A Grande (magnífica, imponente e milenar) Muralha da China

12 Comentários 08.jan, 2014, 11:05

É injusto ter só um adjetivo em seu nome. A Muralha da China, em inglês “The Great Wall”, A Grande Muralha como também é conhecida, possui atualmente 8.850km de extensão, sendo que se considerarmos os trechos que já não existem mais chegaria a mais de 21.100km. Gente, 8 mil quilômetros não é brincadeira, o Brasil possui do seu extremo sul ao extremo norte 4.320km, seria como construirmos um paredão duplo nesse trajeto. Imaginem, malemá sabemos construir boas estradas… enfim! Na imagem abaixo as linhas em vermelho representam os lugares onde ainda há trechos da Muralha.

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* Fonte http://www.guiageo-china.com/

A construção da Muralha começou em 320 AC (isso mesmo, ANTES DE CRISTO) e os motivos eram militares. Diferente do que se acredita, o principal objetivo era impedir as fugas  após roubos de propriedades, mas também proteger a China das frequentes invasões de povos ao norte. Tem outros números que assustam tanto quanto sua majestosa extensão: 2.000 anos de construções, 1 milhão de pessoas trabalharam nas obras e estimam que 80% padeceu devido ao frio e as más condições de trabalho.

Como as construções foram feitas em diferentes regiões, cada trecho possui características singulares, pois eram utilizados materiais, projetos e técnicas locais. Os pontos mais famosos, acessíveis e que mais atraem turistas são os próximos de Beijing. A partir da capital é possível visitar 3 trechos diferentes: 1) Badaling – é o mais popular dos trechos justamente por ser o único acessível via transporte público. Mas imaginem, fácil acesso na China também significa muvuca. Demetrios visitou Badaling da outra vez que veio à China e realmente estava muito lotado, por isso desconsideramos 2) Jinshanling – o mais distante e intacto trecho 3) Mutianyu – nossa escolha e as razões vocês entenderão no decorrer do texto.

Esse passeio foi feito de van com um guia que falava um inglês muito peculiar. Acho que entendemos 25% de tudo que ele falou! Antes da Muralha visitamos os Túmulos Imperiais da Dinastia Ming, considerados Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO e que apesar de não serem lá essas coisas em relação a arquitetura, valeu pela história e pela localização, pois todos os túmulos ficam em um mesmo complexo, espalhados na base da Colina Tianshou, a cerca de 100km de Beijing. O lugar foi estrategicamente escolhido para evitar acesso inimigo e depredações, afinal historicamente sabemos que corpos de líderes são troféus de invasores. Uma última curiosidade é que descansam nos mausoléus 13 imperadores e  20 imperatrizes (oi?!) além de muitas amantes (me recuso a escrever concubinas, termo que eles usam) e eunucos.

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Apesar da ansiedade de chegar logo na Muralha, tivemos que exercitar nossa paciência japonesa – adquirida na etapa anterior da viagem – e lidar com mais uma parada em uma loja de objetos feitos de Jade. Como agregou zero, vamos direto pra Muralha! Ah, se tivéssemos essa opção no dia! :)

Adivinhem qual foi a primeira coisa que avistamos quando a van parou no estacionamento da Muralha da China, lembrando que estávamos a 80km de Beijing? Um Subway! É, da rede de lanchonetes. Até o casal de norte americanos do grupo achou bizarro.

A subida

Completamente diferente da subida de Badaling, que obrigatoriamente é feita a pé, a subida de Mutianyu pode ser feita de teleférico. Confesso que deu um pouco de medo porque não estávamos presos a nada e a barra de ferro que teoricamente nos protegia não chegava a nos apertar contra a cadeira, ficava bem solta. Mas mesmo assim foi muito lindo! Em alguns trechos tinham árvores perto dos nossos pés e em outros estávamos no meio de abismos! Foi demais.

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Chegamos eufóricos e adrenados. Meu primeiro pensamento foi “Caramba! Eu estou na MURALHA DA CHINA!”, me deu uma noção tão grande de realidade, eu me senti do outro lado do mundo e confesso que até 1 ano atrás jamais imaginaria fazer um passeio desse.

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Mutianyu estava deliciosamente vazia. Além deste trecho não ser tão popular pela distância, o começo do inverno também afasta os turistas – tudo o que um fotógrafo mais quer na vida! Seguimos em uma direção forçada, a partir do teleférico percorremos o caminho à direita, pois à esquerda em determinado momento haveria um trecho em reforma segundo o nosso guia. No total andamos aproximadamente 1km em 2 horas, pouco, mas preferimos fazer pausas mais longas para fotos e para curtir, ao invés de só peregrinar.

Pensei tanto, durante horas e dias, em como eu iria descrever o que ví e tudo o que eu pensava não era condizente com a magnitude da Muralha. Mas resolvi relaxar quando me dei conta de que não era necessário tanto esforço assim, afinal estou viajando com um fotógrafo de grande sensibilidade e talento. Então com vocês, a Muralha da China por Demetrios Kolovos :)

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Como podem ver o caminho é irregular, respeitando a sinuosidade da montanha. Tem trechos onde o chão é completamente inclinado ora para direita e ora para esquerda. Mas aflição mesmo sentimos em algumas subidas extremamente íngrimes.

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Diferente da nossa expectativa, não fomos castigados pelo vento e, depois de mais de 20 dias sem contato com conterrâneos, justamente aqui encontramos um casal de brasileiros. ;)

A Grande Muralha da China foi um dos lugares mais fantásticos que já visitei (talvez o mais). Quanto esforço foi depositado nessa construção, quantas vidas sacrificadas, o quão realmente efetiva será que ela foi… pensamentos constantes durante o passeio.

A descida

Por pura ansiedade acabamos divulgando muito antes em nossa fanpage no Facebook o vídeo da nossa descida de tobogã, uma ideia no mínimo original e pra gente definitivamente genial!

Foram aproximadamente 4 minutos de descida, onde nós tínhamos controle sob a velocidade do carrinho, podendo travar ou soltar completamente os freios. E quando ele atingia a velocidade máxima, acreditem, ía bem rápido mesmo. A maior parte do caminho foi em terra firme, mas tiveram alguns trechos alucinantes em cima de pontes e abismos. Na mesma proporção que foi inusitado, foi inesquecível.

A volta para o hotel incluíu além de belas paisagens, um trânsito nada belo conforme nos aproximamos do centro da cidade, mas acabou nos dando a oportunidade de conversar mais com o guia e fazer algumas perguntas. Quando questionado sobre o fato dos chineses comerem cachorro a resposta dele foi ilária: “Pets? No, we don’t eat pets. We only eat the mean one”, traduzindo “Cachorro de estimação nós não comemos, só comemos os cachorros malvados”. Aé?! E ainda concluiu cheio de propriedade que quem realmente come cachorros de estimação são os norte coreanos. Todas as crueldades possíveis são praticadas pelos norte coreanos, segundo os chineses. Suspeito, não?

Sobre o Autor

 Mari Stori

Mari Stori

Mariana Stori é formada em Comunicação Social, área em que atuou durante mais de 12 anos. Atualmente está em um período sabático, junto de seu marido, realizando uma viagem de volta ao redor do mundo.

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12 Comentários

  1. Bruna 10. dezembro, 2015, 15:24

    Olá Mari.

    Estou indo para a China agora em Janeiro e espero pegar dias lindos iguais ao de vocês. Vi que nas fotos da muralha e de Yangshuo vocês estão de casacos. você saberia dizer quão frio estava? Estou em dúvida do que colocar na mala.

    Obrigada,

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  2. Joana Barros 24. janeiro, 2014, 15:35

    Que coisa linda, Mari!!
    AMEI!!!

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  3. Camilla 13. janeiro, 2014, 13:42

    Amei as fotos! E os banquinhos de elefantes?? que tchuscos! kkkkkkk

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  4. Dema 12. janeiro, 2014, 0:11

    Estou amando esse blog! fantástico!!!!

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  5. ana claudia 08. janeiro, 2014, 16:51

    Amei o vídeo do tobogã. Estou amando acompanhar tudo isso !!!

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  6. Marilena 08. janeiro, 2014, 13:34

    Lindas fotos a muralha é realmente impressionante, nunca consigo entender como o ser humano se propõe e faz determinadas coisas, é um ultrapassar de limites sem fim; quer ver mais china. bjs.

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