It: A Coisa - Review

Estreia nos cinemas em 7 de setembro

Review: It: A Coisa

Incertezas sobre si mesmo, bullying, hormônios à flor da pele, medos irracionais (e racionais também), problemas familiares e a busca por sentir-se pertencente a um meio -- como se todas essas questões já não fossem suficientes para uma trama envolvente, adicione ainda Pennywise, o palhaço maldito que assombra a cidade de Derry e você tem It: A Coisa, que estreou nos cinemas brasileiros em 7 de setembro.

A nova adaptação do maior romance de Stephen King é um longa-metragem que consegue dar um "check" em uma extensa lista de elementos que deseja abordar, deixando poucos deles à deriva, sem um desenvolvimento. O diretor Andrés Muschietti traz à tona uma amálgama de gêneros e os executa extremamente bem.

It: A Coisa conta a história do "Clube dos Otários", sete crianças e adolescentes de personalidades inteiramente distintas e em fases diferentes do amadurecimento. Na cidade onde vivem, eles lidam com problemas variados -- alguns em comum, outros inteiramente pessoais -- e acabam se unindo por encontrarem um no outro um amparo e uma semelhança. Era assim que fazíamos amigos na escola, não era?

A relação entre o grupo é divertida e é preciso destacar Richie (Finn Wolfhard, Stranger Things) -- suas infinitas frases de efeito cômicas servem de alívio e conforto em meio às tensões psicológicas e físicas às quais o Clube dos Otários são expostos, tanto por suas vidas pacatas em Derry quanto pelo assustador Pennywise.

A dinâmica entre Bill (Jaeden Lieberher), Ben (Jeremy Ray Taylor) e Beverly (Sophia Lillis) também é digna de nota, ilustrando bem o nascer dos interesses românticos e sexuais durante a adolescência, de uma maneira tenra e sincera, ainda que, no plano de fundo, vejamos realidades muito mais sombrias e assustadoras para cada um deles.

De maneira geral, o diretor Muschietti faz com que It: A Coisa tenha um ar de filme adolescente dos anos 1980, com muita camaradagem, valentões insuportáveis, inseguranças, descobertas e diálogos definitivamente bem construídos. Mas ele não se esquece do mal que espreita.

A "coisa" que assombra e ameaça as crianças é um mal que assume as formas dos maiores medos de suas vítimas, e ela se sacia e se deleita nesse terror. Bill Skarsgård nos traz um Pennywise desconcertante, que não poupa esforços em fazer da vida do Clube dos Otários um verdadeiro inferno.

It: A Coisa mostra muito bem as cenas que exploram de maneiras macabras o âmago dos personagens, aproveitando-se de bons efeitos especiais, mas também deixa bastante nas entrelinhas e em pequenas sugestões visuais. O filme traz um jogo de câmeras efetivo e sabe brincar com o imaginário tanto do espectador quanto das crianças que estão ali passando por tudo aquilo na pele. E elas, por sua vez, transmitem todo esse horror crivelmente para a tela, em atuações convincentes.

Não espere tomar muitos sustos em It: A Coisa, mas sim sentir nojo e asco. E por mais que as vísceras e o sangue da chacina de Pennywise possam causar desgosto, somos lembrados pelo filme de como certos aspectos da vida comum podem ser tão ultrajantes quanto. E a Coisa sabe disso, afrontando os garotos justamente com essas armas, e isso é o que mais aterroriza.

Prós

  • Boa direção e condução
  • Elenco mirim excelente

Contras

  • Primeiro ato pode ser arrastado

O Veredicto

It: A Coisa nunca foi, de fato, uma história sobre Pennywise, o palhaço, mas sim de sete pessoas confrontando seus medos e encontrando, umas nas outras, um porto seguro e identidade. A nova adaptação cinematográfica do clássico de Stephen King consegue transpor isso à tela, fazendo um malabarismo com os sentimentos dos espectadores -- e dos personagens --, resultando em um dos melhores filmes do ano.

Neste Artigo

Review: It: A Coisa

8.7
Ótimo
Um filme que brinca nas entrelinhas de gêneros cinematográficos e executa todos eles muito bem.
It: A Coisa
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