Presidente da Euronext Lisboa quer jovens com mais acesso à literacia financeira

A presidente da Euronext Lisboa, Isabel Ucha, apelou hoje para maior presença de formação de financeira para os jovens, apontando que os investidores particulares representam cerca de 14% da negociação total na bolsa portuguesa.

“Noto que os jovens hoje em dia têm, de facto, mais informação, são mais ativos, têm mais apetência, mas há uma falta de formação financeira de base que é preocupante”, afirmou Isabel Ucha aos jornalistas na sede da Euronext Lisboa, dizendo que a maioria dos jovens “não teve formação financeira no ensino secundário”.

De acordo com a responsável, “um jovem com 18 anos tem que saber o que é uma ação, tem que saber o que é uma obrigação, são instrumentos básicos de investimento, além de perceber, enfim, como é que gere um crédito bancário, se quiser comprar uma casa”.

De igual forma, Isabel Ucha considerou que é “fundamental” para os jovens perceberem como funcionam elementos como as taxas de juro, “conceitos que não são efetivamente trabalhados, infelizmente, nas escolas”.

O apelo da presidente do Euronext surgiu numa conversa com jornalistas em que fez um balanço da atividade da bolsa em Portugal em 2023 e perspetivou 2024.

De acordo com os dados apresentados por Isabel Ucha, os investidores particulares têm tido um aumento na negociação de ações em Portugal, tendo representado, em 2023, 14% dos investidores em Lisboa.

Este peso foi superior ao de outros mercados Euronext, como Amesterdão (5%), Bruxelas (3%), Paris (3%) e Oslo (9%).

A tendência de subida tem-se verificado desde a pandemia da covid-19, quando “muitas pessoas em casa, ligadas às suas plataformas, aprenderam a negociar, a procurar informação e a utilizar e perceberam que é muito mais fácil comprar e vender títulos”.

Desde aí, o hábito manteve-se “e continua a crescer, porque a geração mais jovem é muito mais dona da sua vida financeira, porque é muito mais informada e muito mais hábil em termos tecnológicos”.

“Hoje em dia, só com dois ou três cliques, é possível comprar e vender ações quase do mundo inteiro, e isso tem ajudado”, acrescentou.

Assim, assinalou que é fundamental desenvolver ferramentas que permitam entender os riscos associados aos mercados e evitar uma ludificação agressiva.

“É evidente que os mercados têm uma componente de volatilidade que pode atrair os investidores e, obviamente que nós não temos nada contra essa abordagem, queremos é que seja consciente, que os jovens não invistam no mercado a pensar que vão ficar ricos de um dia para o outro, porque todos nós sabemos que não é isso que se passa na vida real”, sublinhou.

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