Vítor Figueiredo. Projectos e Obras de Habitação Social 1960-1979

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VÍTOR FIGUEIREDO PROJECTOS E OBRAS DE HABITAÇÃO SOCIAL 1960-1979



O livro «Vítor Figueiredo. Projectos e obras de habitação social 1960-1979», editado por Vanda Maldonado e por Pedro Namorado Borges, pretende dar a conhecer, através de fontes primárias, como memórias descritivas, peças desenhadas, esquissos e fotografias, um período marcante no percurso do arquitecto Vítor Figueiredo caracterizado por uma intensa e plural produção de projectos e obras de habitação social, por divulgar, até à data, no formato de monografia. O conjunto gráfico apresentado é composto, fundamentalmente, por reproduções do acervo do autor e constitui uma síntese dos editores que objectiva, sempre que possível, a leitura e compreensão de cada projecto ou obra desde a implantação até à escala do detalhe. Esta publicação surge do encontro entre dois arquitectos investigadores, distantes no espaço e no tempo, que se unem na pesquisa em torno de uma mesma pessoa – o arquitecto Vítor Figueiredo – motivados pela vontade de aprofundar o conhecimento dos projectos e obras iniciais do seu percurso profissional desenvolvidos no âmbito da habitação social nas décadas de 60 e 70, objecto de estudo dos seus doutoramentos em curso. A história que os liga tem início no segundo trimestre do ano de 2013, altura em que ambos iniciam as suas consultas ao Arquivo do Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (SIPA), desconhecendo, durante um curto período de tempo, estar a estudar, alternadamente, numa mesma sala e em horário idêntico, os mesmos documentos. A par deste desencontro e consciente do desafio que ambos enfrentam, pelo facto de o Espólio do arquitecto não estar digitalizado à data do início das respectivas consultas naquele local, encontra-se a Dr.ª Cátia Martins - arquivista responsável pelo acervo de Vítor Figueiredo – que, por iniciativa própria e num gesto solidário, cedo aborda os investigadores no sentido de obter um consentimento mútuo para uma troca inicial de contactos. Uma primeira conversa telefónica torna o encontro pessoal inevitável, movido pela vontade de satisfazer a curiosidade recíproca e pela necessidade de ambos verem reduzidos os encargos inerentes ao processo de digitalização de parte do Espólio do arquitecto, uma acção que se impunha na prossecução dos respectivos doutoramentos. É nas proximidades do forte de Sacavém, à mesa, com um café, que se apresentam, trocam considerações, dúvidas, inseguranças e entusiasmos, numa conversa breve, mas incisiva. Desta reunião informal, nasce o compromisso de ambos reunirem esforços no sentido de compilar, sintetizar e organizar toda a documentação consultada no arquivo, de modo a encontrar um conjunto de textos, fotografias e desenhos capaz de satisfazer o interesse comum de cada projecto individual de investigação. Iniciado o processo de digitalização e conscientes da lacuna existente no contexto de monografias dedicadas à obra de Vítor Figueiredo, surge naturalmente a ideia que esta partilha de trabalho não deveria ficar limitada a apenas duas pessoas, mas sim estenderse a uma comunidade mais alargada, quase como uma primeira resposta, em formato gráfico, ao desafio lançado no livro editado em 2012 por Nuno Arenga «Vítor Figueiredo. Fragmentos de um discurso», a cargo da Editora Circo de Ideias, uma escolha a que naturalmente os investigadores dão continuidade. Da ideia à sua concretização decorrem mais de dois anos. Ao longo de muitos dias e de algumas noites, debatem-se com o preto, o branco, o preto e branco, a escalas de cinza, as cores, este ou aquele desenho (de entre as cerca de 1200 peças consultadas), esta ou


aquela fotografia, este ou aquele texto, esta ou aquela parte do texto, em múltiplas conversas que passaram do café, às suas casas, do trabalho, às suas vidas. Na sequência da referida publicação de Nuno Arenga, o conceito do livro persegue o objectivo de contar uma história na primeira pessoa. De facto, sem descurar toda a subjectividade inerente a um processo de síntese e selecção de outras duas pessoas (editores), a obra é concebida no desejo de recuar no tempo, convidando o próprio autor a apresentar o seu próprio trabalho. As primeiras páginas são dedicadas à reflexão crítica dos editores e dos respectivos co-orientadores de doutoramento, designadamente Jorge Spencer, Vanda Maldonado, Paulo Tormenta Pinto e Pedro Namorado Borges. Segue-se a apresentação, por ordem cronológica, do corpo central da monografia constituído por treze obras e doze projectos de habitação social desenvolvidos, em autoria ou em co-autoria, por Vítor Figueiredo, desde os Conjuntos Habitacionais de Olivais Sul (Célula C) em Lisboa, até à Unidade habitacional de Pinhal Novo. A última parte é constituída por um quadro sinóptico da obra completa do autor produzida no âmbito da habitação social onde são apresentadas mais treze intervenções que consistem em repetições, parciais ou totais, readaptações de obras precedentes consideradas menos relevantes, ou outras realizações cujo número de peças disponíveis se mostrou insuficiente para integrar o corpo central do livro. Pretende-se com esta monografia valorizar o contributo do Arquitecto Vítor Figueiredo através do seu discurso mais directo: a prática da arquitectura. Espera-se que esta obra não se encerre em si mesma, mas antes se abra a múltiplas leituras, a diferentes níveis de interesse e que possa constituir uma fonte de inspiração para futuros desenvolvimentos.

Vanda Maldonado Pedro Namorado Borges




13

Texto de  Jorge Spencer

124

17

Conjunto habitacional de Peniche CRE 104

Vítor Figueiredo. A arquitectura da habitação social para além da necessidade  Vanda Maldonado

136

Conjunto habitacional de Almonda

27

Desassossego  Pedro Namorado Borges

140

Conjunto habitacional de Estarreja CRE 71

33

Vítor Figueiredo. Habitações económicas para o maior número  Paulo Tormenta Pinto

144

Conjunto habitacional de Pataias

148

Conjunto habitacional de Peniche CPs 460

40

Agrupamento de Unidades de habitação em Olivais Sul. Célula C

158

Conjunto habitacional de 70 fogos em Constância

44

Edifícios de habitação de 4 pisos em Olivais Sul. Célula C

162

Conjunto habitacional de Castanheira de Pêra

52

Edifícios de habitação de 7 pisos em Olivais Sul. Célula C

166

Conjunto habitacional da Nazaré CPs 478

60

Agrupamento de 100 habitações em Peniche

174

Conjunto habitacional de Chelas PUC — Zona N2

68

Agrupamento de 168 habitações no Barreiro Conjunto de habitações em Benavente Agrupamento CP 49 e habitações para beneficiários da lei 2092

194

Conjunto habitacional de Porto de Cavaleiros

200

Conjunto habitacional de Alto do Zambujal

216

Conjunto habitacional da Praça de Portugal em Setúbal

220

Conjunto habitacional de Oliveira do Hospital

234

Unidade habitacional de 100 fogos em Pinhal Novo

238

Quadro sinóptico

78

86

Agrupamento de 42 fogos em Santo Estêvão. CP90

92

Agrupamento de 20 fogos em Salvaterra de Magos

96

Edifícios de habitações económicas em Alvalade

108

Agrupamento de 60 fogos em Torres Novas

116

Bairro residencial da base aérea nº11 em Beja

248

Vítor Manuel de Almeida Figueiredo Nota Biográfica

122

Agrupamento de 12 habitações em Monsanto — Alcanena. CPS 396

255

Biografias


1960-79

PROJECTOS E OBRAS DE HABITAÇÃO SOCIAL



1960

AGRUPAMENTO DE UNIDADES DE HABITAÇÃO EM OLIVAIS SUL CÉLULA C Memória descritiva do anteprojecto por Vítor Figueiredo e Vasco Lobo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-TXT 00085

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Vítor Figueiredo Projectos e obras de habitação social 1960-79


(…) No que respeita ao arranjo urbanístico, salientam-se entre os obstáculos que se depararam ao exercício duma linguagem adequada o retalhamento dos espaços que se procuravam organizar, a natureza do terreno em regra desfavorável a uma ocupação intensiva, o número excessivo de fogos que o programa estabelecia e que os compromissos das zonas limítrofes espartilhavam de forma decisiva. Importa ainda sublinhar, com a importância que o assunto requer, a inviabilidade (por evidentes dificuldades de prazos e faseamentos de trabalho) de uma tarefa coordenada ao nível dos diversos grupos de projectistas participantes e, na sua base, de uma serena colaboração entre estes grupos e o plano sistematizador a que tão profundamente passaram a estar ligados. Estas razões levantam, aliás, problemas de extrema necessidade como o da relação do plano urbanístico com a sua posterior definição arquitectónica e ao qual, no caso presente, parece não ter-se dado ainda a resposta capaz de salvaguardar a importância dos interesses em causa. (…) 1)  Para maior comodidade de exposição, articulemos nas seguintes alíneas aqueles pontos que nos parece de interesse levantar desde já. A existência de unidades de sete pisos junto de bandas contínuas desenvolvidos em quatro pisos criou especiais dificuldades, dada a exiguidade dos espaços atribuídos. Para não comprometer excessivamente as condições de relação entre os diversos edifícios, decidiu-se criar duas grandes unidades de sete pisos que, além de absorverem uma elevada percentagem dos fogos previstos, se desenvolvem linearmente, articulando-se de forma a libertar o máximo espaço para a construção de quatro pisos ou garantir o afastamento desejado em relação a lotes vizinhos. (…) 2)  Ao passarmos da distribuição no terreno para a organização do próprio fogo, parece-nos legítimo chamar a atenção para o complexo de razões a que se obriga hoje a concepção de uma casa e para as funções de extrema responsabilidade que as ciências humanas atribuíram a um exercício social como é o da arquitectura. Não pode ignorar-se já o seu carácter militante. Muito menos é possível ficar de fora quando estão em jogo valores desta importância. A dignificação do espaço habitado é sobretudo uma tarefa de ordenadores (mais do que de estilistas ou de experimentadores de formas) e vem exi-

gindo dos técnicos que nela participam uma atenção e uma actualização constantes. Os horizontes abertos pelas ciências humanas responsabilizam o urbanismo e a arquitectura perante o facto social que é a vida familiar. Exigem que a habitação seja o instrumento de uma transformação progressiva e profunda dessa mesma vida; que, para além dos pobres lugares onde se come, cozinha ou dorme, ela permita a comunicação ou o isolamento, o trabalho caseiro, as refeições, o recolhimento, o estudo, o recreio, a vigilância, a recepção, a relação com o exterior. Para que isto seja possível é necessário que se aceite gravemente todo o peso de exigências de espaço, sanidade, equipamento, qualidade e que, uma vez colocado perante programas mínimos ou perante as chamadas soluções económicas, o projectista não esqueça que «a verdadeira economia de construção é a quantidade de coisas boas que se pode proporcionar a determinado preço baixo, sem esquecer que se está a construir para seres humanos, que a relação entre a qualidade e o seu preço é a própria economia e que, ao pôr-se de parte a qualidade do produto, toda a economia é absurda».1 Não ignoramos o que se vem acumulando em matéria de soluções condenadas, ao seguir na esteira de uma economia antihumana e o que se vem perdendo por ignorância do que a investigação sociológica e técnica nos oferece para conhecer e resolver a habitação. Não temos dúvidas, porém, de que as exigências de fruição (mesmo quando contrariadas pelas circunstâncias) vêm subindo imparàvelmente e que a necessidade de proporcionar uma orgânica adequada à célula familiar — vista nos seus espaços internos ou como escalão com o correspondente equipamento social — não pode por mais tempo deixar de estar presente no espírito de todos os que têm responsabilidades neste sector e, muito particularmente, dos que nele interferem em termos e números colectivos. Sabemos, por outro lado, como se vem agravando o cociente de habitabilidade de uma cidade como Lisboa onde não existem pura e simplesmente habitações para baixos ou mesmo médios padrões de vida e que a situação é de tal ordem que justificaria soluções de emergência desde que estas fossem encaradas como tais na sua concepção, na qualidade construtiva, na natureza do terreno que ocupam, etc., etc. Acontece porém que o caso presente é bem

Agrupamento de unidades de habitação em Olivais Sul

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diverso pois se trata de edificações de imóveis que, a uma escala apreciável caracterizarão futuramente uma das melhores zonas de expansão da cidade e que, para bem ou para mal, constituirão um padrão das possibilidades actuais dos nossos técnicos de arquitectura e urbanismo colaborando com os serviços públicos na renovação e valorização da sua cidade. Supomos que, aceites as coisas neste plano, não restaria a toda uma hierarquia de técnicos senão uma posição reivindicativa de condições compatíveis com os padrões de fruição agora exigidos e que, para além dos compromissos ou das situações especiais, não lhes será possível alienar a sua quota parte na responsabilidade que todos investimos em operação tão delicada. 3)  Para a resolução (…) dos diversos tipos de habitação considerados, cedo se verificou que os seus índices de

capacidade familiar, obtidos a partir de uma relação entre a área total usufruída de cada habitação e o número dos seus ocupantes, teriam que oscilar entre o mau e o medíocre das tabelas, constituindo esta situação não mais do que a possibilidade de resposta em área edificável aos limites económicos propostos. (…) Paralelamente à compressão de áreas teve que aceitar-se um severo critério de sacrifício no que respeita a acabamentos e equipamento, saindo do jogo de ambos a base sobre que nos propusemos disputar máximas condições de habitabilidade, no sentido de que cada casa se comportasse em relação aos seus ocupantes como um complexo lógico de espaços internos, capaz de assegurar o carácter e a função agregadora de certos locais ou até de criar os que vão responder a novas exigências de fruição. Para corporizar esta intenção, adoptamos para a gene-

[p.39]  Fotografia Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-FOTO 009814 Autor desconhecido, s.d.

2  Fotografia Arquivo Municipal de Lisboa Terrenos para construção PT/AMLSB/AJF/001876 Augusto de Jesus Fernandes 1966

2

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ralidade dos fogos o critério de atribuir áreas muito reduzidas aos quartos de dormir e simplesmente toleráveis como mal menor; estimadas não a partir de um número abstracto, mas de uma medida de ocupação, aceitando como boa a solução de que viriam a ser equipados com extrema simplicidade e que não haveria problemas de mobiliários existentes ou patrimoniais. (…) (…) encarou-se corajosamente a resolução das zonas de permanência diurna e de serviço, no sentido de individualizar as diversas funções, encerrando as dependências que lhes correspondem sem prejuízo da sua articulação… e dizemos corajosamente pelo receio que vencemos de que a solução fosse tomada por menos evoluída ou até regressiva no cotejo com uma experiência de espaços fundidos que a bem ou a mal vem sendo feita. (…)

autores localização promotor

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Vítor Figueiredo e Vasco Lobo Lisboa Gabinete Técnico de Habitação da Câmara Municipal de Lisboa

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EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO DE 4 PISOS EM OLIVAIS SUL CÉLULA C Memória descritiva do projecto relativa aos edifícios de habitação de 4 pisos (lotes 41 e 45) por Vítor Figueiredo e Vasco Lobo Arquivo Municipal de Lisboa Obra: 55110, Processo: 55110 PI 1967 Folhas 76-83

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(…) O edifício (…) é constituído por vinte fogos do tipo dois quartos e vinte fogos do tipo quatro quartos, reunidos em grupos de oito por escada de acesso e distribuídos por quatro pisos incluindo o térreo. Dentro de cada tipo os fogos são fundamentalmente idênticos, verificando-se como únicas excepções o facto de os oito fogos terminais do edifício apresentarem alterações de pormenor no dispositivo destinado à queda dos lixos e disporem de uma abertura suplementar com grade de ferro na zona do estendal da roupa. O conjunto encontra o terreno a dois níveis, diferindo em cotas o correspondente a um piso, para melhor adaptação às condições naturais. No que respeita à forma como os fogos se articulam procurou-se — já que não era possivel consegui-lo de outro modo, por razões de ordem económica — garantir uma certa contenção e dignificação dos nós de acesso vertical, criando recantos de entrada e protegendo-os sempre que possível dos quadrantes mais desfavoráveis à custa dos próprios volumes da construção. O dispositivo de acesso aos fogos, por seu lado, traduz a preocupação de evitar o face a face do esquerdo direito clássico, desta vez naturalmente agravado pela exiguidade dos espaços a que estamos obrigados. Na sua concepção interna, a célula habitada, além do n.º de quartos que o programa estabelece e que se procurou situar claramente em relação à entrada e ao resto do fogo, apresenta uma sala com funções de nó central e um conjunto cozinha — local de comer, prolongando-se em varanda exterior. Servindo a zona de quartos e assumindo funções de apoio para local de lavagem de roupa, a instalação sanitária completa um circuito que nos pareceu de grande interesse, não só tendo em vista a laboração doméstica, mas sobretudo procurando uma dimensão que as áreas em causa negariam inequivocamente numa organização corrente. Com o mesmo sentido se atribuiu ao corredor dos quartos uma medida quase confortável, apesar de termos em conta que ela significaria um sacrificio em área para outras funções internas. A preocupação de que a célula se comportasse como uma casa foi o motivo central da procura realizada, muito embora se confesse o receio de que, em termos de construção, as dimensões impostas pela limitação dos custos o não permitam com o vigor desejado. A construção projectada reveste um carácter de extre-

ma economia de acabamentos, como pode constatar-se pela leitura do orçamento e respectivo caderno de encargos. Ainda assim, tentou-se de todas as formas conciliar o teor de acabamento com a concepção espacial do projecto, procurando materiais elementares e de conservação simplificada. Se, interiormente, o critério de acabamentos os reduziu à expressão mais severa, exteriormente, os elementos em jogo não são mais de que o betão descofrado, a caiação sobre reboco e os vãos indispensáveis à iluminação e arejamento das dependências, tendo-se realizado os maiores esforços para garantir aquele mínimo de dignificação arquitectónica que sabemos estar na intenção de todos. Quanto aos preços adoptados, seguiram-se as normas fornecidas pala Câmara Municipal de Lisboa —Gabinete Técnico da Habitação — e, em caso de dúvidas, obtiveramse orçamentos em casas da especialidade. Para as instalações de esgotos, águas e electricidade procuraram-se os traçados mais curtos. (…) Na generalidade dos casos, procurou-se por todas as maneiras uma diminuição do custo inicial a fim de que prevalecessem condições-base de espaço e a possível clareza de funções. Desta forma, salvaguardou-se a hipótese de que sobre a área considerada incidissem no futuro as beneficiações de acabamento e equipamento que a mesma naturalmente requer, sem prejuízo das referidas condições. (Em relação ao lote 42) Circunstâncias especiais do local destinado à implantação deste edifício e a existência de um arruamento (B2) que, pelos seus perfis, mais as agravou determinaram a criação de uma base de concordância entre o projecto de 40 fogos (…) e o terreno, resolvida por meio de uma banda de pequenas lojas e armazéns com acesso do lado poente. (…) Para tornar possível o acesso aos pisos de habitação e protegendo as entradas das lojas, projectou-se uma galeria assente sobre pilares, que apoia lateralmente em muros de suporte de terras e a estas liga por meio de um degrau de concordância.

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autores localização promotor nº. fogos tipologias

Vítor Figueiredo e Vasco Lobo Lisboa Gabinete Técnico de Habitação da Câmara Municipal de Lisboa 184 T2/T3/T4

1

1  Projecto: lotes 41 a 45 Planta de localização Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00111

2  Fotografia Arquivo Municipal de Lisboa Olivais Sul PT/AMLSB/JHG/000003 João Hermes Cordeiro Goulart, [s.d]

3  Projecto: lotes 41 a 45 Planta do piso tipo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00112

4  Projecto: lotes 41 a 45 Alçado principal Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00116

5  Projecto: lotes 41 a 45 Alçado de posterior

2

Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00117

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6  Projecto: planta de dois fogos (T2,T4) ligados por patim Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00069

7  Projecto: planta de dois fogos (T3) ligados por patim Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00071

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8  Projecto: lotes 41 a 45 Planta de entrada, cortes transversais e pormenores do beirado e da estrutura Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00070

9  Fotografia Arquivo Municipal de Lisboa Célula B em Olivais Sul PT/AMLSB/ARM/S01107 Arnaldo Madureira, 1965

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10

10  Projecto: pormenores de serralharia: guardas das varandas, do vão J2, da cobertura e escada de incêndio Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00076

11  Fotografia Arquivo Municipal de Lisboa Olivais Sul PT/AMLSB/JHG/000015 João Hermes Cordeiro Goulart, 1966

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12  Projecto: pormenores de armáriose prateleiras da cozinha, caixas de correio, contadores de água e electricidade Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 004118

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1960

EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO DE 7 PISOS EM OLIVAIS SUL CÉLULA C Memória descritiva do projecto relativa aos edifícios de habitação de 7 pisos por Vítor Figueiredo e Vasco Lobo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-TXT 000856

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(…) O edifício correspondente ao presente projecto é constituído por vinte e oito fogos do tipo dois quartos, vinte e oito do tipo três quartos e quatorze do tipo quatro quartos, distribuídos em sete pisos e em três corpos que se articulam pelos nós de acesso vertical. Dentro de cada tipo, os fogos são substancialmente idênticos, muito embora se apresentem, por razões de agrupamento, dispostos simètricamente em relação ao centro do edifício e nas suas duas metades. Assim, dentro de um andar-tipo, podemos ver que os fogos T3B e T3C são simètricos entre si, o mesmo acontecendo aos fogos T4A e T4B, T3A e T3E, T2A e T2E, T2B e T2C, respectivamente. Por seu lado, as diferentes cotas de pavimento atribuídas a cada um dos três corpos para uma mais favorável adaptação ao terreno — deram origem a pequenas diferenciações nos fogos vizinhos dos nós de acesso, todos eles do tipo dois quartos, diferenciações que, entretanto, não alteraram as quantidades e os espaços internos e entre os quais só merece ser referida a inexistência nos casos T2A e T2C de uma janela aberta sobre a despensa. Esta janela existe sòmente, aliás, nos fogos T2B, T2E, T4A e T4B. No que respeita à forma como as diversas células de habitação se encontram agrupadas, logo vemos que esta é uma consequência directa da rua aèrea que as liga entre si e aos acessos verticais e, logo depois, de extrema economia a que, na concepção destes acessos, nos vimos obrigados. De qualquer modo — e já que não era possível consegui-lo de outro modo, por razões de ordem económica — procurou garantir-se a máxima dignificação destes nós (dada a importância que assumem num edifício de presença indiscutível pela altura e extensão que se lhe atribuiu) criandolhes condições favoráveis à custa dos próprios volumes da construção. O dispositivo de acesso aos fogos traduz idêntica preocupação e, bem assim, a procura de perspectivas e fugas, a recusa de grandes enfiamentos e o deslocamento dos fogos T4A e T4B em relação aos fogos vizinhos, favorecendo simultâneamente a posição relativa das diferentes peças e a dignificação do conjunto arquitectónico. Na sua concepção interna e partindo do fogo T3, que pode ser considerado a unidade base, vemos que, para além dos três quartos que o programa estabelece e que se procurou situar claramente em relação à entrada e ao resto da célula, existem uma sala, bastante aberta sobre o fogo,

uma cozinha com local de comer e um vestíbulo que funciona não só como ligação ou (tampão) da galeria mas também como espaço de apoio para um interior por demais carecido de àreas e até de cubagens. Pode, talvez, observar-se qua a existência deste vestíbulo impõe um maior sacrifício em àrea às funções internas; quanto a nós ela pode significar uma dimensão e um sentido de casa que doutro modo e dentro das àreas permitidas estaria normalmente comprometido. A preocupação de que esta unidade de habitação se comportasse como uma casa foi o motivo central da procura realizada, muito embora confessemos o receio de que, em termos de construção, as dimensões impostas pela limitação dos custos o não permitam com o vigor desejado. A célula de dois quartos (T2) foi conseguida pela supressão de um dos quartos, uma vez que se considerou pràticamente mínimo o programa do T3 e de pouco interesse económico qualquer redução de àrea com que se pudesse afectá-lo. Quanto ao tipo quatro quartos (T4) vemos que se comporta como um super-T3. O último quarto conserva uma situação especial que o aproxima (sem o identificar) com a sala do T3, enquanto que o espaço do antigo vestíbulo (T3) evoluiu no sentido de se tornar o nó central do fogo. Subsistiu o local de comer na cozinha e acrescentou-se um espaço exterior em varanda. Em todos os tipos referidos existem arrecadações com carácter de dispensa (dada a exiguidade e a falta de equipamento da cozinha) e local para lavagem e estendal de roupa acessível do interior do fogo e protegido da galeria por um murete de tijolo. Junto de cada escada existe um ascensor com capacidade para 6 pessoas, uma pequena dependência com dispositivo para evacuação de lixo, por queda e, em cave, instalações para a retirada deste com rampas de acesso para o terreno normalizado. O maquinismo próprio dos ascensores será colocado superiormente, conforme se indica no projecto, fazendo-se os obrigatórios acessos ao telhado através da dependência dos lixos e da cabine dos ascensores. A construção projectada reveste um carácter de extrema economia de acabamentos, como pode constatar-se pela leitura do orçamento e respectivo caderno de encargos. Ainda assim tentou-se de todas as formas conciliar o

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teor de acabamento com a concepção espacial do projecto, procurando materiais elementares e de conservação simplificada. Se interiormente, o critério de acabamentos os reduziu á expressão mais severa, exteriormente os elementos em jogo não são mais do que o betão descofrado, a caiação sobre reboco e os vãos indispensáveis à iluminação e arejamento das dependências, tendo-se realizado os maiores esforços para garantir aquele mínimo de dignidade e definição arquitectónica que sabemos estar na intenção de todos.

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Vítor Figueiredo e Vasco Lobo Lisboa Gabinete Técnico de Habitação da Câmara Municipal de Lisboa 140 T2/T3/T4

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1  Projecto: lote 29 Planta de localização Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00133

2  Fotografia Arquivo Municipal de Lisboa

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Rua B4, PT/AMLSB/VGF/S01257 Vasco Gouveia de Figueiredo, 1968

3  Projecto: lote 29 Vistas e secções Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00122

4  Projecto: lote 29 Planta do piso tipo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00135

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5  Projecto: lote 29 Planta do fogo T4B Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00125

6  Fotografia Arquivo Municipal de Lisboa Rua B4, PT/AMLSB/VGF/S01258 Vasco Gouveia de Figueiredo, 1968

7  Projecto: lote 29 Planta do fogo T3b, pormenor do fogo T2 Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00124

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8  Fotografia Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-FOTO 009791 autor desconhecido, s.d.

9  Projecto: lote 29 Pormenor do nó de acesso vertical de articulação dos corpos Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 00126

10  Projecto: lote 29 Vãos P5 e P6 Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 004117

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AGRUPAMENTO DE 100 HABITAÇÕES EM PENICHE

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Memória descritiva do anteprojecto por Vítor Figueiredo (1) Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-TXT 00050

Memória descritiva do projecto por Vítor Figueiredo (2) Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-TXT 00049

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A realização de programas habitacionais destinados a grupos sociais de baixos recursos económicos põe problemas de extrema gravidade sempre que se pretende consegui-la pelo sacrifício de condições que cada vez mais se afiguram decisivas no processamento da vida familiar e social. Como é esta via de sacrifício a que vai ao encontro de uma mais fácil reintegração dos capitais investidos, frequentemente se prepara ao projectista a ingrata situação de — sabendo que está a fazê-lo — negar essas condições (ou aquelas que podem considerar-se mínimas) às soluções urbanísticas, à organização espacial dos fogos e à definição arquitectónica que propõe. No caso concreto que acompanha esta memória descritiva, mais uma vez se verificou tal estado de coisas, sacrificando-se, no plano urbanístico, a criação de um verdadeiro escalão a uma distribuição mais ou menos habilidosa de um dado número de fogos por uma área dada; no plano arquitectónico, aproximando as condições de habitabilidade de um nível crítico, conforme se depreende da simples observação dos índices de capacidade familiar correspondentes a cada um dos fogos-tipo propostos. Deixando as considerações sobre o primeiro destes casos para o capítulo dedicado ao arranjo urbanístico, parece legítimo chamar-se imediatamente a atenção para o que deve considerar-se comprometido na resolução desses fogos, relativamente a possibilidades de uma vida evolutiva para os seus ocupantes; muito embora tenhamos tentado o que estava ao nosso alcance, no intuito de compensar a insuficiência das áreas que o limite de custos estabelecido para cada célula nos impunha. O problema pode, aliás, ser abordado sumàriamente, tanto pelo lado do custo como pelo das áreas. Se nos detivermos na verba contractual de 38 000$00, logo parecerá óbvio que ela não pode cobrir (como se pretende) as normais exigências de uma habitação de três quartos de dormir, sintetizadas naquele número de funções gerais e actividades acessórias que ao arquitecto compete encarar na resolução de uma célula familiar. Assim expresso, este juízo afigurar-se-à justamente apriorístico mas não duvidamos que o consenso geral o sanciona e que as experiências, de facto materializadas, o confirmam. Parecem-nos constituir sólido exemplo e fácil termo de comparação as habitações do tipo três quartos que

a Câmara Municipal do Porto efectiva e exaustivamente construiu por preços que variam entre os 33 000$00 e os 37 000$00 com uma evidente economia de acabamentos e um volume de construção favorável ao abaixamento dos custos de adjudicação. Acontece, porém, que essas habitações se afastam abertamente de soluções que permitam formas de vida evolutiva e põem em causa toda aquela gama de funções vitais pelo que — terá de reconhecerse — não constituem a resposta aos problemas sociais e humanos a que em princípio se propunham. Outros exemplos poderiam ser tomados; quer em soluções de características urbanas, onde a possibilidade de rendas baixas (…) (se traduz na) redução dos investimentos; quer em soluções rurais — agrícolas ou não — realizadas em séries representativas e onde, nos casos que conhecemos e para o tipo três quartos se excedem sistemàticamente os 50 000$00. Lembre-se ainda que no Sul da Itália, em zonas onde o custo dos salários e dos materiais da construção civil anda muito próximo dos nossos, a Riforma prevê um preço médio de 100 000$00 para uma habitação do tipo referido, sem quaisquer outros anexos. Se pensarmos em termos de área, bastar-nos-à comparar os números de compromisso a que chegou a Comission du Logement Familial de L’ Union International des Organismes Familiaux reunida em Colónia em 1957 (com a presença de muitos países, entre os quais Portugal) com os números de estimativa a que nos foi forçoso chegar, partindo dos custos por metro quadrado preconizados. Os dois quadros que acompanham este texto tornam possível verificar o abismo que separa as condições que, em Colónia se estipulou serem mínimas e aquelas a que as circunstâncias agora nos obrigam. A preservação e a renovação dos valores familiares, tais como os ponderam e recomendam à nossa atenção os sociólogos, só poderão ser efectivamente considerados pelos projectistas quando se aceite todo o peso de exigências de espaço, sanidade e equipamento e se não enverede pelo caminho de uma economia absurda — construída sobre uma negação da própria qualidade — susceptível de alienar o melhor que o urbanismo e a arquitectura podem oferecer para o bem estar e a evolução social dos escalões humanos das famílias, dos indivíduos. A resolução de programas habitacionais, para além da urgência e da dificuldade económica que trazem consigo,

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necessitam ser encarados num plano realista, onde se considerem, a par do custo do fogo e dos processos de financiamento e reintegração de verbas, a sua importância social, a sua vida ao serviço de uma população que certamente evoluirá, tendendo para padrões de vida mais conformes com a época que passa. O contrário estaria certo em soluções de emergência, que, nesse caso, deveriam ser aceites com todas as suas implicações e consequências.1 I.  ARRANJO URBANÍSTICO Na sequência de um Ante-Projecto onde se estabelecera, como principais linhas de estrutura urbanística, a existência de duas alturas de construção, a definição de espaços de fruição colectiva preservados de um eventual trânsito automóvel e a organização do terreno sobrante em logradouros individuais, foi elaborado o presente Projecto, onde, antes de mais, se pretendeu salvaguardar idênticas condições de base. Por razões de ordem económica ou decorrentes do estudo entretanto realizado, procurou-se nesta fase final reduzir ao mínimo desejável as circulações, aumentar o número de fogos mantendo a área organizada em ante-projecto, concentrar as baterias de logradouros e disciplinar a relação das alturas de construção, visando simultâneamente o menor movimento de terras necessário a implantações e acessos. 1)  A distribuição, no terreno, dos diferentes edifícios de habitação, além de procurar responder a determinantes de orientação e topografia, foi conduzida no sentido de através deles, se definirem os referidos espaços como instrumentos de distribuição, convívio, repouso, recreio infantil, etc. Desta forma, foram criados quatro locais de interesse generalizado, modelando pequenos escalões de duas a três dezenas de famílias; suficientemente caracterizados de maneira a não constituírem repetição de situações, mas francamente vinculados por um amplo espaço central e por um esquema viário extremamente simplificado. Nas suas linhas gerais, o problemas a que se responde é o da distribuição de 100 fogos de 2, 3 e 4 quartos num terreno limitado por duas vias, C e B, (a primeira existente e a segunda projectada) e por uma barreira de habitações geminadas de um só piso ; muito embora (…) devesse proceder-se ulteriormente a um estudo de conjunto, compreendendo as construções agora previstas e as existen-

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tes que lhe ficam juntas, visto que umas e outras ficarão ligadas a um espaço bem marcado entre as vias A, B e C de evidente importância no plano geral da vila. 2)  A rede de acessos estabelecida limita a circulação automóvel a três curtos ramais que ligam o já referido espaço central às vias C e B e a uma praceta localizada na parte já construída. Trata-se (…) de vias pouco propícias ao trânsito rápido pela natureza dos seus traçados e perfis, providas de locais de estacionamento e realizando acesso cómodo aos espaços distribuidores. Drenando o conjunto e preservando estes espaços que se quiseram ao abrigo de qualquer trânsito — muito embora acessíveis em termos de emergência — o sistema de acessos é completado por trilhas de peões simplesmente ensaibradas que conduzem aos logradouros e ligam ainda a parte projectada à parte construída. 3)  Os logradouros considerados têm uma área média de 70 m2 e, no caso da banda de um só piso, estão estreitamente ligados ao fogo, dispondo de acessos anterior e posterior. Os logradouros correspondentes à banda de dois pisos foram colocados quanto possível próximo do fogo a que pertencem ou do nó que mais directamente o serve. De qualquer modo, constituirão unidades perfeitamente independentes, vedadas, acessíveis do exterior e sem atravessamentos entre si, dispondo de um telheiro coberto, susceptível de adaptação a diversos fins. 4)  No que diz respeito aos espaços interpostos às construções, destinados, conforme se disse, à fruição colectiva e sobretudo ao recreio e aos jogos infantis, preconiza-se a sua valorização por meio de vegetação e equipamento adequados, nada impedindo que, na medida do possível se mantenham próximos do terreno natural, respondendo por meio de pequenos taludes ou muretes de contenção de terras aos problemas postos pelas construções envolventes. II.  OS EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO

1)  Dividem-se em dois grupos principais os conjuntos de

fogos apresentados neste projecto: — agrupamentos, em banda de um piso, de fogos do tipo três quartos; — agrupamentos, em banda de dois pisos de fogos dos tipos dois, três e quatro quartos. No primeiro caso, trata-se de bandas de quatro, cinco ou seis fogos T3, articulados em dente de serra, de maneira

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a proteger as entradas e a favorecer a intimidade das zonas de trabalho e permanência. No segundo caso, trata-se de agrupamentos de habitações dos três tipos referidos (T2, T3 e T4) em corpos de dois pisos que se articulam pelos nós de acesso vertical, formando quatro conjuntos independentes e diferenciados. Atingem-se os fogos através de uma galeria a que se procurou oferecer sempre uma boa orientação. Voltada para as zonas de maior permanência, ela fomentará o conhecimento e o convívio pessoais ao nível do edifício e do pequeno escalão, tornando-se decidido elemento de vitalização social. A frequência dos diversos tipos de células de habitação varia nas bandas de dois pisos conforme as conveniências de cada agrupamento pelo que estes se apresentam algo diferenciados entre si. É possível fixar, como regra, que, em cada conjunto, os fogos de topo são sempre T4 e que os tipos de associação previstos são, conforme os casos T2-T3 e T2-T4. (…) Tal como se previra, em termos de ante-projecto, resultam baixíssimos os índices de capacidade por habitação obtidos a partir de uma relação entre a área fruível de cada célula e o seu presumível número de ocupantes. É claro que esta situação não é mais do que a possível resposta, em área atribuída por unidade, aos limites de custo que o contrato estabelece, não chegando a fazer-se sentir nos mes-

mos índices o ligeiro aumento na profundidade dos fogos, preconizado no parecer que os aprovava em ante-projecto e agora introduzido. Simultâneamente com a compressão das áreas, teve de aceitar-se, para não exceder os custos pré-estabelecidos, um severo critério no que respeita a acabamentos e equipamento-base. À organização dos fogos e ao rigor das suas funções fomos em última análise pedir as garantias de habitabilidade, tendo-se procurado porfiadamente uma sensível diminuição do custo inicial, a fim de que prevalecessem condições básicas de espaço e funcionamento. Desta forma, salvaguardou-se a hipótese de que, sobre as áreas agora oferecidas, incidam no futuro as beneficiações de acabamento e equipamento que naturalmente requerem. 3)  No que respeita, propriamente, à concepção dos fogos, impõe-se fazer desde logo uma distinção entre os que se desenvolvem em dois pisos ou num só. Enquanto que nos primeiros a presença da galeria (e consequentemente de um tipo de solução, de uma orientação, etc.) solicita as entradas e as zonas de trabalho e permanência diurna, nos segundos, a preocupação de não criar traseiras e zonas mortas e a possibilidade de dotar cada fogo com a sua entrada de serviço, deram origem a que se estabelecesse um eixo de comunicação com o exterior e que as zonas de vida se prolongassem para um e outro lado, através do logradouro privado.

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Nos fogos de galeria — e partindo do T3 que deve considerar-se a unidade directriz — vemos que, para além do número de quartos que o programa estabelece — e que se procurou situar claramente em relação à entrada e ao resto do fogo — existem uma sala sensivelmente aberta sobre um espaço de apoio e distribuição; uma cozinha com local de comer integrado e, em anexo, lava-roupa e estendal, e a referida peça de apoio funcionando em relação à cozinha, à sala, ao vestíbulo de entrada e de uma maneira geral em relação a um interior por demais carecido de áreas e até de cubagens. A existência deste vestíbulo — a despeito do sacrifício que representa para outras funções internas pretende significar uma dimensão e um sentido de casa, difícil de defender numa solução concentrada quando se trabalha com áreas tão diminutas. Esta preocupação foi, no presente projecto de habitação económica, mais uma vez o motivo central da procura realizada, muito embora se manifeste desde já o receio de que os resultados finais venham confirmar a dificuldade de se conseguir uma solução harmoniosa e adequada à vida familiar dentro dos limites económicos propostos. (…) a construção projectada reveste-se de extrema economia de acabamentos, tanto interior como exteriormente. Entretanto, tudo se tentou para salvaguardar a dignificação deste conjunto e a concepção espacial de cada unidade, trabalhando materiais elementares, económicos, bem conhecidos e de conservação simplificada. (…) 2

autor localização promotor nº. fogos tipologias

Vítor Figueiredo Peniche Habitações Económicas da Federação de Caixas de Previdência 100 1 Piso: T3 2 Pisos: T2 / T3 / T4

1  Projecto: Maqueta de conjunto Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-FOTO 007630

2  Projecto: Planta de urbanização Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000791

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3  Projecto: banda de um piso Plantas, vistas e secção da unidade—tipo F Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000793

4  Esquiço Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000787

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5  Projecto: banda de dois pisos Plantas, vistas e secções da unidade B Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000795

6  Esquiço Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000788

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7  Projecto: banda de um piso Plantas, vistas e secção da unidade A1 Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 03623

8  Esquiço Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000790

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9  Projecto: fogo do tipo quatro quartos de banda de dois pisos; esquemas de águas, esgotos e electricidade Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000799

10  Projecto: nós de ligação do conjunto C2, A3 e E3 Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000802

11  Projecto: guardas em betão Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000810

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EDIFÍCIOS DE HABITAÇÕES ECONÓMICAS EM ALVALADE Memória descritiva do estudo prévio por Vítor Figueiredo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-TXT 00092

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I ANTECEDENTES

1)  Em 6/6/57, através do ofício nº. 192 dirigido ao

Ministério das Corporações e Previdência Social, manifestou a Câmara Municipal de Lisboa determinado ponto de vista quanto à substituição de edifícios na Avenida de Roma. Do mesmo se transcrevem os seguintes períodos: «Encontram-se construídos na Avenida de Roma, ao abrigo da lei 2.007, vários prédios de renda económica que foram então autorizados para atender às prementes necessidades de momento. Estas edificações, em relação às restantes da mesma avenida, formam um flagrante contraste, não só quanto à sua expressão arquitectónica, como também no que respeita ao seu volume, o que leva este Município a encarar a hipótese da sua transformação, de forma a melhorar as condições estéticas de uma das principais artérias da cidade. Nestas condições e como se não afigura fácil a resolução do assunto, dado que o nº. 5 da Lei 2.007 acima referida, promulgada em 7 de Maio de 1945, determina que não poderão os prédios construidos ao abrigo desta Lei ter mais que rés-do-chão e três pisos, solicito (que) (…) V. Exª. se digne providenciar junto do Governo, a fim de se obter a alteração necessária àquela Lei, de molde a tornar-se possível a remodelação dos prédios em causa.» 2)  Através de ofício dirigido à Câmara Municipal de Lisboa (nº. 5778 de 27 de Abril de 1959) a Direcção Geral de Previdência dava conta de que por força da Base III nº.s 1 a 3 da Lei 2.092 deixam de existir, tanto para as casas a construir de futuro como para efeitos de reconstrução as limitações previstas no nº. 5 da Base I da Lei 2.007 de 7 de Maio de 1945, acrescentando que «submetido o assunto à consideração de Sua Excelência o Ministro das Corporações e Previdência Social foi entendido que, admitidas tanto a conveniência como a possibilidade legal das transformações pretendidas por essa Câmara haverá apenas que encontrar a forma prática de resolver o problema em condições satisfatórias – económica e socialmente.» 3)  Em resposta a Câmara Municipal de Lisboa (ofício nº. 24 de 19/1/61) confirmava à Direcção Geral de Previdência a viabilidade de prosseguirem as diligências no sentido da referida substituição, recomendando a necessidade de se atender ao realojamento dos respectivos inquilinos através da construção de alguns prédios em terrenos da Federação

de Caixas de Previdência e que já inicialmente constaram do plano de Alvalade; localizados dois na confluência da Rua António Patrício com a Rua Alberto de Oliveira e um no cruzamento da mesma rua com a rua Afonso Lopes Vieira. 4)  Nesta ordem de ideias, procedeu-se ao estudo de que agora se apresenta a primeira fase, compreendendo as partes 1 e 2; a saber: — substituição de 4 edifícios residenciais situados na Avenida de Roma demolidos para o efeito. — ocupação de 3 espaços livres existentes entre a construção de diversas artérias do chamado bairro de Alvalade. Entre os condicionamentos gerais e os elementos básicos do programa foram considerados: — o limite do nº de pisos para cada uma das situações. — as características residenciais dominantes, com possibilidade de unidades comerciais de apoio, destinadas não só a uma integração no local como a permitir a criação de um certo equipamento colectivo. — um determinado padrão qualitativo no que se refere aos programas tratados, à construção e aos acabamentos, tendo em vista a categoria social dos previsto utentes e a zona para que se projecta. II  ORGANIZAÇÃO DOS CONJUNTOS

1)  Localização e integração urbanística

Trata-se indubitàvelmente de um programa vasto e complexo, com todas as responsabilidades — não já as da integração num importante conjunto urbano mas as de natureza mais subtil, dado que as novas construções constituiriam elementos de renovação do mesmo conjunto e visariam, assim, cobrir um periodo de utilização quanto possível longo e adaptar-se a padrões de vida em inevitável crescendo de exigências. Os problemas levantados pelos diversos edifícios em causa variam substancialmente, podendo esquematizarse as situações a que houve que dar resposta: 1.1)  Frentes para um grande arruamento com resolução em extensão e altura admissível correspondente a 8 pisos, sendo 7 de habitações e 1 de comércio, além dos pisos recuados ou enterrados Há quatro edifícios nesta situação, todos eles dispostos do mesmo lado do arruamento, com desenvolvimento variável e de certo modo agrupados dois a dois, a despeito de uma

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via transversal que os separa. Estão neste caso os grupos AR-BR e CR-DR ou seja todos os que voltam a sua principal fachada para a Avenida de Roma. (…) Falando em termos de integração local, assinale-se já nesta alínea a natureza do envasamento desses mesmos edifícios, o qual prolongaria uma linha térrea de características comerciais predominante nesta artéria, ainda que frequentemente materializada em péssimas condições de serviço público. No caso presente, pretende dar-se a este envazamento uma feição definida e adequada ao fim em vista, assegurando uma adaptação a situações de grande, médio ou pequeno comércio e a elasticidade desejada, não só no que se refere à dimensão das unidades como ainda à sua dotação com arrecadações privativas em cave ou até

à sua extensão aos pisos superiores recuados, em casos muito especiais. Pensa-se que a evolução normal da zona e a criação deste tipo de equipamento, assegurarão a fixação e permanência de uma actividade comercial com as características e a escala desejadas. 1.2)  Edifícios para ocupação de gavetos em entroncamentos ou cruzamentos de ruas Verificam-se três situações deste tipo, tendo cada uma delas exigido solução própria. (…) III  EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO 1)  Acessos e circulações (…) 1.1)  Nos edifícios ag, bg e cg a solução é a mais simples

autores localização promotor nº. fogos tipologias

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Vítor Figueiredo Lisboa Habitações Económicas da Federação de Caixas de Previdência 136 R: T3 / T4 | G: T2 /T3 / T4/ T5

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possível: os quatro pisos ligam-se por uma escada que dá acesso a dois fogos por patim, não se dispondo de montacargas ou ascensor. (…) 1.2)  Nos edifícios ar e br o sistema é bàsicamente o habitual “escada – ascensor - montacargas” dando acesso a dois fogos por patim. (…) 1.3)  Nos edifícios CR e DR o sistema previsto compreende uma escada em torre exterior, ascensor, montacargas e pequena galeria ou rua aérea de distribuição para cada grupo de (três) fogos. (…) 3)  Equipamento Dependerá de decisões posteriores e da aceitação por parte dos serviços camarários da utilização, nos moldes propostos, de pisos enterrados ou recuados, a criação de um

certo equipamento colectivo, como sejam os logradouros, salas de recepção e estar e ainda outros elementos que o estudo económico possibilite. (…) 4)  Construção Sacrificar-se-ão, se necessário, áreas de compartimentos e dimensões gerais de fogos para assegurar uma construção cuidada e quanto possível isenta de encargos de conservação. Não se pretendendo uma expressão luxuosa, tentar-se-á a todo custo que a qualidade de materiais e acabamentos seja bem patente nos edifícios a construir e satisfaça os verdadeiros interesses da futura fruição. (…)

1  Estudo de remodelação da cércea da Avenida de Roma, lado poente, troço entre a Avenida do Brasil e a Av. dos Estados Unidos da América Estudo elaborado pela Câmara Municipal de Lisboa, autor desconhecido Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 004753

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2  1ª, 2ª, 3ª e 4ª fases: planta de localização [estudo de implantação dos edifícios] Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 004752

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3  Ante-projecto: elementos respeitantes à unidade AR Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000311

4  Ante-projecto: proposta de implantação e volumetria Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000309

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5  Ante-projecto: elementos respeitantes à unidade DR Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000327

6  Esquiço Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, VF-DES 003826

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7  Gaveto nascente da Rua Alberto de Oliveira – Rua António Patrício CRE 126 C, Alvalade, Lisboa Projecto: planta do piso tipo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000645

8  Esquiço Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000661

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9  Gaveto nascente da Rua Alberto de Oliveira – Rua António Patrício CRE 126 C, Alvalade, Lisboa Projecto: vista sobre a Rua António Patrício, alçado poente Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000648

10  Gaveto nascente da Rua Alberto de Oliveira – Rua António Patrício CRE 126 C, Alvalade, Lisboa Projecto: vista sobre a Rua António Patrício, alçado sul Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000639

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11  Gaveto nascente da Rua Alberto de Oliveira – Rua António Patrício CRE 126 B, Alvalade, Lisboa Projecto: planta do piso tipo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000635

12  Gaveto nascente da Rua Alberto de Oliveira – Rua António Patrício CRE 126 B, Alvalade, Lisboa Projecto: vista sobre a Rua Alberto de Oliveira, alçado nascente Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000639

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13  Gaveto nascente da Rua Afonso Lopes Vieira – Rua António Patrício CRE 126 A, Alvalade, Lisboa Projecto: planta do piso tipo Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000625

14  Esquiço Espólio de Vítor Figueiredo IRHU/SIPA, PT VF-DES 000625

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Biografias Paulo Tormenta Pinto (n.1970) Arquitecto e Professor Universitário. Licenciado pela Universidade Lusíada de Lisboa (1993). Mestrado La Cultura de la Metropolis, Barcelona (1996). Doutoramento pela Universidade Politécnica da Catalunha, com a tese Arquitectura e Artifício – Cassiano Branco (1897-1970). Pós-doutoramento entre 2010 e 2013, com a investigação Arquitectura Romanceada – Estudo da linha editorial da revista Arquitectura Portuguesa e Cerâmica e Edificação (Reunidas), 1935-1952. Docente na Universidade Lusíada de Lisboa entre 1997 e 2007. Professor Auxiliar do Departamento de Arquitectura e Urbanismo do ISCTEIUL, desde 2006. Foi Presidente desse Departamento entre 2007 e 2010. Investigador do DINAMIA/CET’IUL e Director do Centro de Investigação Arquitectura e Áreas Metropolitanas (CIAAM), desde 2010. Director do programa de Doutoramento Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos do ISCTE-IUL, desde 2011. Do seu trabalho como arquitecto destaca-se o prémio INH-2002, para o conjunto de 91 fogos PER da Travessa Sargento Abílio, em Lisboa e o prémio IHRU2012, para a reabilitação do espaço público do Bairro do Lagarteiro, no Porto.

Pedro Namorado Borges (n.1983) Arquitecto. Licenciado pelo Departamento de Arquitectura da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (2007). Doutorando do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa desde 2013 com tese A Procura do Supérfluo por Vítor Figueiredo nos Conjuntos de Habitação Social entre as décadas de 1960 e 1970 – Um Estudo Pós-Ocupação orientada pelo Professor Doutor José Possolo de Saldanha e co-orientada pelo Professor Doutor Paulo Tormenta Pinto.

Jorge Spencer (n.1958) Arquitecto e Professor Universitário. Licenciado pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa – ESBAL (1983). Doutorado em Arquitectura pela Universidade Técnica de Lisboa com a tese Aspectos Heurísticos dos Desenhos de Estudo no Processo de Concepção em Arquitectura (2001). Professor Associado na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, onde é docente de projecto desde 1986. Até à obtenção da actual licença prolongada, assumiu múltiplos cargos nos vários órgãos de coordenação e gestão académica, tendo sido recentemente Coordenador do 2º Ciclo dos Mestrados da FAUTL e Coordenador do Mestrado Integrado em Arquitectura. É editor de livros, como Daciano da Costa, Professor, (com Rita Almendra e João Paulo Martins), Lisboa. 2013. Viagem de Estudo - Le Corbusier, França Suíça 2009, (com Pedro Ravara), Lisboa, 2011. Com vários artigos e capítulos de livros publicados, tem sido convidado para proferir várias conferências e participar em encontros científicos em Portugal, Espanha, EUA, Canadá, Roménia, Chile e Colômbia, desenvolvendo também nesse âmbito uma actividade regular como professor visitante. Seleccionado pela Secretaria de Estado da Cultura para representar Portugal, nas áreas de Arquitectura e Design, na «2ª Bienal de Jovens Criadores dos Países da Europa Mediterrânica», em Salónica (1986).

Vanda Maldonado (n.1975) Arquitecta. Licenciada pelo Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra (2000). Doutoranda da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho desde 2013 com tese desenvolvida no âmbito da obra de habitação social desenvolvida por Vítor Figueiredo nas décadas de 60 e 70 em Portugal, orientada pelo Professor Doutor Eduardo Fernandes e co-orientada pelo Professor Doutor Jorge Spencer. Finalista do Prémio «ArchDaily Building of The Year Awards 2012» na categoria «Refurbishment» e do IV Prémio de Arquitectura Ascensores Enor (2009), com a Intervenção no Castelo de Castelo Novo (em co-autoria com o Luís Miguel Correia, Nelson Mota e Susana Constantino).

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título Vìtor Figueiredo Projectos e obras de habitação social 1960—1979 editores Vanda Maldonado Pedro Namorado Borges textos por Jorge Spencer Vanda Maldonado Pedro Namorado Borges Paulo Tormenta Pinto coordenação editorial Pedro Baía design gráfico Ana Resende impressão e acabamentos — 1ª edição Dezembro 2015 tiragem 500 exemplares ISBN 978-989-99184-1-2 depósito legal —

Circo de Ideias — Associação Cultural www.circodeideias.pt


Agrupamento de unidades de habitação em Olivais Sul

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«O que ficou da minha experiência de projectar com limites de custo, não vos sei dizer, talvez o ter muitas vezes pensado que o arquitecto pode tentar ser o mago que transforma uma abóbora numa carruagem de princesa.»

Este livro, editado por Vanda Maldonado e por Pedro Namorado Borges, pretende dar a conhecer, através de fontes primárias, como memórias descritivas, peças desenhadas, esquissos e fotografias, um período marcante no percurso do arquitecto Vítor Figueiredo caracterizado por uma intensa e plural produção de projectos e obras de habitação social, por divulgar, até à data, no formato de monografia.

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