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Vitor Baía e o suplente Lopetegui: "Tinha espírito de liderança"

6 maio 2014 17:20

Isabel Paulo com Mariana Cabral

Lopetegui acabou a carreira de guarda-redes no Rayo Vallecano, depois de ter estado no Barcelona, com Vítor Baía

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Na época 1996/1997 Vítor Baía era o guarda-redes do Barcelona. Julen Lopetegui, o novo treinador do FC Porto, era o suplente. "Parece-me que Pinto da Costa fez uma boa opção", diz Baía ao Expresso.

6 maio 2014 17:20

Isabel Paulo com Mariana Cabral

Vítor Baía cruzou-se com Julen Lopetegui no ano em que chegou ao Barcelona. Protagonista da maior transferência de um 'grande' até então (mais de 1 milhão de contos), Baía saltou logo à chegada, em 1996, para a baliza dos catalães, por escolha de Bobby Robson (que tinha como adjunto José Mourinho).

"Na altura o Lopetegui era o n.º 3 e Busquets o n.º 2", lembra ao Expresso Vitor Baía, que ficou com a melhor das impressões do agora novo técnico do FC Porto. Já em final de carreira, Lopetegui era muito respeitado e interventivo no balneário, não se coibindo nunca de dar a sua opinião quando os jogadores eram confrontados com alguma questão, conta Baía.

"Além de bom colega, transmitia uma boa energia. Apesar de ser o terceiro guarda-redes, que é uma posição sombra, notava-se que tinha espírito de liderança e peso junto da equipa", comenta o ex-guardião portista.  

Lopetegui saiu do Barça um ano depois e Vítor Baía perdeu-o de vista, mas diz não ter ficado surpreendido quando o viu sagrar-se campeão da Europa de sub-19, em 2012, e de sub-21, em 2013. "Até agora não há dúvida que teve sucesso naquilo que fez", refere Baía, que não considera um handicap o facto de o ex-selecionador ainda ter um currículo curto em clubes.

"Não se podem galgar etapas sem passar por elas", afirma, lembrando que José Mourinho e André Villas-Boas também não tinham grande currículo e são técnicos marcantes na história do FC Porto.

Para Baía, a saída a meio da época no Rayo Vallecano, em 2003/04, terá sido um acidente de percurso, até por ter sido o seu primeiro ano como técnico. "Parece-me que Pinto da Costa fez uma boa opção. Lopetegui inspira muita confiança e o FC Porto precisa disto neste momento", acrescenta.

Na opinião de Baía, a época correu mal aos 'dragões' porque "questões pessoais se sobrepuseram ao coletivo" portista. "Ninguém ganha ou perde sozinho e julgo que houve quem se tivesse esquecido disso", observa sem concretizar. 

O tiki taka chega ao Dragão

Aos 47 anos, Lopetegui vai ter a sua terceira experiência num clube (acompanhado por Juan Carlos Martínez, Julian Calero e Juan Carlos Arévalo, que estavam nos sub-21 espanhóis, e pelo histórico portista Rui Barros) depois de ter passado duas épocas na segunda Liga espanhola, no Rayo Vallecano e na equipa B do Real Madrid (2008/2009).

"Temos uma ideia de jogo que queremos implementar, uma filosofia, mas entendendo o contexto e o tipo de jogador que vamos encontrar. Sobretudo, queremos ter o esforço e compromisso de todos, principalmente dos jogadores, para sermos protagonistas em todas as competições e em todos os jogos que realizarmos", explicou o técnico do País Basco na sua apresentação no Dragão, esta tarde.

Tal como acontece com Pep Guardiola, o expoente máximo do tiki taka, Lopetegui tem como premissas fundamentais nas suas equipas a posse de bola e a paciência na construção ofensiva, características evidentes nas seleções espanholas. "Queremos ser reconhecidos, ter sempre a bola, ter a iniciativa e ser protagonistas", dizia o técnico em junho do ano passado, antes do início do Europeu de sub-21 que a Espanha conquistou.

Depois do "acidente de percurso" chamado Paulo Fonseca, o FC Porto regressa assim a uma filosofia que já se viu no Dragão, em 2011/2012 e 2012/2013, com o mal-amado Vítor Pereira. Resta saber se também haverá um regresso aos títulos.