O Gaiense - Jornal Melhor Escola

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the future is now

www.lancasterschool.pt Esta edição do jornal ‘Melhor Escola’, faz parte integrante da edição nº 823, de 3 de fevereiro de 2018, do jornal ‘O Gaiense’ O conteúdo deste suplemento é de total responsabilidade da escola

Escola & Comunidade Projeto permitirá a requalificação de uma zona até agora esquecida Valor total da obra ultrapassará os 3 milhões de euros

EDUARDO VÍTOR RODRIGUES

Fiz um curso, pré-Bolonha, de cinco anos, trabalhando ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, para ajudar a pagar as propinas

De regresso à sua escola secundária O homem que é e o adolescente que foi

Desporto Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola

Escola Secundária Gaia Nascente recebe projeto

Página 12 e 13

Presidente do CNAPEF quer que nota de Ed. Física volte a contar para a média Entrevista a Avelino Azevedo

Tomás Oliveira ganha BOLSA RICARDO QUARESMA

Um dia na vida de...

Ligação entre os Areinhos de Avintes e de Oliveira do Douro será uma realidade já este ano Páginas 8 e 9

Centro Social e Paroquial de Oliveira do Douro

Isabel Alçada

Uma Visita escolas do agrupamento resposta Encontro com os alunos social à no restaurante comunidade Almoço pedagógico Página 3

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Funcionário dos sete ofícios

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O GAIENSE 3 DE FEVEREIRO DE 2018

Editorial

ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE

A voz do director

A promoção de sucesso escolar em contextos adversos

Editorial Rafael Tormenta É o segundo ano em que o jornal O Gaiense lança o projeto ‘Melhor Escola’, em todos os agrupamentos e escolas do concelho de Vila Nova de Gaia com ensino secundário. A iniciativa é de louvar, sobretudo porque o jornal é muito mais do que as 16 páginas que chegam em papel ao público leitor. A implicação de equipas de alunos envolvidos com a sua comunidade educativa, assumindo o protagonismo ao escolherem o que entendem dever ser comunicado, divulgado, partilhado, é a tónica dominante. Os alunos procuram conhecer os acontecimentos e a cultura a nível local. Vão entender melhor a sua escola, mas também a “rua onde moram”, investigando as suas histórias e os seus problemas atuais. “Puxam” pelas suas famílias, apoiam-se nos encarregados de educação, nos avós, nos vizinhos e nos autarcas e, desta forma, abrem, também, a escola ao meio em que se insere. A mobilização é grande e comprova a importância que um jornal escolar tem em termos pedagógicos. Incentivando o aumento da autorresponsabilidade, o espírito do trabalho em grupo, o interesse pela cultura regional, a utilização escrita da Língua Portuguesa, o aperfeiçoamento do sentido estético, a integração nos espaços da aula, da escola e da sociedade, o fortalecimento da autoestima, o desenvolvimento da criatividade e ainda o saber-fazer, o Jornal da Escola assume--se como instrumento de grande abrangência pedagógica que urge integrar nos curricula de cada estabelecimento, de forma sistemática. A Escola Secundária Gaia Nascente neste ano a abrir o concurso – e, particularmente, o grupo de alunos, professores, entrevistados e outros que, de uma maneira ou de outra fizeram o jornal sentem-se bastante felizes por participarem, de novo, nesta iniciativa.

O contexto de emergência financeira de um passado recente ditou uma desvairada redução de serviços públicos, aos quais algumas escolas não ficaram imunes. Na verdade, a agregação de agrupamentos de escolas em mega agrupamentos interrompeu um ciclo de consolidação de culturas de escola, não tendo sido levados em linha de conta os esforços que muitos encetaram na dignificação da escola pública e na prestação de um serviço de educação de elevada qualidade numa lógica de proximidade. O Agrupamento de Escolas Gaia Nascente nasce em resultado de uma agregação forçada, que não respeitou as decisões das comunidades que servia, expressas convenientemente através dos seus órgãos de gestão. Criar um projeto comum e uma identidade própria tornou-se imediatamente o verdadeiro desafio desta grande comunidade, ao mesmo tempo que a preocupação com os resultados escolares se acentuava. Tendo consciência da exigência e dificuldade de gestão de uma unidade orgânica desta natureza, que é provavelmente a maior e mais complexa do conceSérgio Afonso lho de Vila Nova de Gaia, o AEGN não deixou de responder ao desafio Professor e Diretor do agrupamento Gaia Nascente emergente de definição de medidas de promoção de sucesso escolar construindo um plano de promoção altamente abrangente, a partir da escola, com base num diagnóstico rigoroso das fragilidades que permitiram identificar as medidas e estratégias a adotar localmente, tendo em vista a superação dessas mesmas fragilidades. Sem a implicação e o envolvimento dos professores não há ensino de qualidade, daí que o sucesso dos planos de promoção tenda a ser mais eficaz quanto maior for o envolvimento dos professores no seu planeamento. O foco em novas dinâmicas pedagógicas contribui para recentrar o agrupamento num caminho de motivação profissional positivo, estimulador e construtivo. A escola assume, neste contexto, uma posição mais do que privilegiada para concretizar um processo escolar participativo, socializador e, acima de tudo, potenciador de sucesso. A aposta que o AEGN faz a este nível é muito significativa, pois reconhece-a como fundamental para o êxito de cada medida de promoção de sucesso escolar.

Criamos portanto uma estrutura eficaz para um Tendo consciência da exigência e processo sistemático de autoavaliação, capaz de dificuldade de gestão de uma unidade incidir nas dificuldades processuais de estrutuorgânica desta natureza, que é ração e sistematização da autoavaliação do agrupamento. provavelmente a maior e mais Porque acreditamos que as boas práticas devem complexa do concelho de Vila Nova de ser partilhadas, criamos um programa de acomGaia, o AEGN não deixou de responder panhamento da prática letiva em contexto de ao desafio emergente de definição de sala de aula. Canalizamos os recursos disponíveis para a immedidas de promoção de sucesso plementação e desenvolvimento de programas escolar construindo um plano de de apoios pedagógicos específicos que se trapromoção altamente abrangente. duzem na criação do PEN e do PPF (Preparação para Exame Nacional e Preparação para as Provas Finais de ciclo), onde todas as turmas veem a sua carga curricular aumentada numa hora semanal nas disciplinas de exames, como por exemplo no Português e na Matemática, com professores que lecionam a disciplina e portanto mais capacitados para adequarem as práticas pedagógicas às exigências dos exames nacionais. Concebemos programas específicos de superação das dificuldades no domínio da compreensão escrita, assumindoo como transversal do ponto de vista da interdisciplinaridade e primordial no processo de descodificação e interpretação de enunciados escritos. Reorganizamos os apoios educativos logo nos primeiros anos de início de cada ciclo do ensino básico, como forma de prevenção do insucesso escolar, criando grupos de homogeneidade relativa organizados em domínios de intervenção. Adotamos o Projeto “Turma Mais” a turmas do 1º e do 3º ciclo do ensino básico de forma a recuperar fragilidades identificadas em domínios chave nas disciplinas de Português, Matemática e Inglês.

São claramente opções pedagógicas utilizadas no âmbito da autonomia do AEGN que, articuladas entre si, constituem um verdadeiro referencial de promoção de sucesso escolar adequado à sua realidade, em condições muitas vezes adversas.


Reportagem

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A nossa aluna Uma resposta social à comunidade

Centro Social e Paroquial de Oliveira do Douro O Centro Social Paroquial de Oliveira do Douro foi inaugurado em 2011. Um sonho do Padre Avelino Jorge, preocupado com as necessidades dos idosos. Tem quatro valências: EPI-Estrutura Residencial para Idosos (48 utentes); CDCentro de Dia (40 utentes); Apoio Domiciliário (40 utentes) e Creche (38 crianças). Está certificado pela Segurança Social desde 2013. A direção é constituída por cinco elementos não remunerados, sendo o pároco o presidente. A equipa técnica é constituída por: diretora de serviços; cinco enfermeiros por cada turno; uma assistente social; duas educadoras sociais; uma coordenadora da área sénior, da lavandaria e das auxiliares dos serviços gerais; um administrativo; um responsável pelo atendimento; e uma encarregada das qualidades do ambiente e da higiene da segurança no trabalho. A creche tem educadoras de infância e assistentes operacionais. Um motorista, dois veículos (um com 19 lugares, outro com nove, adaptado para cadeira de rodas). Cerca de 50 colaboradores ajudam em várias áreas. Segundo a diretora de serviços, Paula

AMÉLIA CARVALHO 88 anos

O meu pai era um grande industrial cá da freguesia e eu estava a orientar as costureiras, era a patroa da casa, eu e a minha mãe. Estou aqui desde que abriu, a 31 de Maio de 2000. Sinto-me muito bem, à vontade, já todos me conhecem e digo o que tenho a dizer. Eu gosto de estar aqui: tem muita gente conhecida, é a minha freguesia, onde tenho a minha casa, exatamente como a deixei.

Azevedo, “esta instituição tem dificuldades económicas, […] porque a obra custou 2 milhões e 700 mil euros e foi subsidiada em cerca de 1 milhão. […] uma parte já está paga através das ajudas da sociedade civil e também de algumas entidades públicas. […] uma dívida à banca, com um compromisso de cerca de 14 mil euros mensais por gastos de construção […]. O dia-a-dia do centro é muito preenchido, com várias respostas sociais: higiene, alimentação, transporte e atividades diversas, frequentes (meditação, trabalhos manuais, alfabetização, etc.) ou sazonais, (falar cada mês sobre um prato gastronómico conhecido, etc.). Idas à praia, passeios lúdicos e culturais e também uma semana de colónia de férias. Natal, Carnaval, dia dos avós, outras datas. Há folhetos e ações de sensibilização sobre saúde e alimentação. Para Paula Azevedo “[…] Só quem gosta muito é que é capaz de se manter há mais de 25 anos! É uma relação muito próxima […] sinto-me com os utentes como se fossem da minha família. O meu objetivo aqui é criar todas

LAURENTINA AZEVEDO 86 anos

Fui costureira. Vim para aqui desde o inicio. Tratam bem de mim. Aos domingos, se houver baile, eu vou; gosto muito de dançar e acompanho as minhas amigas. Adoro jogar sueca, dominó. Já não dá para a costura porque tenho as mãos tortas e não vejo bem (risos). Na carrinha que nos leva ouvimos música até casa; se nos apetecer dançar, dançamos; cantar, cantamos.

as condições para colmatar todas as necessidades que eles têm e ir ao encontro das expectativas e daquilo que os faz felizes.” O centro presta apoio a nível do banco alimentar a famílias carenciadas de Oliveira do Douro e também tem um programa de emergência alimentar onde o agregado de cada família vai à hora do almoço buscar uma refeição já confecionada. Conclui a entrevistada: “Esta IPSS […] acolhe pessoas na sua maioria (mas não só) com parcos recursos económicos. […] Vive da mensalidade dos utentes e também de uma comparticipação estatal.”

Dra. Paula Azevedo Diretora de serviços

LEONOR OLIVEIRA 83 anos

Fui gaspiadeira de calçado durante 35 anos. Acabei a 4ª classe e fui logo trabalhar. Estou aqui já há 2 anos e tal. Gosto das pessoas, são carinhosas, começando pelas superiores, até às empregadas de limpeza. Venho de manhã e vou de tarde. À 5ª feira é yoga, e à 3ª e à 6ª feira vem aqui um professor de ginástica.

Daniela Filipa Pereira Vieira, 30 anos, licenciada em Educação Social, encontra-se atualmente a trabalhar no Centro Social e Paroquial de Oliveira do Douro (CSPOD). Afirma ser uma pessoa realizada e grata pela função que desempenha e, principalmente, pelo papel que tem na vida dos seus utentes. Gostaria, ainda, de tirar um mestrado em Cuidados Paliativos na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Nunca desistiu dos seus sonhos. Que contributo teve a nossa escola para a sua vida profissional? Foi na Escola Secundária Gaia Nascente que eu fiz a principal mudança da minha vida! Estava em científico-natural, mas depois, no 11º ano, senti-me um pouco perdida. Não era bem aquilo que eu queria e não me estava a encontrar a mim mesma, pois não era aquilo que pretendia fazer no futuro. Depois surgiram os cursos tecnológicos e a escola deu-me a oportunidade de regredir dois anos do meu percurso escolar. E voltei para o 10º ano do Curso Tecnológico de Ação Social. Andei dois anos para trás, mas não me arrependo, porque foram dois anos que marcaram a minha vida! Quando iniciei o curso de ação social não tinha em mente ir para a faculdade, mas no decorrer do meu secundário tinha a sensação de que era mesmo aquilo que queria seguir e acabei por tirar a licenciatura em Educação Social. Hoje se pudesse escolheria outra escola sem ser a ESGN? Não! Ia na mesma! Aqui nesta zona não existe nenhuma escola que eu ache que fosse fazer melhor do que aquilo que a Escola Secundária Gaia Nascente fez por mim. A nível de professores e mesmo de colegas. Se voltasse atrás voltaria a escolher a Escola Secundária Gaia Nascente. Qual é a função que desempenha no centro social? Eu sou Educadora Social: sou responsável por todas as atividades de desenvolvimento pessoal e social dos utentes da ERPI (Estrutura Residencial Para Idosos) e do CD (Centro de Dia). Junto com a equipa técnica fazemos o acompanhamento de todos os utentes a nível do plano individual. Mas a minha função principal é a organização de todas as atividades do desenvolvimento pessoal e social dos idosos.


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Entrevista

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A ESCOLA DE EDUARDO VÍTOR RODRIGUES Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, foi aluno da Escola Secundária Gaia Nascente (então denominada Escola Secundária de Oliveira do Douro) desde o 7º até ao 12º ano, de 1983 a 1989. Nesta entrevista, muito enriquecedora para os alunos, partilha aspetos da sua vida pessoal e profissional, avançando perspetivas para o futuro, de uma forma simples e cativante e dando a conhecer o homem que é e o adolescente que foi. Onde e quando nasceu? Nasci em Miragaia, no dia 30 de março de 1971.

Frequentou o infantário (a creche) ou ficou em casa aos cuidados de algum familiar? Nem uma, nem outra situação. O período dos três aos seis foi passado em casa de uma senhora conhecida como a “Quiterinha”. As amas, independentemente da família, eram o primeiro grande instrumento de socialização, para além da rua. De tarde, essas senhoras começavam a fazer os ensinamentos da caligrafia, da contagem dos números. Na altura não havia o modelo de jardim de infância que há hoje. Em termos sociológicos, reconhece-se que na escola se faz um desenvolvimento pessoal e social melhor do que em casa.

Aconselha a frequência das escolas públicas? Sim, andei toda a vida em escolas públicas. A Mariana, minha filha sempre frequentou escolas públicas e está agora numa escola com contrato de associação apenas porque o curso que ela queria não existia numa escola de proximidade. As escolas públicas são um “elevador social”, na medida em que permitem que todos os jovens possam tirar o seu curso, independentemente de serem originários de famílias ricas, ou mais pobres. Se não fossem as escolas públicas não teria conseguido tirar o meu curso superior. Enquanto presidente de Câmara e responsável pelas escolas públicas, desde os jardins de infância às escolas do 1.º ciclo, devo dizer que nós não ficamos a dever nada aos privados.

“Na escola faz-se um desenvolvimento pessoal e social melhor do que em casa” Que escolas frequentou? Entrei para a escola primária do Outeiro, em 1976, onde tive um professor fantástico - António Pedrosa - que ainda hoje me acompanha, estando presente nas minhas tomadas de posse, nos meus comícios… Foi uma pessoa inspiradora, mas terrível do ponto de vista da exigência; depois fui para a EB23 de Gervide e terminei o secundário aqui. No seu 3.ºano de funcionamento. Entrei, na altura para um mundo enorme e novo. O ambiente era muito duro, pesado. Por fim, fui para a Faculdade de Letras, onde fiz todos os meus estudos superiores.

“Fiz um curso, pré-Bolonha, de cinco anos, trabalhando, ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, para ajudar a pagar as propinas” Sabendo nós que o senhor é professor universitário, fale-nos acerca do seu percurso académico. Começou por uma opção entre o Direito e a Sociologia: áreas do meu interesse. O primeiro porque tinha a expectativa de fazer uma intervenção corretora na sociedade e o segundo porque era uma forma de compreensão das realidades sociais. Acabei por escolher Sociologia, em parte, por razões financeiras. Fiz um curso, pré-Bolonha, de cinco anos, trabalhando, ao mesmo tempo, nos últimos dois anos, como guia turístico, nas caves do vinho do Porto, na Real Vinícola, dado falar bem várias línguas, para ajudar a pagar as propinas, implementadas, entretanto. Outra parte do dinheiro que ganhara serviu para pagar a carta de condução. Findo o curso, trabalhei para a Rede Europeia Anti-Pobreza, sendo o meu primeiro emprego como sociólogo. Simultaneamente surgiu a oportunidade

Foram anos iniciais, de grande mudança social de alunos, em que a escola se aperfeiçoou enormemente, em parte devido ao corpo docente espetacular, estável, e a funcionários dedicados

de uma candidatura a uma bolsa da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, atualmente Fundação para a Ciência e a Tecnologia, pois tinha boas notas e um projeto validado como “Bom”. Dediquei-me ao mestrado e ao fim de meio ano, abriram um concurso para duas vagas no Curso de Sociologia, na Faculdade de Letras. Entrei, permaneci como assistente durante dois anos e conclui o doutoramento em 2006. A partir daí e depois de ter feito o “quinquénio” (cinco

anos a dar aulas), tornei-me professor efetivo da Universidade do Porto. Atualmente, as minhas funções de docente estão suspensas por exercer o cargo de Presidente de Câmara. Foi este o meu longo percurso, que começou em 1989 e terminou em 2006, sempre conciliando o estudo e a investigação com o trabalho. Investiguei, no período de férias, também fora do país: em Paris, na Sorbonne, e na Polónia, como aluno e professor.


Entrevista

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Como se sente ao regressar a esta escola, na qual foi estudante? Esta escola marcou-o? Apesar de vir cá com alguma frequência, enquanto presidente de Câmara, sinto uma certa nostalgia ao voltar, pois frequentei muitos anos esta escola; mas, ao mesmo tempo, orgulho, por ver que as pessoas me admiram pela pessoa em que me tornei, para além do que era expectável, devido às minhas origens e à escola onde me formei (esta), que era considerada como uma escolha de segunda. Foram anos importantes e marcantes com pessoas inspiradoras. A escola mudou para melhor, ao nível de ambiente, de espaços: a biblioteca está maior, os laboratórios são melhores. Considerava-se um aluno exemplar? Não. Fiz algumas maldades, típicas do tempo de então. Mas era um aluno esforçado, estudioso com uma vontade muito forte de prosseguir os estudos. Era um aluno bom em quase todas as disciplinas. Cheguei a faltar às aulas, por certa pressão social. O convívio era muito importante, para mim, mas tinha a noção de uma missão a cumprir – estudar - porque tinha uma missão de futuro. Como era a escola, há 30 anos? Esta escola recebia alunos de Oliveira do Douro que não podiam ir para o “Liceu Almeida Garrett”, pois era muito caro; de Avintes e de Vilar de Andorinho, que vinham de meios muito diversificados, o que fez com que a escola tivesse um mundo também bastante diversificado. Havia um grande pinhal, à volta da escola, que constituía um grande perigo. Foram anos iniciais, de grande mudança social de alunos, em que a escola se aperfeiçoou enormemente, em parte devido ao corpo docente espetacular, estável e a funcionários dedicados. Isso foi o que fez a escola evoluir, tornando-se hoje, numa escola tranquila, de grande qualidade. Fumava-se na escola? E o senhor? Já fumou? Sim, em todas as escolas isso acontece. Pessoalmente, nunca fumei nem bebi; foi uma experiência que eu nunca quis fazer. Um dos maiores pânicos é de perda do domínio, do controlo sobre mim. Aliás, sempre participei em diversas tentativas

As escolas públicas são um “elevador social”, na medida em que permitem que todos os jovens possam tirar o seu curso, independentemente de serem originários de famílias ricas, ou mais pobres.

de dissuasão contra estes mesmos problemas, pois já perdi um amigo próximo devido a overdose. Pode descrever-nos, sucintamente, como eram as relações aluno-professor, aluno-auxiliar da ação educativa e aluno-aluno? A relação aluno-professor era muito assertiva e vertical, salvo raras exceções. O professor mandava, ao contrário dos tempos de hoje, onde os professores perderam bastante autoridade, o que é lamentável. A relação aluno-funcionários era caracterizada por um carinho muito grande e confiança, por vezes, excessiva. Não havia desrespeito intencional, mas sim um certo abuso, por haver uma grande familiaridade. A relação alunoaluno era de hierarquia. O mais destemido, o mais forte, o mais arrojado, do ponto de vista dos consumos, o mais engraçado era sempre aquele que se impunha e não necessariamente o melhor aluno. Ao contrário de hoje, em que há uma relação muito igual entre pares. O que não havia era uma relação família-

escola. Não havia uma excessiva penetração dos pais na vida da escola, contrariamente aos dias de hoje, em que estes emitem opiniões e se envolvem, em muitos casos, para além do que é aceitável. Havia bullying? Claro. Eu próprio senti essa censura, por exemplo, quando num grupo de amigos eu era o único que não pegava num charro. Eu valia-me do facto de ser o explicador, para ser aceite. Se voltasse atrás, faria alguma coisa diferente? Penso que não. Arrependo-me de algumas ações concretas num determinado contexto, reconhecendo que poderia ter feito melhor, mas tento ser muito reflexivo naquilo que faço. Estou muito bem comigo próprio. Pugno pela seriedade, pelo trabalho empenhado e honesto. Estou muito tranquilo e orgulhoso do meu passado.Tenho muita vontade de nunca deixar ficar mal aqueles que confiam em mim, sejam eles os meus filhos ou as

pessoas que me envolvem, que encontro no supermercado ou aqueles que se queixam, por terem buracos à porta.

Que conselhos tem para nos dar, enquanto alunos? O melhor conselho que tenho para vos dar é: estudem! A escola é o instrumento do desenho do nosso futuro. É aí que nós podemos encontrar a mudança social, a rutura com os mecanismos de reprodução social (a ideia de que filho de pobre é pobre e filho de rico é rico). Tentem não perder a juventude, aproveitem-na, façam coisas, conciliando o convívio com o estudo. É necessário fazer a ressocialização, entre vocês. Sinto que hoje em dia, os jovens são capazes de enviar n mensagens, mas incapazes de manter uma conversa com princípio, meio e fim. Outro conselho importante que vos posso dar é: protejam-se; pois o que colocamos nas redes sociais não desaparece e, um dia, quando forem arranjar um emprego podem ser prejudicados por aquilo que escreveram ou publicaram. Convençam– se de que, hoje em dia, muito dificilmente alguém contrata alguém sem fazer uma pesquisa nas redes sociais ou no Google. Não é à toa, que no recrutamento para emprego, as entrevistas valem muito, pois é uma maneira de perceber se a pessoa tem capacidade para comunicar, para apresentar as suas ideias. Deem menos importância às médias, que são importantes para tudo, mas mais importância às soft skills: por exemplo, fazer parte da associação de estudantes, ter andado na catequese, serem desportistas. Pensem que precisam mais de redes de sociabilidade do que de redes sociais.


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Gaia Nascente ao serviço da comunidade O Curso Profissional de Multimédia efetuou a cobertura fotográfica e de vídeo da cerimónia de assinatura de protocolos com as Associações de Pais da FEDAPAGAIA.

Noticiário

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Alunos vibraram no Dragão

AEGN ganha Selo de bronze eSafety A comunidade escolar do agrupamento de escolas Gaia Nascente obteve o Selo de Bronze da iniciativa eSafety Label. Este é o começo de um processo que tem por objetivo a obtenção, no próximo ano letivo, do selo de prata. Agora é seguir as recomendações e tornar os alunos do nosso agrupamento conhecedores do que devem fazer para navegarem seguros na net.

Um grupo de cerca de 50 alunos, acompanhados por docentes e funcionários da Escola Secundária Gaia Nascente, assistiu ao jogo da Liga Profissional de futebol, entre o Futebol Clube do Porto e o Club Sport Marítimo. Foi uma visita de estudo de carácter interdisciplinar, destinada aos 3 primeiros classificados de cada categoria do Corta-Mato Escolar, promovida pelos professores do Grupo de Educação Física.

Concurso de Poesia Interescolas de Gaia 2018 O Concurso de Poesia Interescolas de Gaia 2018 inicia-se no dia 8 de janeiro e termina a 9 de março. Convida-se os alunos, os docentes, os funcionários e os encarregados de educação do AE Gaia Nascente a participar. Este Concurso decorre em parceria com as Escolas/Agrupamentos do concelho de Vila Nova de Gaia, a Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia, poetas residentes e outros intelectuais, conforme o Regulamento concelhio apresentado no site “Poesia em Gaia”.

Homenagem do Rotary Club O Rotary Club de Vila Nova de Gaia prestou homenagem ao nosso ex-aluno Tiago Leitão, do curso profissional de multimédia pelo seu brilhante desempenho e elevadas classificações obtidas no decurso do ano letivo 2016/2017.

Dia Mundial da Ciência e Dia Nacional da Cultura Científica Para assinalar o Dia Mundial da Ciência e o Dia Nacional da Cultura Científica, celebrado a 24 de novembro, os alunos do 10ºA desenvolveram trabalhos na disciplina de Biologia, que foram expostos no polivalente da Escola. Estes trabalhos permitiram que relacionassem as temáticas abordadas em sala de aula e pesquisar autonomamente alguns dos conteúdos curriculares, favorecendo a compreensão de conceitos associados à Conservação e recuperação de espécies em risco de extinção.

Atividades Multimédia no Dia de S. Martinho na ACO e AC e ESGN O curso profissional de Multimédia participou nas atividades de comemoração do Dia de S. Martinho nas Escolas Básicas Adriano Correia de Oliveira (ACO) e Anes de Cernache (AC) e na Escola Secundária (ESGN). A atividade desenvolvida na ACO tinha a designação “Para mais tarde recordar” e consistiu na captura de fotos de grupos de alunos, professores e funcionários. Estas serão depois trabalhadas e virão a fazer parte de um poster, a afixar na escola básica, no Dia do Patrono. A atividade na AC, com a designação “Estampomix”, consistiu na estampagem de tshirts com ilustrações desenvolvidas pelos alunos de multimédia, que eram depois escolhidas, assinadas e estampadas em tshirt dos alunos da escola básica. Foi ainda sorteada a estampagem de uma tshirt. Na ESGN, para além dos jogos tradicionais, os alunos tiveram à sua disposição uma atividade de fotografias engraçadas e castanhas assadas.

Visita de Estudo ao Planetário do Porto No dia 24 de novembro, os alunos do curso profissional de Multimédia, do 12ºC ano, realizaram uma visita de estudo ao Planetário do Porto.

Cakedesign No dia 30 de novembro os chefes de cozinha Leonardo Tavares e Paulo Marques estiveram na cozinha pedagógica da Escola Secundária Gaia Nascente para dinamizarem 8 horas de formação com práticas de decoração de bolos.

Cerimónia Entrega dos diplomas Teve lugar no passado dia 17 de novembro a cerimónia de entrega dos diplomas dos Quadros de Valor e Excelência e de conclusão do ensino secundário. Sendo uma das mais importantes cerimónias que se podem comemorar numa escola, por significar o reconhecimento do trabalho e esforço não só dos alunos mas também dos seus dedicados professores e pais, a cerimónia decorreu numa clima fraternal e alegre. Não podemos deixar de dar os parabéns aos alunos que foram homenageados e desejar-lhes que continuem o seu bom trabalho. Esta cerimónia, para além do muito público que assistiu ao evento, contou com a presença da direção do agrupamento, dos presidentes das juntas de freguesia de Avintes, Oliveira do Douro e Vilar de Andorinho e do vereador da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, entre outras individualidades.


Entrevista

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Sr. Rogério

Funcionário dos sete ofícios Conhecido como “o funcionário dos sete ofícios”, o seu tempo de serviço coincide praticamente com a inauguração da Secundária de Oliveira de Douro, atual sede do Agrupamento de Escolas Gaia Nascente. Francisco Rogério Santos Soares, o “Sr. Rogério”, recebeu calorosamente na sua oficina de trabalho os alunos que o entrevistaram. Os seus anos de serviço correspondem aos anos em que trabalha nesta escola ou teve outra carreira antes? Antes de vir trabalhar para esta escola, fui chapeiro na casa Ford durante 22 anos. Aqui, nesta escola, estou há 31, 4 anos após a sua abertura. Como é que surgiu a oportunidade de vir trabalhar para esta escola e a que se deveu essa transferência? Nos últimos anos em que ainda trabalhava na Ford, começou a haver diminuição do trabalho devido ao aumento da importação de automóveis. Por isso, quando um professor antigo desta escola me falou que iam abrir vagas para este estabelecimento escolar, aproveitei essa oportunidade. Concorri e entrei. Que funções já exerceu na nossa escola e qual é que gostou de realizar? Iniciei as minhas funções, nesta escola, como guarda-noturno. Como estava habituado a um ritmo de trabalho diferente, mais frenético, mostrei-me interessado em colaborar na melhoria das condições físicas da escola. Apercebendo-se das minhas habilidades em geral, foi-me atribuída esta oficina para execução de tarefas na melhoria da escola. Desde então, exerço as funções de eletricista, picheleiro, carpinteiro, pintor, serralheiro... Gosto de fazer aquilo que faço. Quando era jovem sonhava com esta atividade profissional ou ambicionava outro emprego? Quando eu tinha mais ou menos 13/14 anos, iniciei a minha atividade profissional no grupo Salvador Caetano e mais tarde fui

trabalhar para a Ford. Eu sempre me dediquei a ser chapeiro de automóveis. Trabalhei nesta área ao longo de 22 anos. Não tinha outra ambição. Trabalhar no meio escolar influenciou a sua vida? De que forma? Positiva e/ou negativamente? Positivamente. Esta escola tem um bom ambiente, os professores e os colegas são simpáticos e estou sempre a aprender com os alunos.

Esta escola tem um bom ambiente, os professores e os colegas são simpáticos e estou sempre a aprender com os alunos

Margarida Neto antiga professora da escola

Se pudesse voltar atrás, mudaria algumas das suas decisões? Não, não mudaria nada. Tendo agarrado esta oportunidade, sempre exerci as minhas funções de forma empenhada. Apenas lamento não ter dado a oportunidade aos meus dois filhos de continuarem os estudos devido às poucas possibilidades financeiras. Os seus filhos estudaram nesta escola? Sim, ambos estudaram aqui. A minha filha até ao 9º ano e o meu filho até ao 12º ano. Neste momento, tenho a minha neta Beatriz, no 11º ano, abrangida pelo Ensino Especial, e que já foi notícia no jornal O Gaiense por ter conquistado várias medalhas em competições enquanto nadadora. A cada ano que passa, nota diferença de geração em geração? Que acha da escola nos dias de hoje? Acho que a escola melhorou significativamente, pois, ao longo dos anos, foram-se reunindo condições para esse efeito. Devo admitir que tenho pena de os jovens passarem tanto tempo nos telemóveis e não conviverem como antigamente. Passados estes anos todos, ainda mantém contacto com alguns alunos? Sim, mantenho contacto com alguns alunos antigos que ainda vêm praticar desporto no pavilhão da escola, ao fim da tarde. Se perguntarem a qualquer aluno que passou por esta escola se me conhece, muito provavelmente ouvirão uma resposta afirmativa.

No intrincado movimento da vida de cada um de nós, na confusão do dia-a-dia, na rede emaranhada das pessoas que conhecemos, às vezes, muito raramente, quase nunca mesmo, cruzamo-nos com alguém que sabemos, no primeiro instante, ir fazer diferença no resto do nosso caminho. Não, não é aquela coisa do“amor à primeira vista”. É outra coisa. Mais definitivo. É saber, quase logo, que estamos perante uma pessoa em

quem podemos confiar, com quem podemos contar, que estará sempre presente. Pois. É isso. Um amigo. Sempre disponível, a rir e a chorar, se for preciso, na retaguarda, a olhar por nós. Mesmo longe, sabemos que a distância ficará curta se for preciso acudir. É mais simples viver quando há um Rogério Soares na nossa roda de amigos. Sem lamechices, mas do fundo do coração, obrigada Sr. Rogério!

Paula Lobo subdiretora

Alto, cabelos esbranquiçados e um sorriso nos lábios foi assim que conheci o Sr. Rogério. Tinha a minha filha, Ana de quatro anos que adorava ir ver os cães com ele, antigos guardas da escola. Sábado, 11horas – “ está… é o Sr. Rogério…precisava que viesse abrir a escola, esqueci na direção… Quinta, 20horas – “ está…Sr. Rogério?...estou fechada na escola, preciso de si para ir embora… Tantas situações semelhantes ao longo destes anos e o Sr. Rogério

sempre disponível para aturar os meus pedidos. Não posso esquecer as canções “ a chinela que encontrei no baile tinha um coração bem bordado” ou “o que é que você vai fazer domingo à tarde” que cantamos nos momentos mais descontraídos. Obrigada Sr. Rogério por ser a pessoa que é, alguém que confiamos, alguém com quem podemos sempre contar. Um verdadeiro amigo, sempre disponível. Obrigada por fazer parte da minha vida.


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Ligação entre os Areinhos de Avintes e de Oliveira do Douro Projeto Encostas do Douro A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia está a investir cerca de 3 milhões de euros na reabilitação da frente fluvial de Avintes a Oliveira do Douro, garantindo a ligação por via ciclável e pedonal e atribuindo uma vertente turística àquele que já foi um dos mais importantes postos de trocas comerciais do concelho.

Naquela pacata Vila situada na margem esquerda do Rio Douro, espraiase o Areinho de Avintes. Antigo local de comércio, sempre se assumiu como um dos mais icónicos locais de embarque das Padeiras que transportavam consigo a tão afamada Broa de Avintes. Foi assim, desde que D. Dinis o ordenou, por causa dos incêndios que assolavam a cidade do Porto. Sempre formosas e joviais, “chamavam, com toda a força d’aquelles pulmões robustos, as pessoas que vinham por terra.” (Júlio Diniz in “Uma Família Inglesa” – 1868). Era ali e era assim que iniciava a jornada matinal destas mulheres que, pela sua robustez, por vezes, serviam também de “remeiras”: embarcavam nos “valboeiros” e remavam até ao Porto, onde apregoavam o pão rezado sempre da mesma forma – “Deus te acrescente dentro do forno e fora do forno como pelo mundo todo!”. A sete quilómetros da Foz do Douro, e ainda na mesma margem do Rio, constituindo um grande alargamento do leito deste, encontramos o local que outrora foi uma importante zona pesqueira. O Areinho de Oliveira do Douro – que apoia atualmente a Ponte do Freixo – foi desde sempre um espaço predileto de muitos pintores, escritores e artistas. Aqui se situava, em tempos passados, um Facho, controlador de todos os barcos que por ali atravessavam. Este período apoteótico não foi eterno. Com a revolução industrial e a mudança nos transportes, a vertente fluvial e a utilização do Rio pas-

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Eduardo Vítor Rodrigues Presidente da CM Gaia

“É uma grande obra e uma forma de reabilitação das zonas ribeirinhas que estavam desvalorizadas relativamente às da orla marítima.”

saram para segundo plano, economizando tempo e poupando esforço físico. Os transportes terrestres tomaram posse do concelho e a comercialização acompanhou-os. A este acontecimento juntou-se o período de crise, derivado da legislação que impunha a venda da Broa de Avintes ao peso, contrariando a vontade dos comerciantes e das padeiras. Não demorou muito até que o Rio Douro, anteriormente conhecido como ponte comercial, caísse no esquecimento.

Durante o século XX houve um afastamento significativo das freguesias do rio, resultando esta separação não física na degradação durante dezenas de anos daquele que é um dos maiores patrimónios de Vila Nova de Gaia.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”: deu-se o período de reviravolta e de revalorização. Aqueles que anteriormente eram locais de trocas comerciais, de inspiração para artistas e escritores e de onde muitas famílias retiravam a sua fonte de rendimento, passaram a ser lugares visitados e requisitados por banhistas, paisagistas e pensadores. A afluência registada resultou numa sobreexploração dos recursos disponíveis, sendo necessária uma intervenção. Desta feita, cerca de três séculos depois, os vinte quilómetros de extensão da orla fluvial da margem esquerda do Rio Douro recebem boas notícias.

‘ENCOSTAS DO DOURO’ O programa “Encostas do Douro” vem retomar a vida do património fluvial de Vila Nova de Gaia. Criado em 2010 por uma equipa multidisciplinar, só quatro anos depois, com a mudança na estrutura orgânica na Câmara Municipal, é revisto e integrado no projeto “Avenida da República até ao Mar”, na Divisão dos Projetos Estruturantes da Direção Municipal do Urbanismo e Ambiente. A área abangida por esta requalificação corresponde à frente ribeirinha compreendida entre a Ponte D. Maria Pia e o limite administrativo oposto do concelho, em Lever, incluindo cerca de 12% da totalidade da área atual de Gaia. Este projeto - que possui como principal objetivo a atribuição de uma nova paisagem à zona baixa da cidade de Gaia e a criação de condi-

ções para a fruição naquela zona prevê também uma requalificação ambiental da área abrangida pela obra. São também incluídas as requalificações de quintas existentes nas zonas remodeladas assim como a subsequente revalorização dos cais de acostagem. Esta modernização atingirá seis freguesias do Concelho numa extensão de 1960 hectares. Embora realizada por etapas, terá um custo total que ultrapassará os dez milhões de euros. A primeira fase, já concluída, concentrou-se em Oliveira do Douro. Dois quilómetros de costa foram requalificados, entre o Cais de Quebrantões e a Marginal do Areinho de Oliveira do Douro. Tendo sido reabilitada a frente paisagística e construído um passadiço pedonal, acompanhado de uma ciclovia.


Reportagem

Cipriano Fonseca de Castro Presidente da JF de Avintes

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“A população ribeirinha, durante o séc. XX, afastou-se da sua ligação ao rio, esta obra vai permitir a sua reaproximação.”

Aliada a esta remodelação, foi também transformada a Rua Cabo Simão, popularmente conhecida como “Rua entre Pontes”, que complementa o percurso pedonal. No prosseguimento desta renovação da ala ribeirinha da cidade, segue-se a freguesia de Avintes. No passado dia 24 de novembro, o Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e a Secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos, estiveram em Vila Nova de Gaia para a assinatura do contrato de financiamento, no valor total de três milhões de euros, que visará a valorização e ligação entre os Areinhos de Avintes e Oliveira do Douro. Esta nova fase será assegurada, monetariamente, por fundos Europeus e por fundos Municipais, contribuições que

Dário Soares Silva Presidente da JF Oliveira do Douro

serão de 80% e 20%, respetivamente, e terá uma duração de nove meses, sendo previsto o seu término no decorrer do presente ano. Esta zona, agora em fase de requalificação, era uma das áreas destinadas a uma intervenção prioritária incluída no plano do Governo “Litoral XXI”, que visa o combate à erosão costeira com recurso a cerca de 176 milhões de euros. Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, salienta a importância desta obra para o Concelho [ver caixa], relembrando o valor histórico, patrimonial e ambiental que esta área fluvial possui, tendo sido aquele último um dos principais pontos de destaque no decorrer desta requalificação: preservação ambiental. A “manutenção da maior parte das árvores existentes” e a promessa de plantação de novas

“[Este projeto] tem permitido a valorização de uma zona esquecida durante tantos anos e que concentra um elevado potencial.”

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O Ministro do Ambiente e a Secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza estiveram em Vila Nova de Gaia para a assinatura do contrato de financiamento, no valor de três milhões de euros

espécies autóctones, comprova a relevância atribuída à natureza envolvente. O autarca ressalva ainda a iluminação colocada, que garante igualmente o usufruto público durante o período noturno. A utilização de “materiais que garantam maior longevidade, reduzida manutenção e, simultaneamente, a integração paisagística da obra na envolvente”, promovem as boas práticas de desenvolvimento sustentável. Com o objetivo de se tornarem uma atração turística, estes espaços possuirão várias vertentes: lazer, desporto, música, convívio e muito mais. Com um vasto areal (recentemente enriquecido com dragagens e reposições de areias), esta zona pode ainda ser utilizada para desfruto balnear. Os espaços poderão ainda ser convidativos para a realização de eventos culturais e sociais, reunindo as condições necessárias para esse

efeito. Ao longo da realização das próximas fases da obra, somar-se-á a requalificação da Escarpa da Serra do Pilar que ligará a Ponte Luiz I e a Ponte D. Maria Pia. A fase seguinte responsabilizar-se-á pela requalificação da frente ribeirinha entre Arnelas e Cres-

A nova fase será assegurada, monetariamente, por fundos Europeus e por fundos Municipais, contribuições que serão de 80% e 20%, respetivamente, e terá uma duração de nove meses, sendo previsto o seu término no decorrer do presente ano.


Opinião/Noticiário

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(DES)CRENÇAS

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NAMORO

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uma pessoa vaidosa acaba por limitar a própria liberdade

Beatriz Costa

Ricardo Nóbrega

Neuza Vieira

O que faz com que a nossa visão do mundo seja mais colorida, que a nossa vida tenha mais sabor, que o nosso coração palpite... Sim, é ele, esse sentimento maravilhoso: o Amor! Senti-lo é ter dentro de nós um coração de artista que vibra com as cores, as texturas, as sombras… É ter um coração viajante que voa, com o sopro do vento, à descoberta de lugares sem fronteiras. É ter um coração de astrónomo que olha para o céu e sabe que pode conter o Universo dentro de si. É ter um coração com alma de poeta que encontra nas palavras um jogo de sedução imbuída em toda a sua expressão. Que pensar quando se lê um estudo em que o número de vítimas de violência no namoro aumentou quase 60% entre 2014 e 2016, culminando com 767 vítimas no ano passado? Estar com quem não nos respeita, nos obrigua a amar por dois, ou nos humilha é privar-se de um direito humano. Quando o verdadeiro amor entra nas nossas vidas, ele não deixa que o medo se instale; pelo contrário, ele transforma-nos no melhor que podemos ser. É hora de dizer não à violência no namoro!

O que nos motiva? O que nos faz caminhar? Sempre que um professor verifica o sucesso de um aluno ou um médico cura um mal-estar físico ou mental de um paciente, eles estão a negar a impossibilidade; ou seja, não é impossível, para o professor, que a educação possa chegar a todos, despertando as suas consciências e, para o médico, que a saúde seja um bem comum de todos. Para se ter êxito na superação da impossibilidade, bastará acreditar na sua inexistência ou simplesmente ignorá-la, inviabilizando automaticamente os seus efeitos? Por exemplo, para Malala Yousafzai, era inconcebível a impossibilidade de a educação abranger as meninas, mesmo tendo sido baleada, por ir contra as convenções da sua sociedade. Será que não concretizamos os nossos sonhos, não por falta de capacidades, mas por falta de uma atitude que passa pela aceitação ou negação do impossível? Por isso, é bom que avaliemos as nossas (des)crenças, sendo as forças impulsionadoras ou castradoras dos desafios que temos pela frente na construção de um mundo melhor.

Vaidade: vício da alma humana

Não há como refletir sobre a personalidade humana sem ter em consideração um dos seus maiores vícios: a vaidade. Este vício manifesta-se através da imposição que nós fazemos em viver da aparência, distanciando-nos da nossa verdadeira identidade. Limitarmo-nos à manutenção de uma imagem que cultivamos e projetamos ao longo das nossas vidas, é viver sob o domínio de fachadas, sem perceber que, dessa forma, prejudicamos o verdadeiro caminho que devemos traçar em prol da nossa felicidade. Como todo o vício moral, a vaidade torna o homem inconsciente da sua incapacidade de se posicionar de forma isenta e sensata na emissão de juízos de valor. Convicto da sua superioridade, mostrar-se-á inflexível, perdendo a noção dos seus fracassos. Admitir que errou é inviável. Este não consegue perceber a grandeza que existe em admitir um equívoco, no sentido de aperfeiçoar a sua caminhada. O que leva alguém a ser vaidoso e a comportar-se de tal maneira? Por baixo de um homem que se afirma unicamente vitorioso existe apenas um amplo medo. O medo de ver as sombras que o acompanham, medo de reconhecer a sua existência medíocre, medo de ver a "feiura" que carrega dentro dele, medo de admitir os seus fracassos. No fundo, a vaidade é uma máscara para disfarçar a essência que falta. Aparentemente, o vaidoso valoriza muito a vitória, mesmo quando é conquistada à custa da própria paz. Egocêntrico, o vaidoso ignora o outro; sendo este um mero espetador, nega-lhe a entrada em cena. Toda a sua comunicação gira em torno do seu umbigo. Afinal, considera o próximo invariavelmente insignificante. Assim, uma pessoa vaidosa acaba por limitar a própria liberdade, já que se entrega a uma ilusão, a padrões, à moda, e àquilo que ela acredita que será " bem vista" e admirada pelos outros. De todos os pecados, o da vaidade é o mais nocivo e é aquele que mais rapidamente pode destruir relacionamentos, corações e personalidades.

Visita de Estudo a Londres Temos o objetivo maior de levar todos os alunos nesta visita, independentemente dos seus recursos económicos Ao concluírem o 12º ano, os alunos coroam um período importantíssimo da sua vida. A escolaridade permite-lhes não só assumir responsabilidades profissionais com qualidade, mas também apresentarem-se como cidadãos portugueses conscientes e intervenientes em todo o mundo. Neste sentido, a Escola Secundária Gaia Nascente tem vindo a desenvolver esforços no sentido de – no âmbito dos conteúdos em estudo – facultar uma deslocação à cidade de Londres a todos os alunos, proporcionando um conhecimento mais profundo a nível de diversas ciências, no contacto com a comunidade, museus e outras instituições britânicas, na medida em que a língua inglesa e a cultura anglófona são hoje essenciais a qualquer pessoa no mundo. No entanto, alguns encarregados de educação não têm capacidade económica para suportar as despesas ineren-

tes a este projeto. Como o nosso interesse é, sobretudo, oferecer aos alunos mais desfavorecidos socialmente esta oportunidade de formação pessoal única, vimos a desenvolver várias atividades de angariação de fundos; entre elas saliente-se o Teatro Solidário “Aqui há fantasmas”, realizado pelos Plebeus Avintenses, cuja bilheteira reverteu na totalidade para a visita. No mês de fevereiro, a Junta da Freguesia de Avintes colaborará com a escola na angariação de fundos, revertendo em algumas das atividades do mês a totalidade da bilheteira, como no “Espetáculo Musical com os Fora de Tom” e noutras haverá contributos solidários dos participantes. Não deixe de participar, venha divertirse no mês de Avintes e ajude-nos na concretização deste objetivo maior: levar todos os alunos nesta visita, independentemente dos seus recursos económicos.


Noticiário

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Geomorfologia da praia das pedras amarelas Lavadores e Parque Biológico de Gaia

Nós, alunos do 10ºA realizamos uma visita de estudo muito aguardada, pois íamos, no âmbito da disciplina de Biologia e Geologia, estudar in loco a Geomorfologia do litoral da praia de Lavadores, sob a orientação do Professor António Guerner (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto). A geomorfologia estuda as formas da superfície da Terra, a sua história e os processos que contribuíram para a sua formação. Estávamos entusiasmados, eufóricos e felizes por sairmos da escola e das nossas rotinas escolares e, como se não bastasse, a atividade estava incluída na Semana da Ciência e da Tecnologia, organizada por várias instituições ou entidades como a FCUP, a FEUP, o Parque Biológico de Gaia e a CMG.

A explicação só pode ser uma: o mar já esteve nesta área e hoje encontra-se afastado. Nos ambientes sedimentares marinhos, formam-se muitas vezes rochas sedimentares, as quais pudemos observar na linha de costa e também na estrada a cerca de 150 metros da praia. A explicação só pode ser uma: o mar já esteve nesta área e hoje encontra-se afastado. Já no areal, pudemos observar os granitos da praia de Lavadores, rochas de cor rosada que, em alguns locais, apresentam megacristais feldespáticos. Mais à frente, no areal, vimos também rochas metamórficas. A riqueza deste local do ponto de vista geológico é impressionante! Num esforço para não cairmos e apoiando-nos uns nos outros, seguimos pelas rochas que dão nome à praia das Pedras Amarelas. Do local em que nos encontrávamos, ainda pudemos observar blocos graníticos pedunculados, resultantes da acção erosiva da água do mar.

E, quase no fim da nossa visita à praia, todos nós ficámos espantados com a beleza das marmitas litorais alinhadas ou isoladas.

Parque Biológico de Gaia, que se constitui como uma reserva natural de fauna e flora é um verdadeiro mostruário da paisagem da região. Esta visita terminou no Parque Biológico de Gaia, que se constitui como uma reserva natural de fauna e flora e é um verdadeiro mostruário da paisagem da região. Tivemos a oportunidade de assistir à inauguração da Exposição de Modelos didáticos na Geologia, relacionados com a exploração mineira: minas e métodos de extração de minérios.


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Desporto

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Um dia na vida...

Tomás Olivera 1º lugar em 118 candidaturas

do vencedor da Bola Ricardo Quaresma

Tomás Olivera é aluno da nossa escola e venceu a bolsa Ricardo Quaresma. A Bolsa Ricardo Quaresma foi criada pela Câmara Municipal de Gaia para distinguir o mérito escolar e desportivo de jovens gaienses entre os 12-14 anos de idade e promover o sucesso escolar, estilos de vida saudável e a cidadania ativa. Como será um dia na vida deste vencedor?

Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola Conciliar Sucesso Escolar e Desportivo

A Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE) está, em Gaia.Nascente, a desenvolver um projeto de relevo que permite conciliar os sucessos desportivo e escolar dos seus alunos-atletas em regime de alto rendimento ou em seleções nacionais. Só com o empenho das várias estruturas do Agrupamento e de outras a nível local é possível articular a escola com encarregados de educação, federações desportivas, municípios e outros e obter o melhor percurso para estes campeões, para que nunca nenhum esteja desenquadrado do processo formativo, apesar dos jogos e dos torneios em Portugal ou no estrangeiro. A propósito desta dualidade, o atleta José Pedro Lavado Francisco, aluno do 12º B, afirma que “é difícil conciliar os dois. Gostaria de ter mais tempo para dedicar à escola, mas, infelizmente, não tenho”. Estão formadas equipas que desenharam, implementaram e estão a acompa-

nhar o processo pedagógico e de apoio psicológico para cada um dos alunos em questão. Trata-se, portanto, de uma forma de ensino diferenciado. “A vantagem é a maior qualidade dos treinos. O mais difícil é estar longe dos amigos e da família”, afirma, ainda José Francisco. Há uma plataforma interna de acompanhamento on line, uma base de dados e um sistema de avaliação, monitorização e regulação do projeto, tendo em vista os objetivos traçados, em prol do futuro destes jovens. “Vou tentar seguir o desporto profissionalmente no estrangeiro e, se não der, prosseguirei estudos na universidade.” – conclui o nosso interlocutor. O Projeto UAARE inspirou-se no Gabinete de Apoio ao Alto Rendimento (GAAR) de Montemor-o-Velho, criado em 2009, com resultados positivos: campeões nacionais, medalhas internacionais, alunos integrados no projeto olímpico e uma taxa de sucesso escolar acima dos 90%.

Ginástica Artística

Ténis de Mesa

Beatriz Cardoso

David Bessa

“Gosto muito de frequentar esta escola, pois tem bom ambiente, bons professores e sinto que me estão a ajudar para que eu tenha sucesso academico e desportivo.”

“Gosto das pessoas da escola”

Taekwondo

Futebol

Patrícia Ferrer

“Gosto da malta da escola”

Rui Castro

“Gosto do ambiente da escola”


Desporto

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Avelino Azevedo, Presidente do CNAPEF “EXIJAM O CUMPRIMENTO EFETIVO DA MATRIZ DO 1.º CICLO”

Avelino Azevedo, docente de Educação Física, foi eleito, no passado ano letivo, Presidente da Direção do CNAPEF Conselho Nacional das Associações de Pro_ssionais de Educação Física e Desporto - uma estrutura nacional, congregadora das regionais APEF - Associações de Professores e Pro_ssionais de Educação Física. O CNAPEF representa o interesse da disciplina de Educação Física junto dos diversos órgãos e estruturas governamentais. Professor há mais de 30 anos – vinte dos quais na Escola Secundária Gaia Nascente.

O que é o CNAPEF e quais os seus objetivos? - Fundamentalmente, o CNAPEF é uma organização sem fins lucrativos que visa a promoção cultural, científica, técnica e pedagógica dos seus associados em todas as áreas da Educação, Educação Física e Desporto, procurando contribuir para a defesa da ética e da deontologia profissional dos mais de oito mil docentes desta área disciplinar, bem como afirmar e dignificar o papel e a atividade deste grupo profissional na Escola. Para além disso, procuramos coordenar e dinamizar o trabalho interassociativo, bem como promover a formação contínua dos seus associados, cooperando cada vez mais com as instituições oficiais nacionais e internacionais no desenvolvimento da Educação Física e do Desporto. Pode dar-nos um exemplo prático desse processo de coordenação e dinamização? - Por exemplo, a pedido da Secretaria de Estado da Educação, coordenámos, neste último ano e meio, com diversas entidades, o processo de auscultação pública dos professores de Educação Física relativo à proposta de aprendizagens essenciais em Educação Física, processo esse que teve uma participação considerável de docentes da nossa área através de reuniões regionais com os

nossos associados, as APEF; a equipa responsável recebeu um conjunto considerável de pareceres e de propostas de inclusão de novas matérias nos Programas de Educação Física. No seguimento da análise e discussão desses pareceres, posso adiantar que a equipa tomou a iniciativa de recomendar a inclusão do Ciclismo, do Futsal, o Surf, do Tag Rugby e do Ultimate Frisbee como matérias alternativas nos Programas Nacionais de Educação Física. Uma das novidades do ano letivo passado foram as provas de aferição do 2.º ano de Expressão Físico-Motora. Qual o balanço que faz dessa prova? - Pela primeira vez, a nível europeu, a disciplina de Educação Física teve uma prova nacional de aferição. Só o facto de mais de 80.000 alunos do 2.º ano de escolaridade terem feito uma prova de Educação Física foi um fator inovador e relevante. Este ano, vamos ter uma prova de 8.º ano e para o próximo ano letivo, de 5.º Ano. Independentemente desta prova do 2.º ano se repetir todos os anos letivos. Mas repare que a realização da prova, só por si, não representa a resolução do problema desta área disciplinar neste nível de ensino, mas é um início de grande significado e aguardamos com muita expetativa o desenvolvimento deste processo.

Os alunos possam voltar a contar com a classificação da Educação Física para a média de acesso ao Ensino Superior e para conclusão do Ensino Secundário.

A que resolução de problema se refere? - Na prova de aferição de Expressão Físico-Motora, mais de um terço não atingiu os objetivos mínimos nos jogos infantis e a Escola continua a ignorar o facto de a grande maioria delas não usufruir das três horas semanais (mínimo) de Expressões Artísticas e Físico-Motoras no 1.º ciclo, em tempo de aula efetivo. Por isso, aproveito esta oportunidade para lançar um apelo às Comunidades Educativas de todas as escolas: exijam o cumprimento efetivo da matriz do 1.º ciclo e as respetivas condições materiais para o seu cumprimento, da responsabilidade das autarquias, porque a Escola Pública não pode continuar a ignorar uma área curricular fundamental para o desenvolvimento não só físico, como social e cognitivo dos todos os alunos. Como está a questão da classificação de Educação Física para o acesso ao Ensino Superior? - Temos gerido com proximidade, clarividência e contenção a evolução do processo de restabelecimento do estatuto avaliativo da disciplina. A nossa estratégia de ação, associada às questões que nos têm sido massivamente colocadas por colegas professores de Educação Física, obrigou-nos já a várias posições de esclarecimento. Neste momento,

aguardamos a concretização da proposta do Governo, que já existe e que sabemos estar para publicação muito em breve, para que os alunos do 10.º ano de escolaridade do ano letivo 2018/2019 possam voltar a contar com a classificação da Educação Física a ser contabilizada para média de acesso ao Ensino Superior e para conclusão do Ensino Secundário. Finalmente, o Desporto Escolar tem sido uma aposta ganha? - Temos tentado ouvir todas as entidades sobre esta atividade, complemento curricular fundamental em todas as escolas. Promovemos em março passado uma Jornada Nacional de Reflexão do Desporto Escolar, em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Educação Física e o Comité Olímpico de Portugal e com a participação de mais de 30 entidades diferentes, que resultou num conjunto de 25 medidas. Infelizmente, uma grande parte não foi aceite, mas a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República quis ouvir-nos. Foi lançada uma proposta de criação de uma comissão de acompanhamento independente com o intuito de supervisionar e apoiar este projeto do Desporto Escolar, durante o ciclo 2017/2021, que deve estar para ser aprovada muito em breve.


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Cultura

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Isabel Alçada visita escolas do agrupamento Vendas dos livros da autora foram muito significativas

A escritora visitou três escolas do 1º Ciclo e do Pré-Escolar do Agrupamento, no dia 15 de dezembro. Da parte da manhã, as escolas do Sardão e Fernando Guedes, tendo nesta última sido apresentada uma dramatização pelos meninos do pré-escolar, baseada na obra da autora ‘’A Gata Gatilde’’. Seguiu-se um

diálogo dinâmico entre a antiga ministra da educação e os alunos que manifestaram imenso entusiasmo por terem a oportunidade de lhe fazer algumas perguntas. Já no final, Isabel Alçada mostrou algumas das suas obras. Como forma de agradecimento os alunos ofereceram-lhe um postal de Natal. Esta visita terminou com uma

sessão de autógrafos. Isabel Alçada almoçou no Restaurante Pedagógico da Escola Secundária, tendo elogiado o serviço de mesa e a confeção dos pratos. Em nome das Bibliotecas do Agrupamento foi-lhe oferecida, durante o almoço, uma Antologia de Poesia Interescolas de Gaia. De tarde, visitou a Escola Básica de Aldeia Nova,

estando presentes os encarregados de educação dos alunos, o que enriqueceu a atividade. A escritora ficou muito sensibilizada com uma canção preparada pelos alunos. Nas bibliotecas do Agrupamento e nas três escolas visitadas pela escritora houve uma venda muito significativa de obras da autora.

Homenagem ao professor e poeta Castro Alves CÂNTICO NEGRO "Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre a minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem, por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...

noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Como, pois sereis vós Que me dareis, impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos? … Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tetos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura! Levanto-a, como um facho, a arder na

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!

José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'

Ana Luísa Amaral Visita da poetisa à ESGN é já em fevereiro

A Escola Secundaria Gaia Nascente será palco de uma visita da poetisa Ana Luísa Amaral que se encontrará com alunos do 12º ano e com os docentes do Departamento de Línguas, no próximo dia 28 de fevereiro. Nascida a 5 de abril de 1956 em Lisboa, a autora reside desde os seus nove anos em Leça da Palmeira. Doutorada em Literatura Norte-Americana, é atualmente professora associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Para além da sua carreira no ensino, Ana Luísa Amaral temdivulgado o seu trabalho em várias partes do mundo: Brasil, França, Estados Unidos da América, Rússia e China, entre outros. Incluída no programa de Português de 12º ano, a sua obra é considerada uma das melhores em Portugal na atualidade. Autora de uma panóplia de estilos literários, foca-se: na poesia (“E Todavia”), no teatro (“Próspero Morreu”), na ficção (“Ara”) e na literatura para a infância (“A Tempestade”-Plano Nacional de Leitura). Traduziu vários autores, entre eles Xanana Gusmão, Shakespeare e Updike. Fruto do seu trabalho, a poetisa já recebeu inúmeros prémios e várias nomeações.


Nº Pessoas: 2

Ingredientes

Tempo de Preparação/Confeção :: 70 minutos

Lombinhos de Bacalhau Gaia Nascente

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2 Lombos de Bacalhau 200 gr de Batata 200gr de Ervilha 2 Cebolas Roxa Pequenas 1 Pimento Vermelho 1 Alho Francês pequeno 1 Courgete pequena 2dl de Azeite 50gr de Farinha 200ml de Leite 150ml de Vinho Tinto

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Caça ao erro

150 ml de Vinho do Porto 50gr de Açúcar 2 folhas de Louro Cebolinho q.b. Sal grosso q.b. Sal _no q.b. Pimenta Preta moída q.b. Pimenta Preta em grão q.b. Noz Moscada moída q.b. Água q.b.

Ementa Queirosiana

Ementa d’Os Maias

Confeção Retirar espinhas ao bacalhau. Cortar em cubos. Passar por farinha e corar numa frigideira em azeite. Levar ao forno por 10 minutos. Reservar. Descascar as batatas e cortar em cubos. Colocar num tacho com água, leite, sal, grãos de pimenta e noz-moscada. Deixar cozer. Retirar a batata. Fritar numa frigideira em azeite. Reservar. Cozer as ervilhas em água e sal. Escorrer e reservar algumas inteiras. As restantes, reduzir a puré. Temperar com sal e pimenta. Reservar. Descascar as cebolas. Colocar num tacho com os vinhos e açúcar. Deixar cozinhar em lume brando. Reservar. Lavar os pimentos. Embrulhar em papel de alumínio. Levar ao forno a assar. Retirar do alumínio, limpar de peles e sementes. Passar no liquidificador com azeite. Reservar. Lavar o alho francês. Cortar em pequenos cilindros. Cozer em água, sal, azeite e louro. Retirar e reservar. Lavar a courgete, Cortar em fatias finas. Grelhar com um fio de azeite e temperar com sal e pimenta. Reservar. Sugestão de empratamento: Dispor o puré de ervilha no prato. Enrolar o bacalhau na courgete e colocar no centro do prato. Colocar, de forma harmoniosa à volta do bacalhau, as batatas, cebolinhas, ervilhas cozidas e o alho francês. Finalizar com algumas gotas da pasta de pimento vermelho e cebolinho.

ENTRADAS: Creme de Legumes; Ostras PRATOS Sole Normande Poulet aux Champignons com Petits pois à la Cohen SOBREMESAS Pastel de Belém Café BEBIDAS: Aperitivos : Vermute e Absinto Vinhos: Bucelas e St.Emilion Digestivos : Conhaque & Champagne

SOLUÇÃO: o erro é o pastel de nata, devia ser ananás

Lazer

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Diferenças

Equipa Gaia Nascente

Alexandre Oliveira, Alexandre Soares, Ana Catarina Pinto, Ana Fernandes, Ana Pinto, Beatriz Costa, Beatriz Silva, Bruno Martins, Bruno Sousa, Carlos Santos, Catarina Machado, Cláudia Campos, Cláudia Semedo, Corina Soares, Cristiana Moreira, Diana Almeida, Diana Rodrigues, Eduardo Fontes, Eduardo Guedes, Fábio Cardoso, Filipa Rodrigues, Francisco Monteiro, Heclair Ferreira, Iara Pereira, Ilídio Ferreira, Isabel Marques, Ivo Costa, Inês Araújo, Inês de Castro, Inês Sousa, Inês Vicente, Joana Melo, João Jesus, João Rodrigues, Juliana Moreira, Liliana Campos, Luís Silva, Luísa Gonçalves, M. Fátima Neves, Manuel Dias, Mara Ferreira, Mariana Costa, Mariana Ferraz, Mariana Santos, Marisa Paula, Miguel Amaral, Miguel Teixeira, Miriam Baía, Neuza Vieira, Pedro Carvalho, Pedro Costa, Pedro Fontes, Pedro Monteiro, Rafael Tormenta, Ricardo Monteiro, Ricardo Nóbrega, Ricardo Pereira, Ricardo Teixeira, Rúben Pinto, Rui Castro, Samanta Elvas, Sara Vieira, Sílvia Ferreira, Sofia Gonçalves, Sofia Pereira, Sónia Sousa, Synndy Lara, Tatiana Monteiro, Telma Fernandes, Telma Rodrigues, Tiago Ferreira, Tomás Oliveira, Vanessa Carvalho, Vasco Ribeiro, Viviana Silva.


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