Por Lara Silva, g1 Sul de Minas — São Tomé das Letras, MG


"Garraduendes" são confeccionados em São Tomé das Letras — Foto: Divulgação/Casa dos Duendes

Sexta-feira 13! Dia cheio de superstições. Alguns acreditam que a data é sinônimo de azar, já outros não se importam com as simbologias. Mas o que ninguém pode negar é que a data faz relembrar lendas e causos curiosos que chegam a dar medo. É o caso dos duendes produzidos em São Tomé das Letras que, diz a lenda, se mexem e até saem de dentro das garrafas onde foram colocados.

Os chamados "garraduendes", junção de garrafas com duendes, são confeccionados pela artesã Lucilene da Silva, que trabalha com os seres místicos há mais de 20 anos. Porém, a lenda só surgiu há aproximadamente sete anos.

“Uma moça de Pouso Alegre comprou um duende na minha loja. Quando ela chegou na casa dela, ela colocou o duende no cantinho dele. Na frente dele tem uma pedra. No outro dia, quando ela levantou, o duende estava de costas pra pedra. No dia seguinte, o duende já estava de frente pra pedra de novo”, narra a artesã.

Lu, como é conhecida na cidade, contou que depois que esta cliente dela colocou as informações num grupo de redes sociais, a história do duende que mexeu dentro da garrafa viralizou. A partir daí, outras pessoas também começaram a enviar para a artesã relatos das peripécias dos duendes.

“Uma mulher falou que o duende que ela comprou estava uma vez com as mãos e os pezinhos cheios de terra. Outras que dizem que eles viram na garrafa, que respiram”, disse.

Sexta-feira 13: Conheça a lenda dos duendes confeccionados em MG que se mexem e saem de dentro de garrafas de vidro — Foto: Divulgação/Casa dos Duendes

Relatos

A artesã passou, então, a reunir as histórias dos clientes que compravam os “garraduendes”. Uma destas pessoas disse, por meio de email, que comprou o duende como forma de proteção. Ela contou que sempre teve o sonho de ganhar um "garraduende" e que por isso encomendou o dela.

“Eu sempre fui absolutamente apaixonada por seres elementares, seres mitológicos e todo tipo de criaturas misteriosas que existem. Eu já tinha câmeras na minha sala, e com alguns dias que ele [duende] estava comigo, comecei a notar coisas muito estranhas na câmera. Eram fumaças marrons que rodopiavam pela sala, flashes de luz coloridas e até uma luz branca de frente a janela apareceu certa vez. Via pequenos vultos correndo no quarto, coisas sumiam e depois estavam no mesmo lugar sem explicação”.

Conheça a lenda dos duendes confeccionados em MG que se mexem e saem de dentro de garrafas de vidro — Foto: Divulgação/Casa dos Duendes

Ainda de acordo com o relato da cliente, aos poucos ela foi percebendo novas manifestações do duende na casa dela, como a presença de vultos e até uma espécie de fumaça. As “peripécias” dele foram flagradas pelas câmeras de segurança.

“Minhas cachorras começaram a latir por volta das 5h40 da manhã. Eu olhei na câmera o que era e bem em cima do meu sofá, em cima das almofadas, apareceu uma sombra, uma fumaça, que se movia. Na hora não fiquei com medo e continuei olhando até que a fumaça se transformou numa espécie de cachorro em cima da almofada. Fiquei pasme. Se outra pessoa me contasse eu não acreditaria, mas tenho fotos e vídeos para comprovar a minha história. Sinceramente, eu acredito que é meu garraduende Benjamin que veio que está nos protegendo”, contou a cliente de Lucilene.

Os "garraduendes'"

Lucilene contou que os duendes já são confeccionados há muitos anos, mas a ideia de colocá-los dentro de uma garrafa de vidro surgiu há sete anos, junto com a lenda.

“Eu coloquei eles dentro da garrafa porque as pessoas iam na loja e começavam a pegar, a esticar perna, mexer no cabelo, tirar a touquinha e isso me incomodava muito. E aí eu pensei num jeito das pessoas pegarem para ver o duende sem ficar mexendo nele”.

A artesã contou que os duendes são feitos de biscuit. O corpo dele é feito com pano e eles são todos articulados. Lu contou que antes de colocar o duende na garrafa é feito um ritual, para que o espírito do elemental habite dentro da garrafa.

“Eu faço exatamente como eu os vejo, eu tenho esse privilégio. Os duendes não ficam presos dentro da garrafa, eles entram em saem quando eles querem, na verdade aquilo é uma representação deles. Eu sou muito apaixonada por eles”.

Lenda dos "garraduendes" de São Tomé das Letras surgiu há sete anos — Foto: Divulgação/Casa dos Duendes

Ainda de acordo com a artesã, a “fugidinha” dos duendes de dentro da garrafa não causa mal para as pessoas. Pelo contrário, é sinônimo de proteção.

“Os duendes resolveram dar uma ajuda, se fazerem presente. Eles viram na garrafa, saem da garrafa. Eu acho que eles fazem isso pra mostrar que estão ali presentes pra ajudar. Eles ajudam mudando a energia da sua casa, tirando a energia ruim, porque o mundo é feito de energia. Então eles transmutam a energia boa em ruim, a energia do ódio para a energia do amor, assim que ele trabalham com os seres humanos”, finalizou.

VÍDEOS: Veja tudo sobre o Sul de Minas

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!