Na última década, a Espanha tem apresentado várias inovações na sua indústria militar, especialmente na indústria naval. Uma dessas empresas, a IZAR (antiga Bázan), tem sido a principal construtora de navios de guerra da armada espanhola, registando nestas últimas décadas um notável desenvolvimento no ramo de construção de modernos vasos de guerra. No presente artigo iremos abordar um dos mais importantes projectos da armada espanhola para o novo século, as fragatas da classe F-100.

A Espanha pretende operar 4 unidades desta classe, com um deslocamento de 5.809 toneladas. Estes navios possuem características stealth e serão equipados com o moderno sistema AEGIS. Esta aquisição dará à frota espanhola uma capacidade de defesa de área e vigilância que poucas marinhas no mundo podem igualar ou superar.

O projecto iniciou-se em 1995, quando o governo espanhol escolheu o moderno sistema norte-americano AEGIS para equipar as suas novas fragatas, pondo de parte o radar holandês APAR. Este sistema dará aos navios a capacidade para monitorar vários alvos em simultâneo, contando ainda com um enorme raio de acção. Neste campo o maior desafio foi a adaptação das antenas octogonais do AEGIS num vaso de guerra de dimensões e tonelagem bastante menores aos dos destroyer americanos e japoneses.

Os novos navios destinam-se a substituir as 5 fragatas "Baleares". Durante a sua projecção a marinha espanhola definiu alguns requisitos primários: teriam que ter capacidade para defesa aérea quer na defesa de ponto, quer a longas distâncias, boas prestações na guerra anti-submarina através do uso de torpedos e de helicópteros ASW, capacidade anti-navio com os mísseis "Harpoon" e "Penguin" (estes lançados de helicóptero), possuir equipamento para executar missões de comando de uma frota, capacidade de apoio de fogo recorrendo à peça da proa, capacidade de operação em cenários NBQ, e desenho atendendo a diminuir a sua detecção.

Adaptando-se às novas tecnologias a IZAR usou um sistema de construção modular para estes navios (à semelhança das fragatas Meko), pelo que a estrutura do navio está dividida 4 cobertas. 

Ao contrário dos destroyer "Arleigh Burke" com 9.000 toneladas, o projecto espanhol é de apenas 5.809 toneladas. Assim, os projectistas tiveram que criar uma super estrutura que coloca-se as antenas rectas SPY-1D do AEGIS à mesma altura que as dos navios americanos sem qualquer objecto a obstruir o seu campo de pesquisa, o esforço da IZAR permitiu a instalação de 4 antenas num navio com metade do preço dos homólogos americanos.

A principal qualidade dos radares é a capacidade de seguir até 100 alvos a mais de 450 km com uma enorme capacidade de resistência às contramedidas. O navio também poderá contar com o radar de superfície  Northrop Grumman AN/SP-67 e o sonar de casco DE 1160 LF. Esta capacidade é reforçada graças à possibilidade do navio destruir vários alvos em simultâneo.

Sendo um navio principalmente de defesa de área, o navio conta com modernos mísseis de curto e médio alcance, cuja capacidade partirá de um sistema Mk 41 de 48 células de lançamento montado na proa.

Este sistema permitirá eliminar várias ameaças, dando à armada espanhola uma capacidade muito superior à actualmente presente nas fragatas "Santa Maria", a capacidade de intercepção a médias distâncias fica a cargo de mísseis Standart SM-2 "Block-III A" (até 150 km de distância) com um míssil por cada célula e os modernos mísseis "Envolved Sea Sparrow" (ESSM) para defesa de ponto, com 4 mísseis para cada célula. 

Sendo a guerra anti-submarina também uma área privilegiada no armamento, o navio possui 2 tubos lança-torpedos Mk 32 para disparar torpedos Mk 46. Além destes, o helicóptero SH-60 "Seahawk" orgânicos constituirá  também um dos principais meios de luta ASW, estando equipado com o sistema LAMPS III.

O navio também apoiará operações de desembarque, pelo que cada unidade será equipada com um potente canhão Mk 45 de 127mm, adquiridos à US Navy em segunda mão, sendo posteriormente revisionados na IZAR para instalação posterior nas F-100. Na guerra anti-superfície surgem os mísseis anti-navio "Harpoon" contando o navio com 2 lançadores quádruplos e os mísseis "Penguin" lançados de helicóptero.

Para equipar as fragatas de um sistema CIWS existem 2 opções: o canhão Meroka-2B de fabrico espanhol ou  o moderno RAM. Como complemento aos sistemas já referidos, os navios incorporarão também o sistema de  contramedidas anti-missil SRBOC.

No campo da guerra electrónica o navio será equipado com o sistema Mk.9000 Elnath, para detecção e interferência de comunicações, e o Aldebarán, capaz de interferir com as ondas de radar de navios e de mísseis. Possui ainda o CDS (Combat Direction System) .

A primeira unidade, a "Álvaro  Bázan", teve seu o batimento da quilha a 27 de Outubro de 2000, estando operacional no ano de 2002. De momento já se encontra em início a construção de uma segunda fragata, a F-102.

Os navios receberam os seguintes nomes: "Álvaro de Bazán" (F-101), "Almirante Juan de Borbón" (F-102), "Blas de Lezo" (F-103) e "Méndez Núñez" (F-104).

A Noruega irá também adquirir 5 fragatas do tipo F-85, uma variante menor das F-100, contribuindo para o desenvolvimento do projecto espanhol com alguns sistemas de armas como é o caso do míssil anti-navio "Penguin".

O contracto assinado em 2001, prevês a entregas dos navios entre 2005 e 2009, ao ritmo de um anualmente. Embora muito similares às F-100, estes navios deslocarão apenas 4.600 toneladas, contudo mantêm a capacidade stealth e a blindagem nas zonas mais importantes do navio.

Estes vasos de guerra substituirão as fragatas "Oslo" que datam dos anos 60, dando de novo à Noruega meios navais modernos capazes de fazer face às novas exigências da guerra naval. À semelhança dos navios espanhoís serão equipadas com o moderno AEGIS, no caso norueguês o AN/SPY-1F projectado para operar em unidades de pequeno porte. A missão principal destes navios será a guerra anti-submarina para a qual poderá contar com um moderno sonar de casco e outro rebocado. Cada unidade será equipada com mísseis "Harpoon" ou um novo modelo norueguês, mísseis ESSM operados a partir de lançadores com 32 células, um canhão "Otto Melara" de 76mm e o moderno sistema de defesa de ponto RAM. O contracto foi um dos mais importantes para indústria espanhola, englobando um custo de 280.000 milhões de pesetas, a que se devem acrescentar os ganhos para a marinha espanhola na operação do "Penguin".

Em conclusão as fragatas F-100 são um dos melhores projectos de navios de guerra deste novo século, combinando numa única estrutura todas as características necessárias ao combate naval e a outros tipos de missões surgidas com a alteração do cenário estratégico actual. A sua entrega à Armada Espanhola trará um aumento da capacidade de combate e de condução de modernas operações navais.

 

Nome da Classe

Classe "Álvaro Bazán"- F-100

Comprimento

146,7m

Tonelagem

5.800 toneladas

Velocidade Máxima

27 nós

Autonomia

4.500 milhas

Sensores

Sonar de casco activo Raytheon DE1160

Radar de busca de superfície AN/SPS-67

Radar de busca aérea TRS3-D

Sistema AEGIS- 4 antenas planas AN/SPY-1D

Sistema de controlo de tiro Dorna

Sistema de guerra electrónica Aldebarán

Armamento

1 de 127mm Mk 45 

1 lançador vertical Mk 41 para mísseis ar-ar

2 lançadores quadrúplos para de mísseis Harpoon

1 sistema de defesa de ponto Meroka de 20mm 

Sistema de contramedidas anti-missil SRBOC

Torpedos Mk 46

Helicópteros

1 SH-60 Sea Hawk

Guarnição

250 (inclui grupo aéreo)

Clique na figura para aceder à arte no formato original

 

Texto de:

Pedro Monteiro                    

                                                                          Página Anterior           Página Principal

 

Hosted by www.Geocities.ws

1