• Soraia Alves
Atualizado em
Cultivo de células humanas para fins medicinais (Foto: Fisher Studios)

Cultivo de células humanas para fins medicinais (Foto: Fisher Studios)

De acordo com pesquisadores da Universidade de Oxford e da empresa de robótica Devanthro, um novo método utilizado na engenharia de tecidos (cultivo de células humanas para uso na medicina) pode ajudar no desenvolvimento de células mais complexas do que as conseguidas até hoje. O método seria "simplesmente" cultivar as células em um esqueleto de robô em movimento.

Normalmente, as células usadas neste tipo de medicina regenerativa são cultivadas em ambientes estáticos, como placas de Petri e andaimes 3D em miniatura. Alguns experimentos já mostraram que as células podem crescer em estruturas móveis como dobradiças, mas elas apenas esticaram ou dobraram o tecido em uma única direção. Agora, o novo estudo indica que para criar uma matéria projetada para se mover e flexionar, como tendões ou músculos, o melhor caminho é recriar esse ambiente natural de crescimento com a maior precisão possível, através de um "corpo humano móvel".

Como obviamente não é possível usar uma pessoa real no processo, a equipe recriou o sistema musculoesquelético humano usando um robô. Conforme descrito em um artigo publicado na Communications Engineering, eles adaptaram um esqueleto de robô de código aberto projetado pelos engenheiros da Devanthro e criaram um ambiente de crescimento personalizado para as células, que podem ser encaixadas no esqueleto para dobrar e flexionar conforme necessário. 

O cultivo das células foi feito na articulação do ombro do robô, que teve que ser atualizada para se aproximar com mais precisão dos movimentos humanos. Em seguida, os pesquisadores criaram um biorreator para ser encaixado no ombro do robô, consistindo em cordões de filamentos biodegradáveis ​​esticados entre dois pontos de ancoragem, como uma mecha de cabelo, com toda a estrutura encerrada dentro de uma membrana externa semelhante a um balão.

As células foram cultivadas durante um período de duas semanas, tempo durante o qual desfrutaram de uma rotina diária de exercícios de 30 minutos por dia.

O novo método realmente gerou células diferentes daquelas cultivadas em um ambiente estático, mas ainda é preciso avaliar a qualidade dessas novas células. No artigo, os pesquisadores se mostram otimistas sobre o potencial dessa linha de trabalho, e argumentam que, no futuro, o sistema poderá ser usado para criar réplicas perfeitas de tecidos como tendões, auxiliando no tratamento e recuperação de pacientes com lesões, por exemplo.

Quer conferir os conteúdos exclusivos de Época NEGÓCIOS? Tenha acesso à versão digital.