Reduzir ou eliminar gases do efeito estufa? O ideal é fazer as duas coisas

Um futuro climático seguro requer duas metas simultâneas: a redução e a remoção das emissões de gases de efeito estufa

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Ben Rubin 4 minutos de leitura

Quando os cientistas começaram a alertar sobre as mudanças climáticas causadas pelo homem, também fizeram um apelo ao mundo: reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa para conter os impactos adversos das alterações climáticas.

Esse pedido tem sido reiterado há décadas. Diante da falta de reduções significativas, estamos agora sendo confrontados com novos sinais de alerta. Reduzir as emissões continua sendo prioridade máxima, mas, devido à demora em cumpri-la, há uma necessidade urgente de remover as emissões já presentes na atmosfera.

A transparência é fundamental para atingir as metas de emissões líquidas zero dentro do prazo estabelecido.

Precisamos tanto reduzir as emissões futuras quanto remover as existentes. No entanto, ter duas metas simultâneas não significa que elas sejam iguais.

A redução das emissões – por meio de soluções como painéis solares, turbinas eólicas, veículos elétricos e uma série de outras opções – é amplamente reconhecida como a principal prioridade na luta contra as mudanças climáticas.

Mas há um consenso científico de que a remoção do carbono também desempenha um papel crucial. E é por isso que é cada vez mais importante reconhecer a necessidade de alcançar ambas as metas para garantir um futuro climático seguro.

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POR QUE DUAS METAS?

Uma pesquisa com mais de 300 especialistas em clima revelou que a maioria deles apoia a adoção de duas metas. Embora elas possam variar de acordo com cada setor, a iniciativa de Metas Baseadas na Ciência (SBTi) recomenda uma redução de cerca de 90% e a remoção de 10% como referência.

Estabelecer duas metas simultâneas traz maior integridade aos mercados de carbono, fornecendo uma definição mais clara do que é considerado um crédito de remoção, diferenciando-o claramente das reduções.

dada a demora na redução do CO2 até o momento, já passou da hora de implementar uma meta clara para endereçar essa questão.

Além disso, dá mais clareza à quantidade de remoções necessárias nos compromissos climáticos e ajuda a aliviar a preocupação de que elas possam desviar o foco do trabalho importante de redução de emissões (uma vez que ter duas metas aumenta a transparência).

A transparência é fundamental para atingir as metas de emissões líquidas zero dentro do prazo estabelecido. De acordo com as Nações Unidas, mais de 70 países, mil cidades, três mil empresas e mil instituições acadêmicas já estabeleceram metas de emissões líquidas zero.

Zerar emissões requer a remoção de carbono para compensar aquelas que são difíceis de reduzir. No entanto, os caminhos para isso podem se confundir no contexto das metas de emissões líquidas zero.

Por isso, mais de 40 organizações assinaram uma carta pedindo uma distinção clara entre reduções e remoções nos caminhos climáticos, além do estabelecimento de metas e padrões para a indústria.

PROJETOS DE REMOÇÃO DE CARBONO

A remoção de dióxido de carbono (RDC) pode abranger uma série de abordagens que visam retirar o CO2 da atmosfera e armazená-lo em reservatórios geológicos, terrestres, oceânicos ou em produtos.

Os projetos de RDC têm ganhado popularidade como uma forma de alcançar as metas climáticas. É cada vez mais

mais de 40 organizações assinaram uma carta pedindo uma distinção clara entre reduções e remoções nos caminhos climáticos.

reconhecido o papel crucial que desempenham para as metas de emissão líquida zero no setor público e privado. Esses projetos têm recebido bilhões de dólares em apoio dos EUA e de outros governos. O investimento do setor privado está acompanhando o ritmo, com startups de tecnologia de carbono arrecadando mais de US$ 13 bilhões em acordos de capital de risco em 2022.

Apesar do aumento do apoio governamental, um órgão supervisor da UNFCCC (agência da ONU responsável pela supervisão do Acordo de Paris) divulgou materiais sugerindo que certas estratégias de RDC são “tecnológica e economicamente não comprovadas”.

Em resposta, mais de 100 especialistas publicaram uma carta organizada pelo Carbon Business Council refutando essa afirmação. Eliminar qualquer via de remoção de carbono neste momento poderia comprometer nossa capacidade de alcançar um futuro climático seguro.

À medida que as duas metas começam a tomar forma, continuará havendo discussões sobre os níveis ideais de redução e remoção. Ter metas claras proporcionará uma oportunidade para um diálogo saudável sobre o que é mais adequado para alcançar diversas outras metas climáticas.

Reduzir as emissões é mais importante do que nunca. Mas, dada a demora na redução do CO2 até o momento, já passou da hora de implementar uma meta clara para endereçar essa questão. As ações climáticas são mais eficazes quando todos os envolvidos têm objetivos claramente definidos, e as duas metas são novas regras fundamentais para isso.


SOBRE O AUTOR

Ben Rubin é diretor executivo do Carbon Business Council, associação comercial sem fins lucrativos com mais de 90 empresas líderes em ... saiba mais