Terra da Gente

Por Nicolle Januzzi, Terra da Gente


Espécie recém descrita ficou conhecida como preguiça-de-coleira-do-Sudeste — Foto: Andreia Martins/AMLD

A mais nova atualização da lista de mamíferos do Brasil mostra que 775 espécies nativas ocorrem em todo território nacional. Já é a quinta edição do material produzido pelo comitê de taxonomia da Sociedade Brasileira de Mastozoologia, composto por treze especialistas de diversas instituições que estudam diferentes grupos de mamíferos.

Em 2020 e 2021 foram feitas duas atualizações anuais, sendo que a última mostrava 770 espécies. “Em 2022 publicamos uma única atualização no final de dezembro, que é a mais atual. As mudanças foram não só inclusões de espécies novas, como também revisão e remoção de espécies com registros duvidosos no Brasil”, explica Edson Abreu, Pós-doutorando no American Museum of Natural History e coordenador do Comitê de Taxonomia da Sociedade Brasileira de Mastozoologia.

775 mamíferos foram listados na mais nova atualização da Sociedade Brasileira de Mastozoologia — Foto: Divulgação Sociedade Brasileira de Mastozoologia

No total, cinco espécies foram excluídas e outras 10 adicionadas. “Das 10 espécies adicionadas, uma espécie de marsupial e uma espécie de morcego tiveram os primeiros registros publicados para o Brasil (elas já eram conhecidas para outros países da América do Sul), uma espécie de preguiça-de-coleira foi reconhecida para o sudeste do país (Espírito Santo e Rio de Janeiro), quatro espécies de macacos uacaris foram reconhecidas como distintas, sendo uma delas completamente nova para a ciência (Cacajao amuna, uacari-branco), e três espécies de roedores foram também reconhecidas como distintas, sendo uma delas nova para a ciência (Akodon diauarum).”, cita Edson.

Uakari amuna é nova espécie da Amazônia — Foto: Marcelo Santana

Dentre as espécies adicionadas na lista, três uacaris, a preguiça-de-coleira e os três roedores são endêmicos do Brasil.

Edson Abreu também esclarece o motivo da retirada de cinco espécies da lista. “Dois marsupiais e um roedor saíram da lista, pois ainda não dispomos de informações inequívocas sobre sua presença no Brasil. Outras duas espécies de roedores saíram, porque foram colocadas na lista de sinônimos de outras espécies válidas, ou seja, elas não são suficientemente distintas (anatomicamente e geneticamente) para serem consideradas espécies separadas”.

Todas essas mudanças são esperadas à medida que, de acordo com Alexandre Percequillo, professor da USP e atual presidente da Sociedade Brasileira de Mastozoologia, a diversidade dos mamíferos passa por constantes modificações, em decorrência de inventários em novas áreas pouco amostradas do Brasil e de trabalhos com taxonomia, que resultam em novos registros de distribuição para o país e no reconhecimento de novas espécies para a ciência.

Ilustração mostra nova espécie de rato-do-mato da Amazônia — Foto: Marcus Brandão

Em virtude destas mudanças, é importante que a lista seja constantemente atualizada para fornecer informações essenciais da diversidade biológica para pesquisadores das mais variadas áreas. “Essa lista também é crucial para órgãos governamentais que avaliam o estado de conservação e o nível de ameaça que estas espécies vêm enfrentando assim como ferramenta importante para estudos de licenciamento ambiental, utilizados tanto por empresas de consultoria, mas também pelos órgãos de fiscalização”, completa Alexandre que ressalta que os dados de biodiversidade são fundamentais para garantir nossa soberania acadêmica e política.

A lista de Mamíferos da Sociedade Brasileira de Mastozoologia do Brasil alimenta ainda a lista oficial de fauna do Brasil, compilada por centenas de cientistas no Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil.

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