Blog do Mauro Ferreira

Por Mauro Ferreira

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos

MEMÓRIA – “Pouco tenho a dizer além do que vai nestes sambas”, avisou Chico Buarque logo no início do texto que escreveu para a contracapa do álbum de estreia do cantor e compositor carioca, Chico Buarque de Hollanda, lançado em 1966 pela RGE, companhia fonográfica paulista que fecharia as portas em 2000 e cujo acervo pertence desde então à gravadora Som Livre.

Decorridos 54 anos, o artista talvez já tenha algo mais a dizer sobre esse primeiro e já histórico álbum, cujas duas fotos tiradas por Dirceu Côrte Real e alinhadas na capa, lado lado, vem gerando memes na era da internet.

É que Chico Buarque é o segundo entrevistado da série Muito prazer, meu primeiro disco. O cantor concedeu entrevista sobre o LP de 1966 ao pesquisador musical e escritor Zuza Homem de Mello (1933 – 2020) e aos jornalistas Lucas Nobile e Adriana Couto. A entrevista será apresentada às 18h do sábado, 7 de novembro, nas redes sociais do Sesc.

Trata-se do segundo episódio da série do Sesc Pinheiros, idealizada por Nobile e produzida com curadoria de Zuza e do próprio Lucas Nobile. A série Muito prazer, meu primeiro disco foi aberta em outubro com depoimento de Gilberto Gil sobre o álbum Louvação (1967).

Assunto não vai faltar na entrevista com Chico Buarque. Precedido pelo single em que o cantor registrou Sonho de Carnaval (samba inscrito no I Festival de Música Popular Brasileira, transmitido pela TV Excelsior) e Pedro pedreiro (primeira amostra da habilidade do compositor como arquiteto construtor de letras requintadas), o álbum Chico Buarque de Hollanda chegou ao mercado fonográfico no rastro da explosão nacional do cantor em festival de 1966 como autor e intérprete (com Nara Leão) da marcha-dobrado A banda.

Por isso mesmo, A banda é a primeira das 12 músicas do repertório inteiramente autoral – todas compostas somente por Chico – na disposição das faixas nos dois lados do LP, gravado com produção musical de Manoel Barenbein e formatado com o toque do violão de Toquinho, a quem Chico também costuma creditar o êxito técnico da gravação.

Esse repertório resumiu os três primeiros anos da obra do artista, construída oficialmente a partir de 1964 com a criação de Tem mais samba para o musical Balanço de Orfeu.

O samba era o ritmo dominante no cancioneiro de Chico Buarque de Hollanda. Meu refrão (1965) dera nome ao show feito pelo cantor no ano anterior, na boate carioca Arpège, com o grupo MPB4 e com a atriz e cantora Odete Lara (1929 – 2015).

O samba A Rita tinha sido feito em 1965, assim como Juca, Madalena foi por mar – composição apresentada antes em disco por Nara Leão (1942 – 1989) em gravação feita pela cantora para o álbum Nara pede passagem (1966) – e Olê, olá, samba lançado em single editado também em 1966, mas antes do álbum Chico Buarque de Hollanda.

Ela e sua janela, Você não ouviu e Amanhã, ninguém sabe são músicas da safra composta já em 1966, ao longo daquele ano em que Chico Buarque virou unanimidade nacional.

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