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Mulheres no campo: a força da presença feminina no agronegócio

As mulheres se tornam protagonistas no agronegócio: mulheres no campo já são responsáveis por 34% dos cargos gerenciais no agronegócio brasileiro, de acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. Conheça os avanços, desafios e a crescente participação feminina no campo. Leia mais sobre o impacto transformador das mulheres no agronegócio.

 
Atualizado: 11/01/2024

Que o mundo do agronegócio é um segmento dominado majoritariamente por homens, todo mundo sabe. Mas a boa notícia é que de uns tempos para cá, as coisas têm mudado. 

A participação das mulheres no campo e na indústria agropecuária, bem como em diferentes setores da sociedade, tem sido crescente: as mulheres estão mais participativas no mercado de trabalho e no controle das operações.  

Se um dia as posições de chefia no agronegócio foram exclusivas dos homens, esse cenário tem mudado aos poucos. Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas de 2018, as mulheres já ocupam 34% dos cargos gerenciais do agronegócio brasileiro.

Atualmente, quase 1 milhão de mulheres no campo dirigem propriedades rurais no País, de acordo com reportagem publicada pela Revista Exame. 

  

Participação das mulheres no campo  

O número de propriedades agrícolas administradas por mulheres no Brasil mostram muito do trabalho feminino no campo: são 30 milhões de hectares. Mas elas ainda são minoria: 79% das fazendas são geridas por homens.  

Essa tendência é mundial. Dados da FAO indicam que menos de 15% dos proprietários agrícolas em todo o mundo são mulheres enquanto 85% são homens.  

As maiores desigualdades de gênero no acesso à terra são encontradas no norte da África e no Oriente Médio, onde apenas cerca de 5% de todos os proprietários de terras são mulheres.
 

Distribuição percentual de propriedades agrícolas geridas por mulheres no campo no mundo. As médias são ponderadas pelo número total de proprietários de terra em cada país

Figura 1. Distribuição percentual de propriedades agrícolas geridas por mulheres no mundo. As médias são ponderadas pelo número total de proprietários de terra em cada país. Dados: FAO, 2018. 

 

Apesar de ainda ser a minoria na gestão das fazendas, os dados mostram que a expressão das mulheres vem crescendo significativamente.  

Os dados dos dois últimos Censos Agropecuários (de 2006 e 2017) mostram que houve um aumento de 44,16% no número de estabelecimentos administrados por mulheres – de 656.225 para 946.075, respectivamente, mesmo com uma redução de 5.175.636 para 5.056.525 no número de estabelecimentos agropecuários.  

 

Cargos de destaque entre as mulheres no campo 

As mulheres atuam em diversos segmentos do setor do agronegócio como pesquisadoras, aliando a ciência ao campo, pecuaristas, agricultoras, produtoras, engenheiras agrônomas, professoras universitárias, executivas, empreendedoras, entre outros. Isso mostra um empoderamento feminino na agricultura.

De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG): 59,2% das mulheres que atuam na área são proprietárias ou sócias, 30,5% fazem parte da diretoria e atuam como gerentes, administradoras ou coordenadoras e 10,4% são funcionárias ou colaboradoras (Figura 2) 

Além disso, 57% participam ativamente de sindicatos e associações rurais. 

Números que destacam a participação das mulheres no campo - mulheres no agronegócio brasileiro.  

 

Figura 2. Números que destacam a participação das mulheres no campo participando do agronegócio brasileiro.  

 

É importante o empenho na busca pelo lugar de liderança no agro, fazendo com que cada vez mais a mulher ocupe lugares e trabalhem lado a lado em cargos que antigamente eram ocupados apenas por homens. 

 

Desafio multitarefas  

Um dos grandes desafios para as mulheres são as múltiplas funções do dia a dia. A grande maioria delas precisa equilibrar várias frentes e atuar como proprietária, administradora, mãe e dona de casa.

De acordo com um estudo feito pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), 71% das mulheres ligadas ao agronegócio têm múltiplas tarefas e responsabilidades. 

 

Capacitação profissional das mulheres no campo

Em estudo que avaliou a distribuição espacial das mulheres na direção dos estabelecimentos agropecuários no Brasil, Estanislau e colaboradores (2021) relataram que a formação profissional das gestoras foi o fator mais importante para a expansão dos estabelecimentos agrícolas administrados por mulheres em 2017, que aumentou em 44% comparado com o ano de 2006.  

Outro estudo elaborado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP (confira aqui) mostrou que a escolaridade foi o principal atributo a influenciar positivamente os rendimentos das mulheres que atuam no agronegócio 

De acordo com o Cepea, o aumento do nível de escolaridade das mulheres ocupadas no setor do agronegócio de 2004 a 2015 respondeu por cerca de 22% do aumento real observado nos rendimentos médios nesse mesmo período, que foi de 57%. 

 

Mulheres conscientes da importância da capacitação 

Levantamento com mais de 400 mulheres no campo que trabalham no agronegócio realizado pela Agroligadas – entidade formada por mulheres profissionais do agronegócio, com apoio da Corteva Agriscience, Abag e Sicredi, no ano de 2021, mostra que, ao refletirem sobre as preocupações atuais das mulheres na produção rural, 95% delas prezam pelo bom desempenho dos negócios.   

Para 95%, melhorar a capacitação profissional está entre as principais prioridades no trabalho, enquanto 90% querem aumentar a capacidade produtiva de suas propriedades. 

Preocupação atual para mulheres do agro

 

Congresso Nacional das mulheres no Agronegócio 

Idealizado para visibilizar a realidade da gestão eficiente da propriedade rural pela mulher e liderança feminina no agronegócio, o Congresso Nacional das Mulheres no Agro figura entre os principais eventos direcionados a produtoras, gestoras, profissionais de ciências agrárias, executivas, representantes de entidades, empreendedoras, entre outras, que buscam fortalecer vínculos e ampliar conhecimentos para fazer a diferença nos seus ramos de atuação.  

Ao longo de 7 anos o congresso reunião mais de 12 mil mulheres e autoridades do setor e identificou o que chamaram de 7 virtudes que caracterizam as congressistas: liderança, resiliência, velocidade, comunicação, afetividade, empreendedorismo e responsabilidade.  

 

Produtora Real 

Se comprometendo com a luta constante das mulheres de reafirmar o lugar que elas já possuem no agro, e visando a preocupação em melhorar a capacitação profissional para esse fim, a Agroadvance criou o projeto “Produtora Real”: um clube exclusivo para mulheres que estão ligadas ao agronegócio e querem potencializar o protagonismo da presença feminina no agronegócio.

Com mentoras e mentores renomados, as mulheres do clube participarão de encontros que abordarão temas acerca de governança da propriedade rural, direito trabalhista, comunicação e marketing, discussões agronômicas e muito mais!  

O intuito é aprofundar o conhecimento das produtoras do nosso país, as nossas mulheres no campo, para que elas desempenhem seus papeis com mais segurança na tomada de decisão, e claro, formar uma rede de produtoras que querem fazer acontecer essa evolução do setor, com grupos exclusivos e troca de informações valiosas.

Por meio de encontros presenciais e online e canais exclusivos, elas irão dominar todos os aspectos práticos relacionados à gestão da propriedade rural e ficarão por dentro de assuntos que podem aumentar seu impacto no agronegócio. 

Para ficar por dentro de tudo acesse o site do Produtora Real.

 

Conclusão 

As mulheres que fazem parte do agronegócio conquistaram um espaço importante em suas carreiras e inspiram e fazem o setor avançar em equidade de gênero. Hoje elas estão em campos, em centros de pesquisas, trabalham em diversas áreas do agronegócio e ocupam posições de lideranças. 

Mas apesar dos avanços, ainda existem desafios. 

É preciso proporcionar às mulheres no campo, a certeza de que, desenvolvendo o conhecimento e a autoconfiança necessárias, por meio da capacitação técnica e administrativa, elas ocuparão dentro de suas propriedades e negócios, qualquer posição almejada. 

Afinal, nenhuma outra indústria tem crescido tão rapidamente quanto as mulheres têm assumido papéis de liderança no Agronegócio.

 

 

Referências consultadas 

AGROLIGADAS, 2021. Elas fazendo história: Pesquisa sobre a participação feminino no agronegócio brasileiro. https://abag.com.br/wp-content/uploads/2022/03/Ebook_Agroligadas_final.pdf. Acesso: 30/03/2023. 

ESTANISLAU, P. et al., (2021). Spatial distribution of agricultural farms led by women in Brazil. Revista de economia e Sociologia Rural, v. 59, e222800.  

EXAME, 2021. 56% das mulheres do agro ganham menos que os homens, diz pesquisa. Disponível em: https://exame.com/agro/56-das-mulheres-do-agro-ganham-menos-que-os-homens-diz-pesquisa/. Acesso: 30/03/2023 

FAO, 2018. The gender gap in land rights. Disponível em: https://www.fao.org/3/I8796EN/i8796en.pdf. Acesso: 30/03/2023. 

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2007). Censo Agropecuário, 2006 Rio de Janeiro: IBGE.  

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2019). Censo agropecuário, 2017 Rio de Janeiro: IBGE.  

Sobre a autora:

Beatriz Nastaro Boschiero

Beatriz Nastaro Boschiero

Especialista em MKT de Conteúdo na Agroadvance

Este post tem um comentário

  1. Erica aparecida Marestoni

    Amo o agro, sou agro esposa de pecuária, e gerente de contas agro em cooperativa de crédito, quando o agro está na veia, a paixão é eterna.

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