Europeias 2024

Bloco de Esquerda escolhe Catarina Martins para cabeça de lista para as Europeias: "Não há melhor pessoa para o fazer"

Bloco de Esquerda escolhe Catarina Martins para cabeça de lista para as Europeias: "Não há melhor pessoa para o fazer"
PAULO NOVAIS

Marisa Matias saiu de Bruxelas para o Parlamento nacional, Catarina Martins espera fazer o caminho inverso. Luta contra a extrema-direita, com apresentação de “projeto alternativo”, é passo assumido como central. Reuniões com partidos de esquerda pretendem criar manifestação de 25 de Abril "histórica"

Bloco de Esquerda escolhe Catarina Martins para cabeça de lista para as Europeias: "Não há melhor pessoa para o fazer"

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A antiga coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins vai ser a candidata do partido às eleições europeias. “Não há melhor pessoa” para fazer a “luta contra a extrema-direita” que Mariana Mortágua vê a acontecer no sufrágio para o Parlamento Europeu. Tal já como já se tinha antecipado a pedir reuniões à esquerda portuguesa, no pós-legislativas, o Bloco avança agora com o nome para liderar a candidatura europeia — o primeiro partido a fazê-lo no pós-eleições (o PCP já o tinha feito, em dezembro, a IL em novembro, ambos antes das legislativas).

A decisão de Catarina Martins ser a cabeça de lista às Europeias foi votada pela Mesa Nacional do Bloco de Esquerda este sábado, dia 16 de março, e anunciada em conferência de imprensa por Mariana Mortágua, transmitida pelas televisões nacionais.

“A Catarina Martins é uma das dirigentes da esquerda europeia com mais experiência e mais reconhecimento. Conhece este país como ninguém, conhece também, como poucas, o contexto político europeu, o funcionamento das instituições europeias. É uma pessoa capaz de articular a esquerda à escala europeia, já o fez no passado, é capaz de o fazer no futuro”, justificou a atual líder do BE.

Deputada desde 2009, Catarina Martins não estava já nas listas para as legislativas deste ano. Pelo contrário, os eurodeputados Marisa Matias e José Gusmão integraram-nas; Marisa Matias acabou eleita pelo círculo de Lisboa; Gusmão, por Faro, falhou.

Agora, Mariana Mortágua espera que Catarina Martins viaje para Bruxelas e Estrasburgo (onde se dividem os trabalhos do Parlamento Europeu), seja o rosto do combate à extrema-direita, para apresentar “um projeto alternativo”, que “respeite os direitos humanos, capaz de respeitar os direitos sociais”, de apresentar uma “planificação ecológica” e que respeite os direitos dos imigrantes.

Oposição corajosa à direita, força dialogante à esquerda

Mariana Mortágua assume assim a dianteira na apresentação de rostos para as europeias no pós-eleições (o PCP já o tinha feito em dezembro, antes dos resultados eleitorais, com o anúncio de João Oliveira, a Iniciativa Liberal em novembro, com João Cotrim de Figueiredo), depois de ter também querido assumir a dianteira na esquerda ao pedir reuniões bilaterais com os partidos à esquerda para discutir uma oposição conjunta ao Governo de direita.

Essas serão “reuniões para um diálogo aberto e para possíveis convergências no campo da oposição, e para uma grande mobilização, para que possamos ter uma manifestação de 25 de Abril histórica”, em que esteja clara a rejeição à extrema-direita. O 25 de Abril faz 50 anos em 2024.

Segundo declarou após a reunião da Mesa, o Bloco pretende-se como “uma oposição determinada, corajosa, incansável à governação da direita” e uma “força dialogante, que procura e quer continuar a procurar convergências com os partidos da esquerda e ecologistas”.

“Bloco não cumpriu o objetivo maior”

Para já, a Mesa Nacional do BE já tem conclusões sobre os resultados eleitos atingidos – elegeu o mesmo número de deputados que na anterior legislatura (cinco). “O Bloco não cumpriu o objetivo maior e primeiro de afirmar uma alternativa com a esquerda em Portugal. O que temos em Portugal – é preciso admiti-lo – é uma viragem à direita, com a radicalização da AD e da IL, que se notou no discurso de campanha, e com o crescimento muito preocupante da extrema-direita, que consegue muitos mais mandatos, muitos mais votos”, considerou Mariana Mortágua.

No seu discurso, para os números do Bloco, o partido aponta para vários culpados externos. No caso do crescimento do Chega, estão em causa “interesses geopolíticos variados, o apoio e mobilização de grupos religiosos importantes”, que “serão partes da explicação do crescimento da extrema-direita”, mas haverá mais explicações.

Crítica a Pedro Nuno Santos

Nessas outras explicações, há o “desgaste da governação do PS, em particular da governação do PS em contexto de maioria absoluta”.

Aliás, nesse ponto, Mortágua ainda atirou a Pedro Nuno Santos, secretário-geral socialista: “O PS não se quis distanciar da maioria absoluta”. “Pedro Nuno Santos foi incapaz de se distanciar”, atacou.

(Notícia atualizada com mais informação pelas 17h45, corrigida pelas 18h25 para esclarecer que Iniciativa Liberal também já anunciou João Cotrim de Figueiredo para cabeça de lista às Europeias)

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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