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Por Tiago Bontempo

Yoichi Takahashi

15 de maio de 1993. Uma data histórica para o esporte no Japão. O dia em que a J.League foi inaugurada com o clássico entre Verdy Kawasaki e Yokohama Marinos, então os dois maiores times do país, no Estádio Nacional de Tóquio, marcando a profissionalização do futebol. 30 anos depois, com o esporte em outro nível de desenvolvimento, a liga comemorou seu aniversário com uma rodada cheia de clássicos e dois jogos no Kokuritsu que bateram o recorde de público na temporada, com 56 mil pessoas em cada um.

É claro, não é mais possível ter um Verdy x Marinos na J1. Pois o Verdy, agora como Tokyo Verdy, segue sua sina na J2. O Marinos, agora como Yokohama F-Marinos (não esqueçam do F!), continua um dos maiores do país e é o único a ser campeão em quatro décadas diferentes, mas o duelo escolhido para abrir a rodada na sexta-feira foi o que é atualmente o maior clássico do Japão envolvendo um time de Tóquio, o "Tamagawa Clasico", ou Clássico do Rio Tama, entre FC Tokyo e Kawasaki Frontale (o rio Tama faz a divisa entre as cidades de Tóquio e Kawasaki). Nos últimos anos o Golfinho sempre levou a melhor nesse confronto, mas desta vez os Tanukis é que se deram bem, graças principalmente ao seu lateral esquerdo, o okinawano Shuhei Tokumoto, autor de um golaço e uma assistência no triunfo por 2x1 diante de 56.705 torcedores com direito a um belo show de luzes digno daquele que inaugurou a liga em 1993.

Show de luzes e fogos no Estádio Nacional de Tóquio para o clássico entre FC Tokyo e Kawasaki Frontale — Foto: Koki Nagahama / Gekisaka

No domingo teve outro jogo no Kokuritsu. Kashima Antlers e Nagoya Grampus não é um clássico, mas repete o duelo que roubou a cena na primeira rodada da liga em 1993, quando o ainda desconhecido Antlers goleou o Grampus de Gary Lineker por 5x0 com hat-trick de Zico e dois gols de Alcindo. Desta vez, deu Antlers de novo, mas com os japoneses como protagonistas. O capitão Yuma Suzuki foi novamente decisivo com seu quinto gol em seis jogos e o substituto Kei Chinen fechou o placar em 2x0, para a alegria de Zico, hoje conselheiro do clube e que acompanhou das tribunas. Mas para manter a tradição teve brasileiro se destacando em campo - o volante Diego Pituca, que teve grande atuação nos desarmes e foi primordial para a quinta vitória consecutiva da equipe, todas sem sofrer gol.

Diego Pituca e Yuma Suzuki na vitória do Kashima Antlers sobre o Nagoya Grampus — Foto: Kaoru Watanabe / Gekisaka

Ilustração de Yoichi Takahashi, autor de Captain Tsubasa (Super Campeões), em homenagem aos 30 anos da J.League — Foto: J.League / Yoichi Takahashi

Quando não é Yuya Osako, é Yoshinori Muto. O líder Vissel Kobe tem no seu ataque dois dos melhores jogadores do campeonato até agora e venceu um confronto direto contra o Sanfrecce Hiroshima (sem o seu craque, Makoto Mitsuta, que foi operado no joelho e pode perder todo o resto da temporada) desta vez com Muto em destaque. Ele fez o cruzamento que terminou em gol contra e marcou em bela jogada individual definindo os 2x0 contra os Arqueiros. De quebra, o Vissel abriu cinco pontos de vantagem no topo da tabela, já que os três times logo abaixo na classificação foram derrotados. Cada vez maior é a esperança do torcedor de Kobe de ver seu time campeão da J.League pela primeira vez.

Muto e Osako: dupla de ataque do Vissel Kobe em grande forma — Foto: @kuromame2422

Dérbi de Kansai. Assim é chamado qualquer duelo que envolva times da região de Kansai como Cerezo Osaka, Gamba Osaka, Vissel Kobe e Kyoto Sanga. Neste domingo, o Kyoto recebeu o Cerezo para um jogo acirrado que foi decidido apenas por um gol contra que pareceu lance de pinball. A Cerejeira, especialista em futebol pragmático e que já havia derrotado o Gamba no Golden Week, venceu o segundo dérbi consecutivo no ano.

No duelo dos desesperados entre o pior ataque e a pior defesa, deu defesa. O Kashiwa Reysol, jogando em casa, bombardeou o Yokohama FC com nada menos que 30 finalizações. Mas só cinco foram na direção do gol e nenhuma entrou. O Yokohama, por outro lado, foi mais eficiente e marcou de pênalti o único gol da partida, com Koki Ogawa. A resiliência que o time mostrou na defesa, especialmente com o goleiro Svend Brodersen e os zagueiros Boniface Nduka e Kyohei Yoshino (ambos tiraram uma bola em cima da linha) valeu a segunda vitória em três jogos, que tirou o Fulie da lanterna.

Yokohama FC reagindo: duas vitórias nos últimos três jogos e finalmente fora do Z-1 — Foto: J.League

"J2 Osaka". O Urawa Reds venceu o "Clássico Nacional" contra o Gamba Osaka (duelo que enfatiza a rivalidade Kanto-Kansai, equivalente ao SP x Rio no Brasil), deixou o rival na lanterna e sua torcida não perdoou, com um coro de "J2 Osaka" após a partida, o que seria a mesma coisa que o "ão, ão, ão, segunda divisão" que ouvimos com frequência no Brasil.

"O Yuya Asano veio do Stuttgart, o Tsuyoshi Ogashiwa compramos do Borussia Mönchengladbach... O Komai veio de onde mesmo?" Mihailo Petrovic estava de bom humor e resolveu brincar na coletiva de imprensa ao explicar como o seu Consadole Sapporo é o melhor ataque da J.League mesmo com um orçamento limitado. "Talvez os jogadores do Gifu [time da J3] custaram mais caro que os nossos", completou. Pela primeira vez com vitórias consecutivas na temporada, o ataque do Consa está impossível. Depois dos 5x1 contra o FC Tokyo, foram 4x2 no Shonan Bellmare nesta rodada e a equipe de Hokkaido tem agora o melhor ataque do campeonato, com 29 gols marcados em 13 jogos.

Resultados da 13ª rodada da J1:
(11º) FC Tokyo 2x1 Kawasaki Frontale (10º) (56.705)
(1º) Vissel Kobe 2x0 Sanfrecce Hiroshima (15.741)
(15º) Shonan Bellmare 2x4 Hokkaido Consadole Sapporo (8º) (7.694)
(16º) Kashiwa Reysol 0x1 Yokohama FC (17º) (8.111)
(5º) Kashima Antlers 2x0 Nagoya Grampus (3º) (56.020)
(14º) Kyoto Sanga 0x1 Cerezo Osaka (7º) (12.917)
(9º) Avispa Fukuoka 0x0 Sagan Tosu (13º) (13.719)
(12º) Albirex Niigata 2x1 Yokohama F-Marinos (2º) (24.501)
(6º) Urawa Reds 3x1 Gamba Osaka (18º) (31.440)

A seleção da rodada segundo o Futebol no Japão — Foto: Futebol no Japão

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