Tendo como pano de fundo a ilha da Madeira, em A ilha de Circe, Natália Correia recupera o nome de uma das ilhas que integram o percurso e as peripécias, vividas por Ulisses, no regresso a Ítaca, onde o aguardava Penélope, a sua mulher, e o filho, Telémaco. Não por acaso terá dado este nome ao livro, que junta três narrativas. Em «Mãe, mãe, porque me abandonaste», encontramos um universo subtextual de rememoração da mãe real da autora, que partiu para o Brasil, tendo morrido em 1956, e com quem a escritora tinha uma relação filial fortíssima, uma vez que o pai emigrara, quando a pequena Natália tinha apenas seis anos. Mas não só. A transformação da frase bíblica «Pai, porque me abandonaste» conduz-nos ao princípio matrista, ao encontro do eterno feminino. E é pela revisitação da personagem Ulisses, que vos trazemos uma das principais obras da Literatura ocidental e europeia: Odisseia, de Homero, uma das belas peças literárias de sempre e fonte contínua de inspiração. Para além da estrutura externa deste poema épico, que inclusivamente inspirou Os Lusíadas de Camões, e muito para além das aventuras de Ulisses no regresso a Ítaca, vindo da guerra de Troia, esta é uma obra sobre a condição humana e sobre a capacidade de superação, não esquecendo a secundarização da mulher, neste caso, Penélope, cercada pelo mar de Ítaca, enquanto espera, com o filho, o regresso do marido. E, aos mais jovens, não podemos deixar de recomendar a adaptação desta odisseia, da autoria de Maria Alberta Menéres, com ilustrações de Isabel Lobinho: um conto que pode ser lido pelos mais jovens e contado aos mais pequeninos. Boa leitura!

Disponíveis para empréstimo domiciliário

CORREIA, Natália – A ilha de Circe. [1ª ed.]. Lisboa: Dom Quixote, 1983.

EMP AÇORES 82-34 COR/ilh

HOMERO – Odisseia. 5ª ed. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1980.

EMP 82(38)-31 HOM/odi

MENÉRES, Maria Alberta – Ulisses. Porto: Asa Editores, 2005.

JUV-D 82-3 BIBM/uli