17 dezembro 2009 18:28
João Cutileiro esculpe as peças. Margarida Lagarto faz tudo o resto, desde ir à pedreira tratar das pedras até à montagem das esculturas e à organização das exposições.
17 dezembro 2009 18:28
Antes de João Cutileiro pedir alguma coisa, Margarida Lagarto já a foi buscar, já a tem na mão. Na oficina de trabalho, na montagem de uma exposição, ou mesmo de uma só escultura. Esse, diz, é o seu "ajudar o João". Parece simples, e ela garante que sim. Mas o conhecimento da obra do mestre, a paixão por ela e uma prática de mais de 20 anos são as bases mais sólidas desta "união artística constante".
Margarida e João conheceram-se em Évora, através de amigos comuns. Era o início dos anos 80, ela frequentava o curso de Artes Plásticas da ESBAL, mas pouco conhecia do trabalho dele, não visitara uma única exposição. A grande obra do mestre Cutileiro era, então, para Margarida, o "D. Sebastião".
Mas ao entrar no ateliê de Lagos fez-se luz. Uma empatia enorme com a obra, um deslumbramento com a pedra talhada, a neve de pó no chão e o barulho "embalador" das máquinas... Nunca mais deixou de fotografar João Cutileiro a trabalhar, e a oficina sossegada.
"Um dia, na montagem de uma exposição em Almancil, estava ele a colocar placas de pedra na parede, percebi que fez um furo. Quando me ia pedir fósforos para pôr no buraquinho para servir de bucha, eu já os tinha na mão." Aos fósforos seguiram-se todas as ferramentas.
Mas onde Margarida é verdadeiramente indispensável é nas montagens das exposições. Conhece de cor cada escultura,
Os seus dias são preenchidos ainda com as indispensáveis visitas a pedreiras e fábricas de transformação de pedra. "É um prazer e um trabalho tão enriquecedor."
(Texto original publicado na Revista Única da edição do Expresso de 21 de Novembro de 2009)