Fé e Esperança – Compreendendo a diferença

Às vezes pode parecer em nosso imaginário cristão que tanto Fé quanto Esperança possam ser a mesma coisa, mas a Bíblia diz que há uma diferença entre elas. Se você já se perguntou alguma vez: “O que é Fé e Esperança?”, então esse post é para você.

A Diferença crucial e fundamental entre Fé e Esperança.

Esperança sempre vai lidar com coisas futuras, ela detém o produto final. A  sempre vai lidar com o presente corrente, acreditando na provisão do passado, daquilo que por garantia aconteceria somente no futuro. Devido a isso Hebreus 6.5 diz que alguns tinham experimentado os dons da era vindoura, coisas que aconteceriam na Esperança; neste sentido a fé é uma antecipação dela.

Temos que compreender que Esperança é o futuro e Fé o presente no passado

Jesus disse: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje…” [Essa é a oração didática do “Pai Nosso”].

O verbo “dar” em “dá-nos hoje” está na forma grega imperativa, mas há algumas peculiaridades com o imperativo no grego bíblico, ele pode indicar muito mais um caminho a seguir, ou seja, algo a ser considerado para servir de pedagogia para quem tá recebendo a ordem ou para quem está assistindo, do que necessariamente uma ordem ou solicitação. Desta forma Jesus não estava ordenando ou somente pedindo ao Pai, mas estava afirmando que o Pai era aquele dava pão no hoje. Sim havia um pedido, mas havia, também, uma afirmação e havia um tempo. O pedido/afirmação está relacionado com o verbo que está no aoristo; o aoristo indica uma visão de algo acabado, algo cumprido e tem um escopo geral; ou seja, Jesus estava querendo dizer que o assunto do pão ser dado pelo Pai no hoje já estava resolvido. Tudo isso tinha um enfoque didático e os discípulos estavam sendo treinados nisso.

O fato de Jesus dizer que o pão havia sido dado pela razão de estar no aoristo ativo grego e o tempo dessa realização ser o “hoje” nos traz grandes lições, pois houve o pedido, houve a afirmação, houve o tempo, mas não houve um pão instantâneo.

Sabemos que não havia nenhum pão ali, mas Jesus solicita como se houvesse sido dado não em tempo futuro, mas no hoje; repare que a fé tem um trato no passado e no presente, ela é nossa confiança de que já recebemos, isso é passado; e que experimentamos como verdade aquilo que já recebemos, isso é presente. Por isso que temos que pedir, mas nesta solicitação ao mesmo tempo temos que crer que já foi dado e está sendo experimentado por fé no “hoje”.

Não à toa nosso Senhor nos exorta a orar crendo que já recebemos aquilo que pedimos, confira isso em Marcos 11.24:

Portanto, eu digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que o receberam, e assim sucederá. [Marcos 11.24 – nvi, grifos meus].

Certa vez uma grande multidão havia seguido Jesus, Ele passou a tarde ensinando-a, mas ao cair da tarde o Senhor se compadeceu dela e não queria despedi-la com fome para não desfalecerem no meio do caminho.

Quando Jesus de Nazaré pede para os discípulos não despedirem a multidão de mãos vazias, mas que a desse de comer, e resposta foi um sonoro — em outras palavras —, impossível, onde haveremos de achar pão? Nem sequer se tivéssemos muito dinheiro poderíamos, mas ainda que tivéssemos dinheiro suficiente não encontraríamos nada aberto, ainda que encontrássemos algo aberto não haveria estoque de pão suficiente para toda essa multidão, essa foi a resposta do discípulo, racional e sincera. Mas ele deve ter esquecido que a oração do Senhor, em outro momento, continha as palavras de fé: “O Pão nosso de cada dia nos dá hoje…”

“O Pão nosso de cada dia nos dá hoje” é a invocação de fé do Senhor Jesus; não havia pão, mas Ele havia solicitado e disse que havia sido dado, e disse que era “hoje”, isso é fé e está intimamente ligada ao que Ele próprio disse em Marcos 11.24.

Então ao tomar um dos 5 pães que haviam de um garoto, Ele  o parti dando graças. O nosso Senhor deu graças, mas graças a que? Ao pão que havia sido dado quando Ele disse (em outro momento) por fé “nos dá hoje”.

Fé é adiantarmos a esperança, crendo no passado que já a experimentamos no presente. Fé é comportamento, é agradecer por aquilo que ainda não vemos, nesse sentido a fé é cega, e deve ser, pois se ela funcionasse pela vista, não seria fé; ela funciona por aquilo que não é visto e mesmo assim é crido. Foi o que Jesus ressurreto disse a Tomé (Jo 20.29).

Os 12 cestos cheios mostram um grande milagre, uma obra de poder, de dynamos, isso é incrível, mas não nos esqueçamos que os 12 cestos cheios são resultado de um comportamento de fé e os doze cestos nos ensinam isso também.

Quando Paulo fala em Gálatas 2.20 “Estou crucificado com Cristo e não vivo mais eu”. Era um ato de fé na obra acabada de Cristo para lidar com a nova vida de Cristo que exclui nosso ego de cena, era um ato de fé a experiência dessa verdade passada, e por que é pretérita? Por que ocorreu há 2000 anos atrás e vivenciar isso no hoje, é o “Pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. É muito encaixado isso, eu fico vislumbrado com o ajuste fino dessas peças.

Paulo discorre que essa experiência seria validada, no hoje, com essa atitude: “estou morto”, morri com Cristo há 2000 anos. Meu ego não vive mais! Mas note algo muito especial, Paulo – em Gálatas 2.20 –  não diz: “fui crucificado com Cristo”, e sim, “estou crucificado com Cristo”; é obvio que o fato é passado, mas a experiência é presente, a fé acessa o fato pretérito e traz seus efeitos para o presente. Paulo ao dizer assim, nos ensina que a co-crucificação com Cristo embora seja um fato histórico deve ter sua eficácia em tempo presente, como Marcos 11.24 nos ensina que temos que crer que já recebemos [aquilo que pedimos] como se fosse passado, mas depois diz: “e assim será”, esse “assim será” ainda que esteja falando de um futuro, está na verdade querendo dizer o que acontecerá no presente por experimentação, mas o foco da experiência é passada, contudo o sucesso da experiência é a experimentação presente.

Se tentarmos vencer o ego de outra forma, perderemos feio essa batalha, ele certamente nos vencerá e nos dominará. Só em Cristo e só pela fé em Cristo podemos vencê-lo.

O apóstolo deixa isso muito bem esclarecido ao dizer em seguida: “…e a vida que agora vivo na carne vivo pela fé no Filho de Deus”. O que isso quer dizer? Quer dizer que você foi morto, mas ainda está vivo, parece engraçado, mas ele quer dizer que no viver diário o viver da vida da carne, carne aqui não é pejorativo, mas vivência, toda vez que minha vida na carne se defrontar com essa verdade eu tenho que viver pela fé no Filho de Deus, e que fé é essa? De que estou crucificado com Cristo.

Ao zangarmos e partirmos para o descontrole temos que lembrar que já morremos, e que isso foi há 2000 anos. Isso fará que o “hoje” experimente a verdade do passado, lembre-se de Marcos 11.24. Ao lembrarmos da verdade do passado nossa fé estabelece a experiência do presente.

Assim podemos dizer que na vida que agora vivemos na carne, não vou me zangar, não vou perder o controle, não vou sair do centro de Cristo, pois fui crucificado.

Essa fé é tremenda e ao mesmo tempo muito simples, ele lhe dará o “Pão”.

Portanto, peregrino e peregrina não temam em confiar em Deus crendo que já receberam aquilo que estão rogando, e só há uma única possiblidade disso não acontecer no “hoje”, se não for a vontade de Deus. (Tg 4.3; 1Jo 5.14).

Não nos esqueçamos que o “Pão” vem, mas de forma multiplicada. O “Pão” é a benção, é aquilo que é positivo da nossa fé, é aquilo que se cumpre é aquilo que se espera da fé.

A multiplicação é aquilo que vai além do que pedimos, é algo maior, é mais. Mas, a multiplicação não é somente fé. A multiplicação é oferta; é doação; é sacrifício. Por isso foi dado antes de haver os milhares de pães, 5 pães e 2 peixinhos.

Por isso que a experiência do ego crucificado tem que vir da fé e do sacrifício. A fé é crer, o sacrifício é apresentar seu corpo como oferta ao Senhor.

O viver de Cristo fluirá como algo tremendo, multiplicado!

O que é a Esperança e sua ligação com o futuro?

A Esperança é tudo aquilo que será cumprido futuramente, nela tudo estará pronto acabado, não há esperança pela metade. Quando é dito que ressuscitaremos dos mortos, isso acontecerá a despeito de eu ter fé ou não, a esperança é independente, ela acontecerá de qualquer jeito; já a fé não, ela demanda eu crer que já recebi e experimento no presente, ainda, que não vejo; neste caso a fé funciona como se fosse um sinal, um penhor, adiantamento de algo que será completo amanhã.

Por exemplo, quando eu contrato um profissional da área de design para fazer uma ilustração de um site para mim, ele vai confeccionar uma arte para eu aprovar, mas certamente ele não começará a fazer o trabalho enquanto não receber um pequeno adiantamento, um sinal, que garantirá a ele que estou disposto a pagar pelo produto final, assim ele recebe um pedaço de algo que vem do futuro, mas experimentado no presente (“hoje”).

Suponhamos que eu contrate um designer para ilustrar para mim um layout de um site que farei para divulgar meu trabalho. Consideremos que o valor desse projeto fosse 4 mil reais; para ele, então, começar fica combinado que devo dar 1/4 do valor do produto final, então ele recebe antecipadamente mil reais, esse dinheiro é uma antecipação da Esperança dele essa Esperança é o valor de 4 mil reais, mas agora ele desfruta antecipadamente de mil reais, esse dinheiro ainda que não seja o total é da mesma substância que o total, ele é um valor monetário, que funciona em um país, pode ser usado para compras, ainda que seja um valor menor ele tem o mesmo poder de operação do valor maior.

A Esperança é o produto final, esse valor antecipado é ele experimentar a mesma substância que ele terá quando tudo estiver completo, essa antecipação é o que chamaria de fé.

Repare que ele trabalha para isso acontecer, mas já desfruta de uma pequena porção antecipadamente.

A Bíblia diz que a fé é o fundamento da Esperança conforme Hebreus 11, se é o fundamento está se referindo a parte mais importante desse produto final do qual ele se alicerça, embora venha em pequena porção, no entanto com a porção mais importante, ou seja, o fundamento é aquilo que funciona que vem do futuro e permite eu experimentar antecipadamente. A Bíblia é recheada disso.

Por exemplo, quando Paulo diz que podemos experimentar o poder de ressurreição (Fl 3.10), no entanto a ressurreição é algo futuro, porém posso antecipar sua substância experimentando ela no presente, ainda que não veja eu sei que no meu “hoje” experimento a vida de Deus por fé no Filho.

É dito, por exemplo, que posso experimentar cura hoje (Tg 5.14-15; 1Co 12.9; Jo 14.12), sabemos que no reino de Cristo quando Ele voltar haverá muita cura e longevidade (Is 65.20), porém toda vez que opero cura (1Co 12.9; Mc 6.13) ou que a recebo, eu tomo um “sinal” hoje do que será o “produto final” no futuro.

Sabemos que no Reino do Senhor Satã estará acorrentado no abismo (Ap 20.1-3), consequentemente os demônios e anjos decaídos terão a mesma sorte, a legião de demônios do gadareno sabendo disso exclama que não poderiam ainda ir para o abismo (Lc 8.31), pois o Reino não tinha se estabelecido ainda. Portanto, sabemos que o Reino dos Céus, onde Jesus irá reinar como Rei na terra, significa ausência de Satanás, mas podemos invocar essa veracidade no “hoje” por meio da fé e do tempo da fé, pois podemos expulsar demônios na autoridade do Nome de Jesus, mas isso é apenas uma antecipação do que será o Reino. Não foi por isso mesmo que Jesus disse: “Se expulso demônios pelo Espírito de Deus é porque é chegado o Reino de Deus” (Mt 12.28).

A fé é uma substantificação daquilo que veremos na Esperança, os que podem perceber isso certamente desfrutarão de coisas que só viriam a ser experimentadas e presenciadas no futuro. Oh! Quão preciosa a oportunidade que temos experimentar realidades tão profundas por meio da fé.

Isso é fé.

Isso é esperança

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nvi— Nova Versão Internacional 2001, Sociedade Bíblica Internacional.

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