Ciências Sob Tendas

Protetor Solar X Raios Ultravioletas

Autor: Luiz Paulo Sousa Rios – aluno de graduação em farmácia pela UFF

“Hell of Janeiro”, férias escolares, praias, temperaturas máximas…Exato! Chegamos no verão, a época mais quente do ano e novamente, inicia-se o mantra: “Use protetor solar, previna o câncer de pele”. 

Já se perguntou o porquê desse mantra? O que faz esse produto ao aplicarmos na pele? Siga lendo esse post para descobrir tudo isso…!

O Sol emite radiações sobre o planeta Terra. Algumas delas são visíveis aos olhos humanos, (luz visível), e são caracterizadas pelas cores que conhecemos, e as não visíveis, sendo estas: a radiação infravermelha que não está associada a danos importantes à saúde, e os raios ultravioletas…

 Os vilões dessa história são as radiações ultravioletas (UV) solares, uma vez que a exposição aos raios UV são considerados o principal fator de risco associado ao câncer de pele. Existem 3 tipos de radiações ultravioletas: 

  • A UVA, compõe aproximadamente 95% dos raios solares que chegam até nós e está presente desde o raiar até o pôr do sol com intensidade considerável o ano todo, podendo atravessar nuvens em dias nublados e chegar até as camadas mais profundas da nossa pele. Ele é o grande responsável pelas manchas cutâneas, envelhecimento precoce e cânceres de pele
  • A UVB, compõe aproximadamente 5% dos raios solares que chegam até nós e possui variações de intensidade de energia, que atingem seu pico por volta do meio dia. Este raio não consegue penetrar tão profundamente na pele, sendo retido na superfície. Ele é o maior responsável pelas queimaduras e pelo bronzeado da nossa pele, mas ainda tendo sua parcela no desenvolvimento de câncer de pele. Curiosidade: devido a sua frequência, ele não consegue ultrapassar janelas de vidro.
  • A UVC, compõe menos de 1% dos raios solares que chegam até a superfície da Terra, sendo a sua maior parte absorvida pela camada de ozônio. Ele não é absorvido pela pele humana. Curiosidade: utilizado como um excelente germicida.

Ou seja, o que difere entre os raios UV, basicamente, é a capacidade desses raios penetrarem na pele humana. Por ser o mais superficial, o UVC oferece menos danos à saúde, então dedicamos mais atenção aos perigos dos raios UVA e UVB. Como ilustrado na Figura 1 a seguir.

Figura 1: Ilustração do espectro da luz visível, e radiação ultravioleta. As setas roxas esquematizam o nível de penetração dos raios ultravioletas (Nível de penetração: UVC < UVB < UVA).

Como mencionado, os raios ultravioletas penetram na pele, dessa forma, provocando danos ao DNA das células, sendo assim, um potencial agente para estimular um crescimento desordenado dessas células, resultando na formação do câncer de pele.

Olhando mais a fundo, o DNA é  uma molécula localizada no interior de todas nossas células, que carrega o nosso material genético, e crucial na etapa de multiplicação celular, isto é, o processo que formará um tecido do nosso corpo, nesse caso, a pele. Por isso, qualquer agente capaz de danificar o DNA das células pode ser um eventual fator para formação de cânceres, que nada mais são do que porções de células se multiplicando desordenadamente.

Assim, como em toda história de super heróis, onde há vilões, há também os heróis…, sendo este o protetor solar, capaz de proteger a pele dos humanos dos raios ultravioletas. Então, quais são os superpoderes desse herói? 

Os protetores solares podem ser constituídos por dois tipos de substâncias, os filtros solares físicos e os químicos. 

Nesse sentido, os filtros físicos atuam como uma barreira sobre a pele, de modo a refletir os raios ultravioletas, por isso chamados de “filtro físico”, e assim evitando a penetração da radiação UV na pele. De acordo com o esquema representado na Figura 2 abaixo:

Figura 2: O esquema ilustra uma camada de filtro solar físico (esfera rosa) sobre a pele humana, capazes de refletir os raios UV (seta), protegendo assim a pele dos raios solares.

Por outro lado, os filtros químicos são moléculas que possuem a “habilidade” de mudar de forma momentaneamente, e para isso, absorvem a radiação UV e a convertem em calor através de um evento químico, assim evitando a penetração dos raios ultravioletas na pele. Essa é a razão de serem nomeados de “filtro químico”, por se tratar de um fenômeno que de certo modo existiu uma “modificação” na molécula. Como melhor representado na Figura 3 a seguir.

Figura 3: O esquema ilustra uma camada de filtro solar químico (símbolo laranja) sobre a pele humana, capazes de absorver os raios UV (seta), protegendo assim a pele dos raios solares.

Dessa maneira, por essas moléculas funcionarem como filtros solares, há também uma caracterização dessas substâncias em relação aos filtros solares químicos. Determinados filtros exibem melhor proteção para raios UVA, e outros para raios UVB, ou ambos. Por essa razão, na formulação de um protetor solar, é comum a presença de 2 ou mais filtros solares, diferenciando o tipo ou não, conforme melhor elucidado na Figura 4 abaixo:

Figura 4: Esquema listando as substâncias mais comuns que atuam como filtros solares, no protetor solar.

Mas todos sabem que nas histórias de super-heróis, o Superman sempre foi mais forte que o Batman,  nesta nossa história de super-heróis não seria diferente…

Nesse aspecto, os valores de FPS, anunciado no rótulo do protetor solar, é o Fator de Proteção Solar, isto é, o que determina a força de proteção solar contra os raios ultravioletas. Dessa forma, um maior FPS indica uma maior concentração desses filtros solares, e consequentemente um maior nível de proteção requerido para uma pele mais vulnerável. Sabe-se que peles negras necessitam de um menor FPS, em razão da maior quantidade de melanina na pele. A melanina é um pigmento produzido na pele, que atua da mesma forma que os filtros solares químicos mencionados anteriormente, funcionando como um auxiliar na proteção da pele contra os raios UV.

Em janeiro deste ano, já temos registros de recordes na máxima de temperatura, com dias mais quentes. E, o INCA, Instituto Nacional do Câncer, estima um aumento de mais de 200 mil casos de câncer de pele até o ano de 2025. Logo, nunca se esqueça, em caso de exposição ao sol, não apenas no verão, “Use protetor solar, previna-se do câncer de pele!”

Agora, se você quiser se torna um “expert” acerca desses superpoderes do protetor solar, procure por rótulos do produto, e encontre algum dos filtros solares listados na Figura 4. Será uma experiência interessante… Divirta-se! 

Referências Bibliográficas

1. SUN X., ZHANG N., YIN C., ZHU B., et al (2020) Ultraviolet Radiation and Melanomagenesis: From Mechanism to Immunotherapy. Front. Oncol. 10:951.(2020).

2. Sander M., Sander M., Burbidge T., et al. The efficacy and safety of sunscreen use for the prevention of skin câncer. CMAJ 192 (50) E1802-E1808 (2020).

3. EGAMBARAM, O.P., KESAVAN PILLAI, S. AND RAY, S.S. (2020), Materials Science Challenges in Skin UV Protection: A Review. Photochem Photobiol, 96: 779-797. (2020)

4. HOPKINS, R. How Ultraviolet Light Reacts in Cells | SciBytes | Learn Science at Scitable.

5. Dezembro laranja: Sociedade de Dermatologia lança campanha de prevenção ao câncer de pele.

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