Cidade
Arquitetos e urbanistas revelam nova versão da Av. Paulista
Com praticamente um museu a cada quarteirão, a via mais importante da cidade de São Paulo parece entrar em nova fase
2 min de leituraA cidade é um processo em constante transformação, e, claro, a principal avenida de São Paulo não sairia impune desta norma. Palco das maiores celebrações e manifestações da cidade – e muitas vezes do país – a via já serviu aos mais diversos propósitos; habitou casarões, corridas de carros, edifícios comerciais, prédios de escritórios e hoje, surpreende urbanistas e arquitetos, ao começar a se tornar o centro cultural da cidade.
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Essa troca entre a busca implacável por exclusividade pela valorização do encontro e da diversidade foi o motor do “Seminário Avenida Paulista: Novos Projetos, Novos Rumos”, promovido pela plataforma Arq. Futuro. Reunidos no auditório do Itaú Cultural, arquitetos como Vinicius Andrade e Marcelo Morettin, responsáveis pelo projeto do novo Instituto Moreira Sales, e Kengo Kuma, que recentemente inaugurou seu primeiro edifício na cidade – a Japan House, se reuniram com urbanistas e gestores culturais para passear pela história da avenida e refletir sobre seu passado, seu presente e seu futuro.
“São Paulo é uma cidade tão espalhada que, entre o Tatuapé e Interlagos, as pessoas não necessariamente se conectam. Mas a Av. Paulista consegue suprir essa necessidade e funciona como uma espécie de umbigo simbólico”, explica Marcello Dantas, gestor cultural da Japan House, ao iniciar a reflexão.
“A Japan House, e todos os outros espaços culturais que estão surgindo na Paulista, fazem com que a avenida perca uma vocação histórica, que era a vocação dos negócios, para se tornar um espaço público e permeável pela cidade”, continua Dantas – dando o tom que ia guiar todas as falas a seguir.
Começando pelo Instituto Moreira Salles, que ficará logo no primeiro quarteirão da Avenida, e terminando na Japan House, que está no último, os três quilômetros da Paulista estão cercados não só de hospitais, bancos e shopping centers – mas também por galerias, cinemas, museus e outros centros artísticos que vem se tornando cada vez mais relevantes para o desenvolvimento da cidade.
“A avenida paulista se aproxima muito do espaço público ideal, justamente porque ela é capaz de congregar a vocação cultural com outras diferentes vocações”, esclarece Vinicius Andrade (do escritório Andrade Moerttin), ao visualizar o corredor cultural que é formado no decorrer da via.
O japonês Kengo Kuma, que em outras entrevistas chegou a dizer: “cidades globais erram quando querem construir apenas prédios muito grandes e shopping centers”, também parece ter sido conquistado pela avenida.
Apesar de questionar o uso exagerado do concreto e buscar mais leveza e intimidade com seu edifício feito com muita madeira, o arquiteto admite: “Eu sinto a força da paulista. Ela é cheia de diversidade, tem áreas verdes, ideias modernas, vangard. Com todos esses aspectos ela pode ser tornar a avenida mais importante do mundo”. Será?