobre as coisas temporais. M as com a morte de Sixto V, isso não se deu. Alg un s de seus bi ógrafos aponta m como causa de sua tardi a cano ni za-

Como ru·cebi spo, São Roberto entregou-se por três anos co m igual zelo aos trabalhos pastorais, cuidando tanto do bem-estar espi ritual quanto mate ri a i d e s u as ove lh as. Co loco u també m e m vi gor os decretos do Concílio de Tre nto. E nsinava pessoa lmente o catec is mo, vi sitava as alde ias e atendi a a cada um dos que o proc uravam, a qua lquer hora do di a ou da no ite. Ao contrári o dos que hoje pregam a luta de cl asses, ele di zia a seus di ocesanos: "Aquele que percebe o que é

ser filho de Deus, do Rei dos reis, está unido a Ele com j tlial amor, contente com o que tem, seja muito ou pouco, porque não duvida que seu boníssimo Pai lhe concede, a cada momento, aquilo de que necessita ". 1 Em 1605 fa lece u C le me nte Vlll . Foi s ucedido por Leão XI, que re inou ape nas 26 dias, e depois por Paul o V.

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-:,. DISCERNINDO

Comunismo chinês reprime brutalmente G overnos dos países ocidentais, inclusive o do Brasil, mantiveram escandaloso silêncio ante a violenta repressão levada a cabo recentemente em Urumqi (Turquistão oriental), a maior província da China Nos dois conclaves para essas eleições, Belarmino obteve significativa votação. O novo Papa insistiu em mantê-lo em Roma. Designouo prefeito da Biblioteca Vaticana e ativo membro do Santo Ofício e de diversas congregações romanas, além de principal conselheiro para questões teológicas da Santa Sé. Por ter criticado o juramento de fidelidade que os católicos ingleses eram forçados a fazer a seu rei protestante, o santo teve ocasião de polemizar com Jaime I, da Inglaterra, que se gloriava de ser bom teólogo. O rei atacou-o em 1608, mediante um tratado em latim, ao que o erudito cardeal respondeu imediatamente, com humor, sobre os erros cometidos pelo monarca nessa língua. O soberano, que era anglicano, respondeu com novo ataque em estilo mais cuidadoso, no qual se arvorava em defensor do primitivo e verdadeiro cristianismo. Dedicou a obra ao imperador alemão Rodolfo II e a todos os monarcas da Cristandade. O car~ deal contestou-o, e não houve tréplica. São Roberto costumava rezar diariamente pela conversão dos teólogos protestantes que enfrentava, incluindo o rei Jaime I. Fustigava-os em seus erros doutrinários, mas mmca lhes fez ataques pessoais.

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CATOLICISMO

Exerceu também papel primordial na controvérsia surgida na França com o rei Luís XIV, que pretendia, como soberano desse país, poder limitar a autoridade papal , recebendo os rendimentos das dioceses vacantes, além de outros pontos de desentendimento em relação à autoridade papal. Defendeu a supremacia do Papa em suas obras Disputationes e De Potestate summi pontificis in rebus temporalibus. Em sua velhice, foi permitido a São Roberto voltar à sua cidade natal , Montepulciano, na qualidade de bispo, onde permaneceu por quatro anos, após os quais voltou para o colégio de Santo André, em Roma . Escreveu então obras de devoção, destacando-se seu famoso livro Elevação da mente a Deus pelos degraus das coisas criadas. O santo quis entregar sua alma a Deus no noviciado do Gesu - a casa-mãe dos jesuítas - , e para lá foi transferido em sua última enfermidade. Gregório XV foi visitá-lo em seu leito de dor. Ao sentir a aproximação da morte, São Roberto pediu ao Pe. André, seu amigo muito próximo, para consignar por escrito que, pela misericórdia de Deus, ele morria no seio da Igre-

ja Católica e na verdadeira fé, e que em sua última hora não pensava ele modo diferente do que escrevera nas Controvérsias em defesa el a Igreja. Sentindo-se desfalecer, recitou o Símbolo cios Apóstolo ·, o salmo 50, o Pai Nosso e a AveMaria, assistido por padre s ela Companhia ele Jesus. Entregou sua alma a Deus aos 79 anos, no dia 17 ele setembro de 1621. Apesar ela fama de santidade já em vida, São Roberto Belarmino só foi beatificado e depois canonizado por Pio XI, em 1930. Esse Papa declaro u-o também Doutor ela Igreja. Seus re tos mortais repousam na capela do Colégio Romano, ao lado do corpo de seu aluno e penitente São Luís Gonzaga, como ele tinha pedido. 2 • -mail ci o autor: mso lime

catolic ismo. 0111 . r

Notas: 1. Pe. José Leite S.J. , Santos de Cada Dia , Editorial A.O., Braga, 1987, vo l. Ili , p. 57. 2. Outras obras consultada~: - Les Petits Bollandistes, Vies eles Saints , Bloud et Barrai , Pari s, 1882, tomo XI. - www cobr a. pag es nom .br/fm-be l lar mino.html - www.answers.co111/topic/robert-bellar111ine - www.en.wikipedia.org/wiki/Robe rt_ Bellarmine

u Oo A LENCASTRO

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al repressão , ocorrida nesse país comunista, levanta a ponta do véu e mostra aquilo que um diário paulistano chamou de "aface oculta da China". Como em todas as partes onde vigora o reg i.me marxista, a camarilha chinesa no poder tenta apresentar no exterior a imagem de um país unido e pacífico; poré m, internamente, o governo exerce a tirania mais brutal contra eus próprios súditos. E merece ser ressaltada a indiferença clamorosa com que a ONU e países cio mundo livre, como o Bra il, e ncararam a desumana repressão. A China é um conglomerado de povos, composto ele 55 etnias diferentes e muitas vezes rivais entre si, que uma ditadura inclemente manté m unidas por fo rça da chibata dos atuais meios de repressão. Por vezes, porém, o descontentamento interno é mais forte e explode em manifestações de inconform idade e de rivalidades violentas, que se fazem ouvir para além dos muros do silêncio que lhes são impostos. Foi o que se deu em Urumqi. Inicialmente - segundo dado extraídos da imprensa diária no período de 10 a 19 ele julho - , uma briga entre membros da etnia han (majoritária na população do paí ) e da etnia uigur (muçulmanos , principal grupo étnico ela província de Xinjiang), deixou doi s uigures mortos e 118 feridos. Em 5 de julho, os uigures ele Urumqi protestaram contra as mortes e os han foram à desforra; os distúrbios espalharam-se por toda a cidade e as forças policiais comunistas partiram para o ataque violento. Segundo cálculos oficiais, 197 pessoa morreram, l.721 ficaram feridas e 1.434 foram presas durante manifestações e confrontos com a polícia. 20 mil integrantes das forças comunistas de segurança ocuparam as ruas de Urumqi, ameaçando aplicar a pena ele morte. Mesquitas foram fechadas e jornali tas estrangeiros presos. Segundo a Agência Nova China, as ruas da cidade ficaram cobertas ele sangue, enquanto o céu era cortado pela fumaça que saía dos carros e edifícios incendiados. 260 veículos e

203 prédios foram destruídos. Os distúrbios se estenderam também para Kashgar e outras cidades. Nos dias seguintes, milhares de chineses da etnia han saíram às ruas de Urumqi, armados de paus, barras de ferro, pás, machados, facões e ameaçaram atacar os muçulmanos uigures. Milhares de pessoas que tentavam chegar à Praça do Povo foram barradas por soldados. Ante a gravidade cios acontecimentos, o chefe máximo da China, Hu Jintao, teve de deixar a reunião de cúpula do G-8 na Itália para voltar ao país, convocando uma reunião de emergência do Politburo - órgão executivo do Partido Comunista - a fim de discutir a crise. O premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, qualificou a repressão a esses distúrbios interétnicos como "uma espécie de genocídio". O governo comunista teme que um movimento separatista leve à independência de Xinjiang . Segundo o jornal inglês "The Guardian", "nada deterá o governo em sua tentativa de suprimir o levante uigur [... ] os próximos seis meses serão um período de desespero para os uigures" [.. .]. As tensões cresceram em razão da destruição da antiga cidade de Kashga1: Edifícios de enorme importância histórica e cultural estão sendo demolidos para dar lugar a rodovias e blocos de apartamentos que simbolizam o milagre chinês. Famílias uigures que moram em Kashgar há décadas são levadas à força para novas habitações fora da cidade. A frustração e a revolta de muitos uigures pela grosseira insensibilidade da China transbordaram no domingo". A internet foi bloqueada em toda a Província e ficou impossível fazer ou receber ligações internacionais. Sites populares como Twitter e Facebook foram bloqueados em toda a China. 10 milhões de uigures se consideram discriminados pelo governo central. • E- mail do autor: cidalencas1ro@catoli cis1110.co111.br

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E m Paris, passou-se algo semelhante. O café já era lá conhecido por poucos, e usado mais corno remédio. A pattir de 1684 - quando um imigrante italiano abriu o Café Procope, e m fre nte à Co médie Française - os cafés começaram a atrair intelectuais, atti stas e homens de pensamento, multiplicando-se a pattir de então esses estabelecimentos. Infeli zmente, os inimigos da civi]jzação cristã rapidamente souberat11 uti]jzru·se deles pru·a alcançru·em seus objetivos, e os cafés transformaratn -se rapidamente em lugru·es igualitários de reun ião, onde eratn socialmente admitidos homens pru·a conversat· em público em maiores fo rmalidades ou apre entações, e onde se urdi am conspirações: "Os ceifes proporcionaram à Inglaterra o primeiro lugar de reunião igualitário, onde e supunha que um homem podia dialogar com seus vizinhos de mesa, quer os conhecesse ou não ". 1 Além de aumentar de número, os cafés foratn se especializando. Em alguns difundi am-se notícia , em outros reuniamse os enciclopedi tas para divulgar seu veneno doutrinário, em outros dissemina-

No Café Procope, em Paris, sentados, da esquerda para a direita : Condorcet, La Harpe, Voltaire e Diderot

vam-se boatos, enquanto outros atra íam escri tores, pintores, poetas, etc. Sob o reinado de Luís XV, só em Pat·is chegou a haver 600 cc1fés. Não se pode medir adequadatnente a obra de difusão de idéias igualitárias e contestatárias neles realizada.

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rn VAL01s GR1NsTE1Ns

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m 1683, du rante o cerco de Vi ena pelos tu rcos muçulma nos, o comandante austríaco necess itava de um mensageiro que atravessasse as li nhas turcas e levasse ao rei Jan Sobieslci um a imp o rta nte in fo rm ação. F ran z George Kolschitzky foi escolhido, por ter vivido muitos anos entre os povos ori entais. Disfarçado com um unifo rme turco, conseguiu cumprir sua missão. Depois di sso, os turcos fora m derrotados e postos em fu ga. E ntre numerosos bens que deixaram para trás, havi a grandes sacos repletos de grãos negros, que os austríacos julgaram tratar-se de algum alimento para camelos. Ao constatar que não lhes podiam ser úteis, começaram a queimá-los. Co ntudo, ao sentir o odor, Kolschitzky, que conhec ia os costumes turcos reconheceu imediata-

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CATOLICISMO

me nte tratar-se de café. Conseguiu ev itar que o queimassem, e que lho entregassem e m recompensa por sua missão. P rov id o ass im d aqu ela ru biácea, abriu e m Vie na o prime iro estabelec imento desta bebida, qu e até então era conhecid a apenas como remédio. M as e m pouco tempo o café torno u-se popular, pois fo i modificada a for ma de seu preparo, tornando-o menos forte, adicio na ndo-se de pois um pouco de le ite . Com a popul aridade, surgiram novos locais, os caf és, cri ando-se uma moda.

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Ao contrário das cervejari as, do rni ·nadas pelo ruído e às vezes por di sputas, os cafés tornaram-se o po nto preferido de e ncontro dos intelectuais, apreciadores da concentração mental que essa bebida lh es proporcio nava, alé m de lh es tirar o sono.

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Esta associação entre o café e a difusão de idéias revolucionárias foi com o tempo se diluindo. A rubiácia começou a ser cultivada em outras te1Tas além da sua originária Arábi a, sw-gindo plantações importru1tes, fatnílias que se enriqueciam e toda uma cultura ]jgada à sua produção. Com isso, passou a ter uma conotação exótica, algo mais geográfico que ideológico. Diversos tipos de café fora m apru·ecendo, c ri ando-se corno conseqüência grupos especializados de apreciadores, além de estabelecimentos dedicados à busca de variedades de aromas e misturas. As modas sociais forat11 mudat1do, e a generalização do trato social igualitário, tornou desnece sário ir a um café pat·a conversar com desconhecidos. Devido às numerosas guerras e à conseqüente necessidade de vigiat· e estat· de guarda, o café tornou-se populat· também entre os soldados, penetrando através deles nas classes mais humildes e nos países mais longínquos. O café é o segundo produto básico legal de expo1tação existente no mundo, perdendo apenas pru·a o petróleo.2 SETEMBRO 2009

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mesmo comercial, fica incompleta se não for serv ido um café que permita prolongar de fo rma mais pessoal os temas tratados.

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Todos esses motivos ajudaram a erradicar a má assoc iação que se havia estabelecido entre café e Revolução. Mas não se detiveram aqui as mudanças. A mesma Revolução, que no século XVII difundia idéias e apresentava os homens de pensame nto libera l como modelos a serem imitados, no sécu lo XX passou a apresentar como modelos do futuro os seres primitivos e as pessoas que se movem por impu lsos espontâneos (quando não animais ... ). O estruturalismo, o tribali smo, o rock, a contra-cultura assumiram os novos pontos de referência. Nesse ambiente, o café, com seu estímulo à reflexão e à tranqü ilidade, transformou-se em um inim igo, pois nada mais contrário a uma explosão de espontaneidade do que o pensamento metódico ou a reflexão, que o café pode nos proporcionar. É claramente improvável que um cantor de hard-rock venha a dizer, com uma fina xícara de porcelana nas mãos: "Vamos beber um café para, de forma metódica, tranqüila e sistemática, analisar a doutrina e o pensamento profundo que estão por trás de nossa forma de ser". O café adqu iriu em nossos dias uma conotação trad icional, em algo contrarevolucionária, de bom trato e de harmonia entre as pessoas. "Transformou-se em símbolo da distensão e convívio". 3 Em muitos países, toda reu nião social, e -

CATOLIC ISM O

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Para conc luir, um curioso episódio religioso no qual está presente o café. Trata-se do diá rio espiritual de Santa Gemma Ga lgani, mística italiana canonizada em 1936. Ao relatar o início do dia 20 de agosto de 1900, ela escreve em seu diário: "Meu anjo da guarda não cessa de velar sobre mim, de instruir-me e dar-me sábios conselhos. Várias vezes durante o dia ele se apresenta a mim e me fala. Ontem ele me fez companhia enquanto eu tomava minha refeição. Como eu não me sentia bem depois que terminei de comer, ele me trouxe uma xícara de café tão bom, que me senti instantaneamente curada, e então ele me fe z descansar um pouco". Que tipo de café terá o anjo oferecido a Santa Gemma? Infelizmente não sabemos. Mas o fato indica que no Céu empíreo talvez possamos saborear e. sa bebida paradisíaca! • E-mail do autor: vald isgri nsle ins@cato lic ismo.com .br

Notas: 1. Mark Pendergrast, El Café, Ed. Vergara, p. 34. 2. Idem, p. 17. 3. Ann ie Perrier-Robert, Le caf é, Ed. Solar, p. 6.

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Santa Mai·garida de IMti , Virgem

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jovem fez, com suas duas irmãs mais novas, o voto de virgindade. Aos 15 anos sucedeu ao pai , po is seu irmão, Teodósio II, ainda não havia atingido a maioridade. Tendo que se afastar da corte devido aos ciúmes da cunhada, voltou a pedido do Papa São Leão, a fim de combater as he res ias de Eutiques. Com a morte do irmão, tornou-se imperatri z. Para estabe lecer sua autoridade, casou-se com o general Marciano, com quem viveu em estado de continência.

+ Florença, l 770. De abastada

Seis Bispos africanos, Márti res

11

Deus f ace a face como se fala a um a.migo" (do Martirológio Romano - Monástico). Primeira sexta-feira do mês

5 São BerLino, Confessor + Luxeuil (França), 700. Este patria rca fundou com Santo Omer a abadia de Luxeuil , da qual 22 monges foram elevados às honras dos a ltares.

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família, gra nde mística, entrou para o Carme lo aos 19 anos, vindo a falecer aos 23 incompletos. Pelo seu e mpenho em não aparecer, fi cou conhec ida como a San.ta da Vida Oculta.

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Primeiro sábado do mês

+ África, séc. VI. Estes pre lados, "como verdadeiros pastores, ofereceram suas vidas por seus rebanhos durante a perseguição do rei Hun.erico" (do Martirológio Romano).

Santo Antônio, Mártir

7

+ Síria, séc. IV. "Jovem cris-

Santa Regina de Alésia, Virgem e Mártir

tão de 20 anos, cortador de pedras por profissão, quebrou em pedaços ídolos pagãos. Por esse motivo, foi condenado a morrer na construção da própria igreja em que estava trabalhando" (do M a rtirol óg io Romano - Monásti co).

3 São Gregório Magno, Papa , Confessor e Doutor da Igreja + Roma, 604. De fa mília senatorial romana, muito jo ve m foi prefeito da c idade. Herde iro de e no rme fortuna, fundou se is moste iros, fazendo-se bened itino num deles. Delegado apostólico em Constantinopl a e depois Papa, exerceu o governo da Igreja com firm eza e e nergia, destacando-se sua obra na orga ni zação do culto e do canto sagrado . Sua a mplid ão de vi stas vinhà das graças do Espírito Santo e de sua origem no bre.

+ Borgonha, séc. II. Seu culto na Borgonha "é docum.entado desde o século V por uma basílica ed(fica.da sobre seu sarcófago. Uma tradição design.a assim o lugar do martírio de Alésia: 'Aqui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César "' (do M artirológio Romano - Monástico).

8 NATIVID/\Db DE NOSSA SENHOR/\

9 São Pedro Ctavcr; Conl'CSSOI'

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+ Cartagena (Co lômbia), 1654. Apóstolo dos Negros, nasceu na Es panha e partiu para a então Nova Granada, dizendo: "Quero passar toda minha vida tra balhando pelas almas, salvá/as e morrer por elas ". Foi o que fez po r m a is de 40 anos entre os negros, morrendo vítima de mo léstia co ntraída ao atender empestados.

Patri arca Moisés, Pr•oJ'eta + Palestina, séc . XIII a.C. Pro-

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feta e legislado r. "Recebeu de Deus a missão de libertar o povo de Israe l oprimido no Egito pelo faraó. Falava com

São João Gabriel Perboyre, Má rtir + China, 1840. Depoi s de haver trabalhado na formação da juve ntude e m vár ias esco las católicas da França, fo i envi ado para a miss ão da China. D eus atendeu seu ped ido, concedendo-lhe a graça do martírio numa inesperada perseguição.

12 Santíssimo Nome de Maria

13 São João Crisóstomo, Bispo, Conf'cssor e Doutor· ela Igreja + Armênia, 407. Um dos quatro gra ndes doutores da Igreja Oriental , foi bi spo de Constantinop la, onde se notabili zou por rara e loqüê ncia, de o nde seu cogno me Crisóstomo (Boca de O uro). Perseguido e desterrado pe la imperatriz Eudóxia, ariana, morreu a caminho do e xílio. São Pio X declaro u-o patrono dos oradores cri stãos.

14 EX/\l~fAÇÃO D/\ SANTA CRUZ

15 NOSSA SENHORA DAS DORES

16 Sa nta Pulquéria Imperatriz, Viúva + Bizâncio, 45 3. Bati zada por São João Crisós to mo, a.i nda

Sa nta Edite, Virgem

+ Wilton (Inglaterra), 984. "Filha do Rei Edga,; da Inglaterra. Consagrada a Deus desde

a mais tenra infância (no Mosteiro de Santa Maria, em Wilton), morreu aos 23 anos, pranteada un.anünemente por suas irmãs" (do M a rtiro lógio Romano - Monástico) .

17 São Roberto Belarmino, Bispo, Confessor e Doutor ela Igreja (Vide p. 36)

10 São João Maci'ls, Confessor + Lima, 1645. Contemporâneo de São Martinho de Porres, e do minicano como e le, embora e m o utro co nv e nlo el e Lima (Peru ). Foi exími o cm todas as virtud es, prin c ip a lm c nle na obediênci a e pureza.

1H /\parição de Noss11 Senhora em La SaleLLc (l<'m11ça) Em 1846, as pastorinhos, Maximino e Me lâ ni a, reco me ndando a oração quotidi ana, a santifi cação do domingos, e prevenindo contra a mo ral nas fil eiras d

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Santos EusL::íquio e Companheiro:, M6rtlr·c·s + Ro ma, J20. E ustáq ui o foi um dos maiores generais do ·xérc ito romano imperi al e n Jlá vcl por sua caridade, apesar d · pagão. Numa caçada, o e ' rvo qu perseguia vo ltou -se para · I com uma cru z entre os chil'r ·s. Eustáqui o converteu -s' • sofreu o martírio com a esposa ' dois filhos, assados dentro i ' eno rme estátua de meta l aqu •c ida.

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qui a ou na E ti ópi a, onde teri a in stituído um convento de virgens.

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Santo Emerano, Bispo e Má rti r·

São Vicente ele Pa ulo, Confessor

+ Alemanha, séc. VII. Apósto-

+ Paris, 1660. Cognominado o

lo da Bavi era , fo i martiri zado pe los pagãos. Sobre o seu túmulo foi erguida a abadia beneditina de Kleinchelfendorf, que se tornou lugar de peregrinação.

grande santo do grande século na França. Fundador dos Lazari stas e das Irmãs de Caridade. Praticamente não houve atividade re li giosa a que não estivesse li gado . Os reli giosos e reli g iosas das co ng regações que fund ou foram peças fund amentais para fazer o protestantismo retroceder e perder força naq uele país. No Conselho de Regência, fo i responsável pe la nomeação de bispos virtuosos, o que auxiliou a reali zação de uma verdadeira reforma religiosa. Incentivou a reali zação de um a cruzada contra a Inglaterra, que perseguia cruelmente os ca tó li cos. Ta l cru zada não se realizou dev ido à opos ição do Cardeal Richelieu.

23 Santa Tecla, Virgem e Mártir + Selêucia (Turquia), séc. l. Convertida por São Paulo, sofr e u inúm eras perseguições para conservar seu voto de virgindade, sa indo incólume do tormento da fogueira, dos leões e das serpentes. Embora depois disso a tenham deixado livre, ela é considerada pelos Padres da Igreja como a "primeira das mulheres mártires", e "semelhante aos Apóstolos" (do Martirológio Romano) .

28

25 Beato l lermano Contracl us, Confessor + Baden, I054. Filho de condes, fo i vítima de um traumatismo obstétrico ao nascer, e leve que ser carregado no colo durante toda sua vida. Daí o cognome de Con.tractus ou En.t re vado . Mas a Provid ê nci a co mpensou essa lacuna corpora l com do ns de inteli gê nc ia, que lhe mereceram outro cognome, o de Ma ravilha do século, por sua c iência e virtude.

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+ Antioquia, séc. 1. De ix.o u

So 11ta Teresa Courdec,

Virgem + Liã , 1885. Fundadora da ' ongrcgação de Nossa Senhora do •nác ulo, dedicada à obra dos r ·tiro · es pirituais para senhoras, sofreu toda sorte de humi lh uç s, ingraticl - cs, rivalidaclcs, s ·ndo mesmo destituída do

Intenções para a Santa Missa em setembro Será ce lebrad a pelo Re vmo. Padre David Franc isq uin i, na s se guintes intenções: • Em honro da Exaltação da Santa Cruz de N osso Senhor Jes us Cristo - festa que se co memo ro em setem bro - , pedindo para todos os co laboradores, assinantes e leitores de Ca tolicismo o amor à Santa Cruz e as forças necessá ria s para supo rtarem coraj osamente as cruzes que se apresentarem ao lo ngo de suas vidas.

Santa Eustóq uia, Virgem

24 Nossa SenJ1ora das Mercês

São Mateus, Apóstolo sua mesa de cobrado r de i mpostos em Cafarnaum qu a nd o o Senhor, fixando-o, di s e- lhe s impl esme nte: "Segu e-me". Fo i o prim e iro que, po r in sp ira ção divina , esc reve u o E va nge lho. Segundo a trad ição, foi martiri zado e m Anti o-

cargo de superi ora da obra que fundara, sendo-lhe negado o título de fund adora.

+ Palestina, 4 18. Virgem romana, mudou -se para a Palestin a com sua mãe Paul a, a fim de se torn are m re li giosas sob a direção de São Jerônimo.

29 Arcanjos São Miguel. São Gabriel e São 1-< afael

~JO São Jerôn imo. Confessor e Doutor da Igreja + Palestina, 420. N ascido na Dalmácia, foi o orác ulo de seu tempo e temível polemista contra os hereges. O Papa São Dâmaso confi o u-lhe a tarefa de traduzir a Bíblia para o latim . A Jg reja atribuiu-lhe o títul o de Doutor máximo na ciência da interpretação das Sagradas Escrituras. Nota : O s Sa ntos aos quai s já fi zemos rel'erência em Ca lendários anteriores têm aq ui apenas seus nomes enunciados, se m nota biográfica.

Intenções para a Santa Missa em outubro • Para que Nosso Senhora Aparecida, Rai nha e Padroeira do Brasil, livre nosso Pátrio de todo tipo de corrupção, sobretudo da corrupção moral que vem arru inando as famí lia s brasileira s. Pedindo o Ela não permitir a ação de certos movimentos ditos "sociais", que procuram provocar agitações no tentativa d e lan çar o País no caos. Também suplican do à nossa Padroeira que todo s as fa míl ias católicas cresçam no devoção ao Sa nto Rosário.

SETE


Alemanha: Curso de Verão dedicado ao livro

Revolução e Contra-Revolução Ern razao do qüinquagésimo aniversário da publicação dessa obra1nestra de P1inio Corrêa de Oliveira, o Curso de Vel'ão dedicou-se ao estudo cios princípios contra-revolucionários 1~ C ARLOS EDUARDO SCI-IAFFER Correspondente -Áustria

Viena - "Se a Revolução é a desordem, a Contra -Re volução é a restauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica, jimdarnentalmente sacra[, antiigualitária e antiliberal". -

CATOLICISMO

Essa frase lapid ar sinteti za esple ndidame nte o te ma de " Revo lução e Contra-Revolução", dado a lume no número 100 de Catolicismo (abri 1/ 1959). Ao longo destes 50 anos, essa obra inspirou a fo rmação de inúmeros grupos de ação contra-revo lucionári a no mundo inte iro. Sua le itura tem sido para muitíssimas pessoas in strumento in substituíve l para compreende r a crise que aba la o

mund o atual, be m co mo a ma ne ira de combatê-l a. O li vro vem se nd o cada vez mai s proc urado e m quase todos os países do oc ide nte - e m es pec ia l na Itá li a, onde j á foi editad o vári as vezes. O no me de seu autor a parece co m freqüênc ia nos gra ndes j orn ais, co nsiderado por muitos inte lectua is de grande re no me co mo um dos princ ipa is rn.aí:Lres-à-pen.ser dos

a utênticos contra -revo lucionários católi cos. Revolução e 011/ra-Revolução fo i o te ma central do urso de Verão das TFP da Al emanha, Áustria e França. De 15 a 20 de julho último , te ve e le luga r e m Kl e inh e ub ac h , c i lad e s itu ada na Francôni a bávara , com 98 parti cipantes proveni entes da Ale manha , Áustria, Brasil , Es lováquia, Eslad s Unidos, França, Itália , Pe ru, Pol ô ni a e Re pública dos Camarões (África). A presidênc ia d honra coube a Dom Bertrand de Orlea ns e Bragança, Prínci pe Imperial do Brasil. Após a Missa d abertura no moste iro franc isca no de •nge lberg, Dr. Ca io Yidiga l Xavie r da . il ve ira abriu o congresso, hi stori and o ·orn o o autor de Revolução e Contra -l?evolução redigiu essa obra, e qual seu alcan ce. O Dr. Mário Navarro da Costa, chefe do bureau de repr ' S ' ntação da TFP americana, em Washin >ton, di. correu sobre os movimentos e pcrsc nalielades ele orientação contra-revolu ·ionúri a desde a Renascença até a épo ·a do ponti fi cado de São Pi o X. Oi. corre n lo sobr ' o Le ma Quem. so1nos nós, o r. 13 ' noí'I Be melmans, preside nte da Tf/P l'rnn · ' sa, ressa ltou que, se qui serm os r a li Y,,tr um idea l, a prime ira co isa a faz ' r ·onhccê- lo bem , e m seg uida ana li sar s' nos ide nt ifi ca mos inte iramente co m ' I '. Dr. Nelson Rih •iro Frage lli , pres ide nte ela associação l,11ci sul ' Est, el a ftáli a, expôs o pape l das 1 'ndências e dos ambientes na luta nlr ' a Revo lução e a Contra-revo lução, i lu sl rnn c.lo sua exposição com a projeção d · quadros e fo tos. Doi s exemplos con ·r ' los ele como a Revolu ção se utili za d ' te ndê nc ias desordenadas para ir rad i ·u I izando suas falsas doutrinas fo ram un uli sados pelo pres idente da TFP ale m,, o Sr. Math ias Von Gersdorff: o movim · 111 0 homossexual e a corrente hoje conh • ·ida como Gender Mainstreaming , qu ' afi rma serem as diferenças entre os s ·xos masculino e feminino ape nas qu si, o d · fal sa educação. O Sr. José Antonio Ure ia, 1 ·squi sado r da TFP francesa, mostro u ·o mo a globali zação em todo o s us asp 'Ctos, ali ada aos sempre crescent s mais so-

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fi sticados me ios de co muni cação , vai despersonali zando os indivíduos e condu zindo-os para um tipo de sociedade com tecno logias a ltamente sofisticadas, mas culturalmente cada vez mais pobres e primitivas. O Sr. R e nzo Alvarez Aste ngo, do mo vimento peruano Tradición y Acción, e o Sr. Juli o Loredo, pres idente da TFP ita li ana, expuseram aos partic ipantes a nova face do socialis mo latino-americano: o indi genismo comuno-progressista. Surpreendeu seus ouvintes o Sr. John Horvat, vice-pres ide nte da TFP america na, ao di zer que nos princípios explanados em Revolução e Contra- Revolução encontra-se o e le mento mais fund ame ntal para re oi ver a atual cri se econômica: o reordenamento das paixões desregradas, espec ialmente pela prática das virtudes cardeais. O Sr. Michael Drake, me mbro da TFP americana, apresentando as diversas atividades da entidade, deu o exemplo de uma organização que pauta suas ações nos princípios de Revolução e Con.traRevolução, obte ndo vitóri as de grande repercussão nos EUA. A impo rtânc ia da devoção a Nossa Senhora na luta contra a Revolução fo i ressa ltada pelo Duque Paul de Oldenburg, mostrando que Deus a colocou no ápice da criação, tornando-a rainha dos anjos, dos homens e de todo o universo materia l, e M edi ane ira de todas as graças. Na sessão de e ncerram e nto , a pós Mi ssa solene, falou S .A .I.R. o Príncipe Dom Bertrand sobre a necess idade de sermos fiéis aos princípios de Revolução

e Contra- Revolução. Para a for mação cultural contra- revolucionária dos parti c ipantes, fo ra m visitados os seguintes monumentos hi stóricos situ ados nas proximidades de Kleinheubach: o castelo-fortaleza medieval de R o nneburg; a abadia de Amo rbac h, o nde foi executado um concerto de música barroca e clássica ; a c idade la med ieval M arienberg, dos bispos-príncipes de Würzburg ; e o castelo e m estil o barroco dos mesmos prelados, no centro da c idade . • E-ma il do autor: cschaffer cato li cismo.com.br

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CATOLICISMO

Feira Agropecuária de Campos dos Goytacazes A Associação dos Fundadores, por meio de sua campanha Paz no Campo. participou da 50ª Expoagro (Exposição Agropecuária e Induslsial) de Campos dos Goytacazes, cidade do norte numinense u

Castelo-fortaleza medieval de Ronneburg

H ÉLI O BRAMBILLA

e 3 a 12 d ' ju lho rea li zou-se a Expoagro, que comemora neste ano seu "jubileu de ouro". Trata-se da maior ex posição do estado do Rio de Janeiro e uma das maiores do Brasil. v •nto atraiu 2 10 mil participantes de todas as regiões do País . O stand mui lo h '111 loca lizado da campanha Paz no Campo foi montado no pavil hão industrial e comerc ial, sendo um dos mais visitados. Na ocasião, foram di stribuídos milhares de folhetos em d ·f ' Sél dos produtores rurais, vítimas de injustos ataques. O le ma "paz. no ·ampo" é invocado para pedir a tranqüilidade necessária a l'i m de que os laboriosos produtores possam trabalhar e m paí',, ' ao mes mo tempo para ne utra li za r os d etratores d e s ' Slcio e co nô mi co da Nação, que é a agropecuária. D fot o, a esquerda - através dos chamados movime ntos soc iai s (quilombolas, sem-terras , indigenist.as , ambientalistas, 1 ·.) procura denegrir a agropecuári a com vi stas à comunistií'.açt o do Brasil. Vários órgãos d ' imprensa deram cobertura ao trabalho de Paz no Campo nos dins da fe ira, tendo a população campista acolhido calorosam ·nl • os com ponentes dessa cam panha. Uma senho ra da tradic io nal sociedade local aprox imou-se de um deles e disse: "Tive o lw11 ra de conhecer pessoalmente o Prof

Plinio Corrêa de O/ill/'im, ele foi realmenle um profeta que pre viu todos os erros r111 1• estamos enfrenlando atualmente". E m entrevista con · ·d ida por um dos participantes do stand, um jornalista da ma is i111portante rádio da região mencionou a Reforma Agrária como "11111a questão de consciência ", aludindo ao título do besl-s<'IIN do qua l Plínio Corrêa de O liveira fo i co-autor. Dezenas d e pess< as p •rgu ntara m pe lo prín c ipe Do m Bertrand de Orleans d ' 11 rngança, que no ano passado honrou a Expoagro com sua pr ' S ·nça; nes te ano, poré m, c m razão de agenda pré-fixada na Euro pa, não pôde ele c mpar cer. M ui tos pediram para transmitir-lhe os pêsames pe lo passamento de seu sobrinho Dom P dro Lu iz de Orleans e Bragança, fa lecido no trágico desastre a r •o de vôo da Air Fra11c ,_•

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Aborto: tentativa de transformar o crime em lei A Campanha Nascer é u1n DÍreÍlo conclama o povo brasileiro a dizer NÃO à legislação homicida, recusnndo a aprovação no Brasil de leis abortistas u D AN IEL M ARTIN S epois de sofrerem duas derrotas em em com issões do Congresso Na cional, os abortistas ficaram um tanto desno1teados. Uma vez recuperados do golpe, voltaram à carga, e em breve será votado no plenário da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1135/91 , que escancara as portas do Brasil para o aborto. Além disso, há projetos em tramitação em vários legislativos estaduais, visando facilitar a aprovação da prática do aborto. E o abo rto em caso de anencefa li a está prestes a ser apreciado pelo Judic iário, mediante votação no Supremo Tribunal Federal. Depende de nós, o povo brasileiro, protestar e evitar essa aprovação, dizendo um rotundo NÃO ao aborto. Foi justamente para convidar todos a expressar este NÃO, que 23 jovens da Campanha Nascer é um Direito dedicaram seu período de fé ri as para proclamar, alto e bom som, a negação ao assass inato de inocentes. Crista lin a (GO), Paracatu (MG), Coromandel (MG), Araxá (MG), Franca (SP), Mococa (SP), Casa Branca (SP), Mogi-Guaçu (SP), Jacareí (SP) , Campos dos Goytacazes (RJ) e Cardoso Moreira (RJ) assistiram com grande simpatia e apo iara m as campanhas de a lerta da caravana dos 23 jovens, que se realizou no mês passado. A acolhida favorável do público tem confirm ado diversas pesquisas de opinião: a imensa maioria dos brasileiros é contra o aborto. -

CATOLICISMO

Mas a propaganda abo1tista é intensa, o que gera em alguns muitas dúvidas: - O que pensar do aborto em caso de estupro? - E no de anencefa li a? - Quando começa a vida humana? Para responder a essas e tantas o utras questões, foi de enorme utilid ade a divulgação do Catecismo Contra o Aborto , de a utoria do Pe. David F rancisquini, que esc larece as ma is diversas dúvidas sob re o tema. Além do livro, fo i distribuído o fo lheto Como transformar o Crime em Lei, mostrando as táticas dos movimentos pró-

COMO TRANSFORMAR UM CRIME EM LEI

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aborto confessadas por uma ativi sta do aborto em Buenos Aires. Em suma, a caravana provou mais uma vez: se lutarmos, Nosso Senhor nos dará a vitória! Depende de nós. Acompanhe os passos desta batalha pelo site www.nascereumdireito.org .br. • Na página seguinte, cenas da campanha . E-mai l do autor: dan ielm artin s@catoli cismo.com.br

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São Domingos de Gusmão Esforço de uma alma piedosa e reta para encontrar a verdade D PUNIO C ORRÊA DE Ü UVEIRA

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ra Angélico (1387-1455) é um dos pintores mais indicados para refletir a gravidade, e em outro sentido o menos indicado. Porque as pinruras dele, sendo angelicais, de certo modo transcendem as fraquezas da natureza humana; e de outro pintam o homem, não com os defeitos mostrados pelos pintores naturalistas, mas com alta elevação, quase sem a marca do pecado original. Por exemplo, neste quadro de São Domingos, em que o representou com hábito dominicano, numa atitude pensativa, ainda muito moço. São de se notar os traços característicos da gravidade e da concentração, que o mostram inteiramente aplicado no que está lendo, revelando a capacidade de transcender o concreto. Esta concentração traduzse numa atitude que tem quase o caráter de uma carranca. Percebe-se a dificuldade que o espírito do santo encontra em compreender determinada coisa. Sua mente está embrenhada num labirinto e quer resolver um ponto que oferece resistência. A gravidade é acentuada e completada pela inteira serenidade do seu ser. Um esforço sério, sem agitação, sem estar representando para si mesmo. Ele está sozinho aos olhos de Deus, e almejando encontrar a verdade. Uma das coisas mais difíceis para o homem contemporâneo é exatamente a capacidade de fixar a atenção num assunto difícil, árido, e de mergulhar nele completamente. Esse quadro poderia ser intitulado: Esforço de uma alma piedosa e reta para encontrar a verdade. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Sem revisão do autor.



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UMARI

PU NIO C ORRÊA DE ÜUVEIRA

Repouso autêntico

Outubro de 200H

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Exc1•:RTOS

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CAnT/\ DO D11mT01~

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PAGINA MAIU/\N/\

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IJi-:in 1RA EsP11un1A1,

Nº 706

Nossa Senlwra de Trsat (Croácia) Por que estudar a Religião?- vn

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Ambientalismo, pânico e fraudes

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Antropólogo desmascara atual indigenismo

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CmsTANn,an: Exposição de trajes nobres Prof. Hilário Rosa

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Antecedentes da obra Revolução e Contra-Revolução

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39 D1sc1,:1~N1Nno AustráJja: índjos recusam-se viver em reservas 40 IN·1·1m'\I \<:ION/\1, Despenca a popularidade de Obama 42

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Praga: uma jóia arquitetônica

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São Remígio

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Nossa Capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

CATOLICISMO

Vigorosos protestos contra Obama

OUTUBRO 2009 -


Caro leitor, E m seu centésimo número (abril de 1959), Catolicismo de u a lume a obra-mestra de Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, info rmalmente conhec ida co mo R-CR. M eio século de pois, ela é mais atual do que nunca, pois escrita não apenas para determin ada época, mas para todos os tempos. Obra perene, que influencia e continuará a influenciar as

Diretor:

Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Regi strado na DRT/DF sob o nº .311 6 Administração:

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Te l (Oxx 11) 3333-6716 Fax (Oxx 11 ) 3331-685 1 Correspondência:

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Prol Editora Gráfica Lida. E-mail: catolicismo@ terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br

gerações vindouras. Publicada em 16 países da E uropa e das três A méricas, em nove línguas, so mando 27 edições, a R-CR expõe a agudíssima visão do autor obre a cri se que afeta tão profundamente o mundo co ntemporâneo, para alé m dos estudos m ais clarividentes j á apresentados sobre o assunto. À luz da fé católica, o Prof. Plínio faz uma análise hi tórica, fil os f'i a e sociológica da crise, apo ntando sua ori gem no fi na l da ld ad ' M d ia, suas trágicas conseqüências a partir do Hum ani smo e ela R •nas · ' 11 ·a, ini ·iando um processo multissecular que se des nro h po r t;i pas: o Prol ·stantismo (1 517), a Revo lução Fra nce a ( 17 9), a R · vo lu ·fio 'om uni sta ( 191 7), seguindo-se posterio rme nte a R v< luçuo da , 'o rbon n ' ( 1e 68), at os l'u n 'Stos sinto mas, no di as d hoj , (h Revol11rlio '11/t11ral e Triba /isto. A in da q ue boa I art los 1· it o r 'S d ' 'atolicismo co nh ·c,;a u R- R, é in fo rmaçõ ' S sobr os ante · •d ·nll's du sua men r o núm ro dos q u lab raçã publi caÇío. om o in tuito de dá- los a conh e r, p ·d i111 os a um d i cípulo d Plíni o o rrêa cl O li veira, Dr. Caio V idigal Xav i ·r da Si lv ·ira, que os narrasse pa ra nossos le itores, o que con titui a ma l ri a d · ·u pn d 'Sta edi ção. E le conhece u o Prof. Plíni o anos ante da pre paraçt o dn ohru, 'já era se u discípulo no período e m q ue o líder contra- r vo lu ·io 11:íri o r •di •iu a R -CR. Xav ier da Silve ira historia co mo fora m s fo rm ando L' l'ir111:111do na mente do Prof. Plíni o as primeiras noções ele R •vo /11çc o • d · ( '1111 /m Revo-

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lução. A leitura dessa matéria constitui um auxíli o •ri ' li'./, pur:i ·11 fr ·11 1:tr n ·risc que devasta o mundo hodierno, pre parando-nos pum 111-1 1'111111 as interv nções ela Divina Providência nos aconte ·iine nt m;. /\jttd 11 11 0 1-1 11 lmmar uma noção m ais profunda do horro r qu e r ' 1 res ·nt u u lfrvo ltt ·11u , l' da nec ss iclade ela restauração da C ri standad ', ·o nl'orn1l' 11111111ci:ido por Nossa Senhora em Fátima em 19 .17 .

ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Outubro de 2009:

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Desej o a todos um a boa l •it11 n1.

Em Jesus e Maria,

CATOLICISMO

~7

Publicação mensal da Editora

nau lobrito @cato licismo.co1 hr

PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .

Ü IR ETOR

.Âgumas histórias não acabam com a partida do protagonista, apenas começam ... É o que demonstra un1a narrativa do traslado 1niraculoso da Santa Casa de Nazaré para a Croácia e depois para a Itália. V ALDIS G RINSTE INS

N

ada há mais interessante do que pesq ui sar sobre a Santíssim a V irge m, sua vida, mil agres, aparições, etc. Mesmo para quem tem a alegria de poder fazê-lo há anos, sempre novos docum e ntos confi rm a m o aspecto mate rno d'Ela, sua fo rma de atuar e legante, d iscreta, cheia de sabedori a e inocênc ia. T ive recente mente uma prova di sso. Um amigo que viajara para a Croácia trouxe-me um fo lheto de um santu{u-io mari ano

naquele país. O nome Trsat em croata (ou Tersatto em italiano, Tersatz em alemão) soava-me conhecido, mas não me lembrava de onde. Ao ler a história num folheto, tive uma urpresa. Eu mesmo escrevi para esta revi sta, em dezembro de 1997, um artigo intitul ado Nossa Senhora de Loreto, padroeira dos aviadores. Nele é narrado que, ao apoderarem-se os muçulmanos da Palestina, em 129 1, a Santa Casa onde moraram Nossa Senhora e São José, e onde se deu a Encarnação de Nosso Senhor Jesus C ris to, fora tra ns po rtada mirac ulosamente para Loreto, a fi m de se evitar profanações. Mas a casa não fora direta-

mente para essa cidade da Itália, pousando antes milagrosamente em várias localidades , sendo a prime ira delas justame nte Trsat. Ali a casa apareceu no di a lO de maio de 129 1. As pessoas do loca l tiveram uma tremenda surpresa ao ver uma casa o nde no d ia anterio r nada havi a. Se é certo que hoj e isso chamari a a atenção, imag ine mos qu anto mais seria naquela ép oca, e m qu e adquirir e tra nspo rtar materiais, e depo is construir com e les uma casa, de manda va muito mais tempo . Alé m do mais, hoje todas as constru ções pe lo mundo afora, devido à pad ro-

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Modo <lc Nossa Scnhom atuar

nização universal , são parecidas; mas naquela época se construía em cada região com uma arquitetLu-a diferente e com os materiais disponíveis. No local, justamente a arquitetw·a e os materiais de const:rução dessa casa (pedras, madeira e massa para mantê-las firmes) eram absolutamente diferentes, e até impossíveis de se obter na região. Mais ainda. O pároco do lugar, Pe. Alexander Georgevich, que se encontrava enfermo havia três anos, fi cara curado, e contava a todos que Nossa Senhora lhe aparecera e dissera ser aq uela a casa da Sagrada Família em Nazaré.

Séria comprovação do milagre Digna de nota foi a reação da autorid ade local, o príncipe Nikola Frankipan. Ele desejou tirar a limpo se era verdade o que narravam. Era óbvio para ele, como para todo mundo, que há algo especial quando uma casa aparece de repente em determinado lugar. A autoridade tem o dever de esclarecer se realmente essa casa é o que djzem ser, ou e a explicação ieria outra. A verdadeira autoridade não pode fingir que nada sabe (como ocorre habitualmente hoje, em nome cio laicismo) nem permitir uma tapeação, por mais devoção que se possa ter. Determinou então que viajassem à Terra Santa quatro e missá ri os (entre e les o pár co miracul ado) para verificar em Nazaré se realmente as medidas dos alicerce. que ali permaneceram identificavam-se com as ela casa, e os materiais e e tilo de construção eram próprios do local , na Palestina. Uma viagem dessas, naquela época de comunicações difíceis, bem indica quanto a autoridade levava a sério sua função. Ao voltar, os enússários confirmaram ser de fato a casa de Nazaré, onde viveram Nossa Senhora, São José e o Menino Jesus.

1'raslado da Croácia pa1'a a Itália Mas a casa não permaneceu no local onde aparecera na Croácia. No dia lO ele dezembro de 1294, três anos e meio depois ela chegada, ela desapareceu tão subitamente quanto aparecera. Para os habitantes do local, deve ter sido uma tri ste notí-

-CATOLICISMO

Santuário de Nossa Senhora de Trsat

eia, mas não o foi para os italianos de Loreto, para onde a casa fora transportada de forma milagro a, e onde ainda hoje e e ncontra . Posteriormente, o príncipe Nikol a Frankipan fez erigir uma capela no local onde estivera o edifício. Rapidamente ela se transformou em local de peregrinações, e com o pa. sar do temp , no atual santu ário, o nde se venera um a ima m doada pelo Papa Urbano V cm 1. 67, ·onhecidacomoMãeMiseri ·ordio.1·a. Milhares de peregrino. vüo ao santuário todos os ano . Qual o moti vo de a casa ter saído d ' Trsat? A resposta, a encont ramos na obra Rosarit11n,* de anta atarina de Bolonha . Esta santa escreveu a seguinte conversação mfsti ·a que teve com Nosso enhor: "Ao final esta edificação, consagrada primeiro pelos apóstolos, que ali ·elebrarw11 os divinos ,nistérios com milagres, foi transportada para a Dalm ,eia por 1111w multidão de a,~jos, devido à idolatria daquela gente [os muçulmanos da Terra Sa nta]. Depois, pelas mesmas e outras razões, essa digníssima edificação foi trasladada para vários locais. Finalmente, levada pelos santos anjos, foi colo ·ada estavelmente em Loreto e deixada nessa província da Itália e em terras da San.ta Igreja [naquela época, Loreto e tava situada no território pontifício J " .

Confesso qu , ao se r ·v 'r obre Nossa Senhora d Lor to, nem pensei que alguma lembrança fica ria no loca l da roáci·1, onde a casa estivera durante poucos anos. Devo reconhecer que, ele núnha parte, foi uma demonstração de conhecer pouco sobre o modo maternal de Nossa Senhora atuar. Ela havia dado de pre.scnte ao povo da região uma verdadeira maravi lha - sua própria casa. Mas, conforme o texto de Santa atarina lc Bolonha, a popul ação loca l pecou contra a Religião e cometeu outras fa ltas de forma muito elega nte e mi sericordiosa, e las ne m são especificadas - que os fi zeram perder o te ouro recebi lo. A Virgem castiga, porém consola com bondade. Por assim dizer, Gla sai u mas deixou seu perfume. Nossa . cnhora não cortou to la relação com a população pecadora. Pelo contrári o, p rmit iu que o loca l fi casse ab nçoado, ond ' vários milagres ( 111 sido r 'gistrados. Deixou as sauclad s d qu m outroru fora muito querida, qu at hoj ' atrai os p ·r ·grinos. Esta hi stória d ' unrn imagem num país tw lil' •r·nt • do Brasil pod' certamente raz ·r h · 111 u tu11111s p ·ssons aqui , pois a fo rma d ' utu111· de Nossa , nhora é sempre mat ·rnu. Por v ·z ' S, po ( 'remos fi car Jon' • d' 1ilu por nossas fa ltas, mas Ela sempre d •ixaní u1nu saudosa I mbrança, uma pcmte d ' ·ornun i 'llÇH), e invariavelmente mant 111 possihi lida lede se refazer a relação ·0111 lfüt. M 'Smo quando a Santíssima Virg ·rn part ', algo d' Ela fica. Devemos pedir por todos aqueles que, mesmo tendo-se al'astado cl ' Ela, ainda têm em sua alma um r 'slo de no taJgia da relação que houve. A hi stória ele Nossa Senhora de Trsat atesta bem que, da parte da Santa Virgem, há sempre o desejo de refazer a I igação perdida. • E- mail do aul or: va ldis rinst · ins

Nota:

* Rosa rium ,

1 Mi st. Gaud ., vv. 73 ss.

/l (I 111w

1raduzio11 e de i res to lati11.o JJ11h/Jl/ ('(I/U /11 "Messaggio dei/a Santa Casa", ~001 , 11" 7, p. 2 11. Extra ído de www layocç ·u tt >Jkn.il

Por que estudar a Religião? - VII N a edição anterior, tratou-se da necessidade que tem o homem de uma religião. Nesta o autor* mostra que se é infeliz sen1 religjão, e que ela é vital para a sociedade.

nclubitavelmente Deus não necess ita de nosso cu lto. Esta pal avra necessidade só pode ser empregada e m re lação às criaturas, jamai em relação a Deus. O Ser necessário, sendo necessariame nte tudo o que é e tudo o que pode ser, bastase a si próprio. Mas é preciso determinar o que devemos a Deus, tomando como ponto de partida o que pedem nossas re lações essenciais com E le. Deus não necessita que honremos e amemos a nossos pai s; sem embargo, ordena isso porque os deveres cios filhos nascem das re lações que os ligam a seus pais. Deus não preci sa que respeite mos a regra ele justiça; sem embargo, manda que e las sejam obedecidas, porque essas regras estão fundad as nas rel ações que mantemos com nossos seme lhantes . Ass im, mesmo não necessitando ele nossas homenagens, Deus as pede porque são a expressão das re lações do homem com Deus. A relig ião deseja que sej amos re li giosos para com Deus, assim como a mora l quer que sejamos justos para co m os homens. Ora, o home m só é fe li z neste mundo qu ando suas facu ldades estão plenamente sati sfe itas. E só a re ligião pode dar tran qüilidade ao espírito, paz ao coração, retidão e fo rça à vontade. Logo, sem re ligião o home m não pode ser fe li z neste mundo. Por outro lado, a reli gião é abso lutamente necessária ao home m para viver e m sociedade com seus seme lhantes. Para isso a sociedade necessita: lº) Nos superio res que governam , justiça e pronta dispos ição para servir e favo recer os demais; 2º) Nos súditos, obediência às le is; 3º) Em todos, as virtudes sociais. Só a reli gião pode inspirar aos superio res a justiça e a di sposição para sacrificar-se pelo bem dos súditos; aos súdi tos, o respe ito ao poder e a obediê ncia; a todo , as virtudes sociais, a justi ça, a caridade, a unção, a concórd ia e o espírito de sacrifício pe lo bem dos demais. Logo, a re li gião é necessári a à soc iedade. A mora l sem Deus, a moral independente, é uma moral sem base e sem cume, uma moral quimérica, que carece de força coercitiva e de sanção eficaz. Deus deve ser a base fundamental da moral. Por isso, a mora l sem religião é uma justi ça sem tribunais, quer dizer, nul a. Quando a consc iência não está dirigida pelo temor e pelo amor de Deus, não tem mais norma senão suas paixões, seus

desejos, seus caprichos, sem outro objeto senão o orgu lh o, o egoísmo, a astúcia e a fraude. Conclusão: "Se a religião é necessária à sociedade, esta deve, como o indivíduo, reconhecer mediante culto público e solene o soberano domínio de Deus; tanto mais que, particularmente por meio de suas cerimôn ias religiosas, eleva os pensamentos, depura os sen.timen.Los do povo e o melhora. Era mister chegar a nossos tempos para encontrar-se homens que pedem a separação entre a Igreja e o Estado. Esta concepção é um produto do ateísmo moderno " (Gúyot). •

*

Tradu ção ele trec hos do li vro La Re/ig i611 De1110.v1rada, do Pad re P.A . Hillai re, Ed itori al Dil'u sión, Bu enos A ires, 8" edi ção, 1956, pp. 83 e ss.

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AtOLlCl§~Q·

fV LUCIO-

História da carochinha t8] Sou mes mo ingênuo. Imag inava

que esse conto da carochinha intitul ado "evolucionismo darwiniano" já estava morto. Agora vej o que renasce uma nova onda para tentar tirar do fundo do baú aquele conto empoeirado, há muito já esquecido e desacreditado. É incrível como esses cienti stas ateus não desiste m na te ntativ a de meter nas cabecinhas das crianças suas teori as materialistas. Gostei muito do artigo. E le desvenda o objetivo final do mal, que não procma apenas negar o Divino Criador, mas criar uma espécie de subproduto do ho mem, que seria um ho mem " microchipado", um homem cuja "alma" seria um "chip", um robô. Desse jeito, esse new-homem-matéri a não se voltaria mais para Deus, procurando servi-Lo e glorificá-Lo. Esse artigo sobre o evolucionismo precisa ser distribuído nos colégios, a fim de vacinar os adolescentes contra as crendices desses cientistas que se crêem descendentes de chipanzés. (L.P.A. - BA)

Mastame11to <lo cristianismo 121 Concordo co m o diretor, po is o evoluc ioni smo de Darwin é a negação de Deus. D arwin de vi a estar afastado dos ensinamentos cri stãos qu ando cri ou essa teoria evoluc ioni sta.

-CATOLICISMO

Qu anto ao caso de H o nduras, a meu ver, não foi um golpe, mas sadi a reação popular com apoio ex press ivo de vários setores da população. (P.A.D.F. - RJ)

ela vida tão deta lhada cless sa nlo colossa l. Todo ano eu , e mpre escrevo sobre e le. (F.L.P.G. - RJ)

0 blllTO pi11tor

121 Muito bo m e interessante o artigo "Cresce na E uropa a influênc ia da tradi ção" (julho/09). Acredito também qu e a "Europa cios turistas .. seja um fa to r impo rtante para a sa lvação das almas ; milhões de turistas, ao admirare m o. inúm e ros mo num e ntos e obra da l dacle Médi a (a Sainte Chapelle, po r e xempl o), recebem graças es pecíficas el a Divin a Prov idê ncia, podendo pro vavelmente ser para e las o caminh o da salvação eterna. (J.S.C. - SP)

Sou leitor do Catolicismo desde 1968, e o considero como um grande auxílio para me lhor entender e praticar a religião ensinada por meus pais e avós . Lendo o artigo sobre arte moderna no número 705 de sete mbro de 2009, me lembrei de uma matéri a ele um gui a turístico de Pari s, que transcrevo abaixo, a títul o ele info rmação: " O antigo Cabaret des Assassins eleve seu nome atual a um cartaz pintado pelo humorista André Gil!. Seu desenho de um coelho escapando da . panela ( 'Le l apin à Gill ') acabou se tran~formanclo em 'coelho ágil ' (Lapin Agite). O local era muito popular entre os intelectuais e artistas na virada do século XX. Foi lá que, em 1911, o ódio do romancista Rolancl Dorgeles à arte moderna, praticada por Picasso e outros pinto res elo 'Bateau Lavoir ', levou-o a fazer uma brincadeira com um elos j i-eqüentaclo res, Guilla ume Appolinaire - poeta, crítico de arte e admirador elo cubism.o. Dorgeles amarrou um pincel no rabo do burro do dono do café, e os rabiscos resultantes f oram expostos no 'Salon eles lndépenclents ', com o título " Pôr elo Sol no Adriático'" .. . As críti cas ele arte moderna se pare c e m co m o fam oso co nto d e Andersen A roupa nova do Rei: só os "inteligentes " consegue m ver a beleza .. . (T.M.S. - MG)

Não gostou pouco 121 Sr. Plini o M aria Solimeo, eu não gos te i de se u arti go. E u GOSTEI MUITO do seu artigo. E le é o arti-

go mais completo que já vi em toda a minha vida so bre João Ba1ista M aria Vi anney, o Santo C ura D' Ars, que deveri a ser exempl o para TOD os sacerdotes. Agradeço à b líssim a revista Catolicismo pe la I ublicação

Valores da trndição eumpéia

Estado laico? 121 As proibições de usa r sím bolos reli giosos nas repartições públi cas, produtos de nossa época, a1 rcsc nta m a incoerência de sempre. Exemplo: usar os feri ados re lig io o para cl scansa r, mudar os nomes de c idades estados cio Brasil, tudo em te ntati vas ele lestruir aquilo que está fc ilo · substiluir pe la mediocridade de qu m nfo leve capacidade ele consLruir. Rogamos a Deus para que perdoe ta is ·1bsurdos e ilumine tais auto riclacl s para cumprire m s uas alribui çõcs, lraba lh ando , para a me lhori a lo pad rão d vid a do po vo. (J.E. - SP)

Jlol1(/t11 •a8 mal Send o bra s il ' iro mo rando há c inco anos · m Te 1 u ·i 1 a lpa, me impress io na u l'a lla d ' ·onh c imento dos me ios d ·o muni cação cio Bras il sobre a r ' ·1li dad ' do q ue acontece em l lo nduras, e a incríve l d ife rença de p ·r ·cpção dos falos po r qu e m e tá aqui que m está fora do país. Para as pessoas que conhecem o es panhol e gosta ri am ele entender co m ma i c la reza o qu e aco ntece u m Hond uras, reco mendo os vídeos de Jaime Bay ly, que re umem de mod o certo co mo M anue l Ze laya c ri ou o clima que propiciou sua cleslitui çao:

http : //www . y o utub e . co m/ watc h?v=zN1CbjIHjb4 (F.L. - Honduras)

mo é a jó ia mais prec iosa da impren-

Chavismo em /1011(/uras

Modo co11tra-revolucio11ál'Ío

121 Goste i muito do a rti go sobre o caso ho ndurenh o, e a opini ão ne le manifes tada está confirmada .pelo que di sse o arcebi spo ele Tegucigalpa, o Cardeal Oscar Rodri gues: "A atitude ma is pa triótica ele Zelaya seria sair ele cena. De resto, o que se quer é impor a todo custo o proj eto de Hugo Chávez. E se esse proj eto segue em fi'e nte, resta- nos prepararmo-nos para a escravidão" . Essa afirm ação é, e ntre ta nto , contraditada pe la CNBB ao conde nar a depos ição de Zelaya: " Um golpe orquestrado pela justiça e pelo congresso de Honduras e executado pelos militares ". E ntre as duas declarações, fi co com o cardeal hondure nho, que co nhece me lhor a situação ele seu país, e não com a CNBB, que no passado não condeno u o golpe liderado por C hávez, na Venezuela. E no presente, não condena C hávez por violentar as le is bás icas de uma de mocracia. Viva o povo hondurenho, que não aceita um preside nte-fa ntoche, obedi ente a C hávez ! (N.P. - DF)

121 Tenho a honra e o privilégio de ler a revi sta que o senhor, co mo diretor ele Catolicismo , dirige de modo tão acertado. T ive o imenso privil ég io de co nh ecer o Dr. Plinio. E le marcou minha alma e minha fo rma contra-re voluc io nári a ele ser, como ele ve mos vive r e atu ar no mundo atual. Cada dia sinto-me ma is fe li z de saber que a obra dele continua vigente, com pessoas tão va i iosas co mo todos os senhores. É qu ase impossíve l de ixar a comodid ade para dedicar-se a uma luta aparentemente imposs ível, mas que se torna poss ível com a intervenção de Nossa Senhora. Que E la sempre os abençoe. (M.A.N.Z. - Equador)

Jóia da impre11sa nacio11al N ão posso deixar ele e logiar a qualidade das matéri as e da a pres·entação de Catolicismo . A rev ista vai fun do nos ass untos que aborda, mostran do total independência de idéias e abso luta cl areza nas aná li ses que faz ela realidade nac ional e mundial. O rgulho-me ele ter uma publicação desse nível no Brasil. Agrada- me ta mbém a bela fo rma corno é utili zada a lín g ua po rtug uesa , sempre im pecáve l, co m correção e elegânc ia. Se m dúvida, Catolicismo é uma revi sta compl eta. Que m a lê, está sempre bem infor mado; e, me lhor, info rmado com a verdade. Sorte de quem te m acesso a esta publicação. Sem medo de errar, podemos afirm ar que Catolicis-

sa nac ional.

· (R.P. -

RJ)

Do "Blog Etc, Coisa & 1'al" O dilema da América Latina que titubeia ante o avanço das hordas comunistas travestidas de de mocratas, tipo MST e Via Campesina, apoiadas principalmente pelos governos ele C uba e d a Ve ne zu e la ; o s a ntago ni smos in sa náveis entre as do utrinas soc ialcomunistas e os valores do Cri stiani smo; abordagens sobre os muitos sofismas criados em torno de temas do agrado dos defensores do abo1to; as fa lácias de uma nova América sob o governo Oba.ma, além de dezenas de assuntos da maior impmtância para aclarar mentes contfüninadas com informações distorcidas e doutrinas exóticas alheias aos ensinamentos ela Igreja de C risto, podem ser Jiclas e apreciadas na Revi s ta Catolicismo . E m Fo rta leza, Garc ia de Sena é o representante no Ceará da referida publicação, de imprescindível le ilura para os homens e mulheres ele boa vontade. (F.B.A. - CE)

Quem abortar mernce prisão So u contra o aborto. A vida fo i criada por Deus, e com seu amor in-

co ndic ional Ele nos deu a exi stência. Na minha opinião, o único que pode tirar a vida é De us , pois Ele é o autor de nossa exi stência. Seg undo a le i cio mundo, aquele que mata deve ser preso. De modo que aquele que abortar a vida de um ser humano que não tem defesa, co mete um c rime pior ainda e precisa ser preso. (A.D. -SP)

Desserviço à socieda<le ~ Dou graças a De us pe la brilha nte e corajosa atuação dos senhores ao redo r cio mundo na defe sa d a mo ra l e van géli ca. Os infe li zes que tentam silenciar a obra ele Dr. Plínio, assim impedindo que seme lh ante Juta seja travada em nosso País, prestam um e norme desserviço à soc iedade. (T.N.S. - PB)

WWIB catolicismo.com. hr ~ Goste i muito da "Página Mariana", parabéns a toda equipe do Catolicismo , que sempre nos esc la rece tud o. Acompanh o há muito te mpo este site, que de veri a ser mai s vi sitado pe los cató li cos do mundo todo. (J.C.O. - RJ)

O mundo pl'ecisa de pmf'etas 121 É gratifica nte ver a postura dig na e correta ele Dom Cardoso Sobrinho. A Igreja, quando se col oca assim , é M estra e Mãe que orie nta, g ui a, adverte e cuida. O povo precisa de postu ras co nvincentes, verdades defen didas, elitas ass im sem medo. P rofeta é aqu e le qu e fa la, a po nta, de nuncia, defende a verdade ele Deus, seus e nsin amentos e doutrina. O mund o está sem rumo, sem limites e desorientado. Prec isamos ser verdadeiros cristãos e profetas. Que muitos profe tas apareçam. Como o mundo prec isa de les ! (S.A. -SP)

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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'' Pergunta - O catolicismo é uma religião baseada na fraternidade, na caridade, no amor pelo próximo, conforme os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por outro lado, a lei dos homens prevê inúmeros crimes , e todo o aparato estatal é movimentado para que os crimes sejam ·punidos. Pois bem, como cristãos, como devemos agir em relação aos criminosos? Devemos realmente segregá-los do convívio social? Ou Jesus Cristo espera algo diferente de nós? O que Deus "pensa", ou melhor, como Jesus nos "enxerga" quando somos parte desse aparato estatal destinado à punição do crime? Resposta - Pergunta das mais atuais, a que o consule nte nos ap resenta . Começaremos por dar uma resposta rápida, e m seguida entrare mos nos pormeno res. A caridade, o amo r ao próxi1110 que Nosso Senho r Jesus Cristo nos e nsina, consiste obviamente em querer o bem do nosso próximo. Mas se esse próximo está deliberadamente voltado à prática do mal, o primeiro bem que devemos querer para ele é que se afaste de todo mal. Porém, se e le fec ha os ouvidos aos conselhos que lhe damos e está decidido a fazer o mal a si mesmo ou a outrem, conforme o caso não há outra solução senão tolher decididamente a sua liberdade de operar esse mal. E com isto praticamos a caridade para com e le, e vitando que pratique o mal ; sobretudo praticamos a caridade para com um terceiro a quem ele queira prej udicar. CATOLICISMO

Isto no que di z respeito à caridade. Haveri a ainda a conside rar o que tange à justiça, mas a lo ngaria de mais esta exposição, de modo que a deixamos para outra ocasião.

Ascese, uma palavra esquecida Esta resposta ge né ri ca co mp o rta vários "co nformes", que é preciso espec ificar para tratar adeq uadamente a matéria. O primeiro axiom a da moral católica, e até mesmo da Lei Natural, se exprime na fórmula clássica: "O bem deve ser

terminado trabalho; o u para controlar nossas reações excessivas diante das contrariedades da vicia, evitando dirigir palavras' ofen ivas ao próx imo que prejudicou nossos interesses . Sem dúvida temos 1 em justiça, o direito de defender de modo proporc ionado nossos interesses legítimos. M as, por vezes, somos levados a deixar extravasar nossas paixões. O esforço necessário para manter o d o mínio sobre nós mesmos chama-se ascese, palavra importante que vai sai ndo ele uso, mas c ujo exercício devemos e mpenhadame nte restaurar.

f eito" (bonum est jàciendum) e "o mal deve ser evitado" (malum est vitandum ). Este

O viés monstruoso da ideologia l'reuclia11a

ax ioma vale individualme nte para cada um de nós, isto é, elevemos praticá-lo em relação a nós mesmos; mas vale também e m nosso relacionamento com terceiros. Isso implica no esforço que devemos exercer para fazer o bem a nós mesmos, por exemplo, vencendo a preguiça q ue possamos ter, de executar de-

A ed ucação mo dern a, de inspiração freudiana, suste nta exatame nte o contrário, isto é, que não devemos faze r ascese ne nhuma , não devemos coibir-nos e m nada, e sim faze r aq uilo de que tenhamos apetência, no m o me nto que qui se rm os, se m ne nhum a consideração de ordem mora l o u de respeito às no rm as do

convívio socia l. Para Freud, o bem cons iste e m dar largas a tudo que nos apetece; e o mal está e m coibir os instintos de nossa natureza, quaisque r que e les sejam . Isso porque - a rg um e nta e le - a ascese preconizada pela moral cató lica produz recalques, que são a causa de ne uroses e psicoses e constituem o verdadeiro mal para o ho me m. Aplicada concretame nte à educação dos filh os, essa teoria ensina que nunca se deve di zer não a uma criança, mas deixá-la fazer o que bem e ntend a, para evitar os di stúrbios psíquicos decorrentes da inibição de seus in, tintos naturai s. A tal ponto que e le escreve, em seus livros - horresco ref erens (com ho rror o menciono) que não se dev ne m mesmo impedir a criança de brincar , com os dejetos do próprio orga n i: 111 0 !.. . 0111 isso, é l'ácil comprend r 1u · a " r c ila" de Freud ' n.1 rn o nstrinh os, q ue com o

correr do tempo se transformam e m g ra ndes mon stros, capazes de cometer tod a espéc ie de a bsurdos, desatinos e crimes, que ele entretanto não qualifica assim. Pelo co ntrário , para e le é mo nstro o aparelho soc ial e estatal que inibe a prá tica dos in stintos essencialmente bons com que a criança nasce. Daí conseqüê ncias mo nstruosas que a soc iologia d e in spiração freudi ana tira desses princípios, por exe mplo, considerando tirana a sociedade que segrega os loucos e os c rimino sos do co nvívi o social. O s manicômios praticame nte j á aca baram . Chegará o mo me nto e m que desejarão eliminar també m as prisões, como se pode deduzir da campanha unil ateral contra os abusos que infelizmente ocorrem dentro dos cárceres, o u na atuação do aparato policial. N ão tenhamos receio d e apoiar a benemérita e justa atuação dos agentes pri sionais e das forças da ordem, a fim de que exerçam suas funções com solérc ia e a bsoluta firmeza. Naturalmente, sem excessos desumanos, e a este respeito vem a propósito lembrar o princípio da Escritura: "Os pode-

rosos se rão poderosamente atormentados" (Sap. 6,7) pelas injustiças que cometam. E Deus castigou Caim pelo a sassinato de seu irmão Abel (Gen. 4,ll - 12). O le itor pode ficar tranqüilo, porquanto Deus n ão nos "enxergará", por causa disso, com olhos freudianos ...

Deus 11ão 110s vê com olhos marxistas Ta mpo uco De us nos enxergará com olhos marxistas. A ideologia freudiana atua de forma sutil , e nquanto a ideolog ia marxi sta atua de forma

a alegação da referida au toridade é simplesmente insustentável. E apesar de ter suscitado um vigoroso e generali zado repúdio, a força da propaganda ma.i-xista acabou por gera.i· escrúpulos a esse propósito e m certos católicos pusilâ nimes e • infectados pel a pregação da

Teologia da Libertação.

Depois de Caim assassinar seu irmão Abel, Deus o amaldiçoou e o condenou a "ser peregrino e errante sobre a Terra"

escancarada, bafejada como é pela micro, pequena, média e gra nde impre nsa. Ademais, conta com o escandaloso apoio d a teo log ia prog re ssi sta, infiltrada inc lusive e m a ltos postos da Hierarquia da Igrej a. Inacreditável, mas real , a pesar de o caráter marxi sta dessa teologia anticatólica ter sido denunciado e m importantes docume ntos da Santa Sé, ainda no pontificado de João Paulo II. Em 2006, uma rebelião de criminosos conde nados, coordenada com cri minosos ainda não julgados ou não capturados pela polícia, espalhou o te1Tor na cidade de São Paulo. Uma autoridade estadual teve então a esdrúxula idéia de apontar as

e lites socia is e eco nô micas como responsáveis pela situação de pobreza em que se. encontraria a maior pa.ite da população, e seria esta, e m última análise, a responsável pela existência de prisões abarrotadas de criminosos. Estes, portanto , com razão se rebel ava m ... A idéia é de insofismável caráter ma.ixista, e provocou a justa indignação da classe média paulistana. A referida autoridade logo entregou o cargo que exercia interinamente, e recolheu-se ao sossego de sua vida apagada. Ora, a ligação do crime organizado com o narcotráfico é pública e notória. N ão se tratava de pobreza, mas sim de organi zação criminosa, pelo que

Repetindo o anteriormente dito, o le itor pode fica.i· tranqüilo, po is o olha.i· de Deus nada tem ele marxista - seria uma blasfêmia pensar o contrário e nada encontrará para censuraJ e m que m apóie o "apa.i·ato estatal" cuja missão é "segregar cio convívio social" os que, depois de um julgamento equânime, forem com absoluta justiça considerados culpados de crimes. Aproveito pa.i·a esclarecer que, de acordo com a doutrina de Santo Tomás ele Aquino, um dispositivo lega l é também legítimo qua ndo está de acordo com as leis da Igreja e a Le i natw·al. Do contrário, será legal, poré m não legítimo. Que o nosso País descamba perigosamente rumo a uma situ ação de ilegitimidade legal - com a ameaça de introdução do abo1to, da eutanásia, da aprovação da união de pessoas do mesmo sexo e outras monstruosidades do gê nero - , é outra questão que tem ocupado com freqü ência as páginas de Catolicismo , e que nos dispen samos de trata.i· aq ui, pois ta mbé m excede os limites da pergunta do mi ssivista, a qua l pensamos ter escla.i·ecido suficientemente. Que Deus o ajude a tornar a boa posição, livrando-o de qualquer laivo de freudismo ou ele ma.i-xismo que eventualmente tenha pe1tw·bado a paz de sua alma. • E-mail do autor: monsenhorjoseluiz@catolicismo.com.br

OUTUBRO 2009

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Sindicatos alugam manifestantes para atos em Brasília

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egundo o site "Consultor Jurídico", pode-se reunir até duas mil pessoas na Esplanada dos Mini stérios, pagando R$ 40,00 por cabeça, para defender ou atacar qualquer causa ou indivíduo. Entre as "empresas" especializadas em utilizar esses serviços em atos postiços, o site menciona a " N ova Central Sindical" - que di z representar sete confederações, 136 federações, 3.000 sindicatos e quase 12 milhões ele trabalhadores - e a "Confederação N acional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade" (Contratuh). Desempregados, sem-teto, sem-terra, índios, quilombolas, "Fora Sarney'' ou "Fica Sarney'' - é questão apenas de verba disponível. Lamentável subproduto da inautenti cidade da vicia política atual, que admite todo tipo ele falsidades e práticas imorais. •

Cluny comemora 1.100 anos de sua mítica abadia

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pequena cidade francesa ele Cluny, a capital monástica ela Cristandade med ieval, mob ili zou-se para comemorar os 1.100 anos de sua abad ia, que esteve à testa de 30.000 mosteiros na Europa toda. A igreja abacial , dedicada a São Pedro, foi a maior do orbe até que a basílica ele São Pedro ele Roma uperoua em 50 ce ntím etros . O ód io anticri stão da Revolução Francesa demoliu aq uel e form id áve l complexo arquitetônico, e hoj e só restam de pé 8% de ruínas [foto], veneràdas como relíquias. Junto a el a , os habitantes ele C luny e inúmeros turistas sonham com a glória beneditina medieval . Sinal das crescentes saudade é o fato de que as autoridades receberam cerca de 200 projetos para comemorar a data, informou o diário "La Croix" de Pari . •

Jovens pernambucanos tornam-se mais conservadores

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esq ui sa da U nivers idade Federal de Pernambuco constatou que os estudantes universitários do estado são muito mais conserv adores do que se imaginava: 81% deles não querem a liberação da maconha; 76% ão contra a amp liação dos casos de aborto; apóiam uma lei que limite o consumo de álcool ; nada de rebeldia, nem de inconformi smo. O anti go hippie - revoltado, drogado, permissivo sex ual hoj e pertence a uma geração envelhecida, que enche as manchetes e até a direção dos j orn ais. "A gente vê questões como a religião influenciando muito na vida dos jovens", explicou o coordenador da pesquisa, Pierre Lucena. •

CATOLICISMO

Nicarágua: primeira-dama obtém o que o marido não consegue

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a Nicarágua sob influência "chav ista", a primeira-clama Rosari o Murillo - ex-guetTilheira, autora de poes ias eróticas, vegetariana e adepta do guru indi ano Sa i Baba - ad mini stra a área soc ial do governo. Seu estil o [foto] é comparável ao de uma bruxa Nova Era, com roupa branca de tipo hippie, enfe itada com múltiplos co lares, brincos e pulseiras à guru indi ano, além de usar óculos gênero John Lennon. N os ·eu discursos recheado de expressões hil ari antes, com referências e, querdistas, poucas vezes pronuncia frases inteiras . "É ela quem governa o país", as evera a diss idente Sofia M ontenegro. Com en cenações desse tipo, a "bruxa Nova Era " atrai também anti-esquerdistas. Atrai o voto cató lico pelo apoio a uma lei que baniu o aborto, e con egue vantagens inatingíveis por seu marido, o marxista Daniel Ortega. •

Produtos chineses feitos com matéria noienta diário "South China M ornin g Post", de Hong Kong, informou que Chen, uma jovem de Guan gdong, fez repugnante descoberta sobre elá ticos para pr ncler os cabel os, que ganhara como brinde num sa lão de beleza: eram confeccionados com preservativos! Fato anál ogos ocorreram nas cidades de Donguan e Guangzhou . Trata-se de material reciclado do lixo que a China importa do Oc idente. O sociali smo chinês não rec ua ante e ta repugnante prática, submetendo seus súdito a um degradante uso de material descartável, comprado por preços baixos no ocidente. •

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No 70° aniversário da li Guerra Mundial, a Rússia defende Stalin

Males do divórcio e de discórdias entre casais divórcio causa a deterioração da saúde física dos cônjuges, a qual não se recu pera totalmente. Esta foi a conclusão ele estudo publicado na rev ista científica " The Journal of Health and Social Behavior", segundo informa o "The N ew York T imes". H omens e mulheres divorciados sofrem 20% mais problemas crônicos de saúde, como complicações cardíacas, diabetes ou câncer, se comparados com aqueles que mantêm o vínculo conjugal. A Universidade de Ohio anali sou a rel ação entre brigas conjugais e resposta imunológica, tendo verificado que, após o casal brigar, os ferimentos demoram um dia a mais para sarar. E m casais com mais problemas de conflitos, a cicatrização elas ferid as consome dois dias a mais, comparados com os casais que se envolvem em menos desavenças. •

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Índios pedem independência, com 11 bandeira do Império Inca"

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eproduzindo as ações cio CIMI e da FUNAI bras ileiras, grupos indígenas ela Argentina exigem 15 milhões de hectares em todo o país, notic iou o diário portenho "La Nación". E m Jujuy (fronteira com a Bolívia) e na Patagônia vê-se clesfraldacla a bandeira do Tawantinsuyu [foto] (Império Inca), invenção moderna que lembra a insígnia arco-íris dos homossexuais. Doutrinados por ricas e ideológicas ONGs do exterior, grupos dia.guitas, collas e mapuches invadem fazendas e hotéis. A Confederação Mapuche Neuquina pensa fundar uma "universidade intercultural ", junto com as "Madres de Plaza de Mayo ". O velho esquerd ismo está trocando a bandeira vermelha bolchevista pela verde de Cohn-Bendit, Marina Silva e ex-frei Boff. •

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o se cumprirem 70 anos do início da 11 Guerra Mundial, o presidente ru o Dm itri M edvedev defendeu Sta lin [foto] e qu alificou de "cínica menti ra " a id éia de q ue o Kremlin favoreceu a agressão nazista. De fato, não só favor eceu: foi seu parceiro ideológico e militar. Moscou nomeou uma co missão para " reconstituir a verdade histórica". N ela nã há histori adores, ma só quadros do FSB, a polícia continu adora da sini stra KGB comuni sta. O resultado é previsível : a lJ RS S sairá inocentada. •

Cientistas alemães contestam 11 aquecimento global"

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ais de 60 proeminentes cientistas alemães escreveram carta-aberta à chanceler Angela M erkeJ, desqual ificando os temores pel o "aquecimento global de origem humana", informaram di versos sites da Internet. Aderiram ao documento mais de 200 outras personalidades alemãs ligadas ao mundo da ciência. A carta-aberta contém urgente apelo para "rever .finnemente " a pos ição oficia l sobre es e "aquecimento ". Para os autores, o IPCC da ONU "ignorou completamente 160 anos de rn.edi-

ções da temperatura e 150 anos de estudos para avaliar os níveis de CO 2• O resullado é que o IPCC perdeu sua credibilidade cientifica. [... ] A crença numa mudança climática, e que esta seja obra do homem, tornou-se uma pseudo-religião". •

Imagem de Guadalupe: a ciência não encontra explicações

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Dr. Adolfo Orozco, pesquisador da Universidade Nacional Autonômica do México, informou em Phoenix, EUA, no 1° Congresso Internacional sobre a Virgem de Guadalupe, que o estado de conservação do manto "está completa-

mente fora de todo tipo de explicação científica. Todos os tecidos similares, postos em ambientes úmidos e salinos como o que rodeia a Basílica, não duraram mais de dez anos". Relatou dois fatos sem explicação científica: 1º) Em 1785 um trabalhador derramou ácido nítrico no tecido , mas não destruiu a malha nem danificou as cores; 2°) Uma explosão criminosa ao pé da imagem destruiu todos os vidros num raio de 150 metros e entortou uma cruz de ferro, mas "nem o manto nem o vidro comum

que o protege foram danificados" [. .. ]. "Não temos uma explicação natural para esta ocorrência".

Fato prodigioso em Lourdes: mais uma cura surpreendente

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o dia 1º de agosto último, Antonia Raco [foto], dona-de-casa de Francavilla sul Sinni (Itália), padecia de esclerose lateral amiotrófica, doença neurodegenerativa e fatal, e se locomovia em cadeira de rodas. Quatro dias depois, voltando de Lourdes, retomou todas as atividades que a doença lhe impedia realizar. O neurologista Adriano Chio, do

Hospital Molinette de Turim, declarou que a cura "não é

explicável cientificamente com os meios de que disponho". O fato foi largamente noticiado por diários europeus, como "li Giornale", "li Corriere della Sera" e "La Vanguardia". O processo médico, exaustivo e demorado, poderá comprovar definitivamente se de fato houve milagre.

OUTUBRO 2009 -


THE TSUNAMI KILLED100 TIMES MORE PEOPl.ETHAN 9/1l n .. pi,n,1 lt bfuti,lly l)Olfff fUI AH~! li Pf1111w1 tc -wwt.o,g

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WWF

11 de setembro, co m cem vezes mais vítimas, provocado pela incúri a e pela agressão dos seres humanos ao planeta Terra, tornando-se po is imperioso preservá-lo de aco rdo com a agenda a mbi enta li sta.

Repúdio generalizado

Ambientalismo: aITombando consciências .Aiegando defender a natureza, a corrente ambientalista "apocalíptica", mediante "terrorismo publicitário" e manipulando o medo, a emoção e a fraude, pretende impor como evidente o que não passa de ficção ) JOSÉ C ARLOS SEPÚLVEDA DA FONSECA

míd ia tem ati tudes no mínimo curi osas. O comum das pessoas dá por certo que um dos interesses dos órgãos de comunicação é a matéri a sensac ional. De vez e m quando, entretanto, e les faze m um silêncio absoluto, ou q uase ta nto, a respeito de te mas de grande impacto. É o caso do que comento agora.

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CATOLICISMO

11 de setemlJro e tsunami Anali se a foto ac ima. U m e q uadrão de aviões c ivi s d passageiros mergulha sobre Manhattan - numa mo ntagem fo tográfica onde ai nda e vêem as torres gêmeas - e está a ponto de coli dir co m a imensa massa de edifíc ios. À clir ·ita uma frase: O tsunami matou cem vezes mais pessoas do que o 11 de setembro. Abaixo, outra frase comple menta: O planeta é brutalmente poderoso. Respeite-o e preserve-o. Confo rme a propaga nda ac ima, o tsun ami seri:i urn s11pcr

A campanha publi ci tária, da qual faz parte també m um vídeo (inscri to no Festival de Cannes), foi e laborada pe la conhec ida agênc ia de public id ade "DDB Brasil ", a pedido da fa mosa ONG ambientalista "WWF Bras il" . Destinava-se, pois, a ser ve iculada em nosso País, que vai ga nhando explicáve l destaque inte rn ac io na l no quesito ambi e nta l por ca usa da Amazô nia, e sobretudo no mo mento em que a senadora M arina Silva, há pouco saída do PT, tornou-se a no va vedette política, como potencia l candidata à presidênc ia da República, trazendo para o centro do debate a chamada age ncia ambientalista. A ex pl oração da tragédi a do 11 de setembro causou compreensíve l comoção nos Estados Unidos, chegando ao repúdi o quase generalizado, tendo e m vista .que a tragédia do 11 de setembro não foi fruto do acaso e do info rtúni o, mas de um ataque pre meditado e brutal, inspirado pela ideo logia' islamofasc ista que hoje influencia diversos grupos terroristas e tei11 acolhida e m alguns regimes políticos. E11orme fo i a repercussão negativa da propaganda na Internet, especialmente e ntre os especia listas de marketing; e houve grande estardalhaço nos Estados Unidos, onde foi d ivulgada nos noticiários de todas as TVs e em importantes jornais. Por ser uma publicidade elaborada por uma agência de propaganda no Brasil , para uma ONG também sediada no Brasil , e para aqui ser veiculada, nada mais natural que todo este assunto tivesse obtido grande repercussão na mídia nacio nal. C uriosamente, assi m não se deu, o que não deixa de causar estranheza.

Ol'ensivo e de mau gosto O anúnc io foi classificado como "absolutamente horrendo e desprezível" por um dos ma is importantes no mes ela criação publicitária, M ark W nek, presidente ela conhecida agência Lowe, ele N ova York. E o apresentador Keith Olbermann , ela MSNBC, no programa "Coun tdown", colocou a eq uipe ela "DDB Brasil" na li sta elas piores pessoas cio mundo. A indi gnação com a peça publicitári a fez com que a "WWF intern ac ional " tentasse desvincul ar-se ele s ua fili al bras ileira, c lassifi cando o anúnc io ele "ofensivo e de mau gosto" e afirmando que o mes mo ''jamais deveria ter visto a luz do dia". Por fim , a própri a " WWF Bras il" e a "DDB Brasil " manifesta ram, em comunicado co nj un to, seu pesa r pelo lamentáve l inc ide nte, atribuindo-o à inexperiênc ia de alg un s profissiona is envolvidos: "WWF Bras il e DDB Brasil reqfirmam que

tal anúncio j amais de veria ter sido criado, aprovado ou veiculado. E lamentam o ocorrido, reiterando pedido de desculpas a todos os que se sentiram ofendidos". Além de IJrutal, fraudulento Ho uve repúdi o generali zado nos Estados U nidos, pela exploração emocional da crue ldade do atentado terro ri sta do 11 ele setembro, e houve ta mbém escassez ele divul gação na im-

prensa brasileira ; mas há um outro aspecto, que parece ele grande importância e ela maior gravidade, que a meu ver não foi sufici entemente ressaltado. Confo rme insinua a peça publicitária em questão, o tsunami seria uma reação brutal cio pl aneta, e m face elas contínuas agressões cio home m c ivili zado. Ora, o tsunami nada tem a ver com e ve ntuais e alegadas agressões feitas pelo ho mem ao me io ambiente, o que levou Ken Wheaton a afirm ar, no artigo pu blicado no site ela Acl Age (] -9-09), a " bíbli a" ela publicidade:

"Isso mostra que os criadores são também cienti:ficamente ignorantes: qfinal, tsunamis nada têm a ver com preservação ou conservação. São tipicamente causados por abalos sísmicos ou outras f orças geológicas, que, pelo que verificamos, não são afetados pela extinção animal, pelo desmatamento ou pelo aquecimento global ". A referida propaganda tenta, pois, através ele uma comparação fra udul enta, convencer o público elas imperiosas necessidades ela agenda ambiental.

AmlJientalismo apocalíptico Aqui está, a meu ver, o nervo ela questão: o ambientalismo não hesita em recorrer ao impacto emocional mais cruel, e até à fraude, para inocular na opinião pública seus "argumentos" e "conclusões". Apelando a motivações irracionais e instrumentali zando inescrupul osos a rtifíci os ele pro paga nd a, o a mbi e ntalismo apocalíptico sugestiona o público, impingindo- lhe como evidente, como um "fato" que entra pelos o lhos, o que não passa de uma ficção. No passo seguinte, convence suas vítimas a aceitar como nece sária mudança civilizacionais. Deste modo a denominada revolução vereie - como, aliás, muitos movimentos revolucionários - arromba as consciências, faze ndo-as aceitar fa lsas soluções para problemas inexistentes. Por este motivo o influente Bj orn Lo mborg, dinamarquês ele 43 anos, auto r ele O Ambientalista Cético, afirm ou em confe rê nc ia proferida e m São Paulo que os ambientali stas faze m com a humanidade o que fa ri a um criminoso que colocasse um revó lver na cabeça de sua vítima e lhe ex ig isse to mar uma decisão imedi ata. É difícil imaginar, comenta e le, que ta l dec isão fosse ponderada e rac ional. Fácil é co mpreender que, diante desse terrori smo publi citário - e a propaganda ac ima é um exemplo acabado disso-, c ienti stas de boa fé, ex perie ntes e com muitos títul os acadêmi cos encontrem por vezes dificuldade e m di ssipar os exageros e as me nti ras dos catastrofi stas ambi enta is. Os prime iros apresentam fa tos, argumentos lógicos, demonstrações; os seg undos manipul am medos, recorrendo a inescrupul osos artifíc ios ele propaga nda.

Fraude isola<la ? Compreendo be m que alguém objete ser exagerado tirar todas estas conc lu sões ele apenas uma propaga nda, rea lmente fraudulenta, mas úni ca. Acontece no entanto q ue, em matéria ele fraude ambientalista, esta propaga nda não é, infe li zme nte, um caso isolado. O coro de vozes dos cienti stas chamados ele " reali stas" ou "céti cos" tem crescido a cada di a. E les apontam má- fé, inconOUTUBRO 2009 -


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ENT.REVIST~

Revisionismo indigenista e neomissiologia

A manipulação propagandística de um catastrofismo climático não é apenas coisa de desinformados ou de amadores. Ela faz parte, em boa medida, das táticas da chamada revolução ambienta/.

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N a origem das absurdas dc1narcações de "terras indígenas" encontram-se n1ovilnentos de esquerda, que vêm prejudicando a produção ele alin1enLos e causando jnsegurança entre os proprieLários

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gruê nci a e fraudes nos "estudos" do ativista AI Gore e do pró prio IPCC (Intergovernme nta l Pa ne i o n Clima te Change), o painel da ONU que estuda a mudança climática. Não compreendem como AI Gore e o IPCC possam ter ganho o Prê mio Nobel da Paz com sua campanha anti científica, ideo lógica e até este li o natária - de um catastrofi smo climático. Uma catadupa de estudos, análi ses, coleções de dados do mundo real e de núnc ias de aplicações improcedentes de modelos mate máticos vão de ixando em situ ação de licada o IPCC e o pró pri o AI Gore. Mai, de 700 cienti stas de todo o mundo contestaram as conclusões do re latório do IPCC (elaborado por 52 c ienti t as). A contestação ao relatório do IPCC fo i publicada em 2009, num traba lho de 255 páginas, sob os auspíc ios do Comitê do Senado americano para Meio Ambi ente e Obras Públicas. Uma vez mais chamo a atenção: a mídia, sempre tão afeita a tudo que é inform ação sensac io nal. .. ca lou!

O verdadeil'o "motor" do amhientalismo A importância da agênc ia de public idade e da ONG envo lvidas no escâ ndalo da peça publi c itári a intitul ada T.rnnam.i mos tra be m a qu e a ltos nív e is se es te nd e a ma nipul ação a mbi e nta li sta . Ta l ma nipul açã o não é a pe nas co isa el e desinfo rm ados ou ele amadores . Ela fa z parte,·e m boa medida, das táticas ela cha mada revolução ambiental. Resta perguntar: Afinal, o que move o ambiental ismo? Será mes mo o desej o inocente e altruísta de pre ervar o pl aneta e o me io ambiente? Ou não será que, por trás desta fachada, operam-se manipul ações cuj a inte nção é criar um clima e moc iona l e de terro r, que arro mbe as consc iências e as faça aceitar uma série de mudanças nas me nta lidades e nos estil os de vida, apresentadas como " necess idades imperi osas" para a "sobrevivência" do planeta? E ta is " imperiosas" mudanças, para onde apo ntam? Pare-

CATOLICISMO

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cem vi sar uma a lteração, e m seus fund amentos, da atual orde m de coi sas - voltada para a produtividade e o desenvo lvimento - rumo a uma soc iedade primitiva e " despoj ada" . Se não for ass im , por que o ambientali smo te m necess idade de mentir de modo tão grotesco para a lca nçar um fim que seri a reto e inocente? É bo m não esquecer qu e, ao lo ngo da Hi stóri a, as revo lu ções se travestiram e m defensoras dos povos e das liberdades, mas acabaram por cri ar ve rdade ira máqllinas de extermíni o - o naz ismo e o co muni smo são apenas o exe mplos mais recentes - mo ldando "c ivili zações" que vili pencli ara m o Di re ito natura l, vi olentaram a natureza humana em seus as pectos ma is e lementares e, e m no me de uma libertação das "a marras" do c ri sti ani smo, eri g iram como " modernos" certos hábi tos, costumes e métodos neopagãos.

" Eu não acredito no aquecimento global... ele se tran.~formou em uma nova religião ", afirm ou o Pro f. lvar Gi aever, Prê mio Nobe l de Física de 1973. Pensemos nisto ! •

O aut or mant ém o bl og " Radar da Mídi a" (http://radardamidi a.blogs pot ,\:0111)

e n~rte a sul, a política indigenista em curso vem rompendo a harmonia social e racial do Brasil. Extensas áreas vêm sendo demarcadas como reservas indígenas, ao mesmo tempo que delas são expulsos seus legítimos proprietários, ali radicados no mais das vezes há várias gerações. Uma política que vem dividindo perigosamente a ~osso sociedade entre brancos, negros, índios e mestiços. Nesse quadro tão alarmante, poucos antropólogos têm a coragem de contrariar a FUNAI, no momento uma longa manus do governo federal, fornecedora de "laudos fantasiosos" para fins de "demarcação de territórios" indígenas . Grave improbidade dos responsáveis por tal política , como de quase toda uma classe profissional, a dos antropólogos, que no exercício da sua profissão não deveriam se afastar do compromisso com a verdade .

Catolicismo entrevistou o professor Hilário Rosa , mestre em Antropologia, História, Sociologia e Geografia. Atualmente leciona na USC - Universidade do Sagrado Coração, da Universidade Católica de Bauru (SP), onde ministra o curso de Antropologia Forense ou Antropologia Pericial. Por sua posição firme e bem fundamentada, o professor Hilário Rosa tem participado de perícias judiciais a convite da Justiça Federal, como assistente técnico, sociólogo, antropólogo e historiador desde 1987.

Prol: Jlilário Rosa:

"O governo, atrm1és da FUNAJ, expropria as te1Tas ele nossos produtores J'llrais, que trabalham sob constan-

tes riscos e com total insegurança jurídica "

Catolicismo - O Sr. poderia fundamentar a ilegitimidade dos chamados esbulhos e expropriações praticados pelo governo federal, sob pretexto de tutela indígena? Prof: Hilário Rosa - Basta compul sar o Diário Oji'cia l da União, para se tomar co nhecimento das portarias da FUNAI, do Mini stério ele Justiça, bem como dos processos admini. trati vos ela Uni ão contra os produtores rurai s cios mais di ve rsos qu adrantes. Seu único "crime" eri a o de produzir para a sociedade alimentos em quantid ade e qualidade, além de baratos. Enfrentam dificuldades, inte mpéri es e inúmeras pragas, que os obri ga m a arca r com pesados investimentos para garantir a colheita. A esses fa tores somam-se os juros altos, as incertezas e as e. peculações cio mercado nacional e internacional , e agora a intempestividade do governo com os processos admini strativos de expropri ação, e o esbulho de suas propriedades . A prova de dolo e de má-fé do governo em tais procedimentos é o fato de que a FUNAI, não obstante saber que no final de cada processo se fa z necessári a a provi são ele verbas para as devidas indenizações (no caso de desapropriação por interesse social), não as coloca em seus orçamentos anuais. A maior prova de que o governo trata com desrespeito a classe rural , é que não ex iste dotação orçamentári a para uma ituação delicada como esta. Na verdade, o que o governo fa z através ela FUNAI é ex propriar (roubar) as terras ele nossos produtores rurais que, além de trabalharem sob constantes ri scos, ainda devem se preocupar com a total insegurança jurídica.

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I!

O ra, se o gove rno qui sesse c umprir sua obri gação constituc io nal para com os silvíco las, bastari a seg uir o estatuído no caput do Art. 26 da Lei nº 600 l/ 73, o c ha mado Estatuto do Índio: "A União poderá

estabelecer, em qualquer parte do território nacional, áreas destinadas à posse e ocupação pelos índios, onde possam viver e obler meios de subsistência, com, direito ao usufrulo e utilização das riquezas nalurais e dos bens nelas existentes, respeitadas as restrições legais ", Catolicismo - O que se deve entender por "respeitadas as restrições legais"? Prof: Hilário Rosa - T rata-se de res peitar sobre tudo do is direitos: o de propriedade e o de segurança . E é exatamente isso qu e o go verno não vem faze ndo, qu ando a F UNAI in sta ura processos admini strati vos arbitrári os, baseados e m laud os antro po lógicos fa lsos, fa ntasiosos, visand o à expropri ação de rurali stas qué compraram suas te rras na melhor fo rma da le i e de tê m a posse e o domínio legítimo de seus imó ve is. O gove rn o ve m in sistind o e m c ri ar giga ntescos latifúndi os indígenas, atrope la ndo o dire ito de propri edade. C umpre esc la recer que o di reito de pro priedade é asseg urado a qu alque r c idadão, mes mo es tra ngeiro, desde que na fo rm a da le i, pois está consagrado no Art. 5°, § XXIL, T ítul o II - D os Dire itos e Garantias Individua is. Porta nto, o go ve rn o ~ j a ma is pode ria , e m nome do dire ito > indíge na , ex pro pri a r o u es bulh a r qu alque r pro pri etá ri o, como o ve m faze ndo. Catolicismo - Qual seria a melhor política governamental para salvaguardar os interesses dos índios, sem vir a reboque das ONGs e sem ferir o direito de particulares? Prol Hilário Rosa - O qu e aca be i de afirm ar não impo rta e m nega r à Uni ão o direito e até o dever de defe nd er, resguard ar e resgata r - qu ando a meaçados - os dire itos do índio. Para isso o govern o dispõe de instrum e ntos jurídicos, os processos admi ni strati vos a sere m utili zados di a nte de provas ev ide ntes de lesão aos direitos dos indíge nas. Confi gurada tal hipó tese, o processo deverá leva r e m conta não ape nas o Decre to nº 1775/96, mas de modo partic ul ar o qu e determin a o Art. 37 da CF/88, be m como a Le i nº 97 84/99, cm todos os se us di spos itivos qu e o reg ul a me nta m . Ou sej a, a

CATOLICISMO

"A /JaJ'til' <lo lilwl da clécada ele 1960, a Igreja Cat6lica 11mclo11 p1'0/i111damcnte sua visão lilos61ica e sociológica cm r elação aos nossos i11<lígcnas "

FUNAl e seus antropó logos prec isam traba lha r de modo impessoa l, com efi ciê ncia e mo ralidade, e não estar a servi ço de po lítica ideológ ica, com processos admini strativ os di sc ri c io ná ri os e a rbitrá ri os, como ve m ocorre ndo nas três últimas décadas, so b o bafejo de inumerá ve is ONGs nac io nais e es tra nge iras.

passara m a de nunciar tudo o qu e até e ntão se ha via fe ito na etn ografi a bras ile ira. C uri osame nte, para o Congresso de Barbados não fo ra m co nvidados os antropólogos no rte-ameri canos, pois os mes mos não te ri a m ace itado a in tromi s ão e uropéia nas suas re lações é tni cas, so bretudo com os indígenas .

Catolicismo - Que papel desempenharam e vêm desempenhando os missionários católicos junto aos índios brasileiros? Prof. Hilário Rosa - Pe rmita- me um bre ve hi stó ri co, e ntrando necessari a me nte num ass unto muito de licado, mas de suma impo rtâ nc ia e m toda es ta ques tão. Com certeza interes ará aos leito res de Catolicismo. A pa rtir do fin al da década de 1960, a Ig rej a Católi ca - qu e desde o Impé ri o colabo rava com o Estado brasile iro na imple me ntação da sua po líti ca indige ni sta - mudo u profund a me nte sua vi são fil osófi ca e socio lógica e m relação ao nossos indígenas. Até e ntão os miss io ná ri os g ui ava m-se pe la lu z do Eva ngelho , ao proc ura r a ass imilação e a ac ulturação dos índ ios, ad mini strand o- lhes a cateque e. E ao mes mo te mpo os as i. ti a di ante da po lítica indi genista o fi c ia l, co rpo ri ficada no Serviço de Pro1eção ao Índio - SPI, ao qu a l pr s tava m dessa ma ne ira sua ines ti máve l co laboração. A pe rspecti va daqu e les te mpos dava prio ridade à integração do índ io na soc iedade naci o nal, sem desc ui da r de lhe gara nti r te rras, de ntro de ações leg ítimas e legais. A Ig reja Cató lica e o PI (antecessor da F UN AT) c ri aram inúmeras rese rvas e parques o nd e os silvíco las, integrando-se aos pouco de acordo com s uas vontades e conve ni ê nc ias, confo rme a soc io log ia de cada grupo, fo ram prese rvando sua e tni cidade. A partir dos anos 60, para desg raça nossa, impo rta ntes setores da Igrej a ade riram aos princ ípi os do Cong resso de Barbados ( 1971 ), qu e te ve como obj etivo básico, ditado po r ONGs europé ias, re ve r todas as po líti cas cul turai s dos países latin o-a meri canos com os indígenas. Com efeito, a po líti ca indige ni sta brasile ira , até e ntão e log iada co mo modelo para o mundo, de repe nte passo u a ser execrada e de nunc iada pe los antro pó logos patroc inados pelo Conselh o !11dige11is1a Missionário (CIMI ) e pe lo Conselho M1111 dia / das Igrejas, qu e num escand aloso processo r •v isio ni sta

Catolicismo - E qual a posição de nossos governantes diante dessa mudança radical de comportamento dos padres missionários? Prof. flilário Rosa - Infe li zme nte, o Estado brasil eiro te m sido lenie nte nesse te rre no. Dese rtando de se u de ve r, dei xa-se le var po r ações e pro postas re vis io ni stas e inte resseiras, acaba ndo po r legitimar propos tas imo rai s no sentido d e balcanizar o u afi-icanizar as re lações dos bras ile iros com seus irmãos indíge nas. Duas são as grandes vítimas dessa política oficial: os produtores rurais e as próprias comunidades indígenas, vergo nhosame nte expl o rad as e manipuladas p o r ONG e entregues à sua pró pri a sorte. Apesar dessas influê nc ias de letérias, algun s e fo rços no sentido de me lhorar a vida dos índios vê m sendo fe itos, co mo a construção de pos tos de saúde, ga binetes odo ntológicos, fa rmác ias, poços a rtesianos e esco las e m s uas alde ias. Que ro de ixar c laro qu e o dinh e iro d as ONGs nac io na is e es trangeiras não u é apli cado nes as ações positivas, como a profi ss io nali zação dos jove ns índios qu e desej am se in tegrar no me rcado de traba lho . S o bre o compo rta me nto do clero nessa qu es tão, de vo di zer que o Brasil nasceu sob as bê nçãos da Igrej a Cató lica, e que desde o in íc io de nossa co loni zação - com fi g uras do po rte de Nóbrega e Anc hie ta - o c lero proc urou abra nda r a rudeza dos prime iros encontros e ntre os portu g ueses e os nossos indíge nas. A ação eva ngeli zad o ra e civili zado ra da Igreja era profu nd a me nte difere nte da de hoje . Com pre tígio junto à corte, conseguia arran car do re i de Portugal inúmeras portari as o u a lva rás régios , a fi m de co ibir a busos contra os índ ios. Hoj e, infe li zme nte, dete rmin ados seto res da Ig rej a, so b pre texto de defe nde r os indíge nas, na ve rd ade conspi ra m contra a unid ade nac io nal , o dese nvolvime nto e o be m-estar

do País, comprome te ndo ass im o a ma nh ã de nossos filh os e netos .

Catolicismo - Quais são as interpretações errôneas do direito indígena à terra, no passado e na atualidade? Prol Hilário Rosa - N o período colo ni al, passando pe lo Impé rio até a c ri ação do SPI no in ício do sécul o XX, a visão única e ra de ass imil ação do indígena, o u sej a, deveri a m co nstituir, com os outros povos qu e aqui apo rtaram , o povo brasile iro, sem resg ua rd a r sua e tni c idade . A partir de 1. 934 adquiriu a mparo constitu c io nal o Dire ito Indíge na , com um a vi são mais moderna baseada na integ ração nac io na l, qu e pro meti a res pe ita r as tradi ções dos índi os, s ua lín g ua e c ultura, de ntro de seus te rritó ri os, e mbora o Estado brasile iro continuasse seu tuto r. Presente me nte , as inte rpretaçõe e rrôneas qu e a F UNAI, o Mini sté ri o da Ju stiça e o Mini sté ri o Público Federal vê m da ndo ao indi geni smo pode riam invi abilizar o B ras il como nação soberana. Esses ó rgãos co nfund e m indi ge ni s mo com a posse ime mo ri a l da te rra , sem limite no te mpo. Em co labo ração com o juri sta Dr. T ales O scar Caste lo Branco, já escre ve mos so bre isto um arti go: " Do direito dos índios à terra no passado e na atualidade brasileira - 'Gênese do lndigenato' ", publicado na Re vi sta do IASP (Instituto dos Advogados de São Paul o) e no site Consulto r Jurídico.

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J

"O Esta<lo deix a-

se levar por ações rnvisionistas, acabando pol' legitimar propostas imorais no scnti<lo de 'africanizar' as relações com os indígenas"

Catolicismo - Qual vem sendo a aplicação do princípio do indigenato a partir da Constituição de 1988? Prol Hilário Rosa - Procuramos de mo nstrar no referid o arti go qu e o indi ge ni s mo, tal como es tá esc ulpido no texto da C F/88, só te m sentido a pa rtir de 5 de o utubro de 1988, data e m qu e e ntrou e m vi gor a atu al Constitui ção. É a isto qu e o Supre mo Tribunal Federal de no mina "atualidade da posse ", não te ndo, po is, sentido re troati vo. Catolicismo - O Sr. poderia citar exemplos de abusos da FUNAI, do Ministério Público Federal e do Ministério da Justiça nas recentes demarcações de terras indígenas?

OUTUBRO 2009 -


Prol llilário Rosa - Se fô ssemos relacioná-los todos, precisaríamos no mínimo de umas 300 pág inas de sua re vista! Cito o mai s recente: a constituição de uma força-ta refa - FUNAI, Ministéri o Público e Ministéri o da Justi ça - vi sando, e m nada me nos que 26 munic ípios, cri a r um a reserva indígena para índi os g uarani s, que e m s ua grande maiori a vie ram recente me nte do Parag uai. É o que eles c hama m , sem pej o, de proj e to " Co ne Sul " . Que re m tran sfo rm ar o s ud oeste do Ma to Grosso do Sul e m territó ri o indígena, com a expropriação de cente nas o u mes mo milhares ele fa ze ndas, ocupadas al g um as há mais ele um séc ul o po r ga úc hos, catarinense , pa ran aenses, paulista e mine iros, qu e lá co mpra ra m te rra s ve ndid as pe lo Estado. Pa ra não fi car ape nas num exe mplo, e ntre Joinville e o po rto de São Franc isco do Sul , e m Santa C atarina - po rtanto, num verdadeiro corredo r industri al - a FUNAI e o Mini stério da Justi ça vão cri ar, com um a só penada, qu atro reserv as indígenas. E ssa medid a a rbitrári a ve m causando desespero e m milhares de pessoas qu e lá reside m e trabalha m. E pe nsar qu e isso ve m sendo feito tão-só pa ra sati sfazer os capric hos dos antropólogos fili ados ao C.T.I. (Ce ntro de Traba lho Indi ge ni sta), com o e u " Proj eto Gua ra ni", manipula ndo e tra nspo ndo para aqu e las terras ce nte nas e milha res de índi os Guarani Mbya, prove ni e ntes da provínc ia de Mi sio nes na Argentina e ele te rras do sudes te parag uaio!

Declaração de índio guarani/kaiowá, por Escritura Pública no Tabelião Albuquerque, Amambaí - MS, convalidada na Comissão de Direitos Humanos do Senado, mostra a fa lta de controle do governo sobre as ONGs

A ,

2005 .

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Catolicismo - O Sr. poderia co- ] mentar a inquietação dos produtores rurais, decorrente dessa avalanche de demarcações de terras indígenas? Prol Hilário Rosa - B asta le r o no ti c iá ri o sobre te rras cio M ato Grosso do Sul , próx ima da fro nteira co m o Paragua i e com a Bo lívi a. Jorn ai locai , TY s, inc lu sive grand es e mi ssoras, tê m dado destaqu e ao ambie nte de desolação, de fru stração cios produto res rurai s. Com efeito, e les sente m-se a meaçados e m seus dire itos de propriedade e de produzire m di g na me nte, contribuindo para os grandes a vanços do agron egócio no B ras il. Ano a pós a no e les concorre m para aume ntar a produção de soja, mi lho, a rroz e tri go, prati cand o o manej o suste ntá ve l na produção de made ira sem prejudicar a fl o resta, como vimo recente me nte no vale do Ri o Arinos e no vale do Ri o do Pe ixe , e m M ato Grosso. P raza a De us que isso tenha logo um fim! •

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CATOLICISMO

decla ração pública do índi o Kaiowá Adair G . Sanc hes, de Ama mbaí - MS , dá- nos uma vi são de como as ONGs, o CIMI, o PKN (Projeto Kaiowá Na ndeva) e o PT estão ag indo no M ato Grosso do Sul , "fabricando" supostas te rras de oc upação tradi cio nal. Isto tem servido de fund a mento para fa lsos relatóri os da FUNAI, com o o bjetivo de ex propri ar (roubar) te rras de produto res rurais ho nestos, que as compraram na me lhor fo rm a do Direito. Hoje muitos deles j á fora m ex propriados po r ações da F UNAI, a lg um as aco lhidas pela justi ça, que in fe lizme nte de ixou-se e nganar por esses fa lsos re latóri os. Segue m trechos da tra nscrição da D ecl aração, apresentada e m audi ê ncia no Se nado F ede ral no di a 7 ele abril de

"A fi'UNAI e o Ministél'io da Justiça vão criar quatl'O 1·ese1'vas indígenas, o que vem causando desespero em milhares de catarinenses"

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"Perante mim , Ta beli ão, compareceu e m pessoa, Acla ir Gonçalves Sa nche , indíge na, lavrador, capaz, residente e do mi c iliado no P osto Indíge na Ama m baí, neste Distrito, po rtado r do RG: 2320, Posto A DR, Amambaí, M S; CPF: 408 .038.56 1-72, reconhecido po r mim, Tabe lião. "Po r e le, fo i-me dito que vinha, de sua li vre e es po ntâ nea vo ntade, sem co ns tra ng im e nto ele qu e m qu e r qu e sej a, pres ta r a seguinte decl aração, cujo teor tra nscre vo a seg uir: " Que é índ io ela T ribo Guarani , nasc ido e m 1959, na Aldeia Ama mbaí; Vereado r e le ito e m Ama mbaí, MS , com o voto dos .índios da Aldeia ele A ma mbaí; ex- Presidente cio Conse lho ela AI-

A denúncia do índio Kaiowá de ia de Amambaí; ex- representa nte ela Uni ão elas N açõe Indígenas cio M ato Grosso cio Sul ; ex-companhe iro cio antropó logo j a po nês Celso Aoki e Pa ul o P e pe , c hefe de um a e ntidade qu e se c ha ma PKN , Proje to Kaiowá-Na nde va, e ntidade cri ada e m no me do índio Kaio wá-G uara ni , e m Amambaí. O PKN , o ClMI - Conselho lndigenista Mi ss ioná ri o - e o Partid o dos T ra balh ado res (PT) são e ntidades ligadas e ntre si. Essas e ntidades, usando de - são as expressões qu e estão na escritura - 'malandragem e safadagem ', faze m mo ntagens aqui e m M ato Grosso cio Sul , coisas qu e ning uém nun ca imag ina e qu e e u, que fui compa nh eiro e conh ecedo r, sei que eles faze m no M ato Grosso do S ul , o PKN recebe verba cio ex teri or, Hola nda, Canadá e S uíça, e m nome do povo indíge na cio Mato Grosso do Sul, cio Ka iuá e Gu ara ni. "Dize m que é para ajuda r esses povos. Só qu e esses dó la res qu e vê m do e xte ri o r, o indíge na ne m sa be, usa o no me cio índ io e usa o índi o ta mbé m da seguinte fo rma: todos os pro bl emas de te rras qu e e tão ocorre nd o no M a to G rosso do S ul , na fro nteira do Paraguai, são ma ndado pe lo S r. Ce lso Aoki e Pa ul o Pe pe, a ntropó logos e chefes do PKN. "Eu fui compa nh e iro de sa entidade e do Pa rtido do PT po r três anos, na é poca do Preside nte José Sarney e do Mini stro Ro na ld o Co la Co uto. Essa escritura é de 1992. Nó fazía mos ass im : proc uráva mos o nde o índi o estava tra ba lha ndo e há qu a ntos a nos estava morando naque la fazend a. Se eles fa lava m que es tava m há cinco, sei o u dez a nos, nós pe rg un táva mos se não tinha m fa mili ares qu e fa leceram naque le loca l e nós j á fa láva mos para esse índio dar

e ntre vi sta di ze ndo que ali e ra terra indígena a nti game nte. " Se tivesse a lg um cemité ri o de alg ué m da famíli a o u pa re nte, e ra para fal ar que eles j á havi am nasc ido ali , se c ri aram ali , se us pai s, avós, bi savós e netos, e ass im po r di ante. Já nós pegávamos o pai, daqu ela fa mília para ser líde r naqu ele luga r. "Os antropó logos Celso Ao ki e Pa ulo Pe pe são ag_i tado res que pegam ri os de dinheiro e m troca desse tipo de trabalho . Já manda m e laborar doc ume ntos naqu e le luga r, naqu ela faze nd a, j á faze m um mapa baseado e m ma is o u me nos qu antos hectares, di zendo qu e a á rea é indígena e qu e só fa lta a de marcação; j á colocam o nome de como se cha mava anti ga me nte aqu ele luga r o u troca m o no me o u colocam o nome da faze nda mes mo . Se ti ver três o u qu atro fa míli as trabalhand o lá, colocam como se ti vessem 80 o u 90 famíli as naque la á rea, di zendo que a a lde ia e o pessoa l do PKN já vão co mpra r mercado ri as baratas re fu gadas, graclil ele gado, banha pod re e j á sai nas a lde ias grandes, q ue são demarcadas, qu e tê m seg ura nça, juntas as lidera nças e m todas as aldeias qu e são do minadas po r e les e fazem um a reuni ão com todos os capitães do M ato Gro ·so do Sul. "Eles faze m o docume nto daque le luga r, di ze nd o que o índio mo ra naque la faze nd a, mes mo qu e o índ io sej a só peão. Já o indicam de capitão e ma nda m tod os ass in a re m o doc um e nto, ma nda nd o para o Pres idente da F un ai e m Brasília, di zendo que a li te m área indígena que fa lta demarcação, com 80 ou 90 famíli as [...]. "Com a pressão, o Pres ide nte el a Fun ai ass ina o doc um ento e manda pa ra o Mini sté ri o da Reforma Ag rári a. De-

po is, passa para o g rupão, depois pa ra o Mini stro cio Jnte ri or. N a é poca, nós fa zíamos ass im. Hoj e é Mini sté ri o da Ju ti ça . "Eu não so u contra a de marcação de te rras. Só qu e so u contra esses eleme ntos qu e vocês não co nh ecem . Eu descobri porque e les não compram as te rras. Com os dó lares qu e pega m no exteri or, em nome do índio, só fi cam j ogando os índios contra os pro pri etári os de terras e proprie tá ri os de te rras contra os índios. [ ... ] "Eles não qu e re m ver o indígena se civilizar, me lho ra r. Para e les continuare m a usar e ma nipula r. Se o índio se sensibili zar e es tud ar vai desco brir o que e les fa zem , e eles não vão te r mais como sobre viver à custa cios povos indígenas . [ ... ] "Esto u pro nto para faze r qu a lquer decl aração o u de bate, pa ra ir perante o jui z com Celso Ao ki e Paul o Pepe mostrar a rea lidade. As pessoas dessas e ntid ades não que re m qu e e u fa le, e os administrad ores da Funai não qu ere m qu e e u fa le nada com os brancos . O novo admini strado r da Fun ai, José Antô nio Martin Flo res, pediu , pelo a mo r de De us, para não fa ze r esse tipo de e ntrevista para os brancos e pa ra a Justi ça po rq ue pode m pe rde r na Ju stiça as qu es tões de te rras. "Uma vez j á es ti ve na rádi o e ·c larecendo um a parte do tra ba lho suj o qu e e les estavam arma nd o. Desde e ntão, o administrad or Antô nio M a rtins Fl o res q ue ri a que e u g ua rdasse segredo sobre isso. E de co mo ass im disse e dou fé, me pediu e lav rei essa esc ritura". http://webthes.senado.gov.br/sil/Comissoe s/ P e rmanentes / C OH IGUAL/ A t as/ 20050407IN001 .rtf

OUTUBRO 2009 -


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Esplendor e elevação nos trajes nobres Interessante mostra em Versalhes despertou a admiração do público, atraído pela beleza e elevação cultural de séculos passados l

M ARCE LO DUFAUR

Paris - A mão é de um adolescente apenas saído da infâ ncia. Delicada e régia, fra nzina e forte, envolvida em rendas e sedas, pérolas e pedras preciosas, esboçando um gesto discreto mas sobera no, a mão de L uís XIV na idade de ass umir o tro no fo i o s ímbolo escolhido pe los organizadores da expos ição "Fastos de

CATOLICISMO

corte e cerimônias reais", que teve lugar no palácio de Ve rsalhes [foto 1] . A mostra ressaltou o espírito aristoc rático na Euro pa dos séculos XVII e X VIII, expondo desde vestimentas para grandes ocasiões, como coroação de reis e bodas reais, até peças usadas por monarcas, nobres e ri cos-h omens, passando por um a variedade sutil de s ituações in termediárias. Mi stura de vid a de famíli a e de ati vid ade públi ca de governo, a vida de corte era refin ada e ex igente. E is logo na entrada as roupas usadas por Jorge III [foto 2] da Inglaterra no di a de sua coroação em 176 1, graciosame nte emprestadas a Versalhes pela sua descendente, a rainha Eli sabeth ll. O traje é todo bordado com fios de ouro, eclipsado pela impressionante cauda em veludo vermelho e arminho. O conjunto é de uma pompa sobera na, e só fo i usado pa ra

a cerimôni a religiosa e temporal da unção do re i, rea li za d a na a badia de Wes tmin ster soberba me nte e nfe itada, re pl eta de nobres, autoridades e representantes dos órgãos sociais intermediários do reino . Nesses trajes, coroado e levando nas mãos o cetro e o globo, o novo rei era como um hífen entre Deus, fo nte de todo poder, e o povo inglês. Ne nhu ma proporção co m a esquá li da cerimôni a de posse de um presidente da República nos di as de hoje .. .

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No mesmo salão foi ex posta a vesti me nta da ra inha Sofi a Madale na da Suécia, no dia da coroação, 29 de maio de 1772. Ornada de ouro e prata, as vestes da nova rainha provinham de uma refo rma de modelos antigos, co m forte infl uência espanho la. As cores bra nca e prateada representavam a luz divina, a pureza, a inocência e a perfeição. No vestido da rainha sobressa i um a cauda de 5 metros, presa ao corpo com botões de prata maciça [fotos 3-4, p. 24]. Outro grande acontecimento da vida de corte eram as reuniões periód icas das Ordens de Cavalaria. Ainda hoje ocorre anualmente a da Ordem da Jarreteira, na Grã-Bretanh a, em que se usam uniformes como o do rei Jorge III [foto 5, p. 24] , porém com adaptações. Pomposo é o unifo rme da Ordem do Espírito Santo, cri ada pela Casa real da França [foto 6, p. 24] . As vestes das cortes dife renciavamse por uma sapiencial gradação, desde as que se usavam nas grandes cerin'lônias até às vestes para os afazeres ou despachos quotidi anos. A etiqueta e o protocolo respeitavam essa variedade de circun stâ ncias . . Exemplos de roupa de corte para a vida diária são as de veludo verde com guarnições douradas, portadas pelo imperador OUTUBRO 2009 -


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Não só os grandes nobres participavam desse des lumbrame nto. Beneficiavam-se também os me mbros cios diversos grau s da nobreza e da burguesia européia, e ainda as incipie ntes nóbrezas ame ricanas, como mostra a robe parée enco mendada em Pari s por um a dama canadense em 1780 [foto 9]. O espl endor das cortes descia para todas as classes sociais, numa cascata de beleza e dignidade que as e levava. Um exemplo co mezinho di sso são as librés concedid as: a cri ados e funci onários dos palácios, co rno a libré da casa real francesa, em uso quatro anos antes que a Revolução Francesa, movida pelo ódi o contra toda hierarqui a e nobreza, a abolisse em nome da igualdade. N ão menos pomposa é a dos servos da casa real da Suéci a e m 1751 [foto 10] . N o Ancien Régime, período em que se concentra a expos ição, as cortes ela Europa não apenas se inspi ra vam na corte francesa, mas mandavam confeccionar e m Pari s as melhores vestimentas, que depois ficara m guardadas como prec iosas relíquias c ulturai s . D a França , porém - tre mend amente castigada pelo ódio destruidor da Revolução Francesa, que incendiou palácios e toda espécie de bens cios reis e da nobreza e m geral nada fi cou para ser ex pos to, a não ser qu a dros nos q uais a p a re c e m as vestimentas ela corte de Versalhes. Após 1789, a feiúra republicana fo i tomando conta ela vicia pública. A vida ele fa mília foi separada ela vida oficial, e esta ficou em mãos ele grupos partidários. 1

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russo Alexandre I, e as do mesmo imperador no tempo e m que era príncipe herdeiro, cm vermelho coral [foto 7] . Seguiam a moda da França nos tempos de L uís XVI. Também ervem como exemplo as roupas de caça oferecidas por Luís XV a Cristian VII, rei da Dinamarca, em l 768. Porém ne nhuma Ordem real ating iu a categoria e o prestíg io da Ordem do Tosão ele Ouro [foto 8, p. 25]. C ri ad a e m 1430 por F ili pe o Bo m, du q ue ele Borgonha, tinha como fi na lid ade suprema a defesa da fé cri stã. CATOLICISMO

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N a visita à exposição, com fac ilidade perde-se a noção do te mpo e também da é poca. Aquelas vestimentas , cuidadosamente iluminadas num décor de sombras, falam de um mundo feérico, de uma imagem temporal do que pode ser a glória celeste que envolve os santos no Céu. Com efeito, aquele prodigioso conjunto de trajes é um dos tantos frutos da civilização cri stã, modelada pela Igreja. Predi spõe as almas à prática das virtudes e proporciona-lhes um antegozo, que as convida a desej ar a vida eterna no Paraíso Celeste. • E- ma il do autor: cato li c ismo @catolicismo.com.br

OUTUBRO 2009 -


E sse livro de Plínio Corrêa de Oliveira apresenta as linhas mestras de seu pensamento e vem formando, nos cinco continentes, contra-revolucionários que o têm como "livro de cabeceira"

C AIO VI DIGAL XAVIER DA

P

or fe li z prox imidade de datas, e m 2008 come morou-se o centenári o do nasc imento de Plini o Corrêa de Oli veira; e em 2009, o cinqüentenári o da publicação de sua obra- mestra Revolução e Contra-Revolução. A causa é sempre maior que o efeito, portanto todo autor é maior que sua obra intelectual, qualquer que e la seja. O pe nsamento vasto e rico de Dr. Plíni o vai muito alé m de sua obra básica, e ele o explicitou através de di versos outros livros e de considerável série de co nfe rências aos me mbros do mov ime nto por ele fu ndado em 1960, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP. Aprofundou també m esse conteúdo em palestras, comissões de estudos, artigos para jornais e rev istas, mani festos, consultas que recebia de simpatizantes dos cinco continentes, sem contar os sábios con ·elhos que dava, ·egundo os pri ncípios de Revolução e Contra-Revolução, aos que lhe pediam uma orientação pessoa l. Todo esse vasto ensi namento form a um invul ga r acervo de sa bedori a, de grande envergadura, e a consideração de uma obra isoladamente não permi te medi r-se a grandeza da vocação de Plini o Co rrêa de O li ve ira . Entreta nto, nesta impo nente manifestação de sabedo ri a, Revolução e Contra- Revolução ocupa lugar de espec ial destaque, a tal ponto que o auto r desejou que ua cabeça repousasse sobre um exe mpl ar dessa obra em seu esquife.

ILVEIRA

Mais que uma sinopse de seu pensame nto, Revolução e Contra-Revolução é uma síntese do idea l ao qual ele consagrou sua vida. Síntese que haveri a de se tornar o ponto de união para a coorte de discípul os que colaboravam com ele no e mbate contra a Re volução gnósti ca e igualitári a, vi sando opor- lhe obstác ulos e mesmo destruí-la [Vide quadro à p. 33]. Tinha em vista ainda contribuir para o lançame nto das bases do Reino de Maria, pregado por São Luís Mari a Grigni on de Montfo rt (1673 - l 71 6) no Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, e anunciado por Nossa Senhora em Fátima, em l 9 l 7, com as proféticas palavras: " Por fim meu Imaculado Co ração Triunfa rá". É a justo título, portanto, que os discípulos de Plínio Corrêa de Oliveira tomam como tema centra l de suas refl exões e ativid ades Revolução e ContraRevolução - que, a partir deste ponto, denom inarei R-CR, sigla com a qual seus segui dores designam a obra desde seu lançame nto no centés im o núm ero de Catolicismo (abril de 1959).

Primeiras idéias sobrn a Revol11ção e a Co11tra-Revol11ção Para melhor compreensão desta maté ria, ini ciarei co m uma breve exposição histórica sobre a gênese do livro na vida de Plínio Corrêa de Oli ve ira e na hi stória do pequeno grupo inicial de seus discípul os. Nas entrevi stas que Dr. Plini o conOUTUBRO 2009 -


ainda que, para isso, eu tenha que me ropa. Para estarem na moda, proclamacedeu a jornalistas de diferentes partes tornar o último dos homens, pisado, esvam-se "republicanos" e ridicularizavam do mundo, quase infalivelmente uma das magado, triturado ". os membros da família imperial, destroprimeiras questões que lhe propunham Compreendeu aos poucos que o chonada poucos anos antes. era esta: "Que livro teve papel determique entre esses dois munnante em sua vida?"; ou: dos (o do lar tradicional "Em que obra formou de sua avó e o do recreio suas idéias?". Para grandos alunos na escola dos de surpresa deles , Dr. jesuítas) fazia parte de um Plinio explicava que forprocesso mais amplo, vemara suas idéias no granlho de vários séculos, que de livro da vida. Na conabrangia toda a civilizacepção um tanto "livresção ocidental. Tgnorava ca" de alguns desses jorainda as características nalistas, esta originalidadesse processo, que se dede interrompia a seqüênsenvolvia entre doi s pócia de livros que nascem los: sociedade católica e uns dos outros. Não foi hierárquica da Idade Mélendo livros que as pridia (representada em seu meiras idéias sobre a Reespírito pela figura de volução e a Contra-ReCarlos Magno e seus pavolução germinaram na res, que ele começara a mente do jovem Plínio: ad mirar quando durante "Em vez de ler a doutriuma viagem de trem _leu na num livro e aplicá-la um livro a respeito) e a aos fatos, instintivamensociedade atéia e igualitáte tive que tomar posição ri a da Rússia comunista, diante dos fatos e adiviso bre a qual os jornai s nhar a doutrina que eles daquela época davam a continham", explicou conhecer fatos apavoranele. tes todos os dias . As primícias do pensamento expresso muitos Interação e11trn anos depois em R-CR libertinagem e vieram-lhe instintivacomunismo mente ao comparar o amMais tarde, ao entrar biente agitado, vulgar, na universidade, Dr. Plidescortês que dominava o nio chegou à conclusão de pátio de recreio do Coléque o comuni mo e as regio São Luís (dos padres jesuítas, na capital paulis- "Este mundo novo e eu somos dois inimigos irreconciliáveis. Serei pela vol uçõe sociais preceIgreja, pela castidade e pela monarquia; serei pela hierarquia social e ta, que freqüentava) com pelas boas maneiras; ainda que, para isso, eu tenha que me tornar o dentes não eram questões puramente políticas, mas o ambiente digno, solene, último dos homens, pisado, esmagado, triturado" . predom inantemente morecolhido que reinava na cio bem ali mentava-se elas rais. Se o pólo residência de sua avó materna, Da. GaDois mun<los - dois inimigos virtudes cri stãs, o pó lo cio mal encontrabriela Ribeiro dos Santos, que ele assofrrnconciliávels va seu dinamismo nas paixões desordeciava ao ambiente piedoso e elevado das nadas, rebeladas contra a ordem posta por Assim, aos 1 1 anos, Dr. Plinio commissas dominicais da paróquia do SagraDeus no Universo. Assim, aos 21 anos, preendeu os vínculos que existiam entre do Coração de Jesus. expli cava em um artigo a revolta cios hoirreligião, igualitarismo e imoralidade, de Foi elaborando seu pen samento ao mens contra a verdade: "Porca.usa, prinum lado; e de outro a Religião, o espíriobservar que seus companheiros mai s cipalmente, do orgulho e desregramento de hierarquia e a castidade. De onde vulgares eram ao mesmo tempo os mais to dos sentidos, rebeldes a todo o freio, concluir, ainda em sua infância: "Este irreligiosos, os mais grosseiros; gostaa toda a lei" ("O Legionário", nº 64, de vam de contar piadas impuras, revolta- mundo novo e eu somos dois inimigos 24-8-30, pp. 1 e 3 - Quid est veritas?). irreconciliáveis. Serei pela Igreja, pela vam-se facilmente contra a autoridade Nota-se um aprofundamento desta castidade e pela monarquia; serei pela dos professores, preferiam os filmes de noção (a ligação entre as paixões desorHollywood às revistas que vinham da Eu- ' hierarquia social e pelas boas maneiras; -

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clenadas e as revoluções) em outro de graça de ver ajitndo o mal que o liberaDr. Plinio percebia a interação entre seus artigos para o sema nário "O Leg iolism.o produzia e produz na sociedade liberalismo e comunismo, ass im como a nário", em que fazia uma aproximação contemporânea, o cânce r profundo e cumplicidade dos mais influentes meios de causa e efeito entre a corrupção do voraz que ele instalou no mais íntimo das na difusão do liberali smo. Mas , desde carnaval do Rio de Janeiro e o progresso vísceras do mundo hodierno. Percebi cedo, teve ainda a intuição de que havia do comunismo: nitidamente como, do bojo de suas dou.uma conspiração por trás do progresso "Para 90% dos paulistas - a portrinas, saía o comunismo anarquizante elas paixões desordenadas dentro da socentagem talvez seja otimista ciedade. A leitura do livro A - nenhum nexo há entre carConjuração Anticristã, de naval e comunismo. [. .. ] EnMons. Henri Delassus, con/retanto, há um ne.xo, e não é firmou-o nesta convicção e difícil demonstrá-lo. Depois forneceu-lhe os elementos de três dias de /roça imensa, hi stó ricos que lhe faltavam em que foram aplaudidas enpara basear sua tese. tusiasticamente e praticadas Interação entre deliberadamente todas as 1>1·otestantismo e transgressões da moral privaCOJ11lll1iStnO da - e em que foi malbaratada a dignidade pessoal, foi Paralelamente a isso, fordestruído o la,; e foi talvez mava-se nele também uma maculado o nome de famílias noção cada vez mais clara das inteiras - que ardo,; que enetapas que a Revolução hatusiasmo, que empenho podevia atravessado (protestantisrá ter um carnavalesco em mo, Revolução Francesa, cocom.bater o comunismo e o munismo), bem como de seu am.or livre, e em defender a incaráter satânico. Ao comenlegridade da família ? Não é tar uma nota de imprensa que certo que um carnavalesco é noticiava a adesão de um pasum homem semiconquistado tor protestante alemão ao parpara o amor livre, e por isto tido comunista, escreveu: m.esmo semiconquistado para "Cristão a princípio, teve Lenine? [. .. ] no entanto o livre exame pro"A propriedade e a fam[testante um.a conseqüência lia são duas coisa inseparáimediata: fe z nascer, ao lado veis, e qualquer sociólogo ou das confissões reformistas, filósofo, mesmo de segunda uma forte corrente racionaclasse, não ignora nem conlista que, através do de[sm.o testa esta verdade. Quem é de Voltaire, atingiu o ateíspelo am.o r livre tem. de ser nemo total de Rousseau. cessariamente contrário à "Este, este ndendo as propriedad(! individual, e aplicações práticas de seus vice-versa. Depravando a faprincípios ao campo da ormília, o carnaval solapa imganização política e social, "Rios nascidos em uma mesma fonte, o protestantismo (foto supeplicitamente a propriedade. determinou a sangrenta exrior) e o comunismo (foto inferior) convergem para os mesmos "No entanto a cegueira é fins, desembocando ambos no abismo do materialismo absoluto" plosão de 1789. E com esta tal, que todos colaboram para R evo lu ção triunfaram as que nenhum setor da sociedade deixe de e ateu. Detestei de todo o coração a áridéias igualitárias, destruindo totalmenser atingido pela influência de Momo " vore e os ji·ufos; e, respeitador da autote a hierarquia na organização política ("O Legionário", nº 285, 27-2-38 ridade por temperamenlo e por força da e sabotando-a seriamente na organizaMomo, agente de Stalin). educação, na luta contra o liberalismo ção social. Em artigo contra o nazismo, podee o comunismo levei todo o vigor de mi"Daí por diante, um movimento foi mos constatar que ele percebia, muito nhas convicções religiosas, de minhas estendendo a aplicação dos princípios antes de escrever o livro R-CR , a coneconvicções poffticas e das tendências igualitários às questões econômicas: xão entre sensualid ade desregrada ecoessenciais de meu temperamento" ("O surgiu o comunismo. munismo: Legionário", nº3 18 , 16-10-38 -Aau"Eis, em rápidos traços, a genealogia "A Providência deu-me sempre a rora dos deuses). que estabelece um parentesco muito estreiOUTUBRO 2009 -


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to entre o protestantism.o e o comunismo. Rios nascidos em uma mesma fonte, convergem para os mesmos fins, desembocando cunhas no abismo do materialismo absoluto" ("O Legionário", nº 90, 22- 11 -3 1 - Babel Protestante). Ambientes, imagem e semelhança dos J10mens Um dos aspectos mai s o riginai do pensamento de Dr. Plíni o, que foi amadurecendo aos poucos e do qu al se encontram fragmentos e m publicações, é a importância que e le dava às tendências e aos ambientes no processo revo lucionári o. Pelos re latos que fez dos primeiros

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anos de sua vida, sabemos que era muito sensível aos imponderáveis dos ambientes, e percebia com perspicácia a influência que eles exerciam sobre aqueles que os compunham ou que deles parti cipavam. Sabemos também que, co mo reação ao racionalismo, interessou-se pelos escritos do romancista Marcel Proust, que brilhava precisamente por suas descrições de ambie ntes. Mais tarde, entusias mou-se pela literatura de J.K. Huysmans (escritor francês convertido do sata ni smo ao catoli cismo), que se di stingui a princ ipalme nte pela arte de descrever os imponderáveis que e manava m dos ambi entes da Igreja Católica.

E is, por exemplo, um trecho de artigo de "O Legionário", em 1932: "Sob o ponto de vista estril.amente religioso, interessava principalrnente o novo gênero de apologética que Huysmans tentou inslituü: [... ] Huysmansfaz da Igreja uma descrição material obj etiva, através da qual procura fa zer ressalta,; com inimitável habilidade, os lampejos de sobrenaturalidade que se desprendem da liturgia magn(fica, enriquecida por um simbolismo com.ovedo,; do cantochão estupendo, nas sua imprecações veementes, no tumultuar de suas contrições, na explosão de seus surtos de confiança na Providência Divina, no lacrimejar harmonioso de seus o.f[cios de

defuntos " ("O Legionário", nº 94, 2 1-232, Huysmans {li} En Route). E m seu interesse por Huysmans, observamos já os germens do que ele acentuari a mais tarde: a idé ia de que "os homens forrnam para si ambientes à sua imagem e semelhança, ambientes em que se espelham. seus costumes e sua civilização. Mas a reciproca também é verdadeira em larga medida: os ambientes formam à sua imagern e semelhança os homens, os costwnes, as civilizações". Este princípio fo i extraído de um arti go publicado mais de ci nco anos antes do lança mento da R-CR (Catolicismo nº 37, j aneiro/ 1954 - Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas).

"Idéias não são roupas que se vestem 011 se <lespem " O princíp io segundo o qual os ambi e ntes mod ifi cam as convicções dos homens é aplicado ao carnaval e m outro artigo de "O Legionário", no qual comenta os seus efeitos sobre as pessoas que dele partic ipam . Notem os leitores que Dr. Plínio fa la do carnaval dos anos 40, bem menos sensual que o de hoje, mas que também era pernicioso: "Há uma regra de moral que qfirma: 'nada de péssimo se fa z subitamente '. É contra todas as regras da psicologia humana supor que pessoas muito dignas, muito moralizadas, muito sensatas, conseguem depor inteiramente as

suas idéias durante os !.rês dias do carnaval, e depois repô- las intactas, imaculadas, inteiriças, após os festejos de Momo. "Idéias não são roupas que se vestem ou se despem. "Se alguém procede, durante o carnaval, de modo extremam.ente leviano, é isto prova de que an/.eriormente há uma fa lha na couraça moral dessa pessoa. Por outro lado, se essa pode ter ocasionado a renúncia momentânea a certas ati!udes e a cer/as idéias durante o carnaval, como é difícil voltar, depois, à prinútiva linha de moral!" ("O Legionário" nº 492, J 5-2-42 - Pearl Harbour e o Carnaval).

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verdadeiro o qu e está ex posto no iníc io: a) de um lado, R-CR é a mais bem acabada síntese de um pensamento que Paralelamente ao aprofundamento de Formação de um mo11ime11to vinh a de muito longe; e b) de outro, este seu pensamento concernente à Revo luco11tra-1·eml11cio11á1·io pe nsa mento é, em te rmos abstratos, a ção, Dr. Plíni o avançava ta mbé m sua expli c itação da pos ição que Dr. Plí ni o Podemos certamente datar da metarefl e xão sobre a Contra-Revo lução. A te ve que to rn a r in stintiv ame nte di a nte de dos anos 40 - portanto, pouco após prime ira conc lusão que tirou dessa reda Revo lução com a qu al se confro nto u a publicação do prime iro livro de Plínio flex ão foi que a fo rça-motriz da Contradesde a mai s te nra id ade. Corrêa de Olive irn, Em Def esa da Ação Revo lução é a graça divina di stribuída Contudo, estou certo de pela Igreja Católica, e que de que a curios idade cios le itonada adi antari a um a ação não se limita a conhecer res política sem uma conve rsão tais antecedentes di stantes, reli giosa da humanidade: e gostari am também de sa"Comunismo ou catoliber como se deu a redação cismo, eis o dilema a que de R-CR. Não foi co mo no não se pode .fugir. Ou a dis alto ci o M o nte S in a i, e m solução continua sua marme io a c larões e te mpestacha, e nos arrasta ao comudes, po is não fo i esse o pronismo pelo apodrecimento cedimento habitual ela Divi de toda a organização polína Providência com relação tica e social do Pais, ou vola Dr. Plínio. tamos atrás e - recorrenPara começar, o Iivro fo i do à seiva do catolicismo, escrito tranqüil a e modestaque já uma vez salvou uma mente, com a fin alidade de civilização que também esresponder às circunstâncias tava podre - pomos Deus rotineiras de seu apostol ado nas escolas, nas constituicontrarevo luc io nári o . E m ções, nos lares, nos clubes e breves palavras, a redação principalmente nos caracteli gada às viagens que está res" ("O Legionário" nº 79, Dr. Plíni o fez à E uropa em 10- 5- 3 1 - O triunfo de l 950 e 1952. Dura nte essas Cristo-Rei nas escolas) . curta es tad ias, e ncontro u A segunda conclusão era movimento e in telectuai s, que esta Contra-Revo lução o que hav ia ele mais contradevia ser radi cal : revo lu c io nário o u me nos "O mundo não pode ser daq ue le lado do Atlântico. salvo por.formas diluídas de A lém d isso, é preciso salicristianismo, ou por sistee ntar que um de seus obj emas que representem uma tivos era encontrar um líder etapa comodista ou preguia quem pudesse confi ar e u çosa nas sendas da restaupró pri o pequeno grupo. Líração da Cristandade. Nosder que, para ele, à vi sta ela so le itmotiv deve ser o de no breza da Contra-Revoluque, para a ordem temporal do Ocidente, fo ra da Igreja A redação de Revolução e Contra-Revolução está ligado às viogens ção, só podi a ser um prínc i-• não há salvação. Ci viliza- que Dr. Plinio .fez à Europo em 1950 e 1952. Durante essas curtas pe da Igrej a (um Cardeal, estadias, encontrou movimentos e intelectuais, o que havia de mais por exemplo) ou um prínc ição católica, apostólica, ro- contra-revolucionário daquele lado do Atlãntico. pe de uma grande dinastia mana, totalmente tal, absoeuropéia. Nessas curtas vi lutamente tal, minuciosaage ns, percebe u entretanto que todos esCatólica o período e m que o autor já mente tal, é o que devem.os desejar. A.fases mov ime ntos quer fosse m de natinha explic itado todas as idéias-mestras lência dos ideais políticos, sociais ou. cultureza re li giosa, reag indo contra os erda R-CR. turais intermediários está patente. Não ros do progressismo, ou de natureza temdescriSe me detive na minu c iosa se pára no caminho de volta para Deus: poral, combatendo o comuni smo e o soção desses antecedentes, um tanto di sparar é retrograda,; parar é.fazer o j ogo ciali smo tinham um a visão parc ial e tantes, das idé. i asme tras da R-CR, é da co11fusão. Nós só querem.os um.a coiincompleta da Revolução, e muitas vepara que os le ito res senti ssem qu anto é sa: o catolicismo completo" ("O Legio-

Salvação do mundo: recorrer à seiva do catolicismo

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CATOLICISMO

nári o", 13-5-45 -A grande experiência de 10 anos de luta).

zes uma visão deform ada pelos erros do que ele de nominaria mais tarde "f alsa direita". Ao mesmo tempo, deu-se conta de que seus interlocutores europeu s olhavam-no um pouco de c ima para baixo, como que ele um pedesta l (eles represe ntava m o Velho Mundo culto, e Dr. Plínio o Novo Mundo; exibiam uma genealogia que remontava aos ultramo ntanos do sécul o XIX, enquanto o pequeno movimento brasileiro parecia ter nascido ontem; e assim por diante). A fim de vencer as reticências, e colaborar vi sando um trabalho comum, faltava-lhe um "cartão de visita" prestigioso, apesar da sua condição de professor titul ar de uma cáted ra na Universidade Católica de São Paulo.

Prolegôme11os ele wn ensaio que seria uma obra-mestra D estas constatações nasceu em Dr. Plínio a idéia de fundar a re vi sta Catolicismo , que posteriormente ele se apressou e m re meter a todas as pessoas que vi sitara durante suas viagens. Como fruto desse intercâmbio, e m fin s de 1958 chegou-lhe um convite para escrever um artigo sobre seu pensame nto para uma revista européia. Pôs-se então ao trabalh o, como teria fe ito para redigir um arti go ele egunda importânc ia, do qual não esperava grande resultado. Mas à medida que escrevia, sentia uma ajuda particulat da graça: as idé ias vinham-lhe facilmente ao espírito, g rande. panoramas se descorti nava m a ·eu o lhos, a pena corria agilme nte. Lembro-me perfeita mente de te r encontrado Dr. Plínio chegando à sede de nosso pequ eno grupo (naque la época, situado à rua Vieira de Carvalho, em São Paulo), e percebi que ele estava particularmente contente. Como e u tinha conhec ime nto cio artigo que ele estava redi gindo, percebi que tal contenta mento era devido ao resultado do trabalho, e que algo especia l se pas ava. Al gun di as depo is, vi que ele estava radi ante. Nesse mome nto, co muni coume que o artigo ultrapassava, de longe, o tamanho soli citado, e j á atingia as proporções de um liv ro. Acrescentou : "Escreverei um outro artigo para enviar aos nossos amigos europeus".

Síntese de Revolução e Contra-Revolução Em Catolicismo , os termos "Revolução" e "Contra-Revolução" são sempre e mpregados segundo o conceito exposto magistralmente por Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução. A seguir, um resumo dessa obra. O autor desi gna como "Revolução gn6stica e igualitária" o movimento que ve m destruindo a Cristandade desde o declínio da Idade Média - época em que o ideal cató lico de sociedade mais se aproximou de sua realização.

" Gn6stica", porque nega a Deus como um Ser pessoal, legislador (que estabeleceu o Decálogo) e transcendente a toda a Criação, origem e fim último do homem. Portanto, um Deus a Quem devemos obedecer, servir e amar. "Igualitária", porque promove a revolta contra as desigualdades harmônicas que o próprio Deus estabeleceu amorosamente entre todos os seres criados. A Parte I da obra discorre sobre as três grandes Revoluções:

o Pseudo-Reforma protestante (século XVI). o Revolução Francesa (século XVIII). o Revolução Co muni sta (século XX). Na Parte II, trata da Contra-Revolução como sendo a reação organizada para se opor à Revolução e restaurar a Cristandade. Na Parte III, descreve o nascimento da IV Revolução - a Revolução Cultural, que procura implantar urna sociedade tribal e anárquica - e acena para o surgime nto de urna V Revolução, na qual se percebe a entrada do satani smo. A partir de Gorbachev, da espetacular queda do Muro de Berlim em 1989, e da Cortina ele Ferro em 1991 , o autor desmascara a metamorfose comuni sta, que consistiu em ostentar uma cara risonha para enganar o Ocidente e di sseminar seus erros. A tática dos comunistas, com a política denominada de Perestroika e Glasnost, fazia crer que o comunismo estava morto, para assim desmobilizar o anticomunismo. Ainda na Parte III, di corre sobre o papel do Concílio Vaticano II e da política vaticana conhecida corno Ostpolitik - atuação que procurava estender a mão ao regime comunista.

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Duas ou três semanas depo is, e le esta va tra nsbo rdando de conte nta me nto. Nos 40 anos que se seguira m até sua morte, não me lemb ro de tê- lo vi sto novamente com tanta alegri a. E ra um acontecimento ! Apesar de sereno como de costume, e le ex ultava. N essa ocas ião, exprimiu-me a idé ia de que estava particul arme nte feliz de ter podido enunciar a síntese úl tima de seu pensamento a respe ito do assunto Revo lução e ContraRevolução. Com efeito, alg um as semanas depo is o ensaio estava pronto, e Dr. Plinio partia para Sa ntos co m o sa ud oso Dr. José Carlos Castilho de And rade, para fazer a revi são do livro.

namentos deve riam ser dUundidos até fa zê-los penetrar na consciência de todos os que se sintam, verdadeiramente católicos, eu diria mais, de todos os homens de boa vontade. Nela, estes últi-

"Uma obrn profética melllOI' senti<IO da palavl'a " 110

Por um p rov id e nc ia l acúmulo de c ircunstâncias, o q ue foi co nceb id o po r ocasião do centésimo nú mero de Catolicismo fo i ma is do q ue um s im ples "cartão de visita" para os e uropeus. Na ve rd ade fo i um monumento do pe nsamento católico que saía a lum e, ju sta me nte po uco antes da fundação em São P a ul o d a prim e ira TFP , para servi r de " livro de cabeceira" à sua coorte de discípulos e simpatizantes no mundo todo. Se pensarmos no fu turo, estou certo de que a R-CR servirá de li vro de referência a todos os contra- revo luc ionários até o fi m dos te mpos, e de base inte lectual da Cristandade restaurada que nascerá após os castigos anunciados e m Fáti ma. Fazendo minhas as palavras do falecido Padre An astácio G utié rrez, CM F, ilustre cano nista e professor das melhores uni vers idades ro manas, concluo dizendo que Revolução e Contra-Revolu ção "é uma obra magistral, cujos ensiCATOLICISMO

mos aprenderiam que a única salvação está em Jesus Cristo e na sua Igreja, e os primeiros se sentiriam confirmados e robustecidos em, sua f é, prevenidos e imunizados psicologicamente e espiritualmente contra um processo astuto que se serve de muitos deles como idiotasúteis companheiros de viagem. [. .. ] Em suma, ousaria dizer que se trata de uma obra profética no me1ho r sentido do termo; mais ainda, seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da Igrej a, para que ao menos as classes de elite tomem consciência clara de uma realidade esmagadora, da qual - creio - não se tem nítida consciência. Isso, entre outras coisas, contribui ria para revelar e desmascarar os idiotasúteis companheiros de viagem, entre os quais se encontram muitos eclesiásticos que faze m, de um modo suicida, o j ogo do inimigo: esse setor de idiotas aliados da Revolução desapareceria em boa medida ".

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A mediação universal e onipotente da Mãe de Deus é a maior r azão de esper ança dos contra-revolucionários. E em Fátima Ela já lhes deu a certeza da vitória.

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Com essas co nside rações, espero que os leitores de Catolicismo sinta mse estimulados a obter na R-CR um conh ecim e nto mais aprofu ndado da Revolução, e também que tais considerações os auxilie m a ter um maio r empenho e dedicação à lu ta contra- re vo luc io nári a. Ass im , a Revolução gnóstica e igua li tária, que vi sa destruir a Igreja e os restos de Cristandade que ainda sobrev ivem nos d ias atuais, será liqui dada mais brevemente e m todo mundo, e isso antecipará a aurora d o R e in o d o Im ac ul ad o Co ração d e M ari a. •

Revolução e . Contra-Revolução "Riquíssimo índice analítico de uma monumental Enciclopédia de Teologia da História " (Pe. Cesar Dainese, SJ).

O principal best-seller de Plinio Corrêa de Oliveira, agora em nova edição ilustrada. Uma obra na qual o autor desvenda e denuncia o processo revolucionário cinco vezes secular que, tendo como molas propulsoras o orgulho e a sensualidade, vem destruindo gradativamente a civilização cristã e precipitando o mundo no caos. Ademais, o autor, paladino da Contra-Revolução, explicita os princípios fund amentais que devem nortear uma sociedade autenticamente católica.

E- mail para o a utor: catoli c ismo@catoli c ismo.com, br

~ ~-.IC--ra =t=u=ít=o para encomendas feitas até o próximo dia 31 de outubro!


São Remígio Apóstolo dos francos U m dos mais extraordinários bispos, dentre os que se dedicaram ao apostolado com os bárbaros, desempenhou papel decisivo na conversão do rei franco Glóvis, e de todo seu povo "

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Basílica de São Remígio, em Reims

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PU NIO M ARIA SOLIMEO

urante as in vasões cios bárbaros na Europa, no sécul o V, a Gália romana apresentava todos os sintomas ele decadência, próprios ao fi m ele uma era histórica. O Impéri o Romano agonizava, e a Igreja, por meio ele grandes santos, lutava para converter os bárbaros invasores, ati-ainclo-os para ·eu seio. São Remígio fo i um ele seus principais apóstolos. Nasc ido por volta do ano 436, filho ele Santa Celina e ele E míli o, conde de Lao n, senhor de extraordinário mérito, era irmão de São Princípio, que fo i bispo ele Soissons.

Os primeiros biógrafos e contemporâneos de São Rernígio afirmam que seu nasc imento fo i predito por São Montano, solitário de vida ascética ent:regue à contemplação. Certa noite, pedindo com mais insistência a Deus Nosso Senhor que desse re médio à malícia e indiferença daqueles conturbados tempos, foi-lhe revelado que logo nasceri a um varão, o qual, por sua santidade de vida, obteria a conversão dos gauleses e ele seus invasores.

Ar cebispo de Reims contl'a a 11011ta<le Desde pequeno Re mígio obressa iu-se por uma extrao rdinária apti-

dão para a virtude e para a c iência. Fez tão rápidos progressos na perfeição e nos es tudos que, fa lecendo o arcebi spo de Reims, cle ro e povo o ac lamaram corno seu sucessor, apesar de ter somente 22 anos de idade. De ne nhum modo o jove m qu eri a aceitar tamanha responsabilidade, alegando com razão que isso contrari ava os cânones sagrados, que estipul avam a idade mínima ele 30 anos para o epi scopado. A discussão fo i lo nge. E a in da se d iscuti a qu ando um ra io ele luz, vindo do céu, iluminou-lhe o rosto, o que co nfirmou c lero e povo na sua determinação, agora com o benepl ác ito divino. Re mígio deu- se por vencido. Seus bi ógrafos ressa ltam que era ta nta sua virtude, maturidade ele espírito e ciência, que ele principi o u seu epi scopado como o mais ex perimentado cios bispos. Diz um deles, Venâncio Fortunato, que Re mígio era "largo em suas esmolas, profundamente humano, assíduo em vela,; constante e devoto em rezar, perfeito na caridade, insigne na doutrina, semp re preparado para fa lar das coisas mais altas e divinas" .1 Atra ía a todos pela bondade de seu coraçã , e mes mo as aves do céu vinha m pousa r e m seus ombros e em suas mãos .

São Remígio e os bárbaros l'l'a11cos O grande acontecimento do episcopado de São Remígio fo i a conversão ele C lóvis, quinto rei dos bárbaros francos. Este povo, saindo elas pl anícies ela Holanda, dirigiu-se para o ui, apoderando-se das melhores partes d s Países Baixos, da Picardia e da Jlha-cleFrança. Clóvis tornara-se rei ai nda adolescente, entre os 14 e 15 anos, já como grande guerreiro, valoroso e audaz. Tendo ele se estabelecido co mo rei na a nti ga Gá li a romana, que conqui sta ra, São Re mígio e nvio u-lh e um a carta na qual dizia: "Um. grande ru-

mor nos chegou: diz-se que tu acabas de tomar as rédeas do governo de nossa nação. Não swpreende que sejas tu o que f oram teus pais. Mas vela para que nunca te abandone o juízo de Deus, a fi m de que, por teus méritos, logres conservar esse posto que conquistaste por tua indústria e nobreza, porque, como diz o vulgo, os atos do homern se provam por seu.fim. Rodeia-

te de conselheiros que saibam acrescentar tua honra. Sê casto e honesto; honra os sacerdotes e atende a seus conselhos, pois se vives em harmonia com eles, darás o bem-estar ao país. Consola os aflitos, protege as viúvas, alimenta os 6,jãos,faze com que todo mundo te ame e te tema. De teus lábios saia a voz da j ustiça, deixa aberta a todo mundo a porta de tua presença. Joga com os j ovens, posto que és j ovem, m.as aconselha- Le com os anciãos. E se queres reinar; rnoslrate digno disso". 2 Embora sendo ainda pagão, C lóvis não persegui a os cri stãos e tinha respeito pelos bispos e sacerdotes elas c idades que submetia a seu domíni o. Cada anto é chamado a refletir de modo particul ar alguma el as per-

fe ições de Deus. Assim, uns se notabili zam pela fo rtaleza, outros pela lóg ica, outros pe la extre mada pureza. São Re mígio espelhou de modo admirável a bondade de Deus. Despido do me nor vestígio de ego ísmo, alegravase verdadeiramente com o bem do próximo. Seu rosto espelhava a bondade do coração, e ele atraía a todos por sua afabilidade e bom trato. Isto foi uma das coisas que mais impressionaram o bárbaro Clóvis logo que o conheceu, faze ndo-o admirar tanto São Remígio. O conhecido episódi o ele Soissons mo t:ra, e mbora com métodos bárbaros, o qu a nto Cl ó vi s cons iderava o santo a rcebi spo. Seus soldados pagãos haviam pilhado uma igreja dessa cidade, le vando ornamentos e vasos sagrados. São Re mígio la me ntou sobretudo um cálice de _prata, finamente cinzelado, e pediu a Clóvi s que, se possível, o desse de vo.lta. Na hora da repartição dos despojos, o re i pediu como um favor que não se lançasse a sorte sobre esse cálice, mas que o dessem a e le. Todos con cordaram , menos um soldado mais bárbaro, que co m um golpe de acha o danificou, di zendo inso lente mente ao rei que ele não o teri a mais que os outros. Clóvis di ssimulou seu desprazer co mo pôde. D ias mais tarde, fazendo a revi sta de sua tropa, chegouse di ante do inso lente e, sob pretexto ele qu e suas arm as não es tavam em orde m, as lançou por terra . De u-lhe então potente golpe de acha na cabeça, matando-o, ao mesmo tempo e m que di zia: "Assim.fizeste com o cálice de Soissons". Logo que esse grande conqui stador subjugou a Turíngia, no décimo ano de seu reino, desposou Clotilde, filh a de Chil peri co , irmão do rei da Borgonha. Esta era católica exemplar, e fo i posteri orme nte ele vada à honra dos altares.3 Instava muito para que seu marido se convertesse. Prometendo sempre que o fa ri a, C lovis no e n-

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DISCERNINDO /

tanto ad iava sua conversão para um futuro incerto.

Conversão de Clóvis: glória para a Jgrnja Mas chegara a hora da Providência. Corria o ano 496. Clóvi s encontrava-se outra vez à frente de seu exé rcito enfrentando outros bárbaros, os a lamanos, nas proximidades de Tolbiac. O s francos , tão acostumados à vitória, foram sendo acossados pelos alamanos com tal vigor, que começaram a recuar. A batalha parec ia perdida. Prevendo o desastre, um conselheiro do rei, que era cristão, sugeriu-l he que invocasse o verdade iro Deus naquele transe. Clóvis prometeu então "ao Deus de Clotilde" que se converteria à Reli g ião católica, caso obtivesse a vitória. No mesmo momento os francos voltaramse contra os alamanos com tal ímpeto, que romperam todas suas li nhas e chegaram até seu rei , que mataram. A batalha estava ganha . C lóvis, que era leal, não tardou em cumprir sua promessa. Logo que retornou , mandou chamar São Yedasto, bispo de Toul, para instruí-lo na fé. Santa Clotilde apressou-se també m em chamar São Remígio para completar a obra e administrarlhe o batismo. "Ele acabou de abrir-lhe os olhos e de lhe descobrir a excelência e santidade de nossos mistérios. O ardor da fé e da religião iluminou-se tão forte mente nesse coração marcial, que ele se fe z apóstolo de seus vassalos antes de ser cristão; reuniu os grandes de sua corte, mostrou-lhes a loucura e a extravagância do culto aos ídolos, e concLamou-os à não mais ado rar senão um só Deus, criador do Céu e da Terra, na trindade de suas pessoas. Fez o mesmo com, seu exército, e sua pregação f oi tão poderosa que a maior parte dos francos quis imitar seu exemplo". 4

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CATOLICISMO

Segundo as crôni cas, quando São Remígio mUTava para aque les bárbaros os sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo em sua Paixão, Clóvis bati a com a lança no chão, exc lamando cheio de indig nação: "Ah! Por que não estava eu lá com os meus fran cos! ".

Relíquias de São Remígio na basílica em Reims

"Pai, já é este o rnino <le Deus?" São Remígio quis que a cerimôni a do batismo real fosse cercada. de toda pompa. Segundo a tradição, realizou-se na noite de Nata l. O caminho do palácio até a igrej a de Nossa Senhora estava enga lanado com tapeçarias e arcos de fl ores, e o pórtico da igrej a iluminado por muitas ve las. Nuve ns de inc nso perfumavam o ar. Quando I vis, acompanhado cios seus, entrou no templo, perguntou emoc ionado ao sa nto: " Pai, j á é este o reino de Deus, que vós ,ne pro,netestes?". Respondeu Remfgio: "Não, mas é a entrada do caminho que a ele conduz" . Na pi a bati sma l, São Re mígio di sse aquelas palavras que se tornaram célebres: "Curva a cabeça,

altivo sicambro; queima o que adoraste e adora u que queimaste". O Cardeal Barônio nota que , além cio batismo, São Remígio conferiu também a C lóvis a unção real, o que depois se tornou uma tradição enti-e os reis da França. A igreja estava tão repleta, que o clérigo que devia levar o óleo do crisma ficou retido pela multidão. São Remigio elevou então os ol hos a Deus, e nesse momento viu-se uma alvíssima pomba trazendo no bico uma ampola com o óleo, que depositou nas mãos do prelado. Essa é a origem ela "Santa Ampola" que serviu, até a Revolução Francesa, para sagrar os bi spos gau leses. Duas irmãs ele Clóvi s foram também batizadas com ele, a lém de um número incalculável ele senhores e uma infinidade de solclaclos, mulheres e crianças que quiseram seguir o exemplo ele seu rei. São Remígio sobreviveu a Clóvis, falecendo nonagenário. Deus o fez participar de sua Cruz, enviando-lhe muitas molésti as, e me, mo a cegueira. Osculando a mão divina que ass im o atingia, o sa nto arcebispo faleceu no dia 13 de janeiro de 533, aos 96 anos de iclade.5 • E-mail cio autor:

Indios contra ecologistas na Austrália Ambientalistas forçam a ampliação de reservas indígenas naquele país. Os indígenas reagem a essa pretensão e fazem manifestações contra seu confinamento em reservas lI

Cio A LE NCASTRO

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o processo que redu ndou na expu lsão dos brancos e negros da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, pôde-se constatar que grande número de índios - · ao que tudo indica, a maiori a - opôs-se a essa defe nestração de brasileiros , impedidos de permanecer naquela parte do território pátrio. Alegavam esses silvícolas, entre outras coisas, que não desejavam permanecer confinados em uma extensão de terra demarcada, sem contacto com os demais brasileiros, só para servir aos pendores ideológico-e querdistas de organismos como o Conselho Jndigenista Mi sionário (CIMI), órgão da CNBB, e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), entidade do governo federal. O CIMI, diga-se d pas agem, parece ter riscado do Evangelho o mandado de Nosso Senhor: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as ern nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi " (Mt 28,19-20). Parte ma is fra ·a nessa disputa contra forças muito poderosas (os ambi enta li sta e tão organiza.d.os em escala universal! ), tais índios foram derrota.dos.

AIJoríghws austrnllanos recusam aju<la social pe1pétua 1. Apucl r r. Ju sto Perez de Urbe!, O.S.B., Aíio ris1ia110, Ecli ciones Fax, M ad ri , 1945, tomo IV , p, 8. 2. ld ., ib. 1· 9. . Sobre esta Santa, ver Catolicisrno, j unh o ele 1999. 4. Les Petits Bollandistes, Vies des Sai111.1·, Bloud et Barrai , Libra ires-Éditeurs, Pari s, 1882, p, 590. 5. Outras obras co nsult adas: - Josep h Dedieu , St. Remig iu s, The Catho li c Encyclopedia, online ecl iti on, www. newadve nt..oq;. - Pedro ele Ribadeneira, Fios Sancto rwn , in Edu ardo M ari a Vil arrasa, La Leyenda de Oro, L. Gonzalez & Cia, Editores, 1897, tomo lV , pp. l 0e ss. - Edelvives, El San to de Cada Dia , Ed itorial Lui s Vi ves, S.A. , Sa ragoça, 1955, tomo V , pp. 3 13 e ss.

Na Austrália, um fenômeno semelhante está ocorrendo. Enquanto o ambientalista de lá querem a todo preço reservar extensas áreas para demarcação, os índios opõem-se, legitimamente receosos ele ficarem confinados num território ele atraso. Vale a pena conhecer parte da notícia publicada no conceituado diário italiano "Corri re della Sera" de 7-8-09: "Na Península do Cabo York, no norte incontanúnado da Austrália, as populações indígenas dizem, 'Não' às reservas protegidas para tutelar sua eman ·ipação. "Nos 14 milhões de hectares de florestas, savanas e manguezais no estado de Queensland, uma lei de 2005 - o Wild Rivers Act - limitou todas as atividades industriais e agrícolas nas proximidades de alguns cursos de água específicos: apenas três, até abril deste ano. Mas agora os ambientalistas austra lianos da organização ' Wilderness Society' querem transformar em áreas protegidas as bacias de outros dez rios. "'Se isso acon1ece1; o desen volví,nento fi cará impedido em 80% das !erras' - protestam os aborígines de Cabo York,

Mapa das tribos indígenas na Austrália

uma comunidade de cerca de 8 mil pessoas, a· maioria da população local. Sob ataque ta,nbém está o governo trabalhista de Queensland, acusado de apoia r o plano ecologista para ag radar os verdes australianos. "Alguns dias atrás, os aborígines interromperam um evento dos ecologistas, por meio de piquetes em que se fantasiaram de coa/as" [animal da região]. Para o advogado Noel Pearson , "que desde os anos 90 defende os nativos, 'se dez rios ficarem protegidos, desaparecerão também os cultivas necessários ao sustento dos índios. Querem condená-los a uma ajuda social perpétua'. "Fabietto Ugo, professor de Antropologia Cultural na Bicocca, em Milão, diz que 'muitas vezes não se levam em conta as aspirações dos povos indígenas a um novo padrão de vida, inspirado no modelo de tipo capitalista dos antigos colonizadores'" . E prossegue: "E um paradoxo da modernidade: aborígines vão à luta contra os ambientalistas, que nos anos 70 eram tidos aos olhos do mundo como os grupos mais ativos em apoiar sua causa". • E-mail cio autoI·: ciclalencastro @catolicismo. com.br

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INTERNACIONAL

O meteoro Obama & ndo? MeteoriLo? Estrela cadente? Anj o caído? Que imagem ilustraria melhor a trajetória da presidência de Barack Hussein Obama? , , Lu1s DuFAUR · bama entrou no cenário político como um astro pouco conhecido, ao menos no Brasil. Iluminado pe la mídia, seu brilho foi inusual. M as também fo i incomum a rapidez com que começou a apagar-se. Agora, entra em fricção a toda velocidade com o du ro chão da rea li dade. "Obama está vendo suas promessas virare,n cinza", afi rma o "The Wall Street Journal", o qual constata "audiências

populares iradas, queda no índice de aprovação e a crescente oposição à sua proposta de reforma do sistema de saúde"; e conclui: "Crescente número de americanos está se voltando contra o presidente, inclusive eleitores que ele conquistou durante a campanha". 1

A reforma da saúde tra nsformo u-se em guerra ideológ ica. P ro liferara m cartazes, panfl etos, clips, charges, atos e passeatas públicas com frases e desenhos ag ress ivos: "Obama socialista"; "Obama comunista"; Obama com bigodinho de Hitler, co m bo ina do C he G ue vara o u e m cartaz "sov iéti co" co m caracteres cirílicos. Di ante da reação, o presidente moderou os projetos, prometendo até que a reforma não fi nanciari a o aborto. Acabou ateando o incêndi o na própri a casa. Para Paul Krug man, um dos incondicio nais defensores cio " meteoro", Oba ma "está surpreso com a reação f uriosa dos progressistas" 2 irados com tais concessões. Há poucos meses, O bama era tido como messias, o deus ex~machina destinado a superar a po lari zação ideológica que, em boa medi da, parali sa a marcha revo lucionári a mundi a l. Hoje, tornou-se um fato r radicali zaclor de antago ni smos ! Postos-chave do governo não fora m ainda preenchidos. Por exempl o, os relati vos à América Latina e à embaixada no B rasil. Pesam ainda escânda los de func ionári os 11o meaclos q ue acabara m re nunciando. Van fon es, conselh e iro e m po lítica ambi enta l, demitiu-se após atos grosseiros no exercíc io de suas fun ções. 3 Outras no meações não fo ram ratificadas pelo Senado, não obstante o governo ter ma iori a.

A11ti-Teflon

Mais sintomas de polarização

Obama parece ter adquirido características de anti-Teflon: tudo parece colar nele . O caso dos " painéis da morte" é típico. Vej amos. O pres idente quer imple mentar a refo rma do sisteín a da saúde, contida em cinco projetos que preenche m aprox imadamente 2.000 pág inas. A o pos ição extraiu de um parágrafo imprec iso a suspeita de que o projeto cri aria " tribunais da morte". Quando o usuário atingisse certa idade, ta is "tribunais" decidiri am se ele merece viver ou se lhe seriam negados auxílios para a sobrevivê ncia. Imagine-se o leitor indo a um hospita l para ouvir tal sentença .. . A suspeita assustou o público. Doentes e não-doentes ficara m apavorados. Para acalmá-los, os congressistas democratas tentaram explicar o projeto em reuniõe_s públicas nas prefeituras. O resultado foi o caos: idosos agastados, cartazes incendiários, empurra-empurra, agressões verbais, intervenções policiais. Num discurso do presidente no Arizona, um eleitor, amparado pela lei estadual, compareceu ao evento levando um fu zil automático nas costas, em sinal de desagrado. Acusaram também o projeto de financiar o aborto.

O E m agos to, pesqui sa ela Gallup alertava que Obama "não só torrou todo

CATOLICISMO

seu capital político, como entrou no vermelho" .4

o As am eaças a chefe ele Estado a mericano c rescera m 400%, segundo o estudioso Ro nald Kessler. A perspectiva é inq uietante num país onde houve ta ntos atentado a presidentes. o A aud iência da e missora conservadora Fox subiu 24%, a da progressista MSNBC 10%, enquanto a centrista CNN perdeu 22%, segundo o instituto de pesquisas Nielsen.5 o Os três li vros no topo da li sta de best-sellers não-ficção do "New York Times" são políticos e conservadores . E ntre os dez primeiros não há nenhum ele auto r esq uerdista. 6 o Pelo menos 790.000 cidadãos reuniram-se em tea-parties (assim denominadas em al usão à destruição ele fardos de chá britânico, como protesto contra os impostos, que serviu ele estopim para a guerra de independência) em inúmeras cidad~s, para clamar contra novos impostos. E m mais um exemplo do fe nômeno anti-Tejlon, a perspecti va ele aumento de impostos indispôs largos setores ela opinião americana contra o governo clemocrata. 7

Setembro <le pesadelo Se agosto fo i ruim para Obama, setembro virou pesadelo. O astro cadente tentou começar bem o mês com um discurso a ser reprodu zido nas escolas por ocasião do iníc io das aulas. Porém, pais e mães assustados denunciaram "o novo Saddam Hussein", "o Kim Jong-il", "o Stalin " ou "Big Brother" que desejaria doutrinar seus filhos no sentido soc ia lista e afastálos da influê nc ia familiar! 8 O presidente recuou, publicando previ ame nte um pouco expressivo speach .. No Co ng resso, e m sole ne sessão pa ra as d uas casas legislati vas, fez a apologia da reforma da saúde, visando " reverter a maré ele ba ixa popularidade": 9 "Acabou o tempo de disputas, não há mais tempo para jogos", di sse Obama. Mas, ao afirmar que o plano não previa cobertu ra para imigrantes ilega is, ouviu-se: "Mentiroso!" 1 Foi a exclamação de um congressista republi cano, algo muito grave para deputados no país. Fez-se um embaraçoso silêncio, Jogo interrompido pelas palmas de vários de mocratas. Para a grande mídia, o discurso teri a granj eado sensíveis quotas de aprovação ao polêmico proj eto. Três dias depois, autêntica maré humana invadiu os arredores do Ca pitólio, carregando cartazes no estilo "Obama socialista". A mídia " tapou o sol com a pene ira". O "New York Times" constatou apenas " mi lhares" de manifes tantes; o "Wai)1in gton Post", menos irrealista, " dezenas de milhares"; e esses números fo ram ecoados, sem aná lise crítica, por grandes j ornais brasil eiros. Para os organizadores, porém, compareceram 1,5 milhão. Após confe rir fo tos de saté lites, a estimativa fi nal fico u acima de 850.000. Portanto, pode ser considerado um ato hi stórico. A manifestação patenteou o grau de galvanização e a amplitude da reação. M anifes tantes de quase todos os estados repudi aram um vasto leque de iniciativas governamentais, da reforma da saúde aos impostos, enquanto outros defenderam a vida, a fa mília e a re ligião atacadas pela política do "meteoro". 11 O impacto da estrela cadente co m o conservadorismo americano está sendo impressionante. Qual será o resultado de tudo isso? Quando os abalos resultante do choque amainarem, poderemos saber se Obama perpetuará sua hegemonia, ou se, abalado pelas fortes reações, ficará rachado. É difícil prever o que sobrará das legiões ele espíritos esquerdistas, que engrossam a cauda do " meteoro" Obama •

°

E-mail cio autor: luisclu fa ur @catolicismo.corn .br Notas: 1. "Va lor Eco nômico", 20-8-09. 2. "O Estado de S. Pa ulo", 22-8-09. 3. "O Globo", 7-9-2009. 4. "Folha ele S. Pa ul o" , 30-8-2009. 5. OESP, 6-9-09. 6. FoxNews.com., 5-9-09. 7. id. ibi d. , 5-9-09. 8. FS P, 7-9-09. 9. OESP, 10-9-09. 10. lei . ibid., 10-9-09. l 1.http://www.was hingtonpost.co m/wp-cl yn/co ntent/a rtic le/2009/09/ J 2/ AR200909 120097 1.html.

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A feeria arquitetônica de Praga

É claro que uma ca a de fa mília não deve assemelhar-se a uma igreja nem a um convento. Mas, como o homem é chamado a dar glória a Deus onde quer que esteja e em qualquer circ unstância de sua vida, a casa queele constrói para viver com os seus não deve visar apenas abrigá-lo das intempéries e proporcionar- lhe um justo bem estar, mas deve também aj udá-lo a elevar a alma até Deus. Como se obtém isso? Pela proporção e beleza do prédio, pelo bom gosto das cores, pela elevação das linhas arquitetôni cas, pelos mil imponderáveis enfi m que um edifício comunica a quem o contempla. Nesse sentido, um castelo, um palácio, uma mansão, mesmo a simples residência ele um camponês ou ele um opedu"io, cada qual no seu nível próprio, deve ajudar o espírito humano a elevar-se por meio ela admiração e ela contemplação. Dado que o homem é um ser composto de espú·ito e matéria, a casa não eleve ter em vista ape-

nas o corpo, mas deve satisfazer também os nobres anseios da alma.

* * * Estas eram algumas elas considerações que fazíamos, um amigo e eu, numa tarde e m que voltávamos ele Praga, enquanto lamentávamos não poder permanacer mais tempo na cidade. A arquitetura ele Praga, feli zmente restaurada após os anos ele pesadelo comunista, é um convite permanente à admiração e à contemplação. Não estou falando, evidentemente, cios prédios modernos nem ela influência protestante a que a cidade foi submetida, muito menos de certas tenclênc ias ao oc ul tismo qu e e nco ntraram ponderável guarida naquelas regiões. O que nasceu ela civilização católica, isto sim, é uma maravilha! Edifícios ele grande beleza, ele estilos muito diferentes (românicos, góticos, renascentistas, barrocos), to-

cios rnisturados, sem ordem defi nida, formam um conjunto arquitetural verdadeiramente feérico, distribuído por ruelas e peq ue nas praças q ue ma ntê m toda a organicidade de um traçado medieval. A portentosa catedral gótica, onde se encontra o túmulo do imperador Carlos IV do Sacro Impéri o, que em Praga estabeleceu sua capital; o e norme castelo, vi sível de toda a cidade; as "cem cúpulas" das igrejas; numa área diversa da arquitetura, a vitrines co m encantadores cristais bra ncos e coloridos da Boêmi a; as numero as e antigas pontes sobre o sinuoso rio Vltava, especialmente a artística ponte Carl os, cio séc ulo XIV; tudo isso atrai, encanta, e leva. E paira ndo sobre a cidade, as bênçãos do Menino Jesus ele Praga, que se venera na igrej a dos carme litas descalços, junto a um altar onde re ina Nossa Senhora Aparecida. • E-mai l do autor: gregorio@catol icismo.com.br

A capital da República Tcheca é uma jóia arquitetônica, em que tlorescem admiráveis estilos característicos da civilização cristã n G REGÓRIO

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Me nino Jesus de Praga

CATOLICISMO

VI VANCO LOPES

xiste uma arquitetu ra religiosa e uma arquitetura profa na. Ao fazer tal afirmação, não estou querendo im itar o Conselheiro Acácio, mas apenas colocar o fund ame nto de algumas considerações que importa aqui desenvolver, a pro pósito das belezas feéricas da cidade de Praga, capital da atual República Tcheca. A arquitetu ra reli giosa fo i esp lendi dame nte desenvo lvida na E uropa da Idade Médi a, a partir do românico, desabrochando depois nessa marav ilha inigualável da civili zação cri stã que são as catedrais góticas. Posteriormente o barroco, também ele di gno, produziu monumentos reli giosos de grande beleza artísti ca, própri os a servir de moldura para

a ele vação do cul to e a p.iedade dos fiéis nas igrejas e nas capela , nos mo teiros e nos conventos. Está fora do nosso panorama a chamada "arte moderna", na verdade uma degenerescência da arte.

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E a arq uitetura profa na? Por defi nição, é aquela não especifica mente religiosa. É a arquitetura dos castelos e dos palácios dos nobres, das mansões dos bu rg ueses, das casas modestas mas dignas do povo e m geral. .Aqui tocamos no ponto capital destas considerações. A arquitetura profana, embora não sendo especificamente religiosa, não deve ser a-religiosa, e menos ainda anti-religiosa. Vamos por partes. OUTUBRO 2009 -


lunas da Igrej a em seu tempo, re no va nd o co m se u he ró ico exemplo os costumes bem decaídos daque la época. É uma das maiores glórias da Santa Madre Igrej a em todos os tempos.

reg iões de Kent e Nortúmbri a, converteu o re i Edwin e fund ou o bi spado de York.

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pul o de Santo Antão, fo i morto pelos sarracenos por ódi o à fé. Di zia: " Pre.firo umhomem que, tendo pecado, reconhece esse pecado e Jaz pen.ilência, a um que não tenha pecado e se considere justo ".

São Benedito, o negro, Confessor

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+ Pale rm o, 15 89. Escravo li-

Santa Tcl'esinha cio Menino Jesus, Virgem , Doutol'a da Igreja

berto e cozinhe iro, fo i primeiro eremita e de po is irmão le igo no convento franciscano de Palermo. Era tal sua santidade, que fo i e le ito superi or e depo is mestre de no viço s, apesar de não saber ler nem escrever.

+ Lisieux (França), 1897. A grande santa de nossos tempos entrou para o Carmelo aos 15 anos, levando uma vida de imolação e sacrifícios em favor das missões e de toda a Igreja. Desejando possuir todas as vocações, para nelas glorificar a Deus, encontrou no amor a Deus, confo rme di z, a solução pru·a seu problema. Por isso, fo i nomeada padroeira das missões sem nunca ter deixado a clausura. Sua doutrina espiritual da "pequena via" abriu as po1tas da perfeição para inúmeras almas. Foi declarada Doutora da Igreja.

São Remígio (Vide p. 36)

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6 Santa Maria F'rancisca das Cinco Chagas, Virgem + Nápoles, 179 1. Aos 16 anos, entrou pru·a a Ordem Terceira de São Francisco, entregando-se à oração, jejum e penitência, sendo visitada por seu ru1jo da guru·da, que a animava. Foi retirada cio convento pelo pai, que a encarregou dos cuidados da frunília.

7 OSSA SENIIORA DO ROSÁRIO

8 Santa Taís, PenitenLe + Egito, séc. IV. Inspirado por

Primeira Sexta-feira do mês.

Deus, São Pafún c io de ixou seu retiro no deserto para condu zila ao bom caminho. E la que imou seus vestidos e j ó ias e fo i para um mosteiro no deserto .

~J + R o ma, 1572 . Vi ce-Re i d a Cata lunha e Duque de Gandi a, renunc iou às atrações do mundo ao ver o cadáver da outrora be líssima rainha Isabe l. E nviuvando aos 40 anos, ing ressou na Companhia de Jesus, da qual foi depo is Superior Geral.

9 São Luís BelLl'ãO, Co11f('88()1' + Valência, 158 1. Saccrd t d -

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minicano, ao 23 anos era mestre de noviços. Seu ex traordi nário zelo levou-o a desejru· combater os protestantes. Mas a P rovidência encaminhou-o para a Co lô mbi a , onde du ra nte sete anos evangelizou os índios.

São Francisco de Assis, Confessor

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Primeiro Sábado do mês.

+ Assis (Itália), 1226. O Poverello de Assis amou tão apaixonadamente o Salvador, que adquiriu seus esti gmas e até uma semelhança física com Ele. Com São Domingos, foi uma das co-

Sáo Sármatas, Má rtir + Tebaicla (Eg ito), 357. Di scí-

12 NOSSA SENI IORA APARJ:CIDA, RAINI IA E PADROEIRA DO Bl~ASIL 1

13 Santos l•austo, Januál'io e Marcial, Mártires + Córdoba, 307 . Esses três irmãos incre para m o novo governado r romano da Espanha, Eugê ni o, por sua cru e ldade para com os cri stãos. E m resposta , sofreram o suplício do cavalete e depo is o ela fog ueira.

21 Santo l lilarião, Abade

+ P aray - le-M o nial (Fra nça) , 1690 . R e li g io a vi s itand ina, e ntregou-se desde cedo à contemplação ela Paixão do Redentor, recebe ndo ele Nosso Senhor Jesus Cristo a mensagem sobre a de voção ao seu Sagrado Coração e a incumbência ele d ifu ndi -la pe lo mundo inteiro.

17 Santo Inácio de Antioquia , Bispo e Már'l.il' + Séc. [I. Di scípulo cios Apó sto los e sucessor ele São Ped ro na Sé de Antioqui a. m São Po licarpo, fo i o mais ilustre dos P adres Apostó licos . Suas ca rtas à,· igrej as ela Ás ia e d Roma são os documentos mai s preciosos el a época . o ndu z iclo a Roma, fo i devorado pe las fe ras no Coli seu.

IH São l ,ucas 1•:va11gclist.a, M{trtir' + Séc. 1. Médi co d · Anti oqui a

SANTOS ANJOS DA GUAlmA

Sáo Francisco ele Bot•ja, Confessor

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16 Santa Margal'ida Mal'ia Alacocq ue, Virgem

São Paulino de York , Confessor + Inglaterra, 644. Enviado por S ão Gregó rio M ag no pa ra evangeli za r a Inglaterra, reali zou frutuo so apostol ado nas

14 São João Ogilvie, Mártir

+ Glasgow, 1615. Calvinista inglês conve1t iclo pelo célebre exegeta, o jesuíta Cornélio a Lápide. E ntrou para a Companhia lc Jesus, voltando a seu país para socorrer os cató licos per egui clos. Depois de converter mui tos hereges, fo i traJclo e entregue ao arcebispo I rotestante. Na prisão, duran te três d ia teve o corpo co nstantemente perfurado por agulhas e estiletes, sendo depois executado em ódio à fé.

15 Santa Teresa de Ávila, Virgem , Doutora da Igreja + A lba (Espanha), 1582. Alma ru·clente e enérgica, empreendeu a reforma cio Carmelo, auxiliada por São João ela Cruz no que di z respe ito ao ramo masc ulin o. "Sofrer ou morrer", fo i o desej o que viu plenamente satisfeito no muitos trnbalhos e doenças que suportou. Unia a mais sublime contemplação a uma extraordinári a capac idade de ação. Po r seus admiráveis escrito , fo i declarada Doutora ela Igreja.

co n ve rlid o po r S lio Pa ulo , aco mpanho u-o ' m vári as v iage ns. Auto r do 111 n va ngclho e dos Atos dos Ap >slol os. Em bora não se te nh am dad os concretos a respe it o d · sua 111 rte, tradi ção a uto ri zad a afirm a qu e so fre u o mart íri o.

HJ Santos ,loáo cl(' Bl'<~lw11f, Isaac Jogu<'s e· Companheims, M:Íl'I it'<'H + Améri ca cio No rte, s c. X VII. Jesuítas franceses que 'va n , ,_ li zavam o então Canadá (atual no rte ci o s Es ta d o Unid os). Regaram essas terras com seu sang ue ao serem martiri zados pe los ín li os iroqueses.

20 São Pe<lro ele Alcâ ntara , Confessor + Are nas (Espan ha), 1562. P ad roeiro princi pal cio B rasil, foi admiráve l por suas mortifi cações e pcnit ~n ·i as. Re fo rm ador dos f'ra n ·is ·anos da Es panha, aux ili ou Santa T'rcsa na reforma cio ar111 •lo ' incentivou-a com seus ·o ns ·lhos.

+ Pa lestin a, séc. IV. F ilho de pagãos, que o envi aram a estudar e m Alexandria, converteuse e partiu para o deserto, onde fo i diri g ido por Santo An tão.

22 Sa nta Maria Salomé, Viúva + Pa lestina, séc. l . Segundo a Tradi ção, prim a da Santíssima Virgem e mãe de São T iago e São João Evan geli sta, era uma elas Santas Mulheres que estava m ao pé da Cru z.

23 São João de Capistrano, Confessor + Hungria, 1456. Este franciscano italiano fo i o gra nde pregado r da cru zada contra o Islã, que culminou e m Belgrado no ano de 1456, com a vitó ri a do exérc ito cri stão sobre o muçul mano, que era quase duas vezes ma is numeroso.

24 Santo Antônio Maria Claret, Bispo e Confessor (Vide p. 52)

fu giu com as duas irmãs para Ávil a. Sendo aí apri ionados, louvara m o Senhor até tere m suas cabeças esmagadas a pedradas.

28 Santos Simão e Judas Tadeu, Apóstolos + Séc. 1. São Judas Tadeu era irmão de São Ti ago Menor, fi lhos ele C leófas e Mari a, primos de N osso Se nho r. Prego u o Evangelho na Judé ia, Samaria, Síri a e Mesopotâmia. Escreve u uma epísto la exortando os fié is a pe rseverare m na fé, atacando vigo rosame nte os soberbos, os luxuri osos e os fa lsos doutores. São Simão, cog nomi nado Ca naneu, ou Zelador, era ori gin ári o da Ga lilé ia. Supõese que te nha pregado na Mau ri tâni a e e m outras regiões da Áfri ca, dirig indo-se depo is ao Orie nte. Na Pérsia encontrouse com São Judas Tadeu, sendo ambos martiri zados naquele país.

29 São Zenóhio, Mártir + Ás ia Meno r, séc. IV. Médi-

25 Santo Antônio Sant'Ana Galvão, Con fessor + São Paul o , 1822. Natu ra l de Guaratin guetá, fran cisca no, fo i fund ad o r ci o Reco lhim e nto , Mosteiro ela Luz, e diri g iu-o até sua morte.

26 Santos Luciano e Marciano, Mártires + N icomédia, séc. Ill. Condenados a sere m que imados vivos, por se terem convertido ao ·Hsti ani smo, di ssera m ao jui z: ''é a glória dos crislãos ga11/wr a verdadeira vida eterna ao perder aquilo que tu crês ser vida ".

27 Snrllos ViecnLe, Sabina e <MsNa , Mártires + Áv il a, séc. IV. Vicente, depo is de I fender c rajosamente a fé di ante ele Daciano, govern ado r ro mano c m Ta lavera,

co, to rno u-se sacerdote, e "na derradeira perseguiçc7.o, exortava os outros ao martírio. Por isso !ornou -se também digno dessa graça" (do Martirológio Ro mano).

Intenções para a Santa Missa em outubro Se rá cel e brada pelo Rev mo. Po d re Da vi d Fra nc isquini , na s se g uintes inte nções: • Pa ra que No ssa Senh ora Apa recida , Ra inha e Pa droeira do Brasil , livre nossa Pátria de todo ti po de corru pção, sobretud o da corrupçã o mora l q ue ve m a rrui na ndo as fa mílias brasile iras. Pe dind o a El a não perm itir a ação de certos movime ntos ditos "socia is", que procurom provoca r a g itações na te ntat iva d e la nçar o Pa ís no caos. Também suplica ndo à nossa Padroe ira que to das a s famílias cató licas cresçam na devoção ao Sa nto Rosário.

30 São Marcelo Centurião, Mártir + Tanger, 298. Pa i dos santos mártires C lá udio, L uperco e Vitór io , esse ce nturi ão es panho l fo i deca pitado po r have r dec larado que era cri stão e servi a a Jes us C ri sto.

~J 1 Santa Joana Delanoue, Virgem + França, 1736. Herdou cio pai um modesto baza r, q ue com habilid ade fez p rosperar. Começou a ded icar-se também a obras ele carid ade, a ponto de ser c hamada m.ãe dos pobres. Fund ou um as il o ao qua l denominou A Providência.

Intenções para a Santa Missa em novembro • Mi ssa d e Fin ados pelas santas a lm as do Pu rgatório, roga nd o a intercessão d e Nossa Se n hora d a Me d a lh a Mil ag rosa - devoção celebrada no dia 27 de novem bro - pelo sufrág io das a lmas de pa re ntes e conhecidos dos le itores de Catolicismo.

OUT


God's Marriage : 1man& 1woma Caravanas da 'I,F,P americana em defesa do matrimônio tradicional A Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade lançou nos estados de Nova York, Maine e Rhode Island verdadeira cruzada em defesa do casamento tradicional

n FRANosco JosÉ

SA10L

ooperadores da TFP americana, divididos em três caravanas, percorreram a partir de meados de julho diversas cidades, di stribuindo o fo lheto "Dez razões por que o "casamento" homossexual é inaceitável e deve ser combatido". A iniciativa visa barrar o avanço do mov imento homossex ua l: "O cha-

J

~

CATOLICISMO

mado 'casamento homossexual ' é inaceitável, moralmente errado, pecaminoso, ofensivo a Deus e wna violação da Lei natural" , declarou o porta-voz da enti dade, John Ritchi e. Portando o esta ndarte da assoc iação e s ua s co nh ec ida s capas rubra s, cooperadores da TFP ameri ca na mani festaram-se e m movim e ntados cruzamentos de avenidas ostentando cartazes como este: Buzine em favor do casamento tradicional. Tratando-se de tema

tão candente, a reação era imed iata, com número muito signifi cativo de adesões. Além de bu zina r, pessoas apo ntava m para a ali ança de casamento no dedo . Com muita freqüência os caravanistas encontravam pessoas que conheceram o movimento em campanhas anteriore , especialmente na participação da Marcha Pró-L~fe que se rea li za anualmente em Washington, e mani festava m so lidari dade . Não faltaram ade ptos de mov ime n-

tos homossex uais que, e m pares, postavamse junto aos cooperadore faze ndo toda espécie de provocações. Alé m de ex ibir gestos imorais e pronunciar palavras obscenas,-agrediram fisicamente alguns deles. Demonstraram assim radical intolerância, contradizendo a imagem de "paladinos da tolerância", que quere m incutir. Com atitude altaneira, os jovens da TFP americana não respondera màs provocações para não dar qualquer pretexto aos ativistas homossex uais. Em White Plains (NY), doi s adolescentes passaram pela campanh a bradando: "Isto rnesmo! Não ao casamento homossexual! " E passageiros de um ônibu s, após prestarem atenção no slogans da TFP, fi zeram eco repetindo em coro o que acabavam de ouvir. A cidade de Portland surpreendeu, não obstante a fa ma de ser extremame nte libera l, tendo a campanha obtido lá grande receptividade. Naqueles dias a mídia noti ciou o resultado de recente pesqui sa, revelando que 62% dos novai orquinos são favoráveis ao casamento tradicional. Os caravani stas destacaram a notíci a num cartaz, que era ostentado ao público. 30 estados americanos possuem atualmente emendas constitucionais protegendo o casamento tradicional , e 41 possuem leis muito claras de banimento do "casa mento" homossexual. Lamentavelmente, em cinco estados tal prática pecaminosa te m amparo legal. O Legislativo do estado de Maine aprovou uma lei em maio, permitindo a união civil homossexual , e o governador a sancionou . Entretanto, ela recebeu o veto popular mediante um abaixo-assinado de 100 mil assin aturas, o dobro do requerido por lei para a convocação de um referendo, que se rea lizará e m novembro próximo.

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Outras ati vidades em andamento impediram aos caravani stas continuar essa atuação por período maior do qu e du as semanas. Algun s deles tiveram de retornar à Pensilvâni a pa ra coordenar o Rally do Rosário, que se real izará neste mês de outubro. A meta é bem ousada: organizar a recitação do rosário e m público simultaneamente em 4 mil localidades americanas. E outros caravani stas mai s joven foram participar cio "Curso de Verão da TFP america na". • E-mail para o autor: catol icisrn o@catolicisrno.corn .br

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j l11 contato com a população, vo luntári os ele TFPs européias ale rtara m sobr ' os perigos da cri e moral hodi erna e da paganização el a s cieclade, ressaltando qu ', apesar do desaparecimento do regim · ·omunista, os erros de sua doutrina ·o nlinuam ameaçando a Litu ânia.

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Delegação de TFPs européias na Lituânia N o mês de agosto, un1a caravana percorreu diversas cidades lituanas. Livres da dominação da ex-URSS, precisam agora livrar suas populações dos erros da doutrina comunista que conta1ninam a sociedade. rI

FELIPE DEL C AMPO

m 1990, as TFPs ti veram importa nte p a pe l n a lib e rt ação d a Lituâni a do jugo soviético: recolheram, em diversos países, ma is de cinco milhões de ass inatu ras em apo io à independência daque la nação bá lti ca e m CATOLICISMO

relação à U nião Sov iética. Tal apo io cheg o u no mo me nto e m qu e, iso lad a e de considerada pe la op ini ão públi ca oc idental, a L ituâni a estava suj ei ta a inú meras pressões para q ue renunciasse à sua libertação. A partir de então, de legações de TFPs euro pé ias vêm sendo convidadas a parti c ipar anu almente das ce lebrações des-

se mag no acontec imento. Neste ano, uma delegação de las fo i recebida em Vilnius, capi tal do pa ís, pela vice-presidente do Parlamento, Sra. Irena Degutie ne, e por dive rsos de putados (foto 1). Expressaram e les profu nda gratidão pela ação das entidades e manife taram preocupação, com vi stas à necess idad e de defender para o futuro os va lores cri stãos .

* *

'on versando com professo res e a lunos nas cidades visitadas (foto 2), tais vo lu111 11rios puderam constatar o interesse ex is1 ·111 1.: pela orga ni zação de debates sobn: ll'mas morai s que hoje afetam profund 11 111 ·nte aquele país báltico, como a t: 111 uI iva ele aprovação do pseudo-casam ' lll o homossexual e a clissemüiação galopanl t' da porn ografi a. 1)i wrsos sacerdotes manifestaram sua grat idüo pela visita de uma Imageni Peregrin o de Nossa Senhora de Fátima às suas p11 roquias, levada pe los caravani stas, o nd · l'oi sempre recebi da com grandes cort ·jos l' cantos relig io os. Notava-se prof'un lu devoção nas face dos fiéis que se upro xi111avam para venerá-la. Na saída, ·si ·s rl'cebiam co mo lembra nça o Kale11r/11ri11.1 2009-2010 (foto 3), contendo be las rotos da imagem e breve relato da mensa , ·11 1 e elas apariçõ s de Fátima. Num a a ld ·ia o pároco co ntou que, durante o ano , seus paroqui anos perguntaram-lhe u caravana de T FPs européias voltari a. Para eles, os me mbros das entidades traz 111 "uma mensagem muito necessária: o rt111or a Nossa Senhora,

a p iedade e o ªX<'III/Jlo dos bons ·ostumes ". O sacerdo l ' saudou a delegação, desejando a me lhor das aco lhidas nessa e tad ia na L ituâni a.

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Na jornad a reali zad a em me mó ri a dos r ·si stcntes ao co mu ni smo, os voluntári os partic iparam d ' diversas ceri mô ni as ·m ho me nage m laqueies mártires, no~ próprios luga r s cm q ue foram to rt 11 rndos e massac rados. As autoridad ·s ·1vis presentes evocara m e agradecera111 ll l'Hmpanh a mundi a l das TFPs, em 1990, pl'la libertação de s u país. 011d11 11<l11 pel os caravan istas, a imagem d · Nossn Senhora de Fátima encabeçou o p1 m·issão anual e m direção ao

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A população lituana recebeu com muito fervor a visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima

Promovendo os valores tradicionais da família na lnglateITa Umgrupo de alunos norte-americanos da Academia São Luís ele Monlfbrt, passou as férias lutando por um ideal, participando de uma campanha rw capital britânica

P1IILIP M O RAN

o di a 1° d ' ju lho, j ovens norte-ameri ca nos ela Acade111 io , 'rio /,11 /.1· de Mo ntfort, mantida pela Sociedad ' /\ 111 ·ri ·a na ele Defesa da T radi ção, Famíli a e Propri dad ' (TJ<'P), in iciaram nas ru as de L ondres uma campanh a •111 d ,r ,sa dos va lores tradi cionais ela in sti tuição fa mili m. ) si ' nl anclo em seus ombros capas ru bras e portando o ·s111 ndart com o leão rompante da TFP ameri ca na, dislri hu íram dezenas ele milh ares ele fo lhetos, nos qu ais ·rn ol' ' rcc iclo um DVD sobre a famíli a. A 111 'S 111 :1 ·11111 panh a repet iu -se nas c id ades de Ca nt rbu ry, 13usi ldon , So uthencl -on-Sea , M aid sto ne, Sevenoaks, l las1i11 •s, K nt e Essex. Em todas essas localidades, a gr:i nd · 111aioria do púb lico ficou encantada vendo j ovens idca li slas d ·l' •nd ' I" com galhardi a os valores da famíli a bem cons1i111 ídu, s 'gunclo as leis de Deus. Eis algumas exc lamaçõ 'S ' lllu siásti cas diri gidas aos j ovens ela A cademi a:

Cerimônia no Monte das Cruzes, com a presença de D. Eugenius Bartulis

• "Quero apertar s110 111rio, por estar aí como uma sentinela fiel! " • " Valores cristcios, {, <•xotamente o que necessitamos para a lnglaterro!" • " onservem-se fo rtes, soldados cristãos, conservem-.,·, f ortes! " • "J!.ste é w n belo esta11dr1rte. Real111ente belo. Muito obrif.l{ulo!"

santuário mariano de Siluva. A realização dessa procissão - que se tornou um cio s símbo los do antico muni smo e do renasci mento cri stão da Li tuâni a - remonta ao fi m cio anos 80, .qu ando fo i inici ada com a intenção ele obter ela Padroeira a liberdade da Lituânia em relação ao domínio comunista. • O ex-deputado Antenas Rocas (n ·crofone) 1t= a-P......,.c;;. nhou a delegação das TFPs durante sua vis'!'l

Ma s al ém ci os inúm eros sim pali za ntcs , de fronta ram-s • lumbém e di scutiram com p ·ssoas que promovem a d isso lução ela fa míli a. Por · x ' mplo, um indivíduo na Ki111(s Cross Station os provo ·ou: " Vocês es-

tão d<'.fi•111l1·11do a fa mília estabelecido pelo casamento de 11111 ll o111C'111 e uma mulher?! Serrio 11erseguidos por cm1.1·11 disso" . rn ,vn·hl·ndo elogios, por vezes insull os ou manifestaçm·s d1· 111d ilcrcnça, os j ovens prossc >uiram impávidos u ·111 11 pa11 ha · 111 defesa dos princípi os de urn a soc ieclacl ' l'il- 1 11,~ rnslumcs cristãos. • 1 11rnil do au to r: ~c,ill_ lloQ]ll.ç ic~ i si!I m!Q o~ll.l.QILiruilJllllW:'Qlll cPr

CATOLICISMO

OUTUBRO 2009 -


BIENTES

I

OSTUME

Santo Antonio Maria Claret Apostolo transbordante de vida in~erior ~ 1 0 CoRRÊA DE OuvE1RA

A

nali sanclo esta foto, nota-se que na fi sionomi a deste varão não entrou a mão nem a imag inação ele nenhum pintor. Foto sem subterfúgios, de um homem sem subterfúgios. Di ante dela, podemos perguntar: é esta a idéia que temos ele um santo? Absolutamente não, o que me leva à conclusão de que formamos uma concepção incompleta ele santidade, pois trata-se de um santo: Santo A ntoni o Mari a C larel. Por que não se tem a idéia de que é um santo? Toda a fi sionomia dele não leva a marca da estética: o formato cio rosto, perfeitamente comum; as sobrancelhas dão idéia de uma personalidade forte; o enorme nari z parece ter passado por uma explosão nasal; lábios grossos; boca sem um traçado bem definido e orelhas grandes. Entretanto, homem com alto senso de dignidade e extraordin ári o senso da luta! A linha geral da fi sionom ia revela uma firmeza indo máve l. Os o lhos manifestam uma inquebrantáve l determin ação ela vontade, e parecem di zer: "Eu vou de qualquerjei-

e nc7o tenho medo das conseqüências! O que devo f azer, faço! O que eu disse, mantenho!".

10,

Observ ando seu olhar, não é difícil perceber que, a par de tanta firmeza, ele tem uma bondade e uma doçura incontestáveis. No fundo do olhar, sobretudo cio lado direito, nota-se juntamente com a doçura uma firmeza reso lvida a ir até o martíri o. N ão tem hes itações, entregou tudo e está di sposto a enfrentar qualquer dificuldade que apa reça. É um homem mov ido por alto senso do dever, fundado nas mais elevadas concepções religiosas e metafísicas, profundamente persuadido de que assume a pos ição certa; de que professa e ensina a Reli gião verdadeira; ele que é um mini stro de Deus, e ensina a doutrin a imu tável e etern a da Santa Igrej a Católica A postólica Romana. A ati tude dele é a ele quem crê ni sso até o fund o da alma e tem certeza daquilo que crê. Está di sposto a qualquer coisa para pregar, defender e manter essa doutrina, de acord o com seu lema: "A Dios orando y con e/ maw dando" ( A Deus orando e go lpeando o inimi go). A consc iência dele é um lago tranqüil o de água cri stalina. É um exemplo de vicia sobrenatura l, um apóstolo tran sbord ante de vida interi or. E porqu e transbord ante dessa vicia, homem para o qual não há barreiras. Quando encontra obstácul os insuperáveis, levanta os olhos para Deus e faz uma prece. •

Santo Antonio Maria Claret Nasceu em 23 de dezembro de 1807 cm Sa ll ent. di ocese de V ich, província de Ba rcelona (Espanh a). Bispo e confessor, pregador popu lar, fundou a Congregação Mi ssiord ri n ci os Fil hos do Coração Imac ul ado de M ari a. Fo i Arcebi spo de Sa nt ia go ele Cu ba, co nl"cssor c co ns ·Ih ·i roda Rainh a Isabe l li , el a l ispunlrn . No Co ncíli o Vati ca no 1, d ·stacou se co rno intrép ido defensor da in fa li bili dade pontifícia. M orr ·11 •111 24 de outubro de 1870, ex iludo 1111 França, onde se refugiara . Foi t·11 noni zado ern 1950 por Pi o X II.

Excertos da conferência proferida pelo p rof. Plínio Corrêa de Oliveira em 9 de outubro de 1987. Sem revisão do autor.



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PU NIO C O RRtA DE Ü UVEIRA

O brasileiro, a política e os políticos

2

Excmnos

4

CAUTA

5

PAGINA MARIANA

8

CoR1msP0Nm~:Nc1A

no DnmToR

1 O A P At.AVl~A Do

12 A

Nossa Senhora de Coromoto (Venezuela)

SACERoo·n:

R1•:A1 ,mAm: C0Nc1SAM1w1·E

14

D1sc..:1~N1Noo

PT-partido desacreditado

16

INF'ORMAT1vo

Rumu.

18 PoR QuE Noss/\

SENHORA C110RA?

Ameaças (ideológicas) à agropecuária no Brasil

19

ENTREVISTA

22

ESPU,;Noom,:s DA CRISTANDADE

26

CAPA

36 VmAs

O canto gregoriano

Manifesto sobre a questão de Honduras DE SANTOS

Santa Gertrudes

40 V ARmDAnEs Europa: ricas características nacionais

"O

povo bra sil eiro se destacou, desde as o ri gens, por seu caráter ameno , afeti vo co rdato. Ad em ai s, habitu u- s c l a considerar co m o timi smo as vári as cri ses econô micas po r que tem passado. E le confia em D eus (Deus é brasileiro - afirm a um velho dito popul ar). E le sente-se in te iramente à vontade no seu imenso e fec undo terri tóri o , que sua po pul ação 11 9 1 milhões ele habitantes, em 20091não basta para enc her e cultivar. Seri a prec iso que os ho mens públi cos fos se m el e um a in co mpe tênc i a se m

CATOLICI SMO

1 r · d ' 111 ' s na l li sl )ri u, puni l •v 1 lo d ·l'i11 iIi var11 ' 11t ': mi s riu. '0 111 j1•i/ i11/,o (Ojl'ili11/111 uma inslitu ic.;rn na ·io nul ), hono 111 i11 • p:i ·i ~n jul 'ª a im ' nsa nw iori :1dos bra sil •iros eia - tudo s ' arranjará. brasil ' iro inl' ·nso à ansi •dad '. 1 ·I 'Slll as ri xas. uida pacatamcnl e d si ' d · sua J'a mília, e co nsicl ra com um olhar alg um lanto desinteressado e e ti co a p líti ca e os I o líl i ·os, bem como os dra mas as polêmi ·as du vida pública. Encanta-o v i ver cm sua casa, ai ·111 0 principalmente à sua vicia à dos s ' US. m co mparaçã com o im nso ·o nlin , ·nte popul ac io nal ass im di s1 os to , publi ·istus, políticos etc. representam uma minori a qu •

por T it o 1'111 1111d o , poi s ·stá nos postos r h11 vn, dt· 011<il' o 111Ido s' difu nde sobre :is 11111l1 id11t•~. M 11 , l'ssas multidões consIitul' 11\ 11111 po vo qII • pou<.:a atenção dá a t:il n11d o . l ist11 l' 11 •rnlld • realidade. 1)11( tk rn111·, Jllll l'X ·mp lo, que todos

os p:11t idrn, th- t'M Jlll'rtiujuntos nun ca fo-

42

SANTOS E FESTAS oo

44 AçÃO 52

Mf:s

CONTRA-RIWOLUCIONÁRIA

AMBmNT1~s,

CosTUMEs, Crvn.1zAç<ms

O beija-flor: motivo de contemplação e desejo do Céu

Iw 11 l ' I111t1 ,110 t·: Ip111 •s de co nta min ar, ·01 11 ll ~ il' l u 11 i tw; m•s da demagog ia, a popul 11 ·1 10 111'l 111 11 11 11 ·111 a ru ra l, em seu l'O llj111ll 11", (.'io11 ( '11 111/1, ·o. / '1111f/ S, •, 1·1111/ro a /?~fó m,a Ag r6 1'/n '' , i-1 111 111 11 V1•111 ( ' 11 11 l ,lda ., ão Pa ul o, 198 1,

pp. /

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Nossa Capa : Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

NOVEMBRO 2009


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Caro leitor,

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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:

Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:

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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.

A esquerda internacional encontra-se num dilema. Desde a queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS (que não significou a morte do comunismo, mas sua metamorfose), a seita marxista vem acumulando fracassos naquilo que constitui a sua razão de ser: a conquista da opinião pública. A formação da União Européia (UE), anterior ao atual declínio das esquerdas na Europa, constitui em nossos dias um fator próprio a revigorá-las. Com efeito, aquele organismo internacional tem por objetivo aglutinar as nações do continente europeu e ir eliminando gradualmente as soberanias de cada uma delas. A partir de burocratas a serviço de um governo central sediado em Bruxelas, a UE disporia a seu talante do destino de todas elas, o que tem levado diversos observadores a falar de uma União das Repúblicas Socialistas da Europa. De tal maneira esse plano parece constituir ponto de honra para os condutores do proce o revolucionário na Europa, que eles vêm atropelando a opinião pública de diversos países, que no referendo até aqui realizados tem-se manife tado infensa à propaganda eurocêntrica. Paralelamente à Europa, ao que tudo indica um plano semelhante vem sendo aplicado na América Latina, embora em e tágio menos avançado. Consistiria na formação de um só bloco englobando todos os países do Continente, dirigido por líderes popul i ta como o venezuelano Chávez, propugnadores de um enigmáti c e preocupante "socialismo do século XXI". Em tal contexto se insere a matéria de capa de 'ta edição, que trata de Honduras e a crise ali instalada. Se na Europa a Irlanda tem sido o principal obstáculo à Constituição da UE, qu agora pende da decisão da República Checa, de algum modo se p d diz r que Honduras exerce, ao lado da Colômbia, obstáculo semelhant para a formação de um bloco socialista na América Latina. Daí o afinco com que todas as forças da esqu rda internacionalespecialmente ONU, OEA e ALBA - e v"m mpenhando para remover essa incômoda pedra do caminho. Desejo a todos uma boa leitura. .. m .J sus

9~

Maria,

7

Uma vez mais, a ciência confirma a tradição Recentemente a pequena e admirável imagem de Nossa Senhora de Coromoto, da Venezuela, foi examinada por especialistas, surgindo revelações prodigiosas e surpreendentes

Relicário que encerra a miraculosa padroeira da Venezuela

n V AL0 1s. GR1Nsr E1Ns

A

magem é tão pequena, que nem parecia ocupar espaço na mão do sacerdote que a segurava ao meu lado. Mede apenas 2,0 x 2,5 cm. Ele a tinha retirado do relicário onde se encontrava, o qual estava dentro de outro maior. Havia uma lupa para se poder ver bem a imagem - gravada sobre um material ovalado em dimensões diminutas - , de tal forma ela é pequena. Pequena pelo tamanho, mas imensa pela misericórdia que representa. Com efeito, a imagem de Nossa Senhora de Coromoto é a padroeira da Venezuela, e sua hi stória é singular. No

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À esquerdo, especialistas trabalham no limpeza do precioso relíquia

Embaixo pode -se observar o tamanho real do imagem de Nosso Senhora de Coromoto

O rosto de Nosso Senhora visto através do microscópio

ano de 1652, a Virgem Santíssima apareceu ao cacique dos índios Coromoto, que circulavam nas terras perto da atual cidade de Guanare, e lhe disse para ir à região onde se encontravam os brancos, que jogariam água em sua cabeça, a fim de ele poder ir ao Céu, numa alusão claríssima ao batismo. Mas o batismo requer uma série de disposições morais, uma mudança de vida para se cumprir todos os mandamentos da Lei de Deus. Nesse ponto começaram os problemas, pois o cacique Coromoto, depois de um momento inicial de fervor, não queria abandonar os vícios que lamentavelmente caracterizavam tantas tribos da região. Acostumado a uma vida nômade, sem mais regras do que a lei do mais forte, era óbvio que para ele as leis da moral católica pesavam muito; em determinado momento decidiu fugir e voltar para a selva, recobrando sua "liberdade", sem ser batizado. Pior ainda, levando consigo os membros de sua tribo.

O espetacular milagre Há casos na história das missões dos padres capuchinhos, na Venezuela, em que

-CATOLICISMO

os índios fugiam das aldeias, porque não queriam vivernum local onde "há um Deus que tudo vê e tudo sabe". E o cacique dos Coromoto decidiu, de forma igualmente simplista,. que sua fuga resolveria.o caso. Mas Nossa Senhora, sendo Mãe de misericórdia, apareceu-lhe na sua cabana, onde se encontravam também sua mulher e a irmã dela com um filho. Ao ver Nossa Senhora, o índio revoltou-se contra Ela, queixando-se de que, por culpa d'Ela, agora precisava trabalhar. No auge de sua raiva, quis matá-la, mas estava tão perto d'Ela que, não conseguindo puxar seu arco para lançar a flecha, decidiu jogar-se contra a Mãe de Deus. E nesse momento produziuse o milagre: a Virgem desapareceu, mas deixou na mão do índio o material no qual estava gravado sua imagem. Em sua confusão e limitação mental, incapaz de ver os lirnites entre realidade e fantasia, julgou que mantinha presa na mão a própria Virgem; escondeu na cabana a imagenzinha, para depois queimá-la. Mas seu sobrinho, presente na cabana, pegou-a e levou-a aos espanhóis, e desta forma a relíquia chegou até nós. O resto da história é conhecido: após

fugir para o mato, o cacique foi mordido por uma cobra. Estava para mo1Ter, quando passou pelo local um mestiço católico, que o batizou no último momento, salvando-o assim do casti go eterno.

A recente descoberta A relíquia, peça central da história, ficou durante 357 anos sem uma restauração propriamente dita, o que favoreceu sua deterioração, contribuindo também para isso guerras civis, revoluções, expulsão de bi pos, dimjnuição do fervor religioso do próprio clero e perseguições liberais do século XIX. Mas a partir de 2002 o membros da Fundação Maria Caminho a Jesus e o reitor do Santuário Nacional de Coromoto, Pe. Jo é Manuel Brito, iniciaram campanha pela restauração da imagem, tendo conseguido os fundos para tal. Recentemente, durante a restauração, especialistas descobriram na imagem muitas características especiais, algumas

inexplicáveis. No dia 3 de setembro de 2009, a Conferência Episcopal da Venezuela emitiu um comunicado, a partir do qual a agência Zenit extraiu os seguintes dados: Ao longo do processo, descobriram-se elementos desconhecidos. O primeiro fato que chamou a atenção foi que o pH das águas empregadas no tratamento da relíquia mostrouse neutro, fato inexplicável. Foi detectada nas roupas da imagem apresença de vários símbolos, os quais, segundo investigações do antropólogo Nemesio Montiel, são de origem indígena. Por observação microscópica, conseguiu-se identificar nos olhos da Virgem, de menos de um milímetro, a . presença da íris , fato particularmente desconcertante, pois julgava-se que os olhos da imagem eram simples pontos. Ao aprofundar o estudo do olho esquerdo, pôde-se definir que ele apresenta as características de um olho humano; diferenciam-se com clareza o orbe ocular, o conduto lacrimal, a íris e um pequeno ponto de luz. Ampliando esse ponto de luz, pôde-se observar que ele parece formar uma figura humana com características muito específicas. A coroa da Virgem e do Menino Jesus são tipicamente indígenas.

de pintura. O simples fato de poderem pintar uma imagem já seria objeto de surpresa e admiração, ainda mais tendo-se em vista que, no longínquo século XVII, estaria fora de cogitação poderem pintar detalhes só visíveis modernamente, com a ajuda de microscópios e outros instrumentos. Assim como no caso de Nossa Senhora de Guadalupe2, a ciência moderna veio confirmar que a tradição da Igreja não é composta de meras fábulas e contos para edificação de pessoas simples. Em meados do século XVII, ocorreu na Venezuela amplo debate sobre a conveniência ou não de prosseguir com as missões para a conversão de índios no interior do país. As distâncias, a barbárie dos silvícolas, as despesas consideráveis, a falta de missionários para todo o imenso império espanhol, combinado tudo isso com urna certa decadência espiritual, eram razões para que um grupo de pessoas apresentasse obstáculos aos desejos de todo um setor sadio da população e dos missionários capuchinhos especialmente, visando continuar a evangelização. A aparição de Nossa Senhora ao cacique Coromoto, justamente naquele momento, constituiu um claríssimo sinal divino para o prosseguimento do apostolado, apesar de todos os obstáculos. Graças a essa aparição mariana surgiu uma onda de missões, que fundaram novas cidades, dobrando o território civilizado do país. Assim, é razão de esperança que uma renovada devoção a Nossa Senhora de Corornoto desperte a Venezuela do letargo espiritual em que se encontra, e que a salve, mesmo que seja no último momento, dos abismos a que a estão conduzindo os inimigos da civilização cristã que atualmente a governam. • E-mail do autor: valdisgrinsteins@catolicismo.com.br

Uma grai1de esperança

Notas:

O que pensar disto? Antes de tudo, ficamos impressionados com o fato de o olho esquerdo da imagem possuir todos os elementos constitutivos do olho humano, com tantos detalhes. Os índios venezuelanos, diferentemente dos astecas, incas e outros indígenas com civilização avançada, nada apresentaram em matéria

1. Leia mais sobre o tema em Catolicismo, Setembro/1998. h ttp ://www . e atol i e is mo.c o m. br/mate ri a/ materia.cfm ?idmat=6DFA l 9C5-3048-560BI C522E9F6EC 119A9&mes=Setembro 1998. 2. Leia mais a respeito do assunto em Catolicismo, Janeiro/2006. http :/ /www .cato! ic is mo .com. br/materia/ mate ri a. cf m? id-mat=7 8F44B ?B-3048-5 60BI C0E887EA3F0 I DB6&mes=Janeiro2006.

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Revolução e Contra-Revolução [de autoria de Caio Vidigal Xavier da Silveira] desmascarou muito bem aqueles que procuram desdourar a obra providencial de Plinio Corrêa de Oliveira. Conheço um desses infelizes. Espero que este artigo seja o primeiro de uma série a respeito do tema. (E.L. -

SP)

Histórico da R-CR

(P.A.D.F. -

BJ Uma vez que conheci a história da obra Revolução e Contra-Revolução, interessa-me conhecer a própria. Fiz o pedido de dois livros, um para mim e outro para presentear a meu ex-professor de filosofia. Fico no aguardo, ansioso para receber a encomenda. (M.M.I.L. -

Primeiras idéias de R-CR

SC)

BJ Impressiona-me enormemente o

Trajes da nobreza

quanto é oportuno para nossa época o livro do Prof. Plinio Revolução e Contra-Revolução. Poder-se-ia dizer que uma análise escrita há meio século estaria ultrapassada para nossos tempos. Ma , muito pelo contrário, cada vez que leio matérias a respeito de tal livro, constato o quanto tratase de um escrito que não é antiquado, ele continua atual mesmo com o passar de tantos ano . Também impressiona-me como o Prof. Plínio consegue de modo enxuto abarcar em poucas linhas tantos acontecimentos desde os tempos medievais até os tempos contemporâneos. Agora, com a leitura da matéria principal da revi ta deste mês, lucrei ainda mai s conhecendo também como as primeiras idéias desse livro foram nascendo na mente do ilustre professor. O autor da matéria mostra muito bem como o Prof. Plinio foi construindo os diversos elementos da doutrina revolucionária e contra-revolucionária, e por isso o felicito entusiasmadamente. (R.W.H. - SP)

BJ Gostei muito da matéria "Esplen-

Sél'ie R-CR

BJ O vosso bem documentado artigo "Como nasceu a providencial obra

-CATOLICISMO

milhões de jovens são levados a estudar nas escolas que a teoria evolucionista é válida ... Quanta ignorância! Para piorar, surgem os ensinamentos desse ecologistas radicais, piores que os outrora comunistas desejosos de subverter a ordem natural das coisas, justificando coisas abomináveis que perpetuam mais ainda o sofrimento humano no planeta.

dor e elevação nos trajes nobres", disponível na edição do mês de outubro. Gostaria de receber outras fotos sobre o assunto, que não foram publicadas na presente edição. No mais, parabéns pelo excelente trabalho prestado, e que Nossa Senhora lhes dê muitas graças e forças para continuarem a combater o bom combate. (A.V.B. -

RJ)

Quanta falta!

BJ O livro Revolução e Contra-Revolução é a maior obra já publicada sobre o assunto. O autor é líder indispensável para aqueles que querem entender as causas da crise que assola a sociedade contemporânea. Que falta faz o professor Plinio Corrêa de Oliveira! Aproveito o ensejo para dizer que concordo com o Monsenhor José Luiz. Como cristão e católico, acredito que, se queremos criar uma sociedade mais humana, devemos preservar não só os símbolos religiosos, como também defender o amor a Deus e ao próximo em nossas atitudes em toda a esfera da vida civil. E ainda sobre Darwin, dizer que

RJ)

Foro de São Paulo

BJ Sou assinante de Catolicismo e já me "viciei" na maravilhosa revista que engrandece o ser católico. Apreciamos, eu e meu pai, a revista em tudo, pois os artigos são verdadeiros, ausentes da hipocrisia que sói acontecer na mídia católica ... infelizmente. Mas o que me levou mesmo a escrever este e-mail, além de manifestar a minha solidariedade, é enviar este material anexo que, tenho certeza, não é novidade para os senhores. Sou advogado e muito católico. Há muito venho estudando a conjuntura nacional e mundial acerca das investidas da Revolução, tão bem desmascarada pelo audoso Dr. Plinio Corrêa. Por isso, envio um artigo meu para que, se possível, seja publicado. Se eu não merecer tal mercê, gostaria que os artigo que envio, inclusive o meu, fos em uma colaboração para os senhores escreverem algo sobre o assunto. Temos que divulgar esse movimento engendrado na América Latina. Que Nossa Senhora nos ilumine. Despeço-me informando que estou à vossa disposição para quaisquer informaçõe . Obrigado. (C.V.B.A. -

RJ)

Nota da Redação: Agradecemos a generosa apreciação que faz o leitor "viciado" na leitura de Catolicismo e a colaboração enviada. É, porém, norma de velha data da revista restringir suas publicações às elaboradas por seu corpo redatorial, e o quadro de articulistas de Catolicismo encontra-se inteiramente preenchido. Entretanto, para

que os leitores possam ter uma noção do interessante artigo enviado pelo missivista, seg uem abaixo excertos dele: "O Foro de São Paulo é uma organização criada na América Latina, em 1990. [... ] Para se ter uma idéia dos membros signatários dessa organização socialista, desde a primeira edição desse FSP figuram o PT, o PCB e o PC do B (Brasil), as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária - Chile), os Tupamaros (Uruguai), o Partido Comunista da Venezuela. [... ] Juristas, filósofos, pensadores, sociólogos e políticos de aguda consciência democrática e de direitos humanos denunciam tal organização como uma tentativa de reorganizar um ente político-partidário semiclandestino, nos moldes da Internacional Comunista (ou Comintern), cujas atividades legais seriam uma fachada para um plano de amplitude continental, com o objetivo de implantar o comunismo em toda a América Latina. [... ] Evidente estratégia socialista-comunista se encontra na inércia do governo petista em reprimir o MST, entidade notoriamente socialista e agroterrorista, que propaga as favelas rurais e as invasões criminosas (estranhamente apoiado e defendido por setores da CNBB, como a CPT) e a empreitada de implantação de cotas raciais a todo custo, como forma de engendrar uma luta de classes e ódios raciais em nosso País mestiço e pacífico, a tolerância irracional e inconseqüente com uma diplomacia equivocada com países bolivarianos. [...] Penso que ditadura, lutas de classes, o fomento ao ódio racial e outros lixos históricos do passado, a descriminalização das drogas como forma sutil de apoio ao narcotráfico e a liberação do aborto, sem falar de outras mazelas morai s como o casamento entre homossexuais, devam ser banidas e rejeitadas enquanto é tempo". (Carlos Valério Batista de Aguiar, advogado - Saquarema, RJ)

Rogai por n6s!

BJ Sem dúvida alguma, um grande santo de Deus foi Santo Antonio Maria Claret. Basta ver - para mim, pelo menos - sua fisionomia para notar uma consciência tranqüila, como ele tem um olhar imaculado, pronto para fazer qualquer sacrifício por seu Criador. Rezo a ele, para que ele reze por mim. (N.A.A. -

MG)

cristãos conhecem, ou mesmo não acreditam. Entretanto, um dia todos voltarão à Santa Igreja Católica, pelas mãos de Nossa Senhora, nossa Mãe que nunca desampara. (J.A.S.M. -

Mllagres - Ili

BJ Fiquei encantada com Nossa Senhora de Guadalupe, com os fatos e as provas dos milagres que aconteceram. Obrigada, e fiquem com Deus.

Aparições mariais

(E.P.P. -

BJ Muito boa matéria sobre Nossa Senhora. O assunto das aparições (setembro/09) tem me inquietado muito nos últimos dias, e por conta disso tenho dedicado um tempo para estudá-las. Cheguei a conclusões semelhantes à do autor, mas sinto falta de dados oficiais do Magistério de nossa Santa Madre Igreja. A todos, paz e bem da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo. (S.M.M. -

RJ)

Manifestações mai'ianas

BJ Meu coração está repleto de esperanças após ter tido conhecimento da história de Nossa Senhora! O amor de Deus tem uma dimensão que nenhum ser humano pode imaginar! Que nossa Santa Mãezinha nunca deixe de se manifestar. Atualmente o que mais estamos precisando é da proteção de Jesus Cristo! (P.C.C.F. -

SP)

Milagres -1

BJ Os milagres existem sim, mas como dizia Santa Bernadette, que também viu a Santíssima Virgem em Lourdes, para aqueles que acreditam em Deus, nenhuma explicação é necessária; para aqueles que não acreditam, nenhuma explicação é possível. (N.G.C. -

MG)

RJ)

Iluminar os caminlws

BJ Gostaria de agradecer e elogiar o· conteúdo das páginas de Catolicismo, que vem trazer luz a muitos cristãos que estão seguindo seitas e caminhos diferentes dos pregados por Jesus. (L.O.P.S. -

RS)

Padroeira da América Latina

BJ Que Santa Rosa de Lima, Padroeira da Igreja católica na América Latina, interceda para que a Igreja não desfaleça, mas, pelo contrário, seja forte, firme, fiel. Que ela interceda pelos governantes e pelo povo, para que sejam fiéis, e que o passado triste de pecado não volte a se repetir mais nos dias de hoje. (S.K. -SP)

Maravlll1amento

BJ Como vocacionado da .diocese de Nazaré da Mata, eu me sinto como uma criança ao ler tantas maravilhas nesta revista católica. Parabéns! (E.C.A. -

PE)

Agradecimento

BJ Devo minha paz a Nossa Senhora, e em breve terei mais a agradecerlhe, com fé em Deus. (R.M.S. -

PE)

BA)

Milagres - li

BJ Já tinha ouvido falar deste tão grande milagre de Guadalupe, mas resolvi pesquisar na Internet e conheci mais coisas deste milagre mais do que convincente. Infelizmente poucos

Cartas, fax ou e-mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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n Monsenhor JOSÉ

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sus, levantando-se, disse-lhe: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Ela respondeu: Ninguém, Senhor. Então disse Jesus: Nem eu te condenarei; vai, e não peques mais" (Jo 8,3-11). O adultério é, portanto, um pecado grave, punido na Lei antiga com a lapidação (apedrejamento). Mas Jesus vinha temperar com uma dose de misericórdia a estrita e farisaica justiça das penas da Lei, que destarte não passariam a vigorar na Igreja que Ele vinha fundar. Tal se manifesta de modo muito claro no sacramento da penitência ou confissão, que perdoa, em nome e pelo poder de Deus, os pecadores verdadeiramente arrependidos de seus pecados, e que fazem o firme propósito de não mais pecar. Porém, esta idéia de justiça temperada pela misericórdia estava completamente fora da cogitação dos adversários de Jesus. Portanto, se Ele simplesmente lhes respondesse que a mulher apanhada em flagrante adultério poderia ser perdoada (nas condições que Ele iria estabelecer), os fariseus o denunciariam perante o povo como opositor à Lei de Moisés, e, assim, incitariam o povo contra Ele. Se, porém, Jesus dissesse que a apedrejassem conforme a Lei em vigor, como ficaria a mansidão tão característica de sua pregação? Essa era a estratégia habitual dos fariseus para tentarem colocar Jesus em contradição consigo mesmo ou com a Lei de Moisés. Dessa armadilha Jesus se sai divinamente, dizendo-lhes: "Quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra". E com o dedo recomeça a escrever algo na terra.

Pergunta - Tenho um cunhado que foi casado no religioso e no civil. A esposa do matrimônio que a Igreja preserva traiu-o com outro homem, na sua própria casa. Como fica o sacramento matrimonial para a Igreja Católica Apostólica Romana? E o marido, pelas normas da Igreja, deve perdoar uma mulher adúltera só porque a Igreja fala que não pode dissolver um sacramento? "O que Deus uniu, não separe o homem!". Será que foi Deus que uniu mesmo? Na própria Igreja existem tantos falsos profetas! Res1>0 ta - A consulente tem provavelmente em vista o episódio em que Nosso Senhor perdoou a mulher adúltera, que os fariseus conduziram a Ele com uma pergunta análoga. "Então os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; puseram-na no meio, edisseram-lhe: Mestre, esta mulher foi agora mesmo apanhada em adultério. Ora, Moisés na Lei mandou-nos apedrejar tais pessoas. Que dizes tu, pois ? E diziam isto para o tentarem, a fim de o poderem acusar. Porém Jesus, inclinando-se, pôsse a escrever com o dedo na terra. Continuando, porém, eles a interrogá-lo, levantou-se edisse-lhes: O que de vós está sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Mas eles, ouvindo isto, foramse retirando, um após outro, começando pelos mais velhos; e ficou só Jesus com a mulher, que estava no meio. Então Je-

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conjugal, a não ser que tenha consentido no adultério, lhe tenha dado causa ou tenha também cometido adultério. § 2. Existe perdão tácito se o cônjuge inocente, depois de tomar conhecimento do adultério, continuou espontaneamente a viver com o outro cônjuge com afeto marital; presume-se o perdão, se tiver continuado a convivência por seis meses, sem interpor recurso à autoridade eclesiástica ou civil.

Normas da Igreja Católica Apostólica Romana Quando a consulente afirma que, segundo as normas da Igreja, o marido traído deve perdoar a mulher que o traiu, está simplesmente mal informada. A solução proposta pela Igreja é muito mais matizada. O cânon 1152 do Código de Direito Canônico coloca todas as condições que resultam da situação criada pelo cônjuge infiel. Comecemos por citá-lo: "§ 1. Embora se recomende vivamente que o cônjuge, movido pela caridade cristã e pela solicitude do bem da famaia, não negue o perdão ao cônjuge adúltero e não interrompa a vida conju- l i > gal; no entanto, se não tiver 8 ·e expressa ou tacitamente per- ] doado sua culpa, tem o direito de dissolver a convivência

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LUIZ VILLAC

Os evangelistas não nos dizem o que Jesus escrevia. Alguns intérpretes da Sagrada Escritura - entre eles São Jerônimo, "rei dos exegetas" - levantam a hipótese de que escrevesse os nomes dos seus acusadores ali presentes e os respectivos pecados. Ou, qui- . çá, os nomes das mulheres infames com as quais cada um deles havia cometido o pecado de adultério. Isso explicaria que, começando pelos mais velhos, fossem se retirando um a um, sem dizer palavra. Nenhum estava, pois, sem pecado, e não ousaram atirar a primeira pedra ... Mas o perdão que Jesus concede à mulher adúltera não é incondicional: "Eu também não te condenarei: vai, e não peques mais". Supunha, portanto, o arrependimento e o firme propósito de emenda.

CATOLICISMO t

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§ 3. Se o cônjuge inocente tiver espontaneamente desfeito a convivência conjugal, no praza de seis meses proponha a causa de separação à competente autoridade eclesiástica, a qual, ponderadas todas as circunstâncias, veja se é possível levar o cônjuge inocente a perdoar a culpa e a não prolongar para sempre a separação" (destaques em negrito nossos). Como se vê, o atual Código de Direito Canônico "recomenda vivamente" que o cônjuge inocente "não negue

o perdão", o que é muito diferente de obrigá-lo a conceder o perdão. Ele pode fazêlo, "movido pela caridade cristã e pela solicitude do bem da família", e também conserva "o direito de dissolver a convivência conjugal", mas jamais o Sacramento validamente administrado. Ouvida a autoridade eclesiástica e "ponderadas todas as circunstâncias", cabe-lhe tomar a decisão mais conveniente para si e para os filhos. O perdão, em tese preferível, nem sempre será possível haven-

do contumácia da parte culpada.

A concepção

hollywoodiana da vida Vê-se que, por trás da pergunta, está uma insinuação falsa de que o problema causado pelo adultério só pode ser resolvido com a dissolução do vínculo conjugal, isto é, pela introdução do divórcio puro e simples. Pois, se o cônjuge culpado já arranjou um parceiro circunstancial ou definitivo com quem possa conviver, não é justo - segundo esse raciocínio - que o cônjuge inocente passe o resto da vida sozinho, e nessas condições o divórcio seria a solução. É o que está no fundo da pergunta apresentada pela consulente, daí a sua rejeição da norma "Não separe o homem o que Deus uniu ". E supõe que essa norma foi estabelecida por algum de "tantos falsos profetas" que " existem na Igreja". Acontece que essa frase é do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, como está registrado no Evangelho de São Mateus: "E foram ter com Ele os fariseus para o tentar, e disseram-lhe: É lícito a um homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, respondendo, disse-lhes: Não lestes que quem criou o homem, no princípio criou um homem e uma mulher, e disse: Por isso deixará o homem pai e mãe, e juntar-se-á com sua mulher, e os dois serão uma só carne ? Por isso não mais são dois, mas uma só carne. Portanto não separe o homem o que Deus juntou" (cap. 19,3-6; cfr. também São Marcos, cap. 10,2-12). Daí exatamente a gravidade do pecado de adultério, que

constitui um atentado direto contra o cônjuge inocente, equivalente a negá-lo como cônjuge. Daí também que não basta um choramingo qualquer do cônjuge culpado para que ele obtenha o perdão do cônjuge inocente. De outro modo, a própria existência do matrimônio carece de qualquer seriedade. Donde, enfim, que a solicitude pelo bem dos filhos é o fator que, na prática, pesa mais para que o cônjuge inocente resolva manter a convivência conjugal. No fim das contas, tratase para ele de adotar generosamente uma atitude heróica, que os filmes de Hollywood, inculcando persistentemente a idéia de um happy end na vida de todos os homens, contribuíram enormemente por desencorajar. O happy end para um católico consiste em alcançar o Céu, pela conformação de nossa vida aos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja. A outra via - a via da moleza e da satisfação de nossas paixões conduz para um outro lugar, tenebroso, onde haverá choro e ranger de dentes. Um verdadeiro unhappy end ... Que a Santíssima Virgem, que esmagou a cabeça da serpente desde o princípio, nos obtenha de Deus as graças necessárias para encarar com coragem a atitude heróica que as vicissitudes da vida eventualmente nos obriguem a assumir. lnclusi ve, se for o caso, o heroísmo da solidão a que nos atire uma infame traição conjugal. Nossa Senhora será então o caminho que nos conduzirá à plena felicidade do Céu, e, já na Terra, à indizível felicidade de ser "amigo da Cruz". • E-mail do autor: monsenhorjoseluiz@catolicismocom.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE 80% das cédulas de real contêm resíduos de cocaína

Novo tênis aproxima homem do animal

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registrada presença de cocaína em 80% de um total de 10 cédulas brasileiras analisadas no mais exigente estudo, informou "National Geographic News". Os resultados fora m apresentados na sede da American Chemical Society, maior sociedade de cientistas do mundo. Aproximadamente 90% das notas que circulam nos EUA e no Canadá trazem também resquícios de cocaína. A droga fica nas notas porque os viciados as utilizam para envelopar o tóxico ou para inalá-lo. A extensão do consumo de drogas, patenteada neste fato, poderá eventualmente ser apontada no futu ro como sinal de _como e por que a civilização moderna ruiu no auge de seu gigantismo. •

Tradi~ão é sinônimo de produtos de qualidade

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nquanto muitos produtores de vinhos mais ou menos industtializados pensam rever sua produção em função das pressões ambientalistas, a adega espanhola López de Heredia [foto] despreza tais pressões. Ela nunca abandonou os métodos tradicionais fmj ados sob o influxo da civilização cristã. Nas suas fidalgas instalações, usa pipas de madeira de até 132 anos de idade, que transmüem sabor especial ao vinho. As garrafas descansam cobertas pela poeira e teias de aranha, sinal sensível de sua nobre antiguidade. Para Maria José López de Heredia, filh a do patriarca proprietário, isso é absolutamente benéfico para os vinhos. Eles assim dormem imperturbados seu prestigioso sono, à espera de serem levados triunfalmente à mesa. No momento, aqueles que trocaram a tradição por marketing tentam imitá-la. •

Irlanda aprova Constitui~ão Européia sob intimida~ão

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pós a Irlanda dizer " não" ao projeto de Constituição Européia (com seu novo nome de Tratado de Lisboa), visceralmente anticristão, a União Européia obrigou o país a refazer o voto, e num segundo plebiscito venceu o "sim". A revista alemã "Der Spiegel" registrou que muitas vozes na Alemanha "lamentaram que tivesse sido necessária uma campanha de intimidação para produzir o resultado desejado". A unificação européia progride, atropelando os países que des~jam defender sua identidade nacional e cristã. Só a Irlanda convocou plebiscitos, e nos demais países europeus a União Européia trabalhou para impedir que o povo fosse consultado, porque sabia que o projeto seria recusado. Dessa censurável pressão só poderão advir desastres. O presidente da República Checa ainda não aprovou o Tratado. •

CATOLICISMO

Ex-guerrilheiro torna-se presidente da ONU e elogia Fidel or mais espantoso que pareça, o "teólogo da libe1tação" e ex-guerrilheiro nicaragüense Miguel D 'Escoto [foto] foi nomeado presidente da Assembléia Geral da ONU. Enquanto tal, viajou a Havana, onde declarou que o ditador cubano Fidel Castro é "o melhor discípulo de Jesus": "Eu tive o privilégio de estar perto dele, de observá-lo, de ouvilo, de vê-lo. Ele é um homem enamorado da justiça, da fraternidade, da solidariedade". Em Havana, D'Escoto defe ndeu posições análogas às do presidente Obama, no sentido de que a ONU deve ser "reinventada". Obviamente, de modo a servir ao comunismo. •

m modelos de tênis como o FiveFingers, os artelhos se encaixam em compartimentos individuais, como os dedos da mão na luva. Os pés ficam grotescamente parecidos com os de certos animais [foto]. Os fabricantes alegam competir com a moda (aliás, muito rara) de se correr descalço. Todas essas modas não são ingênuas, nelas está incubada uma filosofia ecológico-evolucionista. "O sapato possivelmente atrapalhou a evolução", tentou justificar Galahad Clark, executivo-chefe da fabricante de calçados Terra Plana, de Londres. A invenção do sapato atendeu a uma necessidade do homem e o distingue do simples animal, mas a tendê ncia ecológicoevolucionista visa reverter esse progresso da civilização. •

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Segunda-feira sem carne para 11salvar o planeta 11 ••• oi recebida com incredulidade e de modo jocoso a notícia de que a prefeitura de São Paulo promove a campanha da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) - "Segunda sem. Carne" - para "salvar o planeta " [foto]. Entretanto, o que vem aí é muito séri o, conforme noticiou a imprensa paulista. O movimento foi lançado nos EUA e quer limitar a produção mundial de bois, fra ngos e afins em 15 %, e faz parte da ca mp anha contra o "aquecimento global" promovida pela ONU. Estacampanha indicia a pecuária como principal culpada pelo pretenso aquecimento. Severas med id as coerciti vas poderão começar a se manifestar na Conferência de Copenhague. A tendência é associada co m yoga, esoterismo e religiões orientais, que visam reduzir a humanidade a uma vida miserabilista, tendo como única compensação as experiências "espirituais" de um iogui ou um fakir. •

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Clima mais frio desconcerta alarmismo climático

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reunião de mais de 100 chefes de Estado na ONU para debater o cada vez mais contestado "aquecimento global" fo i uma fru stração, comentou o presidente da República Checa, Vaclav Klaus. O discurso do presidente Obama foi vazio, e o do presidente chinês Hu Jintao, insincero. Segundo "The New York Times", a atual tendência para a baixa nas temperaturas mundiais "torna difícil convencer o público sobre a crise" que, aliás, não existe. Isso atrapalha as manobras políticas dos ambientalistas, previstas para a próxima conferê ncia do clima em Copenhague. O presidente do IPCC da ONU, Rajendra Pachauri, con vidou a uma reação face à ameaça representada pela evidência científica. O "Bulletin of the American Meteorological Society" apoiou Pachauri, mas reconheceu que a temperatura global oscila para baixo. O clima não está obedecendo aos famigerados "modelos" do alarmismo climático. •

Família brasileira sofre com decadência religiosa

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egundo informou o diário carioca "O Globo", o igualitarismo e o espfrito mate1ialista no lar tiveram pesada responsabilidade na grave erosão que sofreu a farru1ia brasileira nos últimos 40 anos. De acordo com Ana Saboia, chefe da Divisão de Indicadores Sociais do IBGE, "a mulher passou a dividir a provisão da família. O tamanho do respeito dentro de casa passou pelo tamanho do contracheque". Obviamente, as crianças ficaram relegadas. Nos anos 70, o casal tinha em média 5,8 filhos, hoje tem menos de dois, e o número prossegue em queda. A degradação não está ligada à pobreza, segundo as estatísticas. A sensação de solidão e abandono é palpável no número de mulheres que, sozinhas, sustentam uma família: 18% em 199 1, 33% em 2007. A notícia afirma ainda que os agentes da degradação familiar querem mais igualdade, e esta só será exeqüível com uma maior intromissão do Estado na vida do lar. •

Cientistas recusam "prova" de que o Sudário é falso

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m inidôneo Comitê Italiano para Verificação de Alegações Paranormais, financiado por uma organização italiana de agnósticos e ateus, alega ter provado que o Santo Sudário de Turim é uma falsidade da época medieval. Luigi Garlaschelli, professor de Química da Universidade de Pavia, descreveu ao jornal "La Repubblica" como confeccionou um sudário "idêntico" ao de Turim , com materiais baratos e métodos disponíveis no século XIV. David Rolfe, produtor de longos documentários sobre a relíquia, patenteou que as palavras de Garlaschelli depõem contra ele e mostram que mal conhece a relíquia. Diversos cientistas altamente qualificados desmontaram com facilidade a burlesca manobra publicitária. Porém alguns jornais, eivados de anticlericalismo, difundiram tal montagem .

"Deus está ao nosso lado", afirma comandante anti-FARC comandante em chefe das Forças Armadas colombianas , general Freddy Padilla de León, foi recebido por S.S. Bento XVI. Segundo o "Diário Las Américas", Padilla de León declarou: · "Os esforços e sacrifícios das forças armadas colombianas estão sendo recompensados. [. .. ]Não se pode esquecer que a fé católica é um dos principais suportes que nos acompanham na busca da paz e da ordem institucional na Colômbia". Acrescentou que "as numerosas e arriscadíssimas" operações militares contra a guerrilha marxistaleninista das FARC são confiadas ao Sagrado Coração de Jesus. "Como se pode ver nos resultados da luta contra o terrorismo, está demonstrado que Deus está ao nosso lado, e a Ele pedimos todos os dias, com devoção, que nos dê ânimo para conseguir nossos objetivos pelo bem da Colômbia e da comunidade internacional".

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DISCERNINDO

Desfazendo um ,, equivoco D esde a revelação do mensalão, passando pelas capitulações de Lula diante .de Chávez até ao apoio a Zelaya, vai aumentando o número dos que se desencantam com o Partido dos Trabalhadores n Cio

ALENCASTRO

e

resce o número dos que se dizem decepcionados com o Partido dos Trabalhadores, e as páginas dos jornais o atestam com exuberância. O PT ter-se-ia tornado fisiológico, oportunista, enganador e, ademais, só preocupado com o avanço da esquerda no mundo, pouco ligando para o interesse público. Uma decepção inteiramente explicável, mas ela repousa sobre um equívoco, e é desse equívoco que queremos aqui tratar.

Inlluência marxista no P1' O equívoco consiste em achar que houve uma mudança no PT. Não, não houve. O PT nunca foi aquele partido idealista que a propaganda anunciava, impoluto, voltado para o bem do País. Aqui reside o en gano. Explico-me. Desde sua origem o PT sofre forte influência marxista, que lhe vem tanto da esquerda católica quanto da esquerda leiga que o constituíram . O PT não é nem nunca foi um partido criado para resolver os problema da vida presente; pelo contrário, seu objetivo é conformar a sociedade e o E tado segundo os ditames teóricos traçados no século XIX por Marx e seus sequazes. Suas.idéias sobre a riqueza e a pobreza, sobre a luta de classes, sobre a união dos oprimidos, e tantas outras, recendem ao mais transato marxismo. Coerente com a doutrina marxista existe a moral marxi ta - na realidade, não-moral ou imoral- segundo a qual é bom tudo que ajuda a implantar o socialismo, e mau o que impede ou dificulta sua implantação. Apropriar-se dos bens públicos é bom, se ajuda a socialização, e manter a palavra dada ou desmenti-la será feito na medida em que ajudar a causa. Perseguir alguém ou favorecê-lo independe de seus méritos pessoais, o importante é saber o que convém mais à causa. O teórico comunista V. Kolbanoski escrevia em 1947: "Só CATOLICISMO

INFANTICÍDIO

Infanticídio indígena, a tragédia silenciada

é moral a conduta dos homens baseada na grande luta pela libertação da humanidade de todos os jugos e de quaisquer formas de exploração. [. .. ] Durante a transformação socialista da sociedade, realiza-se entre os homens uma renovação do sistema moral. [. ..]Ensinara moral comunista é, antes de tudo, educar os homens soviéticos, a juventude soviética em particular, no espírito de uma dedicação sem limites à causa do comunismo e de abnegação ao serviço da pátria socialista" (A Moral Comunista, Problema - Revi sta Mensal de Cultura Política nº 17 - Rio de Janeiro, Fevereiro/Março de 1949).

Pergullta que é preciso fazer Palavras como "bem", "povo", "moral", "impoluto", "idealista" e tantas outras soam ao ouvidos de um marxista de modo diferente do que para o comum dos mortais. Elas têm por assim dizer um sentid esotérico, que só os iniciados no marxismo compreendem. Os outros - o vulgum pecus (orebanho vulgar) no qual nos incluímos - entendem essas palavras de acordo com o b m en o que nos veio de uma formação cristã mai s do que mil enar. E daí o equívoco. As im, utilizar-se de "mensalões" será de acordo com a moral , para um pelista, se isto servir para aumentar seu poder de mudar a ocieclade segundo a utopia de Marx. O mesmo se dá quanto a procurar manter ou não um corrupto em seu posto. Se sustentar hávez na Venezuela e Zelaya em Honduras ajuda o socialismo, então vamos fazê-lo. Se criticar as bases americanas na olômbia ajuda o marxismo, então vamos criticá-las. Pouco importa saber quais os verdadeiros interesses do Brasil. Ou melhor, segundo tal concepção, ao Brasil só interessa ficar marxista. De acordo com essa lógica, para um petista autêntico, nada do que o PT fez foi imoral. De modo que o PT não mudou. É o mesmo de sempre, desde que foi articulado pela esquerda católica e a esquerda leiga. Fica a pergunta: os novos impolutos que estão aparecendo no cenário político serão diferentes? • E-mai l do autor: cicla lencastro @catol icismo.co m.br

• Você sabia que, em várias tribos indígenas no Brasil, crianças recém-nascidas são enterradas vivas, estranguladas, ou simplesmente deixadas na mata para . morrer? • Você sabia que a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) está de acordo com essa prática nefanda, em nome do respeito à "cultura indígena"? • Você sabia que o CIMI (Conselho lndigenista Missionário da Igreja Católica) concorda com a atitude da FUNAI e se recusa a ajudar os índios a abandonar tais práticas? As denúncias são muitas, os fatos são facilmente verificáveis, a verdade está aí diante de todos. Só os que se cegaram voluntariamente não a podem - ou não querem - ver. Muitos dos próprios índios já se opõem ao morticínio. Entretanto, a FUNAI e o CIMI ignoram suas vozes e são contra um projeto de lei que visa acabar com o infanticídio. O livro eletrônico Iizfanticídio indígena no Brasil - a tragédia silenciada, da lavra de Raymond de Souza, visa alertar os brasileiros, as autoridades civis e especialmente religiosas, para que façam um compromisso com a "cultura da vida" e se empenhem para que acabe de uma vez o infanticídio em nossas tribos indígenas. Para fazer o download gratuito do livro, visite o site: http://SaintGabriel-lnternational.com/inf anticidio. htm Infanticídio indígena no Brasil - a tragédia silencia.da termina com um apelo ao Papa Bento XVI, pedindo sua intervenção junto aos bispos do Brasil, a fim de que ajam em conjunto para extinguir de uma vez esse crime, que brada aos Céus: o assassinato de crianças recém-nascidas, sob o olhar cúmplice do Conselho lndigenista Missionário, da CNBB. A obra respeitosap1ente lembra ao Sumo Pontífice que, há 121 anos, o Papa Leão XIII dirigiu-se aos bispos brasileiros a fim de que trabalhassem em conjunto para terminar a escravidão. Os bispos ouviram o Papa, e a princesa Isabel assinou a Lei Áurea.

Chegou a hora de falar para terminar o morticínio! Segundo Raymond de Souza: 1) Uma nova ideologia de desrespeito à Constituição do País - a qual garante o direito

à vida de todos os brasileiros, inclusive o das crianças índias recém-nascidas -

está

sendo defendida pela FUNA I, com toda a impunidade; 2) Entre os missiOnários do CIMI , uma nova religião está sendo promovida, defendendo o paganismo , a superstição, a barbárie e o infanticídio como se fossem expressões culturais autênti ca s, dignas de um missionário cristão; 3) A Lei natural não conta, os Dez Mandamentos não cont am, a grande missão que Jesus Cristo outorgou à Igreja, de ensinar e batizar, não conta; 4) Entrementes, sob o pretexto de procurar manter a "cultura indígena", mil hares de crianças inocentes são assassinadas.

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INFORMATIVO RURAL Schutter condena a expansão do etanol como se fosse um fator contrário à produção de alimentos. Acrescentou que "a concentração fundiária é um problema no Brasil", e defendeu a estratégia MST de ocupar áreas: "É uma forma de chamar a atenção para o problema". Qualquer pessoa minimamente informada sabe que as opiniões do Sr. Schutter estão totalmente fora da realidade.

Um cavalo de 1'róia cheio de sem-terra

A ONU, o MST e o Agrnnegócio A ONU há muito tempo deixou de ser um organismo que busca o entendimento entre os povos. Dominada por socialistas e comunistas, mantém ativistas que interferem na vida interna das nações, patrocinando más políticas públicas, sempre com um viés ideológico de esquerda. Da entrevista que deu à Agência Brasil um relator especial da ONU - desses que aparecem por aqui, passam alguns dias e dão entrevistas falando sobre o que não conhecem - destacamos alguns trechos significativos. Olivier De Schutter (foto acima), relator especial da Organização das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, defendeu a agricultura familiar e as reivindicações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para ele, "há uma estratégia orquestrada para descredenciar o MST". Um indicador que ele aponta é o estudo recente encomendado ao lbope pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que apontou os problemas de produtividade e manutenção dos pequenos assentamentos rurais: "Essas pessoas precisam de apoio, e as ocupações são o último recurso que encontraram para serem ouvidas. O Brasil é um país onde áreas enormes de terra pertencem a uma porcentagem muito pequena da população, e grande parte dessa-terra está ociosa. Isso faz com que as pessoas não tenham como se alimentar, porque não têm acesso à terra". Na avaliação do relator da ONU, há um "contencioso" entre a agricultura familiar e o agronegócio, que "concorrem pelo apoio do governo". Segundo ele, o País deve fazer uma avaliação quanto aos dois modelos de agricultw-a: "A produtividade não é o único aspecto importante. A agricultura não serve apenas para produzir alimentos. Existe também para gerar renda aos produtores, para criar empregos nas áreas rurais e para preservar o meio ambiente, a biodiversidade".

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CATOLICISMO

O Censo de 2006 mostra números impressionantes sobre a agricultura familiar: o emprega quase 75% da mão-de-obra no campo; o produz 70% do feijão, 87% da mandioca, 58% do leite e 46% do milho; o são 4.367.902 estabelecimentos de agricultura familiar, 84,4% das 5.175.489 propriedades. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassei, cometeu entretanto um enorme erro ao querer fazer cumprimento com chapéu alheio. Em .artigo publicado na seção Tendências e Debates da "Folha de S. Paulo", sob o título Um novo modelo de desenvolvimento rural, escreve: "É importante destacar que esses resultados são fruto de uma longa jornada de lutas sociais e de reconhecimento pelo Estado brasileiro da importância econômica e social e de legitimidade das demandas da agricultura familiar, um conjunto plural formado pela pequena e média propriedade, por assentamentos da reforma agrária e comunidades rurais tradicionais extrativistas, pescadores, ribeirinhos, quilombo/as". Querer jogar para dentro da verdadeira agricultura familiar um "cavalo de Tróia" cheio de sem-terra improdutivos, já seria demais. Porém, apresentar o resultado alcançado como sendo deles, é golpe de prestidigitação que não tem propósito. E querer apresentar essa mistura como um novo modelo de desenvolvimento rural, já é pura fanta ia!

pesquisa indica que 37% dos assentamentos não produzem nada; 25% produzem só para a família; 11 % não produzem nem o suficiente para a família; e só 27% produzem para a família e vendem o excedente.

O perigo da Juta de classes no campo Para o evento em que a Lei da Agricultura Familiar foi sancionada, foi convidada a Via Campesina. Seu representante, num duro discurso, acusou o "latifúndio" de incentivar a violência no campo: "Não queremos de volta a burguesia no poder". Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo" (25-6-06), para o dirigente da Via Campesina, a lei demarca de fato a luta de classes no campo. Com essa preocupação, os sem-terra continuaram a não produzir, a invadir, a saquear, a destruir por meio de ações criminosas, como foi a destruição dos laranjais da Cutrale exibida fartamente pela mídia, estarrecendo a Nação Enquanto isso, a verdadeira agricultura familiar - de proprietários de pequenas áreas, de produtores com vocação para o campo, e que fazem paite da cadeia produtiva do agronegócio prosperou. No Censo Agropecuário de 2006, recentemente publicado, ela apresentou números fantásticos, como vimos acima.

Carne socialista O Brasil será fundamental para a tentativa de criar alimentos na Venezuela. Além de amplo programa na área de sementes e forrageiras, o escrüório da Embrapa no país vizinho está aplicando ações na área de reprodução e sanidade animal. As metas são ambiciosas. O que estará acontecendo com os ruralistas venezuelanos? Estarão sendo perseguidos? Ou já desanimaram de produzir? Outra pergunta: se são tão grandes as virtudes do socialismo do século XXI, por que precisa o governo Hugo Chávez, para alcançar suas metas "ambiciosas", recorrer ao Brasil, cujas bases agropecuárias estão calcadas no direito de propriedade e na livre iniciativa, e não no socialismo? ·

Lula quer resolver sozinho a briga sobre os índices de p1·odutividade Segundo a seção Painel da "Folha de S. Paulo", diante do aumento da tensão entre ruralistas e ambientalistas, Lula decidiu que vai escolh~r entre duas opções pai·a o decreto que fixa em 11 de dezembro o prazo pai·a regularizai· terras no país: 1) enviar uma MP enxuta ao Congresso, para resolver o problema de pequenos e médios produtores; 2) aprovar emendas a um projeto em fase final de tramitação, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que afrouxa regras de licenciamento ambiental. Lula encomendou também parecer jurídico para saber se é possível atualizar ós índices de produtividade rural apenas com sua canetada. A resposta foi positiva. O presidente está irritado com Reinhold Stephanes (Agricultura), que se recusa a endossar os absurdos números produzidos.

A h:ase do Ministro Stephanes "Se 100% da legislação ambiental pretendida entrasse em vigor, o Brasil passaria a ser importador de produtos agrícolas". Foi o que afirmou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephai1es (foto), sobre a pressão de ambientalistas que querem evitai· concessões a ruralistas, no decreto que fixa o prazo de 11 de dezembro para regulai-ização de terras no País. O ministro referiu-se apenas à ameaça ambientalista. A agropecuária , entretanto, está levando bala perdida de vários lados: do MST, dos falsos quilombo/as e indígenas, dos "índices de produtividade", além da balela do "trabalho escravo". •

O que é a agricultura familiar? conceito de agricultura familiar tem variado no tempo. Foi criado para permitir a classificação de propri edades, tendo em vista a distribuição das verbas do Programa Nacional de Desenvolvimento da Agriculturà Fàmiliar - PRONAF. Até 2006, o que seria uma propriedade rural familiar dependia de uma regulamentação anual do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central. Em 2006 foi sancionada uma Lei da Agricultura Familiar, de apenas sete aitigos, a agricultura familiar passou a ser considerada uma categoria organizada, e o PRONAF uma I?Olítica pública diferenciada. A lei atribuiu tratamento especial ao seg~neoto e reforçou a presença do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Duas conseqüências funestas dessa lei: l. Revigorou a posição das cooperativas de economia solidária, ligadas aos movime ntos ditos sociais e aos sindicatos nas discussões sobre uma nova Lei do Cooperativismo que tramita no Senado. A representação da agricultura familiar passa a ser dos sindicatos , e não das associações rurais . 2. Nos artigos finais, a Lei concede ao Poder Executivo a faculdade de regulamentar essa lei no que for necessário à sua aplicação. Um verdadeiro cheque em branco nas mãos do Ex.ecutivo.

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Um ministro em apuros... Uma pesquisa do Ibope, divulgada quase ao mesmo tempo em que o ministro Cassei (foto acima) publicava seu artigo na "Folha de S. Paulo", joga uma pá de cal sobre o assunto. A

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Uma conjuração contra a agropecuária no Brasil

Brasil, campeão de crimes

A agropecuária vem sendo prejudicada por contínuas ameaças de

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o Brasil, o desprezo pela moral católica vem produzindo uma devastação crescente nas almas, especialmente dos jovens. Enquanto o discurso oficial se apresenta preocupado em melhorar as condições de vida dos pobres (na realidade, a preocupação mais parece de índole eleitoral do que outra coisa), dados publicados pela imprensa dão conta da situação desastrosa em que se encontra o País. A taxa anual de homicídios intencionais no Brasil é de 25,7 mortes por 100 mil habitantes, informa o jornalista Mauro Chaves. 1 É uma calamidade ! Nos Estados Unidos, país tido habitualmente como violento, a taxa é de 5,8 (quase 5 vezes menor que a do Brasil). Na América do Sul, a Argentina apresenta a taxa de 5,2, e o Chile 1,9. Na convulsionada Palestina, a taxa é de apenas 4; e se considerarmos só o Estado de Israel, cai para 1,8. Entre os países emergentes como o Brasil, a Índia tem uma taxa de 3,4, e a China 2,3. Nas nações européias, as taxas são proporcionalmente baixas: na Inglaterra, 2; na França, 1,5; na Itália, 1,2; na Espanha, 1,1; na Alemanha, 0,98. E no exemplo do Japão, no Extremo Oriente, a taxa anual de homicídios intencionais é de apenas 0,64 mortes por 100 mil habitantes. "Esses dados - comenta o citado jornalista - nos colocam

na posição assombrosa de sociedade mega-assassina do mundo contemporâneo [...]. É como se fizesse parte das características brasileiras o valor barato da vida, o caráter descartável dos seres humanos que habitam o território nacional". A situação é agravada pelo fato de a atual lei do desarmamento impedir às vítimas exerçer adequadamente seu direito de defesa. Só os criminosos andam armados e matam à vontade !

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De outro lado, levantamento sobre as causas de mortes entre jovens de 12 a 19 anos concluiu que, de cada mil adolescentes, 2,03 foram vítimas de homicídio na cidade antes de completar os 19 anos. Os dados foram coletados· em 267 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, pelo Laboratório de Análise da Violência da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e com o Observatório de Favelas, com base no ano de 2006. 2 *

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"engessada" por medidas governamentais

O

propiciar políticas familiares que incentivam a não-geração de filhos, como as que propagam os preservativos, os métodos anticoncepcionais em geral e as que legitimam as uniões homossexuais. E há ainda o terrível flagelo das drogas, que também leva ao crime e ao suicídio: "Enquanto o Escritório das Nações Unidas

sobre Drogas e Crime (Unodc), em seu recente Relatório Mundial sobre Drogas 2009, comemorava o sucesso do combate internacional às drogas - pois só no último ano o mercado global de cocaína teve queda de produção de 15%-, seu mesmo relatório mostrava que no Brasil (e só no Brasil) o consumo de cocaína quase dobrou nos últimos três anos". 3

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O pior é a sociedade não reagir à altura ante esses males, e permitir - ou ao menos tolerar - que governantes sem consciência, aliados a forças destrutivas da moral católica, vão tornando repulsiva diante de Deus a face da Nação. Como surpreender-se, se as lágrimas de Nossa Senhora correm abundantes diante dessa situação do Brasil? •

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Esse desprezo pela vida humana encontra seu símile nas tentativas reiteradas de legalizar o aborto e a eutanásia; e de CATOLICISMO

indigenistas, ambientalistas, quilombolas, ONGs, MST, além de estar

Notas: l. Valores destroçados, "O Estado de S. Pa ulo", 4-7-09. 2. "BBC Brasil", 2 1-7-09. 3. Valores destroçados, idem.

livro Agropecuária - Atividade de alto risco vem alcançando grande repercussão junto à classe rural, legitimamente preocupada com a situa ção no campo, e também nos formadores de opinião . Sua primeira edição esgotou-se em menos de dois meses. Com linguagem clara e direta, denuncia os perigos qu e vêm ameaçando os agropecua ristas brasileiros e mostra como a agropecuária brasilei ra está perseguida : ameaças do MST, de quilombolas, im;ligenista, ambienta lista, "índices de produ tividade" , pretenso "trabalho es cravo". U m verdadeiro estudo .2 baseado em dados comprovados, ~ obtidos junto a produtores rurais que preferira m o anonimato, para evitar possíveis retaliações. O produtor rura l está sendo triturado, e a propriedade privada no campo está deixando de existir, cedendo lugar a um coletivismo .que "engessa" a produção, engolindo mais de 70% do território nacional. Se não houver rea ção à altura, em futuro próximo o Brasil passará de exportador de alimentos a importador, exatamente no momento em que o mundo mais precisa de nossa produção. Catolicismo entrevistou Nelson Ramos Barretto, que é autor da mencionada obra juntamente com Paulo Henrique Chaves. Os autores são jornal istas, com vários livros pu blicados.*

Catolicismo - O que está acontecendo com a agropecuária no Brasil? Sr. Nelson Barretto - Os produtores

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Nelson JJal'l'Ctto: •~s propri edades são saqueadas p el as llordas impunes do MST. Enquan to em outros países os agri cultor es são estimulados, no Brasil el es são p erseguidos"

rurais estão assustados. Eles deveriam ser considerados heróis que, com o suor de seus rostos, colocam na mesa de nossos compatriotas comida barata e farta. Ademais, a cada ano cresce a produção e eles exportam para outras nações, matando a fome de milhões de pessoas nos quatro cantos do mundo. No entanto, eles estão sendo perseguidos, suas propriedades são invadidas e saqueadas pelas hordas impunes do MST. Enquanto em outros países os agricultores são estimulados pelos governos, no Brasil eles são perseguidos por decretos de desapropriação para Reforma Agrária, ou para demarcação de absurdas e imensas reservas indígenas ou quilombo/as. Além de multas escorchantes, baseadas em leis ambientais despropositadas. Catolicismo - Por que o seu livro afirma que agropecuária transformou-se em atividade de alto risco em nosso País, nos dias de hoje? Sr. Nelson Barretto - De fato, além de enfrentar

os desafios próprios a qualquer atividade econômica urbana, industrial ou comercial - rentabilidade, carga tributária, estrutura pública, mercado, burocracia -, a agropecuária arca com os seus problemas característicos, como a manutenção de estradas de acesso às propriedades, a construção de benfeitorias e residências, a alimentação e o transporte de sua mão-de-obra. NOVEMBRO 2009 -


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e todo o Estado de direito. Tais delitos ocorrem porque os agitadores sabem que ficarão impunes, e que nada vai lhes acontecer. E pior, ainda continuam a receber gordas verbas do erário público, sustentado pelos impostos dos contribuintes. Catolicismo - Se o MST não é a pior ameaça, então quais são as outras? Sr. Nelson Barretto - A segurança jurídica no Bra-

A distância dos centros urbanos, por outro lado, dificulta as comunicações e a comercialização de produtos, bem como o acesso ao mercado de peças, máquinas e equipamentos, ou mesmo o recebimento de assistência técnica. Outra questão elementar para o produtor rural, mas não pequena, é a sua completa dependência da meteorologia: falta ou excesso de chuvas, geadas, granizo, calor excessivo, além das pragas. Entretanto, novas dificuldades vieram somar-se às já existentes, prejudicando o bom desempenho dos ruralistas, a ponto de lhes retirar o estímulo de ousar e empreender. A maior dessas dificuldades é a ameaça constante ao direito de propriedade. Elemento fundamental de todo sadio progresso, esse direito é essencial à liberdade no nosso regime político. Mas tantas e tão constantes são as ameaças à propriedade, que a agropecuária vem se tornando atividade de altíssimo risco. Catolicismo - A principal ameaça vem do MST? Sr. Nelson Barretto - Essa é a ameaça que mais

aparece na imprensa. No mês passado, a opinião pública brasileira ficou estarrecida e perplexa diante das imagens de devastação e destruição de milhares de laranjeiras grandes e carregadas de belosfrutos, perpetradas pelo MST na fazenda Santo Henrique, no interior de São Paulo; além do mais, os semterra depredaram casas e tratores, bem como móveis e equipamentos dos empregados da fazenda. As imagens desse vandalismo, veiculadas pela mídia, galvanizaram um sentimento crescente de indignação diante da violência e do desrespeito às leis, praticados pelo MST. Esses crimes não são praticados apenas contra os proprietários, mas vulneram toda a agropecuária

CATOLICISMO

No fazendo Santo Henrique, no interior de São Paulo, os semterra depredaram casos e tratores, bem como móveis e equipamentos dos empregados do propriedade

"Além do MST, a pior ameaça é que a segurança Jurídica no Brasil está sendo derrubada por simples portarias, ou por laudos antropológicos e ambientais".

sil está sendo derrubada por simples portarias, decretos ou meros laudos antropológicos e ambientais. Com a impopularidade do MST, e o fracasso dos assentamentos transformados em verdadeiras favelas rurais, esses dispositivos danosos estão implantando a coletivização da terra com outras bandeiras. O INCRA , a FUNAI e o IBAMA, verdadeiros flagelos infligidos ao desenvolvimento brasileiro, agem em combinação com o MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à CNBB. Assim, são muito reveladoras as declarações de D. Tomás Balduíno, ex-presidente da CPT, ao definir o novo modelo de Reforma Agrária como sendo de propriedade coletiva, a exemplo do sistema cubano ou tribalista. "Não aquela que divide o chão, mas a que inclui o posicionamento das quebradeiras de coco, dos seringueiros, dos ribeirinhos, dos quilombolas e até dos indígenas que têm um relacionamento sui generis com a terra". O prelado reconhece que "há muita resistência das bases populares. O pessoal quer o próprio chão ". Ou seja, os próprios "beneficiados" percebem que a propriedade coletiva seria a volta da escravidão e a ditadura do Estado comunista. Entretanto, essa esquerda até hoje não se convenceu e não admite o fracasso do regime comunista - "a pior ditadura e miséria de todos os tempos", como o qualificou o Cardeal Ratzinger, atual papa Bento XVI. Sem mudar a Constituição ou as leis, essa revolução agrária está em marcha. Com seis portarias, a FUNAI colocou em polvorosa 26 municípios do sul de Mato Grosso do Sul, demarcando áreas em favor de uma recém-criada nação guarani. O laudo antropológico passa por cima de escrituras centenárias. A intervenção do governador e de toda a bancada de senadores e deputados federais do estado não_ tem o menor valor diante das portarias da FUNAI. Tal situação se repete em todos os estados brasileiros. Quando não são reservas indígenas, inventam-se territórios de remanescentes quilombolas, ou áreas de preservação ambiental. Para salvar uma perereca, importante obra de duplicação de estrada é embargada. Catolicismo dutor rural?

Qual tem sido a reação do pro-

Sr. Nelson Barretto - Nosso produtor está inteiramente despreparado para essa situação. Ele estava acostumado com a natural proteção do Estado, que pensava na segurança alimentar de nossas populações. Ainda não acordou para atual situação, em que o governo (ou setores do governo) tornou-se inimigo do proprietário rural. Uma verdadeira conjuração está por trás dos movimentos subversivos, que se movem sob as ordens de religiosos da esquerda católica, de movimentos internacionais e de ONGs, com apoio ostensivo e financiamento da máquina aparelhada do Estado brasileiro. É uma situação inusitada. O próprio jornal esquerdista francês "Le Monde" noticiou, no início do governo Lula, que o agronegócio brasileiro era a galinha dos ovos de ouro; e que não acreditava no fato de o presidente Lula cometer "um erro grosseiro, dando as costas ao poderoso setor do agronegócio. Mesmo em nome da justiça social e do acesso à terra ... Não se mata a galinha dos ovos de ouro ", concluiu o diário parisiense. Entretanto, essa galinha preciosa está sendo depenada. Se não houver uma reação - sempre legal e pacífica, como propugna nossa campanha Paz no Campo , mas eficaz - a situação do Brasil pode se inverter: de exportador de alimen.tos, tornar-nosemos pobres importadores. Catolicismo - Como reverter essa situação? Sr. Nelson Barretto - Em primeiro lugar, aplicando o método de Santo Tomás de Aquino: ver, julgar e agir. Cito um caso sintomático a respeito do "ver". Em julho, estivemos em uma reunião de uns 300 produtores rurais da região de Dourados (MS). Era uma reunião promovida pela Federação da Agricultura do Mato Grosso do Sul sobre a demarcação de terras indígenas. No final, levantou-se um fazendeiro dizendo que estava preocupado com a questão indígena, mas antes, e talvez junto com ela, precisava resolver a sua questão quilombola. Confessou que não sabia bem o que era quilombola. No início pareceulhe até simpática a palavra quilombola. Qual não foi sua surpresa ao saber que era uma ameaça a suas terras e às de outros 40 proprietários rurais; e que já estavam lá o INCRA e a polícia federal, demarcando as terras para desapropriação. Ele pedia apoio, pois os fazendeiro s estavam sozinhos, desorientados e psicologicamente quebrados. Como sempre, o proprietário pensa que o fogo só atingirá a casa do vizinho. Os fazendeiros não se unem para combater o fogo que agora ameaça apenas o vizinho, mas que vai chegar à sua fazenda e destruir tudo. Assim, nosso livro pretende servir de alerta aos setores sadios da sociedade brasileira, antes que se mate a galinha dos ovos de ouro e o País caia na triste e vergonhosa miséria comunista.

As imagens desse vandalismo, veiculados pelo mídia , galvaniza ram um sentimento crescente de indigna ção diante do violê ncia e do desrespeito às leis praticados pelo MST

"Uma verdadeira conjuração está por trás dos movimentos subversivos, que se movem sob as ordens de religiosos da

esquerda católica e de ONGs"

Não se iluda, leitor. Hoje tais ameaças atingem o homem do campo, mas amanhã atingirão os habitantes da cidade. Afinal, elas decorrem de uma ideologia socialista, que levará a miséria ao campo e à cidade. • Nota: * São os seg uintes os livros publi cados, que pode m ser adquiridos na Petru s Editora Ltda. Ru a Javaés , 707, São Paulo - SP. CEP 011 30- l 0.1. Fone: 333 1-45 22. Site: www.livrariapetrus. com.br 1. Reforma Agrária - o mito e a realidade: besl se/ler que apresenta uma radiografia dos asse ntamentos da Reforma Agrária, mostrando sua situação de miséri a e de favelas rurai s, através de depoimentos dos próprios assentados; 2. A Revoluçc1o quilombo/a - guerra racial, confisco agrário e urbano, colelivismo; Anali sa o decreto pres idencial que vem provoca ndo divi são e conflito racial, des fechando em mai s um golpe contra o direito de propriedade de terras devidamente escrituradas e em plena produção; 3. Tribalismo Indígena, ideal comuno- m.issionário para o Brasil no século XXI - 30 anos depois - Ofensiva radical para levar à fra gmenu, ção social e política da nação. Uma reedição atualizada da obra de Plínio Corrêa de Oliveira, que com três décadas de antecipação denunciou o verdadeiro tsunami demarcatório de terras indígenas, lesando o direito de propri edade mediante simpl es decretos e portarias , os quai s já "engessa ram" 13% do território nacional.

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o CANTO GREGORIANO E xpressão musical da autêntica espiritualidade católica, nos dias atuais parece ressurgir das cinzas e encanta os católicos no mundo inteiro D MARCOS LUIZ GARCIA

E les estão sorrindo! Como é possível?! - exclamou Nero, imperador romano do primeiro século da era cristã, ao entrar na arena para se deleitar com a visão dos restos esparsos pelo chão, ainda quentes e sangrentos, das vítimas de mais um espetáculo que acabara de promover. O mesmo estupor invadia as centenas ou milhares de espectadores que afluíam frenéticos ao Coliseu (algo à maneira de ceitas torcidas futebolísticas de hoje). Iam assistir ao dantesco espetáculo das feras devorando cristãos, mas acabavam presenciando os mais adrniráveis atos de coragem e fidelidade à fé de Jesus Cristo. Aos poucos a noite caía, o silêncio dominava a cidade, o monumental centro de espetáculos ficava entregue às sombras, isolado e frio, sem viva alma. Era o momento em que, correndo sérios riscos, pequenos grupos de cristãos, prevalecendo-se das penumbras e da escuridão, se esgueiravam céleres a recolher os restos dos mártires, para levá-los às profundidades das catacumbas. Num misto de veneração e tristeza, com lágrimas brotadas de uma dor profunda e ao mesmo tempo de uma resolução inabalável de fazer triunfar a santa Religião de Jesus Cristo, eles depositavam aqueles restos sagrados sobre mesas de pedra. Tinha início comovente cerimônia. O bispo, sagrado por um dos Apóstolos, celebrava a Santa Missa, enquanto eram enCATOLICISMO

toados cânticos próprios para aquela circunstância.

G1'egoria110: o canto sacro católico que 11asce O que cantavam esses primeiros cristãos? Com ce1teza entoavam algum hino característico da tradição judaica, mas que aos poucos foi sendo aprimorado pela influência que o Espírito Santo exercia nos corações daqueles heróicos cristãos. O cântico foi ganhando expressão nova, viva e impregnada de sobrenatural. Um timbre nunca observado antes, uma densidade desconhecida na sinagoga decadente daquela época, uma luz que abria endas rumo ao futuro. Assim, o cântico sacro católico começou a desabrochar, como que regado pelo sangue dos máitires e pelo ardor invencível dos primeiros católicos. Era uma expressão, em última análise, do amor de Deus que dominava aqueles corações e almas fiéis.

Ao lado do crescimento do espírito religioso, um novo estilo de vida, uma nova maneira cristã de conduzir a existência temporal começou a nascer e a se expandir, primeiro dentro das catacumbas, depois para fora daquelas grutas insalubres. Todo um conjunto de valores, à maneira de urna ái·vore cheia de flores, começou a abrir suas pétalas e a pe1fumar o ambiente pagão da época. O fogo de Pentecostes transformara-se num incêndio de grandes proporções. Contrapondo-se ao mundo pagão, às perseguições, às feras, aos constantes martírios, ia se consolidando cada vez mais a Igreja, que Nosso Senhor Jesus Cristo fundara com sua Paixão e m01te redentora. Dos subterrâneos corredores catacumbais a Igreja chegou à superfície. Conquistou a mãe do imperador e fez dela uma santa; converteu o próprio imperador Constantino, que deu liberdade ao cristianismo. Depois ele mudou seu governo para Constantinopla, pennanecendo em Roma a sede da Igreja Católica. Como veremos, essa mudança contribuiu para que o canto sacro católico pudesse desabrochar com características próprias.

Aos poucos, o ca11to gregol'ia110 tor11a-se a "voz" da Igreja Em cumprimento à ordem " Ide e pregai o Evangelho a todos os povos", expressa por Nosso Senhor, os cristãos expandiram-se para outras áreas de civilização. E o canto sacro foi recebendo organicamente as mais diversas influências dos grego , egípcios e outros povos,

São Gregório Magno

dando origem a um conjunto variado, mas sem ainda uma expressão de unidade. No final do século VI, a Providência Divina suscitou o Papa Gregório I que, pelo imenso contributo prestado ao bem da Santa Igreja, mereceu o título de Magno, e depois a glória dos altares. De nobre família romana, admirável cultor da música, conseguiu, a partir do estudo e ordenação das peças litúrgicas praticadas nos vários quadrantes onde se expandira a Igreja, disciplinar tanto a liturgia quanto a música sacra. Graças a seu êxito em manter o autêntico espírito sobrenatural do canto, a liturgia preservou a graça que estava conquistando o mundo e santificando cada vez mais as almas. É oportuno lembrar aqui a definição de liturgia que Ismael Hernández apresenta em eu Curso Elementar de Canto Gregoriano: "Liturgia é a ação sacerdotal de Jesus Cristo, continuada na Igreja e pela Igreja sob a ação do Espírito Santo, por meio da qual 'atualiza' a sua obra salvadora através de sinais eficazes, dando assim um culto pe,feito a Deus e comunicando aos homens a salvação". 1 São Gregório Magno conseguiu não só aprimorar como também dar unidade e definição ao canto sacro, fato que acabou ligando até hoje seu nome a esse estilo de canto: gregoriano . A prutir de São Gregório Magno, a mais autêntica expressão sonora do espírito da Igreja definiu-se, ganhando novo impulso de expansão e elevação. O canto gregoriano tornou-se, por assim dizer, "a voz da Igreja".

Apri111ora111e11to do cântico com o ideal 111011ástico Especialmente favorecido pelo isolamento e recolhimento contemplativo nos conventos e mosteiros , o gregoriano foi se firmando cada vez mais, como no fundo de uma cave um vinho aprimora-se com o tempo . Dois séculos depois, surge na História outro Magno, mas este do campo temporal: Crufos Magno, o grande imperador cristão. Especialmente dotado para as tarefas de governo, demonstrando finura de percepção, o valoroso imperador descobriu que o gregoriano seria a melhor maneira de dar unidade de espírito a seu vasto império católico, conquistado com a sábia intenção de constituir a Cristandade - uni ão dos países

católicos fiéis a Jesus Cristo, unidos ao Papa. Enviou monges a Roma para aprenderem bem as técnicas do canto sacro, e depois difundiu por todo o vasto império o modo correto de cantar, convencido de que atrairia as graças de Deus e impregnaria toda a Cristandade de bênçãos, dando-lhe mais unidade. Desde a criação por São Bento da primeira ordem monacal, no século VII, houve uma proliferação do ideal religioso monástico , que se espraiou ao longo dos séculos por toda a Europa. Mosteiros e conventos foram erigidos nos mais vru-iados lugares, desde montanhas escarpadas, florestas densas e de difícil acesso até os lugares mais áridos. Nesses locais, em que se praticava a perfeição evangélica, ouviam-se as ondas sonoras NOVEMBRO 2009 -


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dos sinos e especialmente o gregoriano, cantado com alma e com método, para o cumprimento dos preceitos da liturgia e das regras monásticas. Tais mosteiros e conventos constituíram centros de irradiação de bênçãos e graças, que foram impregnando até a paisagem,' aprimorando a beleza da flora e da fauna e afastando os animais daninhos. Sobre a influência dos sons no desenvolvimento de vegetais, experiências científicas realizadas no século passado demonst:raram, por exemplo, que as plantas voltaram-se contra uma caixa de som que tocava músicas frenéticas. Compreende-se, pois, que músicas elevadas e consonantes com Deus e a Lei natural possam produzir efeito contrário, benéfico. Essa influência marcante da catolicidade na sociedade temporal é a verdadeira razão de a Europa ter-se tornado, segundo dizia Plínio Corrêa de Oliveira, a fisionomia do mundo, foco da maior avalanche de turismo em nossos dias. Turismo cuja mentalidade e espírito, infelizmente, constitui o avesso daquela época distante.

O cântico colaborando parn o progresso espiritual e material Contudo, o mais importante dessa sadia influência da Igreja na sociedade temporal era produzido na vida dentro dos castelos , nas cortes. Tais ambientes

CATOLICISMO

freqüentemente tornavam convidativa a prática das virtudes, tornando elevados e puros os costumes, respeitoso e requintado o convívio. Dos altos castelos, as bênçãos iam atingir também as vilas e as cidades, aprimorando o povo, as famílias e instituições, que tinham nas classes mais altas os seus modelos. Toda a escala social acorria às belas cerimônias litúrgicas para receber ali, ao som do órgão ou do canto gregoriano, os sacramentos administrados com dignidade e sacralidade - verdadeiro alimento espiritual capaz de consolidar o progresso espiritual e material nas vias da santa vontade de Deus. Sob esse mesmo influxo, uma quantidade imensa de catedrais, igrejas, castelos e edificações de todo gênero foi marcada por uma inspirada beleza, que até hoje encanta turistas e enche de pasmo os estudiosos e cientistas.

seu imenso contributo para o mundo católico. Após a conversão dos bárbaros que invadiram a Europa, de modo geral a sociedade foi se tornando mais santa, a natureza mais bela, tudo recebia um impulso para o alto. Graças a tais fatores, o que se viveu naquela época foi o grau possível de felicidade nesta Terra. O gregoriano foi um elemento importante para a formação da Cristandade. Infelizmente, a civilização cristã não chegou até onde poderia ter chegado. A ascensão estendeu-se até o século XIII, no reinado de São Luís IX, rei da França, e de São Fernando de Castela. Os sintomas de decadência se fizeram sentir já no século XIV, e foram se estendendo com o movimento renascentista. Em conseqüência, eclodiu profunda revolução na História, a qual atingiria também o canto sacro.

Gregoriano: fator transformador da Terra em antecâmara do Céu

O polifônico: menos espiritual que o gregoriano

Diz Katharine Le Mée, em seu livro Canto, 2 que um monge pode levar até quatro anos para chegar a cantar bem o gregoriano. Em outras palavras, após quatro anos de preparação o monge fica espiritual e vocalmente adequado ao canto gregoriano. Imaginemos tal canto executado por monges e religiosos durante séculos: isso facilita a compreensão do

Nascido da intenção de aumentar o brilho humano de tudo, o canto polifônico com vozes mistas, com toda a sua complexidade, foi desbancando o canto gregoriano austero e singelo. Não negamos a real beleza e unção de certas peças polifônicas. Contudo não se pode negar que, de modo geral, o canto polifônico não con eguiu realizar mais aquela den idade de espírito católico e de elevação, tão marcantes no gregoriano. Sempre que falamos no gregoriano, o que geralmente nos vem à mente é um religioso ou um coro de religiosos cantando numa igreja, capela ou claustro, sem público. Os religiosos, devido a seu estado de perfeição, são normalmente os mais identificados com o canto sacro. De onde notarmos que existe algo no gregoriano que o toma consonante com a castidade e a virgindade, com a obediência e a pobreza. Virtudes que alimentam nas almas a pureza de costumes, a humildade no comportamento e o desapego dos bens materiais. Só esse imponderável pareceria suficiente para explicar que, em razão da decadência espiritual da sociedade do fim da Idade Média, surgisse uma tendência para substituir o canto gregoriano por algo mais humano e menos espiritual. Foi o que aconteceu.

Conforme observa Ismael Hemández no curso acima mencionado, o gregoriano começou já no século XIII a ser desfigurado, e seu espírito adulterado, mediante um processo que só cessou na segunda metade do século XIX, quando se iniciou o período de sua restauração. Até então, quanto bem o canto gregoriano deixou de fazer aos indivíduos e à sociedade, por causa de seu abandono e decadência? Só Deus o sabe.

O progressismo dito católico em oposição ao canto gregoriano Contudo, o golpe mais violento desfechado contra o canto sacro ainda estava por vir. No século XX, o progressismo católico dos anos 60 e 70 aboliri a em quase todas as igrejas, e num número incontável de conventos e mosteiros, o canto mais expressivo da espiritualidade católica. As músicas progressistas , anti -sacrais e sentimentais, sem a substância espiritu al autêntica e profunda do gregori ano, iriam contribuir para modificar completamente o ambiente religioso. O antigos monges e religiosos, contemplativos e austeros, cederam lugar ao padres cantores, secularizados e esportivos: o aspecto cênico triunfou sobre o sobrenatural; o amor devido a Deus voltou-se para os homens;.ª perfeição evangélica foi preterida pela ação social. Desapareceu a sensação da presença espiritual e angélica no canto sacro e nas cerimônias. Legiões de católicos abandonaram a Santa Igreja, procurando em falsas religiões, em vão, algo menos chocante. Dos que permaneceram, um número realmente alarmante de sconh ece o que é a espiritualidade profunda e real vivida pelos santos . Decaídos em matéria de costumes, vazios quanto a princípios e doutrina, desconhecem o que é vida interior. Até ginástica ritmada foi introduzida e m missas; e quanto à pregação, arengas socialo-comunistas do gênero da Teologia da Libertação passaram a ser ouvidas durante o culto. Entretanto, a apetência pelo gregoriano permanecia em inúmeras almas,

Gravações e concertos de gregoriano são realizados cada vez mais no mundo todo, penetrando nos diversos camadas do opinião público de muitos países

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nt~WFJT. Didzio .

embora soterrada. Em 1993 foi gravado um CD com canto gregoriano na abadia de São Domingos de Silos, na Espanha. Sem que se pudesse prever, quatro milhões de cópias foram vendidas em todo o mundo! Estaria o homem moderno redescobrindo uma inesgotável fonte de vida espiritual autêntica, abandonada, esquecida, mas que conservava toda a força adquirida nos séculos que marcam sua longa tradição? A verêlade é que o gregoriano ressurgiu no horizonte católico como algo extraordinário. No século mais decadente da história do Novo Testamento, ressurge cheio de brilho o canto dos monges, o canto da Igreja, e começa a retomar a sua influência restauradora nas almas. Como mancha de azeite, os coros gregorianos

começam a surgir, trazendo nova promessa. Serão os passos de Nossa Senhora de Fátima que se fazem ouvir na História? Será que, como M ãe desobedecida mas cheia de amor, aproxima-se para punir os imensos pecados do mundo atual, mas já deixando entrever um prenúncio do triunfo de seu Imaculado Coração? É o que esperamos ardentemente, e o que nos moveu a redigir este artigo. • E- mail para ao a ut or: marcosgarc ia @cat o licismo.com.br Notas:

l - Curso elementar de Canto gregoriano , Ismael Hern á ndez: http ://www .gregoriano.org.br/ gregoriano/cursodecantogregoriano.htm. 2- Canto, as origens, a forma, a prática e o poder curativo do canto gregoriano, Katharine Le Mée, Agir, p. l43. Tradução de Carlos Araújo.

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Honduras: batalha pela alma cristã da América Latina

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chamado "caso de Honduras" vem tendo alto_s e baixos, com lances inesperados. As tensões da crise hondurenha, que antes diminuíam, parecendo encaminhar-se para uma solução que culminaria com as eleições marcadas para o dia 29 deste mês, reativaram-se com a volta clandestina ao país do ex-presidente Manuel Zelaya. Por meio dessa operação meticulosamente organizada, o caudilho venezuelano Hugo Chávez procura impedir a solução eleitoral e tenta encaminhar o pequeno país centro-americano para uma convulsão político-social. _Para nós, brasileiros, o reacender da crise revestiu-se de particular gravidade. Acolhido na embaixada brasileira em Tegucigalpa com a complacência ativa do Itamaraty, Zelaya transformou nossa legação em quartel-general de sua tentativa de insurreição. Fato inédito na história diploHonduras -·-. --·. --· mática do Brasil! Revela um desígnio de instauração paula. tina no continente latino-americano de um imperialismo de -:~~r,:-:_.,.,oe-......,, cunho socialista, disposto à ingerência desabrida nos assuntos internos de outros países, em nome de interesses ideológicos de esquerda. A diplomacia do governo do presidente Lula colocou-se, desta forma, a serviço dos desígnios chavistas e de seu bloco bolivariano. Pois, como Catolicismo já explanou em sua edição de agosto último, em claro e elucidativo artigo de Alfredo Mac Rale intitulado Honduras: caso emblemático de escandalosa intervenção chavista, a instabilidade hondurenha é fruto da política intervencionista e socialista conduzida por Hugo Chávez. Ante a natural comoção que tal situação causou em nossa Pátria, a Associação dos Fundadores (discípulos de Plinio Corrêa de Oliveira) encetou a campanha Fo ra Zelaya de nossa embaixada. Através de petição endereçada ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, manifestou a profunda inconformidade dos milhares de signatários com o ocorrido. Difundiu concomitantemente uma análise serena, vigorosa e objetiva da crise hondurenha. No momento em que escrevemos, é impossível prever o desfecho do caso hondurenho. Entretanto, qualquer que seja ele, a leitura desse documento da Associação dos Fundadores é indispensável. Nele são refutadas muitas das inverdades e distorções que encontraram eco em boa parte da mídia nacional e internacional;,são também denunciadas as urdiduras ideológicas de esquerda que vão pouco a pouco convulsionando as relações internacionais em toda a América Latina. Catolicismo se alegra em poder publicá-lo na íntegra, e convida seus leitores a essa leitura elucidativa e oportuna.

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leitura e análise dos jornais das últimas semanas torna claro o crescimento das tensões na· América Latina, onde se trava uma batalha políticoideológica de grandes dimensões e de importante relevância para o destino de todos os países da região, de modo muito particular do Brasil. Por um desses paradoxos da História, é na pequena Honduras que esse embate tem, no presente momento, seu cenário mais encarniçado. A iniciativa. - capitaneada. pelo venezuelano Hugo Chávez - do retorno clandestino a Honduras do presidente deposto, Manuel Zelaya, e a subseqüente transformação da embaixada brasileira em quartelgeneral deste último e de seu grupo de seguidores mais próximos, elevaram as tensões a um grau inimaginável e fizeram nosso País transpor, nas relações internacionais, um umbral extremamente perigoso. A diplomacia brasileira, num gesto inaudito e na contramão de suas tradições, decidiu intervir diretamente na situação de

Honduras, numa agressão à soberania do país, em desrespeito às suas instituições, bem como às leis internacionais e numa inequívoca subserviência ao expansionismo chavista na região. Ante a gravidade da atual conjuntura, animada de cristão patriotismo, a Associação dos Fundadores (discípulos de Plinio Corrêa de Oliveira) vem a público manifestar sua opinião a respeito dos rumos de nossa política externa, os quais vêm ocasionando perplexidade e angústia crescentes em incontáveis brasileiros. Ao fazê-lo, inspira-se ela na linha de atuação ininterrupta e nos princípios que animaram o eminente e intrépido líder e pensador católico, Plinio Corrêa de Oliveira. A intervenção de esquerdas do exterior em assuntos internos de Honduras e a proposta de alterações anticonstitucionais obrigaram autorida des hondurenhas a depor o presidente Manuel Zelaya . Na foto, junto a Raúl Castro, presidente de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela

I - A fabricação de um fantasma: o "golpismo " Há certos momentos em que a cena internacional é perpassada por um frenesi , a respeito de algum fato político ou religioso, que à maneira de um vendaval repentino tudo atinge e derruba.

A Direção de Catolicismo

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A opinião pública é envolta por um clima emotivo, em que a reflexão ponderada e o equiHbrio dos julgamentos se vêem prejudicados e são transmitidas como realidades incontestes e impressões pouco razoáveis. Honduras, pequeno país da América Central para o qual a atenção do público não está habitualmente voltada, tornou-se o epicentro de um desses . fenômenos. O pretexto foram os acontecimentos políticos que, em 28 de junho p.p., levaram à deposição do então presidente Manuel Zelaya. Um caudaloso noticiário, inúmeras análises e abundantes reações políticas - aos quais faltavam isenção e objetividade - insistiam na idéia de se estar diante de um ato arbitrário e de barbárie política perpetrado contra um presidente que legítima e tranqüilamente exercia o cargo para o qual fora eleito; falavam até alguns de um retorno à "época negra" dos golpes militares. Tendo à testa os membros da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas), certos atores políticos latino-americanos, falando em nome da democracia que boa parte deles viola de muitas maneiras, apontavam como imperiosa uma condenação veemente do "golpe" em Honduras. O próprio presidente Luiz -

CATOLICISMO

A marcho do esquerdizoção da Américo Latino promovido por Chóvez e seus comporsos encontrou forte berreiro no valente e inesperado oposição de Honduras

Inácio Lula da Silva se somou ao coro dos que condenaram o dito "golpe". Entretanto, mundo afora, vozes de considerável peso começaram a apontar a verdadeira natureza dos acontecimentos ocorridos naquele país. Em Honduras estivera de fato em marcha um golpe contra a Constituição e as instituições do país, conduzido pelo próprio Manuel Zelaya, com a íntima colaboração do presidente venezuelano Hugo Chávez.

li - A verdade sobre Honduras: Zelaya investe contra a Constituição e desafla as Instituições do país Em janeiro de 2006, Manuel Zelaya assumia a presidência de Honduras, após vencer as eleições como membro do Partido Liberal, de tendência conservadora. Condicionado por uma acentuada crise nas finanças públicas, fruto da corrupção e dos altos preços do barril de petróleo, iniciou ele uma aproximação com o líder venezuelano. Cooptado de início pelas tentadoras condições para aquisição de petróleo, e depois pelo convite para o país ingressar na ALBA

- o que aconteceu em agosto de 2008, após acirrada disputa no Congresso Nacional Zelaya renunciou a seu programa eleitoral, declarou-se de esquerda e anti-imperialista, manifestando crescente anuência às manobras com que Hugo Chávez vem desestabilizando diversos países da América Latina. Desgastado politicamente, alvo de denúnci as graves de corrupção e de ligação ao narcotráfico, Zelaya lançou, em março de 2009, a idéia de um plebiscito para promover reformas na Constituição e perpetuar-se no poder, no moldes da cartilha chavista já vitoriosa na Bolívia e no Equador. A Constituição honduren ha possui cláusulas pétreas, entre elas a obrigatoriedade da alternância no exercício da presidência, cuj a infração constitui "delito de traição à Pátria". Dispõe igualmente que cessará de imedi ato o desempenho de seu cargo público (incl usive de presidente) todo aquele que propuser ou apoiar a reforma do dispoitivo constitucional que impede ser novamente presidente da República. Indifere nte a tais impedimentos constitucionais, o presidente Zelaya emiti u decreto convocando consulta popular para estabelecer uma Assembléia Constituinte. No fin al do mês de maio, o Tribunal de Letras dó Contencioso Administrativo, em processo movido pelo Ministério Público e pela Procuradoria Geral do Estado, suspendia todo. os efeitos de tal decreto, por considerá- lo inconstitucional. O próprio governo, admitindo a ilegalidade de clit decreto, decidiu apresentar um novo, levemente modificado, mas eivado do mesm vícios legais. O Tribunal Superior Eleitoral declarou ilegal a consu lta popular que o Poder Executivo planejava e cujos preparativos levava a cabo, principalmente por u urpar prerrogativas de outros poderes, o que constitui delito grave, segundo a Constituição hondurenha. Anunciou então o presidente Manuel Zelaya sua intenção de não respeitar as decisões do Poder Judiciário e recorreu a Hugo Chávez para auxiliá-lo na organização da consu lta popular, tendo sido trazido da Venezuela o material destinado à mesma. Zelaya tentou uma derradeira manobra ordenando às Forças Armadas apoiar a consu lta popular, declarada ilegal. Ao receber a negativa de colaboração com suas ilícitas pretensões, demitiu sumariamente o chefe de "'stado Maior das Forças Armadas.

No dia 26 de junho, o Fiscal Geral da República solicitou à Corte Suprema de Justiça uma ordem de captura contra Manuel Zelaya, sob a acusação de traição à pátria, de conspiração contra a forma de governo, abuso de autoridade e usurpação de função. A referida Corte ordenou às Forças Armadas a captura de Zelaya por tais delitos. No dia 28 de junho, Zelaya foi preso e retirado do país. O Congresso Nacional de Honduras, em sua maioria (apenas cinco votos contrários), empossou Roberto Micheletti, como nóvo presidente constitucional de Honduras *. Os dizeres dos cortozes improvisa dos pelos manifestantes contrários o Zelaya expressem o posição da maior parte da população do país, no delicado situação atual

• A designação seg uiu a ordem estabelecida pela Constituição de Honduras, uma vez que o vicepresidente havia renunciado meses antes para ser candidato nas el eições de novembro.

1 TANTO QUERES A EDATE POR FAVOR

coN NOVEMBRO 2009 -


A exposição, ainda que sumária, da crise institucional em Honduras não convinha a Zelaya, a Chá.vez e a seus "companheiros de viagem", razão pela qual era preciso alimentar a idéia simplista e facciosa de um "golpe" de Estado perpetrado por militares. Papel ao qual se prestou de bom grado, entre nós, considerável parte do capitalismo macro-publicitário. Na verdade, a manobra de qualificar de "golpe" a destituição de Manuel Zelaya e a exigência de condenação do mesmo encerravam um ardil ideológico. Ao omitir astutamente todos ,os atentados de Manuel Zelaya à ordem constitucional de Honduras, pretendia-se convalidar os mesmos e, mais amplamente, a estratégia geopolítica de Hugo Chá.vez e de seu "socialismo do século XXI". O Cordeai Oscor Andrés Rodríguez (abaixo, à dir.) e os bispos hondureÀ medida que a realidade foi emerginnhos afirmaram que os medidos que do, passou a tornar-se claro que em Honlevaram à deposição de Manuel duras se dera uma série de atos institucioZeloyo foram legais, e que os instinai s em defesa do Estado de Direito, e cotuições do Estado democrático estão meçou a ruir a versão de um ato de arbítrio ' em pleno vigência perpetrado por militares. Com o deposição de Zeloyo, Roberto É de ressaltar que, apesar de censurar o Micheletti (foto do esq.) assumiu o cargo de presidente interino do país fato político, o Departamento de Estado

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norte-americano jamais qualificou o ocorrido em Honduras como golpe de Estado. Nestes dias um estudo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos - órgão consultivo sem caráter político - considerou constitucional a destituição do presidente Manuel Zelaya. O estudo objeta apenas a legalidade de sua expulsão do país. Talvez o documento de maior relevância nesse ponto tenha sido o publicado pela Conferência Episcopal de Honduras. Em nota lida pelo Cardeal Oscar Andrés Rochiguez, os bispos hondw-enhos afumavam ter procurado informações em todas as instâncias competentes do Estado e em organizações da sociedade civil, devendo concluir que as determinações que levaram à deposição de Manuel Zelaya foram legais e que as instituições do Estado democrático estão em plena vigência. Os bispos acrescentavam aguardar uma explicação em relação à expulsão do país do ex-presidente.

III - Pressões diplomáticas e eleições A partir da deposição de Manuel Zelaya, iniciaram-se inúmeras gestões e pressões

diplomáticas sobre o governo de Roberto Micheletti, cujo histórico não seria o momento de mencionar. Cabe, entretanto, salientar a orquestr~ção pró-Zelaya encabeçada pela Organização do Estados Americanos (OEA), sob a direção do socialista José Miguel Insulza. Honduras foi sumariamente expulsa da OEA, poucas semanas depois de ter sido aprovado o retorno incondicional da ditadura castrista aquela organização. Sem falar do seu clamoroso ilêncio ante as manobras golpistas de Zelaya e as ameaças militares de Chávez ao país, o que valeu à OEA uma advertência da própria onferência dos Bispos de Honduras, para que desse mais atenção a tudo o que vinha acontecendo, fora da legalidade, antes de 28 de junho. Com sua parcialid ade des pudorada, a OEA se desacreditou para qualquer papel mediador, o que levou as partes a um diálogo direto, iniciado sob o auspícios do presidente da Costa Rica, O car Arias. Manuel Zelaya, fazendo abstração de suas afrontas às instituiçõe de Honduras e das violações à lei fundam ental do país, manti nha-se inflexível em sua postura de uma volta ao poder sem quaisquer condições, o que colaborou de modo possante para o fracass o de todas as tentativas de nego iação. •nqu anto decorriam as tratativas diplomá1i as, grandes manifestações tomavam as

O povo hondurenho ficou profundamente chocado com o orquestração pró-Zeloyo encabeçado pelo Organização dos Estados Americanos (OEA), sob o direção do socialista José Miguel lnsulzo (acima à esquerdo)

ruas de Honduras, muito especialmente de Tegucigalpa, nas quais hondurenhos de todas as classes sociais exibiam ao mundo seu repúdio à intervenção de Hugo Chá.vez nos assuntos de Honduras e sua recusa ideológica ao "sociali smo do século XXI". Diante do fracas o das negociações e da ampla oposição do povo hondurenho às manobras de Zelaya, restava como solução pacífica a realização das eleições marcadas para o dia 29 deste mês. Diversos países viam com bons olhos esta solução e o próprio Departamento de Estado norte-americano não descartava aceitá-la. Com a reali zação do pleito eleitoral, marcado antes da deposição de Manuel Zelaya e mantido pelo governo de Roberto Micheletti, acabari am por ruir as alegações de golpismo. Para a estratégia política do chavis mo seria a consumação da derrota em Honduras. Foi então que a dipl omacia brasileira passou a tomar a dianteira e a defesa aberta dos interesses do bloco bolivari ano, decidindo inviabilizar qualquer solução que não atendesse aos interesses chavistas.

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Cartada radical: a volta clandestina de Zelaya

Reinava a paz social e política em Honduras. Urgia, pois, convulsionar o quadro político e impedir a realização das eleições. Para reviver a crise tornava-se necessáNOVEMBRO 2009 -


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ria uma cartada radical. Nada mais conveniente do que a volta clandestina de Zelaya ao país. Tudo indica que a logística da operação que permitiu o retorno do ex-presidente ao país teve a participação ativa de Hugo Chávez. Ele próprio admitiu ter conhecimento de tudo e revelou ter-se tratado de "uma operação secreta, uma grande operação de dissimulação". As confissões de Chávez só reforçam a certeza de que Zelaya é uma marionete política nas mãos do caudilho venezuelano, a cujo interesses serve. A partir do momento em que Manuel Zelaya se "abrigou" na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, nosso País passou, pois, a participar visivelmente da empreitada chavista. Torna-se cada vez mais árduo acreditar que a "materialização" de Zelaya à porta da embaixada brasileira tenha sido fruto do acaso, de tal maneira sua permanência ali e a colaboração ativa do governo serviram a seus interesses. Inclusive pela coincidência com o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembléia Geral da ONU, durante o qual exigiu a imediata restituição de Manuel Zelaya ao cargo, condenando "golpes de Estado" como o de Honduras, ao mesmo tempo em que tomava a defesa do regime castrista. Em entrevista a uma rádio hondurenha, Zelaya afirmou que seu plano de retorno a Honduras foi elaborado em consultas a Lula e a Celso Amorim. Mas ainda que estivesse mentindo, a confiança demonstrada por CATOLICISMO

Oscor Arios (à dir., no foto do esq .), presidente do Costa Rico, fracasso em suo função mediadora ao tentar con duzir Zeloyo novamente ao poder em Honduras. O presidente Lula (acima à direito) pede no ONU medidos urgentes de pressão contra o pequeno e valente noção centro -americano .

Hugo Chávez em relação ao Brasil, indica bem quanto o líder bolivariano conta com a diplomacia brasileira para a realização de suas aventuras e como esta é conivente com seus interesses geopolíticos. É compreensível, pois, que Manuel Zelaya tenha rea. f.irmado como indispen sável o apoio do Brasi l e reiterado seus agradecimentos ao presidente Lula. O fato é que a diplomacia brasileira, em vez de exigir a discrição e ausência de qualquer manifestação política, permitiu que Manuel Zelaya transforma se a embaixada do País num verdadeiro quartel -general, de onde passou a conclamar a uma in surreição em Honduras e à derrubada de Micheletti. Aventou-se até a possibilidade de que Zelaya instalas e ali um governo paralelo. A grav idade da situação criada se acentua ao se considerar que, juntamente com Zelaya, se instalaram na embaixada dezenas e dezenas de seguidores seus, muitos dos quais usam panos para esconder o rosto, enquanto vigiam a entrada do local , não havendo sequer a certeza de que todos sejam hondurenhos. Logo após os primeiros apelos de Zelaya, dirigidos a seus segu idores da varanda da embaixada e em entrevistas concedidas no interior da mesma, os zelaystas saquearam estabelecimentos comerciais, destruíram propriedades, queimaram pneus e bloquearam estradas, causando e ses distúrbios a perda de duas vidas. É compreensível que, em comunicado divulgado pela chancelaria de Honduras, o governo do presidente Lula tenha sido acu-

sado de intromissão em assuntos internos de Honduras; e que o próprio chanceler hondurenho, Carlos López Contreras, tenha declarado em entrevista que "há uma grave responsabilidade internacional do governo do presidente Lula não só com o governo de Honduras, mas também com a população e o comércio que foi saqueado pelas turbas instigadas de dentro da missão do Brasil em Tegucigalpa" (Chanceler de regime de fato acusa Brasil, "O Estado de S. Paulo", 26-9-09). De fato, o Brasil, numa agressão à soberania de Honduras, passou a interferir de forma explícita nos assuntos internos do país, violando as normas do direito internacional, como destacaram vários especialistas. Atitude que foi reforçada pelas declarações do presidente Lula de que Zelaya não tem prazo para ir embora da embaixada e que "o Brasil não tem o que conversar com esses senhores que usurparam o poder". A vontade de fazer fracassar qualquer solução negociada que não atenda aos interes es de Hugo Chávez, se con olidou na reuni ão de emergência da OEA, em que o Brasi l se ali nhou com a Venezuela rejeitando as propostas da diplomacia norteamericana. A gravidade da situação permanece. Na verdade, o plano de retorno de Manuel Zelaya contava com a adesão nas rua de dezenas u talvez centenas de milhares de

O embaixador americano no OEA, Lewis Amselem (abaixo, à esq.) , classificou o retorno clandestino de Zeloyo como "irresponsável".

À direto, Zeloyo no embaixada brasi leiro em Tegucigolpo .

seguidores, como destacou o jornal "ABC" de Madrid. Mas, uma vez mais, patenteouse o fracasso do apoio popular às manobras da esquerda. Só resta a Zelaya convocar, sempre a partir da embaixada brasileira, uma ofensiva final dos movimentos sociais e pregar atos de desobediência civil, como o fez nestes dias. Isso no preciso momento em que o deputado que preside a Comissão de Segurança e Narcotráfico denunciou no Congresso de Honduras, baseado em relatórios de inteligência militar e policial de países centro-americanos, um tráfico maciço de armas, procedente de El Salvador, para a execução de atos terroristas no país (cfr. "El Heraldo", 29-9-09, Denuncian masivo tráfico de armas hacia Honduras). Estará o chavismo - com a eventual colaboração de Cuba, Nicarágua e outros aliados - preparando um banho de sangue para Honduras? E, nessa eventualidade, estará nossa desvairada diplomacia decidida a ir adiante na aventura que pode degenerar em violência e num desfecho trágico? É compreensível que o embaixador americano na OEA, Lewis Amselem, tenha classificado o retorno clandestino de Zelaya como "irresponsável", além de não servir "aos interesses do seu povo e daqueles que defendem uma solução pacífica para o restabelecimento da ordem democrática". Toda a situação gerada com o "abrigo"

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dado ao ex-presidente Manuel Zelaya na embaixada brasileira deixa entrever que a diplomacia do governo Lula decidiu transpor um umbral muito perigoso e assumir a liderança da estratégia geopolítica e ideológica do assim chamado eixo bolivariano. Como bem ressaltou em seu editorial a revista "Veja", apoiar Zelaya não significa defender a democracia, significa apoiar a ditadura de Chávez (30-9-09).

V - Dois mitos que se esboroam No firmamento diplomático latino-americano duas máximas foram se fixando e se tornando aceitas quase como evidências. A primeira apresentava o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, como um líder histriônico e excêntrico, conduzindo uma revolução confusa em seus conceitos e de práticas inócuas. Segundo tal versão, as ameaças de Chávez, de um radicalismo desvairado, não passariam de mera retórica. A segunda máxima apresentava o presidente Lula como um contraponto à radicalidade de Chávez, disposto a conter os arroubos do venezuelano, um esquerdista moderado e pragmático, ator confiável na região e líder imprescindível para a resolução das disputas regionais. A esquerda na América Latina estaria, pois, dividida em dois blocos, um da esquerda radical (liderado por Hugo Chávez) e outro da esquerda moderada (liderado por Lula). A verdade é que, tanto uma quanto outra máxima, eram de molde a desmobilizar e enfraquecer qualquer resistência ao avanço das esquerdas na América Latina. Enquanto isso, os dois líderes obtinham avanços substanciais em suas estratégias, cujas diferenças não passavam de duas faces de uma mesma moeda. • Quem se debruçasse com mais acuidade sobre a realidade diplomática da região perceberia que, nos momentos de desgaste e nos lances mais ousados do assim chamado bolivarianismo, o presidente Lula e CATOLICISMO

Segundo dois mitos, a esquerda na América Latina estaria dividida em dois blocos: um da esquerda radical (liderado por Hugo Chóvez, foto acima) e outro da esquerda moderada (liderado por Lula) . A verdade é que, tanto um quanto outro mito, são de molde a desmobilizar e enfraquecer qualquer resistência ao avanço das esquerdas latino-americanas

sua diplomacia, acorriam sistematicamente em auxílio de Chávez ou dos integrantes de seu bloco. Apesar disso, misteriosamente, muitos veículos de comunicação e analistas políticos continuavam a repetir as duas máximas, quase como um mantra. Transcorridos vários anos, os acontecimentos se encarregaram de dar um desmentido a essas versões e, a bem dizer, os dois mitos se esboroaram. Lula, na verdade, jamais moderou seriamente as atitudes de Chávez. E a prova está em que o caudilho venezuelano conseguiu levar adiante seu progran1a radical na Venezuela, onde vai implantando a olhos vistos um regime ditatorial e socialista (que Lula classifica como "excesso de democracia"); estendendo sua influência ou ingerência a diversos países; dando cobertura aberta às FARC; e tecendo alianças, inclusive militares, com a Rússia, a China, a Líbia, a Argélia e o Irã, num eixo anti-americano. Em recente análise, a conceituada revista "The Economist", aleitou que existe método na aparente loucura de Chávez: "Seu cálculo confessado é que ajudando a provocar dificuldades para os Estados Unidos, simultaneamente em muitos lugares, pode provocar o colapso do 'império'. Os regimes com que ele buscq assiduamente uma aliança são, neste cálculo, o núcleo de uma nova ordem mundial". E a revista alerta que o mundo deve levar mais a sério os desígnios do venezuelano (Friends in low places, 15-9-09). É 110 contexto apontado pela "Economist" que se insere a manobra do retorno clandestino de Manuel Zelaya a Honduras e sua acolhida na embaixada brasileira. Em um arroubo, a diplomacia lulo-petista acabou por revelar sua verdadeira face, demonstrando estar disposta a jogar pesado, acolitando ativamente o chavismo e seu '·'socialismo do século XXI", colaborando com a desestabilização da América Latina e minando, cada vez mais, a influência dos Estados Unidos na região.

Conclusão A crise hondurenha é altamente reveladora e constitui um grave sinal de alerta. O governo do presidente Lula, apesar de certas aparências, não está interessado em solucioná-la pela via institucional. Está desejoso, isso sim, de impor ao pequeno país centro-americano uma rendição ao chavismo. Em sua subserviência aos desígnios de uma ideologia de esquerda, a diplomacia nacional não reflete o pulsar de coração do Brasil como um todo, pois as políticas oficiais de há muito deixaram de levar em conta a fibra conservadora e cristã, uma das mais prestigiosas e incontestáveis componentes da mentalidade nacional. A agressividade e a radicalização que, de modo crescente, marcam nossa política diplomática, além de poderem afetar nossa Nação, arrastando-a a uma indesejável posição de beligerância, são avessas à mentalidade dobrasileiro médio. O que pensarão nossos compatriotas quando se virem envolvidos em conflitos que eles nunca buscaram, apenas porque o fanati mo ideológico de alguns os levou a aventuras como a presente? Que estranheza, que desconcerto, que sensação alucinante de estarem desidentificados da missão histórica da Terra de Santa Cruz, sentirão os brasileiros quando notarem que os recursos táticos da configuração geográfica do País, a infindáveis riquezas de seu ubsolo, de sua pujante agricultura e de sua dinâmica indústria, estarão sendo úteis à implantação de uma ide 1 gia estranha a seus anseios e contrária a seus princípios cristãos? T ma-se urgente que Manuel Zelaya abttnd ne a legação brasileira e deixe de fazer leia o quartel-general de onde lança seus apelos a uma insurreição que pode condu zir a uma luta fratricida entre hondurenhos. Luta da qual será responsável, em grantl m ·dida, nosso governo, se continuar a s r putr cinador da aventura chavista de Manu •l Z •laya.

Honduras necessita de paz e de respeito à sua soberania e não de gritos de guerra

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil

partidos da embaixada brasileira em Tegucigalpa. Mais do que tudo importa que a pequena Honduras, o Brasil e toda a América Latina fiquem a salvo das intrigas, das ameaças, das incursões e, de futuro, de uma possível hegemonia do "socialismo do século XXI". A nosso ver, é necessário que se forme uma frente ampla no País - fundada não tanto em filiações partidárias mas nos autênticos interesses do Brasil - a qual se oponha de modo efetivo aos desmandos de uma política diplomática que há muito deixou para trás os legítimos interesses nacionais e os trocou por uma ideologia imperialista. Ideologia esta que tenta ressusci.. tar em nosso continente, habitualmente pacífico, a esteira de humilhações, de confrontos, de misérias e de dores que as idéias marxistas impuseram à Rússia, aos países do Leste Europeu, à China, à Coréia do Norte e a Cuba, para mencionar apenas alguns deles. Encerramos este pronunciamento elevando nossas · preces a Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, suplicando-Lhe que não permita que ideologias alienígenas perturbem a paz da América Latina e transformem a Terra de Santa Cruz em foco de insegurança e de desagregação. São Paulo, 3 de outubro de 2009 Associação dos Fundadores Adolpho Lindenberg Caio Vidigal Xavier da Silveira Celso da Costa Carvalho Vidigal Eduardo de Barros Brotero Paulo Corrêa de Brito Filho Plínio Vidigal Xavier da Silveira

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cio para isso. Assim, "conservando a pureza de coração durante os anos de sua infância e adolescência, e entregando-se com ardor aos estudos e artes liberais, [Gertrudes] foi preservada pelo Pai das misericórdias de todas as frivolidades que, com frequência, arrastam a mocidade ". 2

Na conve1·são, rncebe os estigmas de Cristo

Santa Gertrudes Filha dileta do Coração de Jesus T ão ligada ao sobrenatural, mais parecia um anjo do Céu que uma criatura terrena. Viveu alheia às atrações mundanas e foi tida como "sustentáculo da religião" a

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ouca coisa se sabe da vida de Santa Gertrudes. Os cinco li vros de suas revelações nos oferecem poucos dados sobre sua própria vida. Sabemos que nasceu pelo ano de 1256. Seus pais a colocaram como aluna das beneditinas de Rodesdorf quando tinha apenas cinco anos. Era priora desse mosteiro outra Gertrudes, de Hackeborn . Mu ito piedosa e culta, esta priora, vendo a estupenda inteligência de sua homônima, incentivou-a muito não apenas na observância monástica, mas também nas atividades intelectuais que Santa Lioba

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CATOLICISMO

e s ua s freiras anglo -saxãs haviam tran mitido às suas fundações na Germânia. A pequena Gertrudes encantava a todos. "Nessa alma, Deus reuniu o brilho e o frescor das mais belas flores à candura da inocência, de maneira que encantava todos os olhares como atraía todos os corações " , diz sua biógrafa e contemporânea. 1 A educação de Gertrudes foi confiada à irmã da priora, Matilde, muito adiantada na via mística e na santidade. Esta procurava incutir nas almas de suas alunas o fogo do amor de Deus que devorava seu coração. E encontrou em Gertrudes um campo propí-

Entretanto, em seu afã de passar das línguas para a retórica, e desta para a filosofia, ela diminuiu um tanto seu primitivo fervor. Foi quando, aos 26 anos de idade, depois de um mês de terrível provação, Nosso Senhor apareceu-lhe e fez -lh e compreender sua falta : "Pro vaste a terra com meus inimigos e sugaste algumas gotas de mel entre os espinhos. Volta a mim, e te inebriarei na torrente de meu divino amor". 3 Explica a biógrafa: "Então Gertrudes compreendeu que tinha estado longe de Deus, em região desconhecida, quando, aplicando-se até esse dia aos estudos mundanos, descuidara de lançar seu olhar para a luz da ciência espiritual e, devido a um apego muito forte aos encantos da sabedoria humana, descuidara de lançar seu olhar para a luz da ciência espiritual".4 Nessa visão foram-lhe impressas, não de modo visível ext mamente, os sagrados estigmas de Cristo Senhor Nosso. Após tais acontecimentos, que ela chama de "sua conversão", entregouse com ardor ao estudo da teologia escolástica e mística, da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, sobretud o de Santo Agostinh o, São Gregório Magno, São Bernardo e Hugo de São Vítor. No mosteiro ela não exercia outra função senão a de irmã-substituta da inm -cantora, Santa Matilde. Apesar de sempre doente e lutando tenazmente c ntra suas paixões, atendia às inúm ras pessoas que a vinham consul-

tar, "com citações dos livros sagrados empregadas tão a propósito, que não permitiam objeções ".5 Para esclarecer seus consulentes escreveu em língua vernácula (as outras obras, escreveu-as em latim) alguns tratados, nos quais explicou passagens obscuras da Sagrada Escritura e transcreveu as mais belas sentenças dos Padres da Igreja. Infelizmente essas obras se perderam.

Santo Matilde, que também era favorecido com aparições de Nosso Senhor Jesus Cristo, aconselhava Santo Gertrudes em suas dúvidas

Sua biógrafa, que era uma de suas ardentes condiscípulas, afirma também que Gertrudes "era fortíssimo apoio da Religião, defensora tão zelosa da justiça e da verdade, que seria possível aplicar-lhe o que se diz do sumo sacerdote Simão no mesmo livro da Sabedoria: 'Sustentou a casa durante sua vida ', isto é, foi o sustentáculo da Religião; 'e em seus dias f ortificou o templo ', no sentido de que, por seus exemplos e conselhos, fortificou o templo espiritual da devoção e excitou nas almas um maior fervor".6

Pureza, humildade, bondade, fldelidade, caridade Num ano em que o frio ameaçava os homens, animais e colheitas, durante a Missa Santa Gertrudes implorava a Deus que desse remédio a esses males. E teve a seguinte resposta: "Filha, hás de saber que todas tuas orações são ouvidas ". Ao que ela replicou: "Senhor, dai-me a prova desta bondade fa zendo com que cessem os rigores do frio". Ao sair da igreja, a santa notou que os caminhos estavam inundados pela água produzida pela neve derretida. O tempo favorável continuou , e começou mais cedo a primavera. 7 Santa Gertrudes procurava esclarecer-se sobre suas visões, especialmente com Santa Matilde, que também era favorecida com aparições de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sobre as duas, tendo uma alma santa do mosteiro perguntado a Nosso Senhor "por que exaltava Gertrudes acima de todas e parecia não reparar em Matilde, Ele respondeu: 'Eu faço grandes coisas nesta, mas as que faço e ainda farei naquela são bem maiores'". E explicou o porquê dessa predileção: "Um amor todo gratuito me prende a ela, e é este mesmo amor que, por um dom especial, dispôs e conserva agora em sua alma cinco virtudes, em que me deleito: uma verdadeira pureza, pela influência contínua de minha graça; uma verdadeira humildade, pela abundância de meus dons, pois, quanto mais realiza grandes coisas nela, mais ela mergulha nas profundidades de sua indignidade pelo conhecimento de sua fragilidade ; uma verdadeira bondade que a leva a desejar a salvação de todos os homens; uma verdadeirafidelidade, pela qual todos os seus bens me são oferecidos pela salvação do mundo; enfim, uma verdadeira caridade que a faz amar-me com f ervor, com todo seu coração, toda sua alma e todas suas forças, e ao próximo como a si mesma por minha causa". 8

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Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Santa Gertrudes assim fala de graças recebidas desse divino Coração: "Além desses favores, me admitistes ainda à incomparável familiaridade de vossa ternura, oferecendo-me a arca nobilíssima de vossa divindade, quer dizer, vosso Coração Sagrado, para que nele

uma preparação para a morte, para proveito dos fiéis. Consistia em um retiro de cinco dias, o primeiro dos quais consagrado a considerar a última enfermidade; o segundo, a confissão; o terceiro, a unção dos enfermos; o quarto, a comunhão; e o quinto a dispor-se para a morte. Certamente ela se preparou desse modo para seu falecimento. Segundo a tradição, este deu-se pelo ano 1302 ou 1303, durante um de seus inumeráveis êxtases, provavelmente no dia 15 de novembro. Santa Teresa de Ávila e São Francisco de Sales promoveram muito o culto a essa santa extraordinária, mas só em 1739 ele foi estendido à Igreja Universal. 11 •

A Eucaristia era o centro da piedade de Gertrudes, que oferecia a Nosso Senhor todos seus atos e orações antes da comunhão, como preparação para acercar-se mais dignamente da Sagrada Mesa; e todos os que se seguiam à comunhão, como outros tantos a tos de ação de graças pelo excelso benefício. "Diz-se que Santa Gertrudes foi a santa da santa humanidade de Cristo, assim como Santa Catarina de Gênova o foi da divindade. Diz-se igualmente que Santa Gertrudes ensinou de riwneira admirável a teologia da Encarnação, que foi a teóloga do Sagrado Coração, e que, se não foi escolhida para ser a apóstola E-ma il cio au tor: do Sagrado Coração,foi pmsolimeo@catolicismo.com.br ao mesmo tempo a amante Notas: radiosa, a poetisa delica1. Revelações de Santa Gertruda e a profetisa dessa dedes, Livro!, ca p. 1, p. 9 voção. Encarnação, miseArtpress, São Paulo, 2003. As ciricórdia de Jesus e intimitações elas Revelações serão semdade confiante com Ele, pre desta obra. 2. Idem, cap. 1, p. 1O. Sagrado Coração, tal é, 3. Idem, Livro II, cap. 1, p. 1O. Uma das inúmeras aparições de Nosso com efeito, o domínio de 4 . Idem, Livro I, cap. 1, p. 1O. Senhor à santa, nas quais já preludia a Santa Gertrudes. A isso 5. Idem, Livro !, cap. 1, p. 11. devoção ao Sagrado Coração de Jesus convém acrescentar a Eu6. Idem, L ivro 1, cap. 1, p. 12. 7. Edelvives , El Santo de Cada caristia: poucos levaram Dia , Editoria l Luis Vives, S.A. , avante a comunhão freqüente tanto me deleite. Vós o destes a mim graSaragoça, 1949, vol. VI, p. 166. quanto ela, e com um sentido tão justuitamente ou o trocastes pelo meu, 8. Revelações, Livro I, cap. 3, pp. 19-20. 9. F. Ve rn e t, Gert rude la Grande, to das condições requeridas". 9 como prova ainda mais evidente de Dictionnaire de Théologie Catholique, Algumas das revelaçõe s de vossa terna intimidade. Por esse Letou zey et Ané, Éditeurs, Paris, 1903, Nosso Senhor a Santa Gertrudes Coração divino conheci vossos setomo VI, col. 1333. parecem preludiar as que faria quacretos juízas. Por ele me destes tão 1O. Revelações, Livro II , cap. 23, p. 83. 11. Outras obras consultadas: tro séculos depois a Santa Marganumerosos e doces testemunhos de rida Maria Alacocque sobre seu Savosso amor, que se não conhecesse - Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, grado Coração. Apresentou-lhe um vossa inefável condescendência, eu B loud et Barrai , Libraires-Éditeurs , Padia, por exemplo, seu divino Cora- fi caria surpreendida ao ve r-vos ris, 1882, tomo XJIJ, pp. 429 e ss. - Fr. Justo Perez de Urbe! , O.S .B , Afio ção sob a forma de um turíbulo de prodigalizá-los até mesmo à vossa Cristiano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, ouro, do qual subiam ao Pai Celesamada Mãe, se bem que Ela seja a tomo IV, pp. 354 e ss. te tantas colunas de perfumado inmais excelente criatura e reine - Gertrude Casanova, St. Gertrud the Great, censo quantas são as classes de hoconvosco no Céu ". 10 The Catholi c Encyc loped ia, Online ·Ed ition, www.newadvent.ori: mens pelas quais Ele deu a vida. Santa Gertrudes havia escrito

CATOLICISMO

Plinio CoITêa de Oliveira: Previsões e Denúncias em defesa da Igreja e da civilização cristã

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livro vem a lume em comemoração do centenário de Plinio Corrêa de Oliveira e do meio século da primeira edição de sua magna obra, Revolução e Contra-Revolução. Entre as numerosas qualidades da rica personalidade de Plinio Corrêa de Oliveira, uma sobressai: seu discernimento político providencial. Sobre os mais variados assuntos, ele fez muitos prognóstico e previsões, que freqüentemente revelavam-se como alertas ou denúncias, sempre em defesa da Igreja e da civilização cristã. Neste sentido, Juan Gonzalo Larrain Campbell escreveu numero o artigos para Catolicismo , que comprovam a oportunidade de tai denúncias e o acerto das previsões, em determinados aconteciment s que marcaram a História do século XX. Esses artigos estão comp ilados no livro que agora é oferecido ao público de língua cast Jhana.

No Brasil, pedidos para:

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Espírito Santo, que vivifica a Igreja 'com seus dons e seus carismas, vivifica também os povos e as nações, de modo a fazer com que desabrochem suas qualidades e características inconfundíveis

■ GREGÓRIO VIVANCO LOPES

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ssim como "um é o brilho do sol, outro a brilho da lua e outro o brilho das estrelas; e ainda uma estrela difere da outra no brilho" (lCor, 15, 41), assim também as nações e os povos, impulsionados por aquele "espírito suave e pacífico " de que nos fala São Pedro em sua primeira epístola (3,4), foram produzindo diferentes frutos de harmonia e santidade. Viajando pelo interior da França, é CATOLICISMO

impossível não sentir aquela doçura, aquela ordem, aquele equilibrio que se evola dos campos e das aldeias como um perfume retido da Idade Média, que os frenesis modernos não conseguiram estancar. Diferente é o que se percebe na Itália, onde a cada esquina ou a cada curva da estrada nos aguarda um inesperado, sempre genial. Por detrás do pórtico simples de uma igreja abre-se um templo deslumbrante, esplendoroso de arte, carregado de relíquias, freqüentado por um povo esfuziante de inteligência e ardor. Austera e sublime é a Espanha. Terra da grandeza e da coragem, das touradas e

do desprezo pela morte, sabe ser alegre na seriedade, cavalheiresca até na dor. O que dizer de Portugal, calmo e sadiamente popular, jeitoso no trato, empreendedor na ação, tão afim com o nosso Brasil? A vocação imperial da Áustria manifesta-se em seus monumentos, em seus edifícios, em sua magnífica hi stória, que parece impregnar até o ar que se respira em Viena. AAlem~nha, tão ciosa da ordem, com seu pendor para a música e para o canto, com seu espírito lógico e sua propensão para a filosofia.

Globalização: sinônimo de massificação e perda de identidade das naçôes . Tóqu io, Londres, Nova York (de cima para baixo) - o que as diferencia hoje?

Seria um eITo achar que essa é uma visão sentimental e saudosista dos povos. Ela é real e pode facilmente ser percebida por quem não se detém na análise superficial das coisas, quase como um burro diante de um palácio. Tais valores permanecem à maneira de brasas, ou ao menos de cinzas ainda quentes, de um fogo que ardeu inten_samente no passado. A partir de certo momento histórico, porém, um novo espírito revolucionário começou a soprar no mundo, como saído de uma anti-Igreja. Estéril, massificante e igualitário, ele faz com que as características regionais ou nacionais de cada povo cedam ante um mesmo modelo pré-concebido, um mesmo estilo, uma mesma opressão, seja em Nova York, São Paulo, Paris ou Tóquio. O cimento acachapante dos edifícios, o cinza uniforme do colorido, o degradado e deprimente das vestimentas são sempre os mesmos por toda parte, não têm original idade. A pretexto de igualdade, o espírito moderno veste os povos com uma camisa de força e tira a cada qual sua legítima espontaneidade. A pretexto de liberdade, faz saltar como uma mola, das cavernas profundas da alma humana vulnerada pelo pecado original, os instintos desregrados e os vícios de toda ordem que ali dormiam. A pretexto de fraternidade, suprime a caridade, jogando os pobres contra os ricos e fazendo as raças se digladiarem entre si. O antigo espírito, o da Igreja, é construtivo, enquanto o novo é demolidor; o antigo é vivificante, o novo é letal; o antigo é protetor de tudo quanto é bom, belo e verdadeiro, por isso é hierárquico, harmoniza as desigualdades legítimas e proporcionais, é casto, é santo, constitui uma escada de ouro para que os homens subam até Deus. O novo é igualitário, massificante, impuro até o grau da lascívia, é uma rampa lamacenta que arrasta para o Inferno. É por isso que, com o·coração transbordante de confiança na intercessão de Nossa Senhora, pedimos: Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem Terrae - Enviai, ó Deus, o vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da Terra. • Email do a utor: gregorio @cato licismo.com. br

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anos, depois arcebispo de Milão, seu ideal de episcopado foi realizado plenamente em sua arquidiocese mediante as reformas do Concílio de Trento. Faleceu aos 46 anos, sendo considerado uma das figuras exponenciais da Contra-Reforma.

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1 TODOS OS SAN'l'OS Celebrada já no século V como festa de Todos os Mártires. Posteriormente se deu à festa um caráter mais universal, sendo fixada neste dia. É a comemoração da Igreja Triunfante, formada por todos os bem-aventurados, mesmo os não-canonizados, que já gozam da glória eterna.

2 COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS Comemoração da Igreja Padecente, formada pelas numerosas almas que sofrem no Purgatório. "Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos; diariamente, do dia 1 º ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice; nos restantes dias do ano, Indulgência Parcial (Enchir. lndulgentiarum, nº 13 )".

3 São Martinho de Porres, Confessor

+ Lima, 1639. Mestiço, descendente de cruzados pelo lado paterno, sua .mãe era uma escrava liberta. Entrou como "doado" para um dos conventos dominicanos de Lima, onde levou uma vida extraordinária pela humildade, penitência, caridade e dom de milagres.

4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor

+ Milão, 1584. Cardeal aos 21

Santos Zacarias e Isabel, pais do Precursoi~ São João Batista + Palestina, séc. 1. Sua fé mereceu-lhes, já na velhice, gerar aquele que prepararia os caminhos do Salvador.

6 São Nuno Álvares Pereira , Confessor + Lisboa, 1431. Armado cavaleiro aos 13 anos, Condestável de Portugal aos 25, a ele D. João I deveu seu trono, e Portugal sua independência, pela retumbante vitória em Aljubarrota. Primeira Sexta-feira do mês.

7 São Vilibrardo, Bispo e Confessor + Alemanha, 739. Nascido na Irlanda, foi sagrado bispo de Echternach, de onde seus missionários partiam para evangelizar a Renânia. Seu zelo chegou até a Dinamarca. Primeiro Sábado do mês.

8 São Claro, Confessor + Tours, 386. Pertencente a família de alta nobreza, foi ordenado sacerdote ainda jovem, deixando tudo para ir viver junto ao grande bispo de Tours, São Martinho.

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10 São Leão I Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja

+ Roma, 461. Governando a Igreja por 21 anos durante a invasão dos bárbaros, lutou contra os hereges eutiquianos e donatistas, deteve o huno Átila às portas de Roma, defendeu intrepidamente os direitos da Sé Apostólica, incrementou e deu novo esplendor às cerimônias litúrgicas. Por tudo isso, recebeu da posteridade o título de "Magno".

15 Santo Alberto Magno, Bispo e Doutor da Igreja + Colônia (Alemanha), 1280. Pouco dotado para o estudo, mas grande devoto de Maria, d'Ela recebeu a ciência que lhe valeu de seus contemporâneos o título de Doutor Universal. Foi professor de Santo Tomás de Aquino.

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+ Candes (França), 397. Originário da Hungria, seus pais eram pagãos. Já como soldado imperial, foi batizado aos 18 anos e tornou-se discípulo de Santo Hilário de Poitiers. Como bispo de Tours, sua atividade pastoral foi infatigável e fecunda, sendo considerado um dos apóstolos das Gálias.

+ Vitebsk (Rússia Branca), 1623. Bispo de Polozk, na Polônia. "Em ódio da unidade e verdade católica.foi cruelmente trucidado pelos cismáticos " (do Martirológio).

17 Santa Isabel da Hungria , Viúva

+ Turíngia, 1231. Filha do rei da Hungria, casada com o .duque da Turíngia, enviuvou aos 20 anos com três filhos . Sem recursos, abandonada e perseguida pelos parentes do marido após a morte deste, ofereceu seus serviços a um hospital de leprosos, falecendo na paciência, pobreza e humilhação ao 24 anos de idade.

18 Dedicaçílo das basílicas de São Pc(lr•o e São Paulo Na primeira, localizada no Vaticano, enconlra-se o túmulo de São Pedro, o primeiro Papa; a segunda, na Via Óstia, foi construída no local do sepultamento de São Paulo.

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Santo Estanislau Kostka, Confessor + Roma, 1567. Pertencente a uma das mais nobres famílias da Polônia, sua vida foi palmilhada de maravilhas. Recebido por São Pedro Canísio no noviciado da Companhia de Jesus na Alemanha, foi enviado a Roma e paternalmente acolhido por São Francisco de Borja.

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Dedicação da Basílica de São .João de Latrão, Roma

+ Roma, 1811. Nobre espanhol

Catedral dos bispos de Roma, foi das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao culto cristão, consagrada por São Silvestre em 324.

de origem italiana, entrou aos 15 anos para a Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao magistério e ministérios apostólicos .

São .José Pignatelli, Confessor

22

(Vide p. 36)

12 São Josafá, Bispo e Mártir

21 APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA

Santa Gertrudes, Virgem

11 São Martinho de Tours, Bispo e Confessor

família real francesa, distinguiu-se desde cedo pela imensa caridade para com pobres e desvalidos. Fundou com São João da Mata a Ordem da Santíssima Trindade, para a libertação dos cativos entre os mouros, um dos mais graves problemas da época.

Santos Roque Coniálcz e Compa11l1ciros, Mártires + Rio Grande do Sul , 1628. Missionários jesuítas que evangelizaram a região das Missões. Na de Caaró (RS), quando o Pe. Roque terminava a missa, fndi sublevados pelo pajé partiram-lhe a cabeça com a clava. mesmo fizeram com o Pe. Afonso Rodríguez. O Pe. Juan dei astillo tinha sido martirizado anteriormente, na missão de Pi rapó.

20 Suo l•'dix de Valois,

Conl'cssor

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rl'roid ( rança), 1212. Da

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO Festa instituída em 1925 por Pio XI, para proclamar a realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo.

23 São Clemente l, Papa e Mártir

26 São Pedro de Alexandria, Bispo e Mártir + 311. "O historiador Eusébio saudava-o como um desses pastores divinos pela vida virtuosa e por sua sagrada eloqüência. Foi uma das últimas vítimas das perseguições romanas" (do Martirológio Romano) .

27 FESTA DE NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA Santa Catarina Labouré, Virgem

+ Paris, 1876. Recebeu de Nossa Senhora a revelação da Medalha Milagrosa, que tantas graças, conversões e milagres tem obtido em todo o mundo.

28 Santo Estêvão e Companheiros, Mártires

+ Roma, séc. 1. Terceiro sucessor de São Pedro, conheceu os Apóstolos e conviveu com eles. Sua carta dirigida aos Coríntios é documento fundamental para comprovar as teses do primado universal do Bispo de Roma e da constituição hierárquica da Igreja.

+ Constantinopla, 764. Monge do Mosteiro de Studios, foi martirizado com centenas de outros companheiros por terem defendido o culto às imagens.

24

São Francisco Antonio Fasani, Confessor

Santos André Dung-Lac e Companheiros, Mártires + Vietnã, séc. XVI. Vietnamitas "convertidos pelos missionários dominicanos que haviam começado a evangelizar a região.foram martirizados sob a acusação de estarem introduzindo no país uma religião estranha" (do Martirológio Romano).

Seró celebrada pelo Revmo . Padre David Francisqui ni, nas se guintes intenções : • Missa de Finados pelas santas almas do Purgatório, rogando a intercessão de Nossa Senhora da Meda lha Milagrosa - devoção celebrada no dia 27 de novembro - pelo sufrógio das almas de parentes e conhecidos dos leitores de Catolicismo .

29 + Itália, 17 42. Franciscano no convento dos Frades Menores Conventuais de Lucera, doutorou-se em Teologia, tornandose exímio pregador, diretor de almas, conselheiro, defensor dos pobres e humildes.

30 Santo André Apóstolo, Mártir + Séc. I. Irmão de São Pedro,

Santa Catarina de Alexa ndria, Virgem e Mártir

foi dos primeiros discípulos de Jesus. Pregou o Evangelho na Ásia Menor e nos Bálcãs, onde foi crucificado numa cruz em X (Cruz de Santo André). É o patrono das vocações.

+ Séc . IV. Uma das santas mais populares dos primeiros séculos, aos 17 anos tinha recebido o dom da sabedoria, de tal maneira que era tida como a mais sábia das jovens do Império.

Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.

25

Intenções para a Santa Missa em novembro

Intenções para a Santa Missa em dezembro • Missa de Natal, suplicando ao Divino Menino Jesus, por mediação de sua Mãe Puríssima, que conceda abunda ntes e especiais graças às famílias de todos aqueles que nos apoiaram ao longo deste ano de 2009 .


-

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raying the Rosary for Arnerica ... As human efforts fail to solve America's key prob\ems, we turn to God, through His Holy Mother, asking His urgent help. • 1'Fl' A ,·,·ta \'eedi Fati111a • ww11·.r,,,wxr, The Amcncan • - 111 ·

Estados Unidos: Recitação pública do Rosário S alvai a América através do Rosário -Ardente súplica a Deus. Sob este lema realizaram-se recitações do Santo Rosário em 4.337 localidades americanas, no mesmo dia e hora. Ili FRANCISCO JOSÉ SAIDL

N

ove de outubro, o sábado mais próximo da celebração da última aparição da Virgem Santíss ima em Fátima, foi a data fixada para a recitação do Santo Rosário em logradouros públicos dos Estados Unidos, promovida por A América Necessita de Fátima, uma iniciativa da TFP norte-americana. Organizado pela primeira vez em 2007, o evento vem crescendo a cada CATOLIC I SMO

ano. Desta vez fo ram 4.337 os locais onde se realizam as recitações públicas do Rosário. O mai s significativo foi o que se realizou no Rockef eller Center, em Nova York. Voltados para a catedral de São Patrício, dezenas de membros da TFP americana, acompanhados de supporters da entidade e do público em geral, exatamente ao meio-dia rezaram o Rosário, entremeado de cânticos. A consagração a Nossa Senhora, segundo o método de São Luís Grignion de Montfort, foi o fe-

cho de ouro desta importante manifestação. No dia seguinte, dois cooperadores da TFP americana partiram para Portugal com o objetivo de depositar junto à imagem da Virgem de Fátima 4.337 rosas, em nome de cada um dos .que lideraram [vide relato ao lado] a manifestação em igual número de logradouros da imensa nação americana. •

Resumo do relato do Sr. Timm Reese (enca rregado da recitação do Rosário em São Bernardino (Ca lifórnia) Nossa fa mília organizou a recitação do Rosário perto do centro da cidade onde moramos. Iniciamos também ao meio-dia, para nos unirmos com as demais recitações nas outras cidades americanas - milhares e milhares de pessoas rezando ao mesmo tempo por nossa pátria. Em nosso local compareceram 31 pessoas. Com muita devoção a Nossa Senho,ra, rezamos 15 mistérios do Rosário e cantamos hinos diante do National O range Show (local utilizado para convenções e conferências), numa esquina bem movimentada. Ostentamos nossas faixas, com palavras de esperança pela conversão de nosso país e de seus líderes, e alçamos uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. Os transeuntes paravam e liam com muita atenção as faixas, e muitos pediam informações para participarem da próxima reoitação pública do Rosário.

E-rnai1 para o autor: cato licismo@catoljcismocom.br

NOVEMBRO 2009 -


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Gigantesca marcha contra o aborto em Madri Q uase 2 m:ilhões de anti-abortistas dominaram a capital espanhola, num protesto contra a atual lei do aborto no país e para impedir sua ampliação, desejada pelo governo socialista 111 MIGUEL DA COSTA CARVALHO V1DI GAL

m 17 de outubro, tive a honra de participar da grande manifestação que encheu as principais avenidas de Madri: 41 associações da sociedade civil espanhola nomearam a cidade Capital of Life e reuniram quase 2 milhões CATOLICISMO

de pessoas sob o lema Cada Vida Importa, para protestar contra a atual lei abortista vigente na Espanha, bem como rejeitar o aberrante projeto de lei proposto pelo governo socialista. O aborto nunca foi aceito pelos espanhóis, embora manobras políticas escusas o tenham parcialmente legalizado no país em 1985. O governo socialista NOVEMBRO 2009 -


Importantes jornais do Espanha noticiaram o protesto anti -aborto com grande destaque

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de organizações americanas, itali anas, alemã e francesa se dirigiram ao público. Assim, o Sr. Georges Martin, representante da associação francesa Droit de Naítre (Direito de Nascer), lembrou que o resultado de 34 anos de lei do aborto em eu país foi terrível; mas, se o projeto e panhol for aprovado , será sem dúvida o mais grave ordenamento jurídic da Europa em matéria de aborto.

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do primeiro-ministro Zapatero, que vem co lecionando quedas de popul aridade, enviou ao Congresso um projeto de lei que amplia a prática do aborto e, entre outras medidas, autoriza adole centes de 16 anos a abortar sem consentimento dos pais. As associações brasileiras Brasil pela Vida, Ju ventude pela Vida e Nascer é um Direito, após aderirem à manifestação anti-abortista, fo ram convidadas a participar de for ma mais ativa na mesma. Tive a oportunidade de pronunci ar, em nome -

CATOLICISMO

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EL RÍO DE LA VIDA

delas, um di curso em apoio àquela importante iniciativa de defesa de dois princípios básicos da civili zação cristã: o da vida e o da fa mília; e transmitir aos participantes a garantia de que tais princípios seriam sempre defendidos em nosso País por todos os aderentes das referidas associações.

* * * O Foro Espanhol pela Família organi zou o que provavelmente fo i a princi-

pai marcha anti -abortista de todo o mundo. A mensagem era clara: "Queremos f azer chegar ao mundo a mensagem de que o debate sobre o aborto não está fechado, e que somos milhões de pessoas comprometidas a não deixar que se encerre o assunto até que não haja mais nenh um aborto", co mo dec la rou Lo urdes dei Fresno y Torrecill as, uma da, mais atuantes organizadoras da marcha. Suas palavras fora m repetidas no discurso pronunciado pelo presidente do Fo ro Espanhol pela Família, Benigno Blanco. Lembrou ele ainda que a manifes tação não pod ia encerrar-se ali , mas deveria ser o início de uma luta que cada um teri a de conduzir no dia-a-di a, sobretudo em face de leis e pes oa que se esforçam por destruir a vida. Blanco pediu ainda que se estabeleça uma união entre todos os pró-vida do mundo, e que nenhum egoísmo particular faça separar os soldados des e combate. Organizações de todo o mundo aderiram à imponente manifestação. Além dos representantes bras ileiros, membros

D stacamos alguns pontos desta marcha espanhola, genuinamente popular. m primeiro lugar, a quantidade de pessoas pr sentes: o cortejo deveria transcorrer tt o somente numa larguíssima avenida que li a aPorta doSolaté aPortadeAlcalá; es e ·spaço foi insuficiente, e as principais avenidas da região central, como Goya e Serrano, também foram ocupadas. Nesse entid st ilustrativos os vídeos filmados por h li · >pteros que sobrevoaram o centro muclri lcnho. Ademais, os maiores jornais ourop us viram-se obrigados a estampar cm suns primeiras páginas um tema que costuma r •ccber pouco destaque da mídia: manif'·stuç, o pública de peso contra o aborto. Tr ·s dias após o acontecimento, ainda havia d but 'S cm colunas dos principais peri li ·os sobre o enorme sucesso da marcha. nv m cl stacar outro as pecto: a convie ·, o dos presentes. Não se tratava de simp l s protesto contra o projeto de lei do gov mo socialista, mas uníssona exigência de qu o aborto volte a ser considerado crime. M 'Smo estando presentes diverso líder s políticos do PP (partido considerado d centro-direita), os manifestantes ressaltaram que, durante oito anos de govern , o ex-primeiro-ministro Aznar (PP) , também ele participante da manifestação, não se ocupou do tema aborto, permanece ndo a. atual lei abortista. As promessas de uma luta constante cm d 'Íesa da vida foram marcante . Mas s r, preciso que esse movimento siga as pul uvras de Benigno Bla.nco: que a luta nt o st• limite a uma única manifestação. Mudri foi a Capital of Life 2009. Qual s ·r , u ti • 20 1O? • li

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Poloneses solidários aos espanhóis no combate ao aborto or iniciativa da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga e da Federação Polonesa dos Movimentos em Defesa da Vida, numerosos poloneses realizaram no di a 17 de outubro manifes tação contra o aborto di ante da embaixada da Es panha em Varsóvi a, sob o lema Solidários com os espanhóis em def esa da vida. Empunhando cartazes e bradando slogans, os poloneses solidari zaram-se com a grande manifes tação de centenas de milhares de pessoas reali zada nesse mesmo dia em M adrid . Entre os slogans e cartazes, destacara m-se os seguintes: Cada vida é inestimável. Zapatero, não mate a consciência da Espanha. Os manifestantes rezaram um terço na intenção das vítimas do aborto, pedindo a Deus que não permita na Espanha a aprovação do projeto de Jei que admite o aborto até entre adolescentes de 16 anos, mes mo sem autorização dos pais. O projeto pretende ainda obrigar os médicos e todo o serviço hospital ar a reali zar abortos, sob as penas da lei, sem direito a alegar a questão de con sciência.. No final do ato, os manifestantes entregaram ao embaixador da Espanha na Polônia um apelo contrário ao iníquo projeto de lei.

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NOVEMBRO 2009 -


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Colombianos solidários

Polônia:

aos espanhóis

Vl Congresso Conservador

no combate ao aborto ■ Lu1s FERNANDO EscosAR

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o dia 17 de outubro, centenas de milhares de pessoas encheram as ruas de Madri para protestar contra o aborto (vide p. 46). Manifestações com o mesmo objetivo realizaram-se em outros locais em todo o mundo. A Colômbia não ficou atrás: a multidão que saiu às ruas de Medellín e Bogotá contou com caloroso apoio dos passantes. Às 10 horas, as representações espanholas em ambas as cidades viramse cercadas por estandartes, faixas e numeroso público, que ali se congregou para iniciar uma caminhada. Em Bogotá, ela seguiu até a casa do embaixador espanhol. Uma imagem de Nossa Senhora de Fátima presidia a marcha, seguida pelos jovens da associação Colômbia necessita de Fátima , entidade co-irmã da família de associações que, em diversos países, defendem a tradição, a família e a propriedade. À manifestação uniram-se destacados políticos católicos e uma constelação de entidades religiosas e civis. No final, foi entregue uma carta de protesto ao secretário do emb aixador, que garantiu fazê-la chegar às mãos do primeiro-ministro espanhol. Um dos participantes declarou: "A marcha foi brilhante, seja pelos brados contra o aborto, seja pela recitação do Santo Rosário; ela cortou a aparente apatia dos transeuntes, os quais aplaudiam os manifestantes. O trânsito numa importantíssima avenida parou, e os motoristas esperaram sem reclamar". E- mail do autor: catolic jsmo@catolicismo com br

Nas fotos, aspectos da manifestação em Bogotá

CATO LICISMO

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LEONARDO PRZYBYsz

uma atmosfe ra de muita amizade e consonânc ia de idéias, rea lizou-se no dia IO de outubro e m racóvia (Polônia) o V/ ongresso Conservador, 1 ro111ovido an ua lmente pelaAssociação pela Cultura Cristií Padre Piotr Skarga, organização co-irmã ele TFPs europ ius. Foi grande a animação no au litório ela Escola ele M1ísi ·11 d· racóvia, com cerca ele 150 participantes ele cliv ·rs11s r ·giões ela Polônia. O tema deste ano fo i: Balcmço dos 11/ti1110,1· 20 anos (1989-2009) - Os católicos em

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tr<111.\'(onnações sócio-políticas.

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os orado res, destacaram -se Andrzej Nowak, prol' ·ssor dl' l li stória da Univer. id ade Jag ie lon (Cra·óv i:i ), q11 • dl•senvolveu o tema A l?ússia diante da encm zi/110 /11 do l'ivilização; e Grzego rz Kuc harczyk, da Acad ·111i11 Po lon •sa de C iências e hi sto ri ador da Univer idad e dl' l101.11an, c uja expo. ição inti tul o u-se O projeto de 1111Nl1•mização sem Deus e cont ra a tradição - Exemplo r/(I ! 10/ii11ia após 1989. Malhi as vo n Gersdorff (TFP a i ·11 111 ) discorreu sobre a Ale manha após a queda do Muro dl' lkrl im; e Juli o Loreclo (TFP ita liana) clesenvolv · u 1 ·11 H1s refere ntes à !?evolução ultural na Itá lia nos úliim os 20 anos . ausou gra nd • i111 pressão aos parti c ipa nt s a pr ~ec,:fio do filme Soviet lfistory, q ue comprova a colaborac;ao entre naz ismo • ·omun is mo dura nte a eg uncl a :11l•1n1 Mundial. A um belo concerto d · música clássica, seguiu-se soil'lll' _jantar de e ncerram •nt o num cios mag níficos , ·il õcs 1•ol 1ros do convento dos l'rn nciscanos, do século X II 1. Acima e à di re ita , l'l a •rantes cio Congresso. •

N OVEMBRO 2009 -


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Jóia criada por Deus para nos incutir a esperança e o desejo do Céu ri

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

erta vez, no terracinho de uma fazenda em Amparo (SP), onde eu me encontrava, de repente um beija-flor parou no ar e começou a sugar o néctar das flores de uma trepadeira. Ele osculou flor por flor. Com seu vôo semelhante ao trajeto de uma seta, ostentando um biquinho pontudo, o beija-flor descia e parava. Tão inflexível e retilíneo no voar, ficava trêmulo na hora de sugar. Começava. com uma série de pequenos movimentos, esvoaçando em torno da flor e haurindo dela o mel que conseguia. No seu bater de asas, nenhuma das vibrações repetia as outras. Dir-se-ia um instrumento musical tocando músicas sempre novas, uma composição nova que caracterizava o estilo beija-flor. Refleti que ele tem lá suas regras que não conheço, e me perguntei quando cessaria essa movimentação. De repente, de modo inopinado, ele largava a flor. Nesse abandonar tão completo, parecia que aquela flor nunca existira para ele, e sem a menor vacilação dirigia-se para outra. Era a própria imagem ela decisão: quando é hora ele escolher, não hesita;·quando é o momento ele sugar, empenha-se e suga; quando é a ocasião de partir, abandona e rejeita. Tão brasileiro nos movimentos, o beija-flor não conhece o sentimento nacional das saudades. Abandona a flor sem saudosismos, mas também sem rancor. Tem-se a impressão de que, quando extraiu o último néctar, ficou liberado e voa como um foguete para outro lugar. Tudo isso é realizado com tanta leveza, tanta delicadeza, tanta distinção, que dir-se-ia uma dança. De fato, é muito ma.is cio que dança, é vôo. Nessa espécie ele "filmagem" em câmara lenta, cada um pode rememorar as impressões que conservou, vendo novamente o esvoaçar de um beija-flor. Ficamos encantados ao observar que no universo dos animais há dois lindos exemplos de movimentos: um, o do leão que anda; outro, o do beija-flor que voa. Como são diversos! Quantos seres Deus criou para nos entreter! O beija-flor azul e vereie é uma jóia preciosa que Deus criou para o homem poder olhar, nunca segurar, e sentir o encanto da coisa fugidia que passa. Neste vale de lágrimas, representa bem a esperança e nosso desejo do Céu. A Providência divina criou nesta Terra ele exílio vários seres fugazes, ótimos, mas que deixariam de ser ótimos se não fossem fugazes, para assim nos apresentar umas tintas do Céu . Porque a Terra, sendo um lugar de exílio, não pode oferecer essa impressão celeste estavelmente. Deus teve pena de nós, e enviou-nos assim uns vaga-lumes cio paraíso celeste, para acenderem e apagarem, e desse modo vislumbrarmos a felicidade celestial. •

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 26 de outubro de 1980. Sem revis o do utor.



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lJMARI

1 PuN10 CoRRÊA o~. OuvE1RA

Um dogma que desperta o ódio do homem igualitário No dia 8 deste mês a Igreja celebra a festa da Imaculada Conceição. Em memória desta data, transcrevemos comentário de Plínio Corrêa de Oliveira, extraído de conferência em 16-6-1973.

"O

dogma da Imaculada o nceição de Nossa Senhora íproc lamado pelo Bem-aventurado Papa Pio IX, mediante a Bula fnejfabilis ( J 854)] ens ina que Ela fo i concebida sem pecado ori ginal. Desde o primeiro instante de seu ser, em nenhum mo mento teve qualquer nódoa da mácul a original. A lei inflexível, pela qual todos os descendentes de Adão e Eva até o fim cio mundo nasceri am co m o pecado origin al, foi suspensa por Deus quanto a Nossa Senhora. De ma ne ira que Ela não ficou sujeita às misérias e às más inclinações que pesam sobre todos os homens. Tudo na Santíssima Virgem tendia harmonicamente para a verdade e para o bem; tudo n'Ela inclinava-se para Deus. Ela era cheia de graça! Ora, ens inar que uma mera criatura tive. se esse privilégio extraordinário é fundamenta lmente anti -iguali tário. E proclamar e se dogma era defin ir uma tal desiguald ade na obra de Deus, uma tal superioridade de No sa Senhora sobre todos os outros ser s, que ev idente mente have- j ria de faz r s1Jumar de ód io todos os es- -s ê píritos igualitários". • ~

Dezembro de 200H

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Exc1mTos

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CARTA DO DIRETOR

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PAGINA MAmANA

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CORRESPONOl~:NCIA .

Madonna dei Fiori (Itália)

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PALAVRA oo SAc1mooTI!:

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RJ<:AUDAOI-: CONCISAMENTE

Muro de Berlim - 20 anos depois

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EN'l'RIWISTA

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CAPA

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VmAs DE SANTOS

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Nº 708

A polêmica que envolveu D. Cardoso Sobrinho

Hó 20 anos caio o Muro de Berlim

A proibição de crucifixos na Itália

O Natal de outrora em oposição ao neopaganismo Santo Ambrósio

Qu..: NossA SENHOIM C110RA?

SANTOS E Fi-:s'l'AS

44 AçAo

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CoNTIM-R1wouic10NÁRIA

52 A.Mm1~NTES, CosTUMl•:s, Cnr11,1zAçõ1~s A Virgem de Coromoto: majestade e misericórdia

Nossa Capa : A adoração dos Reis - Jan Gossoert (Mabuse), séc. XVI, Galeria Nocional (Londres)

DEZEMBRO 2009 -


Nossa Senhora das Flores de Bra Caro leitor,

Diretor: Paulo Corrêa de Brito' Filho

Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116

Administração: Rua Javaés, 707 Bom Retiro CEP 01130-010 São Paulo • SP

Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331-6851

Correspond6ncla: Caixa Postal 1422 CEP 01031 -970 São Paulo · SP

Impressão: Prol Editora Gráfica Lida .

E-mail: catolicismo@terra .com.br Home Page: www.catolicismo.com.br

Que comentários tecer a propósito do Santo Natal, que se comemora neste mês? Nada nos pareceu mais oportuno do que reproduzir o luminoso escrito de Plinio Corrêa de Oliveira sobre a atmosfera crepuscular que, já há três décadas, envolvia esse acontecimento augusto entre todos. Desenvolvem ainda temas natalinos duas matérias de discípulos dele, atuais colaboradores de Catolicismo, evocando aspectos perenes que circundam a vinda d Nosso Senhor ao mundo. · Em seu artigo No repúsculo do sol de justiça, publicado na "Folha de S. Paulo" em j aneiro de 1979, Dr. Plinio combatia a decadência a que o neopaganismo laico reduzira o Natal, substituindo seu perfume sobrenatural por "valores modernos" como economia, saúde, sexo e máquina. O que dizer então dessa magna comemoração da Cristandade hoje, 30 anos depois? Infelizmente, tal decadência não fez senão aumentar! E, à medida que a busca infrene dos prazeres e de uma vida puramente material vai fazendo a Terra di tanciar-se do Sol de Justiça, nessa me ma medida os homens vão loucamente construindo estruturas e promulgando leis que abstraem do Criador, muitas vezes voltadas diretamente contra Ele e seu div inos preceitos. Todos os autênticos católicos, fiéis à doutrina sempiterna da Santa Igreja - única verdadeira - devem e empenhar para que as graças, luzes e alegrias do genuíno espírito natalino voltem a reinar na sociedade. E este vencerá de modo fulgurante, conforme diversas revelações feitas a almas piedosas, entre elas a profecia da própria Mãe de Deus em Fátima, anunciando o triunfo do Imaculado Coração de Maria - a aurora bendita do Reino de Maria. Desejo a todos um Santo e Feliz Natal sob as bênçãos do MeninoDeus!

Preços da assinatura anual para o mês de Dezembro de 2009: R$ R$ R$ R$ R$

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ara tristeza dos que não crêem e alegria dos que têm fé, aparecem cada vez mais fenômenos religiosos que a ciência só pode definir como inexplicáveis. O papel do cientista não é declarar que algum acontecimento é ou não milagre. Isso corresponde às autoridades religiosas. O papel dele é analisar com rigor científico os dados apurados e verificar se há ou não uma explicação do ponto de vista das leis admitidas pela ciência que ele estuda. Um médico especialista em câncer, por exemplo, não pode decidir se houve milagre em determinado caso de cura. Ele apenas analisa se uma cura que ocorreu é possível ou provável de acordo com a prática médica. Após isto ele emite o veredicto: tal fato é explicável; ou é inexplicável. Vejamos o exemplo de um fato inexplicável de acordo com o veredicto dos cientistas. Um fato que se repete há mais de 600 anos, e vem sendo analisado de forma científica há quase 300 anos.

Um florescimento impossível

ISSN 0102-8502

Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:

D evoção m.ais cqnhecida na Itália como Madonna dei Fiori tem sua origem num fato inexplicável, mas comprovado, que se repete há 673 anos: os arbustos que florescem em pleno inverno.

106,00 150,00 280,00 460,00 10,00

Em Jesus e Maria,

9:~7 DIRETOR

paulobrito @catoJicismo.com.br

CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.

Como se sabe, no inverno não desabrocham flores, e o motivo é simples: a temperatura não permite que elas floresçam. Quando neva, as dificuldades para o surgimento das flores aumentam ainda mais. Isso é até uma banal.idade para qualquer pessoa que viva em regiões com as quatro estações bem definidas. Na Itália há um arbusto da família das rosas (o nome científico é Prunus spinosa L. ), que alcança três metros de altura e é

muito usado para erguer cercas vivas ao redor de jardins. Floresce de março a abril, ou seja, na primavera. Mas num local da cidade de Bra, naquele país, as flores aparecem em dezembro, portanto no inverno, e duram ao redor de 20 dias, mas tem acontecido de durarem muito mais. Isto ocorre independentemente de haver ou não sol, ou se existe pouca, muita ou nenhuma neve. Mais chamativo ainda é o fato de plantas do mesmo tipo, cultivadas na vizinhança, não se comportarem assim; e quando uma muda desta planta é levada para outro lugar, ela segue comportando-se de forma excepcional. Estudos científicos sobre o florescimento impossível de Bra têm sido feitos desde L700 pelo Jardim Botânico da Universidade de Turim. Em 1882, Giuseppe Lanvini declarava que "o fenômeno trans-

cende as leis físicas e biológicas", confirmando o parecer emitido em 1817 por Lorenzo Roberto, químico e agrônomo de Alba. Em 1974, Franco Montacchini, que depois tornou-se diretor do Jardim Botânico, diagnosticou a perda do normal termoperíodo por parte da planta, e acrescentou: "Necessitaríamos determinar o motivo disto". Um dos mais famosos botânicos italianos, Augusto Béguinot, depois de rigorosas comparações das análises químicas realizadas em plantas comuns desse gênero (Prunus) e nesta planta Prunus extraordinária (as análises confirmaram que elas são idênticas), excluiu que o florescimento em dezembro seja devido a "alguma qualidade especifica que se possa constatar quimicamente" . Com humildade ele conclui: " Como cientista, não conheço e não uso a palavra mila-

DEZEMBRO 2 0 0 9 -


A enda ilustrada

gre, mas justamente como cientista devo dizer que as leis naturais que dirigem a vida dos Prunus spinosa não são suficientes para explicar este.fenômeno extraordinário de um duplo .florescimento".*

O milagre ... A esta altura, provavelmente, o leitor estará se perguntando: O que tem a ver esse fenômeno botânico com a Religião? Por acaso é um milagre ecológico? Não, nada di sso. Acontece que justamente onde se encontra essa pl anta deu-se uma manifes tação de Nossa Senhora, no dia 29 de dezembro de 1336. Nessa época, numerosos soldados eram contratados como mercenári os, e muitos deles não se destacavam pela disciplina nem pela virtude. E aconteceu que uma senhora, Egidi a Mathis, que estava grávida, voltava para casa quando foi atacada por dois soldados. Percebendo as más intenções deles, Egidia pediu auxílio a Nossa Senhora di ante de uma imagem muito rústica, pintada e colocada ali perto num pequeno nicho. Em redor dela havi a uma pl anta de Prunus spinosa. Nesse momento apareceu a Vi rgem, e bastou sua presença e sua luminos idade para pôr em fu ga os criminosos. Egidia, certamente impressionada pelo perigo iminente, deu à luz nesse momento e no

-CATOLICISMO

mesmo local, no meio do frio. Pegando seu filho recém-nascido, foi para casa e comunicou o que havia acontecido. As pessoas que foram ao loca l do fato se espantaram com o que viram: a pl anta estava toda fl orida, ao contrári o das outras da vizinhança. Como é fácil imaginar, a notícia chamou muito a atenção. Numerosas pessoas certificaram o fato, e desenvolveu-se no lugar uma especial devoção a Nossa Senhora, particul armente à medida que se repetia todos os anos o fenômeno do fl orescimento no meio do inverno. Em 1626 fo i concluída uma igreja no local, à qual se acrescentou outra em 1933. Um dos grandes devotos dessa aparição foi São José Bento Cottolengo.

inexplicável, mas comprovado Seri a facílimo para os incrédulos, ou para os inimigos de nossa Religião, constatar e demonstrar alguma falsidade no caso, se ela exi stisse. Tendo a ciência e a técnica chegado a grande desenvolvimento, fi cariam eles encantados em mostrar ao mund o um caso de tapeação, acobertado sob a aparência dum milagre. Poderiam, por exemplo, procurar algum documento hi stórico que demonstrasse a existência desse fe nômeno antes de 1336. Não fa ltariam ta is doc umentos

num país como a Itáli a, que conserva a trad ição de guardá- los cuidadosa mente desde o Império Romano. Também poderiam realizar outros tipos de testes científicos, bu scando uma expli cação natural. Acontece que esses testes fora m rea l\zados. Al guns anali saram o terreno, para verificar se por algum motivo a terra onde se encontra a planta é diferente do 'solo dos arredores. Nada encontraram. Outros reali zaram provas eletromagnéticas, pensando que talvez alguma corrente subterrânea pudesse provocar fenômeno tão estranho. Igualmente ficara m desapo ntados. Ape nas pud eram constatar, como cabe aos cientistas, que o fe nômeno é inexplicável. Algum leitor poderá ficar surpreso com este relato. Habituado talvez com imagens rn.irabolantes que vê a toda hora na TV ou no cinema, produzidas por e.feitos especiais, deve estranhar que nada tenha ouvido a respeito desse milagre. Mas tal surpresa seria realmente surpreendente, quando se conhece o cuidado todo especi al que a mídi a toma para evitar a divulgação de quaisquer fatos ou fenômenos que estimulem a verdadeirn fé dos cristãos. A tal ponto que as pessoas honestamente desejosas de conhecê-los têm de recorrer a outras fo ntes e meios, como faze mos nós. Em concreto, o relato desse milagre chegoume através de um amigo leitor de Catolicismo , ao qual muito agradeço. Depois de pesquisar sobre o assunto, decidi comparti lhá- lo com os demais leitores. Para quem tem fé, o mil agre é uma manifestação a mais do poder e da bondade de Deus. E para quem não a tem, o milagre gera um sério problema de consciência, pois lança dúvida sobre os fundamentos nos quai s se apóiam suas falsas certezas. Por isso mesmo, muitos preferem não o o lhar de fre nte. Também por isso mes mo, devemos rezar a Nossa Senhora para que eles tenham ao menos a honesti dade de reconhecer que o fa to é inexpli cável, como faze m os cientistas quando não há explicação natural para o fenômeno. Resta a ex pli cação sobrenatural, que sempre ex iste ! • E-mail do autor : vald isgri nste ins @cato lic ismo.com .br

Nota : * htlp://profez ie3111 .a lte r v i sta.o rg/ a rch i v io/ Maclonn aFiori .htm

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que este imporia um plebiscito a fim de eternizar-se no Poder) foi um ato previsto na Constituição daquela República. De modo que o artigo publicado na revista Catolicismo foi o contraponto necessário e chegou numa hora muito opo1tuna, dizendo claramente que, se ocorrer um conflito sangrento em Honduras, o governo brasileiro poderá ser culpado. (G.M.R. - RJ)

Incoerência lulista 12] No caso de Honduras, Ltila está sen-

Lula e Zelaya 12] O presidente Lula interferiu na crise hondurenha, dizendo que a comunidade internacional não pode aceitar situações que conspirem contra a democracia. Falando em democracia, pergunto ao presidente Lula: quantos votos teve seu amigo Raúl Castro para a presidência de Cuba? Quando terminará o mandato de Dom Raúl? quantos votos teve o concorrente? (E.J.T. - PR)

Brasil e Honduras 12] As intervenções da diplomacia brasileira em Honduras nos envergonham e dão saudades da época em que o Brasil tinha um digno corpo diplomático, que nos causava orgulho de ser brasileiros. Nosso ministro das Relações Exteriores agiu como se recebesse ordens de Chávez, e fez declarações como se fosse marionete nas mãos do caudilho venezuelano, assim como já é marionete de Chávez o cocaleiro Evo Morales. Também nos envergonha a nossa imprensa, deturpando o que se passou na pobre Honduras, tratando o caso como se fosse um "golpe". A grande imprensa nacional, sim, quis dar um "golpe" na inteligência do brasileiro, a fim de empurrá-lo para a posição esquerdopata, apresentando os fatos com uma visão caolha e escondendo a realidade: a destituição de Zelaya (por-

-CATOLICISMO

do usado como instrumento para conturbar a América Latina, e com isso estabelecer o bloco do dito "socialismo do século XXI", liderado pelo ditador Hugo Chávez. O pior: com apoio da ONU. Enquanto Cuba, dominada pela mais cruel ditadura castrista, é admitida entre as nações livres, Honduras é expulsa! Um monumento da incoerência lulista. O que aconteceu no país centroamericano não foi golpe de Estado, foi o contrário: o meio legítimo para se evitar golpe de Estado. Oxalá Honduras resista a essas conturbações, realize suas eleições e seja um obstáculo ao plano de se formar o sinistro bloco socialista, justamente 20 anos depois que bloco semelhante caiu de podre com o Muro de Berlim. (W.B.N. - SP)

Embaixada ou circo? 12] Inadmissível o modo como o Brasil está procedendo na crise hondurenha, fazendo uma palhaçada ao deixar Zelaya transformar nossa embaixada em circo e acampamento chavista. Até militares venezuelanos lá se encontram como guarda-costas de Zelaya. Um absurdo! O Brasil deveria respeitar a soberania do povo hondurenho!

(J.A.Q. -

RS)

Cântico celestial 12] O Canto Gregoriano é, sem dúvida alguma, quando bem executado, uma via pela qual o fiel pode atingir o Céu. Ouvi-lo é como estar no Céu, ouvindo os cantos dos próprios anjos. (E.J. - SP)

Terrorismo no Brasil

com qualquer representação do mal, como Judas. (M.V.C. - DF)

12] Que credibilidade pode ter este governo quando alimenta movimentos fora da lei, como o MST? O que os vândalos do MST, financiados pelo próprio governo, praticaram na fazenda da Cutrale? E mais recentemente, conforme notícia que li no Estadão do dia 4 deste mês [novembro], o que fizeram em três fazendas no sul Pará? Claramente os "sem-terra" praticaram atos terroristas! Se alguém duvidar, basta ver as fotos da baderna que fizeram. Há até breves filmagens mostrando aqueles te1TOristas agindo, devastando tudo nas propriedades rurais. Nem crianças e idoso foram poupados. Os "sem terra" matam o gado e deixam tudo apodrecendo pelos pastos. Entretanto, temos visto políticos que fazem demagogia para conseguir votos dos mais necessitados, apoiando essa quadrilha do MST. Mas este movimento terrorista, prejudicando a produção, prejudica também os mais necessitados, pois, aterrorizando o campo, colocando fogo em propriedades, provocam o encarecimento dos alimentos. A destruição de aca de grãos, sementes, casas de empregados, máquinas, currais, tratore , enfim, tudo que encontram de pé numa fazenda, é claro, encarece a comida também dos mais pobres, que o MST aJega proteger. Minha posição é que o MST se transformou numa milícia comunista sustentada com dinheiro público. (1.V.T. - SP)

12] Venho por meio desta dar meus efusivos parabéns pelo justo ataque a esta demoníaca e sofística aberração chamada darwinismo. A verdade deve ser dita, e foi o que Luiz Dufaur fez louvavelmente com sua crítica a Darwin. Parece-me difícil acreditar que um ser racional tenha descido a um tão baixo nível de degradação intelectual. Todo bom filósofo sabe que um ser, ontologicamente falando, nunca se converte em um ser de espécie distinta da sua! Infelizmente, porém, continua sendo verdade o que disse Donoso Cortês: o espírito humano tem sede de erro e de absurdo. Charles Darwin pode com toda razão ser colocado no negro rol daqueles monstros intelectualmente perve1tidos que envergonharam o gênero humano, e que nunca deveriam ter nascido. Foi este sofista de primeira grandeza um dos mais ativos colaboradores do diabo no século XIX. O genitor de Daiwin profetizou de modo acertado quando disse que ele haveria de envergonhar a familia. Antes tivesse envergonhado apenas os seus, mas envergonhou toda a espécie humana, ao menos a parte que pensa e possui um mínimo de bom senso. A sã razão agradece o referido ataque publicado na revista Catolicismo. (F.D.A. - RJ)

Aliança espúria

Sacramento matrimonial

12] Aquele que é presidente do Brasil

12] Na minha opinião, nosso erro é não

deveria se comportar como tal, e não ficar por aí dizendo bobagens, como essa que fez aumentar ainda mais seu des prestígio entre os católicos, ao afirmar que se Jesus estivesse no governo, teria que chamar Judas para fazer coalizão. Neste caso, mais que uma bobagem , foi um dito infame, que não podemos aceitar de modo algum. Cristo foi crucificado justamente por não ter feito coalizão alguma com seus algozes judeus. Ele jamais faria qualquer tipo de aliança

ver o casamento como um sacramento de amor deixado por Deus. Pai·a um casamento dar certo, precisamos em primeiro lugar amar a Deus sobre todas as coisas. Aí sim , superaremos qualquer problema em relação a casamento, trabalho e seja lá o que for. (S.M. -RJ)

Darwinismo: uma abe1ração

Obra contra-rnvolucionária

tempo para isto, de prontidão, e com alegria no coração, escrevo-lhes. Sendo leitor de Catolicismo desde 2002, dos meus tempos em que fazia catecismo, foi graças ao pensamento do insigne católico Plinio Corrêa de Oliveira, e aos excelentes ensinamentos e·artigos que são destinados todos os meses aos graciosos leitores desta revista, que hoje sou verdadeiramente um católico, que mesmo sabendo de minha humildade e pequenez, penso em cada vez mais ser de Deus, para que um dia possa eu adorá-Lo facea-face. Por isto parabenizo a todos pela excelente linha editorial, doutrinal e apologética que esta revista todos os meses nos presenteia. Desejando sucesso no seguimento da obra contra-revolucionária de que tanto me orgulho e luto, peço para todos vocês as melhores bênçãos da Bem Aventurada Virgem Maria e rogo a Deus para que todos sempre vivam nos ditames da Santa Igreja e da verdadeira fé! (E.C. -SP)

No olhar de Nossa Senhora 12] Alegria, Nossa Senhora é nossa

Mãe! Meu coração enche como um balão, que sobe ao céu e explode de felicidade, por saber que posso testemunhar ainda mais minha fé. Já amava nossa Mãe Santíssima muito, mas há pouco tempo conheci a Virgem de Guadalupe! Vibrei e sonho um dia estar frente ao seu manto, para que minha imagem também fique gravada em seus olhinhos! Amém! (R.A. -PR)

Devoção mariana 12] Do artigo que trata da origem da devoção a Nossa Senhora da Cabeça (agosto/1999), gostei muito, pois sinto a necessidade de uma proteção especial para os males que norteiam nossas mentes.

(M.T.-BA)

12] Há muito tempo venho protelan-

Serva de Deus Nhá Chica

do escrever esta missiva à redação de Catolicismo, mas como consegui um

12] Sou neto da biógrafa Helena Ferreira Pena, e fiquei muito honrado por

suas palavras a respeito da Serva de Deus Nhá Chica [Francisca de Paula Jesus Isabel] terem ecoado pela Internet, através da revista Catolicismo. Posso dizer que, quando desenterraram os restos mortais de Nhá Chica para iniciar o processo de beatificação, emanou forte cheiro de rosas. Parece-me um claro sinal de graças. (G.P.-MG)

Graça recebida 12] Eu estava desempregada e fiz meu pedido a Nhá Chica, e na mesma semana recebi uma oferta milagrosa de trabalho de uma pessoa que nem conhecia. Se isso já não fosse bastante, me mandou um cheque adiantado pelo mês. Fui contratada para cuidar de um garoto de 1O anos. Estou muito grata por este milagre. (C.E. -PR)

Devoção teresiana 12] Sou apaixonada e fascinada por tudo e toda história que envolve Santa Teresinha. (S.C. -PE)

Boa informação [8:] Caros Senhores, obrigada pelos nobres e bons attigos colocados na revista Catolicismo. Estou feliz de tê-la encontrado! Trabalho com informação, e sem dúvida estarei referenciando-a para outros. Boa coragem, que Deus continue abençoando a todos vocês. Um cordial abraço. (N.H.G.A. - RJ)

Verdades esquecidas 12] Eu achei muito interessante a matéria sobre verdades esquecidas e sobre a vida de santos. Obrigado pela grande consideração que vocês têm conosco. (M.R. -SP)

Cartas, fax ou e -mails: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição .

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rI

Monsenhor J OSÉ LUIZ VILLAC 'í,

rer a um confessor experiente. Por isso, convém tecer algumas considerações sobre as condições em que vive o homem moderno, para não cair em perturbação interior ou confusão e conservar-se na graça e na presença de Deus.

Pergunta - Monsenhor, sua bênção! Gostaria de tirar uma dúvida que está me atormentando: nos últimos meses sou assaltado por todo tipo de pensamentos ... pensamentos graves ... E eles infelizmente vêm do nada, quando caminho na rua, quando estudo, etc. Queria saber se esses pensamentos que tenho são pecados mortais. No momento em que eles vêm, eu resisto, mas me parece que consinto ... Não sei como explicar: eu resistindo, mas eles "forçando"! Agradeço desde já sua resposta.

Resposta - Se o leitor resiste ao mau pensamento, provavelmente se deve concluir que não houve pecado mortal. Pode ter hav ido algum a debilidade passageira da vontade, sem consentimento pleno, segu ida de uma retomada da resistência, e neste caso terá havi do um pecado venial. Como ensina a moral católica, para haver pecado mortal é preciso haver pleno conhec imento da grav idade do ato e pleno consentimento. Faltando uma das duas condições, não há pecado mortal. Muitas vezes, o demônio aproveita a debilidade do homem para jogá-lo na perturbação, e assim desanimá-lo e fazê-lo perder a determinação de lutar contra a tentaç ão . Máx ime nestes dias, em que muitas vezes é difícil encontrar as igrejas abertas e sacerdotes di sponíveis para a confissão , é muito importante livrar-se da perturbação do demônio e recobrar a tranqüilidade de alma, até poder recor-

Hoje, quase tudo nos arrasta ao pecado O leitor não especifica e faz bem - o conteúdo dos pensamentos graves pelo s quais é assaltado, mas quase tudo hoje em dia tende a nos arrastar para o pecado: o comentário maldoso de um colega hostil nos incita a pensamentos de ódio; as vestimentas indecentes e os modos provocantes da maioria das pessoas de hoje despertam desejos impuros; situações de penúria financeira em que caímos, e das quais não sabemos como sair, podem nos induzir ao desespero; e assim por diante. Essa é a condição humana desde que Adão e Eva cometeram o pecado original, que se transmitiu a nós por via de geração natural. Mas todas estas eventualidades, que sempre existiram ao longo da história

da humanidade, se agravaram até ao paroxi smo no mundo atual, obrigando-nos a uma força de vontade super enérgica e a uma vida de oração superlativamente constante, a fim de não sucumbirmos a tantas tentações. A pergunta do leitor nos sugere fornecer-lhe alguns conselhos de ordem espiritual que lhe possam ser de utilidade a muitos que enfrentam as mesmas situações.

Não ncar ape11as na defensiva Frente à crescente mani festação do mal, a que estamos assistindo, a tendência de uma grande parte dos bon máx ime se seu temperamento falsamente indul gente os inclina a isso - é tomar di ante dele uma atitude meramente defensiva. Resistir aos pensamentos maus está b m, mas com um pouco de habili dade e de stre za pod emo s discernir os pontos fracos do adversário e atacá-lo cm sua debilidades - sempre dentro dos princípios e dos limi tes da legítima defe a - , ele manei ra a impedir que nos agrida.

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• Esta ofensiva contra o mal corresponde ao princípio que Santo Inácio designava com a expressão latina agere contra, isto é, agir contra o mal que investe. Isto é católico! Assim, por exemplo, se vemos urna pessoa que se apresenta vestida de modo provocante, não basta desviar os olhos a fim de não sermos agredidos em nossa pureza, mas devemos considerar quanto aquela pessoa ofende a Deus e ao próximo pelo eu modo de trajar, e execrar aquela infração da Lei moral. Se é um casal que se porta de modo inconveniente - e o abuso nessa matéria, que antes bu cavam a obscuridade, h ~e . ão cada vez mais praticados escandalosamente à vi sta ele todos e em plena luz olar -, não podemos simplesmente desviar o 0U1ar, como se nada de gravíssimo se estivesse passando. Devemos deprecar a Deus que Se insu1ja contra aquela violação acintosa da Lei moral , fazendo nossa a fu lminação que Santo Agostinho incluiu na .oração citada por São Luís Grignion no seu célebre Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem (nº 67): Jesu, qui non amat te,

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Depois que Adão e Eva cometeram o pecado original, este se transmitiu a nós por via de geração natural com todas suas graves conseqüências

Jesus, anátema seja quem não vos ama; aquele que não vos ama seja repleto de amarguras !). Nada mais justo: se alguém não se peja de praticar em público um ato moralmente ilícito, servindo de ocasião para que outros pequem, que seja repleto de amarguras no momento mesmo ou mais tarde, na ocasião que Deus determinar. Fazendo essa oração, manifestamos a Deus o nosso repúdio à violação cometida em públi-

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O exercício da p1·esença de Maria Nas escolas espirituais tradicionais, é muito freqüente a recomendação do exercício da presença de Deus. Assim, por exemplo, nos colégios maristas da congregação fundada por São Marcelino Champagnat, era obrigatória a colocação em todas as salas de aula da frase :

DEUS ME VÊ. Nada mais santo e ortodoxo do que isso. E muitas outras escolas de espiritualidade faziam a mesma recomendação. Mas a escola espiritual especificamente mariana de São Luís Maria Grignion de Monfort dá um passo avante. No nº 166 do

anathema sit; quite non amat, amaritudinibus repleatur (Ó

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co e restabelecemos, quanto nos cabe, a glória de Deus assim atingida, bem como o justo direito de nosso próximo. Da nossa parte, tal atitude estabelece dentro de nós uma couraça para resistir aos maus movimentos que o pecado original poderia provocar dentro de nós pela vista de um pecado público livremente praticado; e ademais, é um dever nosso! Aliás, é na certeza da ausência de qualquer censura que os despudorados libidinosos vão se tornando cada vez mais ousados, a ponto de fugirem da obscuridade e praticarem suas torpezas escancaradamente à vista de todos.

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Tratado da verdadeira devoção, ele diz: "Onde está Maria, não entra o espírito maligno; e um dos sinais mais infalíveis de que se está sendo conduzido pelo bom espírito é a circunstância de ser muito devoto de Maria, de pensar n'Ela muitas vezes e de falar-lhe freqüentemente ". E logo adi.ante, no mesmo parágrafo : "Como a respiração é sinal

CATOLICISMO

inconfundível de que o corpo não está morto, o pensamento assíduo e a invocação amorosa de Maria é um sinal certo de que a alma não está morta pelo pecado". Parece-me que esse pen-

samento assíduo em Nossa Senhora e esse falar-lhe freqüentemente justificam o que se poderia chamar de exercício da presença de Maria . Em outras palavras, devemos estar pensando sempre n'Ela, estar freqüentemente falando com Ela, de tal modo que sua presença seja contínua em nossa alma.

Pode haver uma intimidade mais profunda de uma alma com Nossa Senhora do que estar continuamente falando com Ela, com a ternura e a confiança com que um filho fala com sua mãe? Essa intimidade pode ir tão longe, que podemos até, com todo o respeito, apresentar-lhe nossas "reclamações", isto é, manifestar-lhe o que nos falta, as nossas necessidades espirituais e temporais , nossas " incompreensões" com as aparentes demoras de Deus em atender os nossos pedidos, etc. Nossa Senhora certamen-

te receberá com agrado materno nossas "aberturas de coração", e isso nos sustentará na fidelidade à nossa vocação, seja de sacerdotes ou leigos católicos, que em tudo devem procurar a glória de Deus e da Santa Igreja. O leitor poderá aplicar concretamente estes consellios na luta contra os pensamentos maus que o assaltam, e verá como Nossa Senhora o ajudará a expulsá-los, recobrando a serenidade de sua alma. É o segredo de Maria! • E-mail do autor:

monsenhoJjoseJuiz@catolicismo.com.br

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A REALIDADE CONCISAMENTE . Metais raros: Pequim chantageia Ocidente

JustiCja alemã proíbe crucifixos e autoriza mesquita

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Liceu Diesterweg, no bairro popular de Wedding, Berlim, foi obrigado pela Justiça a montar uma salamesquita para os alunos muçulmanos, informou o diário "Libération" de Paris. O fundo anti-cristão do acórdão patenteia-se à luz da Constituição alemã, que proíbe toda manifestação religiosa nas escol~s, pois em 1995 a Corte Constitucional de Karlsruhe anulou a legislação bávara que permitia fixar um Crucifixo nas escolas públicas regionais. Até muçulmanos "moderados" criticaram o radicalismo e parcialidade do novo acórdão. "O único país que autoriza salas de oração nas escolas é o Irã", disse Ôczan Mutlu do partido Verde. "Estou horrorizada", comentou Birgit Nicolas, diretora de um liceu em Neukõlln. Birgit vinha resistindo às exigências de alunos muçulmanos fanatizados, e agora a Justiça deu sinal favorável aos extremistas. Cristo é proibido, e Maomé entronizado: essa é a tendência da União Européia "laicista"! •

China endureceu o controle e exportação de minérios estratégicos, que quase só se extraem em seu território. Trata-se de elementos - como o disprósio, o térbio e o neodímio [foto] - vitais para aplicações militares. Deng Xiaoping havia instruído os chineses para que, chegando o momento oportuno, chantageassem o Ocidente com esses minérios, como a Opep fez com o petróleo. O plano será executado pelo Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação. Cada ano a China reduz o volume exportado de "terras raras". A extração desses minérios no mundo livre é obstada pelo ambientalismo. Em conseqüência, "cada vez mais fábricas estão se mudando para a China ", explicou Dudley Kings-North, autoridade na matéria. O plano de hegemonia planetária de Mao Tsé-tung vai sendo assim executado em meio à imprevisão, ao entreguismo e ao pragmatismo míope de certos ocidentais. •

A

União Européia proíbe gaitas de fole escocesas

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Cárceres clandestinos na China

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ma jovem de 20 anos, originária de Jieshou, província de Anhui, descreveu seu seqüestro pela polícia e internação num cárcere clandestino [foto] de Pequim. A existência desses cárceres secretos, que crescem como fungos, ficou notória durante os Jogos Olímpicos. A jovem viajou de trem até Pequim para apresentar uma queixa ante o governo. Pouco depois foi seqüestrada pela polícia, e jogada numa cela com outras detentas. Acabou sendo violentada por um guarda. A população chama esses "hotéis" da repressão de "cárceres negros". Se o brutal método fosse empregado em países nãocomunistas, certos órgãos do capitalismo publicitário protestariam. Mas, como ele é praticado na China vermelha, a tendência de tal mídia é ignorá-lo. •

CATOLICISMO

União Européia (UE) publicou uma "diretriz" - instrução que tem semelhança com a ctrcular do Soviete Supremo da ex-URSS - proibindo o uso das gaitas de fole na Escócia, a pretexto de que seu som atinge excessivos decibéis. Segundo o diário "La Vanguardia" de Barcelona, "os burocratas de Bruxelas arriscam uma revolução de conseqüências imprevisíveis". Interditar as gaitas é uma medida tão absurda quanto banir nesse país uísque, ovelhas ou kilts dos velhos clãs. O "soviete supremo" da UE tolera as gaitas, caso os músicos as toquem com tampões nos ouvidos durante o máximo de 15 minutos diários ... "É uma aberração ", di sse Mark Pemberton, diretor da Associação de Orquestras Britânicas, que acrescentou: seria "como pretender que os jogadores de futebol realizem os treinos sem bola". Os escoceses se uniram para combater o decreto, e quem desejar silenciar as gaitas terá de passar por cima de alguns cadáveres, concluiu o jornal. Mas a UE parece pouco se importar com essas reações, e está empenhada em matar as individualidades das nações nascidas sob o doce influxo da Igreja, de acordo com a ordem natural. •

Ecologistas radicais pedem o extermínio da humanidade

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rupos radicais anti-vida estão explorando o pânico gerado pelo alarmismo ecologista. Numa reunião de cúpula paralela em Barcelona, a humanidade foi transformada em réu, segundo as informações de "El País". De acordo com Roger Martin, da Optimum Population Trust, ONG que postula a limitação da população mundial, o planeta tem cidadãos demais "emissores de CO 2 ". O teorizador Paul Ehrlich [foto], da Universidade de Stanford, pediu uma radical diminuição da humanidade, apelando a controles planetários da natalidade. Defendeu ser "insensato que EUA tenha 280 milhões de habitantes. Não precisamos de mais que 140 ". Afirmou ser muito difícil reduzir a população por "métodos humanitários", e atacou os políticos que temem reduzir a população para não serem acusados dy defensores do eugenismo nazista. Na ocasião, Ehrlich recebeu do governo da Catalunha o prêmio Ramon Margalef de ecologia. E Roger Martin defendeu a tese absurda de que "cada casal que decide ter um terceiro filho ameaça o equilíbrio ambiental". •

Polícia encontra cadáver de homem falecido há seis meses agência de notícias "APA" noticiou que um aposentado de Salzburgo, Áustria, foi achado morto diante de seu televisor ligado. "Ele estava no sofá da sala, com a TV ainda funcionando. Parece que morreu em março", disse o policial Rudolf Feichtiger apontando para a programação da TV do dia 12 de março, ainda aberta sobre o sofá. O cadáver só foi descoberto porque o condomínio ligou para a polícia após todo esse tempo de sumiço. A polícia de Salzburg encontrou também o corpo de uma anciã, morta em seu apartamento um ano e meio antes. Cenas macabras típicas de uma sociedade em que a farm1ia está desagregada. •

Aspecto sobrenatural das feiras medievais de Natal

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s feiras de Natal, que se realizam com crescente interesse popular em cidades alemãs, austríacas e alsacianas, constituem eco saudoso e requintado da era feliz em que $8 começou a celebrar o Natal em grande estilo: a Idade Média. Cheiro de ervas, amêndoas torradas, vinho, cravo, canela, incenso e resina de pinheiro. Enfeites natalinos são tradições e sintomas que falam não só ao corpo, mas sobretudo à alma, fazendo reviver as profundas alegrias da infância. E apontam para a bem-aventurança eterna no Céu. Tais alegrias, a festa do nascimento do Menino Jesus reaviva em toda alma reta. Como é diferente do espírito materialista e da banalidade do Natal comercializado!

São Francisco de Assis · criou o presépio

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Putin tenta evitar afastamento de naCjões do ex-bloco soviético s livrarias de Simferopol, Ucrânia, têm as estantes cheias de obras da literatura ocidental traduzidas para o ucraniano, destinadas à leitura dos adolescentes [foto] . O fato causou irritação na Rússia, porque a fracassada URSS quis impor o idioma russo aos países escravizados. Agora estes, que gozam de liberdade, voltam céleres a suas queridas tradições. A questão da língua também é uma maneira de afirmar a própria soberania, precisamente quando o Kremlin de Putin quer reabsorvêlos. O fenômeno repete-se em todos os países do ex-bloco soviético. O russo é um dos poucos grandes idiomas que está perdendo usuários. Os que falam russo cairão de 300 milhões (em 1990) para 150 milhões até 2025, em boa parte porque a população da Rússia está diminuindo, podendo o país perder 20% de seus habitantes até 2.050. •

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m 1223, São Francisco de Assis criou na igreja de Grecchio, Itália, o primeiro presépio vivo com personagens reais. Os personagens (o Menino Jesus numa manjedoura, Nossa Senhora, São José, os Reis Magos, os pastores e os anjos) eram representados por habitantes da aldeia. O boi, o burrico, as ovelhas e outros animais também eram reais . O costume espalhou-se rapidamente. Os primeiros presépios em escala reduzida foram introduzidos em igrejas do século XVI por obra dos padres jesuítas, heróis na luta contra o protestantismo seco e hirto, o qual desconhece os imponderáveis sobrenaturais que enchem as almas de gáudio. A anticatólica Revolução Francesa procurou extinguir esse belo costume na França. Mas os habitantes da Provence (sul do país) lhe deram novo impulso, criando os famosos santons (figurinhas de massa que representam os personagens). [foto]

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1NTERNACIONAL

O Muro de Berlim e

do curso a essa convergência, ficaria afastado para sempre o pesadelo de uma guerra nuclear mundial. · No cerne da "perestroika" estava a autogestão. Se o Ocidente caísse na lábia do "carismático" Gorbachev, o líder do Kremlin podia esperar que o urso russo levasse a melhor; e o mundo, dentro de algum tempo, poderia entrar numa fase de comunismo universal que beirasse a utopia. Porque, como observou o ex-presidente tcheco Vaclav Ravel, um dos personagens centrais daquela época, "Gorbachev não queria acabar com o comunismo ou contribuir para a desintegração da União Soviética" .

o último cartucho do comunismo russo Ü mundo comemorou o 20° aniversário da queda do Muro de Berlim.·

Cai o Muro e falha a manobra 1·ussa

Afesta teve um sabor amargo para as esquerdas e revelou bastidores do ·histórico acontecimento. rn Lu1s DuFAUR

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uando em 13 de agosto de 1961 os "vopos" (guardas comunistas da Alemanha) começaram o levantar o Muro de Berlim, erigiram um monumento ao declínio do poder persuasório e de liderança do comunismo. Lenine tinha previsto que a revolução bolchevique "não se manteria no poder nem se desenvolveria se não fosse protegida, apoiada e seguida por outras revoluções em países mais desenvolvidos". Para ele, os sovietes constituíam um dos lados de uma ogiva que devia ser completada pelo outro lado, isto é, pelo comunismo no Ocidente. Sem um dos lados, a revolução mundial que ele pregava não atingiria sua finalidade. A necessidade era tão grande que Lenine engajou-se em revoluções no exterior, antes mesmo de garantir o controle da Rússia. Mas elas faliram sem exceção.

Crise do comunismo internacional Ao mesmo tempo, na própria Rússia surgiram resistências de .envergadura. Por causa delas, Lenine teve que fechar as comunas auto-governadas, internar os "intelectuais" na Sibéria, alistar criminosos comuns na KGB (polícia política) como braço armado da revolução popular, e desencadeou um terrorismo de massa que matou milhões. A utopia da igualdade plena sem Estado nem autoridades ficou para depois, e a nova ordem não se definiu ainda "comunista", mas apenas "socialista". Lenine e seus sequazes nunca desistiram da revolução mundial, embora amargando fracassos e metamorfoses. Mas as "revoluções em países mais desenvolvidos" demoraram, porque o comunismo revelava-se cada vez mais incapaz de convencer e manipular as massas operárias. Para piorar a situação, o regime soviético se decompunha, apesar dos sucessivos expurgos.

O Muro de Berlim e o malogro da persuasão No fim da II Guerra Mundial, os acordos de Yalta entregaram à URSS metade de Europa. Porém os povos escravizados CATOLICISMO

revoltaram-se: exemplos típicos dessa rebelião ocorreram em Berlim (1953), na Polônia e Hungria (1956). Mais de dois milhões de alemães fugiram pelas fronteiras ainda abertas. Tais acontecimentos constituíram um plebiscito incessante, atestando a recusa popular do paraíso operário. O Muro e seu prolongamento - a Cortina de Ferro - contiveram aquela sangria desmoralizante. Mas o sistema comunista deperecia na miséria, na paralisia e num crescente descompasso técnico e econômico com o Ocidente. Os fracassos das guerrilhas na América Latina, a frustração do "eurocomunismo" e a vergonhosa derrota no Afeganistão foram episódios finais da agonia dos sovietes. Nessa fase terminal, tomou corpo a idéia de salvar a chama comunista, com a tentativa de sacrificar o esclerosado regime dos sovietes e dar um "salto para frente" para imergir na utopia.

"Autogestão": a Rússia tenta a aventura Em artigo para a "Folha de S. Paulo" em 23-11-1969, com larga antecipação, Plinio Corrêa de Oliveira previu as fases da manobra: "Consistiria na implantação de um regime federativo entre as duas Alemanhas, gradualmente homogeneizadas: a Alemanha Ocidental se bolchevizaria um tanto e a Oriental se 'capitalizaria' outro tanto. Bem se vê que, se isso der certo . em escala alemã, poderia ser aplicado em escala européia:

uma federação continental incluindo a Rússia, por sua vez 'homogeneizada '. Seria, segundo os simplórios... ou os velhacos, o meio de evitar a guerra. Com a semicomunistização da Alemanha e da Europa, quem lucra velhacamente, senão os que querem conduzir a Alemanha e a Europa, à comunistização completa?". Para essa homogeneização era indispensável que o capitalismo privado e o capitalismo de Estado convergissem num novo sistema, que se apresentaria como um meio termo nem comunista, nem capitalista. Qual? Em 1977, a fórmula para a "homogeneização" recebeu um nome oficial na Rússia - autogestão - e foi incluída na nova Constituição: "O objetivo supremo do Estado soviético é edificar a sociedade comunista sem classes, na qual se desenvolverá a autogestão social comunista ". Na Rússia, o PC encarregar-se-ia da transformação. Mas, e no Ocidente?

Autogestão à francesa: tentativa e malogro Foi a vez, então, do presidente socialista francês François Mitterrand, eleito em 1981. Ele apresentou a nova fórmula da autogestão, envolvida nos charmés e no prestígio que o mundo ainda reconhecia à França. O plano, pouco depois de lançado, foi retirado precipitadamente e de um modo que só se entende bem à luz do manifesto-denúncia de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - "O Socialismo Autogestionário: Em vista do comunismo, barreira ou cabeça de ponte?". Mais de 33 milhões de exemplares foram publicados no mundo, e a autogestão à francesa foi abortada.

"Perestroika" de Gorbaclwv: última tentativa O socialismo russo encontrava-se num processo de desagregação. Em des·espero de causa, o secretário geral do PC da URSS , Mikhail Gorbachev, tentou relançar a manobra apoiado no seu "carisma". Ele promoveu, como último cartucho, a "perestroika" ou "reforma" do socialismo, convidando ocapitalismo privado a fazer outro tanto e prometendo que, dan-

O lance simbólico dessa convergência deveria acontecer em Berlim com a queda do Muro. Depois viria por etapas a unificação das duas Alemanhas e da Europa desde o Atlântico até os Urais. Porém, com o processo em pleno desenvolvimento, o "carisma" do chefe soviético esvaeceu-se abruptamente. Ele reprimiu de modo sangrento a revolta do povo lituano que desejava a independência. O Prof. Plinio promoveu um abaixo-assinado com as TFPs dos cinco continentes, tendo estas obtido mais de cinco milhões de assinaturas em apoio à independência da Lituânia. A campanha alertou a opinião pública mundial contra os verdadeiros intuitos do chefe supremo do Kremlin e precipitou o esvaecimento de sua "magia". O Ocidente então recusou o cântico de sereia do líder soviético. Gorbachev caiu e a Rússia afundou na confusão. O Muro entrementes havia sido derrubado, os países da Europa do Leste subtraíram-se do jugo soviético. O império da estrela vermelha desfez-se, e sua degringolada acabou extinguindo "a chama dos projetos revolucionários ". Vinte ános depois, Putin esforça-se para recuperar as imensas perdas sofiidas pela ex-URSS.

Obama e regimes populistas: última esperança? No 20º aniversário da queda do Muro de Berlim, o próprio Gorbachev lembrou aquele plano num encontro com o ex-presidente George H. Bush (pai) e o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, os três personagens-chaves de 1989 (foto acima). Gorbachev disse ao ex-presidente americano: "Meu amigo Bush, os Estados Unidos também precisam de uma perestroika". E acrescentou: "Os EUA estão maduros para a mudança. As pessoas estão esperando pelo presidente Barack Obama ". De fato, duas décadas após a queda cjo ignominioso Muro, Obama encarna as derradeiras esperanças das esquerdas comunistas e socialistas para abalar o capitalismo ocidental, e tem a seu lado os regimes populistas latino-americanos. Mas este plano enfrenta sérias oposições na opinião pública. Basta considerar a perda de prestígio de Obama e a heróica resistência da pequena Honduras ao processo de "chavização". O Muro ruiu e a utopia socialista ficou sem fôlego. É na luta pelo domínio dos EUA e da América Latina que se jogam os lances principais que poderão decidir o futuro do combate entre o comunismo e o anticomunismo. • E-mail do autor: luisdufaur@catolicismo.com.br

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20 anos depois: perversos frutos da Nuremberg que não houve

O sanguinário tirano marxista Nicolae Ce ausescu (na foto de 1985 com Garbachev) fo i julgado e fuzilado ap ressadame nte no Natal de 1989. "Foi fe ito de tudo pa ra apaga r os crimes do ~egime comunista", explicou q Prof. Horia Terp~.

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uas décadas após a queda do Muro de Berlim, imensa dívida não paga paira sobre o ex-império soviético, sobre o Ocidente e a Igreja. Pesadas ameaças abalam o mundo, devido à recusa de realizar um processo contra o comunismo, análogo ao realizado em Nuremberg no fim da II Guerra Mundial. Tal processo fora solicitado pelo presidente da Lituânia, nação que se libertou heroicamente das garras marxistas, e foi proposto também pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Assim que teve notícia da sugestão do presidente lituano Vytautas Landsbergis, o Prof. Plinio enviou-lhe a seguinte mensagem: "Levo ao conhecimento de V. Exa. o intenso gáudio que reina nas TFPs e Bureaux-TFP dos cinco continentes por seu gesto, sugerindo a formação de um tribunal internacional do gênero de Nuremberg, para julgar o crime dos comunistas soviéticos. E, ademais, o de haver V. Exa. oferecido o território lituano para que nele se realizassem as sessões do dito tribunal. O senso de justiça, inerente a todos os espíritos retos e elevados, está a clamar por uma punição adequada dos grandes crimes que o comunismo internacional praticou no mundo inteiro". Houve, por certo, processos individuais como na Romênia, onde o sanguinário tirano marxista Nicolae Ceausescu foi julgado e fuzilado apressadamente no Natal de 1989. Em virtude do caráter vertiginoso do procedimento, "muitas perguntas ficaram sem respostas. Foi um grande erro ter matado Ceaucescu", explicou o Prof. Horia Terpe, diretor do Centro de Análise de Desenvolvimento Institucional (CADI) romeno. "Foi feito de tudo para apagar os crimes do regime comunista", acrescentou Terpe. 1 Os partidos comunistas encerraram suas atividades em muitos países da Europa Oriental, mas seus quadros continuam articulados sob rótulos como "Partido Socialista". É o caso da Romênia, da Hungria e da Bielorússia. A escritora Herta Muller, prêmio Nobel de Literatura 2009, denunciou que 40% da classe política romena é composta de ex-funcionários da Securitate, a polícia secreta responsável por um banho de sangue no país. Na Alemanha, 17.000 agentes da polícia secreta Stasi fazem parte do funcionalismo público alemão, especialmente na polícia e nas escolas. E é típico o caso da Rússia, onàe a KGB - cerne do esquema de espionagem, repressão e extermínio soviéticos - assumiu as rédeas do poder e vem extinguindo as frágeis liberdades que surgiram no país, após os fatos de 1989. Hoje a "nova KGB" tenta reconstituir o poder da antiga URSS sob o comando do premiê Vladimir Putin, ex-coronel da temida pol_ícia secreta. Tal situação paradoxal ocorre porque não houve essa indispensável nova Nuremberg. Ela deveria ter denunciado os crimes marxistas - derivados em linha direta dos falsos princípios da Revolução Francesa - que escravizaram a Rússia, e por meio dela flagelaram a humanidade toda. Uma Nuremberg equitativa teria exigido o desmantelamento da rede de cumplicidades montada pelo Kremlin no Ocidente, composta por seus colaboracionistas conscientes, seus cooperadores "centristas" e seus "idiotas úteis". Essa Nuremberg, além do mais, poderia ter aberto os olhos dos irmãos na fé que militam na esquerda católica e colaboraram com o processo comunista de conquista e opressão mundial. O Prof. Plínio apresentou um ponderado elenco dessas cumplicidades num manifesto que continua com atualidade candente: "Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio". 2 Esse salutar e necessário dever de justiça não foi cumprido. A rede comunista e seus erros, na realidade, ficaram intocados. Hoje sob outros rótulos - como por exemplo socialismo do século XXI, bolivarianisrno - e organizadas em movimentos sociais como as FARC, o Sendero Luminoso, etc., os mesmos erros e subversões estão sendo disseminados pelo mundo. •

Hoje a "nova KGB" tenta reconstituir o poder da antiga URSS sob o comando do premiê Vladimir Putin, ex-coronel da temida polícia secreta.

CATOLICISMO

Assim como houve o processo de Nuremberg (foto acima) para julgar os delitos dos nazistas, não se realizou essa indispensável nova Nuremberg que deveria ter denunciado e julgado os crimes marxistas ...

Notas: 1. "O Estado de S. Paulo", 5-l l-09. 2. "Folha de S. Paulo, 14-2-90.

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A L.ei de Deus está acima de qualquer lei humana Dom José Cardoso Sobrinho esclarece a polêmica que o envolveu, quando

certa mídia procurou dividir a opinião católica divulgando notícias adulteradas sobre o aborto aplicado à menina de Alagoinha (PE), seguido de excomunhão dos responsáveis

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om José Cardoso Sobrinho, até 16 de agosto deste ano, esteve à frente da arqui diocese de Olinda e Recife, quando foi substituído por Dom Fernando Saburido, ex-bispo de Sobral (CE) . Já no ano passado ele havia pedido sua substituição, em razão da idade limite (75 anos); e a Santa Sé, em l O de julho último, aceitou a renúncia e indicou o sucessor. Nos últimos meses em que exerceu o cargo naquela importante arquidiocese, e devido à sua firme atitude contra o aborto, esteve concernido no caso que chocou o Brasil inteiro: uma menina ~ de apenas nove anos fora obri- :!' gada a abortar seus gêmeos, concebidos em decorrência de estupro pr9ticado por seu padrasto . Dom José procurou proteger a vida da menina e dos dois nascituros, e relembrou a penalidade prevista no Código de Direito Canônico (lei da Igreja), em seu cânon 1398: "Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae" pena automática, sem necessidade de ser decretada , que atinge aqueles que conscientemente concorrem na prática do aborto . Por causa da declaração sobre tal penalidade, Dom José foi vítima de feroz ataque publicitário por parte de diversos meios de comuni cação, coadjuvados por ONGs feministas e abortistas, que adulteraram os fatos a fim de induzir o público a revoltar-se contra o prelado

CATOLICISMO

D. Cal'(/080

Soh1'i11/w: "A frase de D. Rino Fisichella foi muito infeliz, ao anrmar que a primeira medida que eu co11siderei foi a excomw1hão. Ele não me consultou antes".

e colocar a opinião pública contra a Igreja Católica. Até um artigo do arcebispo D. Rino Fisicbella, publicado no "Osserva-tore Romano", contribuiu para criar confusão. Mas, bem analisado o ocorrido, a polêmica produziu bons frutos, pois ressaltou um princípio de primordial importância: não pode uma lei ou ação humana contra riar a Lei de Deus. Tendo baixado a poeira levantada por esse acontecimento de repercussão internacional, Catolicismo, através de seu colaborador Hélio Brambilla, obteve uma entrevista com D. Cardoso Sobrinho, para um sapiencial balanço do acontecido. A respeito de toda essa controvérsia, Catolicismo publicou duas matérias (vide edições de abril/2009 e junho/2009), as quais recomendamos a nossos leitores, para melhor compreensão desta entrevista.

* * * Catolicismo - V. Exa. poderia sintetizar a controvérsia estabelecida com o presidente da Academia Pontifícia pela Vida, D. Rlno Flslchella? D. Cardoso Sobrinho - Naquele artigo estampado no "Osservatore Romano", assinado pelo arcebispo Fisichella, infelizmente ele não observou a prudência, não teve a necessária atenção para me consultar antes. Ele leu nos jornais versões distorcidas e publicou o mencionado artigo, que eu qualifico como infeliz, por-

que contém frases totalmente inexatas. Nele é afirmado que nós (o Pe. Edson, pároco de Alagoinha, que pertence a outra ruocese, distante 230 quilômetros da capital pernambucana, e eu em Recife) não teríamos dado atenção especial àquela criança. Quando ela engravidou, na verdade recebeu todo apoio do Pe. Edson e de sua equipe. Fizeram tudo o que poruam para ajudar a menina no sentido afetivo, acompanhando-a de peito, procurando também oferecer-lhe assistência médica. O sacerdote acompanhou a criança no hospital, e a visitava diariamente, levando-Lhe confo rto. Portanto, a frase de D. Fisichella foi mui to infe li z, ao afirmar que a primeira rneruda que eu considerei foi a excomunhão. A esse respeito publicamos uma resposta no jornal da arquidiocese de Recife, esclarecendo que o ocorrido fo i justamente o contrári o: fi zemos tudo quanto dependia de nós para auxiliar a menina. Quando eu estava terminando a celebração da Missa, ceita manhã, chegou de repente à nossa residência o advogado Dr. Márcio Miranda, pessoa muito católica, e comunicou-me haver recebido telefonema de um amigo de São Paulo, afirmando estar informado .de que iam praticar o aborto na menina naquela ocasião. Na mesma hora telefonei para o diretor• do hospital e disselhe: "E. tou preocupadíssimo, porque chegou-me a notícia de que, dentro de uma hora, vão praticar o aborto". O diretor respondeu: "D. José, vou mandar suspender agora mesmo qualquer operação neste sentido". Foi muito gentil, vindo à minha residência. Fizemos uma reunião, com a presença dele e de mais um médico. Chamei um psicólogo e nosso advogado para anal isarmos a situação. Na ocasião, afirmei: ''Temos a obrigação de salvar as três vidas - da menina e de seu gêmeos". Ela não se encontrava em perigo de perder a vida. Fizemos tudo quanto dependia de nós. Informaram-nos que os pais da menina não concordavam com o abo1to. Depois constou-me que a mãe havia sido persuadida a aceitá-lo, 1)1as o pai se manteve firme. Di ante dessa situação, como se sabe, pela legislação bras ileira, quando os pais não estão de acordo, compete ao juizado de menores decidir, pois tratava-se de menor de apenas nove anos. Catolicismo - Nessa circunstância, qual foi a atitude de V. Exa.? D. Cardoso Sobrillho - Solicitei urna audiência ao superintendente dos tribunais de Recife. Ele, católico, recebeu-me muito bem, juntamente com nosso advogado, o pai da menina e o padre Edson. Expusemos então nossas rázões. O superintendente, em mi nha pre-

"Na ocasião, anrmei: "Temos a obrigação de sall1ar as três vidas - da m enina e de seus gêmeos". Ela não se encontrava em perigo de perder a vida".

sença, telefonou para outro juiz, ponderando ser necessário analisar o caso com mais cuidado. Quando eu voltava para casa, um di retor do hospital IMIP comunicou-me através de um telefonema pelo celul ar: "D. José, a surpresa é esta: chego u aqui um grupo de mulheres f eministas, persuadi ram a mãe da menina grávida a assinar um documento solicitando alta". Levaram assim a menina, e ninguém sabia para onde. Nós suspeitávamos que fosse para outro hospital onde praticari am ·o aborto. A parti.r desse momento, ficamos o tempo todo tentando descobrir para onde haviam transportad? a criança, e não descobrimos. Já era tarde da noite, quando nos comunicaram terem se dirigido a um hospital conhecido em Recife como local onde se pratica aborto continuamente. Não pudemos fazer mais nada. No dia seguinte, mais ou menos no começo da manhã, minha secretária avisou que haviam reali zado o aborto. Para nós, a notícia representou um trauma. Como a imprensa estava presente, também me pronunciei. Tínhamos fe ito todo o possível para evitar o aborto. O que eu fiz então? Com toda tranqüilidade simplesmente citei o cânon 1398, a lei da Igreja. Expliquei à imprensa presente ser uma penalidade automática, aplicada àq ueles que concorrem na prática do aborto, que se tornam excomungados . Então estourou a bomba, porque os jornais, sobretudo de Pernambuco, publicaram em manchete: "D. José excomungou". Tentei explicar que simplesmente eu mencionara urna penalidade estabelecida pela Igreja, e esclareci o sentido do cânon: quem praticou o aborto, em qualquer circunstância, está automaticamente excomungado. Catolicismo - O ocorrido acabou sendo uma coisa boa, porque se colocou em discussão a questão do aborto? D. Cardoso Sobrinho - Julgo que acabou sendo bom. Foi a mão de De us. Recebi centenas de mensagens, chegaram apo ios atê da Austrália, onde não conheço ninguém. Aliás, um australiano contou-me que o médico de sua esposa recomendou a ela praticar o aborto, pois, segundo ele, a mãe corri a risco. O casal não aceitou, e hoje tem um saudável fi lho de 11 anos! Além das mensagens, recebi inúmeros telefonemas. Uma ligação era da Bélgica, de um monsenhor desconhecido para mim. Deú-me uma informação que até então era sigilosa: a publicação de uma declaração, assinada pelos própri os membros daquela Academia pela Vida, cujo presidente é D. Fisichela, DEZEMBRO 2009 -


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discordando do meu pronunciamento. Meu interlocutor acrescentou: "D. José, sou um dos signatários dessa declaração ... ". Ele j á escreveu vários artigos a respeito do caso. É um grande professor, muito preparado, famoso, tendo analisado a questão sob o ponto de vista jurídico-canônico. Depois recebi cópias de artigos publi cados em outros países, apoiando minha posição. Mas a "chave de ouro" foi a publicação da declaração oficial da Congregação para a Doutrina da Fé no "Osservatore Romano". Nessa declaração, reforindo-se ao caso, a própria Congregação afirmou nada ter mudado na doutrina católica sobre à matéria, citando documentos oficiais da Igreja, a palavra do Papa, condenando claramente o aborto. O artigo de D . Fisichella suscitou, por parte de muitos defensores do aborto, uma idéia de que a Igreja, em certas circunstâncias, aprovaria o aborto. O grande perigo era que algumas pessoas pudessem ficar com a impressão de que a opinião de D. Fisichella fosse doutrina oficial da Igreja. No Canadá também houve a publicação de um bispo a favor de D. Fisichella, sem conhecer a nossa versão. Mas um jornal católico de Québec traduziu para o francês a declaração de Roma e a publicou. Ela também foi divulgada em Paris e no site do Vaticano. Assim, verificou-se uma repercussão inesperada do affaire. Para mim, o silêncio seria uma cumplicidade. É de conhecimento geral, e os jornais publicam, que no Brasil a cada ano ocorrem quase um milhão de abortos; no mundo inteiro, são mais ou menos 50 milhões. Um verdadeiro holocausto, e eu não estaria tranqüilo se tivesse ficado em silêncio. Não poderia aceitar aquela situação, e tentei cumprir o meu dever. Com isso, a Providência Divina interveio, despertando a consciência de muitas pessoas. Catolicismo - Cumprindo com o dever, V. Exa. tornou-se um símbolo na luta contra o aborto, não só em nosso País, mas no mundo inteiro. Tendo passado esse estrondo publicitário contra V. Exa., como se encontra atualmente a menina que foi obrigada a abortar? D. Cardoso Sobrinho - A família preferiu levá-la para um lugar desconhecido. Dizem que ela estaria internada numa espécie de casa para menores, em local ignoiado. Em Alagoinha ela não se encontra. Suponho que esteja bem. Ela estava desejando receber as duas crianças. No hospital, brincava com as outras crianças normalmente, mas foi publicado que ela corria perigo de morte ...

CATOLICISMO

Catolicismo - Em todo esse caso de repercussão internacional, V. Exa. sofreu forte ataque de movimentos abortistas no Brasil e no exterior, mas também muito apoio. Foi muito bom que alguém tivesse a coragem de enfrentar a situação. D. Cardoso Sobri11ho - O número de reações positivas foi muito superior às men·sagens negativas. Para mim foi uma surpresa. Em nossa arquidiocese, a reação do clero foi 100% favorável a mim. Por coincidência, quando os jornais publicaram aquela manchete O Arcebispo excomungou, encontrava-me numa reunião dos bispos do nordeste. Os jornalistas informaram-me então que o presidente da República havia se pronunciado a respeito, e me condenado. De improviso, respondi: "Eu diria ao presidente Lula que, antes de se pronunciar sobre assuntos teológicos, ele consultasse algum teólogo".

"A Lei de Deus

está acima de qualquel' lei humana. Então, se fol' apl'ovada uma lei lwmana contrn a Lei de Deus, a lei lmmana flca sem qualquel' va/01•".

Catolicismo - V. Exa. não fez senão recordar a posição da Santa Igreja, que defende a vida desde a concepção. Como explicar que alguns católicos se declarassem chocados com a posição _assumida por V. Exa.? D. Cardoso Sobri11ho - Diria que há duas possibilidades: ignorância ou malícia. Mas julgo muito difícil que alguém hoje não entenda que suprimi r a vida de um inocente é um ato ilícito e proibido pela Lei de Deus. Se a pessoa tem disto conhecimento, e continua defendendo o aborto, então é malícia. A Lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Então, se for aprovada uma lei humana contra a -Lei de Deus, a lei humana fica sem qualquer valor. Tal lei, segundo Santo Tomás de Aquino e outros doutores, é uma iniqüidade. Alguns, infelizmente, dizem ingenuamente que, se ex iste lei positiva de um país que aprova o divórcio, o di vórcio é lícito. Entretanto, toda legislação aprovada contra a Lei de Deus é uma iniqüidade, e não confere nenhum direito. É necessário despertar as consciências para a Lei de Deus, escrita no coração de todos. A consciência é a voz de Deus dentro de nós . Esta polêmica toda despertou a consciência de muitas pessoas, e isso resultou num benefício. Catolicismo - V. ·Exa. julga que a atitude relativista assumida por muitos deve-se mais à influência da mídia que promoveu todo o estrondo, como que "excomungando" V. Exa.? D. Cartloso Sobri11ho - Sobre esta expressão relativismo, gosto de repetir uma frase de Bento XVI:

edade, e tainbém na Igreja. Esta tem obrigação de proclamar as normas estabelecidas pelo próprio Jesus Cristo, além de estabelecer outras normas. Entre as penalidades eclesiásticas, existe uma que é a excomunhão. Gosto de insistir num ponto, que é um princípio geral da moral católica: "O fim não justifica os meios". Oxalá nossos legisladores, senadores e deputados, entendessem isto, como também todos os católicos. A finaJidade pode ser ótima, mas não se pode usar um meio ilícito para atingi-la. Assim, para salvai· a vida da mãe, não se pode provocar um aborto. Se alguém objetar que o nascituro está em perigo, eu respondo: Então vainos esperai· a interferência divina. Ele vai nascer, e depois se constata o que Deus providenciou. Só Ele é que tem o direito de tirar a vida. Não podemos violar o 5º mandamento, Não matarás.

"Uma iniqüidade do tempo presente é a ditadura do relativismo". O relativismo, sendo aceito, equivale a dizer que tudo é relativo: "Você tem a sua religião, eu tenho a minha. Eu digo que Jesus está presente na Eucaristia, você diz que não. Eu digo que Maria é a Mãe de Deus e outros dizem que não". Esta é uma afirmação relativista, que não pode servir como norma de vida para ninguém. Nossa missão é procurar a verdade, e sabemos que a verdade viva é Jesus Cristo. Recordemos as palavras fortíssimas de Nosso Senhor, que serão proferidas no final dos tempos: "Afastaivos de mim, ide para o fogo eterno". Palavras duras, entretanto elas são de Jesus, que é a bondade infinita. É sentença que somente Deus pode proferir. Por isso insisto muito num ponto: esta conscientização, inclusive para aqueles que ainda estão praticando o ab0110, é um remédio e desperta a consciência para se voltar ao bom caminho. A missão da Igreja é essa. Explica-se pois minha declaração em entrevista a jornalistas: "Eu simplesmente citei e mencionei a lei da Igreja". Mas eles deram mais destaque à tal declaração do que ao fato de o aborto ser uma prática gravíssima. Nessa linha de pensamento, sobre aqueles médicos de Recife que se declararam orgulhosos de continuar a praticar o aborto, não posso afirmar que estejain de boa fé. Não é ignorância. Mas se pessoas praticam um ato por ignorância, então devo explicar-lhes, e vou rezar pela conversão delas. Catolicismo - V. Exa., quando completou 75 anos, enviou uma carta ao Vaticano colocando o cargo à disposição, e foi substituído na arquidiocese de Olinda e Recife. Mas o combate contra a prática abortista não se encerrou. Qual a atuação de V. Exa. no momento, e o que pretende exercer de futuro? D. Cardoso Sobrinho - Como disse claramente, procurei ser fiel ao Código de Direito Cai1ônico. Gostaria de lembrar a todos, sobretudo a certos jornalistas, que esse Código não contém somente leis humai1as. Sabemos que na sociedade civil existem vários códigos, mas na Igreja há um só código, e nele estão incluídas Leis divinas. Há pessoas que têm preconceitos contra o Código de Direito Canônico, sem conhecer seu conteúdo. Nenhuma sociedade humana pode viver somente com normas facultativas. Um exemplo: a organização do trânsito de carros nas cidades. Suponhamos que no trânsito fosse tudo livre: não tem mão nem contramão, nem locais onde o trânsito é proibido, nem sinais luminosos. O que aconteceria? Ninguém chegaria a qualquer destino. As normas são necessárias a toda a vida humana, em toda organização da soei-

"Fazer a vontade de Deus signiflca cumpl'il' em primei1·0 lugar a sua Lei. Isso deve ser um pl'ograma de vida, parn vivennos l1abitua/mente na graça de Deus".

Catolicismo - Pedimos uma mensagem de V. Exa. para os leitores de Catolicismo. D. Cardoso Sobri11ho - Na oração que Jesus nos ensinou, rezamos Pai Nosso, e depois, seja feita a vossa vontade. Fazer a vontade de Deus significa cumprir em primeiro lugar a sua Lei. Isso deve ser um programa de vida, para todos nós vivermos habitualmente na graça de Deus. Na conclu são do Evangelho de São Mateus, Jesus disse: "Ide por todo o mundo, fazei com que todos se tornem meus discípulos ". Poderíamos perguntar: "Então Jesus não é relativista?". Não, Jesus disse "todos", pois Ele é o sa lvador do mundo inteiro. Assim, nossa missão é esta: sermos fiéis a tal mandamento e pedir a Deus que esta missão seja divulgada e seja aceita pelo mundo inteiro. Temos certeza de que um fiel católico, que vive habitualmente na graça de Deus, está fazendo muito bem à Igrej a como um todo. É como num corpo humano: se um órgão está funcionando bem, faz bem a todo o corpo. Lembro o exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus, um fenômeno religioso maravilhoso: Uma jovem que entrou para a clausura com 15 anos, e nunca saiu para nada. Hoje ela é padroeira das missões no mundo int~iro, tendo sido declarada Doutora da Igreja. Toda a ciência teológica de Santa Teresinha foi dessa via espiritual séria, a comunhão permanente com Deus. Quando ela escreveu sua autobiografia, afirmou: "Eu tenho mais facilidade de me expressar falando com Jesus". É uma lembrança permanente de que a vida não termina neste mundo. Estamos marchando para a vida eterna, e Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, colocou um programa em nossa vida. Devemos executar o projeto d'Ele pai·a cada um de nós. • DEZEMBRO 2009 -


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DESTA UE

Tribunal europeu proíbe crucifixos, e Itália se insurge

peus, que se recusaram a mencionar as raízes cristãs na Constituição Européia: o crucifixo é um símbolo da identidade cristã da Itália e da Europa". De fato, aderindo à dita Constituição contida no Tratado de Lisboa, decisões como essa que ind ignou a Itália são inevitáveis.

Manifestações Jubilosas de muçulmanos e ateus Ade] Smith, presidente da União dos Muçulmanos da Itália, alegrou-se com a "proibição": "Num Estado laico não se pode oprimir as outras religiões exibindo um símbolo de uma determinada confissão". Também manifestou euforia Raffaele Carcano, da União de Ateus e Agnósticos, que comemorou a sentença como "uma grande data para o laicismo italiano". De fato, foi uma vitória para o ateísmo e o agnosticismo. Em sentido oposto, multiplicam-se movimentos sadios no país, os quais promovem a entronização de crucifixos em locais públicos, inclusive nas e colas.

Ü processo de unificação européia revela seu espírito perseguidor e anticristão, e suscita reações populares. Agora foi a vez de os católicos italianos abrirem os olhos e se indignarem. n MARCELO DuFAUR

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ltália reagiu firmemente contra uma sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, de Estrasburgo, segundo a qual a presença de crucifixos nas salas de aula constitui "violação da liberdade dos pais de educar seus filhos segundo suas convicções", e uma "violação da liberdade religiosa dos alunos". 1 Como revide à absurda sentença, de norte a sul da Itália prefeitu ras e particulares começaram a instalar mais crucifixos em escolas e locais públicos. Em Varesotto, em resposta à "proibição" de Estra burgo, um empreiteiro instalou em sua granja um cruzeiro de seis metros de altura. 2 A indignação espraiou-se também por inúmeros ambientes catól icos do exterior. A decisão anticristã é inteiramente consonante com o espírito e as finalidades do processo de unificação europeu. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos pertence ao Conselho da Europa, e julga com base na Con venção Européia dos Direitos Humanos, inspirada na filosofia da famigerada Declaração dos Direitos Humanos da Revolução Francesa. O Conselho da Europa e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos não devem er confundidos com análogos órgãos da União Européia (UE), porém o quase indecifrável labirinto de organismos da UE e do Conselho da Europa faz com que o comum dos europeus o considere uma só e mesma máquina burocrática opaca que tudo invade. Os povos europeus acompanharam o processo unificador com 'displicência, ponderando as vantagens materiais que ele tra~ia. Porém não se convenceram da filosofia e objetivos últimos que o inspiravam. Aliás, nem tomaram conhecimento pormenorizado da existência dessa filosofia, e jamais lhes foi explicado com clareza quais eram tais objetivos. CATOLIC ISMO

Processo que deu origem dO caso

Afronta às tradições e à alma da Itália

Em 2002, Soile Lautsi Albertin processou a escola pública Vittorino da Feltre, da cidade de Albano Terme, pelo fato de ostentar crucifixos nas salas de aula. Ela alegou a laicidade do Estado italiano. O tribunal administrativo do Vêneto deu ganho de causa à escola, porque a cruz é "o símbolo da história e da cultura italiana ". A decisão foi confirmada pelo Conselho de Estado em 2006. Recentemente a Corte Européia dos Direitos Humanos cassou a decisões da Justiça italiana e puniu o país com multa de 5.000 euros. Essa coite não tem poder para cassar decisões da Justiça, e sua decisão não é coercitiva. Entretanto, a pressão moral a que ficou submetido o governo italiano é enorme.

Para "Il Giornale" 3 de Milão, a unificação européia "começou astutamente pela economia e pela moeda". Mas agora atingi u o ponto crítico de desvendar sua tendência atéia e agnóstica, passando o trator nos símbolos visíveis da Religião. Segundo o mesmo jornal, isso implica atacar na península italiana a arq uitetura, a pintura, os crucifixos, as imagens de Nossa Senhora, que fazem parte de "tradições de um país que se alimentou, ao longo dos séculos, da beleza do Evangelho. Seria impossível imaginar um São Francisco de Assis sem a doce paisagem da Úmbria, um São Bento sem a ordenada gravidade das terras romanas, um Rafael sem a apaixonada contemplação da Virgem Maria. Hoje se quer tirar o crucificado das escolas públicas ... Mas também milhares de capelinhas de Nossa Senhora, que protegem os viajantes nos

Italianos rnagem energicamente A ind ignação foi de âmbito nacional. Não fez muitas distinções no dédalo burocrático UE-Conselho da Europa, e voltou-se contra os dois órgãos. O prerniê Berlusconi percebeu a magnitude da reação e qualificou a sentença de "absolutamente inaceitável". O governo italiano apelou. "Ninguém, nem sequer uma corte européia ideologizada, conseguirá apagar nossa identidade", protestou a ministra de Educação, Mariastella Gelmini. "Estou desconcertado ", disse o ministro de Justiça Angelino Alfano. Roberto Calderoli, ministro para a Simplificação, achou que "a corte européia pisoteou nossos direitos, nossa cultura e nossos valores, [... ] os crucifixos permanecerão nas paredes de nossas salas de aula". "Sentença abstrata e falsamente democrática", acrescentou o ministro da Agricultura, Luca Zaia. Até a oposição de centro-esquerda - ativa promotora desse tipo de golpes de Revolução Cultural - pronunciou-se contra o descabido acórdão. O novo líder do Partido Democrático, Pier Luigi Bersani, observou que "uma tradição antiga como o crucifixo não pode ser ofensiva a ninguém". Pier Ferdinando Casini, da União do Centro Democrático, foi além: "O acórdão é conseqüência da timidez dos governantes euro-

D EZEMBRO 2009 -


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"li Giornale" noticia as reações na Itália

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Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano : "Nossa reação não é senão de deploração"

cruzamentos das estradas, estão em locais 'públicos'; logo alguém desejará que sejam eliminadas ". Se prevalecer o critério da COLte Européia, "nenhum povo seria um povo. Mexer com os costumes religiosos significa mexer com a alma dos povos. É uma coisa perigosíssima", acrescentou.

A reação de eclesiásticos O jornal milanês relembra que até eclesiásticos desempenharam nessas concessões destacado p~pel, levando os fiéis a aceitar o processo de unificação européia. Recentemente o episcopado irlandês exortou os católicos a aprovarem o Tratado de Lisboa, ou Constituição Européia, aduzindo que ela garantia suficientemente os direitos religiosos dos católicos ... A decisão de Estrasburgo patenteia que tal promessa é apenas uma das fraudes que pavimentam a estrada da unWcação européia. O Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, declarou aos jornalistas: "Nossa reação não é senão de deploração". Acrescentou que a cruz sempre foi "símbolo de amor universal, não de exclusão, mas de acolhida". 4 Mas observou, logo em seguida, que a "Santa Sé não pode nem quer interferir nas decisões da Corte de Estrasburgo" .. .

"Fechar o manicômio de Estrasburgo" No seu editorial, "II Giornale" 5 destacou que "a estupidez da sentença é agravada pelo desconhecimento dos valores do CATOLICISMO

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-cristianismo". Os juízes, para serem coerentes, terão que banir campanários, catedrais, mosteiros , capelas e tudo aqui lo que em locais públicos apresenta o sinal da cruz para as crianças; e o próprio ensino da língua, da história e da filosofia itali ana é impossível sem a referência à cruz. São Francisco, Dante e Manzoni, para citar alguns dos maiores referenciais da língua italiana, deveriam ser censurados nos livros de texto. Por fim, o diário pergunta se não seria o caso de "fechar o manicômio de Estrasburgo ", sede do tribunal. A conclusão sem dúvida reflete a vigoro a oposição suscitada pelo acórdão, mas não vai ao fundo do problema. Os países europeu foram ludibriados por uma unificação inspirada numa filosofia contrária à Igreja Católica e não explicitada. Enquanto continue vigente tal filosofia igualitária, liberal e anticristã, de pouco adiantarão as nobres e justas reações expressadas por órgãos de imprensa como este. • E-mai l do autor: catolicismo @catolicismo.com.br Notas: 1. " La Nación", Buenos Aires, 4-1-09. 2. http://www.aciprensa.com/noticia.php?n=27495 3. "II Giornale" , Milão, 4-11-09. 4. "La Stampa", Turim, 4- 11 -09. 5. " II Giorna le", id. ibid.

DEZEMBRO 2009 -


m PuN10 CoRRÊA oE OuvE1RA

O

agravamento de um fenômeno que, de si, não deveria existir, poderia poupar pelo menos a festa do Nascimento do Salvador. Refiro-me à laicização generalizada das mentalidades, da cultura, da arte, das relações - em uma palavra, da vida. Nesta matéria, laicização significa propriamente paganização. Pois, à medida que se vai empurrando para a penumbra o Homem-Deus, o lugar deixado vazio por Ele vai sendo preenchido por "valores" muito concretos e palpáveis, mas que por vezes são glorificados como se fossem faustosas abstrações: a Economia, a Saúde, o Sexo, a Máquina, e tantos outros (as maiúsculas anacrônicas servem para que melhor se sinta o que afirmo). "Valores" materiais, é óbvio. E enfatizados por uma orquestração propagandística saturada de marxismo, de freudismo, etc. Ao contrário do que acontecia no mundo clássico, esses "valores" não são personificados em deuses, bem entendido, nem concretizados em estátuas. O que não impede que sejam eles os verdadeiros ídolos pagãos de nosso infeliz mundo laicizado. A influência do neopaganismo laico vem infiltrando cada vez mais o Natal moderno. Infiltração gradual, mas perfeitamente óbvia. De que maneira? Não de uma só maneira, mas simultaneamente de todas as maneiras concebíveis.

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A começar no Advento. Esse período, que no ano litúrgico compreende as quatro semanas antecedentes ao Natal, constituía para a Cristandade uma parte do ano especialmente voltada para o recolhimento, para uma discreta compunção e para a esperança palpitante do grande júbilo que o nascimento do Messias tra-


rá. Todos se preparavam assim para acolher o Menino-Deus que, no virginal sacrário materno, se acercava, dia a dia mais, do momento bendito em que iniciaria sua convivência salvífica com os homens. Nessa atmosfera densa e vividamente religiosa, a tônica se ia gradualmente deslocando. À medida que se aproximava a noite entre todas sagrada, a compunção ia cedendo lugar à alegria. Até o momento em que, nas pompas festivas da Missa do Galo, as fanulias, os povos, as nações se sentiam ungidos pelo júbilo sacral descido do mais alto dos céus; e em cada cidade, em cada lar, no interior de cada alma se difundia, como um bálsamo de celeste odor, a impressão de que o Príncipe da Paz, o Deus Forte, o Leão de Judá, o Emanuel, mais uma vez acabava de nascer. Stille Nacht, Heilige Nacht ... a canção célebre que se transpôs para nosso vernáculo, de modo menos expressivo, como Noite Feliz. De toda essa preparação, o que restou? Do Advento, quem hoje cogita senão uma minoria ínfima? E dentro dessa minoria ínfima, quantos o fazem sob a influência da verdadeira teologia católica e tradicional, e não das teologias ambíguas e desvairadas que sacodem hoje em dia o mundo cristão, como se fossem convulsões de febre? *

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Mas deixemos de lado essa minoria, e pensemos nas multidões que se agitam nas grandes cidades. Por elas, o Advento pura e simplesmente não é lembrado. A correria de todos os dias continua, agravada pela perspectiva das despesas a enfrentar, dos presentes a enviar, das visitas a fazer e das festas ou festinhas a organizar. Em suma, todo o mundo se vai aproximando do Natal, não como de uma data para a qual se caminha com esperança, mas como de um dia afanoso, dispendioso e, sob alguns aspectos, até complicado, que se terá alegria em "deixar para trás". É bem verdade que nas cidades, e talvez mais especialmente nas grandes, a aproximação do Natal é salientada pela multiplicação das lâmpadas coloridas na vegetação dos jardins dos bairros residenciais, pelos longos fios de luzes nas avenidas de maior trânsito e pela ornamentação carregada das vitrinas comerciais. Contudo,

não é difícil sentir que a alegria peculiar que isso tudo tende a "aquecer" - alegria toda induzida, note-se - provém do desejo de comprar, de gozar, de festejar. Dessas luminárias elétricas, nada ou quase nada lembra o Messias que está para chegar. E tudo lembra, isto sim, a economia ansiosa de ser superativada: o comércio que palpita por ampliar a saída de seus estoques e a indústria que multiplica seus produtos (e seus lucros), para preencher os vazios abertos nas prateleiras das lojas em virtude do aumento do consumo. Em suma, é o ídolo-Economia que se vai tornando o grande centro das expectativas, dos anelos e dos festejos natalinos deste fim de século. Mamon. O Estômago. A Matéria - Jesus, não!. .. *

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Chega por fim o Natal. Reúne ele ainda os lares em torno de um presépio? Por vezes, sim. Porém, em numerosos casos, os reúne não em torno da manjedoura onde o Menino-Deus abre os braços para Maria Santíssima profundamente enternecida, sob as vistas meditativas e recolhidamente jubilosas de São José; mas sim em torno de uma mesa em que as guloseimas, a champanha dos que podem e as modestas bebidas dos que não podem, ocupam as atenções outrora voltadas fundamentalmente para o Nascimento do Redentor. Em quantos lares a redução e a transparência cada vez mais acentuada dos trajes espalham uma atmosfera de sensualidade, desvirtuando profundamente o significado dessa noite de inexcedível pureza. Há os festejos sob cuja influência a caridade se encolhe e se estende sempre menos, nos lares dos que nada têm. Nestes, as larguezas difundidas outrnra pela justiça e pela caridade cristãs são substituídas pelo silvo da subversão "católica" que, sob o pretexto do Natal, se faz ouvir pela voz do (ou da) agente de uma comunidade de base qualquer. Ou de coisa quejanda. Na realidade, porém, o neo-Natal laico tem ainda outro aspecto. O tufão do turismo arranca incontáveis faoúlias do lar - o qual deve ser, com a igreja e a matriz, o quadro específico da noite de Natal - e as dispersa através dos hotéis, da praia ou do campo, em meio a um bulício mundano no qual não conseguem penetrar as vozes angélicas que cantam o Gloria in excelsis Deo. *

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Mas a laicização não pára aí. Ela persegue o Natal até nos ecos augustos com que ele se prolonga nas festas que o seguem . Ano Bom, Reis ...

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A festa de Ano Bom é, em termos religiosos, a festa da Circuncisão. Lembra Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual, movido pelo amor ao gênero humano, derrama já em sua primeira infância gotas de seu sangue infinitamente precioso, em fa vor dos homens. E assim faz já pensar no Sacrifício augusto que os redimirá do pecado, os arrancará da morte eterna e lhes abrirá o caminho do Céu. A esta festa religiosa do Deus-Menino se sobrepõe a comemoração salobre de uma laicíssi ma confraternização uni versai dos povos. Confraternização irremediavelmente vazia, como tudo quanto é laico, e da qual parecem gargalhar cinicamente as muralhas ·á que retalham os povos, o terrorismo que os apavora, o risco da destruição atômica que e½ pesa sobre eles como uma nuvem plúmbea, e a sarabanda cada vez mai s carregada de antagonismos e ódios, das idéias e dos interesses incompatíveis e inconciliáveis. Em uma palavra, quando o sol se põe, os animais malfazejos saem de suas tocas e passeiam pela selva. O laicismo apresenta Jesu Cristo aos olhos do mundo como um sol em g fim de ocaso. Que espanto há em que prolifere ~ e se difunda tudo quanto é daninho nos antros dos corações descristianizados, das cidades ll enlouquecidas e das solidões em que o vício e o crime se escondem, para à vontade multiplicarem o requinte pelo requinte? Mas - dirá alguém - por que lembrar tudo isso nesta quadra de alegria? Por que esse choramingo, no momento em que os homens estão ávidos de rir e de fes tejar? Para protestar. E se esse protesto soa como choramingo a algum ouvido amortecido pela cacofonia moderna, o defeito não é do protesto. O defeito é de quem não sabe sentir nele senão o que ele não é: um choramingo. Pois o choramingo é pusil ânime, soa a derrota e capitulação, enquanto o protesto - inspirado pelo amor a Cristo, Rei vencedor, e a Maria "Terribilis ut castrorum acies ordinata " (Terrível como um exército em ordem de batalha - Cant. VI, 3 e 9) - se ergue co m desassombro em meio à incom preensão. Esse protesto é um brado de reparação, uma proclamação de inc nformidade. E, mais do que isto, um prenúncio de vitória. •

Sonoridades, aromas, sabores e luzes dos Natais de outrora " w.

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(Tran scrito da " Fo lha de S . Paul o", 1°- 1- 1979)

G ABRIEL DA SILVA

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mistério da Encarnação do Verbo Eterno no seio de Maria Imaculada manifesta-se plenamente aos homens no nascimento de Jesus Cristo. O gênero humano foi assim elevado a uma participação, pela graça, na própria Divindade! Era natural que esse magno acontecimento fosse comemorado pelos cristãos de modo especial, ~ ass im o fo i até um passado recente. A noite de Natal era sempre esperada com av1dez, como um bálsamo celeste que nos aliviaria as mazelas da vida. As descrições sobre o Natal - da narrativa evangélica em sua sublime simplicidade até as .revelações místicas, às vezes pormenori zadas, feitas a almas santas pintam o ambiente maravilhoso e indescritível do que ocorreu na Gruta de Belém. Algumas dessas .revelações contam que o Divino Infante teria vi ndo à luz - Ele que é a própria "Luz que ilumina todo homem" (Jo I, 9) - durante um êxtase de Mari a Santíss ima. Os Evangelhos narram como os coros angélicos celebraram o acontecimento com cânticos celestiais, e ass im o anunciaram aos pastores. Anunciaram-no igualmente aos reis sábi os do Ori ente, cujas caravanas a mi steriosa e fascinante estrela guiou até Belém. Quem poderá descrever o ambiente da Gruta du~ante a v_isita dos ilustres peregri nos? E as graças e consolações espirituais que · terao expenmentado então?

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O mundo católico extasiava-se com esse am biente marav ilhoso, antes da cri se medonha que envolveu a Santa Igreja Católica nos últimos tempos. Por ocasião da época natalina, todos como que apalpavam a divindade de Cristo pel~s graças que rec~biam na grande solenidade. E esse ambiente tornava as pessoas ma1 generosas e mais propensas ao perdão e ao bem.

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O dulcíssima Virgem, Vós sois minha Mãe e Vós sois poderosa!

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ende memória e lembrança, ó dulcíssima Virgem Maria, de que sois minha Mãe e que sou vosso(a) filho(a): que sois poderosa, e que sou um(a) pobre homem (mulher) vil e fraco(a). Eu vos suplico, Mãe dulcíssima, que me governeis e me defendais em todos os meus caminhos e ações. Não digais que não podeis, ó graciosa Virgem! Porque vosso Bem-amado Filho vos deu todo poder, assim no Céu como na Terra. Não me digais também que não deveis, porque Vós sois a Mãe comum de todos os pobres seres humanos, e particularmente minha Mãe. Se não pudésseis, eu vos desculpa.ria dizendo: "É verdade que Ela é minha Mãe, e que Ela me quer bem como seu (sua) filho(a), mas a pobrezinha não tem meios nem poder". Se não fôsseis minha Mãe, com razão eu me conformaria, dizendo: "Ela tem toda a riqueza que queira para me assistir, mas ai! não sendo minha mãe, ela não me ama". Entretanto, ó dulcíssima Virgem, Vós sois minha Mãe e Vós sois poderosa! Como vos desculparia eu, pois, se não me ajudásseis e não me prestásseis socorro e assistência.? Vede, minha Mãe: Vós sois obrigada. a atender a todos os meus pedidos ... Pela honra e glória de vosso Filho, aceitai-me como vo~so(a) filho(a), sem considerar as minhas misérias e os meus peca.dos. Livrai a minha alma e o meu corpo de todo mal e dai-me todas as vossas virtudes, sobretudo a humildade. Enfim , presenteai-me com todos os dons, bens e graças que agradem à Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Assim seja.

A noite de Natal era a noite da sublimidade dos cânticos, do aroma de incenso que se evolava dos turíbulos nas igrejas, ou do cheiro de saborosos quitutes que subia com a fumaça das chaminés. Para o Natal, preparavam-se com meses de antecedência as melhores músicas, os melhores pratos, os melhores trajes. No que se refere à música, o quadro No coro (foto acima), do pintor Vicente Borras Abella, exposto no Palácio Riofrio, de Segóvia, representa um ensaio coral característico da vida católica de então. Com que empenho e seriedade se preparavam para a grande festa! O regente é a alma do conjunto. Embora a pintura seja de 1890, esse ambiente perdurou talvez até meados do século XX. Quem poderia imaginar então o pesadelo sepulcral de laicismo que cobriria o mundo um século mais tarde? Não é verdade que o laicismo militante conseguiu banir da sociedade quase toda atmosfera de sonho que envolvia essa noite bendita?

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A quem sentir saudades daqueles tempos (e às vezes pode-se sentir saudades de um tempo que não se conheceu), sugerimos rezar a sublime oração composta por São Francisco de Sales [quadro na página ao lado]. Envolta na doçura desse grande santo, que combateu de frente o calvinismo, ela contém todos os elementos de humildade e confiança com que devemos nos aproximar de Nossa Senhora e de seu Divino Filho na noite de Natal. • E-mai l do autor: w-gabriel@catolicismo.com.br

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O último dos anjos -

Conto de Natal n BEN oir BEMELMANS

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e todos os anjos, ele era o último. Dentre milhares e milhares de puros espíritos que Deus criou - imensamente mais numerosos que o conjunto de todos os seres humanos que existirão até o fim do mundo - , distribuídos em uma imensa hierarquia éomposta de nove coros angélicos, ele se encontrava no lugar mais baixo. Todos os anjos, sem exceção, eram-lhe superiores. Abaixo dele, bem distantes, não havia senão nós, os homens. Mas não imagines que por isso ele concebesse qualquer amargura ou decepção. Ao contrário, era um anjo particularmente alegre e feliz. Por exemplo, ele não quis nem de longe aderir à revolta de Lúcifer, que havia procurado convencê-lo, em primeiro lugar pensando poder suscitar nele um sentimento de injustiça. · - Siga-me - cochichou-lhe o tentador - e de último entre os últimos tornar-te-ás semelhante a Deus. Ele teria dado uma gargalhada e encolhido os ombros (se os tivesse, mas estes são dois modos de agir que pertencem a nó~, humanos). Então o anjo colocou uma simples questão, que foi ouvida de um limite a outro da abóbada celeste: - Quem, então, é como Deus!? Sua frase foi retomada pelo arcanjo São Miguel, que fez dela o eu grito de guerra, com o sucesso que se conhece; pois, sob sua direção, dois terço da milícia celeste lançaram no inferno os demônios revoltados, depois de um gigantes o combate. Os anjos passaram então a gozar da visão beatífica. Já antes da criação dos homens, o último dos anjos passou a fazer o bem sobre a Terra.

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Sendo um puro espírito, não tinha corpo. Mas possuía uma inteligência imensamente superior à nossa, uma vontade livre de entraves e um poder sobre todo o mundo material. Poder ao qual só os desígnios da Providência Divina punham limites. Além disso, fora do conhecimento sobrenatural de Deus, o anjo jamais tivera necessidade de aprender: todos os seus conhecimentos naturais foram-lhe cpmunicados por Deus no instante de sua criação. Sua ciência, sua força, seu discernimento, ele os utilizava para influenciar as condições materiais de nossa vida quotidiana. Por onde passava, o ar tornava-se mai:s leve, os pássaros cantavam com mais alegria, as flores deitavam seus perfumes e os homens sentiam-se inclinados a ser melhores. Ele era o anjo que restabelecia a paz na natureza depois das grandes tempestades; que tornava tão agradável o retorno da primavera; que conservava fresca a vasta sala de pedras onde vinham repousar os ceifeiros; que velava pela abundância dos frutos na colheita do outono; e que criava aquele ambiente reconfortante ao redor da lareira, com a lenha a crepitar, quando a neve recobria os campos. Ele patrulhava a Terra para suavizar os efeitos da natureza selvagem, para tornar mais suportável a vida dos pobres humanos e encorajá-los a praticar a virtude. Sua intervenção sobre os elementos procurava fazer renascer a esperança nos corações dos homens. Era uma ação humilde, que ele efetuava com engenho e discrição, mas tinha a intuição de que não enchia a medida do que era chamado a realizar. Amante de conjecturas, pensava que um dia Deus lhe confiaria talvez uma missão especial. · - Quem sabe serei o anjo da guarda de alguém; sendo eu o último dos anjos, será provavelmente do mais fraco dos homens - disse ele a alguns dos grandes arcanjos do paraíso celeste, que sabiam mais do que ele. Mas e.les contentaram-se em contemplá-lo em silêncio . .

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Certa vez, sem estar a par de nada, notou entretanto uma movimentação inusitada na esfera celeste. Porém, como nenhum dos anjos superiores, em seus movimentos incessantes para a manutenção da ordem da Criação, se detivesse para explicar-lhe o que se passava, continuou a percorrer o mundo.

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Já fazia milhares de anos que ele cumpria seu ofício - o que parece muito para nós, mas não é senão um tantinho de eternidade na existência angélica-, quando em certa noite um dos magníficos serafins que servem junto ao Trono de Deus veio procurá-lo: - Nosso Soberano Criador tem uma missão para ti: vá depressa exercer teus talentos junto à pobre gente, no lugar que te indicarei. Apressando-se .em percorrer a imensa distância qu~ o separava da aldeia para onde fora enviado, ele entrou num recinto mal iluminado, sem saber o que iria encontrar. O anjo olhou em torno de si e viu ... o menor, o mais fraco, o mais pobre dos filhos dos homens. Então uma luz maravilhosa inundou a rude gruta onde se encontrava. 'Voltando-se, ele viu toda a corte celeste ali presente: milhares e milhares de anjos, subindo e descendo, entoavam um cântico novo, de excelsa suavidade. - Apressa-te! Não vês que ele está comfrio ?- di_sse· o serafim. Só então o anjo compreendeu que Deus se fizera homem, e que sua missão era a.de proteger aquele pequeno Menino e sua Mãe, a Santíssima Virgem Maria, e ainda seu pai adotivo, São José. Rapidamente ele fez vir o asno e o boi que dormiam ao fundo, para que aquecessem com seu bafo o recém-nascido; suavizou a aspereza da palha, para evitar que viesse a incomodar o Divino Infa nte, e espalhou pelo ar um aroma de Natal, feito de resina de pinheiro, de cera quente, de flor de laranjeira e de especiarias diversas. O Menino o vê ... e lhe sorri. Ele é o último, mas o mais feliz dos anjos! Depois dessa Noite Santa, todos os anos ele percorre a Terra para fazer sentir às almas de boa vontade a suavidade, o perfume, o espírito {l do Natal. ,g Então, por favor, olha bem em torno de ti, e sê sensível à sua presen- ~ ça. Perceberás talvez que ele acaba de passar, vendo a chama vacilante ~

de uma vela diante do presépio, contemplando o brilho de um enfeite de Natal suspenso num pinheiro, ou enlevando-te com a doçura dos cânticos da Missa do galo.

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OBVERV AÇÃO - Esta história não é senão um conto de Natal. Mas o último dos anjos existe realmente. Não sei como se chama (se ele mo tivesse dito, eu me alegraria em escrever seu nome; mas a Igreja proíbe aos homens dar nome aos anjos, exceto àqueles que aparecem na Bíblia). De qualquer modo, nossa pobre inteligência humana não chegaria a compreender bem o significado e a beleza do nome de um anjo. Para dizer a verdade, foi ele quem me sugeriu escrever este conto. Quando objetei que talvez nem tudo fosse inteiramente exato, ele riu, deu de ombros e disse: Basta colocares uma observação no fim: Aqueles que tiverem conservado o melhor de sua inocência dos tempos da infância regozijar-se-ão. Os outros...• E-mail para o autor:

benojt@catolicismo.com,br

O Anjo, à direita, observa com veneração a homenagem dos Reis Magos ao Redentor do mundo


Graduado em Direito, Jogo se distinguiu na Corte de Justiça pela eloqüência e habilidade . O prefeito pretoriano da Itália, Anicius Probus, chamou-o para seu conselho. Encantado com suas qualidades morais e intelectuais, obteve para ele, do imperador Valentiniano, o cargo de governador consular da Ligúria e Emília que compreendiam então as províncias da arquidiocese de Milão, Turim, Gênova, Ravena e Bolonha - com residência em Milão. Ao despedir-se de Ambrósio, esse pagão foi profeta ao dizer-lhe: "Vá e aja não como juiz, mas como bispo ".

Santo Ambrósio Ilustre Padre da Igreja T odos os autores da época em que viveu, e os posteriores·, forám seus admiradores ou panegiristas. Suas obras são obrigatórias em qualquer estudo sério da história da Igreja. m PuN10

O

M ARIA

SouMEO

riundo de antiga família de Roma que tinha dado à Igreja mártires, e ao Estado altos oficiais, Ambrósio era o terceiro filho do viltuoso prefeito das Gálias, cujo nome era o mesmo do santo. Essa era uma das quatro grandes prefeituras do Império, e o mais alto posto a que podia chegar um simples vassalo. Compreendia os atuais territórios da França, Inglaterra, Espanha e Tingitana, na África. 'fréveris, Arles e Lyon, suas três principais cidades, disputam a hom·a de ser o berço de Santo Ambrósio, que nas-

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CATOLICISMO

ceu no ano 340. Fora precedido uns dez anos antes por uma 'irmã, Marcelina, virgem con agrada que será também elevada à honra dos altares, e por Sátiro, seu irmão, que é também venerado como santo. Por volta do ano 354, em que faleceu seu pai, a família voltou para Roma. A mãe, discernindo no filho caçula uma inteligência aguda e extraordinária aptidão para o estudo, deu-lhe os melhores profes sores da Cidade E terna. Ambrósio cursou também com brilho as escolas superiores, unindo ao estudo os exercícios de piedade. Conservou-se sempre casto em meio à corrupção reinante.

batizado, era ainda catecúmeno. E o Concílio de Nicéia havia proibido que simples neófitos fossem promovidos . ao episcopado. O perplexo Ambrósio alegou essa razão para fugir à tremenda responsabilidade. Nada, porém, abalou o povo, que era inspirado por Deus. O caso foi levado ao Papa e ao imperador, que ratificaram a escolha. Depois de muita resistência, Ambrósio curvou a cabeça, temendo contrariar a vontade divina. Foi batizado e recebeu as ordens menores e maiores. Uma semana depois, foi sagrado bispo. Tinha então 35 anos, e governa.ria a igreja de Milão por mais 23, plenos de Providencialmente · atividades e realizações. elevado ao episcopado Ao tomarem conhecimento de sua Quando Ambrósio chegou a Milão, sagração episcopal, seus irmãos acorreram a seu lado: Santa Marcelina, em 372, a cidade encontrava-se em situação religiosa deplorável, devido à para ajudá-lo nas coisas práticas e na influência da heresia ariana. Havia quaparte religiosa; e ·são Sátiro, para auxiliá-lo no aspecto temporal do carse 20 anos que um herege e usmpador, Auxêncio, amparado pelo imperador go. Este devotado ilrnão, que renunConstâncio, apossara-se da sé de São ciou a uma prefeitura para realizar Barnabé, obtendo o exílio do verdadeiessa missão, era muito unido a Santo ro bispo, São Dionísio, que morreu no Ambrósio. Por ocasião da sua morte desterro. Apesar de condenado pelo prematura, poucos anos depois, SanPapa São Dâmaso, o intruso permaneto Ambrósio pronunciou dois comoventes elogios fúnebres , exaltando ceu em seu po to até sua morte, ocorrisuas virtudes . da em 374. om seu falecimento, os verdadeu-os católicos queriam escolher um bispo fiel , e os arianos um que con- For mando-se para fo1·mai· outros tinuasse a favorecer a heresia. Clero e povo reuniram- e na catedral para esGraduado apenas nas artes liberais, Santo Ambrósio entregou-se ao estudo colher o novo prelado, mas o conflito entre os partidos era tal, que ameaçava das ciências divinas para completar sua tom ar-se verdadeira batalha. Ambrósio, formação sacerdotal. "Seus estudos por sua bondade, afabi1idade, retidão e eram de uma natureza eminentemente prática; ele aprendia o que devia ensigentileza, conquistara o corações de tona,: No exórdio de seu tratado De dos. Julgou seu dever, como governaOfficiis, lamenta que, devido à rapidez dor, acalmar os ânimos. Sua presença de sua transf erência do tribunal para foz cessar o tumulto. Ele acon elhou calo púlpito, era obrigado a estudar e a ma e submissão à deci ão dos bispos. ensinar simultaneamente. Sua piedade, Quando termi nou de falar, ouviu- e uma seu profundo julgamento e genuíno insvoz infantil exclamar: "Ambrósio, bispo! ". Esse brado caiu como um raio tinto católico preservaram-no do env, e sua fama de eloqüente expositor da s br a assembléia, que começou a doutrina da Igreja chegou logo aos rcp ti-lo acaloradamente. confins da Terra ". 1 Ambrósio não era clérigo. Além O fato é que Ambrósio aprofundoudi sso, segundo costume pouco recom •ndúv ·l do tempo, nem tinha sido se tanto nas ciências sagradas, que me-

receu ser incluído entre os quatro principais Padres da Igreja Latina, recebendo também o título de Doutor da Igreja. Ele é considerado a principal testemunha dos ensinamentos da Igreja em seu tempo e nas épocas precedentes. Com isso, seus escritos adquiriram força e atualidade difíceis de se encontrar, mesmo em outros Padres da Igreja.2

Santo An1br6slo e Santo Agostinho Ambrósio estava sempre pronto para receber seus fiéis , a qualquer hora do dia ou da noite, fossem eles aristocratas ou mendigos. Com isso, estava sempre ata.refado, como escreve Santo Agostinho em suas famosas Confissões: "Eu não via meio de conversar com ele, como teria desejado, porque um exército de necessitados me impedia de chegar à sua presença ", diz ele referindo-se à época anterio~ à sua conversão. Quando o encontrava só, tinha medo de o inten-omper: "Eu me sentava, e depois de ter passado longo tempo contemplando-o em silêncio quem teria se atrevido a perturbar uma atenção tão profunda ? - retirava-me pensando que seria cruel molestá-lo no pouco tempo que reservava para reconcentrar seu espírito no meio do tumulto dos negócios". 3 Por incrível que pareça, esse aparente pouco caso de Santo Ambrósio era mais útil espiritualmente a Santo Agostinho do que todo tempo que o santo porventura lhe dedicasse . Prova dessa afirmação constitui a própria conversão do grande Doutor de Hipona.

Apostolado por meio de seus escritos Santo Ambrósio escreveu vários trabalhos sobre a virgindade, que o mais das vezes consistiam em sermões. O ma.is importante deles é o tratado Sobre as Virgens, dedicado à sua irmã Marcelina. São Jerônimo diz que ele foi o mais eloqüente e exaustivo de todos os expositores da virgindade, o que também é opinião da Igreja. Seus escritos dogmáticos tinham

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por fim combater os hereges e os pagãos, e versam em geral sobre a divindade de Jesus Cristo, do Espírito Santo, e tratam também dos Sacramentos. Ele escreveu sobre esses temas contra os arianos; e seu trabalho sobre a confissão é uma refutação dos novacianos, hereges da época, cujos erros assemelham-se aos dos protestantes. O ilustre arcebispo escreveu também sobre o sacerdócio. "Se Santo Ambrósio se

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soas. Quando o imperador arrependeu-se desse ato, já era tarde. Santo Ambrósio admoestou-o, proibindo-o de entrar na catedral enquanto não fizesse penitência pública pelo pecado cometido. Na oração fúnebre que fez desse imperador, Santo Ambrósio narra o que seguiu: "Despojando-

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se de todo emblema da realeza, ele deplorou publicamente na igreja o seu pecado. Essa penitência pública, da qual os particulares fogem, um imperador não se envergonhou de fazer; nem houve depois um dia em que ele não se afligisse por seu erro". 5 Nessa ocasião, Eugê-

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dedicava com tanta solicitude • a bem regular os leigos, apli- ~ cava-se com mais cuidado à § -~ boa disciplina de seus eclesiásticos. Sabia que um bom padre é um tesouro que não se j pode estimar suficientemente, e que os grandes males da Igreja vêm da corrupção daqueles que a governam, como os maiores bens nascem de sua sábia conduta e bons exemplos. E que, para reformar o povo, é necessário começar pela reforma dos ministros do santo altar". 4

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Luta tenaz contra os hereges arianos

até mesmo assassinai- o bispo, mas este não cedeu. O povo era-lhe favorável. Na Semana Santa, os soldados de Justina cercaram a catedral repleta de povo. Durante os oito dias em que permaneceu no templo com os fiéis, Ambrósio, para entretê-los, compôs seus famosos hinos, segundo o uso no Oriente, que a Igreja assumiu como seus. Durante esses dias foram encontrados os corpos dos mártires São Gervásio e São Protásio. Os milagres que operaram à vista de todos, mais de um século após sua morte, consolidaram a vitória do arcebispo contra os arianos.

Os arianos, que negavam a divindade de Cristo, conseguiram o favorecimento da imperatriz-mãe, Justina, que aderira à heresia. Ela exercia a regência em lugar de seu filho menor, Valentiniano II. Ora, o usurpador Máximo, governador da O valor do arrependimento Grã-Bretanha, preparava seu exército e da penitência para invadir Milão. Justina recorreu então a Santo Ambrósio para conseO bom entendimento de Santo Ambrósio com o imperador Teodóguir que o tirano mudasse de opinião. sio, que se estabeleceu temporariaIsso realmente ocorreu. Entretanto Justina, em vez de mostrar gratidão mente em Milão, foi rompido. Em ao santo, exigiu-lhe a entrega de uma · Tessalônica, o governador da cidade de suas basílicas para uso dos herefora morto pela população enraivecida, porque havia posto a ferros ges arianos. Começou então uma longa batalha entre altar e trono. Sanum comediante muito querido da to Ambrósio afmnava: "Meus bens multidão. Num primeiro assomo de são da pátria, mas o que é de Deus, ira, Teodósio decretou que todos, não tenho o direito de entregar". Os sem exceção, fossem passados a fio arianos armaram ciladas, tentando de espada, num total de sete mil pes-

nio, que desejava restaurar o paganismo, usurpou o trono imperial. O invicto Teodósio foi ao seu encalço e o derrotou. Dividiu então o Império entre seus filhos Arcádio e Honório, e morreu pouco depois, tendo a seu lado Santo Ambrósio, que lhe administrou os últimos sacramentos. O grande arcebispo seguiu o imperador dois anos depois, falecendo na noite do Sábado Santo, 4 de abril de 397. Sua festa foi fixada para o dia 7 de dezembro, aniversário de sua sagração episcopal. • E-mail do autor: pmsolimeo@catolicismo.com.br Notas: 1. James F. Loughlin. St. Ambrose, The Catholic Encyclopedia, online edition, www.newadyent. ori.i. 2. Chamam-se Padres da Igreja certos escritores eclesiásticos antigos, que se distinguiram pela pureza de doutrina e santidade de vida, sendo reconhecidos pela Igreja como testemunhas da Tradição divina. 3. Apud Fr. Justo Perez de Urbe!, O.S.B., Aiio Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945, tomo IV, p. 492. 4. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barra], Libraires-Éditeurs, Paris , 1882, tomo XIV, p. 101. 5. James F. Loughlin, op. cit.

Antecipando o inferno

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m festival do inferno (Hellfest) foi realizado na cidade francesa de Clisson, de 19 a 21 de junho último (cfr. "Correspondance Européenne", nº 203, julho/2009) . Não há engano na informação. Sim, do "inferno"! Não se tratou simplesmente de um bando de degenerados que resolveu fazer estrepolias, mas foi um evento patrocinado pela cidade, pelo Conselho Regional da Região do Loire e pelo Conselho Geral do Loire-Atlântico. Estiveram presentes à inauguração a vice-presidente da Cultura, Y anick Lebeaupin e o conselheiro regional, Chloé Le Bail. Tudo oficial, portanto. Foi figura de destaque no festival um cantor que atende pelo nome de Marilyn Manson, cuja fama consiste em ser o "reverendo da igreja de Satanás". Presente também um outro conhecido seguidor dessa "igreja", chamado Soan, novo ídolo de rock francês, que se apresenta de um modo extravagante que a imprensa se compraz em chamar de "atípico" ou "gótico": roupas excêntricas, brincos nas orelhas, olhos tingidos. 108 grupos de "música extrema" produziram um total de 15 horas diárias de algazarra. Entre eles, os Destroyer 666, que se proclamam como anti-cristas prontos a "começar o ataque" e a ''fazer fo go". As vítimas dessa ameaça são, sem dúvida, os cristãos, aos quais eles aconselham a ''fazer vossas orações ", pois "não escapareis ao martelo de Satanás ". Ao mesmo tempo, diversos cantores incitaram a "queimar os padres". É o mesmo grupo que, em seu site na Internet, lança men agens de morte com imagens de torturas, mutilações, rostos monstruosos, corpos retalhados e olhares desesperados. Segundo o organizador, B en Barbaud, cerca de 60 mil pessoas participaram do festival. Um jovem padre enviou um protesto aos patrocinadores, no qual denuncia que o festival contribui "para uma atitude

mórbida, que conduziu diversos j ovens que eu conheci a se sui idarem; se eu faço esta menção de caráter pessoal, é porque estou em contacto com pais, que ficaram afetados para sempre, e com amigos desses jovens, que estão profundamente ·hocados" (Présent, 25-6-09). *

CATO LI CI SMO

Que autoridades patrocinem oficialmente a perversão da juventude, por meio de tais delírios demoníacos, só pode fazer Nossa Senhora chorar ... enquanto não chegar o momento de Deus intervir com grande poder e majestade. Uma ótima intenção para colocar aos pés do presépio neste Natal: que Nossa Senhora obtenha do Menino Jesus que EJe faça cessar de vez a abominável onda de blasfêmias e sacrilégios que se avoluma no mundo moderno . •

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vida eremítica nos desfiladeiros do Cedron, reuniu e dirigiu numerosos eremitas, fundando o mosteiro que levou depois seu nome. Primeiro Sábado do mês.

6 São Nicolau, Bispo e Confessor + Mira, 324. Bispo de Mira, na

1 Santos Edmundo Campion, Roberto Southwell e Companheiros, Mártires + Inglaterra, entre 1581 e 1679. Desses dez jesuítas, oito eram ingleses e dois do País de Gales. Foram todos martirizados pelos protestantes por ódio à fé católica.

2 São Cromácio, Bispo e Confessor + Itália, 407. Bispo de Aquiléia, no Vêneto, desenvolveu em sua sé uma vida clerical em comunidade. São Jerônimo denominou-o "o mais santo e o mais douto dos Bispos ".

3 São Francisco Xavier, Confessor + Sancião, 1552. Discípulo de Santo Inácio de Loyola, apóstolo da Índia e do Japão, seu zelo alcançou Málaca e as Mo1ucas. Faleceu aos 46 anos de idade às costas da China, que pretendia evangelizar. São Pio X declarou-o patrono especial da obra da Propagação da Fé e das Missões católicas.

4 Santa Bárbara, Virgem e Mártir + Séc. III ou IV. Não foi possível precisar·o lugar de seu nascimento e martírio. Padroeira da Artilharia, é invocada contra raios, morte súbita e impenitência final. Primeira Sexta-feira do mês.

5 São Sabas, Confessor + Palestina, 532. Cognominado a "Pérola do Oríente". Após

Ásia Menor. De eminente caridade, foi desterrado pelo imperador romano Licín_io. Derrotado este por Constantino, voltou à sua diocese, onde operou estupendos milagres. No Concílio de Nicéia, foi dos mais ardorosos adversários do arianismo.

7 Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja (Vide p. 38)

8 FESTJ\ DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM Festa instituída pelo Bemaventurado Pio IX em seguida à promulgação desse dogma, que coroava tradições muito antigas .

9 São Pedro Fourrier, Confessor + França, 1640. Entrou para a Congregação dos Cônegos Regulares, à qual deu novo vigor por sua virtude e talento.

10 Trasladação da Santa Casa de Loreto

11 São Dâmaso I, Papa e Confessor + Roma, 384. Espanhol de origem, encarregou São Jerônimo da traduçao da Sagrada Escritura, ocupou-se de anotar a história dos mártires e das catacumbas de Roma, e deu novo esplendor ao culto divino.

São Trnsão, Mártir + Roma, séc. III. "De sua fazenda [de seus bens] sustentava os cristãos que trabalhavam nas termas, os que se extenuavam em outras obras públicas e os que gemiam em calabouços. Preso por ordem de Diocleciano, recebeu a coroa do martírio junto com outros dois que se chamavam Ponciano e Pretextato" (do Martirológio Romano).

meio a atrozes torturas " (do Martirológio Romano - Monástico).

17 Cinqüenta Soldados de Gaza, Mártires + Egito, 630. Ao general árabe

Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira Principal da América Latina

que os intimava a apostatar sob pena de morte, responderam: "Ninguém poderá nos separar do amor de Cristo; nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem as riquezas do mundo, pois somos servidores de Cristo, Filho do Deus Vivo, e estam.os prontos a morrer por Aquele que morreu e ressuscitqu por nós" (do Martirológio).

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Santa Luzia, Virgem e Mártir

São GaLiano, Bispo e Confessor

+ Siracusa, séc. IV. Consagrando a Cristo sua virgindade e renunciando em favor dos pobres seu rico patrimônio, foi degolada à espada. Santo Tomás a cita duas vezes na Suma Teológica. É invocada nas doenças dos olhos.

+ Tours (França), séc. IV. Primeiro a ir pregar o Evangelho na região de Tours, da qual foi bi spo.

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14 São João da Cruz, Confessor e Doutor ela Igreja + Ubeda, 1591. Co-reforrnador, com Santa Teresa, do ramo masculino da Ordem do Carmo. Poucos penetraram mais a fundo nos arcanos da vida interior.

15 São Folcuíno, Bispo e Confessor + França, séc. IX. Primo-irmão do glorioso imperador Carlos Magno, por sua autoridade e energia foi designado bispo para governar a região ainda bárbara de Thérouanne (norte da França).

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19 São Nemésio, Mártir + Alexandria, séc. III. Absolvido de uma falsa ac usação de roubo durante a perseguição de Décio, qu ando saía do Tribunal foi d nu nciado como cristão e condenado pelo j uiz a ser queimado vivo, recebendo assim a coroa d martírio.

20 São Teófilo d • Alexandria e Companheiros, Mártires +Séc.UI. "Estes soldados cristãos do tribunal imperial, vendo um de seus irmcios na f é vacilar diante do juiz,jizeram-lhe sin ais pa ra encorajá-lo. Ao perceber os seus gestos, o juiz os intimou e eles não hesitaram em confessar suafé, sendo imedia tamente condenados à morte " (do Martirológio).

Santas Virgens, Mártires

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+ África, 480. Quando da invasão do norte da África pelos vândalos arianos de Hunerico, estas numerosas virgens consagradas a Deus "defenderam a honra da Igreja de Cristo em

Sno Pedro Canísio, Confessor e• Doutor da lgt'eja + Fri burgo, 1597. Discípulo de Sanlo Inác io , notab ilizou -se p ·la ·l'i ·á ·ia com gue comba-

teu, pela palavra e escritos, a heresia protestante, especialmente entre os povos de língua alemã. Graças a ele a Renânia e a Áustria permaneceram católicas.

22 Santa Juta, Virgem + Alemanha, séc. XI. Foi ter com ela, aos oito anos de idade, a futura profetisa do Reno, Santa Hi ldegarda. Juta instruiua, dando-lhe noções de latim, medi ci na e História Natural, familiarizando-a com os textos litúrgicos e a Sagrada Escritura. Ao falecer, santa Hildegarda substituiu-a como abadessa.

23 São Sérvulo, Confessor + Roma, 590. São Gregório Magno relata sua vida nos Diálogos: Paralítico, vivia de esmolas sob o pórtico da igreja de São Clemente em Roma.

24 São Charbel Makhlouf, Confessor + Líbano, 1898. Segundo Pio XII , esse monge libanês do Rito Católico Maronita, modelo de contemplação e recolhimento, "já gozava em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santijtcada por sacriftcios, j ejuns e abstinências".

25 NATAL DE NOSSO SENI IOR JESUS CRISTO

26 Santo Estêvão, ProLOmárLir + Jeru salém, séc. 1. Um dos sete primeiros diáconos nomeados e ordenados pelos Apósto los, seg undo os Atos dos Apóstolos, "fazia prodígios e grandes sinais entre o povo ". Não podendo suportar sua atuação, membros da sinagoga alegaram que ele blasfemava, e o lapidara m.

27 SJ\GRADJ\ í<'J\MÍLIA JESUS, MJ\RIA E JOSÉ

28 FESTA DOS SANTOS INOCENTES, MÁRTIRES

29 São Tomás Becket, Bispo e Mártir + Canterbury, L170. Arcebi spo de Canterbury e Primaz da Inglaterra. Por defender os direi tos da Igreja contra o absolutismo real, foi morto a machadadas em sua própda catedral , durante um ofício.

São Geraldo de Saint-WandriHe, Mártir + França, 1029. Abade de SaintWandrille, governou esse mosteiro durante 23 anos, dando os maiores exemplos de todas as virtudes monásticas. Foi assassinado durante o sono por um . monge revoltado com sua reforma e partidário do tirânico duque Roberto 1.

Intenções para a Santa Missa em dezembro Será ce lebrado pelo Revm o. Padre Davi d Fran c isq uini, na s segu intes inten ções: • Misso de Natal, suplicando ao Divino Menino Jesus, por mediação de sua Mãe Puríssima, que concedo abundantes e especiais gra ças às famíl ias de todos aqueles que nos apoio ~ rom ao longo deste ano de 2009.

30 Santo Anísio, Bispo e Confessor + Macedônia, 407. Discípulo de Santo Ascólio e seu sucessor na sé de Tessalônica, foi nomeado Vigário Pontifical na Ilíria, por São Dâmaso e seus sucessores.

31 São Silvestre 1. Papa e Confessor + Roma, 335. Foi dos primeiro santos não-mártires que recebeu culto público. Sob seu pontificado a Igreja começou a sair das catac umbas e a construir basílicas magníficas. Ini ciou a série de Papas- reis, como fundador dos Estados Pontifícios.

Intenções para a Santa Missa em janeiro • Pelos assinantes, leitores e be nfeitores de Catolicismo, o fim de que suas família s, neste novo ano que se inicio, se ja m espec ia lmente protegidos pelo Sagrada Família, poro serem preservados do pecado, da vio lência, do desemprego e dos drogas, que constituem grande peri go sob retudo paro os · mais jovens.

Nota: Os Santos aos quais já fizemos referê ncia em Ca le ndários anteri ores têm aqui apenas seus nomes enunciados, se m nota biográfica .

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Semana Universitária de Filosofia em Itu (SP)

Dom Bertrand de Orleans e Bragança (ao centro), com autoridades da faculdade e alguns convidados

Ü príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança profere palestra em Itu, interior de São Paulo, na solenidade de abertura da Semana de Estudo de Educação do CEUSNP mMÁRc10

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om o tema Brasil, uma nação predestinada a um futuro glorioso, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, abriu em Itu a 30ª Semana Universitária da Filosofia do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUSNP, no dia 20 de outubro. O convite foi reproduzido eela "TV TEM" e publicado nos jornais "Periscópio", "Folha da Cidade", "A Federação" e "O Cidadão" (foto 1), sendo também enviado a autoridades religiosas, militares e civis. A CEUSNP promoveu esse prestigioso ato em colaboração com a Ação Jovem Pela Terra de Santa Cruz. Dom Bertrand descerrou a placa alusiva à comemoração (foto 2). Logo depois foi aberta a sessão pelo vice-reitor, prof. Marcos Antônio Anganuzzi, representante do reitor (foto 3). O Príncipe Imperial foi recebido sob aplausos dos 550 participantes (foto 4), e encantou a todos pela elevação de trato e prodigiosa memória histórica. Em sua palestra, mostrou a importância de recordarmos como surgiu o Brasil (foto S), a formação do povo brasi leiro, fruto da miscigenação das raças branca, negra e índia. E discorreu sobre a grande importância da vinda da Família Real portuguesa para o Rio de Janeiro, em especial o papel de Dom João VI na transformação da Terra de Santa Cruz em uma grande nação. Tratou também do potencial que o Brasil possui, tanto pelas riquezas de sua fau na, flora e minerais como pela produção decort'ente da transformação industrial desses elementos. Em seguida, apontou os mais relevantes obstáculos da atualidade que impedem o crescimento do País. Terminada a palestra, o Príncipe foi aplaud ido de pé pelos presentes e seguiu para uma visita aos Campus de Salto e Itu do CEUSNP. O evento encerrou-se com um jantar na Cave de São José Marceneiro (foto 6) . • B-maíl do autor: calolícísmo@catolicísmocom.br

CATOLICISMO

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spedida em General Villegas ,_

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Francisco Balbiani , esquerda, om o ministro de agricu ltura

420 quilômetros de caminhada até chegar em Luján

CAM NAMõ 1

Romaria Pela paz do Campo

na Argentina empolga o país li SANTIAGO FERNÁNDEZ

A

ofensiva populista-socialista contra os produtores agropecuários vem angustiando a Argentina. Nessa situação, alguns produtores rurais fizeram uma peregrinação de 420 km (12 dias) a pé até o santuário nacional de. Nossa Senhora de Luján, padroeira do país, para pedir Por la paz del Campo. Partiram da cidade de General Villegas, província de Buenos Aires, onde trabalham. CATOLICISMO

Os organizadores - Francisco José Balbiani, de uma família de fazendeiros tradicionais, e Horacio Pugnaloni , chacareiro - explicaram: "Como todas as portas procuradas para a solução do conflito não foram abertas, ·e todos os argentinos sabemos que Nossa Senhora de Luján sempre atende, atrevemo-nos a ir a pé até Ela, como humildes peregrinos que suplicam e confiam em seu auxílio, rogando ao Sagrado Coração de Jesus sua proteção nesta marcha". Os promotores agiram a título estritamente pessoal, sem pretender represen-

Clarín.coll}l

Culminó la peregrinación de] campo con una misa y un ac1·0 en Luján 12 .58 1 Lo, "':>d1,1Qt~1.,,. ti~• tDl'Jl1n110ri mó~ de 10 d 11~ guO• G•MtAI Vute9 1u ly•• ~fl r•ut>,dc.J r,,:,• I• l, IUI ~ - E r,110. . ,, l.a, i sill-;;4 R1tJ;.1"1'1,m p:U 'Jl,,rc:nu, i:2ra•I

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taro país ou a classe rural. Porém, a onda de apoios à iniciativ a pareceu dizer o contrário, e foi crescendo. Grandes jornais, TVs, rádios e agências de imprensa interpretaram a marcha como genuína expressão do que sente a Argentina profunda.

Nas cidades ao longo da romaria, comissões ele populares e fazendei ros acompanhavam os peregrinos e patrocinavam atos de recepção, muito concorridos. Subitamente, políticos e diri gentes agrícolas, pouco manifestativos em relação ao catolicismo, apareceram fa lando· alto e bom som de Nossa Senhora de Luján, rezando o terço com os peregrinos fazendo o sinal da cruz em público, práticas piedosas que pareciam ter esquecido. Até o ministro da Agricultw-a do •overno pró-socialista argentino acompanhou um trecho da marcha. "Não é s6 para a.parecer na foto, não é, Sr. ministro ?", indagou um romeiro. E um comunicado oficial afirmava que a presidente argentina associava-se ao ato ... A chegada a Luján teve ares triunfais. Milhares de proprietários e pessoas ligadas ao campo ag uardavam os pel'L'grinos. Como a romaria foi engrossando no caminho, a t•ra nde basílica de Luján tomou-se pequena para acolher todos os participantes. Além disso, centenas de pessoas l'i l',l'ram uma "romaria yirtual" acompanhando a marcha pl'i a Internet. Reali zaram-se ainda terços públicos bem ço111 0 romarias espontâneas concomitantes, em diversas purli'S do país. A Argen tina acredita cada vez menos nos personagens q11 l' apmecem na mídia, e cada vez mais se volta para Nossa Senhora como o único meio para sair cio caos e do socialis mo invasor. •

s com enorme simpatia na chegada ' rio da Pedro ·ra da Argentina -

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E- ma il do autor: santi agofernandez@catolicisrno.com.br

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Encontro da 'l}'P norte-americana e lançamento de livro sobre o Cel. Ripley •

FRANCISCO JOSÉ SAIDL

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Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP americana é um _acontecimento que se repete anualmente no início do outono no hemisfério norte [1]. Neste ano, teve uma nota especialmente significativa, pois durante os dias em que duas centenas de colaboradores da entidade se reuniram em Spring Grove (Pennsylvania), ocorreu o pré-lançamento do livro AN AMERICAN KNIGHT - Li/e of Colonel John W. Ripley (Um cavaleiro americano - Vida do Coronel John W. Ripley) [3 ]. Além do autor Norman Fulkerson [2 ], veterano da TFP americana, falou na ocasião o Duque Paul de Oldenburg [4 ], da TFP alemã, que discorreu sobre o tema A Cavalaria e o significado que isto tem em nossos dias. Outros conferencistas discorreram sobre temas de palpitante atualidade. Fu lkerson enfatizou que ficara vivamente impressionado pelo fato de esse herói - o Cel. Ripley, que seguiu o lema Semper Fidelis, dos Mariners - não apenas se destacar em combates militares, mas ter tomado posições muito firmes, consideradas politicamente incorretas, em relação a temas como ingresso de mulheres nas Forças Armadas e homossexualidade. O lançamento oficial do livro deu-se em Washington, na sede do Bureau da TFP americana. Estiveram presentes, entre os convidados, quatro heróis da Guerra do Vietnã, companheiros de luta do então Ten. Ripley [5 ]. Em ambos os eventos a presença do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança foi marcante [6 ]. Coube a Sua Alteza Imperial o "fecho de ouro" no jantar de encerramento do Congresso de Correspondentes da TFP americana, ocasião em que discorreu com muito entusiasmo sobre o tema: A vitória será nossa, • E-mail para o autor: catolicismo @catolicismo.com.br

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CATOLICISMO

A DVCK na Feira do Livro em Franldurt P ela 15ª vez consecutiva, a Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur (DVCK) - Associação Alemã pró-Civilização Cristã

esteve presente na mundialmente famosa feira ■ RENATO MuRTA DE VASCONCELOS

A

Buchmesse, que ocorre todos os anos no mês de outubro, é a maior feira de exposições de livros e multimídia do mundo. A deste ano, ocorrida entre os dias 14 e 18 de outubro, escolheu como slo >an Tradition und Innovation (Tradição e Inovação), e teve como convidada de honra a China. Foi considerada a segunda mais bem sucedida feira das 61 já realizadas. Visitaram-na mais de 290.000 pessoas, das quais milhares de autores, tradutores, representantes de editoras e uma multidão de jornalistas. Inaugurada com uma sessão solene, na qu al fa laram Ân gela Merkel, a chanceler alemã, e Xi Jin-Ping, vice-pre-

sidente da China (foto acima), a feira impressiona por seu gigantismo. Abrigando 7.000 expositores, estende-se por 11 imen sos pavilhões, cada um com três andares, onde editoras da Alemanha e do mundo inteiro expõem suas obras. Não é apenas um centro de exposição, tratase também de um ponto de encontro de autores, editores, vendedores, bibliote-

cários, professores, estudantes e leitores em geral. A DVCK, que atua junto à opinião pública católica através de suas campanhas Deutschland braucht Mariens Hilfe, de divulgação da mensagem de Fátima e da devoção a Nossa Senhora; SOS Leben, de combate contra o aborto; e Kinder in Gefahr (Crianças em Perigo), contra a imoralidade na mídia, participa da feira há 15 anos. Neste ano, podiam encontrar-se no stand da DVCK diversas obras difundi das em suas campanhas. Ocupavam lugar de destaque o último li vro lançado por Kinder in Gefahr, de Mathias von Gersdorff, "Was ist Horror?" (O que é horror?), bem como a obra Das Sonnenwunder (O Milagre do Sol), de Joh n DEZEMBRO 2009 -


dura comunista. E, evidentemente, não deixou escapar nenhuma menção à repressão implacável de qualquer voz dissidente nos dias de hoje. ó tema foi varrido para debaixo do tapete, maneira fácil de se eximir de perguntas incômodas e longas discussões. Enquanto isso, Li Dongdong, vice-ministra de Imprensa e Publicações, em discurso pronunciado na abe1tura da feira, reportava-se aos Jogos Olímpicos de Pequim, afirmando: "Neste fórum olímpico do mercado internacional de livros, está sendo configurado também um mesmo mundo e um mesmo sonho". Palavras vazias, por não estarem ancoradas na realidade; palavras cínicas, por ocultar a verdade do que houve e do que acontece atualmente em seu país.

* Haffert, sobre o milagre do sol ocorrido em outubro de 1917, em Fátima. Estiveram também expostas duas obras-mestras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: Revolution und Gegenrevolution (Revolução e Contra-Revolução), cujos princípios orientam a ação pública da DVCK; e Der Adel und die vergleichbaren traditionellen Eliten in den Ansprachen von Papst Pius XII, an das Patriziat und an den Adel von Rom (Nobreza e elites tradicionai s análogas nas Alocuções do Papa Pio XII ao Patriciado e à Nobreza de Roma) . A Buchmesse de 2009 foi uma excelente ocasião para membros da DVCK travarem contactos com escritores e jornalistas de diversos países, bem como com o público alemão em geral. Puderam explicar a pessoas interessadas alguns princípios e métodos de ação hauridos do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na defesa dos ideais de tradição, família e propriedade. No próximo ano eles voltarão à Buchmesse. Com novos livros, mais argumentos e redobrado ânimo.

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A Fei ra do Livro de Frankfurt convida todos os anos um país como hóspede de honra. Desta vez a convidada foi a Repúbli ca Popular da China, representada por 260 editoras com mais de 7.000 livros e trabalhos impressos. Visitei com muita curiosidade o pavilhão chinês, precisamente nos dias em que transcorriam os 60 anos da ascensão da ditadura comunista de Mao Tsé-tung. Esperava, pottanto, encontrar todo tipo de livros sobre o pensamento maoísta, sobre a guerra civil, a implantação do comunismo no país-continente, a Revolução Cultural dos anos 60 e 70, e daí por diante. Nada disso encontrei! Por toda a parte aparecia o slogan Tradition und lnnovation. E as obras refletiam exatamente isso. De um lado livros e álbuns lindamente ilu strados sobre a China tradicional, a China dos imperadores, dos ma ndarins, das maravilhosas porcelanas. De outro, obras retratando a China moderna, inovadora; por exemplo, um curso de aprendizado da língua chinesa, um e ntre tantos milhares de artigos com que o dragão asiático vai conquistando os mercados mundiai s. Organizada pelo Ministério de Imprensa e Publicações, a exposição chinesa pura e simplesmente ignorou os 60 anos de dita-

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CATOLICISMO

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Andre Weikard, redator da revista "Fokus", comenta em seu artigo Das andere China que, enquanto a China oficial teve à sua disposição um pavilhão inteiro (o de número 6) para apresentar os livros aprovados pela censura, a outra China, a dos dissidentes e críticos da ditadura •comunista, representada pela independente Associação de Escritores PEN, foi confinada a um pequeno stand num canto do pavilhão 3, na secção de Turismo. A escritora Dai Qing, referindo-se ao discurso do vice-presidente Xi Ji.-Ping, "representante" de 1,3 bilhões de chineses, declarou: "Não me sinto de modo algum representada por ele". Atualmente existem na China comunista 571 editoras, todas elas estatais. Os números de identificação (ISBN) são fornecidos pelo Estado, e a censura impede a publicação de qualquer obra que trate dos acontecimentos de 4 de julho de 1989, quando ocorreu o honível massacre de civis na Praça da Paz Celestial em Pequim. Igualmente nada sai sobre o "grande salto", ou seja, a industrialização violenta implantada por Mao, cujo preço foi não apenas um desastre econômico sem precedentes, mas também uma carestia que produziu a morte de 70 milhões de chineses. Abaixo, um dos stands chineses. À direita, dissidente chinesa protesta contra a falta de liberdade na China comunista.

Ma Jian, autor do livro O coma de Pequim, mostra seu braço cheio de cicatrizes, oriundas de tortw·as por seu trabalho enquanto escritor independente. Indignado contra os "senhores trajando ternos finos", no pavilhão número 6 (o pavilhão da China), ele comenta a respeito dos livros aí apresentados: "Nesses livros você não vai encontrar a verdade". Hoje Ma Ji an vive no exílio, em Londres. *

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Feira do Livro em Cracóvia n

LEONARDO PRZYBYSZ

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Segundo Ma Jian, estão atualmente no cárcere cinco membros do Club Pen da China. Encontra-se igualmente encarcerado Li u Xiaobo, presidente do Pen Club até 2008, quando de sua prisão. Liu Xiaobo publicou o manifesto Charta 2008, e por causa disso foi acusado de "minar o poder elo Es1ado". Está esperando na cadeia há quas um ano a abertura de seu processo. O Pen lub da Alemanha dirigiu a esse re ·peito uma petição ao governo alemão, pedincl sua intervenção. Até hoje não recebeu qualquer resposta. 111 seu discurso na abertura da Feira de Frankfurt , Angela Merkel, chanceler da Alemanha e membro do Paitido Democrata ri stão, conclarnou em sentido contTário os visit antes da feira, a deixarem de lado os "pr ·on ·cites" em relação à China comunista: "Nüo lenharn preconceitos"... Ou seja, nífo analisem, não critiquem, aceitem a hi11a ·omunista como ela é. É a mesma atitu 1, qu · bama acaba de assumir em sua r ' ' nl ' visita a Pequim. O presidente am ri ·a no, a raciado há pouco com o Prêmio Nob •I da Paz, preferiu evitar críticas à litadu rn ·omunista chinesa. E assim va i ca minha ndo o dragão ve rm ' lho, 111antcndo intactas a estrutura do ornun isrno e sua ideologia. No ano passado, os Jogos Olímpicos atraíramlhe a at ' 11 ·1 o do mundo inte iro, e neste ano t v · u111 lu gar privilegiado nesse fórum irnpnrt untíss imo do pensamento, que é a I• ·ira do Livro de Frankfurt. É um peri o ·vid ·nlc para o mundo ocide ntal e cri st1o. Ma. os espíritos vão sendo d esa rm ado s co m co nse lho s à la Merkel: "Jloben Sie keine Vorurteile " Não tenham preconce itos ... •

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om a participação da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Ska rga, co- irm ã de TFPs e uropéias, rea lizo u- se em Cracóvia (Polônia), de 5 a 8 de novembro, a J3" Feira do Livro . O stand da associação polonesa chamava a atenção do numeroso público que afluía diariamente, comprimindo-se por vezes nos longos corredores da feira. Entre as obras expostas, destacavam-se: Revolução e Contra-Revolução; Plinio Correa de Oliveira, o Cru zado do Século XX; e a revista "Polônia Christiana". Conversas muito animadas e manifestações de simpatia em relação aos valores cri stãos defendidos pela associação marcaram esses di as ele intensos contatos, muito proveitosos para todos aqueles que se e mpe nham na defesa da civili zação cristã na Polônia. • E-mail cio aulo r: leonardo i rz b sz@ca1ol icismo .com.br

E- mai l cio au1o r: lSÇO l)CC los@ c ato l ici smo.com. br

DEZEMBRO 2009

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Nossa Senhora de Coromoto Rainha majestosa, mas muito acessível e misericordiosa ■ PUNIO CORRÊA DE ÜUVEIRA

trono e a base da imagem de Nossa Senhora de Coromoto* combinam-se de modo muito feliz. O trono, com o espaldar alto e a curva em cima, faz sentir muito a elevação de Nossa Senhora, dando a idéia de que Ela tem a inteira noção da própria majestade. A base, bem calculada para dar idéia de proximidade, tem uma proporção muito amena, numa altura acessível a todos. A imagem é de mármore branco, mas de uma alvura tal que se diria que é feita de uma matéria nívea que não é da Terra. Essa brancura significa uma transparência da essência divin a e extraterrena. Embora Nossa Senhora não tenha essência divina, está penetrada da graça de Deus. À luz do dia, tem-se a impressão de que o mármore reflete a alvura; à luz da noite, de que a alvura habita como uma luz interna dentro da matéria, com eflúvios de luz em seu interior. A própria representação psicologica de Nossa Senhora é imaculadíssima, toda feita desse níveo habitando n'Ela e Ela morando num Céu níveo, onde todas as coisas seriam níveas. A primeira nota de majestade e grandeza que d'Ela emana é a participação num outro mundo, e que A coloca fora de comparação com qualquer coisa. A atitude é de muita calma, de quem está se sentindo perfeitamente bem onde está; e não conta o tempo, disposta a passar séculos sentada aí. É o que se poderia chamar de felicidade de situação. O olhar e uma pequena propensão da cabeça dão a entender que Ela é toda atenção. Ela dá a impressão de que tem uma dupla atenção: uma para os valores internos e celestes d'Ela; e outra atenção para quem está à sua frente, e para quem Ela é solícita: "Eu tenho misericórdia. O que você quer?". A majestade da imagem representa a consciência de governo e o senso de ver as coisas no seu conjunto. Ela tem a visão superior das coisas, sabe como elas se compaginam e sabe como mandar, para que andem direito. Esse direito de mandar se exprime na relação d'Ela com o Menino Jesus. Ela o segura como quem manda, ma por outro lado Ela o aponta, como quem diz: "Se vocês querem me agradar, olhem para Ele, porque eu vivo para Ele". De maneira que, ao mesmo tempo, Ela manda n'Ele, que é o primeiro dos súditos d'Ela, e Ele é o cetro d'Ela; mas Ela é o trono d'Ele, no qual Ele se senta como num trono digno d'Ele. Assim, Ela realça a majestade d'Ele. •

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* Padroeira da Venezuela. Vide artigo Urna vez mais, a ciência confirma a tradi-

ção, de V aldi s Grinsteins (Catolicismo, novernbro/2009). Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 5 de janeiro de 1975. Sem revisão do aútor.


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